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AS PROVAS NO CRIME DE ESTUPRO: uma análise acerca da dificuldade em se comprovar a materialidade do delito do caput do artigo 213 do Código Penal após o advento da Lei 12.015/2009 | Anais do Congresso Acadêmico de Direito Constitucional - ISSN 2594

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Anais do I Congresso Acadêmico de Direito Constitucional da FCR Porto Velho/RO 23 de junho de 2017 P. 750 a 775 AS PROVAS NO CRIME DE ESTUPRO: uma análise acerca da dificuldade em se comprovar a materialidade do delito do caput do artigo 213 do Código Penal

após o advento da Lei 12.015/2009

Amanda Melo Valverde dos Santos1 Túlio Anderson Rodrigues da Costa2

RESUMO

Este artigo tem o objetivo analisar as provas previstas no Código de Processo Penal pátrio são suficientes para a comprovar a materialidade crime de estupro após a entrada em vigor da lei 12.015/2009, que unificou o crime de estupro e atentado violento ao pudor, principalmente a prova pericial, que por diversos fatores, seja por falta de estrutura no Instituto Médico Legal, seja pela demora da vítima em comparecer para a realização de exame de corpo de delito, é, por vezes, prejudicado, restando tão somente a palavra da vítima. Para tanto, foi feita uma análise histórica do crime de estupro, conceitos básicos e pesquisas doutrinárias acerca das provas no direito Processual Penal, além de entrevista com médico legista.

Palavras chave: Estupro. Provas. Perícia. Prova testemunhal. Depoimento da

vítima.

ABSTRACT

This article aims to analyze the evidence provided in the Code of Criminal Procedure are sufficient to prove the materiality rape crime after the entry into force of law 12,015 / 2009, which unified the crime of rape and violent indecent assault, Expert evidence that due to several factors, either due to lack of structure in the Medical Legal Institute or due to the delay of the victim to appear for the examination of a body of crime, is sometimes impaired, leaving only the victim's word. For that, a historical analysis of the crime of rape, basic concepts and doctrinal investigations

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Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia. E-mail: amanda_valverde12@yahoo.com.br

2 Docente da disciplina de Direito Penal I. Doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em convênio com a Faculdade Católica de Rondônia. Especialista em Direito Público pela ULBRA. Orientador do trabalho. Email: tulioanderson1@gmail.com

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about the evidence in the Criminal Procedure Law was made, besides an interview with a medical examiner.

Keywords: Rape. Evidences. Expertise. Testimony. Testimony of the victim

INTRODUÇÃO

Em uma rápida pesquisa na rede mundial de computadores dos termos “homem preso injustamente por crime de estupro”, é possível verificar que existem aproximadamente 2.170 resultados, é um número alarmante, considerando as garantias processuais atribuídos ao réu, como por exemplo a presunção de inocência, bem como as provas presentes no Código Penal e Processo Penal pátrio. A lei 12.015, ao entrar em vigor, apesar de modificar o tipo penal, não trouxe uma abolitio criminis, pois a conduta do crime de atentado violento ao pudor não deixou de ser considerado crime, mas sim houve a adequação da conduta ao crime do artigo 213 do Código Penal.

Com a breve reflexão, este trabalho levanta o seguinte problema: após a lei 12.015/2009, que uniu sob o mesmo tipo penal o estupro e o atentado violento ao pudor, ficou mais difícil de se provar materializar o crime de estupro?

Não é objeto deste trabalho trazer à baila novos meios de prova, tais como: a possibilidade do uso de prova psicológica no crime de estupro, mas tão somente abordar as dificuldades na comprovação da materialidade do crime ante a suposta ocorrência do artigo 213 do Código Penal.

1. O CRIME DE ESTUPRO

Etimologicamente falando, o estupro tem como origem o termo em latim

stuprum, que tem como significado desonra ou vergonha.

O primeiro registro da tipificação do crime de estupro tem como exórdio a Lei Escandinava, datada de 149 a.C., que criminalizava as relações sexuais forçadas entre jovens que haviam nascido livres, contudo, restringia ao sexo masculino, e tinha como pena a sanção pecuniária.

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Já a concepção de estupro que se tem hoje em dia, deriva do Império Romano, porém, à época, era considerado crime patrimonial, devido a visão machista vigente. A mulher, portanto, era inferior ao homem em direitos, além disso, dentro do próprio gênero, havia hierarquia, ou seja, uma mulher não tinha os mesmos direitos que outra tinha por conta de sua posição social, por exemplo, se a vítima era prostituta ou escrava, não lhe era permitido entrar com a ação, era possível somente o reconhecimento de poder pleitear a legítima defesa.

Adelante, no Livro XLIII, 5, 3, do Digesto, houve uma separação entre o crime de estupro e o adultério. O stuprum era a prática de se apoderar intimamente de uma mulher virgem, viúva ou criança, ao passo que o adulterium era o a conduta de se apoderar sobre uma mulher casada. O stuprum non violentum, a ilícita virginis

defloratio, também a cópula com mulher viúva honesta tinha como definição o stuprum in vidua vel virgine, ao passo que o ato sexual com infante era vel puero committitur, as penas variavam conforme a condição social do infrator; se nobre

fosse, a sua pena seria o confisco de metade de seus bens, contudo, se fosse de uma camada social inferior, o agente sofreria castigos corporais e o banimento.

Ainda na idade média, houve a diferenciação dos crimes. O stuprum

violentum resultava de defloramento e o stuprum voluntarium não tinha como

resultado o defloramento. Essa mudança de pensamento se deu graças ao avanço do cristianismo no Império Romano, todavia, em alguns momentos, a lei se revelava demasiadamente dura com as vítimas, as quais eram atribuídas responsabilidade parcial pelos atos sofridos.

Já no período em que o Estado se tornou laico, ou seja, na época das leis seculares, a pena era a punição pecuniária ao autor, que variava de acordo com sua posição social da vítima. O sujeito passivo poderia ainda ter a pena revertida em seu desfavor caso ficasse comprovado que não se defendeu de forma efetiva ou não demonstrasse suficiente resistência contra o agressor.

Quando a violência sexual tinha como resultado a gravidez, era mais difícil ainda haver punição, pois entendia-se que a concepção se dava com a ejaculação masculina e feminina, que eram associados ao prazer, o que levava a crer que o ato sexual foi prazeroso a ambos, e, desta forma, o estupro inexistia.

Da mesma maneira, se o ato era cometido na constância do matrimônio, a chance de o agressor ser punido era ainda menor, pois existia a ideia de que o

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marido tinha direito de praticar relações sexuais com sua esposa em decorrência do

debitum conjugalis e poderia, inclusive, obrigá-la a tal.

Não obstante, no século XVIII, havia diversas leis europeias que impunham pesadas sanções aos estupradores, todavia, não há muito registro de sua aplicação, a título de exemplo: na Inglaterra, o autor da conduta era julgado pelos seus iguais,

verbi gratia: se o infrator fosse um aristocrata, poderia requerer que o seu processo

fosse julgado por um júri composto por aristocratas no mesmo sentido, se fosse um membro do clero, a causa tramitava no tribunal eclesiástico, isso gerava, de uma forma clara, a aplicação de penas mais brandas quando comprovada a autoria dos fatos.

Já em terras Lusitanas, o Título VI do Livro V tratava da “mulher forçada” e explica como era provada a força. Com efeito, segundo a redação da norma legal, a vítima de estupro cometido em algum povoado deveria logo após a agressão bradar, “vedes que me fazem”, nomeando o autor do fato, por três ruas, e só então a sua imputação seria tido como válida. Se, porém, fosse em um local ermo a vítima deveria esbravejar “vedes que me fez”, nomeando o estuprador a todas as pessoas que encontrasse no caminho e, ao chegar em uma vila, deveria imediatamente procurar as autoridades públicas e descrever o ocorrido. Em tempo, a pena ao agente era a morte, e não era anistiado pelo casamento.

Em território tupiniquim, a criminalização do estupro veio por meio das Ordenações do Reino, pois, antes disso, viviam no Brasil somente os indígenas, os quais tinham total liberdade com os membros de suas tribos, o que, de certa forma, tornava inútil a disciplina da cópula forçada.

As ordenações Afonsinas distinguiam o estupro voluntário do estupro violento. O primeiro, consumava-se quando o agente tinha relações sexuais com moça virgem ou viúva, por sua vontade e tinha como finalidade o castigo aos pecados. Tinha como pena o casamento, ou, caso a vítima optasse, o pagamento de um dote que lhe garantiria um matrimônio.

Ao passo que o estupro violento, a norma protegia as mulheres virgens, religiosas, casadas ou viúvas, ao aplicar ao infrator a pena de morte e, esta não poderia ser relevada mediante casamento.

Passou-se, então, às Ordenações Manuelitas, os quais disciplinavam a matéria de forma similar. ESTEFAM (2016, p. 252) explica:

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As Ordenações Manuelitas disciplinavam a matéria de maneira similar. O Título XIV do Livro V abarcava o ato “Do que dorme por força com qualquer mulher, ou trava dela, ou a leva por sua vontade”, e o Título XXIII: “Do que dorme com moça virgem, ou viúva honesta por sua vontade, ou entra em casa de outrem para com cada uma delas dormir, ou com escrava branca de guarda. E do que dorme com mulher, que anda no Paço”

Importante mencionar que nas Ordenações Manuelitas as escravas e as prostitutas gozavam da mesma proteção que as mulheres ditas honestas.

Já nas Ordenações Filipinas, a pena de estupro voluntário era o casamento ou pagamento de quantia deliberada pelo julgador e, esta quantia deveria ser suficiente à ofendida ou se o réu não tivesse bens suficientes e fidalgo, o degredo, se, porém, o réu não fosse fidalgo, era açoitado, no tocante ao estupro violento, cuja definição era semelhante, todavia, se a ofendida fosse prostituta ou escrava, a pena ficava sujeita ao arbítrio da Coroa, e o casamento posterior não relevava a pena.

No ano de 1830, entrou em vigor o Código Criminal do império, e este códex tratava o estupro no Capítulo II do Título II, dedicado aos crimes contra a “segurança da honra”, e, desde então, tem a tipificação parecida com a atual, ou seja, era a prática da relação sexual forçada. Esta relação sexual era somente a conjunção carnal convencional, além disso, as relações sexuais só eram lícitas quando a mulher tinha mais de 17 anos; caso fosse mais nova, ocorria o crime tipificado nos artigos 219 e 224.

O Código Penal de 1890, em seu artigo 268, descrevia o ato como estuprar uma mulher, virgem ou não, desde que honesta e tinha como pena prisão celular a qual consistia em um modelo de prisão em que um preso era isolado do mundo externo bem como dos demais presos de sua cela, de um a seis anos e, caso a vítima fosse prostituta, a pena era de seis meses a dois anos.

Em relação a conduta, o artigo 269 do Código Penal de 1890 descrevia:

Chama-se estupro o ato pelo qual o homem abusa com violência de uma mulher, seja virgem ou não. Por violência entende-se não só o emprego de força física como o de meios que privarem a mulher de suas faculdades psíquicas, e assim da possibilidade de resistir e defender-se como sejam o hipnotismo, o clorofórmio, o éter, e em feral os anestésicos e narcóticos.

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Por fim, a violência era presumida em uma relação sexual com menor de 16 anos, conforme inteligência do artigo 272 do Código Penal de 1890.

1.1. DO CRIME DE ESTUPRO NO CÓDIGO PENAL DE 1943

Já no Código Penal vigente, decretado no ano de 1943, é preciso destacar que o estupro teve duas conceituações: antes e depois da lei 12.015/2009.

1.1.1. O crime de estupro antes da lei 12.015/2009

No Brasil, antes da lei de 2009, o crime de estupro estava no Título VI, que tratava dos crimes contra os costumes, e capítulo I, dos crimes contra a liberdade sexual, além disso, a tipificação do crime de estupro, em si, era diferente, o que hoje trata-se do crime de estupro, antes era dividido em dois tipos penais: O estupro e atentado violento ao pudor.

O estupro, segundo o Código Penal vigente à época, estava previsto no art. 213 do Código Penal, Ipsis Litteris:

Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:

Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

A conjunção carnal é a cópula vaginal, ou seja, a introdução do órgão sexual masculino na vagina, desta feita, é possível verificar que o estupro antes tinha como sujeito passivo somente a mulher, neste sentido, Mirabete (2005, p. 1751), afirma:

Somente o homem pode praticar o delito, uma vez que só ele pode manter conjunção carnal com mulher. A expressão refere-se ao coito denominado normal, que é a penetração do membro viril do órgão sexual da mulher. Nada, entretanto, impede a coautoria ou participação criminosa; assim, mulher pode responder pelo ilícito na forma do art. 29 do CP. É possível a coautoria até por omissão daquele que devia e podia agir para evitar o resultado típico.

Já no tipo objetivo, o crime se caracterizava como dito acima pela conjunção carnal com a mulher, sendo imprescindível o uso de violência, que se trata do emprego de força física para a obtenção da cópula vaginal, ou grave ameaça, ou

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seja, aquela que a vítima não pode resistir, não exigindo, contudo, o desvirginamento ou a ejaculação.

Quanto a consumação, Mirabete (2005, p. 1762) aduz:

Consuma-se o crime de estupro com a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina da mulher, independentemente de orgasmo, ejaculação, rompimento da membrana himenal, etc. Nada impede a desistência voluntária.

Já quando ao ato libidinoso, este era descrito no art. 214 da antiga redação do Código Penal:

Art. 214. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal:

Pena – reclusão de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Em uma interpretação literal, é possível absorver que o crime de atentado violento ao pudor englobava os demais atos que hoje são considerados como estupro. Neste sentido, também Mirabete (2005, p. 1776)

O crime de atentado violento ao pudor, ao contrário do que ocorre com o de estupro, pode ser praticado tanto por homem quanto por mulher, que podem constranger outrem a atos libidinosos diversos da conjunção carnal. É possível a prática do crime do marido contra a mulher, que não está obrigada à prática de atos libidinosos que atentam contra a normalidade das relações entre os cônjuges, não ficando, portanto, à mercê dos caprichos lúbricos do esposo.

Ou seja, todo ato libidinoso diverso da conjunção carnal tinha um tipo penal só para si, independentemente de seguidos de conjunção carnal ou não, era necessário somente, para a caracterização deste crime o constrangimento da vítima por violência ou grave ameaça. Já quanto ao tipo subjetivo, era somente necessário o cometimento do ato libidinoso, dispensando dessa forma a motivação ou finalidade do agente. A consumação se dava com a prática do ato libidinoso, por fim, como não era um crime que deixava vestígios, prescindia de perícia criminal.

De maneira sucinta, o atentado violento ao pudor distinguia-se do estupro, pois, este tinha como tipo penal a conjunção carnal, e aquele por ato libidinoso distinto da conjunção carnal, neste sentido, Mirabete (2005, p. 1791):

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O atentado violento ao pudor distingue-se do estupro porque a conduta é a prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal, enquanto neste só a prática desse ato constitui o ilícito previsto no art. 213.

1.1.2. O crime de estupro após a lei 12.015/2009

Após a lei 12.015/2009, o crime de estupro é tipificado no artigo 213 do Código Penal Brasileiro e consiste no constrangimento de alguém mediante violência, ou grave ameaça a ter conjunção carnal, praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.

Fazendo uma rápida leitura do caput do artigo, é possível verificar que o Código Penal, após a lei 12.015/2009, não fez distinção entre a vítima do crime, ao passo que, antes da referida lei, o homem nunca teve protegida a sua liberdade sexual, como alude CAPEZ (2013, p. 25):

“O novel dispositivo legal, portanto, estranhamente, abarcou diversas situações que não se enquadrariam na acepção originária do crime de estupro, o qual sempre se tutelou a liberdade sexual da mulher, consistente no direito de não ser compelida a manter relação sexual da mulher, consistente no direito de não ser compelida a manter conjunção carnal com outrem. Portanto, a nota característica do delito em exame sempre foi o constrangimento da mulher à conjunção carnal, representada pela introdução forçada do órgão genital masculino na cavidade vaginal. A liberdade sexual do homem jamais foi protegida pelo aludido tipo penal. (…)

Conclui-se, portanto, que o estupro passou a abranger qualquer ato libidinoso, conjunção carnal ou não, ampliando a sua tutela legal para abarcar não somente a mulher, mas também a do homem. (grifos nossos)

A ação nuclear do tipo é constranger alguém para que a vítima pratique algum ato contra a sua dignidade sexual, ou seja, a ter conjunção carnal, que nada mais é do que a penetração do órgão reprodutor masculino na vagina, ou qualquer outro ato libidinoso, qual seja qualquer outra forma de realização de atos sexuais diversos da conjunção carnal, que servem para satisfazer a lascívia, e não é necessário a compreensão da vítima sobre o teor libidinoso dos atos, sendo somente necessário à saciedade de um desejo de fundo sexual, são os chamados coitos anormais, são hipóteses de coito anormal, segundo CAPEZ (2013, p. 26):

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Podemos enunciar as seguintes hipóteses: a) a vítima é obrigada a ter uma conduta ativa, isto é, a praticar atos libidinosos no agente, por exemplo, a realizar sexo oral; b) a vítima é obrigada a ter uma conduta passiva, isto é, permitir que o agente nela pratique atos libidinosos, por exemplo, apalpar seus seios, realizar coito anal. De acordo com Hungria, ‘ato libidinoso tem de ser praticado pela, com ou sobre a vítima coagida’.

A priori, há uma discussão na doutrina quanto ao beijo lascivo. Parte dos doutrinadores, dentre eles Cezar Roberto Bittencourt; entendem ser desproporcional o enquadramento do beijo lascivo como espécie de ato libidinoso, afirmando, para tanto, que não há uma danosidade proporcional com a pena abstrata a lhe ser aplicada conforme a lei de crimes hediondos e desclassifica o ato do beijo violento como contravenção penal prevista no artigo 61 da lei 3.688/41. CAPEZ (2013 apud GOMES; Luiz Flávio 2003, p. 417) faz esse questionamento:

Um beijo lascivo é crime hediondo? Quem interpreta a lei de forma literal diz (absurdamente) sim e admite então para esse fato a pena de seis anos de reclusão, quem busca a solução justa para cada caso concreto jamais dirá sim (esse beijo poderia no máximo constituir uma contravenção penal – art. 61, LCP: importunação ofensiva ao pudor.

Por outro lado, a vertente doutrinária do qual Fernando Capez faz parte, entende que o beijo lascivo está compreendido como um meio de satisfazer a lascívia do agente, não sendo atingido o princípio da proporcionalidade, vez que se trata de um critério discricionário do legislador, que tem como base a política criminal de repreensão maior os delitos que atentem contra a liberdade sexual de outrem.

Já no tocante aos meios executórios, se dá por meio de violência, que pode ser material, ou seja, com o emprego de força do agente capaz de impedir ou diminuir a capacidade de defesa da vítima, ou ainda moral, que se enquadra na grave ameaça contida na lei, a qual age no psíquico da vítima e tem tanta força, que há uma considerável diminuição ou até anulação da sua capacidade de querer, e pode ainda ser direto, quando for dirigido a vítima indireto, quando tiver como alvo terceiros ligados à vítima, ou injusto quando ocorrer, por exemplo, a ameaça por morte.

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Não obstante, é condição do crime de estupro que haja a discordância da vítima em realizar as condutas previstas no artigo 213 do Código Penal, contudo, não é necessário que haja resistência física da vítima. O livre consenso em praticar ato libidinoso, em regra, exclui o crime de estupro, contudo, não se pode falar o mesmo no caso de estupro previsto no art. 217-A do Código Penal, ou seja, o estupro de vulnerável. A violência será presumida então, nos casos de menor de 14 anos, bem como nos casos de atos libidinosos contra pessoa cuja enfermidade ou deficiência mental lhe retire o discernimento ou a capacidade de resistência.

2. AS PROVAS NO DIREITO PROCESSUAL PENAL

Quando ocorre um fato disposto como crime, é necessário que haja uma investigação criminal, para que seja possível a apuração da autoria e consequente condenação, o juiz busca, por meio das provas obtidas, tanto no âmbito do processo, quanto em sede de Inquérito Policial a verdade real. A prova é, portanto um importante meio para que o juiz obtenha a verdade e possa da melhor forma possível, exarar o seu juízo de valor acerca do caso.

Neste sentido, TOURINHO FILHO (2013, p. 233) assevera:

Provar é, antes de mais nada, esclarecer a existência da verdade; e as provas são os meios pelos quais se procura estabelecê-la. Provar é, enfim, demonstrar a certeza do que se diz ou alega. Entendem-se, também, por prova, de ordinário, os elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio Juiz visando a estabelecer, dentro do processo, a existência de certos fatos.

Quando o juiz tem as provas juntadas no processo, há três sistemas de avaliação de provas: o primeiro é o sistema da livre convicção, o segundo é a prova legal e, por fim, há a persuasão racional, este último é o adotado no ordenamento jurídico pátrio. NUCCI (2013, p. 404) ensina:

São basicamente três sistemas: a) livre convicção, que é o método concernente à valoração livre ou à íntima convicção do magistrado, significando não haver necessidade de motivação para suas decisões. É o sistema que prevalece no Tribunal do Júri, visto que os jurados não motivam o voto; b) prova legal, cujo método é ligado à valoração taxada ou tarifada da prova, significando o preestabelecimento de um determinado valor para cada prova produzida no processo, fazendo com que o juiz fique adstrito ao critério fixado pelo legislador, bem como restringido na sua atividade

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de julgar. Era a época em que se considerava nula a força probatória de um único testemunho (unus testis, mullus testis ou testis unius, testis mullius). Há resquícios desse sistema, como ocorre quando a lei exigir determinada forma para a produção de alguma prova, v.g., art. 158, CPP, demandando o exame de corpo de delito para a formação da materialidade da infração penal, que deixar vestígios, vedando a sua produção através da confissão; c) persuasão racional, que é o método misto, também chamado de convencimento racional, livre convencimento motivado, apreciação fundamentada ou prova fundamentada. Trata-se do sistema adotado, majoritariamente, pelo processo penal brasileiro, encontrando, inclusive, fundamento na Constituição Federal (art. 93, IX) e significando a permissão dada ao juiz para decidir a causa de acordo com seu livre convencimento, devendo, no entanto, cuidar de fundamentá-lo, nos autos, buscando persuadir as partes e a comunidade em abstrato.

Há diversos meios de prova descritos no Código de Processo Penal mas os principais para a elucidação dos fatos na ocorrência do crime de estupro são: o exame pericial, prova testemunhal, a confissão e o depoimento da vítima.

2.1. EXAME PERICIAL

O crime de estupro por ter como consequência um resultado material, é obrigatório que tenha o exame de corpo de delito, quando da conjunção carnal, exame de conjunção carnal conforme preconiza o artigo 158 do Código de Processo Penal.

Para fins de definição, NUCCI (2013, p. 409), aduz:

Perícia, é o exame de algo ou de alguém realizado por técnicos ou especialistas em determinados assuntos, podendo fazer afirmações ou extrair conclusão conclusões pertinentes ao processo penal. Trata-se de um meio de prova. Quando ocorre uma infração penal que deixa vestígios materiais, deve a autoridade policial, tão logo tenha o conhecimento da sua prática, determinar a realização do exame de corpo de delito (art. 6º, VII, CPP), que é essencialmente prova pericial. Não sendo feito, por qualquer razão, nessa fase, pode ser ordenado pelo juiz (art. 156, II, CPP). Além de meio de prova, a perícia pode constituir-se, também, em meio de valoração da prova.

Além disso, a perícia tem três funções, como explica NUCCI (2013, p. 409) em sua obra

A perícia tem três funções que, para serem exercitadas, requerem conhecimentos específicos: 1) desenvolver

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investigações para adquirir dados probatórios; 2) adquirir referidos dados, selecionando-os e interpretando-os; 3) realizar a valoração em relação aos dados produzidos (…)

Este meio de prova é realizado por um perito, com diploma, que visa atestar a ocorrência da materialidade do crime, neste sentido, CAPEZ (2006, p. 316)

O termo “perícia”, originário do latim peritia (habilidade especial), é um meio de prova que consiste em um exame elaborado por uma pessoa, em regra profissional, dotada de formação e conhecimentos técnicos específicos, acerca de fatos necessários ao deslinde da causa. Trata-se de um juízo de valoração científico, artístico, contábil, avaliatório ou técnico, exercido por especialista, com o propósito de prestar auxílio ao magistrado em questões fora de sua área de conhecimento profissional.

Como espécie do exame pericial, há o exame de corpo de delito, que se trata da soma de vestígios materiais deixados por uma infração penal, em outras palavras, é a materialidade do delito, poderá ser realizado de forma direta ou indireta. O primeiro é feito no próprio corpo em que supostamente ocorreu a infração, já este, é a consequência de um “raciocínio dedutivo sobre um fato narrado por testemunhas, sempre que impossível o exame direto” (CAPEZ, 2006, p. 320)

Antes da lei 12.015/2009 como dito anteriormente, era possível um resultado material do crime, pois o delito era somente a conjunção carnal e, portanto, passível de reconhecimento pelo exame de constatação de conjunção carnal, uma espécie de exame pericial, todavia, com a entrada em vigor da lei em comento, a definição legal de estupro passou a abranger também o ato libidinoso e, na maioria das vezes, o ato libidinoso não deixa resultados materiais suficientes para a constatação por meio de prova pericial, é quase impossível a constatação de um beijo lascivo por exame pericial. Ademais, é possível que o crime do caput do art. 213 do Código Penal seja cometido ante a grave ameaça, isso tem como consequência que, em que pese o exame pericial dê positivo para a conjunção carnal, não será possível verificar se houve ameaça. Desta feita, a constatação fica incompleta, pois constata a conjunção carnal, mas não constata a ocorrência de grave ameaça.

Para melhor elucidar, imagine o seguinte caso hipotético: uma mulher, andando pela rua, é abordada por um homem, sem nenhuma violência física, o homem obriga a mulher, que é casada e tem filhos, a manter conjunção carnal consigo, em contrapartida, ameaça a mal injusto os filhos e marido. Ao ser realizado

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o exame de corpo de delito conjunção carnal, é possível a verificação da ocorrência de conjunção carnal, mas como não houve violência e tão somente ameaça, o réu poderá ser inocentado ante a não ocorrência de vis compulsiva.

Outro aspecto que merece atenção é que, o Código de processo penal, no artigo 158, explicita a necessidade de exame pericial quando o crime que está sob investigação deixar resultado material, todavia o mesmo códex bem como o entendimento do STF, traz a possibilidade de substituição da prova, ante a não possibilidade de realização do exame pericial, conforme inteligência do artigo 167.

Ipsis litteris:

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. (BRASIL, 1943, art. 163)

Importante salientar que, em que pese seja o exame pericial obrigatório quando da ocorrência de resultado material, o magistrado não está adstrito a ele, pois não há vinculação do juiz e a perícia, isso se dá pois no processo penal, o sistema vigente é o livre convencimento motivado ou da persuasão racional, que determina que o juiz decidirá a matéria que lhe é apresentada conforme a sua convicção e analisa as provas sem qualquer imposição ou ressalva previamente descrito em lei.

2.2. PROVA TESTEMUNHAL

A prova testemunhal é o meio pelo qual uma pessoa juramentada a ser imparcial e dizer a verdade, narra os fatos que estão sob apuração, independentemente de ter presenciado os fatos ou ter somente ouvido falar sobre eles, em tese, qualquer pessoa pode ser testemunha, conforme inteligência do artigo 202 do Código de Processo Penal.

Neste sentido, assevera NUCCI (2013, p. 471):

Testemunhas são pessoas que depõem sobre fatos, sejam eles quais forem. Se viram ou ouviram dizer, não deixam de ser testemunhas, dando declarações sobre a ocorrência de alguma coisa. A pessoa que presencia um acidente automobilístico, por exemplo, narra ao juiz os fatos, tais como se deram na sua visão. Lembremos, sempre, que qualquer depoimento implica numa dose de interpretação indissociável da avaliação de quem o faz,

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significando, pois, que, apesar de ter visto, não significa que irá contar, exatamente, o que e como tudo ocorreu.

Por outro lado, quando a testemunha depõe sobre o que ouviu dizer de outra pessoa, continua a declarar um fato, isto é, está narrando aquilo que lhe contou um terceiro, não deixando de ser isso uma ocorrência. O que muda entre uma situação e outra é a avaliação da prova, ou seja, o instrumento para demonstrar ao juiz a veracidade de algo. O depoimento de uma pode ser mais valioso que o de outra, embora a testemunha esteja sempre depondo sobre fatos dos quais diretamente tomou conhecimento.

Neste mesmo sentido, TOURINHO (2013, p. 338) aduz que “em geral, as infrações penais só podem ser provadas em juízo, por pessoas que assistiram ao fato ou dele tiveram conhecimento”.

A prova testemunhal tem algumas características, dentre elas a judicialidade que afirma serem as provas testemunhais somente aquelas feitas em juízo; a oralidade a qual determina que o testemunho deve ser prestado de forma oral, sendo vedado o testemunho escrito; a objetividade a qual afirma ter a testemunha o dever de depor sobre os fatos sem emitir a sua opinião ou valoração; a retrospectividade, ou seja, o testemunho trata de fatos já ocorridos; a imediação a qual aduz que a testemunha deve relatar o que percebeu ato contínuo ao percebido através dos sentidos e, por fim, a individualidade, a qual afirma que, quando tiver mais de uma testemunha no caso, prestação do depoimento será separado.

As pessoas têm o dever de testemunhar, uma vez intimadas para tanto, como constante nos artigos 342 do Código Penal e 206 do Código de Processo Penal. Entretanto, algumas pessoas são dispensadas de depor, são elas: o cônjuge, o ascendente, o descendente ou irmão, e os afins em linha reta do acusado, ademais, são proibidas de ser testemunhas as pessoas elencadas no artigo 207 do Código de Processo penal, quais sejam: as pessoas que em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

As provas testemunhais devem ser valoradas com cautela. Neste sentido, NUCCI (2005):

Quando se analisa a credibilidade do testemunho, deve-se iniciar pelo fator denominado testemunhabilidade, isto é, o interesse despertado na comunidade diante da declaração da ocorrência de um fato. Altavilla demonstra que esse interesse termina gerando fenômenos correlatos e consequenciais, tais como a memoriabilidade

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(capacidade que o fato possui de se fazer recordar com precisão), a fidelidade (situação subjetiva gerada no espírito da testemunha, consistente na capacidade de reproduzir com exatidão o que soube) e a sinceridade (situação objetiva da testemunha, que se expressa sem a intenção de enganar). Sob tais prismas, por vezes, “um depoimento sem lógica, contraditório, é considerado pouco fiel, porque se julga que a testemunha não se recorda bem, ou então insincero, ao passo que os testemunhos concorrentes dão uma impressão de fidelidade e de veracidade, e pode ser o contrário, provindo o primeiro de uma dificuldade em se exprimir, ou de um fenômeno de timidez, ao passo que a naturalidade do segundo pode derivar de uma hábil preparação” (Psicologia judiciária, v. II, p. 251-252).

Diante disso, é essencial que o magistrado tome as cautelas devidas para interpretar e valorar um depoimento, conferindo-lhe ou não credibilidade, crendo tratar-se de uma narração verdadeira ou falsa, enfim, analisando-o com precisão. Pode dar-se a situação do fato-objeto do testemunho não ser memorável, razão pela qual a pessoa que o presenciou, no contexto da memória naturalmente seletiva que possui o ser humano, afaste-o, relegando-o a um segundo plano. Por isso, nem sempre a testemunha que vacila ao responder às indagações feitas pelo juiz, omitindo situações relevantes, está agindo de má-fé. Por outro lado, em se tratando de fato digno de registro de memória, é possível que a testemunha esteja sendo fiel e sincera ao narrá-lo, embora entre em contradição e ofereça respostas desconexas. Não está mentindo, mas realmente não se recorda, por variadas razões, do que houve. Argumente-se, ainda, que o fato memorável pode ser contado de modo infiel e insincero, mas de maneira perfeita e lógica, fruto, como se viu na lição de Altavilla, do mais arguto preparo. Está mentindo e o magistrado nem percebe. Em conclusão, pois, é curial ter o julgador a sensibilidade para compreender que as pessoas são diferentes na sua forma de agir, captar situações, armazená-las na memória e, finalmente, reproduzi-las. Descortinar e separar o depoimento verdadeiro é crível, do falso e infiel é meta das mais árduas no processo, mas imprescindível para chegar ao justo veredicto.

Por fim, é importante salientar que, como a testemunha é juramentada, caso minta em seu depoimento incorre no delito de falso testemunho previsto no artigo 342. As testemunhas que não forem juramentadas, não podem sequer serem consideradas testemunhas, esse fato ocorre quando uma testemunha não puder prestar o compromisso, ou por ser, a título de exemplo, íntimo do acusado, essas pessoas serão consideradas portanto, informantes e não serão acusadas do crime de falso testemunho.

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2.4. DEPOIMENTO DA VÍTIMA

O ofendido é o sujeito passivo do ato criminoso, o titular do direito lesado. O legislador, ao tratar do capítulo “Das perguntas ao Ofendido”, constituiu o depoimento da vítima figura diversa da prova testemunhal. NUCCI (2013, p. 464) assim definiu:

Por certo que a vítima não pode ser considerada testemunha. As razões são várias: a) a menção à vítima está situada, propositalmente, no Código de Processo Penal, em capítulo destacado daquele que é destinado às testemunhas; b) ela não presta compromisso de dizer a verdade, como se nota pela simples leitura do caput do art. 201; c) o texto legal menciona que a vítima é ouvida em “declarações”, não prestando, pois, depoimento (testemunho); d) o ofendido é perguntado sobre quem seja o autor do crime ou quem “presuma ser” (uma suposição e não uma certeza), o que é incompatível com um relato objetivo de pessoa que, efetivamente, sabe dos fatos e de sua autoria, como ocorre com a testemunha (art. 203, CPP); e) deve-se destacar que a vítima é perguntada sobre as provas que possa indicar, isto é, toma a postura de autêntica parte no processo, auxiliando o juiz e a acusação a conseguir mais dados contra o acusado; f) a vítima tem interesse na condenação do réu, na medida em que pode, com isso, obter mais facilmente a reparação do dano na esfera cível (art. 63, CPP). Da testemunha, exige-se, diversamente, fatos dos quais tenha ciência e as razões do seu conhecimento, tudo para aferir a sua credibilidade.

Em que pese ser de fundamental importância, a vítima prestar declarações não é obrigatório, como pode ser visto no artigo 201 do Código de Processo Penal, o qual diz que, sempre que possível, a vítima será ouvida, caso não tenha no processo as “declarações” da vítima, o juiz determinará a sua inquirição pois, se não o fizer, a colheita de provas ficará prejudicada, importante salientar que, se mesmo assim não tiver no processo o depoimento da vítima, trata-se de nulidade relativa, e não absoluta.

Ademais, apesar do ofendido ser supostamente a melhor pessoa para esclarecer como ocorreram os fatos, por ter interesses na causa ou, por ter experimentado fortes emoções, pode não ser a pessoa mais indicada para os esclarecimentos.

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Sendo assim, qual seria o valor probatório de suas palavras? Prima facie, parecerá que suas declarações devem ser aceitas sem reservas, pois ninguém melhor que a vítima para esclarecer o ocorrido. É de ponderar, entretanto, que aquele que foi objeto material do crime, levado pela paixão, pelo ódio, pelo ressentimento e até mesmo pela emoção, procura narrar os fatos como lhe pareçam convenientes; às vezes, a emoção causada pela cena delituosa é tão intensa que o ofendido, julgando estar narrando com fidelidade, omite ou acrescenta particularidades, desvirtuando os fatos.

Entretanto, em delitos que são praticados em clandestinidade, tais como os crimes sexuais, a palavra da vítima constitui um importante meio de prova, neste sentido, os tribunais tratam do assunto:

APELAÇAO CRIMINAL CRIMES SEXUAIS - PROVA - PALAVRA DA VÍTIMA - ELEMENTO PROBATÓRIO DE GRANDE RELEVÂNCIA - PRINCIPALMENTE QUANDO CORROBORADA COM AS DEMAIS PROVAS DOS AUTOS. ERRO MATERIAL - APLICAÇAO DE PENA INEXISTENTE NA SENTENÇA - CORREÇAO DE OFÍCIO - POSSIBILIDADE. APELOS PARCIALMENTE PROVIDOS. Tratando-se de crimes sexuais a palavra da vítima possui grande relevância, mormente quando em harmonia com as demais provas trazidas aos autos, não sendo imprescindível o exame de corpo de delito.Havendo erro material na parte da aplicação de pena da r. Sentença recorrida, cabe ao Tribunal de Justiça, em sede de apelação corrigi-la de ofício.Apelos parcialmente providos para, tão somente, excluir do "decisum"as penas pecuniárias imposta aos acusados, mantendo-se os demais fundamentos da sentença prolatada pelo Juiz de 1º grau.(TJ-ES - ACR: 12040067105 ES 012040067105, Relator: ADALTO DIAS TRISTÃO, Data de Julgamento: 18/12/2006, SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 26/02/2007)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO CONHECIMENTO. ESTUPRO CONTINUADO. TESES DE FRAGILIDADE DA PROVA E DE NÃO CONFIGURAÇÃO DA CONTINUIDADE DELITIVA. VIA IMPRÓPRIA. NECESSIDADE DE REEXAME DA PROVA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2. É imprópria a via do habeas corpus para a análise das alegações de fragilidade das provas para a condenação, bem como de não configuração da continuidade delitiva, por demandarem a análise aprofundada do material cognitivo produzido nos autos, inviável em sede de habeas corpus. Precedentes. 3. Nos crimes sexuais, a palavra da vítima ganha especial relevo, tendo em vista sobretudo o modus operandi empregado na prática desses delitos, cometidos, via de regra, às

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escondidas. Precedentes. 4. Habeas corpus não conhecido.(STJ - HC: 206730 RS 2011/0109674-2, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 05/03/2015, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/03/2015)

Como pode ser lido nos acórdãos, a palavra da vítima tem um caráter importante, contudo, as declarações devem estar de acordo com as demais provas do bojo apuratório.

2.4. CONFISSÃO

Em poucas palavras, confissão é atribuir para si autoria da prática de algum fato criminoso e, segundo CAPEZ (2006, p. 333) tem como fator determinante “o remorso, a possibilidade de abrandar o castigo, a religião, a vaidade, a obtenção de certa vantagem, o altruísmo (representado pelo amor fraterno, paterno, etc.), o medo físico, o prazer da recordação, etc.”.

NUCCI (2013, P. 451) conceitua perfeitamente o que vem a ser a confissão:

Confessar, no âmbito do processo penal, é admitir contra si, por quem seja suspeito ou acusado de um crime, tendo pleno discernimento, voluntária, expressa e pessoalmente, diante da autoridade competente, em ato solene e público, reduzido a termo, a prática de fato criminoso.

Deve-se considerar confissão apenas o ato voluntário (produzido livremente pelo agente, sem nenhuma coação), expresso (manifestado, sem sombra de dúvida, nos autos) e pessoal (inexiste confissão, no processo penal, feita por preposto ou mandatário, o que atentaria contra a segurança do princípio da presunção de inocência)

Há diversas espécies de confissão. CAPEZ (2006, p. 333) as enumera:

a) Simples: quando o confitente reconhece pura e simplesmente a prática criminosa, limitando-se a atribuir a si prática da infração penal.

b) Qualificada: quando confirma o fato e ele atribuído, mas e ele opõe um fato impeditivo ou modificativo, procurando uma excludente de antijuricidade, culpabilidade, ou eximentes de pena (ex: confessar ter emitido um cheque sem fundos, mas a “vítima” sabia que era pra descontar a posteriori).

c) Complexa: quando o confitente reconhece, de forma simples, várias imputações.

d) Judicial: é aquela prestada pelo próprio processo, perante o juiz competente, mediante forma prevista e não atingida por

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nulidade. Quando se fala que a confissão judicial é aquela prestada no próprio processo, é porque se busca refutar de plano a confissão efetivada nos autos de outra ação, constituindo, nesses casos, mera prova emprestada. Pode ser efetivada no interrogatório ou por termo nos autos.

e) Extrajudicial: designa aquelas produzidas no inquérito ou fora dos autos da ação penal, ou melhor, todas aquelas que não se incluem entre as judiciais. Quando um terceiro vem a depor num processo, e afirma ter ouvido o acusado confessar o fato, nas verdade, está prestando um testemunho, o que não implica confissão. Ao contrário do processo civil, o processo penal não conhece a confissão ficta.

f) Explícita: quando o confitente reconhece, espontânea e expressamente ser o autor da infração.

g) Implícita: quando o pretenso autor da infração procura ressarcir o ofendido dos prejuízos causados pela infração.

O Código de processo penal traz na inteligência do artigo 200, as características da confissão, quais sejam: retratabilidade e divisibilidade ou cindibilidade. CAPEZ (2006, p. 335) explica:

a) retratabilidade: o acusado pode retratar-se, ou seja, desdizer a confissão ofertada. A confissão não produzirá efeitos se a vontade do agente ao confessar estiver viciada a ponto de não poder produzir seus efeitos como ato jurídico.

Obs: a simples negação do fato praticado não equivale à retratação, pois esta pressupõe o conhecimento de confissão anterior.

b) Divisibilidade ou cindibilidade: a confissão pode-se dar no todo ou em parte, com relação ao crime atribuído ao confitente. Se o acusado confessa haver praticado um homicídio, e, ao mesmo tempo, alega que o perpretou em legítima defesa, é óbvio que, se outros elementos existentes nos autos realçarem a veracidade da palavra do confitente, no sentido de ter sido ele o autor do homicídio, o magistrado aceitará a confissão, por sincera.

No tocante ao valor probante da confissão, há algum tempo a confissão não é mais considerada a “rainha das provas”, ante a ocorrência de diversos fatores, dentre eles, explica Tourinho (2013), o desejo de dar fim a vida, nos países em que é admitida a pena de morte, por conta de alguma doença mental, ante a possibilidade de um terceiro oferecer vantagem econômica para que alguém confesse a autoria de um crime, o espírito de sacrifício, o fanatismo, a intenção de dar margem de fuga ao verdadeiro culpado do crime, ocultação de crimes mais graves, o desejo de se ver livre de interrogatórios e, por fim, o desejo de ter onde alimentar-se e pernoitar.

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No mesmo sentido, um estudo feito pelo Instituto Inocência afirma serem as principais razões para inocentes confessarem crimes (MELO, 2012)

Em princípio, é difícil entender por que uma pessoa confessa um crime que não cometeu, diz um artigo do Projeto Inocência. Mas uma pesquisa psicológica forneceu algumas respostas. Uma variedade de fatores pode contribuir para uma confissão falsa, durante o interrogatório policial. Os casos examinados no estudo mostram que há uma combinação dos seguintes fatores: 1) pressão; 2) coerção; 3) embriaguez; 4) capacidade reduzida; 5) deficiência mental; 6) desconhecimento da lei; 7) medo de violência; 8) sofrimento real infligido; 9) ameaça de uma sentença mais dura; 10) falta de compreensão da situação.

Ante os motivos acima expostos, o juiz, ao deparar-se com uma confissão, deverá com supedâneo ao artigo 197 do Código de Processo Penal, aferir a confissão pelos critérios adotados para os demais meios de provas e, deverá o magistrado confrontá-la com as demais provas coligidas no processo.

3. INFORMAÇÕES COLHIDAS COM O DIRETOR DO IML, DR. GENIVAL QUEIROGA JÚNIOR

A primeira informação que foi dada é que o exame pericial nos casos de estupro é um dos mais difíceis de ser realizado por diversos fatores, sejam eles porque a vítima chega em um estado psicológico degradante e não coopera com os peritos, seja porque o exame de constatação de conjunção carnal é extremamente agressivo, pela falta de humanização de atendimento às vítimas de estupro ou até pela falta de recursos materiais.

Já em relação a conjunção carnal, sempre que a mulher não quiser manter relações sexuais ou seja, for forçada a manter o coito normal, haverá resultados materiais, principalmente no hímen, que gera a chamada rotura himenal, o hímen nada mais é do que uma marcação e, quando há uma agressão, este fica lesionado, ademais, é possível que haja confusão entre o sexo violento e o estupro em si.

Entretanto, é comum que as mulheres tenham o chamado entalhe himenal. É imperioso destacar que, no caso de rotura, ocorre o sangramento ou processo de cicatrização, que podem variar de 14 a 21 dias, a depender de diversos fatores, como a higiene, se a mulher teve outras relações sexuais, entre outros aspectos, e

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uma forma simples de diferenciá-los é por meio da aplicação de solução de Toluidina, que, no caso de rotura, a substância adquire uma cor bem viva, ao passo que no entalhe, esta mudança não ocorre. Já no caso de não ocorrer a conjunção carnal, ou seja, quando do ato libidinoso, é quase impossível haver um resultado material, se, porém, o ato libidinoso foi um beijo lascivo, é possível que haja vestígios passíveis de constatação por exame pericial, desde que a vítima compareça ao Instituto Médico Legal ato contínuo ao da conduta, pois os rastros são facilmente apagados por ações do dia-a-dia, tais como: comer ou escovar os dentes.

De outro giro, se caso haja o emprego de violência para a realização de ato libidinoso, ela poderá ser identificada por lesões características, tais como as de imobilização e sujeição, ou silenciamento (também chamada de lesões de homicídio), entre outras.

Quando a vítima sofre qualquer tipo de ameaça, não é possível que este seja atestado em exame pericial pois, a este constrangimento não é função do médico legista examiná-lo.

Quanto à vítima é necessário ainda, que compareça no Instituto Médico Legal, mesmo que ocorra conjunção carnal, em até 72 horas do acontecido, caso contrário, não é possível que a conjunção carnal seja constatada por haver falta de indícios. Isso se deve ao fato de que, o que se procura neste exame é o sêmen e este desaparece dentro de 72 horas dentro do corpo humano.

Por fim, em relação aos quesitos, foi possível constatar que, há duas espécies: os oficiais e complementares, os primeiros, são aqueles já predeterminados e estes são os quesitos que a autoridade policial pode requisitar. E, apesar de cada caso ser diferente, os quesitos são os mesmos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o advento da lei 12.015/2009 o estupro, que compreendia somente a conjunção carnal, passou a figurar os atos libidinosos diversos da conjunção carnal também no crime. Por ter o resultado material, o estupro tinha que passar pelo exame de corpo de delito na modalidade “conjunção carnal”. Entretanto, antes da referida lei, os tribunais superiores já tinham se posicionado no sentido de ser

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possível a substituição do exame pericial pela prova testemunhal. Portanto, para melhor elucidação, é melhor que se faça uma divisão das condutas.

A partir da entrevista feita com o diretor do IML em Porto Velho, foi possível verificar que, sempre que não houver o consentimento da vítima, haverá alguma lesão na vítima, entretanto, é um dos exames periciais mais difíceis de se fazer, pois, a vítima está com o psicológico alterado e não colabora com os peritos, o procedimento não é humano, o exame é extremamente invasivo e falta recursos materiais, como por exemplo, a falta de luvas esterilizadas, que são mais custosas que as luvas convencionais. Outro problema, é que, no exame de conjunção carnal, não é possível a constatação de ameaça. A ameaça, como é possível verificar com uma simples leitura do artigo 213, é uma das condutas exigidas para a caracterização do estupro, além disso, a demora da vítima em comparecer ao Instituto Médico Legal para a realização do exame pericial é outro agravante. Com o tempo, as lesões causadas pela conjunção carnal, como toda lesão sofrida no corpo humano, vão cicatrizando, até desaparecerem, entretanto, esses problemas já existiam antes da lei 12.015/2009, e perduram até hoje.

Já com relação aos atos libidinosos diversos da conjunção carnal, uma inovação trazida pela referida lei, é possível verificar que há dificuldade na materialização do crime, como dito pelo Dr. Queiroga, os atos libidinosos raramente deixam resultados materiais passíveis de constatação por perícia, a título de exemplo, é possível que um beijo lascivo deixe vestígios, entretanto, é de rápida deterioração, ou seja, assim que a vítima tenha sofrido o beijo, deve comparecer para o exame pericial, pois as condutas do dia-a-dia apagam os vestígios do crime. Desta maneira, a comprovação do ilícito só se dará por meio da prova testemunhal, que, como visto neste trabalho, além de não ter um valor absoluto, o estupro é um crime cometido na clandestinidade, longe dos olhos da sociedade e, portanto, sem testemunhas, só há então, a palavra da vítima, que apesar de ter valor relevante nos crimes sexuais, deve corroborar com as demais provas coligidas no processo. Por fim, quanto a primeira parte do crime, ou seja, da conjunção carnal não houve modificação na comprovação da materialidade do crime, não se pode dizer o mesmo dos atos libidinosos, esses, antes da lei 12.015/09, que faziam parte do crime de atentado violento ao pudor, e passaram a figurar o crime de estupro, há uma maior dificuldade abrindo margem para uma condenação injusta ou equivocada.

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772 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Código de Processo Penal. Decreto-Lei nº 3.689/1941

BRASIL. Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848 de 07/12/1940.

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 13 Ed. Ver. e atual. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal volume 3, parte especial: dos crimes

contra a dignidade sexual a dos crimes contra a administração. 11 Ed. São

Paulo: Editora Saraiva, 2013.

Dicionário online. Disponível em< www.priberam.pt/dlpo/estupro> Acesso em 16 de maio de 2017.

ESTEFAM, André. Homossexualidade, prostituição e estupro: um estudo à luz

da dignidade da pessoa humana. 1. Ed. São Paulo: Editora Saraiva. 2016.

https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/178412531/habeas-corpus-hc-206730-rs-2011-0109674-2 > acesso em 07/06/2017 às 16:21.

https://tj-es.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8204965/apelacao-criminal-acr-12040067105-es-012040067105-tjes acesso em 07/06/2017 Às 16:21

MACHADO, Naiara. Uma breve história sobre o crime de estupro. Disponível em: <https://naicosta90.jusbrasil.com.br/artigos/347910767/uma-breve-historia-sobre-o-crime-de-estupro> Acesso em 21 de abril de 2017.

MELO, DE JOÃO OZÓRIO. Instituição estuda por que inocentes cometem

crimes. Disponível em

<http://www.conjur.com.br/2012-set-08/instituicao-estuda-porque-pessoas-confessam-crimes-nao-cometeram > Acesso em 03.06.2017 às 21:26.

MESTIERI, João. Do delito de estupro. 1 Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 1982.

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penal. Disponível em < www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI14901,71043-A+credibilidade+da+prova+testemunhal+no+processo+penal > Acesso em 07/06/2017 às 11:22.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual De Processo Penal e Execução Penal. 10 Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013

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TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal Vol. 3. 35 Ed. São Paulo: Editora Saraiva. 2013.

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ANEXO I – QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTA NO INSTITUTO MÉDICO LEGAL

Nome:__________________________________________________________ Função: ________________________________________________________ Contato: ________________________________________________________

Quanto ao crime de estupro:

1) Quando há conjunção carnal, ele deixa resultados materiais passíveis de constatação por exame pericial?

2) Quando da ocorrência de um beijo lascivo, é possível a ocorrência de resultados materiais, passíveis de constatação por exame pericial?

3) Quando uma possível vítima de estupro, por exemplo, em que não haja fluidos corporais do infrator nem conjunção carnal, é possível a constatação do crime por exame pericial?

4) No exame pericial, é possível a verificação da resistência da vítima em praticar ato libidinoso?

5) No exame pericial, é possível constatar se a vítima sofreu grave ameaça por parte do suposto infrator?

Quanto a vítima:

1) Quanto tempo após a suposta ocorrência do crime (que deixa resultados materiais) é possível que o exame constate a autoria?

2) Se a vítima de um crime de estupro, antes de comparecer ao IML, se banha, é possível mesmo assim encontrar fluídos corporais do suposto agressor?

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1) Os quesitos são os mesmos ou há elaboração de quesitos diversos de acordo com o caso?

Referências

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