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AUTORA: MARIA LUISA COELHO SILVA

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Academic year: 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS

ANEMIA, PARASITOSES INTESTINAIS, ALEITAMENTO MATERNO E DESNUTRIÇÃO PROTEICO CALÓRICA E SUAS ASSOCIAÇÕES EM CRIANÇAS DE 0 A 59 MESES, EM 1999, NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO – MINAS GERAIS.

AUTORA: MARIA LUISA COELHO SILVA

ORIENTADOR: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio da Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS

ANEMIA, PARASITOSES INTESTINAIS, ALEITAMENTO MATERNO E DESNUTRIÇÃO PROTEICO CALÓRICA E SUAS ASSOCIAÇÕES EM CRIANÇAS DE 0 A 59 MESES, EM 1999, NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO – MINAS GERAIS.

AUTORA: MARIA LUISA COELHO SILVA

ORIENTADOR: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio da Silva

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas,

Núcleo de Pesquisas Biológicas, da Universidade

Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Ciências Biológicas, área de concentração: Bioquímica

Estrutural e Fisiológica.

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Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br

S586a Silva, Maria Luisa Coelho.

Anemia, parasitoses intestinais, aleitamento materno e desnutrição protéico calórica e suas associações em crianças de 0 a 59 meses, em 1999, no Município de Ouro Preto – Minas Gerais [manuscrito] /Maria Luisa Coelho Silva. - 2004. x, 86f.: il. color; grafs., tabs., mapas.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio da Silva.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas.

Área de concentração: Bioquímica Estrutural e Fisiológica.

1. Anemia - Teses. 2. Desnutrição - Teses. 3. Doenças parasitárias - Teses. 4. Aleitamento materno - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que sempre guiou meus passos;

A minha família: meu esposo Geraldo, meus filhos Priscila, Mateus e João Paulo, meus pais e irmãos, pelo apoio em todos os momentos;

A Prefeitura Municipal de Ouro Preto, que permitiu a realização desta pesquisa;

As nutricionistas da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, colegas de profissão e amigas, principalmente Rogéria, Coordenadora do SISVAN no período da coleta de dados;

Ao orientador Marcelo e sua esposa Maria Lúcia, pelo carinho e consideração que vão além do círculo profissional;

As crianças de Ouro Preto, sem as quais este estudo não existiria nem teria utilidade;

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi estudar a prevalência da desnutrição protéico-calórica, da anemia ferropriva, das parasitoses intestinais, do aleitamento materno e suas associações em crianças de 0 a 59 meses, em Ouro Preto, MG. Realizou-se estudo epidemiológico do tipo transversal, realizado com 4744 crianças de 0 a 59 meses que participaram da Campanha Nacional de Multivacinação, em 1999. Foram analisados exames bioquímicos de hemoglobina e parasitológico de fezes de uma amostra das crianças desnutridas da zona urbana. Na análise antropométrica, utilizou-se o índice peso/idade (P/I) e foram consideradas desnutridas crianças com peso menor ou igual ao percentil 10 (P10). Considerou-se anêmica a criança com concentração de hemoglobina inferior a 11mg/dL. Os dados foram processados pelo software Epi Info versão 6.04. Os resultados mostraram que a prevalência da desnutrição foi de 21,86% (1037). A prevalência das parasitoses entre os desnutridos foi de 42,96% (116). O parasita mais prevalente foi Ascaris lumbricoides. A

prevalência da anemia entre os desnutridos foi de 44,67% (109). A prevalência do aleitamento materno foi de 84,11% (3990) e a mediana foi de 4 meses (120 dias). Foram encontradas associações significativas entre: desnutrição e aleitamento materno; e parasitoses e anemia. Conclui-se que a prevalência da desnutrição foi inferior às estimativas nacionais e semelhante aos resultados pesquisados na região Sudeste. A prevalência das parasitoses foi inferior ao esperado e o parasita mais freqüente, assim como todas pesquisas brasileiras, foi o Ascaris lumbricoides. A prevalência da anemia

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ABSTRACT

The objective this search was study the prevalence of malnutrition, anemia, parasitosis,

breast-feeding and associations on children from 0 to 59 months, in Ouro Preto, MG. A

cross-sectional study was maked with 4744 children from 0 to 59 months during a mass

vaccination day program, in 1999. Where analysed bioquimistry exams of hemoglobin and

parasitologic of feces in malnutrition children of urban zone. The anthropometric data

where analysed using the index weight/age (W/A) and was considerate malnutrition

children, those with weigth was below or equal to percentil 10 (P10). It was considered

anemic child that with hemoglobin below 11 mg/dL. The datas was processed for software

Epi Info version 6.04. The results shows the prevalence of malnutrition was 21,86% (1037).

The prevalence of parasitosis on malnutrition children was 42,96% (116). Ascaris

lumbricoides was the most frequent parasite. The prevalence of anemia on malnutrition children was 44,67% (109). The prevalence of breast-feeding was 84,11% (3990) and the

median was 120 days. Significatives associations was found between: malnutrition and

breast-feeding; and parasitosis and anemia. The conclusions was: the prevalence of

malnutrition was below national estimations and similar to anothers searches in

South-East region. The prevalence of parasitosis was below to expected and the most frequent

parasite was Ascaris lumbricoides, equal results to all brasilians searches. The prevalence of anemia was similar to values of WHO and anothers brasilians studiouses, and was

below to searches in South-East region. The prevalence of serious anemia was very small.

The prevalence and the median of breast-feeding was similar to national medium. Exist

only some studies about associations and the positive associations found here could be

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...1

1.1 - Caracterização da desnutrição protéico-calórica ...1

1.2 - Desnutrição proteico-calórica no Brasil ... 3

1.3 - Desnutrição proteico-calórica em Ouro Preto ... 5

1.4 - Desnutrição proteico-calórica na faixa etária de 0 a 59 meses ... 5

1.5 - Desnutrição proteico-calórica e antropometria ... 6

1.6 - Desnutrição proteico-calórica e parasitoses intestinais ... 11

1.7 - Desnutrição protéico-calórica e anemia ... 13

1.8 - Desnutrição protéico-calórica e aleitamento materno ... 18

2 - MATERIAL E MÉTODOS... 24

2.1 - População estudada e etapas do planejamento...24

2.2 - Antropometria na caracterização da desnutrição protéico-calórica ... 27

2.3 - Exame parasitológico de fezes ... 27

2.4 - Dosagem de hemoglobina ... 27

2.5 - Parâmetros para aleitamento materno... 28

2.6 - Processamento dos dados...29

3 – RESULTADOS...30

3.1 - Estudo das prevalências e freqüências... 30

3.1.1 - Prevalência de desnutrição protéico-calórica...30

3.1.1.1 - Distribuição da desnutrição protéico-calórica por distritos e por bairros de Ouro Preto... 32

3.1.2 - Freqüência de parasitoses intestinais... 38

3.1.3 - Freqüência de anemia ...39

3.1.4 - Prevalência de aleitamento materno ...40

3.2 - Estudo das associações ...42

3.2.1 - Associação entre desnutrição protéico-calórica e zona urbana ou rural ...42

3.2.2 - Associação entre desnutrição protéico-calórica e aleitamento materno ...42

3.2.3 - Associação entre parasitoses intestinais e anemia ...43

3.2.4 - Associação entre anemia e aleitamento materno ...43

3.2.5 - Associação entre aleitamento materno e parasitoses intestinais ... 44

4 – DISCUSSÃO ...45

4.1 – Prevalências e freqüências ... 47

4.1.1 - Prevalência da desnutrição protéico-calórica ... 47

4.1.2 - Freqüência das parasitoses intestinais ...50

4.1.3 - Freqüência da anemia ...52

4.1.4 - Prevalência do aleitamento materno ... 54

4.2 – Associações ... 56

4.2.1 - Associação entre desnutrição protéico-calórica e zona urbana ou rural ... 56

4.2.2 - Associação entre desnutrição protéico-calórica e aleitamento materno ... 57

4.2.3 - Associação entre parasitoses intestinais e anemia ... 57

4.2.4 - Associação entre anemia e aleitamento materno ... 57

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5 – CONCLUSÕES ... 59

6 - PERSPECTIVAS FUTURAS ... 61

7 – ANEXOS ... 62

7.1 – Formulário utilizado para armazenamento de dados pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto ... 62

7.2 - Autorização da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de Ouro Preto para realização da pesquisa ... 63

7.3 - Parecer do Comitê de Ética da Universidade Federal de Ouro Preto ... 64

7.4 - Aferição do dado antropométrico peso ... 67

7.5 - Exame Parasitológico de fezes ... 68

7.6 - Dosagem de hemoglobina ... 69

7.7 - Mapas do município de Ouro Preto ... 70

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela I: Prevalência e distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por distritos, em 1999 – Ouro Preto – MG ... 32 Tabela II: Prevalência e distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por bairros, em 1999 – Ouro Preto – MG ...35 Tabela III: Freqüência das parasitoses intestinais, total e por parasitas, em 270 crianças de 0

a 59 meses com desnutrição proteico-calórica da zona urbana, em 1999 – Ouro Preto – MG ...38 Tabela IV: Prevalência do aleitamento materno em crianças de 0 a 59 meses, em 1999 –

Ouro Preto – MG ...41 Tabela V: Estudo da associação entre desnutrição protéico-calórica e zona urbana ou rural

em crianças de 0 a 59 meses, em 1999 – Ouro Preto – MG...42 Tabela VI: Estudo da associação entre desnutrição proteico-calórica e aleitamento materno

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico I: Prevalência da desnutrição proteico-calórica,pelo índice P/I, em crianças de 0 a 59 meses, em 1999 – Ouro Preto – MG ... 30 Gráfico II: Prevalência da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, zonas urbana e rural, em 1999 - Ouro Preto - MG ...31 Gráfico III: Distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por distritos, em 1999 – Ouro Preto – MG... 34 Gráfico IV: Distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por

bairros, em 1999 – Ouro Preto – MG ...37 Gráfico V: Freqüência da anemia entre 244 crianças de 0 a 59 meses com desnutrição

proteico-calórica da zona urbana, em 1999 – Ouro Preto – MG ...39 Gráfico VI: Freqüência do grau de anemia entre 244 crianças de 0 a 59 meses com

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABS: Ações Básicas de Saúde

ACC/SCN: Administrative Committee on Cordination / Subcommittee on Nutrition A/I: Altura por Idade

CDC: Centers for Disease Control

CONSEA: Conselho Nacional de Segurança Alimentar CPD: Centro de Processamento de Dados

DP: Desvio Padrão

EPF: Exame Parasitológico de Fezes FAO: Food and Agriculture Organization

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IGA: Instituto de Geo-Ciências Aplicadas

INAN: Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição LAPAC: Laboratório Piloto de Análises Clínicas MS: Ministério da Saúde

NCHS: National Center for Health Statistics

NOB-SUS: Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde OMS: Organização Mundial de Saúde

OPAS: Organização Panamericana de Saúde P3: Percentil 3

P4: Percentil 4 P9: Percentil 9 P10: Percentil 10 P/I: Peso por Idade

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Caracterização da desnutrição protéico-calórica

Desnutrição é definida pelo grupo da FAO / OMS como o estado patológico originado do consumo deficiente de alimentos e de uma ingestão calórica inferior aos requerimentos durante período prolongado; manifesta-se por alterações físicas, psicológicas e bioquímicas, alterações de peso e de estatura média dos indivíduos quando comparados com os bem nutridos. Cerca de 25% das crianças do mundo estão desnutridas, sendo a maioria delas dos países pobres e em desenvolvimento (UNICEF, 1985; CHAVES, 1985).

A desnutrição infantil resulta do acesso desigual de indivíduos ou grupos a mercadorias e serviços, em decorrência da política econômica e social adotada. O estudo de sua causalidade envolve abordagens múltiplas da associação e da interação de fatores biológicos, sociais, econômicos e políticos, nos níveis nacional, estadual e local (VELLA et al, 1995; UNICEF, 1998).

A desnutrição protéico-calórica pode ser causada por vários fatores como redução do nível sócio-econômico, desmame precoce, baixo peso ao nascer, baixa estimulação, saneamento básico ausente ou inadequado, baixa escolaridade, fraco vínculo mãe-filho e desajustamento familiar. Dentre as principais causas da desnutrição no Brasil, estão: baixa renda familiar, doenças infecciosas (aumentam as necessidades energéticas e protéicas, ao mesmo tempo em que reduzem o consumo alimentar), desmame precoce e o uso de alimentação artificial de composição inadequada, além de sua preparação sem cuidados higiênicos (VASCONCELOS, 1995).

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em energia e nutrientes ou, ainda, com alguma freqüência, do inadequado aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos – geralmente motivado pela presença de doenças, em particular doenças infecciosas. Nem toda deficiência nutricional se origina do aporte alimentar insuficiente em energia, ou, sendo mais direto, da falta de comida. Ao contrário, são causas relativamente comuns de desnutrição, sobretudo na infância, o desmame precoce, a higiene precária na preparação dos alimentos, o déficit específico da dieta em vitaminas e minerais e a incidência repetida de infecções, em particular doenças diarréicas e parasitoses intestinais (MONTEIRO, 2003).

O processo da desnutrição no organismo ocorre através de várias etapas: ingesta alimentar inadequada (redução da absorção de nutrientes ou perda de nutrientes no organismo), depleção dos níveis de nutrientes dos tecidos e queda dos níveis de nutrientes no plasma, redução da atividade enzimática ou função biológica do nutriente, capacidade debilitada de funcionamento das células do sistema fisiológico; lesões clínicas (incluindo desenvolvimento físico); morbidade e mortalidade. Estas etapas, por sua vez, podem ser avaliadas através de diversos indicadores, tais como: inquéritos alimentares, presença ou não de parasitoses intestinais, exames bioquímicos, sinais clínicos, dados antropométricos e dados estatísticos (UNICEF, 1985).

Como a maioria das doenças, as deficiências nutricionais podem ser diagnosticadas por meio de exames clínicos e laboratoriais. Por serem biologicamente mais vulneráveis a diversas deficiências nutricionais, as crianças são habitualmente escolhidas como grupo indicador da presença de desnutrição na população, admitindo-se que o percentual de crianças com retardo de crescimento, uma das primeiras e mais precoces manifestações de desnutrição na infância, propicie uma excelente indicação do risco de deficiências nutricionais a que está exposta uma coletividade (MONTEIRO, 2003).

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dispendidos, a persistir a atual taxa de redução, esta meta não será atingida, a menos que se estabeleça a Segurança Alimentar e Nutricional como política pública, especialmente em regiões com pobreza (DOMENE, 2003).

Apesar da transição nutricional vivida atualmente pelo Brasil, ou seja, um rápido declínio da prevalência de desnutrição em crianças e elevação, num ritmo mais acelerado, da prevalência de sobrepeso/obesidade em adultos, a desnutrição infantil continua sendo uma grande preocupação do país (BATISTA FILHO & RISSIN, 2003).

1.2 - Desnutrição protéico-calórica no Brasil

Até o início da década de 1970, a assistência à saúde existente no Brasil quase que se resumia à medicina curativa praticada nos consultórios particulares, nos hospitais e nos grandes ambulatórios da Previdência Social. A medicina preventiva e a educação em saúde eram atividades feitas por órgãos ou pessoas isoladas, sem maiores recursos. A partir dessa época, muitas mudanças ocorreram nos órgãos de saúde brasileiros. Hoje, no Brasil, são muitos os Centros e Postos de Saúde espalhados pelos bairros, povoados e áreas rurais. São os serviços de atenção primária à saúde (VASCONCELOS, 1997).

O Brasil tem seu sistema de atenção à saúde constituído, nos anos 90, por três segmentos principais: o segmento público, conformado pelos serviços vinculados aos governos federal, estaduais e municipais; o segmento privado contratado e pago pelo setor público; e o segmento privado liberal ou contratado pelos planos de saúde pessoais ou de empresas. O conjunto de serviços públicos e privados contratados constituem o Sistema Único de Saúde, que em 1991 respondeu por cerca de 75% das internações produzidas no Brasil e tinha a responsabilidade de cobertura de toda a população brasileira (BUSS, 1995).

Entre 1960 e 1989, o coeficiente de Gini1 aumentou 28%, evidenciando um claro

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estado nutricional da população confirmados através da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição de 1989 (PESQUISA,1990). A Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição também apontou um índice de desnutrição no Brasil igual a 26,6% (DOMENE et al, 1999).

Estudo realizado na Região Nordeste do Brasil mostrou que o risco de mortalidade populacional atribuível à desnutrição foi de 26%. Desse total, 99% se deveram às formas leve a moderada (MORA, 1989).

No Brasil, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), estimou que, em 1994, 30 a 40% das crianças de 0 a 6 anos apresentavam baixo peso (OLIVEIRA, CUNHA & MARCHINI, 1996).

Estudo realizado no estado de Minas Gerais (1994) e na região do Norte de Minas (1993) em crianças menores de 5 anos de idade mostra uma alta prevalência das formas leves de desnutrição (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE MINAS GERAIS, 1997).

A alta prevalência das formas leves, moderadas e graves da desnutrição nas crianças menores de 5 anos está associada a repetidas enfermidades infecciosas e ao consumo alimentar inadequado que é influenciado, entre outros fatores, pelo desmame precoce e pelo baixo poder aquisitivo da população para a compra de alimentos que possibilitem o alcance das recomendações nutricionais (MARTORELL et al, 1984, MONTEIRO, 1985).

1 O índice de Gini é usado para medir distribuição de renda, comparando a proporção do rendimento total

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1.3 - Desnutrição protéico-calórica em Ouro Preto

Segundo o escritório estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população estimada de Ouro Preto para 1994 seria algo em torno de 66134 habitantes, estando 71% dos habitantes concentrados nas zonas urbanas e suburbanas e 29% na zona rural (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 1991).

A pesquisa Modelos Estatísticos de Predição da Prevalência da Desnutrição Infantil aponta que Ouro Preto foi classificado entre os municípios que apresentaram uma estimativa de 5 a 9% de crianças com retardo severo de crescimento (BENÍCIO et al, 1995). Assim, em Ouro Preto teríamos, em 1991, dentro de um universo de 6.683 crianças menores de 5 anos, um número entre 334 a 602 crianças com desnutrição crônica.

1.4 - Desnutrição protéico-calórica na faixa etária de 0 a 59 meses

As bases de uma idade adulta saudável se estabelecem nas primeiras etapas da vida humana e, se se deseja atingir esse objetivo, deve-se acompanhar criteriosamente a curva de crescimento e desenvolvimento da criança, notadamente aquela na faixa de 0 a 5 anos. Sabe-se que o cérebro e o restante do corpo estão em formação e que a carência de fatores ambientais e nutritivos adequados, ou a existência de obstáculos, podem ser causa de um crescimento deficiente ou defeituoso do encéfalo, sem crescimento compensatório, o que poderá acarretar uma deficiência de maior ou menor grau nas funções físicas e mentais do adulto (PIMENTA et al, 1983).

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A desnutrição protéico-calórica ocupa posição de destaque entre os problemas nutricionais que afetam os países subdesenvolvidos, sendo que dependendo da sua intensidade, tempo de duração e idade de quem a adquire, pode causar danos irreversíveis. No Brasil, a desnutrição protéico-calórica é sem dúvida o maior problema de saúde pública. O grupo populacional mais vulnerável é o de crianças de 0 a 5 anos, exigindo uma atenção especial (CHAVES et al, 1989).

Em meados da década de 90, existiam mais de cinco milhões de crianças de 0 a 5 anos desnutridas neste país. Além disso, a desnutrição incide pesadamente nos grupos sociais de mais baixa renda (BUSS, 1995).

A Organização Mundial de Saúde estimou que, no ano de 1995, 55% das mortes de crianças menores de 5 anos ocorridas em países em desenvolvimento tenham sido ocasionadas pela desnutrição. Nota-se que 2 milhões de crianças morreram devido à desidratação ocasionada por diarréia persistente e agravada por desnutrição (UNICEF, 1998). Quanto ao Brasil, o total de mortes ocorridas em crianças abaixo de 5 anos foi de 226 mil no ano de 1993 (UNICEF, 1995).

Estudos prospectivos concluíram que 52% das mortes de crianças de 6 a 60 meses eram associadas a alguma forma de desnutrição, sendo o risco relativo estimado de 8,0 para a desnutrição severa e de 3,5 para a forma leve a moderada (PELLETIER, 1994).

1.5 - Desnutrição protéico-calórica e antropometria

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compromisso da integralidade da atenção à saúde, ao incorporar, como objeto das ações, a pessoa, o meio ambiente e os comportamentos interpessoais (NOB-SUS, 1996).

A antropometria é um importante instrumento para a avaliação das condições de saúde e nutrição de grupos populacionais. Na avaliação das condições de saúde e nutrição recomenda-se a utilização de padrões e referências para peso e altura que permitam comparar indivíduos da mesma idade. Desde 1978 a Organização Mundial de Saúde recomenda a utilização da referência do National Center for Health Statistics / Centers for Disease Control (NCHS / CDC), baseando-se no princípio de que o crescimento é produto de interações contínuas e complexas entre hereditariedade e ambiente. A utilização dessa referência também se justifica pelo fato de que crianças de níveis socioeconômicos distintos diferem em tamanho e tempo de crescimento em cada sociedade. Verifica-se que o padrão de crescimento de crianças de famílias favorecidas aproxima-se do padrão do NCHS / CDC, no que diz respeito à altura e ao peso em vários países estudados. Adicionalmente, o uso de um único padrão de referência possibilita comparações entre populações (WHO, 1995; DUGGAN & HARBOTTLE, 1996).

Apesar de um novo referencial antropométrico ter sido publicado recentemente pelo

Centers for Disease Control and Prevention (CDC/2000), o padrão internacional de

referência NCHS de 1977 ainda continua sendo recomendado e utilizado para avaliação do crescimento de crianças até 18 anos de idade. O maior impasse no seu uso está na comparação de estudos com dados internacionais. Além disso, as agências nacionais e internacionais de saúde ainda não se posicionaram mais categoricamente, nem forneceram diretrizes mais seguras para os profissionais de saúde (SOARES, 2003).

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Em um estudo sobre a prevalência e as formas de desnutrição protéico-calórica entre pré-escolares, em Rondônia, na região Norte do Brasil, realizou-se uma avaliação antropométrica entre os menores de 5 anos e, pela classificação de Gómez, encontraram-se cerca de 31,9% de desnutridos leves e 4,8% moderados e graves. Pela classificação de Waterlow, 6,0% das crianças apresentava desnutrição aguda e 0,2% desnutrição crônica (FERREIRA & OTT, 1988).

No Nordeste do Brasil, mais precisamente em uma favela do “Movimento dos Sem Teto”, em Maceió, AL, verificando a prevalência de desnutrição energético-protéica (DEP), anemia e enteroparasitoses em crianças de 6 a 60 meses, pesquisadores encontraram as prevalências de deficits nutricionais para os indicadores A/I, P/I e P/A, respectivamente, 22,6%, 16,1% e 1,5%. Quase todas as crianças apresentaram pelo menos um tipo de parasita (83,2%). Destas, 50,9% eram poliparasitadas. As associações mais freqüentes foram Ascaris + Trichuris (15,7%) e Ascaris + Giardia (13%). A anemia foi detectada em 96,4% das crianças, mostrando o efeito sinérgico entre desnutrição e infecções (FERREIRA et al, 2002).

Avaliando-se o estado nutricional de crianças menores de 5 anos de uma população urbana periférica de Porto Alegre, RS, na região Sul do Brasil, verificou-se que 82,3% apresentavam algum grau de desnutrição (peso para a idade < ou = 90% do padrão) (CARVALHO et al, 1992).

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Contudo, valores muito inferiores foram encontrados quando verificaram-se as prevalências de déficits antropométricos em duas coortes de nascimento na cidade de Pelotas, RS, quando observou-se que a prevalência de déficit peso/idade (<-2 desvios-padrão da referência NCHS) caiu de 5,4% para 3,8%, sendo que crianças de mais baixa renda apresentaram prevalências de cerca de 10% de déficits P/I e A/I, enquanto que nas categorias de renda superior, estes déficits foram de 3% ou menos (POST et al, 1996).

Em um estudo sobre a situação nutricional e alimentar de pré-escolares no semi-árido da Bahia, na região Nordeste do Brasil, foi realizada uma avaliação antropométrica. Encontraram-se 19,1% das crianças com peso para a idade abaixo de –2,0 DP (desvio-padrão) (SANTOS et al, 1995).

Estudando-se a tendência secular da desnutrição e da obesidade na infância na cidade de São Paulo, SP, na região Sudeste do Brasil, observou-se que no período de 22 anos coberto por três inquéritos, a desnutrição na infância foi controlada na cidade de São Paulo. A disponibilidade de três inquéritos antropométricos comparáveis, realizados com intervalos de cerca de dez anos em amostras representativas da população de crianças menores de cinco anos, permitiu conhecer a evolução de indicadores da desnutrição, mostrando que no período coberto pelos inquéritos, a desnutrição na infância deixou de ser endêmica na cidade (MONTEIRO & CONDE, 2000).

Estudando-se crianças de 0 a 24 meses e suas mães em bolsões de pobreza do município de Campinas, SP, verificou-se uma prevalência de 7,2% de desnutrição infantil (considerando-se Peso/Idade menor que –2 escores-Z) (DOMENE et al, 1999).

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Durante a Campanha de Vacinação de 1992, analisando-se o “Perfil Nutricional e Socioeconômico das Crianças de 0 a 5 anos” em Niterói, RJ, foi observado um índice de 20,1% de desnutrição, incluindo todas as formas de classificação de Gómez ( MARINS et al, 1995).

Em um estudo realizado com crianças abaixo de 5 anos numa comunidade de baixa renda no município do Rio de Janeiro, RJ, na região Sudeste do Brasil, avaliou-se o perfil nutricional e foi encontrado, de acordo com o indicador peso para a idade, 23,9% de crianças com desnutrição leve (grau I pela classificação de Gómez) e 22,0% com desnutrição moderada (grau II) (REICHENHEIM & HARPHAM, 1990).

Ainda na região Sudeste do Brasil, foi realizado um estudo em Belo Horizonte, MG, onde verificou-se o estado nutricional de crianças menores de 6 anos e foram encontradas 20,1% de crianças com Z-score < -2 DP (desvio padrão). Verificou-se também que a prevalência de parasitoses intestinais foi de 70,3% e a prevalência de anemia de 29,7% (MOLINA et al, 1989).

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1.6 - Desnutrição protéico-calórica e parasitoses intestinais

A prevalência da desnutrição é maior em regiões tropicais e subtropicais, favorecendo a endemicidade tanto da desnutrição quanto de infecções (INFANT, 1969; LATHAM, 1975). A mortalidade por infecções é muito maior nos países subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento que nos países industrializados (LATHAM, 1975; PUFFER & SERRANO, 1973).

Nos países em desenvolvimento, as doenças infecciosas em crianças menores de 5 anos são causa ou conseqüência de um processo de déficit nutricional e, muitas vezes, levam ao aumento da taxa da mortalidade nessa idade (RIVERA, 1992; KHANUM, ASHWORTH & HUTTLY, 1998).

A ingestão inadequada de alimentos associada à presença de parasitoses intestinais tem sido considerada como fator primordial na fisiopatologia da anemia e da desnutrição protéico-calórica (HAYASHI et al, 1981; KAR, 1981/1982; KATZ & WALLACE, 1974).

Em um estudo sobre as condições de saúde de crianças de 0 a 59 meses, 1984/1985, do município de São Paulo, SP, Brasil, foi observado que a prevalência de enteroparasitoses em geral foi de 30,9%, sendo de 16,4%, 14,5% e 12,5% as prevalências específicas da ascaridíase, giardíase e tricuríase. Prevalências inferiores foram assinaladas para os enteroparasitas Entamoeba histolytica, Hymenolepis nana e Strongyloides stercoralis,

respectivamente 2,0%, 0,9% e 0,3%. Comparando com outro estudo em 1973/1974, verificaram queda expressiva da ascaridíase e tricuríase, mas não da giardíase (MONTEIRO et al, 1988).

Em um estudo sobre helmintoses intestinais no subdistrito de Santa Eudóxia, São Carlos, SP, encontrou-se uma prevalência de 35,5%, sendo o Ascaris lumbricoides o mais

(26)

Já em um outro estudo realizado em duas comunidades urbanas de baixa renda, em crianças menores de 6 anos do município de Belo Horizonte, MG, Brasil, a prevalência de parasitoses foi de 70,7%, sendo 55,4%, 19,6% e 17,9% as prevalências específicas para

Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Giardia lamblia, respectivamente (GROSS et

al, 1989).

Estudando-se a detecção de anticorpos séricos anti-Giardia lamblia em crianças de 0 a 6

anos de idade de creches do município de Botucatu, SP, Brasil, verificou-se que 63,3% das crianças apresentaram cistos de Giardia lamblia nas fezes (GUIMARÃES & SOGAYAR,

2002).

Em uma avaliação de enteroparasitoses em pré-escolares de algumas favelas do Rio de Janeiro, RJ, foi encontrada uma prevalência de 54,5%, sendo que destes, a ocorrência de monoparasitismo foi de 51,1% e de poliparasitismo, de 48,9%, e ainda verificou-se que os enteroparasitos mais freqüentes foram Giardia lamblia (25,3%) e Ascaris lumbricoides

(25,0%) (MACEDO et al, 1998). Em Duque de Caxias, RJ, estudando-se o parasitismo por

Ascaris lumbricoides em crianças menores de 2 anos, observaram-se as prevalências de

3,3% para menores de um ano e 30,7% para crianças com um ano de idade (MACEDO et al, 1999).

Em um estudo realizado com crianças entre 1 e 9 anos de idade do município de Duque de Caxias, RJ, Brasil, foi encontrada uma prevalência para Ascaris lumbricoides de 27,5% e,

por meio de utilização de técnicas de geoprocessamento e análise geoestatística, áreas de risco foram estimadas para ocorrência de carga parasitária produzida pelo Ascaris

lumbricoides (CAMPOS et al, 2002).

(27)

do poliparasitismo intestinal (13,1% para 0,5%) (FERREIRA, FERREIRA & MONTEIRO, 2000).

Analisando-se o parasitismo intestinal em uma aldeia indígena Parakanã, Pará, encontraram-se as seguintes prevalências em crianças de 0 a 5 anos, em abril de 1992 e em fevereiro de 1995, respectivamente: Ascaris lumbricoides, 34,5% e 38,7%;

ancilostomídeos, 31,0% e 18,3%; Entamoeba histolytica, 72,4% e 40,8%; Giardia lamblia,

44,8% e 12,2% (MIRANDA et al,1998).

Estudando-se as parasitoses intestinais em Novo Airão, Amazonas, foram encontradas as prevalências de 85,3% e 89,4%, entre crianças menores de 1 ano e de 2 a 7 anos, respectivamente (BOIA et al, 1999).

Por fim, apenas um estudo sobre parasitoses intestinais em região semi-árida do Nordeste do Brasil apresentou resultados preliminares distintos das prevalências esperadas: 57% das amostras foram positivas para enteroparasitos. Entamoeba coli (35,8%), Endolimax nana

(13,6%), Hymenolepis nana (9,4%) e os ancilostomídeos (9,4%) foram os parasitos mais

freqüentes. Foram observados dois casos de A. lumbricoides e nenhuma amostra foi

positiva para T. trichiura. Esses resultados mostram um padrão diferente do restante do

país (ALVES et al, 2003).

1.7 - Desnutrição protéico-calórica e anemia

(28)

A distribuição da anemia ferropriva é univeral e estima-se que 25% da população mundial seja atingida pela deficiência de ferro, o que torna essa carência nutricional a de maior prevalência no mundo (COOK & ALVARADO, 1971; WHO, 1975; WALTER, 1993).

O controle da deficiência de ferro é motivo de preocupação, sendo um dos objetivos estabelecidos pela Conferência Internacional sobre Nutrição em âmbito mundial (Conf. Inter. Nutr., 1992), para a redução substancial da carência de ferro no mundo até 2000. Em âmbito nacional, foi firmado pela Política Nacional de Alimentação em 1999 o propósito de reduzir em 1/3 a anemia de pré-escolares e escolares no Brasil até 2003 (BRUNKEN & SZARFARC, 1999).

A Organização Mundial de Saúde cita que a prevalência da anemia ferropriva é de 43% entre os pré-escolares em todo o mundo e, os países em desenvolvimento apresentam prevalências quatro vezes maiores que os países desenvolvidos (OMS, 1975). Para a América Latina, o Terceiro Encontro Regional sobre deficiência de vitamina A e outros micronutrientes na América Latina e Caribe, em 1992, mostrou que a prevalência de anemia encontrada em pré-escolares variou de 18 a 45% (GUERI, 1993).

No Brasil, a anemia ferropriva é o problema nutricional de maior magnitude, atingindo cerca de 50% das crianças menores de 2 anos (GERMANO & CANNIATTI-BRAZACA, 2002).

A má nutrição devido a carência de micronutrientes relaciona-se principalmente a três principais nutrientes, com importância em saúde pública como, os transtornos por carência de iodo, a carência de vitamina A e a anemia ferropriva (Conf. Inter. Nutr., 1992)

(29)

A depleção de ferro ocorre no organismo humano de forma gradual e progressiva, atingindo compartimentos diferentes com seu agravamento. Primeiramente acomete sua forma de armazenamento, a ferritina, depois atinge a saturação de transferrina e a concentração de ferro sérico, caracterizando a deficiência de ferro. A concentração de hemoglobina é o último estágio a ser afetado pela carência de ferro, gerando a anemia ferropriva que ocorre com a diminuição da produção de hemoglobina e aumento da protoporfirina eritrocitária livre (BRICKS, 1994; SZARFARC, LERNER & STEFANINI, 1995).

Cientistas estudaram os parâmetros hematológicos e bioquímicos utilizados na avaliação do estado nutricional do ferro e verificaram que os parâmetros disponíveis refletem os três diferentes estágios da carência de ferro, a qual se manifesta de maneira gradual e progressiva no organismo, até o desenvolvimento da anemia ferropriva. Apesar de verificarem que o uso combinado de diferentes parâmetros aumenta a sensibilidade e a especificidade do diagnóstico do estado nutricional do ferro, sugerem como alternativa para países em desenvolvimento, onde nem sempre é possível o uso de vários parâmetros combinados, utilizar a concentração de hemoglobina isoladamente (PAIVA, RONDÓ & GUERRA-SHINOHARA, 2000).

A carência de ferro é uma enfermidade sistêmica com múltiplos sintomas atingindo todas as células do organismo, pois este mineral participa de numerosas reações de óxido-redução em vários órgãos, incluindo o sistema imunológico (BRUNKEN & SZARFARC, 1999). O ferro é necessário para a manutenção da função das células “Natural Killer”, neutrófilos e linfócitos, ficando suas capacidades bactericidas reduzidas na deficiência deste mineral (CHANDRA, 1991; PEREIRA, 1995).

(30)

muito, mesmo dentro de uma região específica (VANNUCCHI, FREITAS & SZARFARC, 1992).

Em estudo sobre a concentração de hemoglobina em crianças do nascimento até um ano de vida realizado em cidades localizadas nas cinco regiões do país, verificou-se que 51, 7% das crianças entre 6 e 12 meses de idade eram anêmicas (SZARFARC et al, 2004).

Estudando-se crianças menores de 3 anos na área urbana do município de Criciúma, SC, Brasil, encontrou-se uma prevalência de anemia, pelo critério da OMS (anemia quando hb<11,0mg/dL), de 54% (NEUMANN et al, 2000), enquanto foi encontrada uma prevalência de anemia de 47,8%, em crianças da mesma faixa etária, no município de Porto Alegre, RS, Brasil (SILVA, GIUGLIANE & AERTS, 2001).

Em um outro estudo na cidade de Pelotas, RS, realizado com crianças menores de 6 anos, avaliadas pelo mesmo critério da OMS, a prevalência de anemia foi de 53%, resultado semelhante aos trabalhos anteriores (SANTOS et al, 2004).

Estudiosos de Cuiabá, MT, pesquisando anemia em crianças menores de 3 anos que freqüentam creches públicas em período integral encontraram elevada prevalência de anemia (63%) e de anemia grave (22,5%). A prevalência de desnutrição (< -2 z-score) foi

de 5,0% segundo peso/idade (BRUNKEN, GUIMARÃES & FISBERG, 2002).

Em um estudo sobre a anemia em pré-escolares no estado da Paraíba, Brasil, verificou-se que a prevalência da anemia foi de 36,4% (Intervalo de Confiança: 33,7 – 39,1), maior que a de 1982, que foi de 19,3% (Intervalo de Confiança: 17,3 – 21,5) (OLIVEIRA et al, 2002).

(31)

Alguns pesquisadores, com o objetivo de caracterizar a ocorrência de anemia ferropriva entre crianças de 0 a 24 meses matriculadas no Programa de Atenção à Saúde da Criança, em 1989, em um Centro de Saúde da periferia de Campinas, SP, encontraram uma prevalência de 12% de anemia. Observaram ainda uma associação positiva entre sinais e sintomas de anemia e desnutrição, porém não conseguiram estabelecer relação entre anemia e tempo de aleitamento materno e tratamento devido à falta de dados (MOURA et al, 1990).

Pesquisadores verificaram que a prevalência da anemia em crianças menores de 2 anos atendidas nas unidades básicas de saúde no estado de São Paulo, Brasil, foi de 59,1%, sendo encontrados 25,1% casos severos de anemia (TORRES, SATO & QUEIROZ, 1994).

Em um estudo das condições de saúde das crianças de 0 a 59 meses, no município de São Paulo, SP, Brasil, 1984/1985, verificou-se que a freqüência de crianças anêmicas foi de 35,6%, sendo que 14,7% foi a freqüência de casos severos (MONTEIRO & SZARFARC, 1987). Ainda, em posterior análise da tendência secular da anemia na cidade de São Paulo, 1984-1996, foi observada redução significativa na concentração média de hemoglobina (de 11,6 g/dL para 11,0 g/dL) e aumento significativo na prevalência de anemia (de 35,6% para 46,9%) (MONTEIRO, SZARFARC & MONDINI, 2000).

(32)

Encontraram ainda, 11,7% de crianças desnutridas considerando o índice P/I, porém, não verificaram associação entre anemia e estado nutricional (MIRANDA et al, 2003).

Vários autores citam o abandono da prática do aleitamento materno como a principal causa de anemia em crianças menores de 6 meses. O leite materno é precocemente substituído pelo leite de vaca integral, o qual é deficiente em ferro, além de ser causador de micro-hemorragias no trato gastrointestinal (VANNUCCHI, FREITAS & SZARFARC, 1992).

Ainda, a deficiência de ferro encontra-se associada a baixa capacidade produtiva de indivíduos, reduzido desenvolvimento cognitivo e termorregulador. Portanto, a anemia ferropriva não tem somente conseqüências hematológicas, e deve ser vista como uma doença sistêmica que afeta órgãos e sistemas (BRICKS, 1994; BRUNKEN & SZARFARC, 1999).

Devido a alta prevalência da anemia, estudiosos propõem a suplementação de sulfato ferroso como forma altamente efetiva para reduzir níveis endêmicos de anemia na infância (MONTEIRO, et al, 2002).

1.8 - Desnutrição protéico-calórica e aleitamento materno

A Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS), em 1996, verificou uma tendência ascendente da prática da amamentação no país. Para crianças entre 0 e 4 meses de idade, a freqüência da amamentação elevou-se de 73,5% para 85,4%, e ao redor de um ano de idade (10 a 14 meses), passou de 27,5% para 37,1% (MONTEIRO, 1997).

(33)

da amamentação foi estimada em 109,25 dias. Para o aleitamento materno exclusivo, a mediana foi ainda menor: 62,55 dias (MONTEIRO et al, 1987). Ainda em São Paulo, SP, em estudo sobre a relação existente entre anemia e desmame precoce, estudiosos verificaram que a prevalência de anemia foi de 14,5% entre toda a população e de 22,6% entre as crianças maiores de 180 dias. Não foi encontrada associação entre anemia e duração do aleitamento materno exclusivo, cujo tempo mediano foi o mesmo para anêmicos e não anêmicos (SOUZA, SZARFARC & SOUZA, 1997).

Em outro estudo amplo realizado no estado de São Paulo durante Campanha Nacional de Multivacinação, estudiosos pesquisaram a freqüência e determinantes do aleitamento materno em 84 municípios do Estado de São Paulo. Os resultados mostraram que o aleitamento exclusivo nos primeiros quatro meses raramente alcançou índices superiores a 30%. Como fatores de risco para essa situação, identificaram-se: baixa escolaridade materna, ausência de programa Hospital Amigo da Criança, primiparidade e maternidade precoce. Com relação aos menores de um ano, a amamentação ficou em torno de 50% (VENANCIO et al, 2002).

Analisando-se as características do aleitamento materno em um centro de saúde de Campinas, SP, encontrou–se a mediana de aleitamento materno exclusivo de 2 meses, observando-se uma introdução precoce de alimentos na população estudada (MOURA et al, 1989). Durante a Campanha Nacional de Multivacinação, também em Campinas, SP, a mediana de amamentação exclusiva foi de 68 dias e a de amamentação total foi de 6,4 meses. No primeiro semestre de vida, 38,1% das crianças estavam em amamentação exclusiva; 23,0% em predominante e 14,9% em complementar. No segundo semestre, 36,5% das crianças recebiam leite materno; no terceiro 26,4% e no quarto 13,9%. Crianças usuárias dos serviços públicos e das unidades locais de saúde apresentaram menor risco de desmame do que as usuárias dos serviços privados e de serviços não locais (p<0,005)

(34)

Em Embu, SP, pesquisadores verificaram aleitamento materno em 95,7% (IC95%: 93,2-98,2) dos menores de um ano; aleitamento exclusivo em 10,3% (IC95%: 2,9-17,6); predominante em 32,3% (IC95%: 23,5-41,2)e duração mediana do aleitamento: seis meses (PEDROSO et al, 2004).

Estudiosos, em uma análise do aleitamento, estado nutricional e morbidade no primeiro ano de vida, em São Paulo, SP, encontraram uma freqüência de 60,0% de crianças amamentadas ao seio, aos 6 meses, sendo que 40,0% destas estavam com aleitamento exclusivo. O tempo mediano de amamentação foi entre o 7º e o 8º mês e de amamentação exclusiva entre o 3º e o 4º mês (CHAVES et al, 1995).

Pesquisadores, estudando o aleitamento materno e a prática do desmame em duas comunidades rurais de Piracicaba, SP, encontraram que a mediana da duração do aleitamento materno exclusivo foi de 3 dias para Anhumas e de 30 dias para Santa Olímpia. O aleitamento predominante e o aleitamento misto prolongaram-se por 90 e 180 dias em Anhumas e 120 e 165 dias em Santa Olímpia, respectivamente (TABAI, CARVALHO & SALAY, 1998).

Foi encontrado em uma observação sobre o aleitamento natural em um centro de saúde do Rio de Janeiro, em crianças de 0 a 6 meses de idade, apenas 40,7% de crianças menores de 1 mês em aleitamento materno exclusivo, sendo que 50% já tinham iniciado o processo de desmame e 9,3% não recebiam leite materno. Aos 3 meses de idade, apenas 15% mantinham o aleitamento exclusivo, 35,8% iniciaram o desmame e 49,2% não amamentavam mais. Aos 6 meses, apenas 1,8% das crianças amamentavam exclusivamente, 21,4% já tinham iniciado o desmame e 76,8% não recebiam mais leite materno. O cálculo da mediana do aleitamento materno exclusivo (39 dias) foi bastante baixo, retratando este quadro (D’AVILA, 1992).

(35)

medianas de 10,85 meses para amamentação, 3,85 meses para amamentação completa e 1,51 meses para amamentação exclusiva. Foram observadas em relação à área de residência que as medianas de amamentação foram 9,70 para área urbana e 16,00 para área rural. Com menos de 1 mês de vida, 33,6% das crianças já recebiam chás e 12,4% recebiam água (SILVEIRA & LAMOUNIER, 2004).

Em estudo sobre saúde e nutrição de crianças de 0 a 60 meses de um assentamento de reforma agrária, Vale do Rio Doce, MG, avaliou-se as condições gerais de saúde das crianças de zero a 60 meses de idade, de um assentamento rural, localizado no Município de Tumiritinga. Verificou-se que 7,6% das crianças apresentavam déficits nos índices peso/idade e estatura/idade e 47,5%, baixa concentração de hemoglobina. A infestação parasitária foi detectada em 96,1% das crianças que fizeram o exame e 34,0% estavam com a vacinação atrasada. A mediana de tempo de aleitamento materno exclusivo foi de 30 dias e observou-se inadequada freqüência de consumo de alimentos fontes de ferro (CASTRO et al, 2004).

Em uma avaliação sobre conhecimentos, práticas e tabus sobre aleitamento materno de mães de Marabá, PA, verificou-se que cerca de dois terços das mães amamentaram além de 6 meses (TRIGO et al, 1990).

Pesquisadores avaliaram os níveis de hemoglobina, aleitamento materno e regime alimentar no primeiro ano de vida em crianças de Salvador, BA, e encontraram níveis de hemoglobina compatíveis com a anemia em 62,8% das crianças investigadas, com maior ocorrência naquelas de seis a 12 meses de idade (72,6%). O aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida assegurou os mais elevados níveis de hemoglobina (ASSIS et al, 2004).

(36)

1982, para 4,0 meses, em 1993. Verificaram também que crianças com baixo peso ao nascer apresentaram durações mais curtas da amamentação (HORTA et al, 1996).

Em um estudo sobre o estado nutricional de crianças de 0 a 59 meses residentes em Campo Grande, MS, Brasil, verificou-se que quase a totalidade das crianças iniciou a amamentação, mas o desmame teve início ainda no primeiro mês. Observou-se que 10,8% das crianças não receberam leite materno ou foram desmamadas antes de completarem um mês, 31,3% antes de completarem 4 meses e 44,8% antes de 7 meses. Apenas 14,2% ainda recebiam leite materno com idade acima de 12 meses (RIBAS et al, 1999).

Em um estudo sobre a prevalência do aleitamento materno no Distrito Federal, Brasil, durante a Campanha Nacional de Vacinação, na faixa etária de 0 a 180 dias, observou-se que a prevalência de aleitamento materno exclusivo, na faixa etária de 0-15 dias, foi de 62,0% e de 12,8% na faixa etária de 151-180 dias. A mediana do aleitamento materno exclusivo foi de 39,4 dias. O aleitamento predominante manteve uma prevalência média de 33,1 % e o parcial variou de 4,5% a 28,4% nas idades mencionadas. Para o aleitamento materno (todas as modalidades), a prevalência foi de 96,8% e 70,9%, respectivamente, nas idades mencionadas. Os pesquisadores concluíram que, apesar da alta prevalência do aleitamento materno, o período de amamentação exclusiva ao seio ainda é curto (SENA, SILVA & PEREIRA, 2002).

(37)

O consumo de leite materno foi menor que o recomendado até 6 meses de idade, mesmo em populações de países já desenvolvidos, sendo necessários novos estudos em populações diversas para identificar o consumo real de leite materno de crianças em aleitamento exclusivo (BORGES et al, 1998).

(38)

2 - MATERIAL E MÉTODOS

2.1 - População estudada e etapas do planejamento

Ouro Preto, segundo o Instituto de Geo-Ciências aplicadas (IGA) da Secretaria Estadual de Saúde, está localizado na Região Central ou Macrorregião Metalúrgica e Campos das Vertentes, com uma área total de 1.274 km2 sendo a altitude máxima 1.891m, na divisa com o município de Santa Bárbara e altitude mínima de 989m, na Foz do Rio Maracujá.

O município se subdivide em sede, onde se localiza a zona urbana, e 11 distritos, que formam a zona rural. Os 11 distritos são: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro Correia, Glaura, Miguel Burnier, Rodrigo Silva, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Salto e São Bartolomeu.

Para este estudo, a sede foi subdividida em: sede – zona urbana, que corresponde ao conjunto de bairros, e sede – zona rural, que corresponde região rural de Lavras Novas, com propostas a nível do poder legislativo de se tornar um novo distrito, separado da sede.

Os bairros de Ouro Preto se localizam na sede – zona urbana e são: Água Limpa, Águas Férreas, Alto da Cruz, Alto das Dores, Antônio Dias, Barra, Caminho da Fábrica, Cabeças, Centro, Jardim Alvorada, Lajes, Liberdade, Morro da Queimada, Morro Santana, Morro São Sebastião, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora de Lourdes, Novo Horizonte, Padre Faria, Passa Dez de Baixo, Passa Dez de Cima, Piedade, Pilar, Pocinho, Rosário, Taquaral, Vila Aparecida, Vila Itacolomy, Vila Operária, Vila São José.

(39)

Este estudo constituiu-se de uma investigação epidemiológica do tipo transversal, realizada a partir de dados obtidos durante a segunda etapa da Campanha Nacional de Multivacinação ocorrida em agosto de 1999, no município de Ouro Preto, estado de Minas Gerais, Brasil, nas zonas urbana e rural.

A amostra estudada foi constituída de 4744 crianças na faixa etária de 0 a 59 meses, obtida da seguinte forma: de um total de 5832 crianças vacinadas, 5394 foram pesadas, sendo que 4744 pertenciam à faixa etária estudada.

Além do peso, verificaram-se outros dados durante a Campanha como nome, endereço, sexo, data de nascimento, aleitamento materno, tempo de amamentação, sendo que esses dados relativos à amamentação não foram obtidos de todas as crianças, porque muitas estavam acompanhadas de pessoas que não tinham conhecimento dessas informações (ANEXO 7.1).

Os dados dos exames parasitológicos de fezes e bioquímicos de hemoglobina foram obtidos de uma amostra de crianças desnutridas, que procuraram o serviço de saúde do município posteriormente e foram retirados indiretamente de resultados exames arquivados nos laboratórios conveniados ou de anotações de resultados em prontuários, de forma aleatória.

No cálculo da amostra para obtenção da coleta dos resultados dos exames bioquímicos de hemoglobina e parasitológico de fezes para pequenas populações, foi utilizada a seguinte equação, segundo Rea & Parker, 2000:

Z2 (0,25) N

n= ____________________ Z2 (0,25) + (N – 1) C

p2

Onde: n = número mínimo da amostra

(40)

Cp = intervalo de confiança em termos de proporções

Então, para uma margem de erro de +5 e 95% de confiança do tamanho da amostra, e para uma população de 648 crianças da zona urbana na faixa etária de 0 a 59 meses com percentil menor ou igual a 10, teríamos:

(1,96)2 (0,25) (648)

n = _______________________________ (1,96)2 (0,25) + (648 – 1) (0,25)2

3,8416 (162)

n = ___________________________ 3,8416 (0,25) + 647 (0,0025)

622,3392 n = _______________ 0,9604 + 1,6175

n = 241,41

Assim, o nosso tamanho da amostra mínimo seria de 242 crianças. Os participantes do estudo foram sorteados aleatoriamente.

No cumprimento ético, este trabalho foi autorizado e apoiado pela Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Preto durante todo o seu transcurso (ANEXO 7.2), sendo submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), atendendo à Resolução n.196/1996 do Ministério da Saúde (ANEXO 7.3).

(41)

2.2 - Antropometria na caracterização da desnutrição protéico-calórica

O banco de dados antropométricos foi montado através de dados secundários obtidos durante a Campanha Nacional de Multivacinação utilizando-se o índice peso/idade (P/I), sendo que a obtenção do parâmetro “peso” está descrita em anexo (ANEXO 7.4). Adotou-se como referência para comparação tabela do National Center for Health Statistics (NCHS

– USA), sendo consideradas desnutridas aquelas crianças com peso menor ou igual ao percentil 10 (P10), conforme Reichenheim & Hasselmann, 2001. Apesar desse índice indicar uma desnutrição aguda, enquanto outros índices como altura/idade e peso/altura possam nos indicar uma desnutrição pregressa ou crônica, é o índice mais utilizado em grandes estudos populacionais pela facilidade de aferição do dado antropométrico peso.

2.3 - Exame parasitológico de fezes

Foram recolhidos e analisados resultados de exames parasitológicos de fezes de 270 das 648 crianças na faixa etária de 0 a 59 meses, com percentil menor ou igual a 10, da zona urbana, que procuraram o serviço municipal de saúde posteriormente à Campanha Nacional de Multivacinação.

A análise foi realizada em dois laboratórios conveniados ao sistema municipal de saúde: ou pelo laboratório da Prefeitura Municipal de Ouro Preto ou pelo laboratório da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto (LAPAC), conforme descrito em anexo (ANEXO 7.5).

2.4 - Dosagem de hemoglobina

(42)

urbana, que procuraram o serviço municipal de saúde posteriormente à Campanha Nacional de Multivacinação.

A dosagem de hemoglobina (ANEXO 7.6) foi utilizada para detecção e classificação da anemia. Considerou-se como anêmica a criança cuja concentração de hemoglobina foi inferior a 11,0 mg/dL, segundo a OMS (OPAS, 1972). Para definição dos graus de anemia, foram utilizadas as seguintes categorias: anemia leve, onde o teor de hemoglobina situava-se na faixa de >9,0mg/dL a <11,0mg/dL; anemia moderada, onde o teor de hemoglobina situava-se na faixa de 7,0 a 9,0mg/dL; e anemia grave quando a concentração de hemoglobina foi inferior à 7,0mg/dL (DE MAEYER et al, 1991).

Assim como o exame parasitológico de fezes, a dosagem de hemoglobina foi realizada nos dois laboratórios citados anteriormente.

2.5 - Parâmetros para aleitamento materno

As práticas de amamentação foram estudadas com base na classificação proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1992 (WHO, 1992), sendo utilizada apenas a seguinte categoria:

*amamentação, onde se incluem as crianças que recebem não só leite materno, mas

também qualquer tipo de complementação.

A categoria utilizada neste estudo foi amamentação, pois o tipo de estudo não permitiu a

obtenção de dados sobre a introdução de alimentos como tipo de alimento introduzido e época de introdução desses alimentos.

(43)

2.6 - Processamento dos dados

Os dados de antropometria, exames parasitológicos de fezes, exames bioquímicos de hemoglobina e de aleitamento materno foram processados pelo software Epi Info versão 6.04 (DEAN et al, 1990).

O programa Epinut desse software segue recomendações da OMS, utilizando os parâmetros do NCHS – USA como referência para os cálculos dos percentis (peso/idade) (REICHENHEIM & HASSELMANN, 2001).

(44)

3 - RESULTADOS

3.1 - Estudo das prevalências e freqüências

3.1.1 - Prevalência de desnutrição protéico-calórica

Gráfico I: Prevalência da desnutrição proteico-calórica, pelo índice P/I, em crianças de 0 a 59 meses, em 1999 – Ouro Preto – MG

78,14% (3707) (1037)

21,86% | (13,22%)

| (627)

(410) |

---(8,64%) Sem desnutrição

Desnutrição leve

Desnutrição acentuada

Em um total de 4744 crianças na faixa etária de 0 a 59 meses, a prevalência da desnutrição protéico-calórica pelo índice peso/idade foi de 21,86% (1037), sendo que 78,14% (3707) não apresentaram nenhum grau de desnutrição.

(45)

Gráfico II: Prevalência da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, zonas urbana e rural, em 1999 – Ouro Preto – MG

Entre as crianças desnutridas, 62,49% (648) pertenciam à zona urbana e 37,51% (389), à zona rural.

62,49%(648) 37,51%(389)

(46)

3.1.1.1 - Distribuição da desnutrição protéico-calórica por distritos e por

bairros de Ouro Preto

Tabela I: Prevalência e distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por distritos, em 1999 – Ouro Preto – MG

Distrito Crianças Crianças

desnutridas avaliadas

Concentração Prevalência de DPC*(%) de DPC*(%) Sede – Zona Urbana(1)

Sede – Zona Rural(2) Amarantina

Antônio Pereira Cachoeira do Campo Engenheiro Correia Glaura

Miguel Burnier Rodrigo Silva

Santa Rita de Ouro Preto Santo Antônio do Leite Santo Antônio do Salto São Bartolomeu

648 3031 13 66 31 159 50 267

17 103

3 38 11 77 22 89 25 121 121 428 18 96 43 108 15 56

62,5 21,38 1,3 19,70 3,0 19,50 4,8 18,73 1,6 16,50 0,3 7,89 1,1 14,28 2,1 24,42 2,4 20,66 11,7 28,27 1,7 18,75 4,1 39,81 1,4 26,78

Total 1017 4641 100,00 21,86 (1) Bairros de Ouro Preto

(2) Área rural da sede do município (Lavras Novas) *DPC = Desnutrição Protéico-Calórica

OBS.: Foram excluídos desta análise aqueles indivíduos cuja localidade não pôde ser confirmada.

(47)

crianças com desnutrição foi Santa Rita de Ouro Preto, com 11,7% (121), seguido de Antônio Pereira, com 4,8% (50) e Santo Antônio do Salto, com 4,1% (43).

(48)

Gráfico III: Distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por distritos, em 1999 – Ouro Preto – MG

0

100

200

300

400

500

600

700

1

Sede - Zona Urbana

Antônio Pereira

Amarantina

Glaura

São Bartolomeu

Cachoeira do Campo

Santo Antônio do Leite

Engenheiro Correia

Miguel Burnier

Rodrigo Silva

Santo Antônio do Salto

Santa Rita de Ouro Preto

Sede - Zona Rural (Lavras Novas)

(49)

Tabela II: Prevalência e distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por bairros, em 1999 – Ouro Preto – MG

Localidade (Bairro) Crianças Crianças desnutridas avaliadas

Concentração Prevalência de DPC*(%) de DPC*(%) Água Limpa

Águas Férreas Alto da Cruz Alto das Dores Antônio Dias Barra

Caminho da Fábrica Cabeças

Centro

Jardim Alvorada Lajes

Liberdade

Morro da Queimada Morro Santana Morro São Sebastião Nª Sª do Carmo Nª Sª de Lourdes Novo Horizonte Padre Faria

Passa Dez de Baixo Piedade Pilar Pocinho (Lagoa) Rosário Santa Cruz São Cristóvão Saramenha Taquaral Vila Aparecida Vila Itacolomy Vila Operária Vila São José

10 70 2 7 61 343 7 47 38 234 8 71 20 89 18 104 2 28 3 22 1 5 2 6 12 50 117 378 16 70 11 80 3 9 1 21 43 184 1 3 36 134 5 22 8 27 8 40 28 103 80 301 18 137 26 84 25 107 33 224 2 10 3 21

(50)

Pôde-se observar três patamares distintos de maior concentração de crianças com desnutrição protéico-calórica, por bairros: as maiores concentrações (1º patamar) foram nos bairros Morro Santana, com 18,06% (117), São Cristóvão, com 12,34% (80) e Alto da Cruz, com 9,41% (61). A seguir (2º patamar), foram os bairros Padre Faria, com 6,64% (43), Antônio Dias, com 5,86% (38), Piedade, com 5,56% (36) e Vila Itacolomy, com 5,09% (33). Por fim (3º patamar), vêm os bairros Santa Cruz, com 4,32% (28), Taquaral, com 4,01% (26), Vila Aparecida, com 3,86% (25) e Caminho da Fábrica, com 3,09% (20).

(51)

Gráfico IV: Distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por bairros, em 1999 – Ouro Preto – MG

0

20

40

60

80

100

120

140

1

Água Limpa Águas Férreas Alto da Cruz Alto das Dores Antônio Dias Barra

Caminho da Fábrica Cabeças

Centro Jardim Alvorada Lajes

Liberdade

Morro da Queimada Morro Santana Morro São Sebastião Nª Sª do Carmo Nª Sª de Lourdes Novo Horizonte Padre Faria Passa Dez de Baixo Piedade Pilar Pocinho (Lagoa) Rosário Santa Cruz São Cristóvão Saramenha Taquaral Vila Aparecida Vila Itacolomy Vila Operária Vila São José

(52)

3.1.2 - Freqüência de parasitoses intestinais

Tabela III: Freqüência de parasitoses intestinais, total e por parasitas, em 270 crianças de 0 a 59 meses com desnutrição proteico-calórica, zona urbana, em 1999 – Ouro Preto – MG Parasita Freqüência (n) Freqüência (%)

EPF* Negativo Positivo Total Ascaris Lumbricoides Não Sim Total 154 116 270 37 79 116 57,04 42,96 31,90 68,10 Giardia lamblia Não Sim Total 96 20 116 82,76 17,24 Enterobius vermicularis Não Sim Total Entamoeba histolytica Não Sim Total 113 3 116 113 3 116 97,41 2,59 97,41 2,59 Entamoeba coli Não Sim Total Endolimax nana Não Sim Total 89 27 116 112 4 116 76,72 23,28 96.46 3,54 Outros parasitas** Não Sim Total 113 3 116 97,41 2,59

EPF* = Exame Parasitológico de Fezes

(53)

A freqüência das parasitoses intestinais entre as crianças desnutridas foi de 42,96% (116).

As freqüências específicas entre as crianças desnutridas que apresentaram alguma parasitose intestinal foram: Ascaris lumbricoides 68,10% (79); Giardia lamblia 17,24%

(20); Enterobius vermicularis 2,59% (3); Entamoeba histolytica 2,59% (3); Entamoeba coli

23,28% (27); Endolimax nana 3,45% (4), outros parasitas (Iodamoeba butschlli e

Trichocephalus trichiurus ) 2,59% (3).

O parasita intestinal mais freqüente foi o Ascaris lumbricoides, com 68,1%.

3.1.3 - Freqüência de anemia

Gráfico V: Freqüência da anemia entre 244 crianças de 0 a 59 meses com desnutrição proteico-calórica da zona urbana, em 1999 – Ouro Preto – MG

55,33%

44,67% Ausência de anemia

Presença de anemia

(54)

Gráfico VI: Freqüência do grau de anemia entre 244 crianças de 0 a 59 meses com desnutrição proteico-calórica da zona urbana, em 1999 – Ouro Preto – MG

(135) 55,33% (95) 38,93%

(12) 4,92% (2) 0,82%

Sem anemia anemia leve anemia moderada anemia grave

Verificou-se, entre as 109 crianças com anemia, que 38,93% (95) apresentaram anemia leve, 4,92% (12) apresentaram anemia moderada e 0,82% (2) apresentaram anemia grave.

3.1.4 - Prevalência da amamentação

(55)

Tabela IV: Prevalência da amamentação em crianças de 0 a 59 meses, em 1999 – Ouro Preto – MG

Amamentação Freqüência (n) Prevalência (%)

Total de crianças

Não Sim Total

Crianças c/ desnutrição (P/I)

Não Sim Total Zona Urbana Não Sim Total Zona Rural Não Sim Total 754 3990 4744 202 835 1037 315 2709 3024 422 1191 1613 15,89 84,11 19,48 80,52 10,42 89,58 26,16 73,84

A prevalência global da amamentação foi de 84,11% (3990 crianças). Já entre as crianças da zona urbana, foi de 89,58% (2709 crianças) e na zona rural foi de 73,84% (1191 crianças). Entre as crianças desnutridas, a prevalência foi de 80,52% (835 crianças).

(56)

3.2 - Estudo das associações

3.2.1 - Associação entre desnutrição protéico-calórica e zona urbana ou

rural

Tabela V: Associação entre desnutrição protéico-calórica e zona urbana ou rural em crianças de 0 a 59 meses, em 1999 – Ouro Preto – MG

Desnutrição (P/I) Zona

Rural

Não Sim 1241 369

Total

1610 Urbana

Total

2382 648 3623 1017

3030 4640 X2 = 1,44 P = 0,2296

Não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre desnutrição protéico-calórica e zona urbana ou rural.

3.2.2 - Associação entre desnutrição protéico-calórica e aleitamento

materno

Tabela VI: Associação entre desnutrição protéico-calórica e aleitamento materno em crianças de 0 a 59 meses, em 1999 – Ouro Preto – MG

Aleitamento materno Desnutrição

Não

Não Sim 552 3155

Total

3707 Sim

Total

202 835 754 3990

Imagem

Gráfico I: Prevalência da desnutrição proteico-calórica, pelo índice P/I, em crianças de 0 a  59 meses, em 1999 – Ouro Preto – MG
Gráfico  II:  Prevalência  da  desnutrição  proteico-calórica  em  crianças  de  0  a  59  meses,  zonas urbana e rural, em 1999 – Ouro Preto – MG
Tabela I: Prevalência e distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59  meses, por distritos, em 1999 – Ouro Preto – MG
Gráfico III: Distribuição da desnutrição proteico-calórica em crianças de 0 a 59 meses, por  distritos, em 1999 – Ouro Preto – MG
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