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1.8 Desnutrição protéico-calórica e aleitamento materno

No documento AUTORA: MARIA LUISA COELHO SILVA (páginas 32-38)

A Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS), em 1996, verificou uma tendência ascendente da prática da amamentação no país. Para crianças entre 0 e 4 meses de idade, a freqüência da amamentação elevou-se de 73,5% para 85,4%, e ao redor de um ano de idade (10 a 14 meses), passou de 27,5% para 37,1% (MONTEIRO, 1997).

Em um estudo das condições de saúde de crianças de 0 a 59 meses, no município de São Paulo, SP, Brasil, foi verificado que apesar da grande maioria das crianças iniciar a amamentação (92,8%), menos da metade chega amamentada aos 4 meses de idade,

da amamentação foi estimada em 109,25 dias. Para o aleitamento materno exclusivo, a mediana foi ainda menor: 62,55 dias (MONTEIRO et al, 1987). Ainda em São Paulo, SP, em estudo sobre a relação existente entre anemia e desmame precoce, estudiosos verificaram que a prevalência de anemia foi de 14,5% entre toda a população e de 22,6% entre as crianças maiores de 180 dias. Não foi encontrada associação entre anemia e duração do aleitamento materno exclusivo, cujo tempo mediano foi o mesmo para anêmicos e não anêmicos (SOUZA, SZARFARC & SOUZA, 1997).

Em outro estudo amplo realizado no estado de São Paulo durante Campanha Nacional de Multivacinação, estudiosos pesquisaram a freqüência e determinantes do aleitamento materno em 84 municípios do Estado de São Paulo. Os resultados mostraram que o aleitamento exclusivo nos primeiros quatro meses raramente alcançou índices superiores a 30%. Como fatores de risco para essa situação, identificaram-se: baixa escolaridade materna, ausência de programa Hospital Amigo da Criança, primiparidade e maternidade precoce. Com relação aos menores de um ano, a amamentação ficou em torno de 50% (VENANCIO et al, 2002).

Analisando-se as características do aleitamento materno em um centro de saúde de Campinas, SP, encontrou–se a mediana de aleitamento materno exclusivo de 2 meses, observando-se uma introdução precoce de alimentos na população estudada (MOURA et al, 1989). Durante a Campanha Nacional de Multivacinação, também em Campinas, SP, a mediana de amamentação exclusiva foi de 68 dias e a de amamentação total foi de 6,4 meses. No primeiro semestre de vida, 38,1% das crianças estavam em amamentação exclusiva; 23,0% em predominante e 14,9% em complementar. No segundo semestre, 36,5% das crianças recebiam leite materno; no terceiro 26,4% e no quarto 13,9%. Crianças usuárias dos serviços públicos e das unidades locais de saúde apresentaram menor risco de desmame do que as usuárias dos serviços privados e de serviços não locais (p<0,005) (CAMILO, CARVALHO, OLIVEIRA & MOURA, 2004).

Em Embu, SP, pesquisadores verificaram aleitamento materno em 95,7% (IC95%: 93,2- 98,2) dos menores de um ano; aleitamento exclusivo em 10,3% (IC95%: 2,9-17,6); predominante em 32,3% (IC95%: 23,5-41,2)e duração mediana do aleitamento: seis meses (PEDROSO et al, 2004).

Estudiosos, em uma análise do aleitamento, estado nutricional e morbidade no primeiro ano de vida, em São Paulo, SP, encontraram uma freqüência de 60,0% de crianças amamentadas ao seio, aos 6 meses, sendo que 40,0% destas estavam com aleitamento exclusivo. O tempo mediano de amamentação foi entre o 7º e o 8º mês e de amamentação exclusiva entre o 3º e o 4º mês (CHAVES et al, 1995).

Pesquisadores, estudando o aleitamento materno e a prática do desmame em duas comunidades rurais de Piracicaba, SP, encontraram que a mediana da duração do aleitamento materno exclusivo foi de 3 dias para Anhumas e de 30 dias para Santa Olímpia. O aleitamento predominante e o aleitamento misto prolongaram-se por 90 e 180 dias em Anhumas e 120 e 165 dias em Santa Olímpia, respectivamente (TABAI, CARVALHO & SALAY, 1998).

Foi encontrado em uma observação sobre o aleitamento natural em um centro de saúde do Rio de Janeiro, em crianças de 0 a 6 meses de idade, apenas 40,7% de crianças menores de 1 mês em aleitamento materno exclusivo, sendo que 50% já tinham iniciado o processo de desmame e 9,3% não recebiam leite materno. Aos 3 meses de idade, apenas 15% mantinham o aleitamento exclusivo, 35,8% iniciaram o desmame e 49,2% não amamentavam mais. Aos 6 meses, apenas 1,8% das crianças amamentavam exclusivamente, 21,4% já tinham iniciado o desmame e 76,8% não recebiam mais leite materno. O cálculo da mediana do aleitamento materno exclusivo (39 dias) foi bastante baixo, retratando este quadro (D’AVILA, 1992).

No Alto Jequitonhonha, MG, em estudo sobre a prevalência do aleitamento materno e práticas de alimentação complementar em crianças com até 24 meses de idade, verificou-se

medianas de 10,85 meses para amamentação, 3,85 meses para amamentação completa e 1,51 meses para amamentação exclusiva. Foram observadas em relação à área de residência que as medianas de amamentação foram 9,70 para área urbana e 16,00 para área rural. Com menos de 1 mês de vida, 33,6% das crianças já recebiam chás e 12,4% recebiam água (SILVEIRA & LAMOUNIER, 2004).

Em estudo sobre saúde e nutrição de crianças de 0 a 60 meses de um assentamento de reforma agrária, Vale do Rio Doce, MG, avaliou-se as condições gerais de saúde das crianças de zero a 60 meses de idade, de um assentamento rural, localizado no Município de Tumiritinga. Verificou-se que 7,6% das crianças apresentavam déficits nos índices peso/idade e estatura/idade e 47,5%, baixa concentração de hemoglobina. A infestação parasitária foi detectada em 96,1% das crianças que fizeram o exame e 34,0% estavam com a vacinação atrasada. A mediana de tempo de aleitamento materno exclusivo foi de 30 dias e observou-se inadequada freqüência de consumo de alimentos fontes de ferro (CASTRO et al, 2004).

Em uma avaliação sobre conhecimentos, práticas e tabus sobre aleitamento materno de mães de Marabá, PA, verificou-se que cerca de dois terços das mães amamentaram além de 6 meses (TRIGO et al, 1990).

Pesquisadores avaliaram os níveis de hemoglobina, aleitamento materno e regime alimentar no primeiro ano de vida em crianças de Salvador, BA, e encontraram níveis de hemoglobina compatíveis com a anemia em 62,8% das crianças investigadas, com maior ocorrência naquelas de seis a 12 meses de idade (72,6%). O aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida assegurou os mais elevados níveis de hemoglobina (ASSIS et al, 2004).

Em Pelotas, RS, em duas coortes (1982 e 1993), pesquisadores avaliaram crianças até 12 meses de idade e observaram um aumento na mediana de amamentação de 3,1 meses, em

1982, para 4,0 meses, em 1993. Verificaram também que crianças com baixo peso ao nascer apresentaram durações mais curtas da amamentação (HORTA et al, 1996).

Em um estudo sobre o estado nutricional de crianças de 0 a 59 meses residentes em Campo Grande, MS, Brasil, verificou-se que quase a totalidade das crianças iniciou a amamentação, mas o desmame teve início ainda no primeiro mês. Observou-se que 10,8% das crianças não receberam leite materno ou foram desmamadas antes de completarem um mês, 31,3% antes de completarem 4 meses e 44,8% antes de 7 meses. Apenas 14,2% ainda recebiam leite materno com idade acima de 12 meses (RIBAS et al, 1999).

Em um estudo sobre a prevalência do aleitamento materno no Distrito Federal, Brasil, durante a Campanha Nacional de Vacinação, na faixa etária de 0 a 180 dias, observou-se que a prevalência de aleitamento materno exclusivo, na faixa etária de 0-15 dias, foi de 62,0% e de 12,8% na faixa etária de 151-180 dias. A mediana do aleitamento materno exclusivo foi de 39,4 dias. O aleitamento predominante manteve uma prevalência média de 33,1 % e o parcial variou de 4,5% a 28,4% nas idades mencionadas. Para o aleitamento materno (todas as modalidades), a prevalência foi de 96,8% e 70,9%, respectivamente, nas idades mencionadas. Os pesquisadores concluíram que, apesar da alta prevalência do aleitamento materno, o período de amamentação exclusiva ao seio ainda é curto (SENA, SILVA & PEREIRA, 2002).

Em um diagnóstico da situação do aleitamento materno em Botucatu, SP, Brasil, durante a Campanha Nacional de Multivacinação, em 1995, foram encontradas as seguintes medianas: aleitamento materno exclusivo de 17 dias (Intervalo de Confiança: 4,6 – 28,7); aleitamento materno completo de 64 dias (Intervalo de Confiança: 53,0 – 74,5) e aleitamento materno de 167 dias (Intervalo de Confiança: 153,7 – 182,2) (CARVALHAES et al, 1998). Esses resultados se assemelham aos encontrados no município de Ouro Preto, MG, Brasil, cuja duração mediana da amamentação foi de 198 dias, sendo 71 dias para amamentação exclusiva somada à predominante e 17 dias para amamentação exclusiva (PASSOS et al, 2000).

O consumo de leite materno foi menor que o recomendado até 6 meses de idade, mesmo em populações de países já desenvolvidos, sendo necessários novos estudos em populações diversas para identificar o consumo real de leite materno de crianças em aleitamento exclusivo (BORGES et al, 1998).

A promoção da amamentação tem aumentado a duração do aleitamento materno, como pôde ser constatado, em estudo realizado em uma localidade urbana da região Sul do Brasil, onde a intervenção aumentou a duração do aleitamento materno (mediana de 120 dias no grupo de intervenção, contra 105 dias no grupo controle) e retardou a introdução do leite artificial (mediana de idade de 90 dias no grupo de intervenção e 60 dias no grupo controle) (BARROS et al, 1994).

No documento AUTORA: MARIA LUISA COELHO SILVA (páginas 32-38)

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