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Retornando ao jogo e à sua importância no desenvolvimento da criança

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Instituto de Educação

abril de 2017

Retornando ao jogo e à sua importância

no desenvolvimento da criança

Helena Patrícia Sampaio Costa

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etornando ao jogo e à sua impor

tância no desenvolvimento da criança

UMinho|2017

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Helena Patrícia Sampaio Costa

abril de 2017

Retornando ao jogo e à sua importância

no desenvolvimento da criança

Universidade do Minho

Instituto de Educação

Trabalho realizado sob a orientação do

Professor Doutor António Camilo Teles

Nascimento Cunha

Relatório de Estágio

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DECLARAÇÃO

Nome: Helena Patrícia Sampaio Costa

Endereço eletrónico: helenasampaio_costa@live.com.pt Telefone: 916471045

Número do Bilhete de Identidade/Cartão de Cidadão: 14312451

Título Relatório de Estágio: Retornando ao jogo e à sua importância no desenvolvimento da criança

Orientador: Professor Doutor António Camilo Teles Nascimento Cunha Ano de conclusão: 2017

Designação do Mestrado: Mestrado em Educação Pré-Escolar

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE RELATÓRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/201_

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Agradecimentos

Chegada a esta fase do meu percurso académico que está prestes a encerrar é chegado também o momento de fazer alguns agradecimentos àqueles que acompanharam todo o meu percurso de perto, prestando sempre o maior apoio e auxilio no meu desempenho escolar.

Inicialmente é importante agradecer a todos os docentes, quer da Licenciatura em Educação Básica, quer aos docentes do Mestrado em Educação pré-escolar, por todo o conhecimento transmitido, pois sem isso não seria possível chegar até aqui.

Não menos importante, agradeço às educadoras de Jardim-de-infância e Creche, Neuza Rodrigues e Joana Pinho respetivamente, por me terem acolhido nas suas salas, prestado auxilio enquanto lá estagiei, pelo conhecimento que me transmitiram e por toda a paciência e ajuda prestada. De referir e agradecer também às auxiliares de ambas as salas que facilitaram a minha integração, dando orientação e apoio em qualquer tarefa executada, contribuindo com estratégias que me permitiram lidar, compreender e interagir melhor com as crianças.

É momento de agradecer às crianças que partilharam deste meu percurso porque sem elas nada disto seria concretizável. Agradeço as conversas, os afetos, as brincadeiras com que sempre me brindaram, no fundo agradeço o tempo que passaram comigo e os momentos partilhados que também contribuíram para o meu crescimento.

Tenho a agradecer também ao meu orientador Professor António Camilo Cunha, por todo o apoio, o auxílio e ajuda prestada.

Tenho a agradecer a todos os amigos que, lado a lado, comigo partilharam o percurso académico que agora termina. Agradecer as conversas e todos os momentos partilhados, de alegrias e também algumas tristezas.

Para terminar é de máxima importância agradecer às pessoas mais importantes da minha vida. Refiro-me, claro está, à minha família, principalmente aos meus pais, ao meu irmão e ao meu namorado por toda a paciência ao longo destes anos, pelo apoio que sempre me deram, pela força e pela coragem para seguir em frente. Sem eles nada disto seria possível, pois são eles que em qualquer momento da vida estão do meu lado, orientando-me sempre no melhor caminho.

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Retornando ao jogo e à sua importância no desenvolvimento da criança Helena Patrícia Sampaio Costa

Mestrado em Educação Pré-Escolar Universidade do Minho-2017

Resumo:

No presente relatório está apresentado o projeto de intervenção pedagógica realizado

no âmbito do estágio.

O estágio de prática pedagógica de ensino supervisionada teve início em 11 de outubro de dois mil e dezasseis, na Instituição Mais Plural com sede no distrito de Braga e terminou a 3 de fevereiro de dois mil e dezassete. Durante o estágio tive como docente/orientador o Professor António Camilo Cunha e como supervisora de Jardim-de-Infância, a educadora Neuza Rodrigues com o apoio da auxiliar Paula.

Durante toda a prática pedagógica tive em conta o projeto curricular de sala já apresentado pela educadora, mas fui sempre observando as crianças para que o mesmo fosse ao encontro dos seus interesses.

Nesse sentido foram realizados alguns jogos de forma a permitir explorar diferentes áreas de conteúdo, permitir a manipulação, por parte das crianças, de diversos materiais, com o intuito de possibilitar às crianças adquirir conhecimento ao mesmo tempo que se divertem, ou seja conciliar o jogo com o brincar, aprendizagem e desenvolvimento. Assim foram apresentados jogos no âmbito da atividade física, da área do conhecimento do mundo, área da língua portuguesa e área da matemática. Os jogos realizados foram apresentados para desenvolver habilidades físicas/motoras, promover a socialização e o diálogo, fomentar o respeito uns pelos outros e pelas regras de jogo e definição de estratégias.

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Coming back to the game and the importance of it in the children's development Helena Patrícia Sampaio Costa

Master's degree in Pre-school Education University of Minho 2017

Abstract: In this report is presented the pedagogical intervention project made in the scope of internship.

The internship of supervised pedagogical practice of teaching, started on October 1st of 2016, in

Instituição Mais Plural which head office is in the district of Braga, and finished on February 3rd of 2017.

During the internship I had the Professor António Camilo Cunha as my teacher/instructor and the teacher Neuza Rodrigues as my supervisor of kindergarten with the support of the auxiliar Paula.

During all the pedagogical practice I had in mind the class's curricular project already presented by the teacher, but I've always watched the children to guide the project into to their interests.

With that objective, were realized some games to allow the exploration of different content areas, to allow the manipulation, by the children, of several materials, with the intent to enable the kids to get knowledge and to have fun at the same time, in other words, reconcile learning with development. So, were presented some games in the areas of physical activity, world's knowledge, portuguese language and mathemathics.

The realized games were presented to develop physical ability, promote the dialogue and socialization, create the respect for each other and the respect for the game's rules and the strategy's definition.

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Índice

Agradecimentos ... iii Resumo ... iv Abstract ... v Índice ... vi

Índice de anexos... vii

Introdução ...1

Capítulo I – Enquadramento teórico ...3

1.1. A educação pré-escolar- Papel do educador ...3

1.2. O jogo como contributo no desenvolvimento da criança ...4

1.3. A importância do jogo e do brincar ...5

Capítulo II – Caracterização da instituição Jardim-de-Infância ...8

2.1 – Caracterização da instituição Mais Plural ...8

2.2 – Objetivos Jardim-de-infância ...12

2.3 – Caracterização grupo de crianças ...13

2.4 – As interações ...15

2.5 – As famílias ...17

2.6 – Aprendizagem ativa ...19

2.7 – Organização espaços e materiais ...21

2.8 – Organização rotina diária ...23

2.9 – Atitudes/estratégias perante comportamentos ...26

Capítulo III – Plano de intervenção pedagógica...27

3.1. Escolha da dimensão pedagógica ...27

3.2. Implementação do projeto ...30

3.3. 1º Momento: Leitura da história “ A estrela perdida” ...31

3.4. 2º Momento: Leitura da história “Serafim está sempre constipado ...34

3.5. 3º Momento: Exploração de dois jogos (dominó e loto) ...36

3.6. 4º Momento: Apresentação de duas atividades de orientação espacial ...39

3.7. 5º Momento: Realização de dois jogos (Lenço e dramatização) ... 42

3.8. 6º Momento: Jogo “À procura da letra N” ...46

REFLEXÃO FINAL ACERCA DA MINHA PRÁTICA E INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA ...47

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Índice de anexos

Anexo A- Registo fotográfico da organização da sala e dos jogos realizados Anexo B- Organização da rotina diária

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INTRODUÇÃO

O estágio de prática pedagógica de ensino supervisionada teve início em 11 de outubro de dois mil e dezasseis, na Instituição Mais Plural em Vila Nova de Famalicão e terminou a 3 de fevereiro de dois mil e dezassete. Durante o estágio tive como docente/orientador o Professor António Camilo Cunha e como supervisora de jardim-de-infância, a educadora Neuza Rodrigues com o apoio da auxiliar Paula.

Tal como nos dizem as Orientações Curriculares da Educação Pré-Escolar (1997) “ A educação Pré-Escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida.” (p.17) Assim, nos primeiros anos de vida da criança espera-se que o educador seja a base da criança, a figura adulta que estimule, crie condições, dê afetos, carinho, atenção, criando um conjunto de condições para que as crianças aprendam de forma ativa.

O meu projeto é intitulado “Retornando ao jogo e à sua importância no Desenvolvimento da Criança”. O objetivo primordial do projeto visa proporcionar ao grupo experiências de aprendizagem significativas, permitindo às crianças desenvolver relações de confiança com os pares e os adultos de referência, estimulando a importância de crescer em cidadania. O brincar e o jogar, como é do sabido por todos, faz parte da infância. Com ele desenvolvemos diversas competências, a dizer: sociais, motoras, afetivas e cognitivas. É com o brincar e, mais concretamente, com o jogo, podemos fomentar e encontrar prazer e satisfação nas explorações que estas realizam e desenvolver, por outro lado, a imaginação, a criatividade, construindo bases que permitam solucionar problemas e conflitos. As crianças devem ter hipótese de vivenciar diferentes experiências, explorar diversos materiais e contextos, de amplificar conhecimentos e de crescer de forma harmoniosa em todos domínios e áreas do desenvolvimento.

Ao longo do presente relatório está descrita a observação realizada ao ambiente educativo do jardim-de-infância, as interações entre crianças e criança-adulto; a organização da rotina diária; caracterização da sala dos cinco anos A; organização do espaço e materiais. No decorrer do mesmo está também patente todo o processo de crescimento pessoal que serve de experiência para o meu futuro enquanto educadora.

Ao longo do presente relatório está descrito como reflexão crítica e analista as principais dificuldades, progressos, os receios sentidos ao longo do estágio. Este tem como objetivos identificar e documentar aprendizagens, referenciar trabalhos desenvolvidos (como estes surgiram), como foi

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realizada a estruturação e organização das atividades, relação estabelecida com a educadora da sala e participação nas suas atividades.

Ao longo do documento, que está dividido por capítulos, encontramos respetivamente uma fundamentação teórica que serve de base de sustentação ao projeto que implementei na sala de jardim-de-infância. Esta faz referência à importância que o jogo assume no desenvolvimento da criança facilitando a aprendizagem da mesma através do lúdico.

Num segundo capitulo é feita a caracterização do contexto em que estagiei, jardim-de-infância, elencando a rotina diária, a relação entre crianças, caracterização dos espaços, etc. E por fim, num terceiro capitulo apresento o meu projeto de intervenção pedagógica, que enumera os objetivos que defini para concretizar com as crianças, bem como as formas ou etapas de os alcançar.

Em suma, este documento reflete e demostra as competências e aprendizagens adquiridas, tanto por mim como pelas crianças, através das atividades postas em prática com recurso a registos efetuados fotograficamente.

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Capítulo I – Enquadramento teórico

1.1 A educação Pré-escolar- Papel do educador

“A educação Pré-Escolar é considerada a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da ação educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade, como ser autónomo, ivre e solidário” (Ministério da Educação, 1997)

Uma vez que é a primeira etapa da educação é necessário que a criança se sinta apoiada pressupondo que o educador deve criar ambientes educativos propícios, de modo a que a criança sinta as suas decisões e ideias valorizadas. A criança, deve sentir também que tem oportunidades para criar e construir conhecimentos da realidade e a realidade do conhecimento (Oliveira Formosinho & Araújo, 2008, p.62)

O papel do educador e da auxiliar educativa cruza-se no sentido de garantir o bem-estar das crianças, a satisfação das necessidades básicas, fomentar o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, criando ambiente propícios para a promoção da socialização, da autonomia e da comunicação.

É fundamental que se estabeleçam laços afetivos com as crianças, que visem estimular, interagir e identificar fragilidades ou potencialidades.

O papel do educador é acima de tudo, o de ouvir e observar, tentando fazer com que as crianças sejam protagonistas ativas e competentes capazes de gerir e resolver problemas com diálogo e da interação com os outros.

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1.2 O Jogo como contributo no desenvolvimento da criança

“O jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver as suas potencialidades e habilidades (…)incorpora valores, conceitos, conteúdos, trabalha a ansiedade, rever os limites, reduz a Auto capacidade de realização, desenvolve a autonomia, a criatividade, aprimora a coordenação motora, desenvolve a organização espacial, melhore o controle, amplia o raciocínio lógico, aumenta a atenção e concentração, ensina a ganhar e a perder.” (Lopes, 2000)

O jogo é portanto uma estratégia fulcral a ter em conta para o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. Através do jogo e enquanto brinca, a criança reflete sobre a realidade, a cultura, ao mesmo tempo que vai questionando regras e os papeis de cada um.

Ao jogar a criança encontra, assimila, experimenta e descobre habilidades, estimulando a psicomotricidade que vai favorecer a concentração, a imaginação, a criatividade e a atenção. Na infância e mesmo já mais crescida, é importante que a criança nunca deixe de brincar, de jogar pois desta forma, a criança sente-se relaxada e nesse sentido vai entender que há momentos para tudo, até mesmo para pensar e acalmar esperando pela sua vez.

A infância é muito pautada e marcada pelo brincar. E é pelo brincar e essencialmente através do jogo que a criança pode recordar situações do quotidiano facultando assim, a compreensão e a reorganização das suas estruturas mentais.

O jogar e o brincar contribuem para o processo de socialização das crianças, presenteando-lhes com diversas oportunidades de realizar diferentes atividades, uma vez que apresenta efeitos positivos no processo de aprendizagem e na aquisição de novos conhecimentos. Os jogos embora possam parecer simples, tendo em conta a faixa etária para que são designados, são grande fonte de estímulo ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança, ao mesmo tempo que revela ser uma forma de autoexpressão, como por exemplo no jogo faz-de-conta, em que a criança é livre de expressar-se, imagina e recria situações.

Segundo Sousa (2003,p.149) “poderemos considerar o jogo como a principal ferramenta educacional. A criança através da atividade lúdica, consegue sozinha, efetuar as mais preciosas conquistas experienciais e vivenciais para o seu desenvolvimento. É sobretudo através do jogo que a criança processa, a sua autoeducação.”

Citando Guy Jacquin, 1960, o mesmo autor refere “o jogo é para a criança a coisa mais importante da sua vida. O jogo é nas mãos do educador, um excelente meio de desenvolvimento da

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criança. Por estas razões, todo o educador deve não só fazer jogar, como utilizar a força educativa do jogo”

1.3 Importância do jogo e do brincar

É através do jogo e a partir das brincadeiras que este proporciona que se proporciona uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação que são facultadas através do jogo e das brincadeiras, favorecem na criança o aparecimento de comportamentos que vão além do habitual. Ao jogar e ao brincar, a criança age como se fosse maior do que aquilo que é na realidade, transcende do real, onde só ela existe, e isto contribui incontestavelmente, de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento. Por sua vez e sustentando o que foi dito anteriormente, citando Huizinga (1995), Almeida enuncia “o jogo pode ser considerado como uma atividade livre, conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total.”

Vários autores têm abordado a questão da classificação e evolução dos jogos da criança. Os estudos mais sobressalientes foram os de K.Groos (1889) e da Claparède (1931), porém os estudos mais conhecidos e tidos em conta são de Erikson, da Psicanálise e de Piaget.

Erikson (1950) refere três fases da atividade lúdica da crianças, a mencionar:

1) Desenvolve-se na “autosfera” em que explora sensações relativas ao seu corpo e aos cuidados corporais

2) Desenvolve-se na “microsfera” em que usa brinquedos representativos, que permite à criança exteriorizar as suas conceções

3) Desenvolve na “macroesfera” onde tem início o processo de socialização.

Erikson remata, aluindo que todas estas fases poderão estar presentes na mesma atividade lúdica, embora, possam ter diferentes intensidades.

Segundo a Psicanálise Lilli Peller (1959) deliniou uma linha evolutiva dos jogos da criança, numa perspetiva freudiana, definindo quatro grupos:

Grupo 1 – Brincar, originado na relação com o próprio corpo

Grupo 2 – Brincar instigado pela relação da criança com a mãe edipiana Grupo 3 – Brincar motivado pelos conflitos edipianos

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Para finalizar o estudo mais exaustivo e mais conhecido, sobre a evolução dos jogos, foe realizado por Piaget.

Piaget faz a sua organização dos jogos em três grandes grupos (de exercício simples, simbólicos e de regras) e erige, para cada grupo as seguintes fases evolutivas:

 Jogos de exercícios simples, que não presume qualquer técnica; não tem outra finalidade para

além do próprio prazer do ato em si

 Jogos simbólicos: “ em oposição ao jogo de exercício, que não conjetura o pensamento nem

qualquer estrutura representativa especificamente lúdica, o símbolo implica a representação de um objeto ausente”.(Piaget, 1964) Ainda a propósito do jogo simbólico, Piaget diz-nos ainda “o símbolo lúdico transforma-se, a pouco a pouco, em representação adaptada, exatamente como quando as montagens informes dos pequenos se convertem em sábias construções de madeira, pedras ou de moldagem, a cargo de crianças maiores. Os símbolos coletivos convertidos à categoria de «papéis» num jogo de comédia, etc., constituem apenas um caso particular, portanto, daqueles jogos de criação que promovam em parte do jogo simbólico mas que se desenvolvem na direção da atividade construtiva ou do trabalho propriamente dito.” (Piaget, 1964).

 Jogos de regras: por último e não menos importante, temos os jogos de regras, que so

começam a instituir-se por volta dos 5 anos, expandindo-se sobretudo entre os 7 e os 11 anos, continuando a desenvolver-se durante toda a vida em adulto. “ A razão desta dupla situação, o aparecimento tardio e a sobrevivência para além da infância, é muito simples: o jogo de regras é a atividade lúdica do ser socializado,” (Piaget, 1964)

A criança tem necessidade de jogar, tal como tem necessidade de comer, de respirar. Claparède (1930) defende “ na criança, o jogo é trabalho, o bem, o dever, o ideal da vida. É a única atmosfera em que o ser psicológico pode respirar e, consequentemente, pode agir”. Seguindo a mesma diretriz, Arquimedes Santos (1989) enuncia “atividades lúdicas e atividades expressivas entrelaçadas, promovem um equilibrado desenvolvimento da personalidade da criança”.

No seu livro Educação pela Arte e Artes na Educação, o autor Alberto B. Sousa refere “que ao jogar, a criança cria todo um mundo de ilusão, fundindo-se com o ambiente criado pela sua imaginação e identificando-se totalmente com o que brinca. A criança que ladra, fazendo de cão, sente-se, comporta-se e age exatamente como ela pensa que faria o cão que está a imaginar. Este mundo de

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jogo-ilusão é tal que as outras crianças entram nele, sentindo mesmo medo deste cão, como o sentiriam se se tratasse de um cão real. Não brincam fingindo ter medo- têm-no na realidade, chegando a chorar.”

Em suma, os jogos e as brincadeiras são uma característica essencial na vida das crianças, pois através destas, além de desenvolver a sua identidade, a criança expande a sua capacidade cognitiva, física, social, emocional e cultural.

De acordo com Oliveira (1992) citado por Silva et. al. (2010), o brincar é considerado uma fonte de lazer, mas é, respetivamente, fonte de conhecimento; é esta dupla natureza que se leva a considerar o brincar parte integrante da atividade educativa. Além de possibilitar o exercício daquilo que é próprio no processo de desenvolvimento e aprendizagem, brincar é uma situação em que a criança constitui significados, sendo formada tanto para a assimilação dos papéis sociais e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio, como para a construção do conhecimento. O jogo e a brincadeira são sempre condições em que a criança realiza, constrói e se adapta de conhecimentos das mais diversas ordens. Eles permitem, igualmente, a construção de categorias e a ampliação dos conceitos das várias áreas do conhecimento. Neste aspecto, o brincar assume papel didático e pode ser explorado no processo educativo (SILVA ET AL., 2010).

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CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO EDUCATIVO 2.1 Instituição Mais Plural- Vila Nova de Famalicão

A prática pedagógica aqui descrita foi realizada em contexto de jardim-de-infância, na instituição Mais Plural sediada em Gavião, Vila Nova de Famalicão. Esta instituição é uma cooperativa de solidariedade social, equiparada a IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social). Tem como objetivo dar resposta às carências do território, centrada nos direitos e necessidades das pessoas, contribuindo para a coesão social.

No caso concreto do público-alvo da sala em que estou, a maioria das crianças é oriunda de meios familiares da periferia da cidade, com um nível socioeconómico médio.

A Mais Plural acolhe crianças e idosos, disponibilizando, por isso, várias respostas sociais- creche, Jardim de Infância, Centro de Dia, Lar de Idosos, Serviço de Apoio Domiciliário e Escola Mais Plural (1º Ciclo do Ensino Básico).

A cooperativa Mais Plural visa a interação entre idosos e crianças, de modo a criar um espaço e ambiente promotor de um desenvolvimento harmonioso.

Diariamente, o trabalho de equipa da instituição Mais Plural, visa a partilha de experiências educativas, com as quais pretende promover diferentes valores e competências sociais em cada criança, em ligação com as suas famílias. Essas experiências são inspiradas nos seguintes princípios:

 Espírito Crítico: crescer, aprender e desenvolver-se é o trabalho que cada criança faz no seu

quotidiano. A escola e os pais fomentam momentos diversos para que a criança o faça. A criança deve manifestar espírito crítico e saber fazer escolhas ao longo do percurso da sua vida.

 Disponibilidade: cada criança, na escola ou em família deve ser capaz de dar um pouco de

si próprio e ter tempo para perceber os tempos dos outros, isto é, estar sempre disponível para ouvir e ajudar nos momentos em que o outro precisa.

 União e cooperação: crianças e adultos são sujeitos que vivem numa comunidade e devem

saber cooperar para crescer em conjunto. A união e a cooperação são valores que consolidam e realizam o valor da amizade.

 Coragem: a vida é constituída de desafios. Acreditar que conseguimos ultrapassá-los exige

coragem. Aprender a ser corajoso é um fator de aprendizagem ao longo da vida que com certeza será proporcional ao sucesso do educador.

 Amizade: a criança e os adultos devem ser capazes de descobrir o valor da amizade. A

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 Consciência e responsabilidade: cada criança deve ser capaz de trabalhar, aceitar tarefas e

levar até ao fim um projeto/ trabalho que iniciou. É necessário para isso ter disciplina pessoal e determinação, capacidades que são fundamentais no desenvolvimento escolar e realização ao longo de toda a vida. Este é o primeiro passo no assumir de responsabilidades.

 Autoestima: a autoestima é um valor que, depois de desenvolvido, permitirá à criança ser

cada vez mais capaz de conseguir adquirir todos os outros. Se a criança for humilde e conseguir sentir que é capaz de fazer muitas coisas, tornar-se-á uma pessoa mais confiante e recetiva para todas as etapas da sua vida.

 Obediência e Respeito: viver com os outros é ser-se disponível para compreender que há

regras para que a vida ocorra de forma tranquila. As regras são uma forma de ordenar o mundo e dar segurança a quem nele vive. Obedecer a regras e respeitar o outro é um dos valores mais importantes a ser trabalhado na escola. Porque a liberdade de cada um termina quando começa a liberdade do outro.

A missão de educar é dividida entre pais e filhos. Sabendo que os pais são os primeiros educadores, a Mais Plural tenta complementar o trabalho feito pelos pais no ato de educar. Os filhos devem perceber que a educação é um valor fundamental que reúne todos os valores e possibilita ajudar a vencer e a realizar-se ao longo da vida.

No que se refere ao Projeto Educativo de sala, assume-se como relevante na prática pedagógica a observação, a pesquisa, a planificação (elaboração de um plano de trabalho), a ação, a reflexão diária, a avaliação, bem como a comunicação, tonando-a ativa e participada. A concretização das intenções educativas implica a adaptação das próprias propostas das crianças e o aproveitamento de situações e oportunidades que possam surgir. A partilha de informação com os pais e outros adultos que têm influência na educação da criança é condição para o desenvolvimento de um trabalho como fundamentação.

Desta forma, o projeto da sala implementado por mim é intitulado “Retornando ao jogo e à sua importância no desenvolvimento da criança”. O objetivo primordial do projeto visa proporcionar ao grupo experiências de aprendizagem ativa significativas, que permitam às crianças desenvolver relações de confiança com os pares e os adultos de referência, fomentando a importância de crescer em cidadania. De acordo com Kruse, citado em Formosinho 2013, pág. 38, as crianças nos primeiros anos de vida são os aprendizes sensoriomotores na medida em que aprendam através da utilização do seu corpo, bem como exploram o mundo que as rodeia através da interação com os outros.

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A organização do ambiente educativo é estruturada, em primeiro lugar, de forma a proporcionar às crianças conforto e bem-estar, em segundo oferecer-lhes oportunidades de aprendizagem ativa e por

último, mas não menos importante, permitir “perseguir os seus interesses e agir de acordo com os

seus níveis individuais de desenvolvimento” (Post & Hohmann, 2011, p.100). De acordo com os mesmos autores um ambiente pedagogicamente bem estruturado e organizado promove o progresso das crianças ao nível do desenvolvimento físico, comunicativo, competências cognitivas e interações sociais. O papel dos adultos será o de observar, valorizar e apoiar as ações, as escolhas e ideias das crianças.

A rotina diária foi pensada de forma a proporcionar às crianças oportunidades para levarem a cabo as suas ações e ideias de forma tranquila. Os horários e as rotinas diárias contribuem para que as crianças se sintam seguras e confiantes, bem como partilhar um sentido de continuidade e de controlo.

O modelo curricular utilizado e desenvolvido por todos os profissionais de educação da instituição é o modelo Curricular High/Scope. A abordagem High-Scope facilita a autonomia da criança através das relações que estas estabelecem, a partir da interação entre as crianças e os adultos, pela ação estabelecida nos variados períodos de aprendizagem. Sendo a opção educativa – conhecer, interagir, construir conhecimento.

Tendo em conta o Projeto Educativo da instituição e as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Ministério da Educação, 1997:15), foram delineadas os seguintes objetivos pedagógicos: promover o bem-estar e desenvolvimento integral da criança num clima de segurança afetiva e física; alargar e ampliar horizontes de relações afetivas e comunicativas das crianças; aprofundar e diversificar aprendizagens nas crianças; proporcionar novas experiências; oferecer um contexto rico em encontros, em expressões, em relações variadas; favorecer a atividade, o jogo, o aprender a fazer, as perguntas, a imitação e a experimentação e ainda colaborar de forma eficaz no despiste precoce de qualquer inadaptação ou deficiência, assegurando o seu encaminhamento adequado. Citando Lourdes Mata (2011) “ através do brincar as crianças têm oportunidades para investigar, explorar, tentar o que nunca tentaram antes ou aprofundar as primeiras tentativas, expandindo assim o seu conhecimento”.

A instituição Mais Plural promove ainda diferentes atividades para o enriquecimento curricular das crianças, salientando o Inglês, a Ciência viva, Teatro e Ginástica incluídas no plano letivo e as crianças todas participam nestas aulas. A instituição oferece ainda uma variedade de atividades como o Yoga, Educação Musical, Ginástica, Ballet, Patinagem, Artes plásticas, Zumba e a Natação, como atividades

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extracurriculares, onde apenas participam as crianças que são inscritas pelos pais, uma vez que acresce um valor à mensalidade.

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2.2 Objetivos do Jardim de Infância

De acordo com as Orientações Curriculares do M.E., estes são os objetivos globais da Educação Pré-escolar:

• Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em experiências de vida democrática, numa perspetiva de educação para a cidadania;

• Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência do seu papel como membro da sociedade; • Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso da

aprendizagem;

• Estimular o desenvolvimento global de cada criança, no respeito pelas suas características individuais, incutindo comportamentos que favorecem aprendizagens significativas diversificadas;

• Desenvolver a expressão e a comunicação através da utilização de linguagens múltiplas como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do Mundo; • Desperta a curiosidade e o pensamento crítico;

• Proporciona a cada criança condições de bem-estar e segurança, designadamente no âmbito de saúde individual e coletiva;

• Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências e precocidades, promovendo a melhor orientação e encaminhamento;

• Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer relações de efetiva colaboração com a comunidade.

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2.3 CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO DE CRIANÇAS

O grupo da sala dos cinco anos A é composto por vinte e duas crianças, sendo doze crianças do sexo masculino e dez crianças do sexo feminino, sendo que há uma criança nova no grupo, transitando da sala anterior de cinco anos. É importante, não só entender as crianças enquanto grupo e na sua individualidade, como também fazer um esforço no sentido de promover relações mais próximas com os pares e com o contexto que as rodeia, ou seja familiarizar-se com as famílias de cada criança.

O grupo de crianças nasceu na sua totalidade no ano de 2011, à exceção da criança que transitou da sala anterior dos cinco anos que nasceu no ano de 2010. A faixa etária das crianças varia entre cinco, seis anos e sete anos, neste sentido caracteriza-se por um grupo homogéneo.

Quase na totalidade, as crianças advém de um meio socioeducativo médio alto, em que, na sua maioria, ambos os pais/encarregados de educação se encontram empregados.

Relativamente à constituição do agregado familiar atualmente existem 11 crianças que têm irmãos, sendo que 1 delas o irmão é proveniente de outro casamento. Os pais das crianças na sua generalidade possuem um curso superior ou profissões bem remuneradas, o que lhes possibilita este nível económico. Outros terminaram o ensino secundário e 3 dos pais possuem o 9º ano de escolaridade. No que respeita à localização geográfica das famílias a totalidade das crianças são oriundas de meios familiares da periferia da cidade. Sendo que todas pertencem ao concelho de Vila Nova de Famalicão.

Através das observações realizadas durante os diversos momentos da rotina diária, considero este grupo bastante interessado em estar acompanhado pelo adulto, promover relações de afeto, revelando curiosidade por diversos assuntos abordados em sala. São crianças simpáticas, divertidas, abertas a aprendizagem de novos conhecimentos, tem bastante energia e são bastante sociáveis uma vez que comunicam facilmente entre si, mantendo diálogos coerentes, aceitando bem quem de novo chega a sala.

As crianças já revelam total autonomia na escolha e realização das suas brincadeiras diárias, registando, por isso, momentos de amizade e interajuda entre si. Quando entrei pela primeira vez na sala, os meninos revelaram curiosidade, mas adaptaram-se facilmente, mostrando recetividade, procurando realizar algumas das suas brincadeiras em conjunto comigo. Como são crianças já crescidas mostram aptidão para justificar as suas escolhas, resolver e gerir, com o apoio do adulto, os seus problemas ou conflitos, tem opiniões já formadas sobre determinados assuntos, demonstrando interesse por diversos conteúdos do quotidiano, prestando-se a obter informações através da pesquisa, ou no diálogo com os pais que sirvam de fundamentação às suas dúvidas e questões.

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As crianças são muito amigas umas das outras, não estando restritas a alguns pequenos desentendimentos, quando se trata da partilha de brinquedos que trazem de casa, ou quando pretendem brincar num mesmo espaço da sala e há uma briga porque uma das crianças bateu num colega. Apesar disto, as crianças gostam de partilhar afetos e carinhos entre si, mantem diálogos durante as suas brincadeiras (recorrem muito à dramatização, à criatividade, imaginação de histórias que as leve a representar para os amigos) e até mesmo quando se trata da resolução de conflitos com algum amigo, utilizam o diálogo como forma de chegar a um consenso e entendimento.

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2.4 AS INTERAÇÕES

Todas as crianças são diferentes e a intervenção do adulto não pode ser a mesma para todas elas. A diferenciação pedagógica é fundamental na ação diária do Educador, face ao contexto educativo em que se encontra.

As crianças da sala já têm laços de amizade estabelecidos uns com os outros, referindo-se aos mesmos, como sendo os seus melhores amigos, com quem partilham brincadeiras, novidades, ajudando-se entre si. O grupo de crianças é bastante ativo e participativo nas atividades desenvolvidas, demonstrando sempre curiosidade por algo que apareça de novo, quer sejam materiais, jogos, atividades, informações obtidas através da televisão e no contacto com livros, etc.

As crianças mantêm com a educadora e a auxiliar da sala, uma relação de grande cumplicidade de forte compreensão e respeito, pois vêm nos adultos, pessoas cuidadoras que respondem positivamente às suas necessidades, que cuidam delas, que lhes prestam apoio, oferecendo carinho, atenção, nunca as fazendo sentir sozinhas.

Assim importa salientar que, de acordo com Post e Hohmann (2011) de forma a implementar os princípios da aprendizagem ativa, os educadores tratam as crianças de forma a ajudá-las a desenvolver confiança na pessoa que cuida delas e nelas próprias. Neste sentido, os autores sublinham que é necessário tratar as crianças “com uma grande dose de carinho e de respeito.” (2011, p.67)

As crianças vêm na educadora e auxiliar da sala, apoios para as suas conquistas do dia-a-dia, colocando-lhes desafios diários nas propostas que apresenta.

A educadora aborda sempre as crianças num tom suave, utilizando um vocabulário cuidadoso, transmitindo segurança, dando voz à criança para esta expor as suas questões. No que se refere à gestão de conflitos, quando há algum desentendimento, a educadora incita a que a criança use o diálogo para explicar a situação à colega, do que gostou ou não da sua atitude, arranjando uma solução para o problema. A educadora faz com que as crianças se tornem autónomas, uma vez que estão em transição para o 1º ciclo e terão de ser capazes de se integrar, respeitar os colegas e resolver os seus conflitos calmamente.

Tal como nos diz Formosinho e Araújo (2013), nos primeiros anos de vida da criança o educador tem um papel fulcral na promoção das relações entre pares. “No âmbito da abordagem High Scope, as interações com adultos de confiança proporcionam o combustível emocional que os bebés e as crianças mais pequenas necessitam para formar um sentido de si próprias e para compreenderem o mundo físico e social.” (Formosinho & Araújo 2013, p.46)

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Relativamente às interações, o educador assume uma postura de protetor e é encarado pelas crianças como um porto seguro. Por outro lado, é também o educador que estimula a comunicação com ele e com as outras crianças e apoia no desenvolvimento da autonomia, ajudando-as a conquistarem pequenas coisas, fomentando nas crianças a capacidade de realizarem as tarefas por si própria recorrendo sempre a estratégias de referência.

Em suma, a interação entre criança-adulto é essencial para que as crianças possam ter a figura adulta em quem podem confiar e que lhes consegue transmitir confiança, estabelecendo relações afetivas, relações de confiança, que lhes proporcionam segurança para descobrir e aprender. É fundamental que, tanto a educadora como a auxiliar da sala, apoiem cada criança no seu desenvolvimento, auxiliem na resolução de conflitos ou problemas, estabeleçam relações positivas, envolvendo-se nas suas brincadeiras, participando nas suas explorações.

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2.5 AS FAMÍLIAS

De acordo com Post e Hohmann (2011) a criança está no centro da relação de pais-educadores e é fundamental garantir que tanto os pais como os educadores de infância visem proporcionar à criança o melhor cuidado e educação possível. Neste sentido, é importante analisar as particularidades do contexto familiar de cada criança, de modo a que a caracterização do grupo seja mais pormenorizada. Assim, a intervenção educativa poderá ser adequada, significativa e de qualidade.

As crianças residem em freguesias próximas da instituição, todas pertencentes ao concelho de Vila Nova de Famalicão. As habilitações dos pais variam entre o 9º ano e Mestrado. Consequentemente às habilitações literárias dos pais é importante referir as profissões dos mesmos, uma vez que as experiências e oportunidades de aprendizagens proporcionadas às crianças serão diferentes. Neste sentido as profissões dos pais das crianças variam entre: mediação imobiliária, empresários, diretor comercial, engenheiro eletrónico, advogado, engenheiro têxtil, farmacêutico, administrativos, economistas e professor. Todo este estudo permite inferir que as crianças vivem num meio socioeconómico médio.

É fundamental que a educadora partilhe com os pais o que sabe acerca dos filhos e esteja atentos ao que os encarregados de educação têm para lhe dizer, é um modo de adquirir um conhecimento mais aprofundado das crianças, no intuito de ir de encontro às suas necessidades e das suas aspirações.

A educadora da sala conta com a presença dos pais em conversas informais ou formais, através de algumas atividades para as quais sejam solicitados e noutras que estes se proponham fazer, em materiais que possam trazer para exploração na sala e com a sua participação em festas da creche. Será nossa intenção criar condições para que as nossas famílias se envolvam mais diretamente na sala dos seus filhos e no que lá se promove.

As famílias são, portanto muito responsivas quando solicitadas, mostrando interesse pelas atividades realizadas em sala pelas crianças, planeadas pela educadora, são também realizadas algumas reuniões individuais com os pais aquando de algum desenvolvimento por parte de cada criança, ou chamada de atenção por parte da educadora. Para o efeito, há um livro de registos que cada criança tem individualmente e também uma caderneta, onde são escritos os recados para os pais, seja marcação de reuniões, organização de atividades extra sala, reforço positivo (bom comportamento da criança). A educadora possui também o contacto de todas as famílias da crianças,

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que mostraram disponibilidade para qualquer situação em que seja necessário ligar em horário de trabalho.

Para uma maior organização e para permitir uma colaboração mais ativa das famílias, em todo este processo será eleito um delegado de grupo por cada sala.

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2.6 - APRENDIZAGEM ATIVA

Desde o nascimento que as crianças aprendem ativamente. Através das relações que estabelecem com as pessoas e com o contacto direto com os materiais que as envolvem, descobrem como se podem segurar e agir sobre os objetos; como se podem deslocar, bem como comunicar e interagir com os pais, familiares, pares e educadores. Neste sentido entende-se que as crianças são

aprendizes ativos, através das explorações e das relações que estabelecem. “Através das suas

explorações, passam a confiar nos pais e nas pessoas que cuidam deles em termos de atenção, apoio e desenvolvimento das suas ações, escolhas e modos de comunicar.” (Post & Hohmann, 2011, p.11)

Esta aprendizagem ativa deve ser refletida na organização do ambiente educativo, ou seja, na rotina diária, na organização dos espaços e materiais, a utilização da linguagem em contexto de atividades e na procura de interações e o apoio do adulto em todo o processo. A par destes fundamentos este conceito de aprendizagem ativa apoia-se em quatros pilares: aprendizagem pela ação; interações positivas adulto - criança; ambiente de aprendizagem agradável para a criança; rotina diária consistente; avaliação da criança baseada no trabalho em equipa.

De acordo com Post e Hohmann (2011) em contexto de aprendizagem ativa, os adultos auxiliam as iniciativas das crianças e os seus desejos de explorar os cinco sentidos. Estes compreendem que as explorações auto motivadas das crianças lhes proporcionam experiências-chave, sendo uma aprendizagem que se revela fulcral para o crescimento e desenvolvimento humano saudável.

Uma vez que falamos em aprendizagem é essencial abordar a forma como a educadora procedia à avaliação das crianças. Portugal e Laevers (2010) defendem que a avaliação deve procurar “ser processual e tornar possível o desenvolvimento de práticas orientadas não apenas pelos futuros benefícios ou efeitos, mas também pela atual qualidade de vida das crianças” (Portugal & Laevers 2010, p. 10). Embora não tivesse tomado muito contacto com a avaliação que era feita às crianças, quando iniciei o estágio a educadora referiu que a avaliação era feita através da observação direta das ações das crianças, de registos fotográficos, diálogos com as crianças e o preenchimento de portfólios individuais, onde são guardados todos os trabalhos que as crianças realizam. Nesse sentido, Shores e Grace defendem que os portfólios são “uma coleção de itens que revela conforme o tempo passa, os diferentes aspetos de crescimento e do desenvolvimento de cada criança” (Shores & Grace, 2001, p. 43)

Os portfólios encontram-se na sala da creche e estão disponíveis para consulta pelos pais e/ou encarregados de educação, para que estes pudessem ver registado a evolução ou dificuldades dos

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seus educandos, permitindo que a educadora tivesse elementos precisos de forma a fazer uma melhor reflexão e adequar a sua ação educativa nesse sentido.

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2.7 - ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS E MATERIAIS

“ Acreditamos que os centros de educação infantil devem proporcionar a bebés e crianças de tenra idade ambientes bonitos que apoiem o jogo centrado na criança, iniciado pela criança e facilitado pelo educador. Também acreditamos que as pessoas que prestam cuidados às crianças merecem ambientes de trabalho altamente funcionais, fáceis de utilizar e esteticamente atraentes”. (Post & Hohmann, 2011, p.99)

A organização do espaço em jardim-de-infância pretende não só a proporcionar conforto e bem-estar à criança, mas também oferecer um leque de oportunidades de participação em aprendizagem

ativa. “Um ambiente bem pensado e centrado na criança promove o desenvolvimento físico,

comunicação, competências cognitivas e interações sociais.” (Post & Hohmann, 2011. P.101)

O ambiente necessita de proporcionar ordem e flexibilidade para se poder responder aos interesses da criança que estão em constante mudança, promover as escolhas que vai fazendo, bem

como ajudar a criança a ganhar a sensação de controlo sobre o seu mundo imediato. “O ambiente

físico e material das salas de creche deverá criar múltiplas oportunidades ao nível dos seus processos de aprendizagem e desenvolvimento” (Formosinho & Araújo, 2013, p.30)

No que diz respeito à organização do espaço e dos materiais da sala dos cinco anos A, como disse a educadora, esta foi pensada mediante as necessidades e interesses do grupo de crianças, tornando desta forma a sala, num espaço atraente, confortável e seguro.

O espaço global da sala dos 5anos A é constituído por: - Recreio exterior (comum às salas de Jardim de Infância);

- Refeitório (comum às salas de jardim e de creche não incluindo o berçário); - Casa – de – banho (comum às duas salas dos 5 anos);

- Sala Polivalente (comum às salas de Jardim de Infância, funcionando como sala polivalente e dormitório);

- Sala dos 5 anos A.

A sala está dividida por áreas que incluem diversos materiais que permitem às crianças envolverem-se nas diferentes experiências-chave. Estes foram colocados em locais estratégicos, como junto às paredes da sala, uma vez que esta organização espacial permite às crianças andarem livremente no meio da sala. Nas diferentes áreas, as crianças contactam com materiais, sozinhas ou em grupo, pretendendo-se com isso desenvolver espontânea e naturalmente competências sociais, sentimentos de respeito, amizade, valorização do outro e partilha inerentes. A sala está dividida com as

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seguintes áreas: área do faz de conta (que inclui área do quarto e área da cozinha), área das construções, áreas dos jogos, área da biblioteca, área dos carros e área da plástica, área das experiências e área da escrita como se pode ver nas imagens. As crianças escolhem autonomamente a área ou os materiais com que desejam brincar e explorar. Após a exploração e manipulação dos materiais, as crianças tem de arrumar os materiais convenientemente nos locais que lhes são destinados. Além da sala onde as crianças passam a maior parte do seu tempo, há também o refeitório que é um espaço comum de todas as crianças das diferentes faixas etárias, se bem que as horas das refeições variam de sala para sala, tendo em conta as idades e necessidades das crianças.

Há também a acrescentar e referenciar o polivalente. O acolhimento inicial, quando as crianças são deixadas pelos pais, é feito no polivalente que além de estar equipado com rádio e televisão, conta ainda com materiais e brinquedos para as crianças explorar. O espaço do polivalente além de ser um espaço de receção às crianças é também o lugar onde as crianças da sala dos cinco anos A têm a aula de ginástica.

A sala apresenta boa circulação, tendo ar condicionado, quente e frio, consoante a estação do ano. A sala tem uma grande janela que permite a entrada de luz natural, permitindo acesso fácil ao espaço exterior. A limpeza é realizada diariamente ao fim da tarde em todas as superfícies, mas também nos brinquedos e espaço exterior. Os materiais, as paredes da sala, o mobiliário e os brinquedos encontram-se todos em bom estado de conservação. Uma vez que a disposição da sala deve ser adequada às necessidades e interesses do grupo de crianças, e tendo em conta as atividades realizadas, esta poderá sofrer alterações no decorrer do ano letivo.

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2.8- ORGANIZAÇÃO DA ROTINA DIÁRIA

“ Porque o tempo é de cada criança, do grupo de crianças e do educador, importa que haja uma organização do tempo decidida pelo educador e pelas crianças.” (Ministério da Educação, 1997, p.40)

“Num contexto de aprendizagem ativa para bebés e crianças mais novas, os horários (a sequência diária de acontecimentos, como sejam o tempo de escolha livre, refeição, tempo de exterior) e as rotinas (interações com o adulto durante o almoço, a sesta e os cuidados corporais) estão ancorados, para cada criança, em torno da principal figura que presta cuidados.” (Post & Hohmann, 2011, p.15)

Tal como nos diz Formosinho e Araújo, a organização do tempo é centrada na criança, “sendo a organização das atividades diárias em torno de um horário e de rotinas concebida como uma forma de promover sentimentos de segurança, continuidade e controlo nas crianças.” (Formosinho & Araújo, 2013, p.42) Desta forma, os horários e rotinas diárias devem ser previsíveis, embora flexíveis e incluírem constantemente o conceito de aprendizagem ativa.

“ Os horários e as rotinas são suficientemente repetitivos para permitirem que as crianças explorem, treinem e ganhem confiança nas suas competências em desenvolvimento, embora permitam que as crianças passem suavemente, ao seu ritmo, de uma experiência para outra.” (Post & Hohmann, 2011, p.15) A rotina é planeada pelo educador que tem como objetivo atender às necessidades do grupo de crianças. Assim, as crianças sabem o que podem fazer nos diferentes momentos e adquirir autonomia para saber o que vai acontecer ou delinear estratégias, pois tem conhecimento do que vai acontecer a seguir.

“Uma rotina diária consistente permite à criança aceder a tempo suficiente para perseguir os seus interesses, fazer escolhas e tomar decisões, e resolver problemas” à dimensão da criança “no contexto de acontecimentos que vão surgindo" (Homann, 1997).

Criar uma rotina diária, é fazer com que o tempo seja um tempo de experiências educacionais ricas e de interações positivas e diversificadas.

Para além de todas as atividades presentes na rotina diária da sala, as crianças dos 5 anos tem semanalmente à segunda-feira uma atividade de enriquecimento curricular de Inglês das 13h30 às 15h00. As sessões serão de 45m cada, sendo o grupo dividido em dois pequenos grupos para esta frequência. À quarta-feira, atividade de Teatro das 10h00 às 10h45. À quinta-feira, atividade de

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Ginástica das 15h00 às 15h45. E por fim, quinzenalmente, às 6ªs feiras, atividade de Ciência Viva.

Estas atividades serão dinamizadas por professores especializados nas respetivas áreas. A par destas atividades existem ainda outras ofertas de atividades extra curriculares para as crianças que queiram participar: ballet, música, karaté, natação, patinagem, yoga, artes plásticas e arte contemporânea.

Tempo de Acolhimento: momento da chegada das crianças, onde se dá início ao dia em grupo, partilhando-se novidades e acontecimentos e onde se realizam algumas tarefas (marcar presenças, ver quem falta, contar as crianças, cantar os bons dias, etc.).

Tempo de Planeamento: o primeiro tempo do ciclo Planear-Fazer-Rever. As crianças escolhem e decidem o que querem fazer, que materiais vão usar e com quem vão trabalhar, expressando as suas intenções e interesses pessoais.

Tempo de Trabalho nas áreas: é o tempo de maior duração da rotina diária. As crianças levam a cabo as suas intenções, elaborando planos, concretizando-os e partilhando com o grupo o seu resultado. O adulto observa, incentiva, apoia e interage com a criança assumindo-se como companheiro de jogo nas suas aspirações e brincadeiras.

Tempo de Revisão: último tempo do ciclo Planear-Fazer-Rever. As crianças partilham as suas experiências pessoais, relembram e refletem sobre as vivências mais significativas expondo os seus trabalhos.

Tempo de Grande Grupo: crianças e adultos juntam-se em grande grupo para realizarem atividades coletivas: cantam, conversam, contam e leem histórias, dançam ao som de música, fazem ritmos, dramatizam histórias, fazem jogos, entre outros. A planificação deste tempo deve ir de encontro aos interesses e necessidades do grupo bem como, aos projetos a decorrer na sala.

Tempo de Exterior: este é um momento propício para as atividades espontâneas da criança por outro lado, podem ocorrer outras atividades como passeios, contacto com a natureza, observação de plantas e animais, experiências com água, terra, areia, etc.

Tempo Pequeno Grupo: é considerado o tempo mais estruturado da rotina diária uma vez que a planificação de atividades, a seleção e a preparação dos materiais são tarefas preparadas cuidadosamente pelo educador, não esquecendo os interesses e necessidades doo grupo. Este tempo apresenta-se como oportunidade para o adulto observar cuidadosamente cada criança para a conhecer melhor, incentivando-a e partilhando com ela as suas aspirações.

Na sala dos 5 anos, o tempo de descanso dá ainda lugar a um tempo de pequeno grupo onde se realizam um conjunto de atividades orientadas e direcionadas para a fase que se aproxima, a

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entrada para o 1º ciclo. Neste tempo, as crianças familiarizam-se com a escrita, com a exploração de um livro que permita trabalhar e desenvolver várias competências ao nível de todas as áreas do saber: área da Formação Pessoal e Social, Área da Expressão e Comunicação e Área do Conhecimento do Mundo.

Em suma, o conhecimento deverá ser construído de forma autónoma, evoluindo com o tempo e acompanhando as necessidades e evoluções de cada um. Durante estes momentos, os grupos mais pequenos têm a vantagem de permite ao adulto observar com mais clareza as dificuldades e progressos de cada um, de forma a poder agir mais diretamente com cada um.

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2.9 - ATITUDES/ESTRATÉGIAS PERANTE COMPORTAMENTOS

Em diálogo coma educadora e auxiliar da sala abordamos a importância de ter “na manga”, estratégias ou comportamentos a adotar perante comportamentos da criança. De salientar a importância de falar com a criança e dar voz a esta, para que exprima os seus pensamentos, as suas ideias, as suas duvidas, valorizando a forma como se exprime. Assim, no projeto de sala estão descritas os seguintes pontos:

- Estimular a criança dando-lhe sempre um reforço positivo;

- Dar espaço às crianças, para que estas resolvam os seus próprios conflitos, mantendo, contudo, sempre, uma postura atenta aos momentos;

- Identificar o comportamento específico que desejamos alterar, explicando à criança através de mensagens curtas e concretas e recorrendo ao reforço positivo o que pretendemos dela;

- Verbalizar exatamente o que queremos que a criança faça e demonstrá-lo para que o possa observar diretamente nos adultos com quem mantém uma relação significativa;

- Dialogar com o grupo de forma que entendam a importância do ouvir, do esperar, do falar um de cada vez para que todos possam ter acesso a toda a informação da mesma forma;

- Utilizar o “tempo de pensar” para que a criança perceba que é um momento de estar

sentada ou afastada do grupo de forma a perceber que está a ser impedida de continuar as atividades que lhe dão prazer. Devendo nestas alturas o adulto reforçar a explicação acerca do porquê de estar a suceder aquilo, mantendo com esta o contacto ocular com a criança em questão;

- Ignorar o comportamento da criança em momentos de intensidade (p.e birras) e depois falar calmamente com a criança;

- Proporcionar o carinho, os mimos e a segurança enquanto coexistentes das regras e dos limites;

- Dar oportunidade à criança de observar outras crianças e adultos a realizar o comportamento desejável, estando atenta às suas atitudes para que possam imitar os seus pares e adultos significativos.

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CAPITULO III- PLANO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICO- PROJETO

3.1 ESCOLHA DA DIMENSÃO PEDAGÓGICA- “RETORNANDO AO JOGO E À SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA”

Como já referido, uma vez que estou a estagiar numa sala de 5 anos é necessário abordar uma temática que desperte o interesse e a curiosidade das crianças, que seja facilitadora no processo de aprendizagem, permitindo trabalhar a abordagem de conteúdos em diferentes áreas, facultando o contacto com uma panóplia de materiais distintos. Não obstante, o facto de qualquer atividade deva ser ou seja planeada com o intuito de cativar e motivar as crianças para a realização das mesmas, com entusiasmo. Para Bennet (citado em Morgado, 2004) as atividades planificadas devem ser definidas de forma a constituírem-se como desafios intelectualmente estimulantes, mobilizando e promovendo nas crianças criatividade e capacidade de resolução de problemas.

Desta forma, e após abordar e contar com o apoio da educadora da sala, Neuza Rodrigues e observar as brincadeiras das crianças defini e achei pertinente trabalhar o jogo como contributo para o processo de aprendizagem da criança.

Tudo o que é observado na sala em momentos de tempo livre na sala é de facto o brincar, seja na área do faz de conta, na área das construções, das experiências, dos jogos, é motivada pelo brincar individualmente ou em grupo facilitadora de momentos de cumplicidade, interações, interajuda, etc. Na sala toda e qualquer criança sente e tem liberdade para brincar, pois é através do brincar, e especificamente neste contexto através do jogo considerado um veiculo de aprendizagem e comunicação fundamental para o desenvolvimento da sua personalidade, que as crianças se expressem de forma natural, pois encontram solução adequada às suas necessidades e motivações. Desta forma, o jogo promove habilidades sociais, ajuda a processar condutas, aumenta a autoestima, fomenta relações sociais, promovendo a sua participação e atividade (Ortiz,2005), estimulando na criança, o desenvolvimento psicológico, motor, físico, intelectual, social e cognitivo de forma descontraída, pois a criança enquanto brinca aprende e diverte-se.

O presente plano de intervenção tem como objetivo primordial a reflexão e a análise sobre a importância que o jogo assume, utilizado como estratégia no desenvolvimento da criança e o seu contributo no processo de ensino-aprendizagem, ou seja utilizar o jogo como um instrumento pedagógico de “ensino” e não apenas como uma ocupação de tempos livres.

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Assim, depois de definida a questão-problema há que descrever e estipular objetivos que se pretendam ver atingidos com sucesso pelas crianças e também por mim própria, bem como etapas ou definição de momentos cruciais em que se pretende colocar em prática as atividades pensadas.

As crianças, geralmente ficam fascinadas por tudo o que se relaciona com o jogo ou onde esteja subjacente o brincar, e quando aparece algum material novo que possa ser explorado, as crianças demonstram, além da curiosidade, interesse pela finalidade do jogo e entusiasmo pela brincadeira que isso possa proporcionar. A participação e realização deste tipo de atividades/jogos familiarizam a criança com novos conceitos, que contribuí para o aumento do vocabulário, maior conhecimento sobre os números e a área da matemática, bem como o desenvolvimento físico, motor, cognitivo entre outros.

Assim, neste seguimento, num primeiro momento penso abordar/refletir acerca do conceito de infância e a sua evolução ao longo do tempo, tendo em conta as perspetivas/conceções de Jean Piaget e Vygotsky, não refutando de imediato a leitura de outros teóricos que possam contribuir de fundamentação ao meu relatório. Num segundo momento penso ser essencial abordar a importância do jogo no processo de ensino aprendizagem e de que forma possa ser um contributo, recorrendo assim à realização e planificação de alguns jogos onde estejam patentes diferentes áreas de conteúdo. Neste momento e tendo em conta que falarei de duas conceções, de Piaget e Vygotsky, considero fulcral falar das duas teorias acerca do jogo.

Neste sentido, num terceiro ponto considero pertinente, se possível, recorrer à realização de inquéritos ou entrevista, à educadora da sala (ou outras educadoras, para contrapor opiniões),e pais/Encarregados de Educação, com a finalidade de perceber os seus pontos de vista e a importância que dão ao jogo, aquando da sua utilização como contributo para o desenvolvimento dos seus educandos.

 Objetivos

- Recurso à utilização de jogos tradicionais e diversificados na rotina diária; - Perceber o papel do educador perante o jogo;

- Despertar o interesse das crianças para a realização de jogos relacionados com diversas áreas de conteúdo, de acordo com as orientações curriculares;

- Sensibilizar as crianças para a existência de regras que devem ser respeitadas; - Desenvolver o sentido de responsabilidade;

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- Reconhecer que, normalmente, nos jogos há sempre jogadores vencedores e jogadores vencidos - Explorar e identificar diferentes estratégias para sair vencedor

- Aprender a lidar e aceitar a derrota (ou momentos de frustração); - Identificar diferentes soluções para a resolução de problemas (conflitos);

- Contribuir para que as crianças construam aprendizagens novas, no âmbito da matemática, da linguagem e da educação física.

- Promover a autonomia.

 Etapas

1. Realização/apresentação de jogos que englobem diferentes áreas de conteúdo 2. Definição/planeamento de regras pelas crianças para a execução dos jogos;

3. Refletir sobre a execução de cada jogo, principais dificuldades, possíveis dúvidas na finalidade do jogo

4. (Possível) Realização da entrevista/inquéritos com a finalidade de recolher informações sobre a opinião das educadoras de infância sobre as potencialidades do jogo no desenvolvimento da criança, com a educadora da sala (ou outras educadoras da instituição);

5. (Possível) Elaboração de inquéritos, de forma a ter acesso à opinião dos encarregados de educação acerca da utilização do jogo como recurso pedagógico

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3.2 - IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

O lúdico é parte integrante quer da infância quer dos seres humanos em geral. Os jogos e brinquedos fazem parte da infância das crianças, onde a realidade e o faz de conta se relacionam e complementam. O olhar sobre o lúdico-jogo não deve ser visto apenas como forma de diversão, mas sim, de extrema importância no processo de ensino-aprendizagem na fase da infância. A criança ao brincar e ao jogar envolve-se de tal forma que coloca na ação que partica o seu sentimento e a sua emoção.

O jogo apresenta duas funções no processo de ensino-aprendizagem. A primeira é lúdica, onde a criança encontra o prazer e a satisfação no jogar, e a segunda é educativa, onde através do jogo a criança é educada para a convivência social, já que o mundo à qual faz parte possui leis e regras as quais precisam ser conhecidas.

O jogo permite / Com o jogo queremos:

 Aprendizagem social – saber estar com os outros;

 Desenvolvimento cognitivo, motor, e afetivo;

 Experimentar diferentes tipos de jogos;

 Conhecer, inventar e reinventar regras – liberdade de criação;

 Adquirir habilidades motoras;

 Estimular e criatividade, uautoconfianças, autonomia;

 Desenvolver a linguagem, contactando com novos vocábulos, formas de

expressão, etc;

 Estimular o pensamento, raciocionio lógico e concentração;

 Promoção de momentos de ansiedade, angústia, dificuldade para proporcionar

soluções que facultem ferramentas positivas a ultrapassar estes sentimenos/sensações. Por meio dos jogos e brincadeiras a criança aprende a controlar os seus impulsos, a esperar, respeitar regras, aumenta sua autoestima e independência, servindo também para aliviar tensões e diminuir frustrações, pois através do brincar a criança reproduz situações vividas no seu quotidiano.

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3.3- 1º MOMENTO- Leitura da História “ A estrela perdida”

Quando cheguei à sala dos 5 anos A as crianças já haviam iniciado a abordagem ao sistema sola e como tal achei que, inicialmente deveria fazer algo relacionado com a mesma temática. Assim, nesse sentido fui à procurar de livros que pudessem sustentar as pesquisas e duvidas das crianças, favorecendo e promovendo desta forma o contacto das crianças com os livros.

O objetivo era encontrar um livro que explicasse o sistema solar, ou seja falasse dos planetas, das constelações, da lua, de forma a ser de fácil compreensão para as crianças. O livro selecionado foi então “a estrela perdida” de Francisco Fernandes, que aborda a história de uma estrela perdida que acabou por encontrar o seu lugar onde "os homens do Planeta Azul não puderam deixar de a ver quando, à noite, olhavam para o céu. ". Ao longo da sua viagem a estrela “fala” de diferentes planetas e das suas características, dando enfase ao nosso planeta, Terra, ou seja a estrela faz uma viagem pelo espaço, passa pelos planetas, encontra e identifica imagens no céu, as constelações referindo a ursa maior e menor e que as constelações representam também todos os signos do zodíaco. Na sua viagem, a estrela ao anoitecer também observa a lua.

Após a leitura do livro coloquei às crianças algumas questões de interpretação, oralmente, uma vez que isto já é um método utilizado pela educadora para conseguir mais atenção por parte das crianças e prepará-las também para a entrada no 1º ciclo. Quando questionadas as crianças não deverão responder imediatamente, mas sim colocar o dedo no ar de forma a criar as mesmas oportunidades de resposta a todas as crianças, se necessário contrapor as diferentes respostas e perceber se realmente a criança entendeu os pontos mais importantes da história. Neste seguimento algumas crianças colocaram questões e surgiu então uma troca de informação:

Vitória- o que são constelações?

Eu- segundo os astrónomos são conjuntas de estrelas que formam imagens. Vitória, Duarte, Diogo e Clara- e o que são astrónomos?

Eu- são pessoas que observam as estrelas e lhes dão nomes.- Desta forma e para melhor compreensão das crianças optei por dar um exemplo- se olharmos para o céu realmente so observamos estrelas a brilhar, mas se imaginarmos linhas e ligarmos os pontos que brilham também conseguimos ver imagens. Agora é dia, mas temos nuvens lá fora, por vezes não dizemos que uma nuvem parece um animal ou uma árvore, isso também é imaginar.

Entretanto as crianças começaram a olhar para o exterior e observar o céu e diziam o que lhes pareciam algumas nuvens.

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