• Nenhum resultado encontrado

Informação na indústria de bens de capital no Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Informação na indústria de bens de capital no Brasil"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)
(2)

Informação na indústria de bens de capital no Brasil com a liberdade de intercâmbio comercial este aspecto torna-se ainda mais impor-tante. Como as empresas poderão ade-quar seus produtos ao nível requerido pela The International Organization for Standardization (ISO-9000), para competir no Mercado Comum Europeu, sem o auxí-lio da informação?

Rzevski e Farrar1 identificam 12 catego-rias de informação necessácatego-rias para o de-sign e indicam uma falta de consciência do valor da informação por parte dos gerentes das empresas, o que, segundo eles, difi-culta o investimento em fornecimento de informação. Kjeld Klintoe2 acrescenta ain-da que alguns empresários estão sequer cientes de suas necessidades mais pre-mentes de conhecimento. Ele considera o conhecimento como valiosa matéria-prima - o início do poder na competitividade e como tal, tendo seu preço, assim como qualquer outra matéria-prima.

O novo desafio apresentado ao empresa-riado do Brasil requer uma economia mo-derna, portanto, com tais características. Estas empresas terão que competir com outras, localizadas em países como os eu-ropeus, os Estados Unidos e o Canadá, onde a informação encontra-se interna-mente organizada e disponível para venda numa indústria de informação em avança-do estágio de desenvolvimento. Este fator de modernidade terá grande peso no su-cesso futuro das empresas do Brasil. Ao lado dos investimentos governamentais, a iniciativa privada terá que investir em in-formação para competir com igualdade de condições. O treinamento de recursos humanos para a localização, recuperação, análise e apresentação da informação, de forma objetiva e adequada à necessidade identificada, parece ser o primeiro passo em direção deste futuro.

FONTES DE INFORMAÇÃO

Com o propósito de sistematizar as fontes de informação, elas podem ser categoriza-das em individuais, institucionais e aquelas disponíveis em papel, microfilmes, disque-tes, CD-ROM etc. As individuais são con-tatos pessoais que auxiliam na solução de questões administrativas e técnicas. As institucionais são caracterizadas por en-tidades compostas de indivíduos que po-dem servir de fonte de informação e, por vezes, também fornecedores de publi-cações, como, por exemplo, a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas (Abimaq), ou British Library Document Supply (BLDS). As fontes de informação publicadas são compostas por dados e/ou informações organizadas e apresentadas de forma racional para consulta. Elas são gravadas em papel, ou qualquer outro for-mato disponível através da tecnologia da

informação: disquetes, CD-ROM etc. Po-dem estar disponíveis ao público em geral ou restrita a pequenos núcleos. Este uni-verso de fontes de informação pode ser classificado, de acordo com seu conteúdo, em fontes de informação para negócios, fontes de informação técnicas e fontes científicas de informação. As fontes de in-formação para negócios, disponíveis no mercado internacional, consistem de re-latórios anuais de companhias, diretórios de companhias, produtos e serviços, re-latórios de pesquisas de mercados, dados sobre mercados, revistas técnicas, ma-nuais, guias de design, revistas de em-presas, revistas de negócios, publicações estatísticas, catálogos de manufaturas, jornais e publicações oficiais. Entre as fontes técnicas de informação encon-tram-se normas técnicas, especificações e regulamentos, patentes, fontes sobre legislação e sistemas de informação ba-seados em computador (computer based system) cujo exemplo mais conhecido é o Computer Aided Design (CAD). Entre as fontes científicas incluem-se os livros-texto, periódicos científicos, artigos de re-visão, resumos, índices e outras bibliogra-fias, os anais de congressos, conferências e base de dados.

As fontes de informação mais usadas, se-gundo o resultado da pesquisa, foram normas técnicas, seguido por catálogos e bases de dados produzidos internamente com dados próprios das companhias. Os manuais são utilizados mais para o uso de equipamentos. Instituições governamen-tais são consultadas, bem como a Abimaq. São pouco utilizadas, às vezes até desco-nhecidas, fontes relevantes, tais como: a) os serviços de informação disponíveis pa-ra empresas no Bpa-rasil - a pesquisa identi-ficou 49 serviços disponíveis no país, in-clusive uma rede nacional, dedicada a for-necimento de informação para tecnologia da indústria de base, composta de três ti-pos de núcleos de informação, que aten-dem aos requisitos regionais do país e a diferentes setores industriais; b) diretórios e outras fontes de informação para negó-cios; c) os documentos de patentes não são usados como fontes de informação; d) as fontes científicas ou são pouco utili-zadas - como é o caso de bases de da-dos externas especializadas nas áreas de atuação das empresas pesquisadas, ou periódicos científicos, livros-texto e mesmo anais de congressos; ou são praticamente desconhecidas - como é o caso de resu-mos, índices e artigos de revisão.

As fontes de informação disponíveis no mercado brasileiro, publicadas no país, são insuficientes por tipos de publicações e quase sempre organizadas de forma tal que dificultam o acesso à informação nelas contidas. A indústria da informação tem importante papel a cumprir neste setor.

Enquanto isso não ocorre, uma alternativa é recorrer a empresas que oferecem ser-viços de informação, sejam elas nacionais, ou estrangeiras.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

A indústria brasileira de bens de capital tem grande dependência estrangeira para processos de inovação tecnológica. Pou-cas são as empresas desenvolvendo tec-nologias próprias e quando isto ocorre es-tas inovações são pequenas. Os princi-pais países identificados como fornecedo-res de tecnologia foram os Estados Uni-dos, a Alemanha, a Suíça, a Itália e outros países europeus, em menor proporção. As fontes de informação mais utilizadas para inovações tecnológicas são os conta-tos pessoais - entre empresários, com gatekeepers, com clientes e fornecedores. Entre as fontes publicadas foram identifi-cados contratos de empresas competido-ras, catálogos de produtos, periódicos, anais de congressos. Também foram indi-cadas fontes, tais como feiras estrangeiras e nacionais, compra e desmontagem de equipamentos, pesquisas encomendadas em empresas de maior porte e consulto-rias.

Há muita informação disponível para ino-vação tecnológica no mercado internacio-nal que não está sendo utilizada pelas em-presas de bens de capital. O processo de inovação transforma uma invenção em produto vendável. Nos seus três estágios de desenvolvimento, a inovação requer di-ferentes tipos de informação. No seu pri-meiro estágio - geração da idéia -, são úteis, fontes, tais como contatos pessoais, experiência em Pesquisa e Desenvolvi-mento (P&D) e fontes publicadas. As ne-cessidades potenciais do mercado têm que ser identificadas, bem como as possi-bilidades tecnológicas dos inovadores. As fontes de informação para negócios auxi-liam na identificação das necessidades do mercado e as fontes técnicas identificam tecnologias correlatas disponíveis e seu estado-da-arte. Os documentos de paten-tes podem ser relevanpaten-tes para isto. Outras fontes igualmente úteis seriam os periódi-cos e as bibliografias. Em segundo estágio - solução do problema -, a inovação tec-nológica requer fontes de informação, tais como contatos com especialistas, expe-riências da própria empresa em P&D, re-latórios técnicos de concorrentes, feiras, catálogos, documentos de patentes, nor-mas técnicas, periódicos científicos e anais de congressos. Em seu terceiro estágio, a inovação deve ser implementa-da e disseminaimplementa-da sendo relevantes as fon-tes de informação para negócios como as que publicam dados sobre mercados, so-bre combustível, medidas de segurança,

46

(3)

Informação na indústria de bens de capital no Brasil regulamentos de proteção ao meio ambien-te, dados culturais (hábitos dos mercados potenciais etc.).

Os profissionais da informação devem selecionar e disseminar a informação adquirida externamente na forma denomi-nada "inteligente" - definida como afir-mações claras, derivadas de inforafir-mações selecionadas, avaliadas, interpretadas e expressas de modo a indicar sua signifi-cação para um dado problema. Smith3 ex-plica a estes profissionais como escrever intelligence reports. Quanto às fontes de informação geradas internamente numa empresa, relatórios de pesquisas e dados experimentais devem ser adequadamente organizados e facilmente acessados. As empresas de bens de capital realizando ou com pretensões de realizar inovações tec-nológicas deveriam criar sua própria uni-dade de informação para melhorar suas condições de competir no mercado inter-nacional.

NORMAS TÉCNICAS

As questões levantadas a respeito do uso de normas técnicas pela indústria de bens de capital relacionam-se com a recupe-ração do documento normativo e com es-tudos sobre o assunto. Que normas utilizar para determinado objetivo, as japonesas ou as alemãs? A pesquisa identificou estar ocorrendo morosidade no processo de for-necimento de documentos normativos por parte da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) devido, entre outros mo-tivos, ao de política econômica restringindo a remessa de dólares para o exterior. As soluções para tais questões poderiam ser: a) profissionais da informação juntamente

com empresários deveriam fazer lobby junto a congressistas com a finalidade de liberar pagamentos ao exterior para serviços de informação, seja para aqui-sição de cópias de normas ou outro tipo de documento ou serviço de infor-mação;

b) os núcleos básicos de normas técni-cas, do projeto de informação para tec-nologia de base, a saber ABNT, Institu-to de Pesquisas Tecnológicas do Esta-do de São Paulo (lPT) e Instituto Na-cional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) deveriam reestruturar-se para fornecer melhores serviços aos usuários;

c) os information brokers* deveriam inves-tir em serviços de informação em nor-mas técnicas para elevar o nível de competitividade da oferta destes servi-ços;

* Information brokers ou intermediários de infor-mação, aqui compreendido como qualquer agente que venda informação científica, técnica ou para negócios.

d) universidades, como, por exemplo, a de Santa Catarina, que já tem tradição na oferta de cursos de treinamento para profissionais de informação para indús-tria, deveriam oferecer treinamentos específicos sobre normas técnicas diri-gidos a técnicos da indústria, e não apenas a profissionais da informação. Um serviço de informação sobre normas técnicas deve fornecer cópias de normas recentemente publicadas, normas em pro-jetos e programas de normalização nos campos específicos de atuação industrial; isto em nível nacional, regional e interna-cional. Intercâmbios com redes e centros de informação especializada em normali-zação também são desejáveis. Serviços como listas bibliográficas, perfis, respostas a consultas, informação referencial e ser-viços de disseminação de informação so-bre normas deveriam ser oferecidos pelos núcleos básicos e/ou pelos information brokers em atuação no Brasil.

De acordo com a categoria de assunto, as normas podem ser agrupadas em: a) itens - que determinam as regras de normali-zação de itens; b) atividades - normas que determinam metodologias, procedimentos, operações e medidas que visam à otimi-zação econômica, garantindo a qualidade e segurança; c) gerais - são normas que definem conceitos, ordens, valores etc. Nos Estados Unidos da América, há um grande número de produtores de nor-mas, entre os quais citamos a American National Standards Institute (Ansi), a The American Society for Testing and Materials (ASTM), a American Welding Society; a Society of Automative Engineers e a American Petroleum Institu-te, como relevantes para o setor de bens de capital.

Na Alemanha, o Deutsches Institut für Normung (DIN), Instituto Alemão de Nor-mas, cria normas nacionais que não são obrigatórias, porém usadas pela indústria alemã.

A The International Organization for Standardization (ISO) é composta petos representantes de 90 países e reconheci-da como a agência internacional para normalização, cujas normas são conside-radas internacionais sobre a normalização em vários campos industriais, menos no elétrico e eletrônico, que é reservado para o International Eletrotechnical Comission (IEC). A ISO-9000 normaliza os padrões de qualidade dos produtos a serem ven-didos no Mercado Comum Europeu. Um serviço de informação sobre normas po-deria contar com o intercâmbio com o Isonet - a rede de informação da ISO (ISO Information Network), que tem como obje-tivo promover a cooperação entre os

paí-ses membros da ISO, auxiliar a trans-ferência de tecnologia e reduzir as barrei-ras técnicas ao comércio.

No Brasil, as normas podem ser obrigató-rias, NBR1 para saúde e segurança; refe-rendadas, NBR2 que são obrigatórias para instituições governamentais; registradas, NBR3 que são voluntárias e probatórias; e NBR4, que estão em experiência tendo um tempo limitado de vigência. O Sistema Na-cional de Metrologia, Normalização e Qua-lidade Industrial (Sinmetro) criado pela Lei 5966 é composto pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) e pelo Instituto Na-cional de Metrologia, Normalização e Qua-lidade Industrial (Inmetro). A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), criada em 1940, no Rio de Janeiro, repre-senta o Brasil na área internacional inclu-sive na ISO e tem por objetivo elaborar normas sobre ciências agrícolas, tecnolo-gia e comércio.

As normas técnicas colaboram para o in-cremento do comércio exterior. Os países em desenvolvimento deveriam usar nor-mas internacionais para tornar seus produ-tos mais competitivos. As empresas mon-tadoras teriam seus problemas de forne-cimento de parte de equipamentos solu-cionados, se o uso das normas internacio-nais viesse se tornar prática no contexto industrial.

Com respeito ao comércio nacional, a normalização é útil para aumentar a produ-tividade e assegurar a eficiência econômi-ca. O uso de normas elimina desperdícios de matérias-primas e economiza ho-ras/trabalho, além de tornar um produto mais facilmente aceito no mercado. A preocupação com a garantia de qualidade das normas melhora o nível de vida dos consumidores.

No processo de transferência de tecnolo-gia, a normalização permite o intercâmbio de produtos e comparação de práticas e operações efetuadas por diferentes em-presas e em diferentes países.

Os serviços de informação sobre normas têm a função de divulgar a utilidade da normalização, entre empresários e con-sumidores, para o desenvolvimento econômico do país.

PATENTES

A indústria de bens de capital usa o docu-mento de patentes apenas para propósitos legais. Ele não é usado para transferência de tecnologia - a transferência de tecnolo-gia é feita via contratos com o objetivo de melhorar produtos; estes produtos melho-rados continuam a ser pesquisados, e pe-quenas inovações tecnológicas são

(4)

Informação na indústria de bens de capital no Brasil

senvolvidas. Através das entrevistas, pô- de-se observar que este setor industriai desconhece os benefícios do uso de pa- tentes como fonte de informação tecnoló- gica e para negócios. O empresário, quan- do dirige-se à Alemanha ou aos Estados Unidos ou a outro país para acertar contra- tos de transferência de tecnologia, teria um maior poder de barganha, se utilizasse a informação contida nos documentos de pa- tentes.

Os documentos de patentes podem forne- cer os seguintes tipos de informação: 1) identificação de tecnologias recentes

de um setor específico;

2) identificação de países que detêm me- lhor conhecimento de uma determinada tecnologia;

3) localização de inventores, pesquisado- res, agentes e companhias trabalhando com uma determinada tecnologia; 4) mapeamento das tendências tecnológi-

cas de um setor;

5) descrição do estado-da-arte de uma tecnologia, isto é, até que ponto ela já foi desenvolvida;

6) identificação de mercados estrangeiros para produtos fabricados pelas empre- sas brasileiras.

A indústria brasileira de bens de capital precisa de um eficiente sistema de infor- mação sobre patentes situado nas regiões sudeste e sul do país, onde ela maciça- mente localiza-se. Este sistema deveria fornecer, devidamente organizados e re- cuperáveis, documentos de patentes oriundos de países, relevantes para a indústria de bens de capital (Estados Uni- dos, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido). Os documentos de patentes de outros paí- ses poderiam ser recuperados via base de dados do Inpadoc, Derwent etc., acessá- veis via Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Essa co- lecão-básica de documentos deveria con- ter também documentos de patentes na- cionais para possibilitar ao serviço de in- formação indicar tecnologias que iriam re- querer negociações de contratos de trans- ferência de tecnologia e tecnologias dis- poníveis no exterior, úteis à indústria brasi- leira.

Além de um eficiente sistema de infor- mação com documentos de patentes, de- vidamente organizados e recuperáveis, a indústria de bens de capital necessitaria de programas de treinamento de uso de pa- tentes como fonte de informação.

SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO Um total de 49 serviços de informação disponíveis para a indústria brasileira de

bens de capital é descrito no capítulo 6 do relatório da pesquisa.

A principal questão identificada a ser me- lhorada nesses serviços foi a de seus ca- nais de comunicação. Um planejamento de

marketing auxiliaria esses serviços a ade-

quarem-se melhor às necessidades de sua clientela. Dentre as dificuldades vi- venciadas por esses serviços de infor- mação, destacam-se carência de qualifi- cação apropriada em seu pessoal, carên- cia de maior número de pessoal, desconti- nuidade financeira de orçamentos, inade- quação de serviços prestados, pobreza de coleções, falta de especificação de produ- tos e serviços a serem prestados para segmentos específicos da clientela.

Entretanto, um dos pontos cruciais para que a indústria de bens de capital faça bom proveito desses serviços existentes seria que cada empresa definisse uma forma de buscar, informação externa: uma unidade de informação? um profissional de informação? O importante é reverter a si- tuação presente, de falta de consciência das empresas sobre como acessar infor- mações disponíveis, sobre quais os tipos de informação que existem em disponibili- dade no mercado e qual a utilidade dela para seus negócios.

Pequenas e médias empresas precisam se vincular por contato pessoal a sistemas de informação existentes. Este tipo de em- presa necessita de serviços "orientados para o usuário", ou seja, informações téc- nicas e de negócios devidamente apresen- tadas para responder às necessidades específicas.

Os serviços de informação identificados nas empresas mostraram-se pouco dirigi- dos à identificação de necessidades es- pecíficas de seus usuários - parecem mais departamentos financeiros, de pro- dução, de marketing fornecendo infor- mações pertinentes aos seus setores, quando requisitados. Os serviços que for- necem são limitados indicando uma ne- cessidade de treinamento de seus técni- cos na área de informação. Caso isto per- sista, sua comunicação com fontes exter- nas continuará ineficiente, e seus servi- ços, gerais e inadequados.

Um ponto importante de estrangulamento no sistema nacional de provisão de infor- mação para indústria no Brasil é a falta de um centro referencial de informação para negócios - um organismo responsável pa- ra indicar onde obter e o tipo de informação que existe sobre as áreas financeira, de estatística, de mercado e informações so- bre produtos e companhias. Outro ponto importante a ser modificado é a criação de uma coleção básica de referência nesta área. A indústria da informação é

riquíssi-ma neste aspecto, na Europa, nos Esta- dos Unidos e em outros países. O Brasil precisa providenciar, ao menos, uma cen- tral com uma coleção básica de diretórios, cadastros, bases de dados e bibliografias sobre negócios. Essa coleção, com pes- soal qualificado, produziria informações, fundamentais para a transposição deste momento histórico, em que os competen- tes serão modernizados e competirão ao mesmo nível dos concorrentes estrangen- ros. A iniciativa privada deve investir neste empreendimento, sob pena de duplica- rem-se os esforços e os recursos entre as empresas que terão que obter este tipo de informação para sobreviver aos anos 90. Quem sabe, a Confederação Nacional da Indústria (CNI-Dampe-Dinfor), as fede- rações locais ou outro tipo de empreendi- mento, diretamente vinculado à iniciativa privada, devesse assumir este papel? RECURSOS HUMANOS

A qualificação de recursos humanos para atuar na área de informação industrial tem características próprias e requer diferentes tipos de programas criados especificamen- te para cada tipo de necessidade. A pes- quisa identificou vários pontos a serem modificados. Essas questões são discuti- das no capítulo 5: "Análise e interpretação de dados" da pesquisa. Indicamos, a se- guir, uma síntese de sugestões de como esses pontos poderiam ser solucionados. O programa de pós-graduação da Univer- sidade Federal de Santa Catarina deveria incluir, entre suas prioridades, as de aten- der à empresa privada, além da estatal. Este programa, denominado Curso de Es- pecialização em Informação Tecnológica, deveria ser mais bem divulgado entre as empresas potencialmente mercado para o curso e estudar uma forma consorciada com outras instituições para oferecê-lo, em finais de semana, na região da cidade de São Paulo, onde se concentra a maior par- te da demanda.

Essa adequação de características de demanda à oferta de cursos, em finais de semana, poderia também ser pensada pa-, ra atender o mercado catarinense, para naense e gaúcho de informação empresa- rial. O curso deveria ser dirigido a gerente de informação industrial.

Outros tipos de cursos necessários para atender à demanda do setor são curso rápidos, com duração de 15 horas e, aque- les, entre 30 e 60 horas. Esses cursos de veriam ser oferecidos frequentemente em diversos locais das regiões industrializa- das do país. Seus conteúdos seriam es sencialmente técnicos, por exemplo - co- mo trabalhar com patentes e normas téc- nicas, como selecionar recursos inforrnati- vos mais adequados para um determinado

(5)

Informação na indústria de bens de capital no Brasil setor industrial, como aplicar um determi- nado software de informação - por exem- plo, o MicrolSIS - e como criar bases de dados internas.

A Universidade Federal de Santa Catarina, devido aos seus quatro anos de experiên- cia na área, deveria criar um programa de mestrado na área de tecnologia, com sub- venção da Coordenação de Aperfeiçomen- to de Pessoal de Nível Superior (Capes) e desenvolver pesquisas na área. A Univer- sidade Federal da Paraíba (UFPB) também deveria atender à demanda do norte e nor- deste, criando um programa semelhante. Os cursos de pós-graduação na área de informação do Brasil deveriam criar uma disciplina de informação para indústria en- sinando sobre as fontes disponíveis, como acessá-las e como recuperar seus docu- mentos, com especial enfoque para as fon- tes de informação técnica e para negócios. Essa disciplina deveria ser oferecida também aos cursos de graduação das en- genharias e de administração de empre- sas. A longo prazo, essa medida contribui- ria para melhorar a utilização dos recursos da informação no contexto empresarial, a consciência de sua importância entre os empresários e, desta forma, a indústria brasileira teria condições de competir com os modernos complexos industriais euro- peus, japoneses e norte-americanos. Um centro de informação industrial deveria ser criado no país e contemplar treinamen- tos de recursos humanos para as empre- sas: cursos rápidos, seminários, um fórum de discussão poderia ali centralizar-se. Pesquisas deveriam ser desenvolvidas para melhorar o cenário industrial com re- cursos informativos. Esse centro poderia desenvolver pesquisas, como, por exem- plo, o estudo dos cinco principais fluxos de informação numa empresa: operacional, gerencial, de técnica interna, de clientela, de técnica e de negócios externos à em- presa. Esse centro deveria ser formado por profissionais com formação e expe- riência diversificados de alto nível de com- petência técnica e deveria ser de iniciativa privada para evitar os problemas políticos que envolvem as instituições governamen- tais. Os serviços que prestaria seriam de consultoria, de. treinamento e recrutamento de pessoal, de pesquisas e de publicações sobre o assunto.

CONCLUSÃO

A pesquisa conclui que existe uma neces- sidade de aumentar a consciência dos empresários sobre a importância da infor- mação ser utilizada como insumo para lhes proporcionar maior lucro, maior efi- ciência, qualidade de produto e competiti- vidade. Conclui também que há falha no sistema nacional de provimento de

infor-mação para indústria, porém existe também uma subutilização dos serviços de infor- mação disponíveis. Indica a inexistência de um centro referencial para business Information. Quanto à qualificação e trei- namento de recursos humanos, apenas um curso foi identificado com esta finalida- de. Quanto às fontes disponíveis no mer- cado, a pesquisa conclui que existe uma carência de fontes de informação para negócios.

A pesquisa também indica a disponibilida- de de mercado para Information brokers que pretendam investir nesta área, no país. Cursos de fontes de informação, especifi- camente criados para atender a cada uma das engenharias, a administração de em- presas e a outras graduações, a serem ministrados nas universidades, contribuí- ram para, num futuro próximo, modernizar as lideranças empresariais do país e co- locá-las mais bem aparelhadas para com- petir com os complexos industriais eficien- temente informados dos países europeus, dos Estados Unidos e do Japão.

A indústria brasileira de bens de capital uti- liza-se mais de recursos internos de infor- mação do que de recursos externos. De qualquer forma, essa utilização é baixa, comparada com as vantagens que dela o empresário poderia auferir. Sugerem-se estudos dos fluxos de informação na em- presa para otimizar seus processos. Quanto às informações externas, sugere- se que as empresas de grande porte criem uma unidade de informação própria. As pequenas e médias empresas que não pu- derem criar suas unidades próprias de in- formação deveriam selecionar um técnico da área, com aptidão para buscar infor- mação e treiná-lo nesta área. À Abimaq sugere-se a criação de uma unidade de in- formação mantida pelas empresas usuá- rias e que centralizaria os recursos de in- formação fazendo a ligação, através do técnico de cada empresa, dos serviços externos disponíveis com as necessida- des específicas de cada caso.

Aos profissionais de informação industrial do país, sugere-se a criação de um centro de excelência que promova treinamentos técnicos para as diferentes necessidades da indústria e serviços de recrutamento de pessoal de informação para a indústria, que ofereça serviços de consultoria, de publicações técnicas para a área e de pesquisa - de preferência, uma organi- zação privada que evitasse correr os ris- cos das instabilidades governamentais e priorizasse a eficácia de seus serviços. Às unidades de informação existentes su- gere-se treinamentos de planejamento, de marketing, de identificação das necessida- des reais dos usuários a serem atendidos,

como também maior divulgação de seus serviços entre os clientes. Sugere-se também avaliações periódicas dos siste- mas de informação, tais como do Serviço de Comutação Bibliográfica (Comut), do Catálogo Coletivo de Publicações Seria- das (CCN) e da Rede de Núcleos de In- formação Industrial, que garantem o fun- cionamento da infra-estrutura de infor- mação industrial.

Uma das instituições existentes deveria criar uma coleção básica na área de negó- cios, tornando-se um centro referencial de fornecimento de informações e dados es- pecíficos financeiros, de mercado, sobre produtos e sobre companhias. Este é, sem dúvida, o setor mais descoberto do siste- ma brasileiro de informação industrial. O Instituto Nacional de Propriedade Indus- trial (Inpi) deveria criar uma rede de infor- mação utilizando as delegacias já existen- tes, atendendo a ramos de setores indus- triais com coleções específicas de docu- mentos de patentes nacionais e estrangei- ros e oferecendo serviços de informação, de fotocópias, de alertas, de disseminação de informação de levantamento do esta- do-da-arte e de informação para negócios do tipo "quem pesquisa nesta área", no- mes de vendedores, companhias e inven- tores de tecnologias etc.

Às associações de profissionais de infor- mação, sugere-se a organização de fontes de informação industrial, tais como guias, cadastros, diretórios de áreas de setores industriais, de suas companhias e de seus produtos, e de guias de fontes de infor- mação disponíveis à indústria no Brasil. À indústria de informação, sugere-se a criação de softwares específicos para ge- renciar informação, distribuição, no país de bases de dados e fontes impressas de in- formação para negócios.

Pesquisas deveriam ser desenvolvidas pelos profissionais responsáveis pelos treinamentos e cursos, sobre o fluxo de in- formação na empresa, sobre as necessi- dades específicas de informação por ra- mos de setores industriais, sobre o uso de patentes como fonte de informação técnica e de negócios.

Para qualificar adequadamente recursos humanos atuantes na área de informação industrial, sugere-se diferentes tipos de treinamentos e cursos como: a) treinamen- tos rápidos especificamente planejados para atender a um determinado ramo de setor industrial, treinamentos técnicos es- pecíficos de 15 a 60 horas sobre infor- mação para negócios no Brasil, sobre uso de patentes e normas técnicas, sobre apli- cação de softwares em informação, e

(6)

informação na indústria de bens de capital no Brasil nejamento de uma unidade de informação industrial.

Cursos de informação para negócios de-veriam ser oferecidos em locais próxi-mos à demanda, em finais de semana. Es-tes cursos incluiriam, em seu programa, conteúdos como a organização das em-presas (sociedades limitadas e anônimas, empresas públicas e privadas), bolsa de valores, mercado financeiro, mercado de commodities e de seguros, fontes de in-formação sobre finanças, estatísticas, companhias, produtos e marcas. Incluir, também no programa, informação sobre di-retórios, periódicos, relatórios anuais de companhias, pesquisas de mercado, re-sumos e índices, literatura comercial, jor-nais e bases de dados. Informações legais e financeiras deveriam ser incluídas tais como estrutura de companhias, registros, liquidação, solvência e balanços.

Cursos de especialização de 360 horas deveriam ser dirigidos a gerentes de infor-mação industrial. Cursos de mestrado de-veriam atender às lideranças desta área no país, enfatizando o ensino de gerência de recursos de informação - information resources management. Um curso de mestrado deveria formar profissionais de informação industrial com capacitação técnica em comunicação, na área especí-fica do setor industrial de atuação, em tec-nologia de informação, em gerência, lações públicas, marketing, finanças e re-cuperação de informação.

A qualificação de recursos humanos na indústria de bens de capital deve priorizar o uso de novas tecnologias para armaze-namento e acesso à dados informativos e para gerenciamento de sistemas. A pes-quisa indica a disponibilidade do uso de computadores neste setor industrial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. RZEVSKI. G; FARRAR, D.J. Information in the manufacturing industry: an assessment and proposals for improvement Aslib

Proceeding, v. 36, 1984.

2. KLINTOE, Kjeld. The aims and objectives of information services for & within industry -the tasks and qualifications of -the information officer or counsellor. In: FID/ET FID/II -Aslib Seminar on Education and Training, Edinburgh, UK 18 - 22th September, 1978. 3. SMITH, J.K. How to write Business Intelligence Reports. Business Information Review, v. 1, n. 4, p. 11-22, 1985.

Artigo aceito para publicação em 25 de novembro de 1990.

Kátia Maria Lemos Montalli

Doutora pela Loughborough University of Technology, Inglaterra, é professora adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina, De-partamento de Biblioteconomia, onde coordena o IV Curso de Especialização em Informação Tec-nológica, e membro do grupo técnico de Infor-mação em Ciência e Tecnologia do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológi-co II (PADCTII) CNPq.

Information in the capital goods

industry in Brazil

Abstract

This paper presents in brief a discussion about of a research carried out in England, at Loughborough University of Technology. These aspects are the following: the awareness on the value of information to improve competitiveness in industry; the information sources used; the type of information used in the process of technological inovation; the importance of standards specification and patent documents as information sources; the information system available for industry in Brazil and the trainning and qualification programmes required by these professionals of information. Suggestions are made for improving the situation of the information for industry in Brazil.

Key words

Information transfer; Information sources; Technological information; Economic information; Technical standards; Patents; Information services for the industry/Brazil.

Endereço:

Setor de Comercialização do IBICT SAS, Quadra 5, Lote 6, Bloco H

70070 Brasília, DF

Tel. (061) 217-6161 - Telex: 2481 CICT BR Fax: 226-2677

Referências

Documentos relacionados

Um programa de computador (software) foi desenvolvido, para demonstrar a facilidade do uso por pessoas não especializadas em finanças. É necessária apenas, base em informática.

O primeiro passo para introduzir o MTT como procedimento para mudança do comportamento alimentar consiste no profissional psicoeducar o paciente a todo o processo,

Durante os nove meses de estágio trabalhei maioritariamente no projeto do novo estudo hospitalar, juntamente com a equipa do Project Management Office Hospitalar

29 Table 3 – Ability of the Berg Balance Scale (BBS), Balance Evaluation Systems Test (BESTest), Mini-BESTest and Brief-BESTest 586. to identify fall

 Exercícios Não Específicos Representativos (NER) – tarefas de treino que não contemplam princípios de jogo específicos do modelo de jogo, independentemente do nível

6 Num regime monárquico e de desigualdade social, sem partidos políticos, uma carta outor- gada pelo rei nada tinha realmente com o povo, considerado como o conjunto de

Segundo a Adidas e o Porta dos Fundos contaram à Máquina do Esporte, a conversa surgiu há algumas semanas, quando o gru- po de humor procurou a empresa para que os uniformes do

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial