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Cultivo de sementes crioulas de milho e feijão em consórcio e monocultivo em Ipanguaçu-RN / Cultivation of creole seeds of maize and beans in consortium and monoculture in Ipanguaçu-RN

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58941-58950 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Cultivo de sementes crioulas de milho e feijão em consórcio e monocultivo em

Ipanguaçu-RN

Cultivation of creole seeds of maize and beans in consortium and monoculture

in Ipanguaçu-RN

DOI:10.34117/bjdv6n8-344

Recebimento dos originais: 08/07/2020 Aceitação para publicação: 19/08/2020

João Paulo da Rocha

Aluno no curso de Agronomia, Ciências Agronômicas e Florestais, Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA

Endereço: Av. Francisco Mota, 572 - Pres. Costa e Silva, Mossoró, RN, 59.625-900. E-mail: jjoaopauloedu@hotmail.com

Claudeone Manoel do Nascimento

Aluno no curso de Agronomia, Ciências Agronômicas e Florestais, Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA

Endereço: Av. Francisco Mota, 572 - Pres. Costa e Silva, Mossoró, RN, 59.625-900. E-mail: claudeonenascimento1@gmail.com

Fernanda Gomes da Silva

Aluna do curso de Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semiárido- UFERSA Endereço: Av. Francisco Mota Bairro, 572 - Pres. Costa e Silva, Mossoró - RN, 59625-900.

E-mail: fernanda.gomess@outlook.com

Gleyson Araújo dos Santos

Aluno do curso de Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semiárido- UFERSA Endereço: Av. Francisco Mota Bairro, 572 - Pres. Costa e Silva, Mossoró - RN, 59625-900.

E-mail: gleysonaraujo730@gmail.com

Ana Clécia Rebouças Maciel

Aluna no curso de Agronomia, Ciências Agronômicas e Florestais, Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA

Endereço: Av. Francisco Mota, 572 – Pres. Costa e Silva, Mossoró, RN, 59625-900. E-mail: anaclecia_18@hotmail.com

Vitoria Regia Barros da Costa

Aluna do curso de Agronomia, Universidade Federal Rural do Semiárido- UFERSA Endereço: Av. Francisco Mota Bairro, 572 - Pres. Costa e Silva, Mossoró - RN, 59625-900.

E-mail: vitoriabarros93.vb@gmail.com

Marcos Aurelio Victor de Assunção

Aluno do curso de Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semiárido- UFERSA Endereço: Av. Francisco Mota Bairro, 572 - Pres. Costa e Silva, Mossoró - RN, 59625-900.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58941-58950 aug. 2020. ISSN 2525-8761

João Vianey Fernandes Pimentel

Doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande

Professor do Curso de Agroecologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- IFRN

Endereço: RN 118, S/N, Povoado Base Física, Zona Rural Ipanguaçu - RN, 59508-000. E-mail: vianeypim@gmail.com

RESUMO

Muitas famílias vêm perdendo os seus valores tradicionais em decorrência do avanço cada vez maior de alimentos industrializados, que torna a cada ano as pessoas dependentes desse sistema. O presente trabalho compara o cultivo de sementes crioulas, em consórcio e monocultivo, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Ipanguaçu, tendo o intuito de motivar a utilização desse sistema de consórcio, estimulando também o sistema de plantio sem preparo do solo e sem o uso de agrotóxicos, garantindo a produção de sementes crioulas de forma sustentável. A pesquisa enfatiza o sistema de cultivo de sementes crioulas, adaptado para a realidade do agricultor familiar, investigando a produtividade em um sistema consorciado relacionando também a um sistema de cultivo puro, no qual houve comparação de dois arranjos espaciais de consórcio e do cultivo puro de ambas as culturas (Feijão e Milho), constatando um melhor desenvolvimento e produtividade do milho em relação ao feijão, em todos os arranjos espaciais testados, e com melhor desempenho das duas culturas no consórcio, em relação ao cultivo puro. Houve concordância com algumas pesquisas já realizadas, confirmando que o plantio consorciado, trás realmente benefícios para um sistema de produção tanto de subsistência como para economia do agricultor familiar, onde, com o consórcio aproveita-se mais espaço da área, têm-se menos gastos quando comparado ao sistema convencional de produção, em monocultura. Além disso, diminui a incidência das pragas, entre outros requisitos que torna do sistema consorciado uma boa opção para o agricultor familiar que procura baixos custos e maiores rendimentos na produção.

Palavras-chave: Sementes crioulas, Consórcio, Sustentabilidade, Segurança alimentar. ABSTRACT

Many families have been losing their traditional values as a result of the increasing advance of industrialized food, which makes people dependent on this system every year. This work compares the cultivation of Creole seeds, in consortium and monoculture, at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte, Ipanguaçu Campus, with the intention of motivating the use of this consortium system, also stimulating the planting system without soil preparation and without the use of pesticides, ensuring the production of Creole seeds in a sustainable way. The research emphasizes the system of cultivation of criollo seeds, adapted to the reality of the family farmer, investigating the productivity in a consortium system also relating to a system of pure cultivation, in which there was a comparison of two spatial arrangements of consortium and pure cultivation of both crops (Beans and Corn), noting a better development and productivity of corn in relation to beans, in all spatial arrangements tested, and with better performance of the two crops in the consortium in relation to pure cultivation. There was agreement with some researches already done, confirming that the consortium planting brings real benefits for a production system both for subsistence and for the economy of the family farmer, where, with the consortium more space is taken advantage of in the area, there are less expenses when compared to the conventional system of production, in monoculture. Moreover, it reduces the incidence of pests, among other requirements that makes the consortium system a good option for the family farmer who seeks low costs and higher yields in production.

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Keywords: Heirloom seeds, Consortium, sustainability, food safety.

1 INTRODUÇÃO

Em meio a tantos absurdos causados pela Agricultura Convencional, ainda assim existem famílias preservando o que foi deixado daquele tempo onde a Agricultura Familiar era a sua fonte de alimentação e saúde. Segundo Santilli (2009), citado por Milani et al. (2014), apenas sete espécies correspondem a 70% da Nutrição humana, atualmente: trigo, arroz, milho, mandioca, batata, batata doce e cevada. A escassez da alimentação saudável é influenciada por algumas empresas transnacionais que fazem com que os agricultores se obriguem a comprarem sementes o ano todo.

Contudo, depende da força de cada um que preza a favor das sementes Crioulas para inibir essa realidade. É uma tarefa difícil ganhar para grandes empresas que só crescem por sua facilidade que oferecem e, por ser fruto da consequência de um mundo que se torna cada vez mais dependente da tecnologia. No entanto, ainda temos muito a ganhar com o avanço da Agroecologia e de agricultores que mesmo em meio a tantos motivos para desistir, prezam pela herança natural deixada pela natureza e ensinada por povos antepassados.

Esse processo de perda do controle das sementes por parte dos agricultores começa com o desenvolvimento das sementes hibridas e chega ao cume com o surgimento das sementes transgênicas com suas políticas de royalties e a perda de seu poder germinativo (Nuñes e Maia, 2006). Vale lembrar que em sua origem são sementes naturais. Antes de começar todo esse processo de mudanças feitas pelas multinacionais elas já existiam, já produziam sem necessidade de produtos químicos ou uso de agrotóxicos para controle de praga, floresciam e davam frutos. Um trabalho realizado pelos autores Tofanelli e Sandri (2008), avaliou a produção e a rentabilidade do milho crioulo em condições de campo, no Cerrado do município de Mineiros - GO. E o resultado que tiveram é difícil de obter nos sistemas convencionais e tecnológicos atualmente empregados na agricultura brasileira. O fato de não se necessitar de altos níveis de investimento em insumos, para se alcançar produtividades interessantes, demonstra que o milho crioulo apresenta-se como uma alternativa viável para a agricultura não convencional.

O feijão por ser um importante componente nutricional, rico em proteína e carboidrato, além de ser uma cultura com diversificada variedades, é plantado em quase todo território brasileiro. A cultura do feijão tem fundamental importância social e econômica para o Brasil, que é o maior produtor e consumidor mundial desta leguminosa (Milani et al., 2014). Caracteriza-se por ser uma leguminosa (Fabaceae) de metabolismo fotossintético C3, ou seja, mostra-se menos eficiente na fixação do CO2 em relação ao milho, que é uma gramínea (Poaceae) e apresenta metabolismo

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fotossintético C4. O sucesso desse consórcio está basicamente nas diferenças apresentadas por ambas quanto às exigências e tolerâncias. Neste sistema, nota-se uma competição entre a gramínea e a leguminosa, principalmente em relação à luz, já que a leguminosa apresenta porte bem mais baixo que a gramínea (Vieira, 1999), citado por DEMARCHI 2004. O sombreamento causado pela cultura mais alta reduz tanto a quantidade de radiação solar à cultura mais baixa como a sua área foliar. Uma vez que a radiação afeta o desenvolvimento da cultura de menor porte, a escolha do melhor arranjo e da época de semeadura é crucial no desempenho do sistema, ou seja, na maximização da produção. Contudo, podemos dizer que evitar espaçamentos muito curtos seria uma das formas de amenizar essa preocupação do desenvolvimento e competição por luz solar. No caso do sistema de plantio direto, há comportamento diferente dos novos cultivares de feijão, principalmente no que se refere à população de plantas. O uso de espaçamento e densidade corretos constitui uma prática de baixo custo e fácil entendimento por parte dos agricultores. Estudos diversos mostram que a luz é o principal fator de competição entre plantas durante a fase reprodutiva, sendo a característica de número de vagens a mais prejudicada devido à falta de luz. De modo geral, espaçamento mais recomendado é o de 0,5m entre fileiras com densidade de 10 a 15 sementes metro -1, independente do cultivar (Oliveira et al., 1999, citado por DEMARCHI, 2004). As sementes

crioulas passaram a ser oficialmente reconhecidas a partir do surgimento da nova lei de sementes (Lei n.10.711/03), que surgiu em agosto de 2003 (CAMPOS et al., 2006, citada por Catão et al., 2010).

Com intuito de multiplicar e testar formas de cultivos dessas sementes no IFRN-Campus Ipanguaçu-RN, foram resgatadas sementes de Milho Ligeiro e Feijão Lisão de agricultores familiares potiguares, e aproveitando-se o potencial produtivo do Vale do Açu, lugar de solo permeável e fértil, facilitando boas produções, realizou-se um cultivo em plantio sem preparo de solo testando-se o consórcio das duas culturas.

A semente é um dos insumos mais importantes na agricultura, constituindo-se em fator determinante do sucesso ou fracasso dos cultivos (COSTA & CAMPOS, 1997). A semente crioula em si, além de ser saudável, apresenta vantagens a mais que podem ser consideradas como fatores determinantes na constituição das lavouras pelos agricultores familiares, sendo um insumo de baixo custo e adaptado para o cultivo de subsistência, evitando a compra de insumos de fora da propriedade. Essa forma de produção tem sido utilizada nos dias atuais, principalmente na Agricultura Familiar, que além da subsistência, resgatam os saberes tradicionais, aumentando a biodiversidade de culturas e trazem de volta a segurança na mesa do homem do campo. Muitos ainda lamentam o que a tecnologia trouxe de negativo para esse sistema de produção, alterando

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geneticamente algo tão puro e tão produtivo. Seguindo esses valores culturais e em meio às sementes crioulas mais multiplicadas, destaca-se o Feijão, cultura com bastante área plantada no Brasil e de muito interesse por parte da tecnologia convencional, não à toa, pois é uma cultura de elevado valor genético e cultural, tornando-se, assim, uma cultura importante para ser utilizada em cultivos de subsistência pelos agricultores familiares da região. Não muito distante do feijão, segue o Milho, alimento oriundo para produzir outros alimentos, entre eles podemos citar o cuscuz e outros derivados, que não pode faltar na mesa de muitos agricultores familiares. Podemos citar o milho sendo de grande importância como cultura de subsistência. Considerando o grande avanço do agronegócio e dos cultivos transgênicos, o milho encontrado, hoje, na maioria dos alimentos comercializados é geneticamente modificado. Levando-se também em consideração que é muito utilizado na produção tecnológica convencional, portanto, corre risco de ser extinto na sua originalidade se não fizermos sempre uma multiplicação das sementes crioulas, acrescido da oportunidade de realizar outras pesquisas.

Neste contexto, o consórcio de culturas pode transformar-se em uma prática de grande expressão para a agricultura de subsistência (Raposo, 1995). E é com o incentivo através de trabalhos como este que os pequenos produtores devem buscar sua melhoria econômica e alimentar, produzindo seu próprio alimento e buscando menos de fora para que haja um melhor equilíbrio financeiro, saudável e ecológico. Objetivou-se com esse trabalho avaliar a produtividade de sementes Crioulas de Milho e Feijão na condição de Consórcio e Monocultivo em Ipanguaçu-RN.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na Fazenda-Escola do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - Campus Ipanguaçu. As sementes Crioulas de Milho Ligeiro (Poaceae) e Feijão Lisão (Fabaceae), foram obtidas de agricultores da cidade de Apodi-RN, e Mossoró-RN. A pesquisa de Multiplicação de sementes foi realizada em consórcio e em plantio sem preparo do solo, em uma área onde se localiza o Quintal Agroecológico, no referido Campus, onde também é utilizada para a produção de Hortaliças e frutas Orgânicas para a merenda do Instituto Federal. Este trabalho faz parte também das metas propostas pelo projeto “Sementes crioulas para o fortalecimento da agricultura familiar no Vale do Açu-RN”, desenvolvido pelo NEA (Núcleo de Estudos em Agroecologia), através do projeto aprovado no Edital da Chamada MCTI/MAPA/CNPq Nº 40/2014 - Linha 1: Sementes Crioulas, tradicionais ou Locais, registrado no CNPq com o processo 473158/2014-0. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e três repetições.

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O plantio das sementes crioulas foi iniciado no dia 27/11/2015. Para realizarmos o experimento, utilizou-se 156,6 m² da área, sendo 29 m de comprimento e 5,4 de largura. Nesse espaço foram divididas 4 (quatro) áreas com espaçamento entre elas de 3 m. Em cada área efetuou-se o plantio das efetuou-sementes Crioulas de Milho e Feijão. Na 1ª área foi plantado apenas Milho (plantio puro); na 2ª área foi plantado consórcio alternando Milho e Feijão em cada linha; na 3° área foi plantado apenas Feijão (plantio puro); na 4° área, o consórcio foi plantado com as Fileiras do Milho no meio das Fileiras do feijão. O espaçamento entre linhas foi dado em 0,90 m e entre plantas de cada fileira em 0,5 m (Figura 1). Em cada área foram realizadas três amostragens de um metro quadrado para aferição da produtividade das culturas.

Figura 1. Distribuição das plantas no campo. Ipanguaçu, RN, 2016.

Ao 9° dia, após a semeadura, observou-se um ataque de lagarta no experimento. Um dia após a observação utilizou-se como primeiro tratamento para esse ataque um método orgânico com a Água de Vidro (água fervida com Cal e Cinza) e Chorume de húmus de minhoca. Passados alguns dias, foi feito o segundo tratamento, utilizando-se Chorume de Húmus com o Extrato de Nim (após passar três dias na água), com isso melhorando as condições de controle da praga. No intervalo dos

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tratamentos, foi feita uma capina preservando a cobertura morta do solo (ao todo na pesquisa foram feitas duas capinas). Na plantação, houve algumas falhas de ambas as culturas, havendo a necessidade de replantio. Porém, foi realizado o replantio apenas do Feijão, após 22 dias do plantio, considerando a não disponibilidade das sementes de milho para o replantio.

Em 20 de Janeiro de 2016 (54 dias após a semeadura) foram identificadas as primeiras inflorescências femininas (bonecas) no milho, atingindo 50% das plantas do milho das amostras em 25 de janeiro de 2016 (59 dias após a semeadura). As espigas foram colhidas em 18 de fevereiro de 2016 (83 dias após a semeadura), em dia único. Já as primeiras flores do feijão foram identificadas em 20 de janeiro de 2016 (54 dias após a semeadura), atingindo 50% das plantas amostradas em 25 de janeiro de 2016 (59 dias após a semeadura). As colheitas das vagens se iniciaram em 18 de fevereiro de 2016 (83 dias após a semeadura), estendendo-se até 31 de março de 2016 (125 dias após a semeadura).

Utilizou-se o software ASSISTAT Versão 7.7 beta (2016) - Homepage http://www.assistat.com, de Francisco de A. S. e Silva DEAG-CTRN-UFCG – Atualização de 01/06/2016, em conformidade com SILVA & AZEVEDO (2009). Os dados foram submetidos à análise de variância ao nível de 5% e 1% (p<0,05 e p<0,01) de probabilidade, pelo teste F, conforme FERREIRA (2000), e as médias foram comparadas pelo teste de Tuckey.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme resultados apresentados na Tabela 1, com relação à produtividade do milho e do feijão, o tratamento realizado na parcela 2, foi o que apresentou maiores vantagens em sua produtividade. A parcela foi cultivada em consórcio, com alternância de plantas na mesma linha, onde teve uma produtividade para o Milho de 0,6 kg. m-2 e para o Feijão de 0,07 kg . m-2, ambas

superiores ao cultivo puro da mesma cultura, com significância estatística. Considerando a realidade em que o experimento foi realizado, onde os solos são naturalmente férteis, o consórcio de fato não implicou em competição negativa para o milho, mas sim foi benéfico pela diversidade e complementaridade entre as espécies. DEMARCHI (2004) afirma que o consórcio pouco ou nada interferiu na sua pesquisa, pois se verificou que os maiores valores dizem respeito aos tratamentos em consórcio e que ao invés de ser prejudicado o milho foi favorecido pela presença do feijão. Esses resultados são discordantes da pesquisa de Komuro et al. (2012), que diz que as plantas em cultivo puro apresentaram, em sua pesquisa, 4804 espigas ha-1 a mais que as consorciadas, mostrando que

o consórcio interferiu negativamente na produtividade de espigas, fato que contradiz ao trabalho apresentado aqui, cujos resultados confirmam os encontrados no trabalho de DEMARCHI (2004).

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Segundo a pesquisa de Demarchi, realizada entre 2001 a 2002 e, apresentada em 2004, o rendimento de grãos apresentou valores bem maiores quando em consórcio. Em 2001, o máximo rendimento em consórcio foi de 1.631 kg ha-1 (Milho BR 201-30.000 plantas ha-1 + feijão-250.000 plantas ha-1)

e o máximo rendimento no monocultivo foi de 1.111kg (Milho BR 201-50.000 plantas ha-1), ou seja,

o sistema consorciado produziu em média 520 kg ha-1 a mais que o outro. Os dados de 2002

confirmaram o benefício que o consórcio traz ao milho, quanto ao rendimento de grãos.

Tabela 1. Análises de variância e médias para a produtividade do milho e do feijão, com relação ao tratamento de cultivo puro e consorciado com alternância de plantas na mesma linha e com alternância de linhas (2 linhas de milho e 2 de feijão). Ipanguaçu, RN, 2016.

(ns) não significativo; (*) significativo a nível de 5% de probabilidade (0,01 =< p < 0,05) , (**) significativo a nível de 1% de probabilidade (p < .01), pelo teste de F . As médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem estatisticamente entre si no Teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade.

Vale destacar, que neste experimento, houve competição com ervas daninhas, o que dificultou a capina manual no sistema Agroecológico, e por o Feijoeiro ser uma planta rasteira que após cobrir a área dificulta a prática da capina manual e como consequência obteve-se uma baixa produtividade do mesmo. Nesse sistema consorciado, foi facilmente observado, que se uma das culturas se desenvolve fracamente, a outra cultura componente pode compensar; tal compensação não é possível se as duas culturas são cultivadas separadamente, como no monocultivo. Se for observar outro fator determinante para o consórcio como explicação para o melhor desempenho do milho, pode-se citar a luz solar, onde o Milho por ser uma cultura mais alta dificulta a chegada da luz para cultura mais baixa, no caso o feijão. Assim, como diz CHAGAS et al. (1983), o milho compete fortemente com o feijoeiro na utilização de água, nutrientes e luz. Mesmo em regime de muita chuva, e em solo com boa fertilidade, há competição, porque o milho, em razão de sua arquitetura vegetativa e porte alto, sombreiam a leguminosa, privando-a de boa parte da luz.

Além disso, considerando-se os pesos totais do milho colhido em toda a parcela de cultivo puro (que não foi a de maior produtividade), obteve-se uma produtividade de 3.331 kg/ha, que é

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superior à média de produtividade do milho cultivado na região do Rio Grande do Norte, segundo o analista de mercado Agrícola da Conab, Luís Gonzaga de Araújo, conforme a Tabela 2.

Tabela 2: Comparativo de área, produtividade e produção – milho

Medida Safra 2014 Safra 2015 Variação (%)

Área (ha) 32.386 35.245 8,8

Produtividade (kg/ha) 633 402 -35,5

Produção (tonelada) 20.511 14.168 -31,0

Fontes: ARAÚJO, 2015, com base nas fontes cadastradas: IBGE/RN, EMATER/RN, Secretaria de Agricultura dos Municípios.

4 CONCLUSÃO

É possível inferir que O sistema de cultivo em consórcio é sim uma boa opção para os agricultores familiares e para aqueles que visam manter suas tradições multiplicando sementes de forma que mantenham viva a cultura de comer bem, de modo sustentável de acordo com os princípios agroecológicos e, ainda, obtendo baixos custos na produção. Para que isto aconteça, precisa-se de mais trabalhos como este, incentivando e divulgando esse sistema no semiárido, para que se tenha esse conhecimento em todas as regiões do país que ainda não utilizam o resgate das sementes crioulas, tendo como consequência a maior independência dos agricultores e a garantia de uma alimentação saudável.

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REFERÊNCIAS

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CATÃO, Hugo; COSTA, Flaviane; VALADARES, Samuel; DOURADO, Emuriela; JUNIOR, Delacyr; SALES, Nilza. Qualidade física, fisiológica e sanitária de sementes de milho crioulo produzidas no norte de Minas Gerais. Out, 2010.

CHAGAS, J.M. et al. Efeito do intervalo entre fileiras de milho sobre o consórcio com a cultura do feijão. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.18, n.8, p.879-885, 1983.

COSTA, J.G.; CAMPOS, I.S. Recomendações básicas para a produção de sementes de milho no nível da pequena propriedade rural. Acre: EMBRAPA, 1997. (Instrução técnica, n.4).

DEMARCHI, Alessandra; ARF, Orivaldo; SILVA, Matheus; SÁ, Marco; BUZETTI, Salatiér; ANDRADE, João e SOBRINHO, Evaristo. Comportamento do milho consorciado com feijão em sistema de plantio direto. 2004.

FERREIRA, P. V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 2. ed. Maceió: EDUFAL, 2000. 421p.

KOMURO, Lauro; ANDRADE, João; SANTOS, Neli; PEREIRA, Leandro; SOUZA, Lilian. Milho-Verde em Consórcio com Feijão em Diferentes Populações. Ago 2012.

MILANI, Alderi1; WRONSKI, Michele; BACEGA, Moisés; TENROLLER, Roselei; SILVA, Marciano Toledo. 1 Cooperativa Oestebio, São Miguel do Oeste-SC. 2 Movimento dos Pequenos Agricultores. Desenvolvida de 07 a 09/10/2014. Disponível em: Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol. 9, No. 3, 2014.

NUÑEZ, Poppy; MAIA, Alessandro, Sementes Crioula: Um Banco de Biodiversidade. nov, 2006.

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Figura 1. Distribuição das plantas no campo. Ipanguaçu, RN, 2016.
Tabela 1. Análises de variância e médias para a produtividade do milho e do feijão, com relação ao tratamento de cultivo  puro e consorciado com alternância de plantas na mesma linha e com alternância de linhas (2 linhas de milho e 2 de  feijão)
Tabela 2: Comparativo de área, produtividade e produção – milho

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