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Academic year: 2020

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Revista do Curso de Direito da Universidade Braz Cubas V1 N2: Junho de 2017

ALIENAÇÃO PARENTAL: GUARDA COMPARTILHADA

Tainá Kavashima Soares1 Resumo

Este trabalho tem por objeto o estudo da alienação parental conjuntamente com a guarda compartilhada, e como o entendimento da guarda compartilhada tornou-se a regra na legislação brasileira tendo em vista seus benefícios e o melhor interesse do menor. Nos dias atuais, cada vez mais cresce o número de divórcios, separações e dissoluções de uniões estáveis, deixando uma criança fruto do referido relacionamento anterior que na maioria dos casos vem a sofrer com a separação dos genitores e ser alienada por um deles ou ambos os pais que não aceitam a separação ou não querem que o filho ainda tenha contato com o outro genitor, assim foi criada a Lei nº 12.318/2010 que dispõe sobre a alienação parental que veio para esclarecer aos genitores e operadores do direito seu conceito, exemplos de ações que caracterizam os atos de alienação parental, seu procedimento perante o Poder Judiciário, suas sanções entre outras disposições para resolver um problema que existe há anos porém só recentemente surgiu a lei a respeito do presente tema. A Lei nº 13.058/2014 sobre a guarda compartilhada alterou artigos do atual Código Civil, conceituando seu significado e fez com que a guarda compartilhada se torna-se a regra nos litígios acerca da guarda dos filhos e os outros tipos de guarda como exceção.

Palavras-chave: Alienação parental. Guarda compartilhada. Família. Direito de Família. Guarda.

Abstract

This work has for object the study of parental alienation in conjunction with joint custody, and how the understanding of joint custody has become the rule in brazilian legislation with a view to its benefits and the best interest of the minor. Nowadays, more and more it grows the number of divorces, separations and dissolutions of stable unions, leaving a child fruit of that previous relationship which in most cases come to suffer with the separation of the parents and be disposed of by one or both parents who do not accept the separation or don't want the son still has contact with the other parent as well, the Law 12.318/2010 which parental alienation that came to be clear to parents and operators oh the right concept, examples of actions that characterize the acts of parental alienation, its procedure before the Judiciary, its sanctions among other provisions to solve a problem that has existed for years but only recently did the law regarding this theme. The Law 13.058/2014 on joint custody changed articles of the current civil code, conceptualizing their meaning and made joint custody if it becomes the rule in disputes concerning the custody of children and the other guard as an exception.

Key-words: Parental Alienation. Shared Custody. Family. Family Law. Guard.

Sumário

1. Introdução 2. Da guarda e da proteção ao incapaz. 3. Da relação entre os tipos de guarda e a alienação parental. 4. A guarda compartilhada e suas vantagens. 5. A alienação parental. 6. Alienação parental e a guarda compartilhada. 7. A guarda compartilhada como solução para a alienação parental. 8. Considerações finais. Referências.

1 Introdução

O presente artigo tem por objetivo o estudo e a reflexão acerca do melhor interesse do menor na discussão pela sua guarda, a alienação parental que esse menor poderá vir a sofrer após a separação dos genitores e o tipo de guarda compartilhada onde ambos os genitores possuem a

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guarda da criança e o poder familiar, onde eles tem a responsabilização conjunta para tomada de decisões relacionados ao menor. Esta modalidade também é a que o menor tem o mesmo tempo de convívio com ambos os genitores, mesmo que sua moradia seja com um deles, foi a residência que melhor atendia os interesses do menor. O menor que com o término do casamento, a dissolução da união estável não poderá ficar desamparado, pois é dependente dos pais, em alguns casos incapaz mesmo após atingida a maior idade, ambos os pais tem o dever e direito de cuidar e amparar seus filhos materialmente e afetivamente para que a separação não prejudique o bom crescimento da criança em questão. Na ausência de pais, terceiros que são pessoas a quem é atribuída a guarda pelo juiz, ou na omissão de cuidados com o menor o Conselho Tutelar será acionado para que sejam cumpridas as obrigações dos pais para com os filhos e se caso for necessário enviar ao Poder Judiciário para que em conjunto com o Ministério Público tome as medidas cabíveis. Existem em nosso ordenamento jurídico atual três tipos de guarda: a guarda unilateral, onde a guarda é atribuída ao genitor guardião e o outro genitor possui o direito de visita e fiscalização as decisões tomadas pelo guardião em relação a criança, a guarda alternada onde o menor possui dois lares, podendo ficar mensalmente ou anualmente em uma residência e após certo período ir morar com o outro genitor, o poder familiar para decidir sobre o menor é atribuído com o genitor que o menor esta morando no momento e a guarda compartilhada onde ambos os genitores possuem o poder familiar podendo decidir sobre os assuntos relacionados ao filho menor, e o mesmo reside com o genitor que melhor atende ao interesse da criança. A guarda compartilhada possui suas vantagens em relação os outros tipos de guarda tendo em vista que na guarda unilateral e na guarda alternada o menor sempre terá mais contanto com um dos genitores do que com o outro genitor, e, além disso, o menor em decorrência desta falta de convívio com o outro genitor tem grandes chances de vir a sofrer com a alienação parental por um dos genitores ou por ambos.

A alienação parental que existe e é praticada há anos começa quando o alienador induz o menor com mentiras, invenções, falsas memórias acerca do outro genitor, em alguns casos até mesmo muda de residência diversas vezes no intuito de afastar a criança do outro genitor, sendo que na realidade o outro genitor não fez, disse, nada que o alienador alega ao menor, com essa alienação ele pretende que a criança ainda em desenvolvimento não queira mais ter contato com o outro genitor, odeie o outro genitor, porém a alienação é muito prejudicial ao menor que ainda está em desenvolvimento e no futuro quando vier a ter conhecimento da verdade pode ser tarde demais para reatar os laços entre pais e filhos. 2 Da guarda e da proteção ao incapaz

Em decorrência da separação um dos genitores deverá ficar com a guarda do filho menor ou do maior incapaz que é um direito natural e também um dever de cuidar da criança ou adolescente, amparando o mesmo materialmente, afetivamente e cuidando dos interesses do menor, exercendo seu poder familiar. Ao outro genitor que não foi atribuída a guarda cabe o direito de visita e a fiscalização da criação do menor, podendo conjuntamente tomar decisões sobre o menor dependendo de qual tipo de guarda foi estipulada. Eventualmente a guarda poderá ser atribuída pelo juiz a um terceiro desde que ele tenha condições melhores para exercê-la, dando preferência aos parentes mais próximos como os avós.

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O menor não tem como se proteger sozinho, por isso é um direito e um dever dos pais cuidar das suas necessidades como dependente deles, como por exemplo sua saúde, alimentação, educação entre outras assistências necessárias para o bom desenvolvimento da criança. Para fiscalizar o cumprimento desse dever dos pais ou de quem foi atribuída a guarda há o Conselho Tutelar, que existe em cada município com atribuições importantes ao menor e adolescente, devendo se necessário, fazer o encaminhamento para o Ministério Público no caso de infração administrativa ou penal contra os direitos previstos na lei da criança e do adolescente.

3 Da relação entre os tipos de guarda e a alienação parental

A decisão de quem será atribuída a guarda raramente é amigável, assim a solução é ser decidida por meios judiciais, que na maioria das vezes o menor poderá vir a sofrer com a alienação parental praticada por um de seus genitores ou até mesmo por algum parente próximo que não aceita a decisão proferida pelo juiz. Tendo em vista que a guarda unilateral, monoparental ou única, é aquela em que será concedida a somente um dos genitores ou responsável onde o menor possui seu lar com o genitor guardião, e ele é o responsável pelas decisões relacionadas ao menor. E o genitor não guardião, possui o direito de visita e fiscalização em relação as decisões do guardião. Esse tipo de guarda que por muitos anos foi a mais comum acaba prejudicando a convivência com o genitor que não foi atribuída a guarda, e muitas vezes o guardião coloca o menor contra o outro genitor, atrapalhando muito a criança em seu desenvolvimento. Na guarda alternada, onde o menor não reside em um local fixo, só com um genitor e sim, possui dois lares podendo permanecer um período com um genitor e depois de alguns meses ou anos ir morar com o outro, dificulta muito a convivência com os dois genitores, e o mais grave desta guarda é que o menor fica sem referência de lar, sendo muito prejudicial ao seu crescimento, pois terá sempre que se mudar de escola, amigos, vizinhos. Esse tipo de guarda também faz o guardião do período exercer o poder familiar, decidindo sobre os interesses do menor e quando a criança troca de lar o poder familiar é atribuído ao outro genitor. Por conseguinte a última modalidade de guarda é a compartilhada, onde ambos os genitores exercem o poder familiar, decidindo juntos sobre os interesses do menor, logo não ocorre o risco de não haver a convivência entre os pais e seus filhos, não podendo esta ser confundida com a guarda alternada, pois o menor possui somente um lar com um dos genitores que por decisão dos dois foi a melhor para a criança.

4 A guarda compartilhada e suas vantagens

A modalidade de guarda compartilhada está prevista na Lei n° 13.058/2014 que alterou os artigos 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 do atual Código Civil descrevendo seu significado e relatando sobre sua aplicação. As atuais alterações tornaram a guarda compartilhada a regra quando os genitores não entrarem em acordo quanto à guarda do filho e ambos tiverem condições para exercer o poder familiar, exceto quando algum dos genitores declarar ao juiz que não tem interesse na guarda do filho.

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Na guarda compartilhada ambos os genitores são responsáveis pelos interesses do menor, desde uma mera decisão como por exemplo se pode dormir na casa de um colega de classe, como numa decisão importante como exemplo em que instituição de ensino vai estudar, são decisões conjuntas sempre pensando no melhor para a criança. Esse tipo de guarda é a maneira mais eficaz de manter sempre os genitores próximos ao menor, mesmo a criança residindo somente com um dos genitores. Todavia esse tipo de guarda requer mais compreensão, entendimento e maturidade de ambos os genitores, tendo em vista que eles sempre terão que ter contato para dialogar e decidir sobre assuntos relacionados ao menor, mesmo que a separação ou dissolução da união estável seja marcada por litígios, contudo são raros os casos em que após a separação ainda há um bom relacionamento entre os pais da criança.

Atualmente a guarda compartilhada também é mais vantajosa que os outros tipos de guarda, haja vista que a mulher, genitora ganhou espaço no mercado de trabalho, nos cursos superiores e antes a mesma somente se dedicava ao lar, filhos e marido. E alguns dos genitores passaram a tomar conta do lar, ou até mesmo dos filhos enquanto a mulher trabalha, isso nos trás a reflexão que hoje em dia tanto o homem quanto a mulher estão aptos a cuidarem do filho em comum após a ruptura do relacionamento.

5 A alienação parental

A alienação parental é regulada pela Lei n° 12.318 de 2010, que começa quando algum dos genitores, os dois ou o terceiro que detenha a guarda induz a criança contra um dos genitores, fazendo uma lavagem cerebral na cabeça do menor, falando mentiras, omitindo verdades, ou até mesmo acusações sexuais com o objetivo de afastar a criança do outro genitor, seja para ter menos contato, para criança não desejar mais ver o outro genitor ou absurdamente para o menor odiar, repudiar um dos genitores, fazendo com que se perca os laços familiares entre pais e filhos. As consequências do menor ser alienado são incontáveis podendo prejudicar ele no seu desenvolvimento como criança, nos seus pensamentos, em sua educação e principalmente na relação com outras pessoas que futuramente poderá prejudicá-lo em seu trabalho, na casa e nos relacionamentos amorosos. Além do mais, o alienado poderá carregar desde criança os piores sentimentos para uma cabeça ainda em desenvolvimento de valores e princípios, como ódio, desconfiança, depressão, pânico, ansiedade que o alienador inventa sobre um dos seus genitores ou sobre ambos.

Raramente a alienação parental não ocorre após o divórcio dos genitores, a dissolução da união estável, tendo em vista que após a separação a discussão, os desentendimentos vêm a tona e na maioria das vezes acabam no Poder Judiciário, onde um dos genitores que não aceita tal separação, por ciúmes do ex-cônjuge ou por medo de perder a guarda, a atenção e o amor do filho para o outro genitor. A Lei n° 12.318 de 2010 traz a definição legal do ato de alienação parental como a interferência na formação psicológica da criança e do adolescente, exemplifica ações caracterizadas como atos de alienação parental, prevê a conduta do genitor que vê seu filho sendo alienado como entrar com ação autônoma ou incidentalmente, onde o feito correrá com prioridade tendo em vista os prejuízos ao menor, estipula que confirmando o ato de alienação parental o juiz poderá além das sanções civis ou criminais determinar multa,

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alteração da guarda compartilhada ou sua inversão, entre outras. A referida lei facilitou o reconhecimento da sua ocorrência pelo genitor ou pessoas que convivem com o menor. Os sintomas que os atos de alienação parental causam a criança ou adolescente alienado são denominados de Síndrome de Alienação Parental, mas conhecida como SAP, ela foi definida pelo psicanalista e psiquiatra infantil Richard Gardner em 1985. Embora seja recente a definição da SAP sua ocorrência sempre esteve presente em discussões sobre a guarda dos filhos, pensão alimentícia e etc. O menor alienado e o alienador necessitam de um tratamento psicológico tendo em vista os prejuízos e danos que a alienação parental causa, porém quem mais carece é o genitor alienador porque é fundamental que ele se conforme com a separação e entenda que o seu filho precisa conviver e ter uma boa relação com seu outro genitor para o seu bom desenvolvimento.

6 Alienação parental e a guarda compartilhada

Tendo em vista que a guarda compartilhada é o tipo de guarda que melhor atende aos interesses do menor, ela seria a guarda que tem a menor chance de ocorrer a alienação parental entre algum dos genitores ou ambos, pois na guarda compartilhada o menor convive com os pais, não presencia discussões por dias de visitas ou com quem ficará a criança nas férias, feriados e datas comemorativas. Para a guarda compartilhada ser a melhor opção devem os pais terem consciência que se tiverem um bom relacionamento para decidirem assuntos relacionados ao filho em comum será melhor para todos. A ruptura de um relacionamento amoro não precisa terminar em situações desagradáveis e desastrosas como a alienação parental que ocorre em quase todos os casos após a separação, os pais devem compreender que o relacionamento acabou, porém tiveram um filho juntos e que a criança não deixará de ser filho do outro cônjuge, assim terá que conviver, ter contato com ambos e com seus respectivos familiares como teriam se não houvesse terminado a relação anterior. E mesmo que futuramente o outro genitor tenha um novo relacionamento e tenha outros filhos com outra pessoa, o ex-cônjuge precisa ter em mente que o filho em comum não deixará de ter menos importância para o outro genitor e sim terá que ter o mesmo convívio e relacionamento entre pais e filhos como anteriormente.

7 A guarda compartilhada como solução para a alienação parental

Sendo a guarda compartilhada, a que ambos os genitores tem a responsabilidade de decidir sobre o filho em comum em todos os aspectos, é a melhor opção para inibir a alienação parental conforme autores, profissionais da área da psicologia, como o próprio entendimento da lei brasileira que alterou o atual Código Civil para que a guarda compartilhada seja a regra e a exceção seja outro tipo de guarda. Nos casos em que ocorre ou já ocorreu a alienação parental deve ser determinada a guarda compartilhada pelo Poder Judiciário para que a criança volte a ter contato com o outro genitor, tenha um bom relacionamento afetivo e que não guarde magoas do genitor alienador para que futuramente não seja prejudicial a sua saúde e a futuros relacionamentos. Dentro deste contexto, podemos observar a atual decisão da

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apelação cível onde o genitor da criança postulou a modificação da guarda unilateral do menor para a guarda compartilhada pois, tem relação de afeto, cuidado com a criança e possui boa estrutura familiar o que foi suficiente para tal pedido ser deferido pela Colenda 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, dispondo tal v. decisão2, que ambos os genitores

estão aptos a exercer a guarda compartilhada, sendo que o menor terá o mesmo convívio com os pais e será o melhor para o seu desenvolvimento.

8 Considerações finais

O presente trabalho teve por objeto o estudo, a reflexão e a compreensão do novo entendimento da legislação brasileira acerca da alienação parental induzida por um dos genitores, por ambos ou por um determinado terceiro em que foi atribuída a guarda do menor, denominado alienante, onde o melhor para sua prevenção será a guarda compartilhada. A proteção dos filhos é um dever e direito de ambos os genitores durante o casamento ou união estável e após a separação ou dissolução, o relacionamento poderá vir a ter um fim, porém a relação entre pais e filhos jamais terá um término, se os genitores não entrarem em um consentimento amigável em relação a guarda dos filhos em comum, será determinada pelo juiz, com a ajuda do membro do Ministério Público, psicólogos e assistentes para verificar o que será o melhor para o menor em questão.

O filho menor não será dependente dos pais somente na questão financeira até atingir a maior idade, mas também necessita de afeto, atenção, carinho, saúde, educação, necessidades básicas para o bom desenvolvimento da criança. Assim, conforme estudos e atuação de psicólogos uma das principais necessidades para um crescimento razoável, é que a criança mesmo que de pais separados tenha um bom convívio com ambos os genitores, tenha uma boa relação com os pais e seus respectivos familiares, e que os dois vivam em harmonia tendo em vista que o filho em comum é um vínculo eterno onde é necessário obter um bom relacionamento com o ex-cônjuge.

Contudo é de conhecimento de todos que após o divórcio, separação, dissolução da união estável, a maioria dos genitores que tiveram um ou mais filhos em comum, não obtém um bom relacionamento, digno de uma boa conversa, necessária para a tomada de decisões acerca do menor. Desta forma, com a ruptura do relacionamento, pode vir a ocorrer o fenômeno da alienação parental onde o alienante, um dos genitores, ambos, ou o terceiro que detém a guarda do menor, o aliena induzindo ele com falsas mentiras, memórias, invenções, pode se

2 "DIREITO DE FAMÍLIA - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE GUARDA - PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DA IGUALDADE ENTRE OS CÔNJUGES - GUARDA COMPATILHADA - CUSTÓDIA FÍSICA CONJUNTA - MUDANÇA QUE TRAGA BENEFÍCIOS PARA O MENOR - ALIENAÇÃO PARENTAL. - Na guarda compartilhada pai e mãe participam efetivamente da educação e formação de seus filhos. - Considerando que no caso em apreço ambos os genitores são aptos ao exercício da guarda, e que a divisão de decisões e tarefas entre eles possibilitará um melhor aporte de estrutura para a criação do infante, impõe-se como melhor solução o não deferimento de guarda unilateral, mas da guarda compartilhada. - DECISÃO. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, VENCIDO EM PARTE O RELATOR". Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Quarta Câmara Cível, Rel. Dárcio Lopardi Mendes, Julgamento: 30/07/2015, AC 10210110071441003 MG, Publicação: 05/08/2015.

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dizer "lavagem cerebral", mudança constante de residência, ou até mesmo a absurda mentira que o outro genitor já faleceu, todos estes atos almejando que o menor não tenha mais contato com o outro genitor, não goste mais dele, ou até mesmo o odeie. As consequências da alienação parental na criança ainda em desenvolvimento poderam ser muito prejudicial em toda sua vida, tendo em vista que nesta fase a criança está criando seus valores e princípios e com a alienação será rodeada de sentimentos perversos, poderá vir a sofrer de ansiedade, pânico, depressão e nos casos extremos até vir a cometer suicídio. E quando vir a entender na fase adulta que sofreu alienação parental quando criança poderá ser tarde demais para reatar os laços familiares com o genitor.

Essa síndrome da alienação parental ocorre pelo alienante por não aceitar o fim do relacionamento, não entender que o ex-cônjuge ou convivente tenha arranjado outro relacionamento, ou por simplesmente ter medo da criança gostar mais do outro genitor e ter vontade de morar com o outro, o alienante precisa de tratamento médico nos casos extremos, onde não serve somente um conversa, será necessário a ajuda de um psicólogo. Após a separação do casal que possui um filho em comum será atribuída a guarda a um deles ou a ambos os genitores, a questão da guarda será determinada em juízo quando os pais não entrarem em acordo, alguns anos atrás o tipo de guarda estipulado e mais comum era a guarda unilateral onde o genitor guardião detém a guarda do menor e o poder de decisão e o outro genitor somente o direito de visitas e obrigação de supervisionar se os interesses do filho estão sendo cumpridos, essa modalidade de guarda sempre era atribuída a mãe, que era a dona do lar, raramente trabalhava fora e se dedicava totalmente aos deveres do lar e aos filhos, porém o entendimento foi mudando com o passar dos anos, e começou a ser estipulada também a guarda alternada, onde o menor reside um período com um genitor e após um determinado tempo com o outro, esse período pode ser semanalmente, mensalmente ou anualmente, e é atribuída a guarda ao genitor que reside com a criança no momento, esse tipo de guarda era determinada na maioria dos casos onde após a separação os genitores morassem distante, em outras cidades, estados ou países, porém esse tipo de guarda é prejudicial ao menor que mesmo convivendo um tempo com um genitor e após com o outro genitor, fica sem referência de lar, essas constantes mudanças, afetam o mesmo na escola, nas amizades, e o prejudicam no seu crescimento, atualmente com a Lei n° 13.058/2014 foi definida como regra a modalidade de guarda compartilhada onde ambos os genitores possuem a guarda, e o poder de decisão nos assuntos relacionados ao menor.

Haja vista que a guarda compartilhada será atribuída quando ambos os pais forem aptos a exercer o poder familiar, exceto quando algum deles abre a mão da guarda do filho em comum, ou concedida a um terceiro apto a exercer o poder familiar na ausência dos genitores, como exemplo mais comum os avós da criança. Ela faz com que o menor tenha o mesmo tempo de convivência com o pai e com a mãe como era antes dos mesmos se divorciarem evitando assim a ocorrência da alienação parental muito ocorrida na guarda unilateral ou guarda alternada, e mesmo que o menor resida com um dos genitores em outra cidade, foi a decisão em conjunto de ambos os genitores que melhor se encaixava nos interesses do menor. Mesmo que os pais do menor não entrem em acordo quanto à guarda, o juiz determinará que a melhor para a criança será a guarda compartilhada, onde os pais terão que ter um bom diálogo para que a criança não venha a sofrer em consequência da separação do casal.

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Nesse entendimento de mudança acerca da guarda compartilhada como regra no ordenamento jurídico brasileiro, um dos motivos foi que atualmente a mulher mudou sua figura dentro da família brasileira, ela nem sempre é mais a dona do lar e somente se dedica aos filhos e marido, ela ganhou espaço no mercado de trabalho, e por outro lado o pai de família, nos dias atuais não é o único que sustenta a casa, os papéis se inverteram em alguns casos, assim o pai também possui aptidão, carinho, cuidado para exercer o poder familiar do seu filho.

Diante do exposto, conclui-se que a guarda compartilhada é a melhor para a criança em desenvolvimento e para a prevenção da ocorrência da alienação parental, com a guarda compartilhada os laços entre pais e filhos continuaram sempre os mesmos como antes da separação do casal.

Referências

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LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil, v.5: direito de família e sucessões. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2013.

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MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus; MALUF, Carlos Alberto Dabus. Curso de direito de família. São Paulo: Saraiva, 2013.

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