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O CURRÍCULO DO DOCENTE E A FORMAÇÃO DE TRADUTORES INTÉRPRETES DE LIBRAS – PORTUGUÊS NA REGIÃO SUL DO BRASIL

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O Currículo do Docente e a Formação de Tradutores Intérpretes de Libras – Português Na Região Sul do Brasil

RESUMO: O artigo trata de uma análise do perfil profissional de docentes dos cursos de bacharelado de tradutores e intérpretes de língua brasileira de sinais-língua portuguesa (TILSP) da região sul do Brasil. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa e objetivou-se traçar o perfil a partir de dados disponíveis na Plataforma Lattes. Essa pesquisa se justifica

por acreditar que a formação dos docentes pode influenciar na construção do currículo do curso, bem como no ensino. Como resultados, identificou-se: (i) graduação: grande diversidade entre cursos de licenciatura e bacharelado em áreas diversas; (ii) pós-graduação: predominância na área de Letras, Linguística e Artes; (iii) formação complementar: na área de Libras; (iv) experiência profissional: docência, sobretudo na área de Libras. Conclui-se que os docentes dos cursos, em sua maioria, não demonstraram em seus currículos possuírem experiência como TILSP, tampouco com didática de tradução e interpretação.

PALAVRAS-CHAVE: Formação. Perfil Docente. Libras. Tradução. Interpretação.

The Professor's Curriculum and the Development of Libras-Portuguese Translators And Interpreters in the Southern Region of Brazil

ABSTRACT: This article is an analysis of the professional profile from Portuguese Sign-Language Translators and Interpreters graduate courses’ professors from Brazil’s southern region. This is a quantitative and qualitative research that aimed to investigate the professional profile from data collected in the Lattes Platform. This research is justified for believing that the professor's profile can influence the course curriculum development as well as teaching. As a result, this study found: (i) graduate: great diversity with degrees from different areas; (ii) post-graduate: predominance of the Letters, Linguistics and Arts areas; (iii) complementary education: Libras area; (iv) professional experience: teaching, especially in the Libras area. As a conclusion this study confirms that most of the professors did not demonstrate in their curriculum the experience as TILSP, nor with translation and interpretation didactics.

KEYWORDS: Curriculum. Professors’ Profile. Libras. Translation. Interpretation.

Lívia Alves Duarte1

Renata Cristina Vilaça-Cruz2

Juliana Guimarães Faria3

1 Discente no curso de Letras: Tradução e Interpretação de Libras/Potuguês da Universidade Federal de Goiás – UFG. Endereço eletrônico: liviaduarte2010@gmail.com

2 Docente do Departamento de Libras e Tradução da Universidade Federal de Goiás – UFG. Endereço eletrônico: renatavilacacruz@gmail.com

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INTRODUÇÃO

Neste artigo, aborda-se o perfil dos professores que atuam nos cursos de formação para tradução e interpretação de língua brasileira de sinais Libras-português, especificamente os da região sul do Brasil. Foram identificadas duas instituições que oferecem cursos de formação superior para tradução e interpretação de Libras-português na região sul do país: a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na UFSC, o curso é denominado Letras: Libras (bacharelado) e é ofertado em duas modalidades: presencial e à distância. Já na UFRGS, o curso é denominado Letras -Tradutor e Intérprete de Libras, mas a oferta se dá apenas na modalidade presencial.

A questão que se apresentou para a realização deste estudo foi: Qual o perfil do currículo dos docentes atuantes em cursos de bacharelado em tradução e interpretação da região sul do Brasil? Para responder à questão, avaliou-se o currículo disponível na Plataforma Lattes dos docentes indicados nos sites das universidades a fim de traçar um perfil baseado nas informações coletadas.

A justificativa dessa pesquisa está baseada no aumento de demandas de tradução e interpretação de Libras-português, que surgiu a partir de conquistas políticas da comunidade surda. No Brasil, segundo o censo do ano de 2010, há aproximadamente 9,7 milhões de pessoas comsurdezparcial ou total (IBGE, 2010). Assim como os ouvintes, os surdos também necessitam de se comunicar, como todo o resto da população, e para possibilitar a interação de falante de línguas diferentes se faz necessário o trabalho do tradutor e intérprete, uma vez que a população brasileira ouvinte utiliza a língua portuguesa como primeira língua, e, grande parte dos surdos, a língua brasileira de sinais - Libras.

Nos últimos anos, têm-se desenvolvido políticas públicas para divulgação, ensino e regulamentação da Libras, de atendimento aos surdos e de formação e regulamentação de atuação profissional de tradutores intérpretes de Libras-português (TILSP). No ano de 2002 houve a publicação da lei 10.436, um marco importante para a comunidade surda pois reconheceu a língua brasileira de sinais – Libras como meio de comunicação e expressão dos surdos. No ano de 2005, houve a publicação do Decreto 5.626, que regulamentou a referida 3Docente do Departamento de Libras e Tradução da Universidade Federal de Goiás – UFG. Endereço

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Lei. No Decreto 5.626, Capítulo V, é apontado sobre a formação necessária do tradutor e intérprete de Libras. O Artigo 17 menciona que “A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa."(BRASIL 2005, p. 3).

Com esses avanços legais, as demandas de tradução e de interpretação de Libras-português aumentaram significativamente, pois os surdos conquistaram o direito não só de utilizar a Libras, mas também de ter acesso a informações outrora distantes. Com a regulamentação foi conquistado o direito de o surdo ter tradutores intérpretes de Libras-português (TILSP) em ambientes como: escola, hospital, tribunal, dentre outros, o que provoca a necessidade de formação desses profissionais e, também, do desenvolvimento de pesquisas nessa área.

Com essa demanda eminente, e com incentivo do Governo Federal4, universidades federais criaram os cursos na área de tradução e interpretação voltados para o par linguístico Libras-português. O primeiro curso foi criado em 2008 pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o que nos aponta que a oferta dessa graduação é recente no Brasil. Desse modo, entende-se que é urgente possibilitar diálogos e investigações sobre diferentes aspectos da formação dos TILSP e a proposta apresentada neste artigo é a vertente que analisa o perfil dos formadores desses profissionais.

DISCUSSÃO TEÓRICA

Segundo Martins e Nascimento (2015), a necessidade primordial da interpretação é possibilitar a comunicação entre pessoas que falam línguas diferentes. No caso dos surdos brasileiros, as línguas envolvidas são: língua brasileira de sinais (Libras) e língua portuguesa. Então, neste caso, a tradução e a interpretação colaboram para que os surdos não fiquem deslocados em uma comunidade na qual a informação que circula e a fala se dão majoritariamente nessa língua oral.

Ainda, segundo os autores, os surdos necessitam de tradutores e intérpretes para realizarem uma comunicação com a população majoritária ouvinte e não conhecedora da Libras; e boa parte desses profissionais atuantes iniciaram suas experiências com 4 A exemplo, temos o Plano Viver sem Limites, que se trata de um incentivo do Governo Federal que possibilitou a abertura de diversos cursos de graduação para formação de TILSP no país. (BRASIL, Decreto 7612, 2011).

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interpretação de língua de sinais dentro das comunidades religiosas. Foi neste contexto que as primeiras discussões para regulamentação da profissão iniciaram, influenciando em outros espaços de atuação (MARTINS; NASCIMENTO, 2015).

O estudo feito por Martins e Nascimento (2015) teve o intuito de identificar o perfil dos alunos que fizeram matrículas na primeira turma do curso de bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Foram aplicados por tais pesquisadores questionários para 30 alunos, contudo, somente 13 responderam e a partir das respostas chegaram aos resultados que somente 15% já eram fluentes na Libras e 54% não tinham nenhum conhecimento da Libras antes de ingressar no referido curso. Esses dados foram comparados ao primeiro curso de Bacharelado em Letras/Libras – Tradução e Interpretação do Brasil ofertado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no qual grande parte dos alunos já atuavam como tradutores intérpretes de Libras-português, portanto, pressupõe que eram fluentes linguisticamente (MARTINS; NASCIMENTO, 2015). Os resultados dessa pesquisa apontam uma mudança no perfil dos alunos que, outrora eram membros da comunidade surda, ao passo que agora são, em maioria, acadêmicos que não possuem nenhum contato com a comunidade surda.

Podemos considerar que essa mudança no perfil de profissionais (ou futuros profissionais) TILSP se deu como resultado de alguns marcos importantes das conquistas da comunidade surda. Historicamente, tem-se inicialmente a criação da Lei 10.098/00 e, posteriormente, em 2002 a Lei 10.436, que reconheceu a Libras como língua oficial das comunidades surdas do Brasil. No ano de 2005, houve a publicação do Decreto 5.626, regulamentando a Lei de Libras e do Art. 18 da Lei 10.098 (ANATER; PASSOS, 2010). Martins e Nascimento (2015) afirmam que essa regulamentação serviu, ainda, como reconhecimento do campo de trabalho do tradutor intérprete e dos direitos dos surdos.

Também na tentativa de documentar os intérpretes, o Ministério da Educação (MEC) juntamente com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), criou o Exame de Proficiência em Libras (Prolibras), regulamentado no Decreto 5626/2005, aplicado entre 2006 e 2013. Essa prova tinha como objetivo avaliar a compreensão e produção na língua brasileira de sinais, bem como habilitar os aprovados a atuarem como tradutores e intérpretes de Libras-português e/ou docentes de Libras (QUADROS et. al., 2009).

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Segundo Santos (2010), obter uma formação profissional é um fator que sem dúvida agrega valor para a atuação do tradutor/intérprete, e que legitima a sua prática. A questão da qualidade da educação é destaque e objeto de estudo em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Pesquisadores e estudiosos voltam-se ao levantamento e análise da realidade, em busca de fatores que determinam a qualidade da educação.

Dourado, Oliveira e Santos (2007), destacam fatores que podem impactar a qualidade do ensino, como a formação e o currículo docente. A autora Martins (2006) afirma que a certificação acadêmica está sendo crescentemente valorizada, e isso impacta na criação de cursos de formação de tradutores intérpretes em diferentes níveis, incluindo a graduação. Esses fatores implicam na reflexão sobre a formação dos docentes que estão atuando nas instituições que promovem os cursos supracitados. A autora ressalta, também, que "o oferecimento de cursos de formação de tradutores, seja no nível de graduação, extensão ou especialização, é cada vez maior, ampliando o mercado de trabalho para professores especializados na área"(MARTINS, 2006, p. 41).

Entretanto, as autoras Giusti Pachane e Monteiro de Aguiar Pereira (2004) afirmam que atualmente o desempenho pedagógico dos docentes de curso superior não é valorizado equiparado ao desempenho como pesquisador, ocasionando a qualificação dos docentes em pesquisa e não em métodos de ensino, levando ao resultado que não há necessariamente uma relação direta entre a titulação de um educador e a qualidade docente. Segundo elas:

o professor universitário não se forma, hoje, para atuar necessariamente em uma universidade, porém, num complexo sistema de ensino superior, que envolve diferentes instituições e tipos de cursos. Mas, mais que isso, além de preparar-se para agir neste meio, para trabalhar com o novo perfil de alunos que chegam ao ensino superior, como também com o novo perfil exigido dos egressos do ensino superior, acreditamos que seja necessário a este professor conhecer esta realidade e saber entendê-la e analisá-la, ou seja, torna-se necessário que o professor desenvolva estratégias que permitam a ele refletir sobre sua docência e o contexto mais amplo no qual ela se acha inserida(GIUSTI PACHANE; MONTEIRO DE AGUIAR PEREIRA, 2004, p.7).

De acordo com as pesquisas apontadas acima, se faz necessário reflexões mais aprofundadas sobre o profissional docente atuante nos cursos de graduação para tradução e interpretação de Libras, com o intuito de colaborar positivamente para com esses profissionais e com a formação de futuros profissionais no Brasil.

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METODOLOGIA

Realizou-se um estudo documental, com abordagem quanti-qualitativa. Tratou-se de uma investigação exploratória (GIL, 2008), pois tinha como objetivo identificar, analisar e comparar os perfis dos docentes que atuam na formação de tradutores e intérpretes de línguas de sinais.

A pesquisa qualitativa é orientada para avaliar em profundidade fenômenos educativos e sociais, buscando transformar práticas e cenários, subsidiando tomada de decisões e desenvolvimento de um campo de conhecimentos. Consideramos que seja um estudo quanti-qualitativo, pois, os dados serão apresentados de forma quantitativa (análise de gráficos) e qualitativa (análise dos dados). Com essa compreensão, considera-se que a pesquisa qualitativa possui processos, fases de pesquisa, com etapas voltadas para exploração do fenômeno estudado e em seguida etapas de reflexão sobre os dados coletados.

Considerando os pontos mencionados acima, foi realizada uma pesquisa documental, que segundo Gil (2008) é a pesquisa que se pode utilizar todo tipo de documentos, indiferentemente se é impresso ou digital. Nesta pesquisa foram utilizados somente documentos digitais disponíveis; no caso, websites das universidades e o currículo Lattes de cada docente.

A coleta de dados se deu a partir dos seguintes passos: (i) escolha da região a ser analisada; (ii) buscas na internet para identificar quais as universidades da região sul do Brasil ofertam o curso voltado para a formação superior de tradutores intérpretes de Libras-português; (iii) busca do quadro docentes que atuam nos curso de Tradução e Interpretação em Libras-português em cada universidade; (iv) identificação dos currículos dos docentes na plataforma Lattes; (v) coleta de informações relevantes; (vi) leitura e análise dos dados, buscando as diferenças e semelhanças entre as informações encontradas. Ressaltamos como uma dificuldade metodológica a escassez de informações necessárias disponíveis nos websites. Outro ponto que consideramos válido ressaltar é que alguns currículos se encontravam com datas de última atualização muito antigas.

Segundo Digiampietri (2012) os currículos cadastrados na Plataforma Lattes possuem uma padronização, porém houve uma atualização na plataforma, devido a isso pode acontecer dos currículos mais atuais serem divergentes dos currículos mais antigos. Ainda

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segundo o autor supracitado, outro fator que pode prejudicar pesquisas utilizando dados da Plataforma Lattes são as atualizações dos currículos, pois cada pessoa pode escolher quando atualizar, e mesmo currículos atualizados recentemente ainda assim pode estar faltando dados. Os autores Dias, Moita e Dias (2016) ressaltam que cada pessoa pode possuir somente um currículo cadastrado na plataforma, e nesse currículo é possível identificar a última atualização, facilitando assim observar se o pesquisador mantém o currículo atualizado ou não. Segundo Marques (2010), um dos fatores que pode ocasionar essa desatualização na plataforma é a dificuldade que os docentes encontram para cadastrar informações na plataforma, e o que era para ser uma atividade simples e rápida demanda uma maior disponibilidade de tempo.

Dessa forma, considerando as limitantes do estudo, esta pesquisa coletou os dados necessários nos currículos dos docentes, com base nas informações disponibilizadas de forma online. Consideramos que a fonte de dados escolhida para essa pesquisa (Currículo da Plataforma Lattes) é a fonte oficial do sistema de ensino superior no Brasil e é base para qualquer avaliação realizada pelo Governo Federal e os órgãos reguladores. Espera-se que todo professor mantenha seu currículo atualizados e completo, visando fornecer dados para a sociedade brasileira.

DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Foram coletados os dados dos docentes das Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A partir dos dados, foram mapeados tópicos como: graduação, níveis de especializações, pós-graduação e área de atuação.

A primeira diferenciação das duas instituições é que a UFSC oferta o curso para tradutores e intérpretes de Libras em duas modalidades, a distância e presencial, enquanto a UFRGS só tem o referido curso presencial. Vale destacar que na UFSC o corpo docente se difere em cada modalidade do curso.

Apresentamos os gráficos a seguir realizando uma progressão, partindo inicialmente pela graduação dos docentes, comentando sobre a área e se possui pós-graduação, em seguida qual a área da pós-graduação, após, a formação complementar e por último, a atuação profissional de cada docente anterior à docência em cursos de formação de TILSP.

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Foram encontrados e analisados 32 currículos dos docentes no total, sendo 09 atuantes na UFSC no ensino a distância, 13 na UFSC ensino presencial e 10 na UFRGS.

Figura I. Graduação dos docentes da UFSC (ensino a distância)

0 1 2 3 4 5

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura II. Graduação dos docentes da UFSC (ensino presencial)

Teolog ia Hist ória Letra s/Lib ras Peda gogi a Letr as Fono audi olog ia Mate mát ica Educ ação Físi ca Educ ação Esp ecia l 0 1 2 3 4 5

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Figura III. Graduação dos docentes da UFRGS Letra s/Lib ras Peda gogi a Letra s Fono audi olog ia Educ ação Físi ca Sist emas de Info rmaç ão Com puta ção 0 1 2 3 4 5 6

Fonte: Elaborado pelas autoras

A comparação da graduação dos docentes atuantes nas duas universidades pesquisadas, permite identificar que no curso de ensino a distância da UFSC há maior variação de cursos de graduação. Encontramos as mais diversas áreas, desde a Teologia, a Linguística e Ciências Exatas. Na UFSC, na modalidade presencial, a maioria dos docentes são graduados em áreas afins das humanidades, enquanto na UFRGS houve uma menor variação de graduações. Contudo fica evidente que nas duas universidades a graduação em Letras:Libras se destaca.

Levando em consideração os gráficos que mostram as áreas de graduação dos professores atuantes nas universidades analisadas nesse estudo, o autor Martins (2006) ainda afirma:

Como se sabe, a formação dos professores que atuam nas instituições de ensino brasileiras é bem diversificada. Muitos vêm da área de ensino de língua estrangeira, outros são tradutores profissionais, sem formação específica em Letras, Linguística ou Tradução, e outros, ainda, são egressos de cursos de formação de tradutores. Esses perfis não são estanques; as combinações mais diversas podem ocorrer, resultando em um acúmulo de vivências e experiência bastante interessante, algumas vezes até peculiar(MARTINS, 2006, p.31).

Observa-se que os dados apresentados nas figuras I, II e III corroboram com a discussão de Martins (2006), uma vez que os docentes possuem formação em diversas áreas e

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que há combinações diversas, o que pode gerar um acúmulo e uma diversificação de experiências profissionais por parte do corpo docente dos cursos analisados.

Figura IV. Nível e área da pós-graduação dos docentes da UFSC (ensino a distância)

Fonte: Elaborado pelas autoras

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Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura VI. Nível e Área da Pós-Graduação dos Docentes da UFRGS

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Observando as pós-graduações dos profissionais das duas instituições, apesar de haver variações de áreas, os mestrados na área de Letras, Linguística e Artes são predominantes. Também se observou que dois docentes, um de cada universidade, optou por realizar a pós-graduação nas Ciências Exatas.

Fator curioso é que nenhum docente tem pós-doutorado na área da Libras ou Tradução de Língua de Sinais, dos 7 profissionais que já concluíram esta etapa, 2 são nas Ciências Humanas e 5 na área de Letras, Linguística e Artes. Em contrapartida, se observarmos os doutorados, identificamos que 4 docentes fizeram doutorado relacionados a Libras e 4 na área de Tradução de Línguas de Sinais.

Figura VII. Formação complementar dos docentes da UFSC (ensino a distância)

Rela ciona do a Lib ras Inte rpre taçã o Aten dim ento edu caci onal esp ecial izado 0 1 2 3 4 5 6

Fonte: Elaborado pelas autoras

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Rela ciona do a Lib ras Inte rpre taçã o Aten dim ento edu caci onal esp ecial izado 0 2 4 6 8 10 12

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura IX. Formação Complementar dos docentes da UFRGS

Rela ciona do a Lib ras Inte rpre taçã o Aten dim ento edu caci onal esp ecial izado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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Identificamos 24 docentes que realizaram formação complementar relacionadas a Libras e 4 na Interpretação, fator importante visto que a formação continuada pode qualificar o profissional, legitimando e contribuindo na atuação profissional. As autoras Giusti Pachane e Monteiro de Aguiar Pereira (2004) ressaltam a importância dessa formação:

Percebemos, portanto, que as características necessárias aos professores universitários hoje, extrapolam – e muito – os limites do conhecimento aprofundado da matéria de sua especialização e a aquisição de habilidades necessárias à condução de pesquisas, e seguem-se a dimensões muito mais amplas, que nos levam a argumentar em favor da importância da formação pedagógica do professor universitário(GIUSTI PACHANE, MONTEIRO DE AGUIAR PEREIRA, 2004, p.9).

Figura X. Atuação profissional dos docentes da UFSC (ensino a distância)

Doce nte de L ibra s Doce nte em d iscip linas afn s Doce nte em o utra s ár es Profs siona l TIL SP Outr as f unçõ es 0 1 2 3 4 5 6 7

Fonte: Elaborado pelas autoras

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Doce nte de L ibra s Doce nte em d iscip linas afn s Doce nte em o utra s ár es Outr as f unçõ es 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura XII. Atuação profissional dos docentes da UFRGS

Doce nte de L ibra s Doce nte em d iscip linas afn s Doce nte em o utra s ár es Profs siona l TIL SP 0 1 2 3 4 5 6

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Na UFSC não foram encontrados docentes atuantes na modalidade presencial que exercem também a profissão de tradutor e intérprete de Libras, na modalidade de ensino à distância foi encontrado um profissional que atua nas duas funções. Já na UFRGS não foi identificado nenhum profissional que além de atuar como docente também desenvolve outras atividades paralelas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, abordamos o perfil dos professores que atuam nos cursos de formação para tradução e interpretação de Libras-português, especificamente os da região sul do Brasil. Foram identificadas duas instituições: a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A questão que se apresentou para a realização deste estudo foi a seguinte: Qual o perfil do currículo dos docentes atuantes em cursos de bacharelado em tradução e interpretação da região sul do Brasil?

Os achados desta pesquisa estão em consonância com os relatos das autoras Giusti Pachane e Monteiro de Aguiar Pereira (2004) que afirmam “embora muitos professores sejam formados, ou titulados, em instituições universitárias, com tradição em pesquisa, o mercado de trabalho que para eles se abre é, muitas vezes, em instituições não-universitárias, com tradição em ensino(GIUSTI PACHANE, MONTEIRO DE AGUIAR PEREIRA, 2004, p.6)”. Isso evidencia que a formação dos docentes é de suma importância, contudo isto não é garantia da qualificação destes profissionais.

Este estudo tentou contribuir com o processo de formação de TILSP por acreditar que a formação dos docentes pode influenciar na construção do currículo do curso, bem como no ensino e formação como um todo. Ressaltamos que possui limitações, no sentido de que não houve contato com os docentes por meio de outros instrumentos de coleta de dados além do currículo disponível na Plataforma Lattes.

Em relação à graduação, identificou-se que nas duas universidades pesquisadas a maioria dos professores têm formação em Letras: Libras, ou seja, são graduados para ensinar línguas. Mas também há professores formados em áreas afins e áreas longínquas como

American Sign Language, Educação Especial, Computação e Educação Física, o que

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Assim como nas graduações, as pós-graduações na área de Letras, Linguística e Artes são de predominância tanto no mestrado quanto no doutorado, mas também se tem amostra por pós-graduação em áreas relacionadas a Libras e a Interpretação. Como os currículos analisados são de docentes atuantes em cursos de formação de tradutores-intérpretes, perceber uma busca destes profissionais em se qualificar especificamente em temas diretamente relacionados a Libras, é de suma importância.

Por fim, conclui-se que há uma diversidade considerável na formação dos docentes, porém com a evolução da capacitação estes profissionais vão em busca de se aprofundar na área atuante (no caso a Libras), isso é comprovado pela quantidade de doutorados e alguns pós-doutorado na área da Libras, essa crescente é vital para a expansão de uma língua regulamentada recentemente.

REFERÊNCIAS

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Figura I. Graduação dos docentes da UFSC (ensino a distância)
Figura III. Graduação dos docentes da UFRGS
Figura IV. Nível e área da pós-graduação dos docentes da UFSC (ensino a distância)
Figura VI. Nível e Área da Pós-Graduação dos Docentes da UFRGS
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