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Dosagem de solo-cimento com adição de resíduos de concreto da cidade de Sinop – MT Dosage of soil-cement with addition of concrete waste from the city of Sinop - MT

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Dosagem de solo-cimento com adição de resíduos de concreto da cidade de Sinop

MT

Dosage of soil-cement with addition of concrete waste from the city of Sinop - MT

Renata Gabriela Arroyo Tonelli1, André Luiz Nonato Ferraz2

Resumo: O desenvolvimento econômico está diretamente relacionado ao aquecimento do mercado da construção civil, sendo este o responsável por grande parte dos impactos ambientais observados nos últimos anos. Portanto, é importante investir em técnicas construtivas na região de Sinop-MT, que colaborem para o desenvolvimento sustentável e a destinação adequada dos resíduos da construção civil. O presente estudo visa analisar a viabilidade técnica da adição de resíduo de concreto na fabricação de tijolos de solo-cimento. Para tal, foram estudadas seis dosagens, 5% e 7% de cimento em relação à massa de solo, 20% e 40% de resíduo em relação à massa de solo com 5% e 7% de cimento em relação à mistura solo-resíduo respectivamente. Inicialmente foram realizados os ensaios de caracterização e compactação das composições, aos 7 e 28 dias de idade executou-se o ensaio de resistência à compressão não confinada; e os ensaios de absorção de água e retração linear foram feitos com 7 dias de cura. A partir dos resultados obtidos concluiu-se que apenas as composições com 40% de resíduo atingiram os valores mínimos de resistência requeridos, e apesar das outras amostras não alcançarem os valores requeridos, a adição de resíduo de concreto melhorou significativamente as características do solo.

Palavras-chave: solo-cimento; resíduos de concreto; reaproveitamento.

Abstract: Economic development is directly related to the construction market heating, which is responsible for

much of the environmental impacts observed in last years. Therefore, it is important to invest in building techniques in Sinop-MT region that collaborate for sustainable development and proper disposal of construction waste. This study aims to analyze the technical feasibility of adding concrete residue in the manufacture of soil-cement bricks. To this end, we studied six dosages, 5% and 7% of soil-cement on the mass of soil, 20% and 40% of residue in relation to the mass of soil with 5% and 7% cement in relation to the ground-residue mixture respectively. Initially, were carried out the characterization and compaction tests of the compositions, the unconfined compressive strength test were executed at 7 and 28 days of age; and water absorption and linear shrinkage tests were realized at 7 days of cure. From the results obtained it was concluded that only the composition with 40% of residue reached the minimum resistance values required, and despite the other samples did not reach the required values, the addition of concrete residue significantly improved soil characteristics.

Keywords: soil-cement; concrete wastes; reuse.

1Introdução

O crescimento populacional e o desenvolvimento urbano mostram-se cada vez mais intensos e podem ser considerados como as principais causas de mudanças e sérios impactos negativos ao meio ambiente. Juntamente com o desenvolvimento, cresce também a busca de novas alternativas na construção civil, umas das atividades mais importantes da economia brasileira.

Souza (2006) afirma que a preocupação com os impactos ambientais e a escassez dos recursos naturais leva os profissionais a buscarem conceitos novos e técnicas de crescimento sustentável, já que nos dias atuais praticar sustentabilidade nas atividades econômicas se mostra um desafio.

Diante dessas preocupações, o tijolo de solo-cimento se destaca e vem ganhando uma grande participação do mercado. Os principais motivos são: os materiais utilizados em sua fabricação são de fácil extração e manipulação, o processo de feitio é simples e ecologicamente correto, fazendo dele uma boa solução para tais problemas tratados. (CIESIELSKI, 2013).

Desta forma, o presente estudo verificou a possibilidade da utilização de resíduos de concreto da cidade de Sinop – MT para a fabricação de tijolos de solo-cimento, no que diz respeito a seu desempenho estrutural para que futuramente venham a ser utilizados como elementos de alvenaria para construções sustentáveis na região.

2 Fundamentação teórica

2.1 Resíduos da construção civil

Quase todas as atividades realizadas no âmbito da construção civil geram entulho. No procedimento construtivo ocorrem muitas perdas que são as principais causas dos entulhos gerados. Mas, nem todas as perdas são transformadas em resíduos, uma parte acaba ficando na obra. Já nas obras que envolvem reforma ou demolição a principal causa da geração de entulho é a falta de informação sobre reutilização e reciclagem do mesmo. (SOUZA, 2006). Os resíduos da construção civil (RCC) constituem-se de restos de argamassa e concreto (representam maior quantidade de massa), de brita e areia, tijolos, materiais cerâmicos, metais, plásticos, madeiras, papéis e vidros.

Para Segantini et al (2008) alguns destes materiais podem ser transformados em agregados ou material arenoso para uso em matrizes de solo-cimento. 1Acadêmica de Engenharia Civil, UNEMAT, Sinop, Brasil,

renata_tonelli@hotmail.com

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Para o aproveitamento dos resíduos quando este for reciclado, é necessário saber sua classificação. A ABNT (2004) classifica os resíduos de acordo com seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública:

 Resíduo Classe I (Perigoso): Incluem os materiais inflamáveis, corrosivos, radioativos, tóxicos e patogênicos;

 Resíduo Classe II (não-inerte): Não se enquadram como classe I ou classe III. Podem ser combustíveis, biodegradáveis e/ou solúveis em água.

 Resíduos Classe III (inertes): aqueles que quando em contato com água destilada ou deionizada, não tem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos de potabilidade da água. 2.1.1 Resíduos da construção civil em Sinop - MT Sinop possui muitas empresas que atuam na área da construção civil, mas poucas delas trabalham com gerenciamento de resíduos gerados em suas diversas obras.

Na maioria das vezes, uma empresa especializada nesse assunto é contratada para fazer esse serviço, e o que ocorre em alguns casos é à disposição dos resíduos no próprio depósito de resíduos secos de Sinop. Não é feito nenhum tipo de classificação no material, o que acaba misturando os que podem ser reciclados com os que não são indicados para isso. (CÂNDIDO, 2013).

De acordo com uma pesquisa realizada por Santos (2012) a cidade de Sinop gera cerca de 7.633,44 toneladas de resíduos de construções por mês. Apresenta-se na Figura 1 um levantamento do tipo de resíduos que são gerados nas obras de Sinop, realizado por Cândido (2013).

Figura 1- Classificaçao dos RCC’s produzidos em Sinop-MT. Fonte: Cândido, 2013 (adaptado).

2.1.2 Resíduos de concreto

Segundo Gonçalvez (2011), o concreto que é desperdiçado na indústria da construção civil, vem de elementos que são rejeitados pelo controle de qualidade (estado endurecido) e sobras de concreto fresco ao final de algum processo.

Existindo inúmeros processos que podem ser aplicados na sua reciclagem, o resíduo de concreto é classificado como classe A (resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados) pelo CONAMA (2006).

Existem dois tipos de agregados reciclados, os agregados de resíduo misto e os agregados de resíduos de concretos, o qual deve ser composto em maior proporção por elementos à base de cimento Portland e rochas.

A reciclagem mais utilizada é para os resíduos de concreto em estado endurecido, com o objetivo de reutilizá-los como agregados em novas misturas ou para confecção de sub-bases e bases de rodovia. Para esta pesquisa serão utilizados os resíduos de concreto em estado endurecido, que foram rejeitados pelo controle de qualidade. Com isso será possível à adição deste componente na composição de solo-cimento, que é uma excelente matriz para esses tipos de experimentos.

2.2 Solo-cimento

O solo é um material abundante e fácil de obter na natureza, de acordo com Lima (2010) desde muito tempo atrás ele é usado para construir abrigos que protegiam as pessoas da agressividade existente no meio ambiente, principalmente em lugares que a madeira e as rochas eram difíceis de manusear e transportar. Um exemplo de grandes construções usando solo-cimento é a muralha da China, que possui cerca de três mil quilômetros de extensão. O solo-cimento é composto, sobretudo por solo, cimento e água, a cal pode ser usada em alguns casos, se necessitar corrigir a acidez do solo ou para majorar as propriedades dos materiais. Na composição do solo-cimento, o solo é o material que entra em maior proporção. Para Segantini et al (2008) é necessário que este material seja selecionado de modo que permita o menor consumo possível de cimento.

Lima (2010) e Souza (2006) afirmam que as pesquisas sobre solo-cimento no Brasil começaram a ganhar destaque na década de 1930, aproximadamente, assim que foi regulamentada sua aplicação pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Penteado e Marinho (2011) acreditam que ao longo dos anos esta técnica foi sendo cada vez menos utilizada. Mesmo o Brasil conhecendo as vantagens de se utilizar tijolos de solo-cimento ao invés de alvenaria convencional, com o surgimento de novos materiais industrializados o interesse por este material alternativo foi diminuindo.

Estes mesmos autores asseguram que a alvenaria em solo-cimento caracteriza-se por apresentar um sistema econômico e facilitado de construção. O maior uso deste material ainda é em pavimentos, mais especificamente a base, que é feita de solo-cimentos compactado, mas também é usado em reforços e melhorias de solos, em barragens e contenção, e em substituição de alvenaria convencional. (GRANDE, 2003).

O uso do solo-cimento possui inúmeras vantagens, e algumas delas serão apresentadas a seguir:

 Abundância de solo disponível;  Baixo custo de produção;  Redução do uso de argamassas;

(3)

 Isenção de mão-de-obra especializada;  Redução dos resíduos de construção;  Dispensa a queima em fornos, como

acontece com os tijolos convencionais, entre outras.

2.2.1 Solo-cimento com adição de resíduo de concreto Lima (2010) aborda em seu trabalho sobre solo-cimento, que existem vários estudos com intuito de verificar se a adição de materiais alternativos como borracha, papel, vidro, granito, concreto, resíduos da construção ou demolição, pode ajudar agregando maior estima ambiental aos tijolos de solo-cimento, tornando-os mais resistentes e com uma melhor trabalhabilidade.

A fim de reduzir custos, evitar desperdícios, aproveitar resíduos e aumentar a resistência dos tijolos de solo-cimento, um tipo de material pode ser adicionado em sua fabricação, como por exemplo, o resíduo de concreto.

Souza (2006) aprofundou seus estudos sobre a adição de resíduos da construção a tijolos de solo-cimento, com intuito de encontrar soluções para melhorar a qualidade técnica dos tijolos. O resultado da adição mostrou que tal resíduo melhora as propriedades mecânicas do solo-cimento, e dessa forma pode-se reduzir custos, os tijolos podem ser prensados com melhor qualidade, sendo então uma excelente alternativa para o aproveitamento do concreto vindo dos RCC’s, e para melhorar as características dos solos.

Souza (2006) ainda ressalta que o uso do solo-cimento com aproveitamento dos resíduos de construção é uma boa alternativa, e contribui no sentido de reduzir custos e induzir os projetistas ao hábito de construir, harmonizando locais e sistemas construtivos.

Ao estudar as características dessa mistura e adicionar resíduos de concreto, Souza, Segantini e Pereira (2008) concluíram que este incremento reduziu de forma significativa a retração linear na secagem do solo, o tornando mais indicado para a confecção desses tipos de tijolos.

Os traços com solo coletado em Ilha Solteira – SP, local de pesquisa dos autores, misturado com 20% 40% e 60% de resíduo de concreto, com 6% 8% e 10% de cimento respectivamente, atenderam às especificações das normas brasileiras referentes a este assunto. Provando então, que é possivel utilizar uma quantidade reduzida de cimento, dosagens com aproximadamente 6% de cimento na confecção dos tijolos.

Para esta pesquisa a metodologia será semelhante à do trabalho dos autores citados acima, porém com um solo da região de Sinop – MT e com porcentagens diferentes de componentes.

3 Materiais e métodos

3.1 Materiais utilizados

Para este trabalho foi utilizado o solo coletado em 2013, denominado “Solo 01”. O mesmo foi coletado na jazida de cascalho da Prefeitura Municipal de Sinop, próximo a MT 220, a localização da coleta pode ser verificada na Figura 2.

Figura 2 - Ponto de coleta do solo utilizado. Fonte: Uieno, 2011 (Adaptado).

Foi usado Cimento Portland, classificado pela ABNT (1991) como CP – II – Z, composto com pozolana, e resistência mínima à compressão de 32 MPa aos 28 dias de cura.

Empregaram-se os resíduos de concreto coletados em uma fábrica de blocos localizada na cidade de Sinop – MT (Figura 3A). Classificados como classe A (resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados) pelo CONAMA (2006), foram triturados manualmente e passados pelas peneiras de 4,8 mm e 2 mm, de forma a obter um material granular, que seja semelhante a areia grossa usada na construção civil. O resultado pode ser verificado na Figura 3B a seguir.

Figura 3 - Resíduos de concreto, em A os blocos de concreto disponibilizados e em B o resíduo pronto para uso. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

3.2 Dosagens

Tabela 1. Traços a serem estudados.

Traços Teor de cimento Teor de resíduo Termo

Solo+cimento 5% 0% SC1

Solo+cimento 7% 0% SC2

(4)

Nota: O teor de cimento foi determinado através da classificação HRB, indicado pela ABCP (1986).

Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

3.3 Ensaios de caracterização

Para a caracterização geotécnica das misturas realizou-se os seguintes ensaios: Limite de liquidez (ABNT, 1984a); limite de plasticidade (ABNT, 1984b) e análise granulométrica (ABNT, 1984c).

3.4 Comportamento mecânico

As amostras de solo para a confecção dos corpos de provas foram preparadas de acordo com a ABNT (1992b). O solo foi seco ao ar, destorroado, passado posteriormente na peneira de 4,8 mm e armazenado, conforme a ABNT (1986).

Os ensaios de compactação foram realizados de acordo com as normas ABNT (1986) e ABNT (1992a), e visaram à obtenção dos teores de umidade ótima e da massa específica aparente seca máxima, foram fabricados um total de 6 corpos de prova para compor a curva de compactação.

Após a obtenção da umidade ótima, foram moldados os corpos de prova (5 para cada dosagem) para o ensaio de resistência a compressão não confinada em conformidade com a norma ABNT (1990).

Foram considerados apenas os corpos de prova que obtiveram grau de compactação de 98% a 102%, e teor de umidade com 0,5% em torno da umidade ótima correspondente. (ABNT, 1992b).

Os corpos de prova foram envolvidos em papel filme e cobertos por panos úmidos durante sua cura na câmara úmida (Figura 4), para que não perdessem umidade, e foram retirados apenas para o rompimento, definido para 7 e 28 dias.

3.5 Ensaio de absorção de água

Este ensaio foi executado conforme a ABNT (1996). Os corpos de prova (5 para cada traço definido), foram executados de acordo com a ABNT (1992b) e depositados para cura de sete dias na câmara úmida (Figura 4).

Depois do período de cura foram levados a uma estufa até atingir uma massa constante em gramas. Posteriormente foram imersos na água por 24 horas, retirados e, previamente secos, foram pesados para obtenção da massa úmida dos corpos de prova. Após este processo a absorção de água, expressa em porcentagem, foi calculada para cada corpo de prova usando a equação 1.

2- 1

1 100 quaç o

Onde:

A: Absorção de água (%);

1 Massa do corpo de prova após a secagem na

estufa (g);

2 Massa do corpo de prova após a imersão por 24

horas (g).

Figura 4 – Corpos de prova armazenados em câmara úmida. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

3.6 Ensaio de retração

O ensaio de retração foi realizado conforme as recomendações do CEPED (1984), e tem como objetivo detectar a presença de argilas expansivas contidas nas misturas de solo, pois esse fato tende a prejudicar o desempenho do solo em razão da retração durante a secagem.

As amostras de solo-cimento, e solo-cimento-resíduo foram umedecidas até que apresentassem com uma consistencia plástica semelhante à argamassa de emboço usada na construção civil.

Cada traço de mistura foi depositado em uma caixa com as medidas sugeridas pelo CEPED (1984): 60 cm de comprimento, 8,5 cm de largura e 3,5 cm de espessura. Para este trabalho, executou-se os 6 traços de uma só vez, pois a caixa fabricada possui 6 vãos.

O adensamento da mistura foi manual, e após o término deste processo, o material foi guardado à sombra durante 7 dias (Figura 5).

Após esse período realizou-se com auxílio de paquímetro as leituras de retração no sentido do comprimento da caixa. A recomendação é que as leituras sejam menores que 20mm e que as amostras não apresentem fenda transversal na parte central da amostra.

Figura 5 – Ensaio de retração linear. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

4 Apresentação e análise dos resultados

4.1 Análise Granulométrica

Os resultados da análise granulométrica das misturas estudadas encontram-se na Tabela 2.

(5)

Tabela 2. Análise Granulométrica

Material Argila(%) Silte+ Areia fina (%)

Areia média

(%)

Areia grossa

(%)

Solo* 40 55 4 1

Solo+20%resíduo 32 47 5 16

Solo+40%resíduo 28 41 5 26

Resíduo 1 3 4 92

Notas:*Ferreira (2015). ** Classificação segundo a ABNT (1995): areia grossa - AG (0,60 ≤ϕ < 2,00 mm), areia média – AM (0,20 ≤ϕ < 0,60 mm), areia fina - AF (0,06 ≤ϕ < 0,20 mm) e silte + argila - S+ ϕ≤ 0,074 mm).

Fonte: Acervo Pessoal, 2015.

Figura 6 - Curva granulométrica das composições. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

A partir dos dados da Figura 6, é possivel verificar que a granulometria do resíduo é completamente diferente do solo, o que causa uma alteração ao realizar-se esta mistura. Enquanto a areia grossa está presente em maior quantidade no resíduo caracterizado, o solo apresenta uma porção maior de areia fina. Levando em conta que o CEPED (1984) exige que para a composição de solo-cimento seja necessário conter entre 10 a 55% de silte mais argila, e 45 a 90% de areia, a adição de resíduo reduziu a porcentagem de argila e silte do solo, e aumentou a quantidade de areia grossa, deixando a mistura com as porcentagens mais adequadas.

4.2 Limites de Consistência

Tabela 3. Limites de consistência.

Teor das misturas LL(%) LP(%) IP(%)

Solo* 31 NP** -

Solo + 20% resíduo 28 NP** - Solo + 40% resíduo 30 NP** - Nota: *Ferreira (2015). ** NP – Não Plástico. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

A tabela 3 apresenta os valores dos limites de consistência do solo e solo com 20 e 40% de resíduo. A adição de resíduo promoveu uma pequena redução do limite de liquidez do solo quando comparado com o valor obtido por Ferreira (2015).

Esta diferença indica que mesmo aumentando a porcentagem de areia grossa nas misturas com resíduo, as porcentagens que influenciam nos limites de consistência, areia fina e média, continuam as mesmas.

4.3 Compactação

A Figura 7 apresenta as curvas obtidas na compactação das amostras. Nota-se uma diferença significativa entre a curva de solo natural e as das misturas analisadas.

Figura 7 - Curvas de compactação das composições. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0,01 0,1 1

P

or

ce

nt

ag

em

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ue

p

as

sa

(%

)

Diâmetros das Particulas (mm) Solo + 20%

Solo + 40% Resíduo

Solo Puro - Ferreira,2015

14,00 14,25 14,50 14,75 15,00 15,25 15,50 15,75 16,00 16,25 16,50 16,75 17,00 17,25 17,50 17,75 18,00 18,25 18,50 18,75 19,00

4,0 7,0 10,0 13,0 16,0 19,0 22,0

P

es

o

es

pe

cif

íc

o

se

co

m

áx

im

o

(k

N

/m

³)

Teor de umidade (%) SC1

SC2 SCR1 SCR2 SCR3 SCR4

(6)

Tabela 4. Resultados da compactação.

Dosagem

Teor de umidade ótima)

(%)

Peso específico

seco máximo (kN/m3) Solo Puro* 9,5 17,1 Solo + 5%cimento 13,6 17,92 Solo + 7%cimento 13,5 17,78 Solo+20%resíduo+5%cimento 12,7 18,16 Solo+20%resíduo+7%cimento 13,7 18,32 Solo+40%resíduo+5%cimento 12,4 18,6 Solo+40%resíduo+7%cimento 11,8 18,48 Nota:*Romanini e Crispim (2014).

Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

De acordo com os valores presentes na Tabela 4 é possivel observar que os teores de umidade ótima aumentaram com a mistura solo-cimento, em relação a apenas solo, pois a adição de cimento eleva os finos da mistura necessitando de mais umidade. As composições com resíduos apresentaram uma redução de umidade comparando com as de solo-cimento, provavelmente ocorre, pois a adição de resíduo compensa o possível aumento de umidade causado pelo cimento.

O peso específico seco aumentou em função da adição de resíduo. Este comportamento indica que possivelmente o material se tornou mais compacto, melhorando a acomodação dos grãos na compactação. Deste modo é possível obter misturas com maior resistência e menor absorção de umidade.

4.4 Resistência à compressão não confinada

Os resultados do ensaio de resistência média à compressão não confinada das amostras são apresentados na figura 8.

Figura 8 - Resistência à compressão não confinada média das misturas, com cura de sete dias. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

De um modo geral, observa-se pela figura 8 que a adição de resíduo de concreto causou um acréscimo nos valores de resistência à compressão do material. Esse aumento foi significativo principalmente em relação à mistura de solo com 5% de cimento. Com a adição de resíduo os corpos de prova com 5% de cimento tiverem suas resistências dobradas, sendo que com 40% de resíduo (Figura 9) a resistência foi quase três vezes maior.

Figura 9 - Ruptura do corpo de prova com resíduo. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

Para Segantini et al (2008) a resistência à compressão do solo-cimento é uma propriedade importante, pois está relacionada diretamente com o desempenho que as paredes de uma edificação apresentarão.

No trabalho de Segantini et al (2008) os valores de resistência média para corpos de prova cilíndricos foram de aproximadamente 3,5 Mpa para um solo A4 com 60% de resíduo e 6% de cimento, sendo que para o solo em estudo A24 com 40% de resído e 7% de cimento, o valor de resistência ficou bem próximo, comprovando assim a eficácia desta adição para um solo da região de Sinop-MT.

Pela análise dos resultados, pode-se dizer que a cura de 28 dias melhorou significativamente os valores de resistência, este comportamento indica que as reações químicas que ocorrem no cimento, acabam melhorando as propriedades mecânicas ao longo do tempo. É provável que a resistência do solo-cimento continue aumentando após a idade de 28 dias, indicando para os trabalhos futuros verificar o comportamento dos materiais com idade de cura superior.

805

1.

13

0

1.

90

4

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6

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0

2.

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0 500 1000 1500 2000 2500 3000

SC1 SC2 SCR1 SCR2 SCR3 SCR4

R

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C

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kP

A

)

(7)

Figura 10 – Comparação entre resitência à compressão com cura de 7 e 28 dias. Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

4.5 Absorção de água

Tabela 5. Resultados do ensaio de absorção de água. Dosagem Absorção média de água (%)

Solo+5%cimento 11,79

Solo+7%cimento 11,98

Solo+20%resíduo+5%cimento 12,98

Solo+20%resíduo+7%cimento 12,97

Solo+40%resíduo+5%cimento 12,60

Solo+40%resíduo+7%cimento 12,42 Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

Conforme os valores da Tabela 5, a absorção de água não obteve uma alteração representativa, nota-se uma pequena diminuição da absorção de água conforme aumenta-se o teor de resíduo no solo. Entretanto, em relação ao solo puro houve ganho de estabilidade, pois sem a adição do aditivo o solo dissolvia-se quando imerso em água.

O valor de absorção exigido pela ABNT (1996) é de 20%, como todos os valores estão abaixo do pressuposto, pode-se dizer que em relação absorção, esta adição é viável.

4.6 Retração linear

Tabela 6. Retração linear das amostras

Fonte: Arquivo Pessoal, 2015.

Com base nos resultados da tabela 5, é possivel constatar que as somatórias das medidas de retração das amostras foram inferiores à definida pelo CEPED (1984). Porém 4 das 6 amostras apresentaram 2 abeturas no sentido transversal da caixa (Figura 10). A única que não apresentou este comportamento foi a mistura com 20% de resíduo e 5% de cimento, e a com 7% de cimento e 20% de resíduo apresentou apenas uma trinca.

Ainda que as amostras tenham apresentado aberturas no sentido transversal da caixa, nenhuma delas foi central, conforme a Figura 10.

5 Conclusões

Tendo como embasamento os resultados dos ensaios de resistência à compressão não confinada, retração linear e caracterização do solo, observou-se que o solo estudado da região de Sinop-Mt, apresenta somente com misturas de 40% de resíduo incorporado, as características necessárias para a produção de solo-cimento.

Os melhores resultados foram obtidos para as misturas contendo 7% de cimento, obtendo melhores resultados na medida em que se aumenta a quantidade de resíduo na mistura.

Foi possível observar que a resistencia a compressão das amostras com 20% de resíduo mais 7% de cimento se aproximou da com 40% de resíduo e 5% de cimento, visando a diminuição do consumo de cimento, é possivel optar por uma quantidade maior de resíduo que o resultado esperado será praticamente o mesmo.

E constatou-se que a adição de resíduo diminuiu relativamente às medidas de retração comparadas com apenas solo e cimento. Principalmente as misturas com composição de 20% de resíduo. Este desempenho indica que para as composições de solo estudadas, nenhuma obteve resultado satisfatório no que diz respeito à retração linear.

Mesmo que nem todas as amostras tenham atingido os valores de retração e resistência à compressão exigida, a adição de resíduo ao solo melhorou expressivamente a característica do mesmo.

Tal melhoria nas propriedades pode ser observada ainda nos ensaios de caracterização, como consequência obteve-se um aumento na resistência à compressão, pequena redução de umidade ótima e melhor comportamento na compactação.

805

1130

1904 1916

2020 2070

980

1250

1907

2651

2402

3251

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

SC1 SC2 SCR1 SCR2 SCR3 SCR4

R

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(k

P

a

)

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É possível adicionar resíduos de concreto sem prejudicar a qualidade final dos produtos, e o aproveitamento dos mesmos pode contribuir no que diz respeito ao volume significativo de material que é rejeitado pelas obras ou que não é aprovado no controle de qualidade e acabam sendo descartados de maneira errada, prejudicando a natureza.

Portanto, mesmo que seja necessária uma quantidade razoável de resíduo para que este solo seja considerado utilizável na fabricação de tijolos de solo-cimento. O solo-cimento é uma excelente matriz para o aproveitamento dos resíduos de concreto, e uma prática ecologicamente correta, pois não necessita ser cozido, evitando a emissão de poluentes para sua fabricação, preservando assim o meio-ambiente.

Agradecimentos

Primeiramente agradeço à Deus e à minha família pelo amor, motivação e oportunidade de realização de um sonho.

Às amigas e companheiras de sala Kellin Pagno e Ândrea Boechat, pelo apoio e ajuda no desenvolvimento deste trabalho. Aos amigos e engenheiros civis Augusto Romanini e Camila Vedana pelo auxílio, incentivo e companheirismo.

Ao Prof. Dr. André Luiz Nonato Ferraz, pela competência, paciência, confiança e orientação indispensável durante a realização deste trabalho. Ao Prof. Dr. Flávio Alessandro Crispim pelo apoio, e a todos os demais professores, em especial aqueles que acompanharam o desenvolvimento desta pesquisa.

À Universidade do Estado de Mato Grosso por disponibilizar o Láboratório de Engenharia Civil para a execução dos ensaios, pela aprendizagem e possibilidade de graduação em Engenharia Civil. À empresa Transterra Terraplenagem e Pavimentação Ltda. que disponibilizou o Laboratório de Solos para realização de um dos ensaios apresentados nesta pesquisa, especialmente ao laboratorista Emerson dos Santos Lara.

À fábrica de blocos BDS, pela atenção e disponibilização do material.

Por fim, agradeço a todos que não foram citados, mas que de forma direta ou indireta contribuíram para a conclusão deste trabalho.

Referências

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– normas de dosagem. São Paulo, 1986. 51p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6457: Amostras de Solo – Preparação para Ensaios de Compactação e Ensaios de Caracterização. Rio de Janeiro, 1986. 9 p.

______. NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 1984a. 6 p.

______. NBR 7180: Solo – Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984b. 3 p.

______. NBR 7181: Solo – Análise Granulométrica. Rio de Janeiro, 1984c. 13 p.

______. NBR 8491: Solo – Tijolo maciço de solo-cimento. Rio de Janeiro, 1984d. 4p.

______. NBR 10004: Resíduos sólidos - classificação - elaboração. São Paulo, 2004. 71p.

______. NBR 11578: Cimento Portland Composto. Rio de Janeiro, 1991. 5p.

______. NBR 12023: Solo-cimento – Ensaio de Compactação. Rio de Janeiro, 1992a. 6p.

______. NBR 12024: Solo-cimento – Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1992b. 5 p.

______. NBR 12025: Solo-cimento – Ensaio de Compressão Simples de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1990. 2p.

______. NBR 13555: Solo-cimento – Determinação da absorç o d’água. Rio de Janeiro, 1996. 1p.

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Figura 1- Classificaçao dos RCC’s produzidos em Sinop-MT.
Figura 3 - Resíduos de concreto, em A os blocos de concreto  disponibilizados  e  em  B  o  resíduo  pronto  para  uso
Figura 4 – Corpos de prova armazenados em câmara úmida.
Figura 7 - Curvas de compactação das composições.  Fonte:
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