Estudos e Pesquisas para Subsidiar a Elaboração de Políticas e Projetos relacionados ao Desenvolvimento Produtivo e a Inovação Industrial no Brasil, assim como para o Desenvolvimento de Ações de Fomento ao Desenvolvimento Tecnológico e Regional
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABDI
1º TRIMESTRE 2017
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO
Sondagem de Inovação
Sondagem de Inovação
1.
Apresentação
A Sondagem de Inovação é uma pesquisa trimestral produzida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com a Fundação Getulio Vargas, visando o monitoramento sistemático da inovação tecnológica pelas empresas industriais brasileiras, contribuindo com informações relevantes para uso no âmbito privado, em ambiente acadêmico e para a formulação de propostas de políticas públicas.
Entre 2010 e 2016 (edição do 2º trimestre), a Sondagem de Inovação foi realizada pela ABDI em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD) e o Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A partir da edição passada, relativa ao 4º trimestre de 2016, a pesquisa passou a ser realizada pela FGV1, em parceria com a ABDI.
Este documento descreve os principais aspectos metodológicos e resultados da pesquisa referente ao 1º trimestre de 2017. Na segunda seção, a seguir, são descritos os aspectos metodológicos. Na terceira, são apresentados os resultados da pesquisa contínua. Na quarta e quinta, são apresentados os resultados dos quesitos especiais que avaliaram o conhecimento do empresário industrial sobre Serviços na indústria e Startup.
1 Não houve coleta de dados para a edição do 3º trimestre de 2016.
2. Aspectos Metodológicos
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PESQUISA
A Sondagem de Inovação é uma pesquisa trimestral que tem por finalidade gerar indicadores conjunturais a respeito de temas relacionados aos esforços tecnológicos das indústrias brasileiras, tais como: inovação em produtos e/ou processos, expectativas de investimento em inovação, motivação para a realização de inovação, fatores que estão limitando o investimento em inovação, etc.
A pesquisa segue padrões internacionais de coleta e tratamento de dados sobre Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), consolidados no Manual Frascati2, e no que diz respeito à inovação segue as diretrizes disponíveis no Manual de Oslo3. Neste entendimento, há conformidade metodológica com a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com pesquisas internacionais como a Community Inovation Survey, realizada nos países integrantes da União Europeia.
O questionário da pesquisa é composto por 14 perguntas regulares, sendo 11 de natureza quantitativa e três de natureza qualitativa4. A cada edição, a Sondagem inclui também seções de quesitos sobre temas relevantes da fronteira tecnológica que tenham impacto no progresso industrial brasileiro. Nesta edição os temas escolhidos foram a Servicização da indústria e a relação das empresas industriais com as Startups.
Os horizontes temporais dos quesitos da pesquisa são classificados nas seguintes modalidades:
Avaliações sobre o trimestre de referência da pesquisa (trimestre anterior ao da coleta de dados);
e
Previsões para o trimestre corrente (trimestre subsequente ao de referência da pesquisa).
As respostas aos quesitos da pesquisa representam o conjunto formado pela matriz brasileira e suas filiais, quando houver, da empresa participante da pesquisa.
2 Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Frascati Manual: proposed standard practice for surveys on research and experimental development. Paris: OCDE,2002.
3 Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).Guidelines for collecting and interpreting innovation data. 3ed. Paris:
OCDE, 2005.
As informações básicas das empresas são obtidas, majoritariamente, por meio de cadastros empresariais de largo alcance e credibilidade. Alguns destes dados, como a classificação de atividade econômica, por exemplo, são confirmados pela equipe de pesquisa de campo da FGV durante os primeiros contatos com as empresas. Outros, como as informações sobre o pessoal ocupado da empresa, são confirmados por meio de cadastros externos e pelo questionário enviado aos respondentes da pesquisa.
2.2 DESCRIÇÃO DOS TEMAS
As perguntas do questionário regular da Sondagem de Inovação apresentam opções de resposta de natureza majoritariamente quantitativa. O respondente da pesquisa informa, por exemplo, o número de produtos e/ou processos inovadores, o total de pessoal ocupado dedicado à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D) e sua qualificação, o percentual de gastos com inovação em relação ao faturamento, etc. Para a exclusão dos outliers da amostra utilizou-se o seguinte critério:
i) Para exclusão de valores extremamente pequenos, no caso específico da pesquisa de valores iguais a zero, o limite inferior da amostra é determinado como sendo o valor limite do primeiro quartil subtraído do valor do intervalo interquartílico multiplicado por 1,5;
LI = Q1 - (1,5 x IQ);
Onde:
LI é o limite inferior determinado por Q1 - (1,5 x IQ);
Q1 é o primeiro quartil (Q1) da série de dados e seu limite é n+1; e IQ é o intervalo interquartílico dado por (Q3-Q1);
ii) Para exclusão de valores extremamente grandes, o limite superior da amostra é determinado como sendo o valor limite do terceiro quartil adicionado do valor do intervalo interquartílico multiplicado por 1,5.
LS = Q3 + (1,5 x IQ) Onde:
LS é o limite superior determinado por Q3 + (1,5 x IQ);
Q3 é terceiro quartil da série de dados, e o seu limite é 3n+1; e IQ é o intervalo interquartílico dado por (Q3-Q1).
Os chamados outliers são os valores fora do intervalo [LI, LS].
Em alguns quesitos da pesquisa, as opções de resposta são do tipo qualitativo. Desta forma, os resultados apurados são frequências relativas, expressas em termos percentuais, de respondentes que optaram por cada uma das opções apresentadas no questionário.
Para alguns quesitos foram criados indicadores-síntese de resultados. Após obtidas as frequências relativas de cada opção de resposta, calculou-se a diferença, em pontos percentuais, entre as frequências de respostas consideradas “favoráveis” e “desfavoráveis”. A seguir, foram somados 100 pontos, de forma que o indicador oscile entre o mínimo de 0 (zero) ponto e o máximo de 200 pontos.
O Quadro 1, a seguir, sintetiza os quesitos abordados na pesquisa regular quanto ao tema, o período de referência e o tipo de opções de resposta.
Quadro 1
Descrição dos Quesitos Regulares
Quesito Período de referência Opções de Resposta
Produtos novos, mas já existentes
no mercado Trimestre de referência Quantitativa
Produtos novos, não existentes no
mercado Trimestre de referência Quantitativa
Processos novos, mas já existentes
no mercado Trimestre posterior Quantitativa
Processos novos, não existentes no
mercado Trimestre posterior Quantitativa
Projetos em andamento Trimestre de referência Quantitativa
Projetos abandonados Trimestre de referência Quantitativa Quantidade de profissionais
dedicados em P&D, por título Trimestre de referência Quantitativa
Gastos com inovação Trimestre de referência Aumentou / Manteve / Diminuiu / Não fez
Fatores que influenciam a decisão
de inovar Trimestre posterior Sem importância / Baixa / Média / Alta importância
Investimento produtivo Trimestre de referência Aumentou / Manteve / Diminuiu / Não fez
Fonte: ABDI Elaboração: FGV
O questionário referente ao 1º trimestre de 2017 é apresentado no Apêndice 1 deste documento. As seções I, II, III, IV, V, VI e IX são regulares e a Seções VII e VIII são móveis.
2.3 ABRANGÊNCIA SETORIAL E AMOSTRA
A cobertura setorial da pesquisa foi determinada seguindo a estrutura da Pesquisa Anual da Indústria (PIA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que inclui a Indústria de Transformação e Extrativa, abrangendo as 25 divisões5 definidas pela Classificação Nacional de Atividades Econômica, na versão 2.0 (CNAE 2.0).
Nessa edição da pesquisa, buscou-se explorar a análise dos resultados, classificando os setores de atividade industrial de acordo com seus padrões tecnológicos. Entre as duas classificações tecnológicas mais amplamente empregadas por formuladores de políticas e estudiosos da área de economia da
5 Conforme Anexo 1 deste documento.
inovação – a classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a taxonomia proposta por Pavitt (1984)6 – , será utilizada como parâmetro a primeira da OCDE que agrupa os setores da indústria de transformação de acordo com sua intensidade tecnológica (alta, média-alta, média-baixa e baixa), adaptando para esta pesquisa em apenas dois níveis: Alto (para os segmentos considerados pela OCDE alto ou médio-alto) e Baixo (para os segmentos considerados pela OCDE baixo ou médio-baixo, conforme tabela no Anexo 2.
Na prática, ainda que seja uma classificação internacional, sabe-se que podem existir diferenças relacionadas às estruturas industriais dos países e políticas de incentivos setoriais em determinados períodos e, por isso, as conclusões relacionadas a essa caracterização devem ser melhor estudadas ao longo do tempo.
Outra forma de investigação dos resultados é a divisão das empresas por grupo de atividades, onde cada divisão CNAE é classificada de acordo com um Sistemas Produtivos, conforme descrito abaixo:
Transformação da estrutura produtiva: formado por empresas cujos sistemas de produção possuem capacidade de transformação da estrutura produtiva. Fazem parte deste grupo as divisões CNAE 21 (Fabricação de produtos químicos e farmacêuticos), 26 (Fabricação de produtos de informática, produtos eletrônicos e ópticos), 27 (Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos), 28 (Fabricação de máquinas e equipamentos, 29 (Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias), 30 (Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores) e 33 (Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos);
Intensivos em escala: constituído por empresas cujos sistemas produtivos são intensivos em escala e são representados pelas divisões CNAE 05 (Extração de carvão mineral), 06 (Extração de petróleo e gás natural), 07 (Extração de minerais metálicos), 08 (Extração de minerais não- metálicos), 09 (Atividades de apoio à extração de minerais), 17 (Fabricação de celulose, papel e produtos de metal), 19 (Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis), 20 (Fabricação de produtos químicos), 22 (Fabricação de produtos de borracha e de material plástico), 24 (Metalurgia) e 25 (Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos);
Intensivos em trabalho: formado por empresas cujos sistemas de produção são intensivos em trabalho. São empresas pertencentes as divisões CNAE 13 (Fabricação de produtos Têxteis), 14
6 Considera os padrões setoriais de mudança técnica e que, em seu formato original, considera quatro categorias: dominados pelos fornecedores, intensivos em escala, fornecedores especializados (ou difusores do progresso técnico) e baseados em ciência.
(Confecção de artigos do vestuário e acessórios), 15 (Fabricação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados), 16 (Fabricação de produtos de madeira), 18 (Impressão e reprodução de gravações), 23 (Fabricação de produtos de minerais não-metálicos), 31 (Fabricação de móveis) e 32 (Fabricação de produtos diversos); e
Agronegócios: constituído por empresas efetivamente pertencentes aos sistemas de agronegócios e representadas pelas CNAE 10 (Fabricação de produtos alimentícios), 11 (Fabricação de bebidas) e 12 (Fabricação de produtos de fumo).
O desenho amostral da pesquisa abrange 350 empresas industriais com 250 ou mais pessoas ocupadas e atuantes em território nacional.
2.4 PERIODICIDADE E COLETA DE DADOS
A coleta de dados é orientada pela Coordenação de Pesquisa da FGV. Os pesquisadores, bem como os supervisores, foram avaliados, selecionados e treinados especificamente para a realização desta pesquisa.
O responsável pelo preenchimento dos questionários é identificado pela empresa de acordo com especificações fornecidas pela FGV, sendo geralmente um colaborador em nível de diretoria ou gerência e, necessariamente, alguém com visão integrada dos diversos negócios da empresa.
As respostas aos questionários são fornecidas predominantemente de duas formas:
Via Internet: o respondente acessa o site a seguir, criado especialmente para este propósito pela FGV e, mediante identificação por código e senha, responde o questionário;
http://www14.fgv.br/sondagem/siv/index.asp?cd_pesquisa=SIV
Via Telefone: o respondente é contatado por um pesquisador da FGV e responde o questionário.
O período de coleta da Sondagem de Inovação é trimestral e ocorre nos dois primeiros meses subsequentes do trimestre de referência da pesquisa. Para a edição do 1º trimestre de 2017, excepcionalmente, a coleta foi iniciada no segundo mês do trimestre subsequente. Foram aplicados 354 questionários entre 11 de maio e 07 de julho de 2017, obtendo a seguinte distribuição amostral:
Tabela 1
Distribuição das Empresas na Sondagem do 1º Trimestre de 2017 segundo a divisão CNAE 2.0 Divisão
CNAE 2.0 Segmentos Distribuições dos
Respondentes
B (05 A 09) Extrativa 9
10 Alimentos 69
11 Bebidas 12
12 Fumo 2
13 Têxtil 27
14 Vestuário e Acessórios 12
15 Couros e Calçados 13
16 Madeira 12
17 Celulose e Papel 11
18 Impressão e Reprodução 0
19 Derivados de Petróleo e Biocombustíveis 8
20 Fabricação de Produtos Químicos 16
21 Farmacêutica 8
22 Borracha e Material Plástico 12
23 Minerais Não-Metálicos 14
24 Metalurgia Básica 15
25 Produtos de Metal 16
26 Informática e Eletrônicos 10
27 Máquinas e Materiais Elétricos 16
28 Máquinas e Equipamentos 24
29 Veículos Automotores 30
30 Outros Equipamentos de Transporte 6
31 Mobiliário 5
32 Produtos Diversos 7
33 Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos. 0
Total 354
Fonte: FGV
A distribuição amostral por Região e Sistemas Produtivos são apresentados nos Gráficos 1 e 2 abaixo:
Gráfico 1
Distribuição das Empresas por Região no 1º Trimestre de 2017
Fonte: FGV
Gráfico 2
Distribuição das Empresas por Sistemas Produtivos no 1º Trimestre de 2017
Fonte: FGV 26,6%
(94)
25,4%
(90) 24,6%
(87) 23,4%
(83)
Transformação da estrutura produtiva Intensivos em trabalho
Intensivos em escala Agronegócio
2.5 REGRA DE DESIDENTIFICAÇÃO DOS RESPONDENTES
Com o intuito de assegurar o sigilo das informações prestadas durante a realização deste tipo de pesquisa, a FGV adota na divulgação de resultados regras de não identificação de empresas, de modo a evitar a individualização do respondente. Quando existirem, no nível de divulgação de quaisquer resultados, com menos de 20 respondentes, ou a fatia de mercado relativa a determinado informante for considerada muito elevada, os indicadores nesse nível de detalhe não serão divulgados.
3. Resultados do 1º Trimestre de 2017
3.1 CONTEXTO CONJUNTURAL
Nos últimos 15 anos, o país tem desenvolvido medidas de fomento à inovação, como incentivos tributários voltados a pesquisa e ao desenvolvimento (P&D), crédito subsidiado à inovação e medidas regulatórias para facilitar o relacionamento entre corporações e universidades. Neste período também foi observada maior contribuição governamental na forma de investimentos em P&D, ao menos até 2014 (Andrade &
Domingos, 2017). Apesar desses esforços, o Brasil ainda não conseguiu melhorar seu desempenho e eficiência em inovação na comparação com outros países do mundo.
O Índice de Inovação Global 20177 (GII) mede o desempenho em inovação de 127 países, permitindo comparações. Em 2011, o Brasil ocupava o 47º lugar no ranking. Com o passar dos anos, o país foi caindo no ranking e atualmente ocupa a 69ª posição. Vale ressaltar, que a queda da posição do Brasil se dá pela piora do desempenho brasileiro e pela melhora de outros países ao longo do tempo.
O Gráfico 3 mostra a queda do Índice de Inovação Brasileiro entre 2011 e 2017, ao passar de 37,8 pontos para 33,1 pontos, respectivamente. O Chile foi classificado como o mais inovador por dois anos consecutivos entre os países da América Latina e observa-se um distanciamento em relação ao Brasil a partir de 2012. Entre os países com maior crescimento na inovação nos últimos anos, destaca-se a China ao crescer 6,1 pontos no período (2011 a 2017). A Suíça desponta como país mais inovador de acordo com o GII, desde 2011.
7 Lançado pelo INSEAD em 2007, hoje o Índice de Inovação Global (GII) é co-publicado pela Universidade Cornell, INSEAD e o Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO), uma agência especializada das Nações Unidas. A edição de 2017 do GII baseia-se na experiência de seus Parceiros de Conhecimento: a Confederação de Indústria indiana, PricewaterhouseCoopers (PwC) e Strategy&, e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), também como um Conselho Consultivo de eminentes especialistas internacionais.
Gráfico 3
Índice de Inovação Global (GII)
Fonte: GII Elaboração: FGV
A diminuição da participação da indústria ao longo da recessão pode explicar parte do fraco desempenho brasileiro em inovação. É importante frisar que o ambiente rígido de negócios, a falta de integração aos mercados internacionais e a ineficiência de políticas públicas são também desincentivos relevantes à inovação.
No 1º trimestre de 2017, período de referência desta edição da Sondagem de Inovação, a economia brasileira deu sinais de melhora, com crescimento do PIB, a desaceleração da inflação, redução do risco país e queda na taxa de juros. Por outro lado, o cenário fiscal continuou complicado, mesmo com as tentativas do governo de aprovação de reformas buscando estabilizar a relação dívida pública/PIB, o nível de desemprego continuou elevado e houve aumento de incerteza no ambiente político.
A produção da Indústria cresceu 0,6% no 1º trimestre de 2017, em relação ao mesmo período do ano passado, influenciada pelo aumento das importações de bens intermediários e de alívio nos preços por atacado em diversos segmentos de produtos industriais.
O Gráfico 4 apresenta a evolução interanual do PIB da Indústria e do PIB agregado utilizando dados do Monitor do PIB8 da Fundação Getulio Vargas (FGV). O monitor do PIB estima mensalmente o PIB
37,8
36,6 36,3 36,3
35,0 33,2 33,1
38,8 42,7
40,6 40,6 41,2
38,4 38,7
56,6 57,7
60,3 60,1 60,1 61,4 61,4
63,8
68,2 66,6
64,8
68,3 66,3 67,7
46,4 45,4 44,7 46,6 47,5
50,6 52,5
30 40 50 60 70
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Brasil Chile EUA Suíça China
brasileiro com base na mesma metodologia utilizada na elaboração das Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir de 2014, evidencia-se um descolamento entre as variações dos dois indicadores que permanece até o final de 2015. Este ano, a variação da taxa mensal do PIB da Indústria voltou a se descolar da taxa do PIB em fevereiro e em abril. Em abril de 2017, a taxa mensal interanual do PIB da Indústria chegou a - 5,0% enquanto a taxa do PIB brasileiro atingiu -1,0%.
Gráfico 4
PIB Indústria e PIB agregado (dados mensais, variação % interanual)
Fonte: IBGE Elaboração: FGV
A recessão iniciada no segundo trimestre de 20149 resultou em perda de quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) per capita até o primeiro trimestre de 2017. A intensidade da contração levou a uma queda da participação do investimento no PIB, aprofundada por uma atípica retração do nível de atividade no setor da Construção, que vinha de uma fase favorável nos anos anteriores.
Segundo a medida de nível de utilização da capacidade (NUCI) da Sondagem da Indústria de Transformação da FGV/IBRE, o nível de ociosidade vem se mantendo acima de 25% desde o 4º trimestre de 2015 (25,6% no 1º trimestre de 2017). Embora continue baixo em termos históricos, o nível de confiança dos agentes econômicos aumentou neste período, alavancado pelos componentes de expectativas. O elevado grau de incerteza originária do ambiente político, no entanto, suscita dúvidas quanto à sustentabilidade do ritmo de recuperação econômica, o que tende a postergar a realização de
9 Trimestre de início da recessão, segundo o Comitê de Datação dos Ciclos Econômicos (CODACE).
7,1
-5,4
-4,2
-7,3 -2,7
-8,1 -9,2
-6,9
-5,0 -2,9
-5,0 0,5 5,7
-1,8 -1,3
-4,0 0,6
-5,6 -6,6 -5,8
-4,1
-1,3 -1,0 0,7
-12,0 -8,0 -4,0 0,0 4,0 8,0
Variação mensal interanual (%)
PIB - Indústria PIB
investimentos e contratações pelas empresas industriais. Diante deste quadro, é de se esperar que os investimentos em inovação também sejam afetados.
A importância da Inovação
Nas corporações ao redor do mundo, a inovação já é compreendida como essencial para os processos e relacionamentos empresariais. A empresa Price Waterhouse Coopers - PwC (2013) entrevistou 1.757 executivos de diversos países na pesquisa Global Innovation Survey para determinar como a inovação impacta no planejamento e no faturamento das empresas ao redor do mundo. Quase metade dos entrevistados, 51%, consideram a inovação como uma “necessidade competitiva” e 93% indicaram que um crescimento orgânico através da inovação aumentaria a proporção do crescimento da receita de suas empresas.
Já a pesquisa Global CEO Pulse Survey of Innovation, também elaborada pela PwC, entrevistou 246 CEOs em diversos países: 64% acreditam que inovação e efetividade operacional são igualmente importantes para o sucesso empresarial. Os fatores limitativos ao investimento em inovação mais citados pelos respondentes foram: recursos financeiros (citados por 43% dos entrevistados), cultura organizacional existente não compatível com inovação (41%), falta de talento (30%) e fatores regulatórios e políticos (21%). Os resultados mais recentes da Eurostat (2016) mostram que os investimentos em P&D da União Europeia representaram 2,0% do PIB da região em 2014. O investimento total de €300 bilhões foi destinado majoritariamente para o setor empresarial (64%) e os países com as maiores parcelas de investimentos em P&D em relação ao PIB foram Suécia (3,26%), Áustria (3,07%) e Dinamarca (3,03%).
Em comparação, os Estados Unidos investiram, em 2013, 2,73% de seu PIB em P&D; um total de €344 bilhões. O investimento da Coreia do Sul atingiu 4,29% do PIB em 2014, totalizando €45 bilhões.
No Brasil, os gastos do P&D representaram apenas 1,3% do PIB em 2013, uma evolução favorável em relação ao 1,0% de 2010, mas uma proporção ainda muito pequena se comparada a países desenvolvidos ou emergentes que vêm crescendo mais rapidamente, como a China (2,1% em 2015) e Coreia (4,23% em 2015), segundo dados da OCDE.
Resultados da Sondagem do 1º Trimestre de 2017
Os resultados da Sondagem de Inovação referentes ao 1º trimestre de 2017 representam um ligeiro retrocesso em relação aos registrados no último trimestre de 2016 e um avanço em relação ao mesmo período do ano passado. O Gráfico 5 mostra a relação entre a realização de inovação em produtos ou processos e o Indicador de Investimentos em capital fixo da indústria. No 1º trimestre de 2017 o setor industrial ainda estava no quadrante de baixo nível de inovação e de investimentos totais.
Gráfico 5 Inovação no Brasil
Fonte: ABDI (1º Trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) – FGV (a partir do 4º trimestre de 2016)
A tendência de recuperação da economia deve alavancar os investimentos nos próximos trimestres, ainda que de forma mais lenta que em outros períodos recessivos. Entre os indicadores antecedentes dos investimentos, destaca-se a recente melhora na rentabilidade empresarial no setor industrial. Exercícios
1T10 1T11
1T12 1T14 1T13
1T15
1T16
2T16 4T16
1T17
-2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
-2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Inovação em produto ou processo, diferença em desvio padrão em relação à média
Indicador de Investimentos, diferença em desvio padrão em relação à média Indicador de Investimentos e Inovação em produto ou processo acima da média
Indicador de Investimentos e Inovação em produto ou processo abaixo da média Indicador de Investimentos acima da média e Inovação em produto
ou processo abaixo da média
Indicador de Investimentos abaixo da média e Inovação em produto
ou processo acima da média
apontam uma relação de causalidade10 entre a rentabilidade e o Indicador de Investimentos da Sondagem de Inovação
Gráfico 6
Rentabilidade das Indústrias e Investimentos em Inovação
Fontes: Economática e ABDI (1º Trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) FGV (a partir do 4º trimestre de 2016)
Segundo estudo de Jensen, Menezes-Filho e Sbragia (2004), os gastos em P&D se comportam como um random walk, tendo poucas variações ao longo do tempo e há evidências de que firmas maiores gastam menos em P&D proporcionalmente ao seu faturamento bruto. Além disso, o investimento em capital físico é a variável mais importante como determinante de P&D, indicando talvez alguma forma de complementaridade ou causalidade entre os dois tipos de investimento. Outra variável que parece ter incidência na atividade de P&D é o faturamento bruto, influenciando não só a probabilidade de uma firma efetuar gastos em P&D, como também a magnitude destes gastos, resultado similar ao encontrado por Andreassi (2000) para o Brasil. Um resultado interessante é a não influência de lucro na atividade de P&D, corroborando a hipótese de que flutuações anuais nos lucros da empresa não deveriam acarretar variações nos gastos em P&D, que é um investimento de longo prazo.
10 O teste de causalidade de Granger procura determinar o sentido causal entre duas variáveis, estipulando que X "Granger-causa" Y se valores passados de X ajudam a prever o valor presente de Y.
135,3
123,6
107,2
93,1
82,8 82,7 7,9
5,7 3,1
5,0 4,2
-2,6
2,7
-4 0 4 8 12
60 80 100 120
140 Lucro líquido 12 meses / Patrimônio líquido
Indicador de Investimentos -em pontos
Indicador de Investimentos Lucro líquido 12m/ Patrimônio Líquido
As principais motivações para a realização da atividade inovadora continuam sendo, a economia de custos ou a exigência de clientes. Mas a inovação proativa que depende de uma decisão de investimentos programada continua sendo prejudicada.
A seguir, os resultados por cada quesito são apresentados e as tabelas com as séries históricas, assim como informações mais detalhadas como as tabelas por Sistemas Produtivos e por Região, podem ser consultadas nos Apêndices 2, 3, 4, 5 e 6 desse documento.
3.2 INOVAÇÕES REALIZADAS DE PRODUTOS E PROCESSOS
No 1º trimestre de 2017, a inovação, considerada ferramenta essencial para o aumento de eficiência das empresas retornou a níveis próximos ao 2º trimestre de 2016, terceiro menor nível da série iniciada em 2010. Os quesitos contínuos da Sondagem de Inovação relacionados à quantificação da atividade inovadora dão sinais de piora da capacidade das empresas em inovar tanto em produtos, quanto processos. Na Tabela 2, observa-se uma redução de 49,5% para 44,1% entre o 4º trimestre de 2016 e 1º trimestre de 2017, respectivamente, das empresas que afirmam terem realizado algum tipo de inovação tecnológica, internamente ou direcionado ao mercado nacional, no trimestre de referência.
Tabela 2
Proporção de Empresas Inovadoras de Produto ou Processos (em %)
Percentual de empresas: 1º tri 2015
2º tri 2015
3º tri 2015
4º tri 2015
1º tri 2016
2º tri 2016
4º tri 2016
1º tri 2017
Inovadoras de produto ou processo 47,5 49,8 48,1 44,9 37,6 43,5 49,5 44,1
De produto 36,9 38,8 38,2 34,1 28,1 34,1 40,9 35,9
Produto novo para a empresa 32,1 35,0 34,9 32,3 24,4 32,0 35,9 32,5
Produto novo para o mercado nacional 12,8 12,7 12,8 11,8 9,4 11,4 14,9 12,4
De processo 32,9 32,0 31,5 29,0 24,1 27,2 30,9 27,1
Processo novo para a empresa 30,0 27,7 27,6 25,7 20,9 25,3 28,5 25,7
Processo novo para o mercado
nacional 9,1 9,1 8,5 8,8 6,8 6,2 8,6 7,4
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2015 a 2º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016)
Com a melhora do cenário econômico relacionada a queda na taxa de juros, inflação e melhora das exportações para alguns segmentos do setor, a confiança dos empresários avançou (Gráfico 7) motivada pelas melhores perspectivas em relação aos meses seguintes, mas isso não foi suficiente para manter o ritmo inovação das indústrias brasileiras no 1º trimestre de 2017, quando 13,8% dos projetos foram iniciados e abandonados no período, um aumento de 1,4 ponto percentual em relação ao trimestre anterior. Pelo enfoque dos sistemas produtivos, o aumento de projetos iniciados e abandonados foi
influenciado pelas empresas participantes dos sistemas de produção intensivos em escala, ao passar de 13,8%% no 4º trimestre de 2016 para 18,4% no rimestre de referência (Tabela 60, Apêndice 5). No recorte regional, o aumento de projetos iniciados e abandonados entre o 4º trimestre de 2016 e 1º trimestre de 2017 ocorreu nas regiões Sudeste e Nordeste, ao passar de 11,7% de 17,8% e 0,0% para 13,2%, respectivamente. (Tabela 27, Apêndice 4).
Com relação aos projetos iniciados e em andamento no trimestre de referência da pesquisa, houve redução de 2,4 pontos percentuais entre o 1º trimestre de 2017 e o 4º trimestre de 2016. (Tabela 3).
Gráfico 7
Percentual de Empresas que Inovaram e Índice de Confiança da Indústria
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016) Tabela 3
Projetos abandonados e em andamento (em %)
Em % Período Nenhum Até 3 De 4 a 6 Mais de 7
1T2016 90,4 8,0 0,8 0,8
4T2016 87,6 10,2 1,4 0,8
1T2017 86,2 11,6 1,1 1,1
1T2016 58,4 29,3 7,8 4,5
4T2016 51,6 31,8 10,2 6,4
1T2017 54,0 31,9 6,2 7,9
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016)
No Gráfico 8, observa-se que o resultado da inovação, no 1º trimestre de 2017 reduziu tanto para produtos quanto de processos, sendo eles internos ou externos, na comparação com o trimestre anterior.
Ainda assim, os resultados apresentam melhoras pontuais em alguns segmentos em relação ao 4º trimestre de 2016.
Das empresas que inovaram internamente em produtos, 32,5% dos respondentes inovaram em produtos já existentes no mercado, um aumento de 8,1 pontos em relação ao mesmo trimestre de 2016. Esse resultado foi influenciado pela recuperação das empresas que possuem sistemas de produção com capacidade de transformação produtiva cujo resultado subiu de 27,6% no 1º trimestre de 2016 para 41,5%
no 1º trimestre de 2017 (Tabela 51, Apêndice 5).
Com relação a inovação em processos novos ou substancialmente aperfeiçoadas para a empresa, mas já existentes no mercado nacional, apenas 25,7% das empresas inovaram no 1º trimestre de 2017. Houve piora em todos os sistemas produtivos e regiões na comparação com o 4º trimestre de 2016, exceto para Centro-Oeste e Norte, quando houve um aumento de 6,4 pontos percentuais (Tabela 22, Apêndice 4 e Tabela 55, Apêndice 5).
Das empresas que inovaram externamente 12,4% dos respondentes inovaram em produtos novos não existentes no mercado nacional no 1º trimestre de 2017, um aumento de 3,0 p.p. em relação ao 1º trimestre de 2016. A melhora ocorreu nas empresas com sistemas de produção relacionados ao agronegócio cujo resultado subiu de 3,6% no 1º trimestre de 2016 para 8,4% no 1º trimestre de 2017 (Tabela 52, Apêndice 5). Com relação a processos novos para o mercado, apenas 7,4% das empresas inovaram no 1º trimestre de 2017, uma queda de 1,2 ponto percentual para o 4º trimestre de 2016, mas um aumento de 0,6 p.p. para o 1º trimestre de 2016. Assim como processos já existentes no mercado, não foram observadas diferenças significativas entre empresas de diferentes sistemas produtivos e regiões para os processos novos para o mercado (Tabela 56, Apêndice 5 e Tabela 23, Apêndice 4).
Gráfico 8
Inovação em produto ou processo (em %)
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016)
No 1º trimestre de 2017, 16,9% das empresas industriais realizaram inovações tecnológicas de produtos e processos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional (Tabela 4), um aumento de 6,4 p.p. em relação ao 1º trimestre de 2016. A introdução de produtos e processos novos ainda não existentes no mercado nacional também melhorou em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo apontada por 4,5% das empresas no 1º trimestre de 2017, em comparação a um percentual de 2,8% no 1º trimestre de 2016.
48,6
43,4
39,4 38,0 39,1
32,1
24,4
32,5
18,1
20,4
15,5 14,5 14,1 12,8
9,4 12,4
48,6
43,5
33,8 34,7
32,3 30,0
20,9
25,7 24,8
12,9 9,3 10,1 9,0 9,1
6,8 7,4
71,4
62,1
54,4 54,7 54,1
47,5
37,6
44,1
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Inovação em produto novo para empresa Inovação em produto novo para o mercado Inovação em processo novo para empresa Inovação em processo novo para o mercado Empresas que inovaram em produto ou processo
Tabela 4
Percentual de Empresas que Inovaram em Produto e Processo no 1º trimestre de 2017 (em %)
Empresas que inovaram em:
1º Tri 2016 4º Tri 2016 1º Tri 2017
Processo Processo Processo
Para empresa
Para mercado
Para empresa
Para mercado
Para empresa
Para mercado
Para empresa 10,5 4,0 17,1 5,2 16,9 6,2
Para mercado 5,0 2,8 8,3 4,4 7,1 4,5
Fonte: FGV
No Gráfico 9, observa-se que dentre as empresas inovadoras de produtos no 1º trimestre de 2017, 10,5%
investiram em quatro ou mais produtos novos, mas já existentes no mercado nacional, a segunda pior avaliação da série (Tabela 4, Apêndice 2). Já para as empresas que investiram em até três produtos, houve um aumento do 1º trimestre de 2016 para o 1º trimestre de 2017, ao aumentar 6,5 pontos percentuais (15,5% para 22,0%, respectivamente).
Apesar da redução na proporção de empresas que inovaram em produtos novos no mercado (Tabela 5, Apêndice 2), em relação ao 4º trimestre de 2016, há uma melhora relativa ao 1º trimestre de 2016 principalmente para as empresas que inovaram em até três produtos, passando de 7,3% no 1º trimestre de 2016, o menor nível da série iniciada em 2010, para 9,9% no 1º trimestre de 2017.
Já as empresas que inovaram em processos novos no mercado, houve melhora no 1º trimestre de 2017 apenas em relação ao mesmo período do ano anterior, tanto nas empresas que inovaram em até 3 processos novos quanto em 4 ou mais processos novos (Tabela 7, Apêndice 2).
Gráfico 9
Inovação em produto (em %)
Gráfico 10
Inovação em processo (em %)
A análise dos resultados classificando os setores de atividade industrial de acordo com seu padrão tecnológico, apresentados no Apêndice 3 desse relatório, mostra que o recuo da atividade inovadora ocorre nos segmentos de baixa intensidade tecnológica, enquanto os de alta intensidade tecnológica se mantem em recuperação. No 1º trimestre de 2017, 51,0% das empresas dos segmentos de alta intensidade inovaram em produto ou processo, um avanço de 7,6 pontos percentuais em relação ao 1º trimestre de 2016 (43,4%). Enquanto nos segmentos de baixa intensidade a recuperação foi em menor magnitude, 41,8% inovaram no 1º trimestre de 2017, uma queda de 3,8 pontos em relação ao 4º trimestre de 2016, mas ainda superior ao 1º trimestre de 2016 (36,0%).
67,5 22,0
4,36,2
Inovação em produto, mas já existente no mercado
Não introduziu nenhum produto Até 3 produtos novos
De 4 a 6 7 ou mais
87,6 9,9
1,41,1
Inovação em produto, ainda não existente no mercado
Não introduziu nenhum produto Até 3 produtos novos
De 4 a 6 7 ou mais
74,3 22,6
1,71,4
Inovação em processo, mas já existente no mercado
Não introduziu nenhum processo Até 3 processos novos
De 4 a 6 7 ou mais
92,6 6,2 0,6 0,6
Inovação em processo, ainda não existente no mercado
Não introduziu nenhum processo Até 3 processos novos
De 4 a 6 7 ou mais
As perspectivas das indústrias sobre inovação para o próximo trimestre tendem a ser sistematicamente mais otimistas do que as realizadas no trimestre de referência, isso é observado em todos os resultados da pesquisa, exceto no 4º trimestre de 2016. No 4º trimestre de 2016, 49,5% das empresas afirmaram ter realizado algum tipo de inovação em produto ou processo, mas apenas 47,5% tinham intenção de inovar no 1º trimestre de 2017, o que já sinalizava uma piora do cenário para esse trimestre de referência da pesquisa cujo resultado foi ainda mais baixo (44,1%). Umas das possíveis motivações para esse resultado atípico seria o alto nível de incerteza no país.
No 1º trimestre de 2017, as empresas voltam a aumentar seu otimismo para o trimestre seguinte. Das empresas pesquisadas, 48,3% planejam inovar em produto e/ou processo no 2º trimestre de 2017 (Gráfico 11). Mas o otimismo advém de melhores perspectivas em relação a produtos e não de processos. Entre as empresas mais confiantes em relação a inovação de produtos já existentes no mercado estão 32,5% que possuem sistemas produtivos relacionados aos agronegócios e 46,8% com sistemas de produção com capacidade de transformação produtiva. Um avanço, respectivamente, de 6,2 e 4,5 pontos em relação as previsões do 1º trimestre de 2016 (Tabela 53, Apêndice 5).
A tendência de inovação em produtos ainda não existentes no mercado nacional para o 2º trimestre de 2017 é semelhante à de produtos já existentes no mercado (Tabela 5). Para produtos novos no mercado, a melhora ocorre em todas as regiões exceto nas regiões Sudeste e Sul (Tabelas 20 e 21, Apêndice 4).
Tabela 5 – Quantidade de produtos que a empresa pretende introduzir (em %)
Produtos novos, mas já existentes no mercado Produtos novos, ainda não existentes no mercado Nenhum
produto Até 3 De 4 a 6 7 ou mais Nenhum
produto Até 3 De 4 a 6 7 ou mais
1º Tri de 2016 62,1 24,6 7,3 6,0 84,4 12,8 1,8 1,0
4º Tri de 2016 66,0 23,2 5,5 5,3 85,6 11,3 1,7 1,4
1º Tri de 2017 63,6 25,1 4,0 7,3 85,6 12,7 1,1 0,6
Por outro lado, as expectativas das empresas sobre processos para o 2º trimestre de 2017 em relação às previsões para o 1º trimestre de 2017 pioraram em todos os sistemas produtivos para os processos já existentes no mercado nacional. Em contrapartida, para os processos ainda não existentes no mercado nacional a piora ocorre somente no sistema de transformação da estrutura produtiva (Tabelas 57 e 58, Apêndice 6).
Gráfico 11
Expectativas de Inovação em Produto ou Processo no Próximo Trimestre e Inovação em Produto ou Processo Realizada (em %)
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016)
Analisando os microdados da pesquisa e comparando as expectativas realizadas no 4º trimestre de 2016 sobre a intenção de inovar em produtos e processos no 1º trimestre de 2017, tanto para empresas quanto para mercados, com a quantidade efetiva de produtos e processos lançados no mesmo trimestre, observa-se na Tabela 6, que os erros de previsão são maiores quando considerados produtos e processos internos. As diferenças são maiores no sentido negativo do que positivo, ou seja, 19,8% das empresas lançaram menos produtos para empresa enquanto 16,7% lançou mais produtos do que o previsto.
Tabela 6
Diferenças entre Expectativas (1º trimestre de 2017) e Realizado (4º trimestre de 2016) (em %)
Produto para empresa
Produto para mercado
Processo para empresa
Processo para mercado
Lançou menos que o previsto 19,8 10,5 17,3 5,2
Lançou o mesmo que o previsto 63,6 82,4 67,6 91,0
Lançou mais que o previsto 16,7 7,1 15,1 3,7
Fonte: FGV
54,4 55,7
52,4 51,8 54,7
46,9 47,9 50,2
54,1 52,9
48,0 47,8 47,5 49,8
48,1 44,9
37,6 43,5
49,5
44,1 62,8
60,0 60,3 61,2 59,8
54,8
57,6 59,3 61,0
58,1 54,8
57,4 56,5 56,0
50,9 51,8 50,5
48,1
47,5 48,3
30 40 50 60 70
Empresas que inovaram em produto ou processo Expectativas de inovação em produto ou processo
3.3 GASTOS COM INOVAÇÃO
Os gastos das empresas com P&D, após atingirem o menor nível no 1º trimestre de 2016 (80,8 pontos)11, cresceram por dois trimestres mas voltaram a recuar no 1º trimestre de 2017. O Indicador de Gastos com Inovação – medido pela diferença entre a proporção de respostas favoráveis (aumento de gastos com inovação) e respostas desfavoráveis (diminuição de gastos e não realização de gastos com inovação) mais 100 – reduziu de 93,4 no 4º trimestre de 2016 para 91,5 pontos no 1º trimestre de 201712. A parcela das empresas que aumentaram os gastos com inovação diminuiu de 21,0% para 18,5%
enquanto as que diminuíram seus dispêndios com inovação reduziram de 16,4% para 15,6%13, no mesmo período.
Gráfico 12
Indicador de Gastos com Inovação e Parcelas
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016)
Considerando a classificação por sistemas produtivos, houve redução do indicador dos gastos nas empresas que possuem sistemas de produção relacionados ao agronegócio ao passar de 100,0 pontos no 4º trimestre de 2016 para 88,7 pontos no 1º trimestre de 2017 e nos segmentos intensivos em escala ao passar de 92,0 para 87,7, no mesmo período. Comparando com o 1º trimestre do ano passado, houve
11 Não se pode considerar consecutivo, pois não se tem a informação sobre o 3º trimestre de 2016.
12 Para uma melhor análise dos resultados, foi descartada a parcela “Não Respondeu” e o resultado foi redistribuído com as parcelas restantes (“Aumentou”, “Manteve”, “Diminuiu” e “Não fez”).
13 Conforme Tabela 8 do Apêndice 2 deste documento.
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
100 Indicador de Gastos com Inovação -Em pontos
Gastos em inovação -Parcelas de respostas em %
Aumentou Manteve Diminuiu Não fez Indicador de Gastos com Inovação
aumento de gasto em todos os segmentos produtivos, exceto agronegócios que reduziu 6,4 pontos percentuais (Tabela 72, Apêndice 5).
No enfoque regional e comparando com o trimestre anterior, o aumento de gastos com inovação ocorre nas regiões Nordeste e Sudeste, ao avançar 17,3 p.p e 4,3 p.p, respectivamente. Em relação ao 1ª trimestre de 2016, somente a região Centro-Oeste e Norte recuou ao passar de 93,3 pontos para 62,5 pontos (Tabela 39, Apêndice 4).
A diminuição do Indicador de Gastos com Inovação foi influenciada pelos segmentos industriais com baixa intensidade tecnológica cujo indicador caiu de 103,1 pontos no 4º trimestre de 2016 para 90,7 pontos no 1º trimestre de 2017. Já o indicador dos segmentos com alta intensidade tecnológica aumentou 17,2 p.p do 4º trimestre de 2016 para o 1º trimestre de 2017.
Tabela 7
Gastos com Inovação dos Setores de Baixa Intensidade Tecnológica (em %)
Em % Período Aumentou Ficou
estável Diminuiu Não fez Indicador (em pontos)
1T2016 15,5 51,0 20,0 13,5 82,0
4T2016 25,8 51,5 9,4 13,3 103,1
1T2017 18,0 54,7 14,8 12,5 90,7
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2016) FGV (a partir do 4º trimestre de 2016)
Tabela 8
Gastos com Inovação dos Setores de Alta Intensidade Tecnológica (em %)
Em % Período Aumentou Ficou
estável Diminuiu Não fez Indicador (em pontos)
1T2016 14,1 51,8 29,4 4,7 80,0
4T2016 13,8 52,4 26,3 7,5 80,0
1T2017 20,8 55,6 16,7 6,9 97,2
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2016) FGV (a partir do 4º trimestre de 2016)
A média dos gastos em P&D em relação ao faturamento total das empresas ficou em 2,4% no 1º trimestre de 2017, bem abaixo da média histórica (3,7%). O resultado é o terceiro pior da série iniciada em 2010, que decorre de uma redução dos gastos com P&D interno e ligeiro aumento do P&D externo, influenciado pela região Sudeste cujos gastos reduziram de 3,9% para 2,4%. Em sentido contrário, a região Sul aumentou seus gastos com inovação em relação ao trimestre anterior (Tabela 9). Apesar do recuo dos investimentos, o aumento de gastos em P&D interno pode ser positivo e eficiente, uma vez que as
empresas podem desenvolver projetos em colaboração com universidades, parques tecnológicos e, especialmente, com startups.
Gráfico 13
Proporção do gasto em P&D em relação ao faturamento
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016)
Tabela 9
Proporção do gasto em P&D em relação ao faturamento por região (em %) Centro-Oeste
e Norte Nordeste Sudeste Sul
P&D Externo 0,2 0,1 0,7 0,5
P&D Interno 0,0 0,1 3,2 1,5
Total 0,2 0,2 3,9 2,0
P&D Externo 0,0 0,0 0,8 0,8
P&D Interno 0,5 0,1 1,6 1,8
Total 0,5 0,1 2,4 2,6
Fonte: FGV
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - (UNESCO) o nível de investimento em P&D realizado por cada país participante do BRICS14 é possível perceber que o Brasil e a África do Sul foram os mais afetados pela crise mundial em relação ao ano base de 2008. No triênio 2010-2012, o Brasil expande em relação aos gastos em relação ao PIB na mesma taxa de
14 BRICS - países membros fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China), que juntos formam um grupo político de cooperação.
1,4 1,5 2,4
0,9
1,2 1,2
1,0 1,0 1,8
0,5 0,5 2,1
0,8 0,6
0,8 2,3
2,5 2,7
2,3 2,4 2,6
1,9 2,4 2,5
1,8 1,6
3,8
2,0 2,5
1,6
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
P&D Externo P&D Interno
crescimento que a Índia, que não havia sofrido queda no período de crise. Mas com o início da crise perde fôlego se mantendo acima da Rússia, mas muito longe da China inovadora (Tabela 10).
Tabela 10
Nível de investimentos em P&D como proporção do PIB nos períodos crise e pós-crise nos BRICS (em pontos)
País Crise Pós-crise
2008 2009 2010-2012 2013 2014 2015
Brasil 100¹ 99 112 124 121 123
Rússia 100 111 107 114 118 118
Índia 100 106 120 - - -
China 100 126 165 212 231 253
África do Sul 100 93 86 89 - -
¹: Base fixa 2008 = 100
Fonte: UNESCO: Ciência, tecnologia e Inovação – Gastos do PIB em P&D
3.4 PESSOAL OCUPADO EM P&D
Até 2014, os dados da PINTEC mostram que, no setor industrial, grande parte da equipe alocada em P&D era ainda de graduados (63,8%) e apenas 8% eram pós-graduados. Contudo, os resultados da Sondagem mostram que houve um ganho em relação a qualidade do profissional contratado (Tabela 11).
Tabela 11
Proporção de profissionais por nível de conhecimento alocados em P&D (em %) Nível de
Conhecimento Ano 2000 Ano 2003 Ano 2005 Ano 2008 Ano 2011 Ano 2014
Pós graduado 8,4 8,8 9,9 10,3 8,8 8,0
Graduado 48,3 55,4 54,4 58,8 64,9 63,8
Ensino médio 43,3 35,8 35,7 30,9 26,4 28,2
Fonte: PINTEC (IBGE)
Com a recessão no país e o aumento do desemprego, as empresas parecem estar contratando mais profissionais com nível de doutorado e mestrado que anteriormente (conforme Tabelas 10 e 12, Apêndice 2).
Os números se mantiveram relativamente estáveis durante toda a série histórica (Gráfico 14), mas apresentam uma evolução positiva a partir de 2016, ao aumentar de 50,8% para 55,8% a proporção de empresas com profissionais qualificados como mestre e de 26,3% para 28,6% com título de doutor. Os avanços se referem também na quantidade de pessoal ocupado contratado nestas qualificações quando
9,4% das empresas afirmam ter mais de sete mestres e 5,8% mais de sete doutores dedicados integralmente em P&D no 1º trimestre de 2017 (Gráfico 15).
A melhora na quantidade de doutores contratados especificamente para P&D ocorre especificamente na região Sudeste onde 9,0% das empresas afirmaram ter mais de sete doutores dedicados integralmente no 1º trimestre de 2017, um avanço de 4,5 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (Tabela 28, Apêndice 4). Já a qualificação mestres na região Sul apontou que 49,9% informam ter até 3 mestres na equipe no 1º trimestre de 2017, uma aumento de 1,3 ponto em relação ao mesmo período do ano anterior (Tabela 29, Apêndice 4).
O aumento da contratação de pessoal altamente qualificado (mestres e doutores) está sendo influenciado pelas empresas que possuem sistemas produtivos relacionados ao agronegócio com 31,4% com até 3 doutores em seu quadro pessoal no 1º trimestre de 2017, um aumento de 19,2 pontos em relação ao 1º trimestre de 2016 (Tabela 61, Apêndice 5). Já os ganhos na parcela das empresas que contrataram sete ou mais profissionais com essa qualificação são relacionados a segmentos com sistemas produtivos intensivos em escala, cujo resultado passou de 7,1% no 1º trimestre de 2016 para 14,0% no 1º trimestre de 2017 (Tabela 61, Apêndice 5).
No 1º trimestre de 2017, a proporção de empresas que possui nenhum graduado dedicado a P&D é a menor da série (12,9%) (Tabela 13, Apêndice 3). Esses percentuais atingem níveis ainda mais baixos na região Sul (6,6%) e Sudeste (9,9%) (Tabela 31, Apêndice 4).
Gráfico 14
Pessoal Ocupado em P&D (em %)
Fonte: ABDI (1º trimestre de 2010 a 2º trimestre de 2016) - FGV (a partir do 4º trimestre/2016)
Gráfico 15
Pessoal Ocupado em P&D no 1º trimestre de 2017 (em %)
Fonte: FGV
Analisando por intensidade tecnológica (Tabela 12), existem diferenças em relação ao pessoal ocupado mais qualificado, ou seja, com maior titulação (Mestre e Doutor). Enquanto nos segmentos com alta intensidade tecnológica, 41,0% das empresas possuem equipes com pelo menos um doutor e 71,4% com