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Grupo I. Texto. Lia. Mãe. Lia. Mãe. Lia. Mãe. Lia. Inês Lia. Inês

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Academic year: 2022

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Texto

(1)

Grupo I A Leia, atentamente, o texto que se segue.

Texto Vem a Mãe, e não na achando lavrando, diz:

5

10

15

20

25

30

Mãe

Inês

Mãe Inês Mãe Inês

Mãe Inês Mãe

Inês

Mãe Inês

Logo eu adivinhei

lá na missa onde eu estava, como a minha Inês lavrava a tarefa que lhe eu dei…

Acaba esse travesseiro!

E nasceu-te algum unheiro1 ou cuidas que é dia santo?

Praza a Deus que algum quebranto2 me tire do cativeiro.

Toda tu estás aquela3! Choram-te os filhos por pão?

Prouvesse a Deos! Que já é razão de eu não estar tão singela4. Olhade ali o mau pesar5! Como queres tu casar com fama de preguiçosa?

Mas eu, mãe, sam aguçosa6 e vós dais-vos devagar7. Ora espera, assi vejamos.

Quem já visse esse prazer!

Cal’-te, que poderá ser,

que ante a Páscoa vem os Ramos.

Não te apresses tu, Inês, Maior é o ano qu’o mês.

Quando te não precatares8, virão maridos a pares, e filhos de três em três9. Quero-m’ ora alevantar.

Folgo mais de falar nisso, assi me dê Deus o Paraíso, mil vezes que não lavrar.

Isto não sei que o faz10...

Aqui vem Lianor Vaz.

E ela vem-se benzendo...

35

40

45

50

55

60

65 Lia.

Mãe Lia.

Mãe Lia.

Mãe Lia.

Inês Lia.

Inês [...]

Venho eu, mana, amarela11? Mais ruiva12 que uma panela!

Não sei como tenho siso13! Jesu! Jesu! Que farei?

Não sei se me vá a el-Rei14. se me vá ao Cardeal.

E como? E tamanho é o mal?

Tamanho? Eu to direi:

Vinha agora pereli15 ao redor da minha vinha, e um clérigo , mana minha, pardeus16, lançou mão de mi17. Não me podia valer.

Diz que havia de saber se era eu fêmea, se macho.

[...]

Leixemos isto! Eu venho

com grande amor que vos tenho, porque diz o exemplo antigo que amiga e bom amigo

mais aquenta18 que o bom lenho19. Inês Pereira está concertada20 pera casar com alguém?

Até agora com ninguém Não é ela embaraçada21 Em nome do Anjo bento eu vos trago um casamento.

Filha, não sei se vos praz22. E quando, Lianor Vaz?

Já vos trago aviamento23. Porém, não hei de casar senão com homem avisado24,

(2)

70 Lia.

Inês

ainda que pobre e pelado25, seja discreto em falar, que assi o tenho assentado.

Eu vos trago um bom marido, rico, honrado, conhecido;

diz que em camisa26 vos quer Primeiro eu hei de saber se é parvo, se sabido.

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, ed. Revista. Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 165-170.

Vocabulário

1 unheiro: furúnculo por baixo da unha; 2 feitiço, magia; 3 Lá estás tu com os teus despropósitos. 4 solteira; 5 desgraça; 6 dedicada; 7 sois preguiçosa; 8 Quando menos esperares; 9 aos três de cada vez; 10 não sei a razão disto;

11 pálida de susto; 12 corada; 13 discernimento; juízo; 14 el-Rei D. João III; 15 por ali; 16 por Deus, na verdade; 17 quis-me agarrar; 18 aquece; 19 tronco de árvore; 20 comprometida; 21 ajustada; comprometida; 22 agrada; 23 despacho, rapidez; 24 sabido; 25 sem vintém; sem dinheiro; 26 pobre e sem dote.

Responda, de forma bem estruturada, aos itens seguintes.

Cotações1 (Pontos)

1. Considerando os versos “E nasceu-te algum unheiro/ ou cuidas que é dia santo?” (vv.

6-7), justifique a reação da Mãe.

20 (12C+8F)

2. Enuncie os motivos que fazem Lianor Vaz, nos versos 38-40, colocar a hipótese de

apresentar uma queixa ao Rei ou ao Cardeal. (12C+8F) 20

3. Explicite as razões da visita da alcoviteira e a reação da Inês à sua proposta. (12C+8F) 20

B Texto Leia, atentamente, o poema a seguir transcrito.

5

Erros meus, má fortuna, amor ardente Erros meus, má fortuna, amor ardente em minha perdição se conjuraram1; os erros e a fortuna sobejaram, que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a não querer já nunca ser contente.

_________________

1 conspiraram;

2 decurso;

3 espírito.

(3)

10

Errei todo o discurso2 de meus anos;

dei causa [a] que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.

Oh! quem tanto pudesse, que fartasse Este meu duro génio3 de vinganças!

Luís de Camões, in Rimas (texto estabelecido, revisto e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 1994, p. 170.

4. Explicite o valor da enumeração com que se inicia o soneto, relacionando-o com o

nome usado pelo “eu”, na primeira quadra, para se referir ao seu percurso de vida. (12C+8F) 20 5. Comprove a presença de um discurso pessoal e subjetivo no poema, transcrevendo

três exemplos que ilustrem a sua resposta. (12C+8F) 20

Grupo II Leia o texto.

Gostava que ele tivesse querido casar comigo!

5

10

15

20

Em consulta, alguém me disse: “não sei se queria casar, mas gostava que ele tivesse querido casar comigo”. É sobre isto que reflito num dos capítulos do meu mais recente livro “Vida a Dois”.

Parece que o casamento está em crise. Todos ouvimos múltiplas referências ao casamento como algo que “não faz sentido”, que “não muda nada”, que “um papel não acrescenta valor”, que “não é importante”, que “nunca foi um sonho” … poderíamos continuar com os exemplos…(...) Mas, um olhar mais atento e perspicaz, misturado com alguma sensibilidade e experiência, faz-nos entender que, talvez as coisas não sejam “tanto assim” e que, este é ainda o sonho de muita gente. (...)

Talvez o casamento seja hoje olhado como um sinal de fraqueza ou de dependência.

Assumir que queremos casar pode colocar-nos num papel de fragilidade e até inferioridade. Não que isto tenha algum fundo de verdade, mas, parece ecoar no seio de uma sociedade que se quer independente, que não precisa do outro, que rejeita veemente qualquer ideia que se assemelhe a conservadorismo (nada mais conservador do que casar, diriam alguns).

Contudo, assistimos com alguma frequência a situações onde a mágoa pelo não casamento parece ficar encoberta. Por alguma razão, parece que queremos esconder de nós mesmos esse desejo mais íntimo do casamento, negando-o para nós e para os outros.

O “não quero casar” soa em muitos casos a um mecanismo de proteção e a uma estratégia de manutenção do amor próprio ou orgulho. Nada pior do que assumir que queremos casar e ouvirmos do lado de lá algo como, “mas eu não quero casar”. Independentemente dos motivos da outra pessoa, esse “não quero casar” soará sempre a rejeição, a um “ele/a não quer casar comigo”.

(...) Anos mais tarde, parecem começar a surgir as mágoas.

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25

Por vezes, para compreendermos a evolução dos tempos e das sociedades é preciso dar alguns passos atrás. Numa sociedade que se vangloria de ser independente, parecem continuar a emergir necessidades antigas. (...)

A sociedade está em mudança, disso ninguém duvida. O homem já não procura uma mulher que cuide dele, do mesmo modo que a mulher não procura um homem que garanta a subsistência da família. Se quisermos colocar as coisas numa ótica mais prática, as pessoas não estabelecem relações por necessidades que outrora motivaram casamentos. Se retirarmos estas motivações, o foco incide sobre as necessidades emocionais.

Catarina Lucas (inspirado em Vida a dois) in https://visao.sapo.pt (consultado a 02/07/2021)

Para os itens 1 a 3, selecione a opção que completa cada afirmação.

1. De acordo com o conteúdo do texto,

(A) a relutância em querer casar, poderá ser influenciada pela vontade de se mostrar livre e independente.

(B) embora o casamento esteja em crise, essa não é a verdadeira razão para não querer casar.

(C) o conhecimento da autora sobre a matéria prende-se com o facto de ela nunca ter estado casada.

(D)o livro “Vida a Dois” só tem um capítulo sobre a temática “Casamento em crise”.

10

2. Segundo a autora, a renúncia à ligação matrimonial pode resultar.

(A) da recusa de liberdade e desejo de emancipação das mulheres.

(B) de um mecanismo de autodefesa, como forma de evitar o sofrimento pela rejeição.

(C) da certeza de que o casamento além de revelar conservadorismo trará sofrimento.

(D)da ausência de sensibilidade e da falta de experiência.

10

3. Na atualidade, o casamento continua a ter lugar porque (A) pode trazer bem-estar emocional.

(B) conduz à estabilidade financeira.

(C) o homem precisa de quem cuide dele.

(D) a sociedade mantém traços de conservadorismo.

10

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4. Identifique a oração introduzida pela conjunção “mas”(l.1). 10 5. Indique a função sintática do segmento “sobre as necessidades emocionais”(l.28). 10

Total Grupo II 50 Pontos

Grupo III

Escreva uma breve exposição que evidencie as dimensões satírica e quotidiana da obra, exemplificadas nas personagens Lianor Vaz e os Judeus casamenteiros, num texto de 120 a 150 palavras.

A sua exposição deve respeitar as seguintes orientações:

Introdução - a sociedade quinhentista;

Desenvolvimento - Lianor Vaz e os Judeus casamenteiros; funcionalidade crítica;

Conclusão - síntese das ideias-chave desenvolvidas no texto.

50 (30C+20F)

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2017/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:

− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;

− um texto com extensão inferior a ¼ das palavras é classificado com zero pontos.

Total Geral 200 Pontos

Fim

Referências

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