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Disseminação do Verde: a propagação de medidas sustentáveis a partir de programas ambientais em uma indústria multinacional

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Disseminação do Verde: a propagação de medidas sustentáveis a partir de programas ambientais em uma indústria multinacional

Rafael Henrique Mainardes Ferreira (Faculdade Santa Amélia- Secal) rafique_pg@hotmail.com

Resumo:

O artigo em questão traz a análise das principais mudanças no cotidiano do processo produtivo, a partir da concretização de programas de melhorias e práticas ativas voltadas à ecologia, educação ambiental e sustentabilidade. A apreciação sobre os principais impactos e aspectos ambientais, decorrentes da confecção dos produtos ou serviços, são fatores de grande importância, cabendo a influência significativa das áreas de Gestão Ambiental e de Marketing dentro das organizações, para auxílio e melhorias no desempenho. Os programas ambientais tem aberto novas oportunidades às empresas de alavancarem seus conhecimentos, possibilitando a diferenciação de serviços na transparência do processo de fabricação, no atendimento às normas de legislação ambiental e na aproximação dos colaboradores do processo tornando-os conscientes e responsáveis pelo desempenho organizacional. É possível perceber as estratégias utilizadas pelas organizações a partir do estudo de caso de uma empresa multinacional, realizado no decorrer da pesquisa, com a finalidade primordial de analisar a reeducação dos colaboradores e torná-los dinamicamente participantes das ações de melhorias impostas ao processo produtivo. Faz-se necessário analisar também quais as táticas e oportunidades mais abrangentes das áreas de meio ambiente, gestão produtiva e de qualidade, configurando uma relação mais favorável entre o custo, satisfação humana, apresentação dos produtos ao consumidor final e fatores sustentáveis, integrando o processo produtivo.

Palavras chave: sustentabilidade, programas, Gestão Ambiental, indústria, marketing.

Spread of Green: the spread of sustainable measures from environmental programs in a multinational industry

Abstract:

The article in question contains the analysis of the major changes in the daily production process, from the implementation of improvement programs and practices aimed at active ecology, environmental education and sustainability. The assessment of the main environmental aspects and impacts arising from the making of the products or services, are factors of great importance, being the significant

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influence in the areas of Environmental Management and Marketing within organizations for aid and improvements in performance. The environmental program has opened new opportunities for companies to leverage their knowledge, enabling service differentiation in the transparency of the manufacturing process, in compliance with environmental legislation and standards in the approximation process of employees making them aware and responsible for organizational performance. You can see the strategies used by organizations from the case study of a multinational company, conducted during the research, with the primary purpose of analyzing the retraining of employees and make them dynamically participating in the improvement actions imposed on the production process. It is necessary to also analyze which tactics and broader opportunities in the areas of environment, production management and quality, setting a more favorable relationship between the cost, human satisfaction, presentation of products to end consumers and sustainable factors, integrating the process productive.

Key-words: sustainability, programs, Environmental Management, industry, marketing.

1 Introdução

A escolha de um produto ou serviço provém do exame de características relevantes, desde o processo de fabricação até a chegada deste nos locais de venda e consumo. Cabe ao cliente julgar se o que está à venda é satisfatório, tem uma utilização prática e necessária, além de contribuir de alguma forma em seu cotidiano. Considera-se estabelecer uma visão da satisfação e dos anseios do mercado consumidor através de fatores influenciáveis advindos dos produtos. A função da Gestão de Marketing e também a todo o planejamento funcional, relacionado à construção do produto ou serviço oferecido à sociedade consumidora, foca-se, primordialmente, em identificar e/ou interpretar quais as medidas tomadas a partir da prática do consumo, isto através de estudos minuciosos referentes ao mercado, como também uma verificação do histórico de vendas e satisfação dos clientes em relação à aquisição do que foi oferecido. Tendo em vista os aspectos relevantes da Gestão de Marketing, é possível rebuscar aspectos primordiais da relação cliente-produto, a partir da afirmação de Kotler (1975, p. 51), garantindo que “o alvo do conceito de marketing é mais o de ajudar do que o de agradar”, estabelecendo ao cliente final o desejo proeminente de aquisição do produto ou serviço, a partir das práticas adotadas na fabricação destes.

De acordo com a análise criteriosa do marketing industrial, pode-se identificar a utilização dos fatores principais aplicáveis ao marketing nas organizações, como: preço, promoção, ponto (ou praça) e o produto em questão, alocando-os ao meio sustentável, facilitando assim, no processo de distribuição e venda, levando em consideração todo e qualquer fluxo de fabricação, desde o chão de fábrica, até a chegada dos produtos às mãos do cliente final. O tema proposto no presente artigo objetiva observar o crescimento das estratégias de marketing em junção à Gestão Ambiental, voltado à participação direta dos colaboradores nos processos manufatureiros, tornando-os, de forma constante, responsáveis pelo correto andamento do fluxo produtivo e valorizando a empresa de maneira democrática, aceitando as ideias e oportunidades de melhorias advindas dos colaboradores produtivos. Também é possível ponderar a influência socioambiental nos aspectos consumistas e produtivos do mercado atual de vendas, analisando a Gestão Ambiental como parte do sistema manufatureiro e garantindo a certificação ambiental da organização em questão, através de diretrizes e bases legislativas influentes. A apreciação da empresa multinacional em questão permite a comprovação de que os programas ambientais, além de administrar melhor os gastos – como o controle de desperdícios e materiais utilizados pelo processo – além de reeducar os colaboradores para a prática de atividades sustentáveis fora do local de trabalho.

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2 Disseminação de idéias a partir do marketing organizacional

O marketing é uma ferramenta amplamente utilizada para a estabilidade das vendas internas nas organizações, podendo ser visto, também, como uma busca regulada pela competitividade, garantindo a sustentabilidade a partir da construção e fragmentação dos produtos ou serviços prestados pela instituição.

A base de todo processo de marketing está na pesquisa de mercado. Desse modo, para dar início ao desenvolvimento de qualquer estratégia de sucesso, é essencial que a empresa desenvolva a capacidade de conhecer e monitorar o seu mercado. A pesquisa de marketing visa a obtenção de dados de forma empírica, sistemática e objetiva para a solução de problemas ou a avaliação de oportunidades específicas relacionadas ao marketing (PAIXÃO, 2008, p. 32).

A avaliação para o desenvolvimento do produto no mercado consumidor está diretamente voltada à satisfação de seu público-alvo, a dominação da imagem e experiência do produto com relação a clientes específicos dá grandes oportunidades para as instituições desenvolverem novos projetos e inovações.

A partir do momento em que a organização busca estabelecer um vínculo maior entre o produto e o cliente, é possível traçar metas para a confecção de novas linhas produtivas, obtendo, assim, uma clientela fiel e costumeira, facilitando a divulgação e atraindo, cada vez mais, novos clientes – o que possibilita uma abrangência de novos focos de consumidores.

Idéias e inovações tecnológicas são capazes de fazer o produto ou a marca alavancarem seus fatores de venda e divulgação, levando em consideração fatores sustentáveis – como o meio ambiente em questão e aspectos de sustentabilidade – que tornam o produto um “parceiro”

ambiental, além de satisfazer as necessidades dos consumidores de uma forma ecologicamente correta.

2.1 Elementos incisivos na prestação de produtos e serviços

Para a obtenção de lucros e resultados favoráveis à instituição, ministra-se a elaboração de estratégias de vendas, geralmente organizadas pelo corpo empresarial, ligado à gerência de produtos ou marketing. Após a preparação das táticas e assimilação das vendas – feito a análise e recebimento do produto pelo mercado consumidor – torna-se indispensável a participação de toda a organização, no que diz respeito ao conhecimento, elaboração e divulgação deste ao ambiente externo empresarial. Todo o processo envolve a incorporação de novas idéias à empresa, com o intuito de melhorar os lucros – participação abundante e necessária do setor de vendas, para devido controle, além da clara gestão de marketing e propaganda – utilizando o mix de marketing. Após a verificação de resultados e análise de provável crescimento nas vendas, é justo compreender a eficiência das vendas, a performance do produto e como ele, possivelmente, será visto com o passar do tempo.

Kotler (1975, p. 81) reforça que “a resposta de mercado pode descrever o comportamento de um comprador individual, de um segmento de mercado ou do mercado todo”. É plausível analisar que a resposta obtida do consumidor a partir das estratégias e táticas de mercado são elementos positivos, construídos da elaboração de um marketing de relacionamento concreto, possibilitando a troca de informações e até mesmo sugestões futuras para a apresentação e mudanças de cunho manufatureiro. Seria possível estabelecer um relacionamento com os clientes e adequar o produto, de maneira geral, ao fim de garantir a satisfação total dos consumidores, independente de qual seja o escopo? Tal adequação e possibilidade de satisfação genérica são possíveis através da alta gama de produtos e serviços, tornando palpável a escolha que melhor se encaixa com o estilo de vida do cliente, assim como fatores econômicos e culturais, que afetam direta e indiretamente na participação das vendas - trata- se, assim, do relacionamento com os clientes.

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Os clientes desempenham um papel muito mais ativo do que o normal. A qualidade percebida do pacote de serviço depende parcialmente do impacto sobre o cliente. O sistema de serviço apóia-se, cada vez mais, em tecnologia. Sistemas computadorizados e tecnologia de informação usados em projeto, produção, gerenciamento, serviço e manutenção têm de ser elaborados a partir de uma perspectiva orientada para o cliente e não somente a partir de pontos de vista internos de produção e orientados para a produtividade. O sucesso do marketing de relacionamento depende intensamente das atitudes, do compromisso e do desempenho dos funcionários (GRÖNROOS, 2003, p. 48).

É notável que os funcionários sejam uma “base” preparatória na definição dos alvos de vendas. São eles que captam a principal aspiração do consumidor, analisando, a partir de sistemas de informações gerenciais ou histórico de vendas, a probabilidade – e até mesmo com exatidão – quais são os possíveis produtos a serem adquiridos no futuro. Para tal estratégia de vendas, é presumível a análise de satisfação dos clientes também pela forma de atendimento, como a preferência deste pelas marcas, cores, modelos, e até mesmo vendedores – pela forma que foram atendidos na última compra.

Surge um novo mercado a ser explorado pelo marketing das empresas. De maneira responsável, investir em novas tecnologias que diminuam o impacto ambiental e se integrar a comunidade através de projetos sociais pode ser usado como diferencial dos seus produtos ou serviços e elevar o conceito das suas marcas.

3 A gestão do meio ambiente nas bases organizacionais

O meio ambiente e a qualidade se entrelaçam tomando formas essenciais à sobrevivência dos produtos e processos manufatureiros nas empresas contemporâneas. Hoje as preocupações com a ecologia e medidas sustentáveis exigem do cidadão maior conscientização e mudanças de postura em curto prazo. Scatena (2010, p. 201) destaca que “as empresas necessitam urgentemente mudar de papel: deixar de atuar como agentes poluidores para atuar como agentes de transformação, para recuperação e preservação do meio ambiente”.

A partir desta observação, verifica-se que, tudo que impacta para o planeta, traz conseqüências ao homem. Se for feita uma análise das últimas décadas, pode-se observar a destruição do solo com uso de agrotóxicos, da água com uso de produtos químicos, do ar com emissões atmosféricas, da fauna com as caçadas e a venda de animais silvestres, e da flora com a biopirataria, retirando plantas de sua região nativa e as levando para outra, onde estas podem alterar o ecossistema.

O desenvolvimento sustentável não se refere somente ao meio ambiente, mas também ao fortalecimento de parcerias duráveis, aumentando a credibilidade da empresa ou instituição em relação à sociedade e seus colaboradores. Portanto uma postura sustentável é uma forma de prevenir e possibilitar a diminuição de riscos e impactos ambientais a gerações futuras e ao nosso planeta. É perceptível que, cada vez mais, no Brasil as empresas têm dando ênfase às políticas ecológicas, aprimorando a legislação, tornando-a complexa e rigorosa.

Os técnicos ambientais dos órgãos públicos convivem com uma série de dificuldades para agir no cumprimento da legislação ambiental. São obstáculos de toda ordem, que vão desde a falta crônica de condições de trabalho (meios, materiais, equipe técnica adequada, recursos financeiros, instalações, acesso às informações técnicas, apoio da chefia, etc.) até a ausência pura e simples de vontade política dos governantes para tornar esses órgãos presentes e atuantes na sociedade (BERTÉ, 2009, p. 53).

Neste contexto percebe-se que a Gestão Ambiental consiste em um conjunto de medidas e procedimentos definidos adequadamente aplicados, que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento ou serviço sobre o meio ambiente. As normas

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internacionais e certificados que mostram o comprometimento ambiental de uma empresa, podem ser evidenciados pelas normas da série ISO 14000, as quais são voltadas ao meio ambiente e suas diretrizes.

Segundo Cobra (1992, p. 41) “o reconhecimento das forças ambientais que agem sobre uma organização é de importância estratégica para transformar problemas em oportunidades de crescimento”. É preciso que haja uma evolução no pensamento das empresas, instituições, grupos e indivíduos sobre o “papel” que cada um desempenha junto ao meio em que vive para se conseguir modificar os impactos causados hoje na natureza. Melhoria da qualidade de vida, saúde, segurança, alimentação adequada, educação para todos e programas sustentáveis podem ser o caminho para reverter o quadro da sociedade em que vivemos perante as questões e impactos ambientais.

3.1 Rotulagem ambiental como forma de auxílio institucional

Há indícios, de acordo com a pesquisa de Corrêa (1998), de que os primeiros rótulos ambientais produzidos nas indústrias manufatureiras tinham como enfoque a advertência com relação aos danos que o produto poderia, possivelmente, causar ao meio ecológico, à saúde dos colaboradores e também ao descumprimento legislativo estabelecido à organização.

Primeiramente, estes rótulos eram amplamente utilizados no manuseio e armazenagem de produtos agrícolas como pesticidas, fungicidas, raticidas, agrotóxicos e outros materiais empregados para a eliminação de pragas nas áreas rurais. Logo depois, com o constante crescimento da importância ambiental, esses rótulos passaram a ser largamente utilizados em todos os produtos que tivessem substâncias tóxicas controladas. Não demorou muito para que tais rotulagens se estendessem ao uso doméstico, exibindo o controle de energia e gasto geral de eletrodomésticos e eletrônicos, alertando o consumidor sobre os gastos excessivos e possível degradação ambiental, como conseqüência.

Os programas de rotulagem ambiental constituem hoje instrumento de política dos governos para incentivar mudanças de padrões de consumo e de produção. O selo, com logotipo de fácil reconhecimento pelos consumidores, representa um valor agregado ao produto em mercados de maior sensibilidade ambiental dos consumidores. Como não há produto absolutamente neutro em termos ambientais e todos apresentam algum impacto negativo em seu ciclo de vida, os esquemas de rotulagem são relativos, no sentido de que atraem a atenção para produtos menos nocivos do que seus similares (CORRÊA, 1998, p. 46).

A implementação de rótulos para controle e imagem organizacional, tendo como base as diretrizes e normas legislativas, tem dado às empresas uma nova visão sobre as vontades e preocupações que o consumidor final agrega ao produto, permitindo, assim, uma maior separação de tipos de consumidores encontrados no mercado atual.

A valorização do “produto verde” – como a comercialização de alimentos orgânicos ou a preferência pelo consumo de produtos sem clorofluorcarboneto (CFC), responsáveis pela redução da camada de ozônio, encontrados em aerossóis e gases refrigerantes – está amplamente ligado ao estilo de vida saudável da população atual, que tem mudado seus hábitos, não somente para a melhoria de vida e bem-estar individual, mas também preparando o ambiente externo. Além de facilitar as organizações na coleta de dados e destinação final dos resíduos, as rotulações engrandecem as instituições, garantindo uma melhor visão sobre o processo nos quesitos legais e socioambientais. Identificar produtos nocivos ao meio ambiente pode ser um grande passo para o reforço da educação ambiental dentro das empresas, visto que, em alguns pontos, o sistema de conscientização de colaboradores e envolvidos no processo manufatureiro costuma apresentar algumas falhas, muitas vezes pela falta de conhecimento das normas e leis de proteção ambiental – aplica-se o conhecimento através de treinamentos dados aos envolvidos no processo de fabricação de produtos, comumente ao

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setor de produção e infra-estrutura, além de eventos de cunho ambiental, preparando toda a organização para um possível impacto ecológico, caso não sejam bem ministrados aspectos de identificação de produtos e rotulações obrigatórias dentro da instituição.

3.2 Aplicação da ISO 14000 como regulador interempresarial

A aplicação das diretrizes da ISO 14001 abrange o sistema de gestão ambiental como um todo, garantindo a destinação e tratamento adequado dos resíduos e o controle de emergências, minimizando seus impactos ao meio ambiente, à comunidade e aos funcionários da própria organização. Tal regularização tem como princípio abordar uma série de normas que ajudam as organizações a não agredirem o meio ambiente, buscando de forma sustentável realizar o gerenciamento dos impactos ambientais derivados de seus processos produtivos.

Estas normas foram divididas por diretrizes, e de acordo com sua necessidade:

a) NBR ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental, especificação e uso;

b) NBR ISO 14004 - Sistema de gestão ambiental, diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio;

c) NBR ISO 14010 - Diretrizes para auditoria ambiental e princípios gerais;

d) NBR ISO 14011 - Diretrizes para auditoria ambiental, procedimentos de auditoria e auditorias de sistemas;

e) NBR ISO 14012 - Diretrizes para auditoria ambiental, critérios de qualificação para auditores ambientais.

A partir desta divisão, observa-se que estas normas contribuem para redução da poluição industrial e monitoramento – a partir de vistorias e auditorias freqüentes-, pois os resíduos industriais representam, na maioria dos casos, perdas de matérias-primas e insumos.

Entretanto, estas perdas ou desperdícios, quando não são gerenciados e tratados de maneira correta, podem gerar impactos negativos ao meio ambiente, fato este, que pode resultar em danos ambientais, multas para a empresa, perda de credibilidade no mercado, e exposição da marca da organização. Desta forma, a aplicação das diretrizes da ISO 14001 abrange o sistema de gestão ambiental como um todo, garantindo a destinação e tratamento adequado dos resíduos e o controle de emergências, minimizando seus impactos ao meio ambiente, comunidade e aos funcionários da própria organização.

Conforme cita Moreira (2006) a partir dos itens e critérios da ISO 14001, verifica-se que a determinação do nível de desempenho ambiental é dada através das análises e aprofundamentos da própria empresa, o que não a isenta do compromisso de atender aos principais requisitos legais - bem como outros requisitos - além do esforço para a melhoria contínua.

4 Adequação do marketing às áreas socioambientais

Quando o meio ambiente é citado nas organizações e instituições financeiras, há uma grande associação entre os produtos que estão sendo comercializados e o cumprimento das leis, regida por órgãos ou entidades ambientais.

A questão ambiental ganhou uma dimensão adequada à importância da problemática, mas enfrenta algumas dificuldades que são intrínsecas aos próprios conceitos que foram desenvolvidos, como, por exemplo, o conceito de desenvolvimento sustentável, que existe há cerca de 15 anos, a partir da Conferência Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Esse conceito é importante, mas de uma complexidade operacional muito grande, já que a questão relativa ao ambiente, a partir da gestão ambiental, tem que sair do seu campo, de sua especialidade, e buscar a compreensão de conflitos sociais que envolvam o

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desenvolvimento econômico, as políticas públicas, as questões de etnia e de gênero (BERTÉ, 2009, p. 187).

A preocupação com estes fatores se dá geralmente pela apresentação ou imagem da empresa com relação às demais – lapidando a organização como “preparada” ou até mesmo livre de fatores antiecológicos. Vale lembrar que não é suficiente apresentar esta imagem da empresa, afirmando sua competência ambiental, mas sim buscar a interação entre o que deve ser feito e explicitá-los aos seus colaboradores, para que todos, enfim, possam entender a importância ou relevância do seguimento das normas ou leis aplicáveis. A adaptação das empresas, de médio e grande porte, com relação à Gestão Ambiental tem sido significativa na análise de vendas e diferenciação dos produtos. Ainda é necessário analisar, conforme a citação de Berté (2009), a possibilidade de expandir a relação sociedade-natureza, trazendo às organizações uma visão ampla sobre os elementos do meio ambiente refletidos nos aspectos sociais, influenciando, assim, na qualidade de vida da população humana. Algumas entidades reguladoras, presentes nas organizações atuais, costumam verificar periodicamente o cumprimento das normas e leis ambientais (ONGs, instituições municipais, entidades ecológicas, etc.), solidificando as características auto-sustentáveis a partir de auditorias, visitas periódicas e vistorias específicas.

5 Abordagem da indústria no processo sustentável

De acordo com os programas de melhoria socioambientais, observa-se que o meio ecológico dentro das áreas de vendas e divulgação dos produtos tem crescido gradativamente. A busca das vendas de produtos e serviços pelas organizações é um fator definitivo para o desenvolvimento de novos produtos. Deve-se maior atenção à satisfação e possíveis contestações sobre o produto, advindas do consumidor final, para que assim, a instituição manufatureira possa buscar mudanças, sempre alcançando suporte para as oportunidades e eliminando as ameaças encontradas pelo processo.

O uso de programas periódicos, com o intuito de reeducar, preparar e promover os recursos das organizações torna-se capaz de reduzir atritos – ambientais, sociais e econômicos – a partir da participação direta dos colaboradores.

Para a conscientização e maior comprometimento sobre a parceria no constante fornecimento de dados, é fundamental que a ferramenta – ou programa a ser implantado – ganhe credibilidade e confiança dos parceiros. Conforme visto nos tópicos anteriores, a rotulagem ambiental especifica e qualifica a empresa como responsável e consciente nos quesitos sustentáveis, alertando os envolvidos de que a estabilidade da organização depende diretamente dos resultados obtidos e metas alcançadas durante o processo – os programas ambientais e de práticas ativas de melhorias impulsionam um maior desenvolvimento humano, em prol do fluxo contínuo produtivo.

A Gestão Participativa atua como responsável pela incorporação de melhores práticas organizacionais, possibilitando novas visões e tomadas de decisões fortalecidas, com relação às práticas individuais e implícitas. A utilização do brainstorming – ou “chuva de ideias”, comumente conhecido – traz como conseqüência uma aproximação entre os pontos de vista produtivos e de gestão, abrindo novos horizontes na resolução das não-conformidades e trabalhando de forma democrática. As ideias sustentáveis devem ser absorvidas, com o intuito de intensificar os programas ambientais, chegando à causa raiz do problema sem gastos excedentes ou desnecessários.

5.1 Programas ambientais e incentivos na indústria em questão

A busca pelos programas e práticas de melhorias – nas áreas de meio ambiente, recursos humanos e qualidade produtiva – está cada vez mais freqüente e estimulante aos colabores do

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processo das organizações. Segundo Berté (2009), a realização de atividades educacionais proporciona uma maior experiência à problemática ambiental, oferecendo o envolvimento da alta direção e treinamento do corpo gestor. A partir do estudo de um problema de cunho ambiental, é possível:

- reconhecer e verificar os efeitos sobre o meio físico-natural que possam ameaçar a qualidade de vida dentro do sistema produtivo;

- conhecer o posicionamento da comunidade afetada ou envolvida no processo;

- aplicar procedimentos que promovam a participação de diferentes segmentos sociais na atuação do problema, onde há a possibilidade de convergências de ideias e informações;

- ampliar a capacidade de aprendizado legislativo, incorporando novas táticas de melhoria e seguimento da conduta judiciária.

Na indústria em foco, os programas ambientais tem o intuito principal de aproximam os colaboradores à área de gestão, possibilitando a troca de informações e tornando-os cada vez mais participantes do processo. As idéias principais destes programas consistem na otimização dos processos, categorização das operações da indústria e acompanhamento de todos os passos de fabricação, na tentativa de passar aos colaboradores um conhecimento profundo do sistema, permitindo, principalmente, o planejamento de ações a longo prazo e a criação de planos de ações ambientais e/ou econômicos, na tentativa de reverter as divergências encontradas. A empresa segue com rigidez as diretrizes estabelecidas anualmente, para incorporação de atividades ambientais. Dentre as atividades, é possível citar:

- Implantação de equipamentos economizadores de água: troca de copos descartáveis por bebedouros, evitando o desperdício de água e consumindo menos plástico, oriundo dos copos;

- Realização da manutenção mensal do controle volumétrico de torneiras nos banheiros, refeitórios e demais áreas;

- Realização da troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas, minimizando o consumo de energia elétrica;

- Acompanhamento diário do consumo de GLP (Gás Liquefeito do Petróleo, comumente utilizado nas empilhadeiras e demais meios de locomoção internos) – para esta atividade, deve-se acionar uma equipe terceirizada, com o intuito de destinar corretamente o material e reparar as demais divergências;

- Implementação de projetos e auxílio às equipes de Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), responsáveis pela implementação de projetos e diminuição do descarte de resíduos sólidos;

- Distribuição de mudas aos colaboradores e plantio de árvores na área da empresa, tornando o ambiente de trabalho mais saudável e proporcionando maior dinâmica entre os colaboradores e a gestão.

A separação dos resíduos sólidos tem ganhado enfoque primordial na indústria estudada, possibilitando a criação de planos de controle e procedimentos específicos para este tratamento. Realizado através da coleta seletiva e práticas de conscientização dos colaboradores, serve de alerta para a correta destinação residual e diminuição dos impactos ambientais, fortalecendo a instituição. A Figura 1 mostra o procedimento padrão, relacionado ao Programa de Seleção e Descarte Residual, facilitando a separação residual aos colaboradores e especificando destinação e utilização de seus principais componentes:

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Figura 1 - Controle de armazenamento e disposição final de resíduos

A partir das demonstrações e esclarecimento das práticas voltadas ao meio sustentável, a empresa e todo o seu corpo de funcionários torna-se cada vez mais consciente de que o envolvimento contínuo cresce de maneira gradativa, assim como os fatores de melhoria e redução de custos, advindas da conscientização e reeducação de seus participantes.

5.1 Projetos de estímulo aos colaboradores

Programas que estimulem o consumo consciente de recursos são abarcantes às organizações, abordando o cuidado especial de reeducar o colaborador, estimulando a preservação contínua e a repetição de práticas sustentáveis futuras – trata-se, então, a reeducação ambiental como foco no processo de mudança institucional.

A Educação Ambiental inclui estudos de problemas ecológicos e regras de conservação da natureza, ao mesmo tempo que desenvolve tópicos de outras matérias, buscando e aplicando toda aprendizagem no próprio ambiente que envolve a classe. Através da Educação Ambiental você fará descobertas valiosas, compreenderá melhor o meio em que vive e passará a admirá-lo e protegê-lo ainda mais (NISKIER; MENDES, 1991, p. 6).

O incentivo aos programas e melhorias não deve ser oriundo apenas das áreas responsáveis pela preservação ecológica da organização, cabe a cada envolvido – supervisão, líderes e responsáveis pelo processo – estabelecer os critérios de incentivo e busca pela participação, transformando pessoas em parceiros sustentáveis e responsáveis pelo zelo do ambiente em que se encontra, solidificando as atitudes impactantes e revertendo os processos de degradação ambiental.

Outra alternativa tomada pela empresa multinacional estudada é a abertura da empresa para aproximar as famílias dos colaboradores ao processo produtivo. Alguns exemplos de eventos estão na elaboração de práticas, a partir de datas comemorativas, onde a preservação do meio ambiente é reforçada, de forma lúdica e consciente.

- Carnaval ecológico: busca o estímulo à prática dos 3R (Reduzir consumo, Reutilizar materiais e Reciclar), através do incentivo a atividades ecologicamente corretas inseridas nos afazeres rotineiros dos colaboradores e a eventos oriundos da cultura organizacional e social.

Para a realização desta atividade, a empresa orienta os colaboradores inscritos a confeccionarem fantasias, máscaras ou trajes típicos de Carnaval apenas utilizando materiais recicláveis. A prática trouxe bons resultados à empresa, visto que, após a realização da

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atividade – após dois anos consecutivos -, houve uma redução concreta de resíduos descartados nas linhas de produção;

- Dia da água: o evento relacionado ao dia mundial da água estabelece um vínculo de maior participação entre os membros, possibilitando os filhos dos colaboradores conhecerem o processo fabril e repensarem melhor sobre alguns aspectos sustentáveis. O programa em questão tem o intuito de estimular as crianças e a comunidade de forma geral a gerarem práticas voltadas à preservação dos recursos naturais - especialmente a água -, assim como trocar informações e analisar o desenvolvimento cultural da comunidade. Para a realização do programa, foram abertas as inscrições aos filhos dos colaboradores, onde a prática de desenhos e ilustrações foi avaliada a partir do tema “Água limpa todos os dias”. As crianças que melhor representaram o intuito de preservação deste recurso natural ganharam premiações, enquanto os responsáveis conheciam mais sobre a organização fabril e tiravam suas dúvidas, a partir da utilização dos recursos;

- Dia do automóvel: por se tratar de um fator poluidor ao meio ambiente, o dia do automóvel também é colocado em pauta pelos responsáveis da Gestão Ambiental da empresa.

Novamente, pessoas externas da fábrica foram convidadas – filhos dos colaboradores e responsáveis – para a confecção de ilustrações referentes ao tema “Soluções ecológicas para o carro do futuro”. Novamente, as crianças tiveram a oportunidade de usar a criatividade na proposta de melhorias ambientais futuras;

- Dia do combate à poluição: a elaboração do evento – já realizado em três anos consecutivos - contou com um concurso de fotografias, de nome “Um click sobre a natureza”. Neste programa, os colaboradores puderam analisar quais as belezas naturais que se enquadram no cotidiano social e perceber que a poluição está afetando drasticamente todo o meio ambiente – além de todo o meio social;

- Natal ecológico: novamente a utilização de sucata e materiais recicláveis fora colocada em prática pela organização. Desta vez os colaboradores inscritos tinham como objetivo a montagem de árvores e arranjos natalinos totalmente feitos de sucata e matérias descartados pelo processo produtivo. O programa teve como resultado a participação contínua dos colaboradores, no intuito de reduzir os resíduos, além de ideias de melhorias e reutilizações de materiais produtivos.

A indústria em questão não se atém à criação e desenvolvimentos de eventos e programas ecológicos. Anualmente a empresa busca renovar as atividades, incorporando a elas o maior número de participantes possível, tornando-os conscientes e, cada vez mais, motivados na prática de melhorias institucionais e reeducação socioambiental.

Através da Figura 2, torna-se possível avaliar quais os principais benefícios obtidos com a implementação de programas e projetos de melhorias ambientais:

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Figura 2 – Melhor aproveitamento de recursos

Nota-se que as melhorias ambientais são significativamente relevantes ao processo organizacional, alterando também os aspectos financeiros e de qualidade total. Robles Jr. E Bonelli (2010) ressaltam que a utilização de indicadores ambientais confiáveis são medidas necessárias para a conferência e transparência dos negócios da empresa, além de servir como índice comparativo para com outras empresas.

Referências

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Referências

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