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INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E A PROTEÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA

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INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E A PROTEÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA

Murillo Reis Martins Fagundes

*

Marina Rubia Mendonça Lôbo

**

RESUMO

A indicação geográfica protege o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de um território, que tenha se tornado conhecido pela extração, produção ou fabricação de determinado produto ou pela prestação de algum serviço. E atua, também, na proteção de produtos e serviços originários de lugares que possuam notoriedade decorrente de características peculiares que estão diretamente e essencialmente ligadas ao meio geográfico, sendo considerados também os fatores naturais e humanos. A indicação geográfica é uma das espécies de proteção dos direitos relativos à Propriedade Industrial que por sua vez é um dos institutos da Propriedade Intelectual, ou seja, a Propriedade Intelectual é um gênero que se divide em Direito Autoral e Propriedade Industrial, cada qual com suas espeficidades, mas ambas garantem aos inventores ou criadores o direito de usufruir da sua invenção ou criação, mesmo que seja temporariamente. Cuida a legislação brasileira da Propriedade Industrial na Lei 9.279/96 que reconhece essa matéria como de interesse social, bem como, o desenvolvimento econômico e tecnológico que essa pode proporciona para o país.

Especificamente, a indicação geográfica se evidencia de grande relevância pela potencialidade de garantir a origem de produtos e, assim, proporcionar a maior inserção dos produtos com indicação geográfica no mercado consumidor, com melhores condições de competitividade, pelo fato da garantia de origem e, em alguns casos, a garantia de características essenciais do produto.

Palavras-Chave: Indicação Geográfica; Denominação de Origem; Indicação de Procedência;

Proteção Jurídica; Desenvolvimento.

INTRODUÇÃO

Os países sempre buscaram o desenvolvimento nacional com o objetivo de melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos no que diz respeito aos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais. Dentre os aspectos do desenvolvimento, o econômico, na grande maioria, é o mais desejado e para alcançá-lo os países utilizam as mais variadas estratégias e manobras políticas.

* Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, empregado da Caixa Econômica Federal.

Contato: murillormf@gmail.com

** Mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento pela PUCGO, professora efetiva da graduação e pós-graduação da PUCGO e Faculdade Cambury. Professora orientadora.

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Entre diversos instrumentos de desenvolvimento econômico aparece a Propriedade Intelectual que, juntamente com seus institutos, vem sendo difundida e utilizada por muitas nações. A Propriedade Intelectual é um gênero que se divide em Direito Autoral e Propriedade Industrial, cada qual com seus institutos.

Na legislação brasileira a Propriedade Industrial é tratada na Lei 9.279/96 e reconhece essa matéria como de interesse social por essa proporcionar desenvolvimento econômico e tecnológico. O modo de proteção dos direitos relativos à Propriedade Industrial é apresentado logo no art. 2º e incisos da Lei 9.279/96. Tal proteção é garantida mediante a concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade, com o registro de desenho industrial, com a concessão de registro de marca, pela repressão as falsas indicações geográficas e pelo combate a concorrência desleal.

Especificamente, surge como fomento ao desenvolvimento econômico, a indicação geográfica que está no rol dos institutos da Propriedade Industrial. A indicação geográfica atua como meio distintivo de produtos ou serviços que são caracterizados pela sua produção em determinado lugar.

A indicação geográfica protege o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de um território, que tenha se tornado conhecido pela extração, produção ou fabricação de determinado produto ou pela prestação de algum serviço. E atua também na proteção de produtos e serviços originários de lugares que possuam notoriedade decorrente de características peculiares que estão diretamente e essencialmente ligadas ao meio geográfico, sendo considerados também, para caracterizá-las, os fatores naturais e humanos.

As indicações geográficas se apresentam como uma importante ferramenta para o desenvolvimento econômico de determinada região, e consequentemente para o país, uma vez que o seu reconhecimento pode significar uma melhor aceitação dos produtos ou serviços pelo consumidor, valorizando-os no mercado.

No Brasil o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI é o órgão responsável pela concessão e registro dos institutos da Propriedade Industrial. A Lei 9.279/96 no art. 240, que alterou o do art. 2º da Lei 5.648/70, modificou a finalidade do INPI, passando esse a executar, em âmbito nacional, as normas que regulam a Propriedade Industrial, tendo em vista a função social, econômica, jurídica e técnica do órgão. Além disso, o INPI deve pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre Propriedade Industrial.

Dessa forma, a proteção jurídica da Propriedade Industrial é de grande relevância

devida as suas potencialidades de incentivo econômico e pela segurança que busca garantir

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aos consumidores. E, na atualidade, os consumidores, cada vez mais exigentes, querem produtos de qualidade e com diferenciais, e as indicações geográficas aparecem como trunfo para os produtores e prestadores de serviço no momento de ganhar a preferência do consumidor.

1. TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE A PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A normatização Internacional da Propriedade industrial vem sofrendo constantes modificações com os Tratados Internacionais demonstrando à importância de manter sempre atualizadas e condizentes com a realidade as matérias que tratam da Propriedade Industrial.

Neste sentido, Maristela Basso (2000, p. 22) menciona que em nenhum outro campo do Direito podemos ver, com tanto entusiasmo, a importância da codificação internacional, como no âmbito da Propriedade Intelectual.

1.1 CONVENÇÃO DE PARIS

A Convenção da União de Paris - CUP, de 1883, foi a primeira tentativa de uma harmonização internacional dos diferentes sistemas jurídicos dos países relativo à propriedade industrial. Surgiu, assim, um vínculo entre uma nova classe de bens de natureza imaterial e a pessoa do autor, assimilado ao direito de propriedade. Os trabalhos preparatórios dessa Convenção iniciaram-se em Viena, no ano de 1873. Com o passar do tempo a Convenção Parisiense sofreu revisões periódicas, em Bruxelas no ano de 1900, Washington em 1911, Haia em 1925, Londres em 1934, Lisboa no ano de 1958 e, por último, Estocolmo em 1967.

O Brasil, como país signatário original, aderiu à Revisão de Estocolmo em 1992.

A proteção da propriedade industrial na Convenção tem como objeto as patentes de invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos industriais, as marcas de serviço, o nome comercial e as indicações de procedência e as denominações de origem, bem como a repressão da concorrência desleal. A propriedade industrial na Convenção é entendida na sua mais ampla acepção e aplica-se não só a indústria e ao comércio propriamente dito, mas também às indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos.

A Convenção determina, conforme art. 2, que os produtos nacionais de cada um dos

países membros gozarão em todos os outros países participantes, no que se refere à proteção

da propriedade industrial, das mesmas vantagens que as respectivas leis concedam ou venham

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a conceder aos produtos nacionais. E por consequência terão, além da mesma proteção, os mesmos recursos legais contra qualquer atentado dos seus direitos, desde que observadas às condições e formalidades impostas nacionalmente.

1.2 ACORDO SOBRE ASPECTOS DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL RELACIONADOS AO COMÉRCIO OU TRIPS - TRADE-RELATED ASPECTS OF INTELLECTUAL PROPERTY RIGHTS.

Conforme Liliana Locatelli (2008, p. 82) o TRIPS impôs novos parâmetros internacionais de proteção jurídica à propriedade intelectual, alterando a legislação de muitos países e influenciando as novas legislações nacionais que foram se desenvolvendo.

O art. 7 do Acordo apresenta os objetivos do TRIPS, os quais consistem em buscar a proteção e a aplicação de normas de proteção dos direitos de propriedade intelectual que deverão contribuir para a promoção da inovação tecnológica e para a transferência e difusão de tecnologia, em benefício mútuo de produtores e usuários de conhecimento tecnológico e de uma forma conducente ao bem-estar social econômico e a um equilíbrio entre direitos e obrigações.

O TRIPS aborda questões que vão desde o direito do autor, marcas, indicações geográficas, desenho industrial, até as patentes, entre outros direitos. Foram consolidados, neste Acordo, princípios gerais da Organização Mundial do Comércio – OMC como o Tratamento Nacional

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e o Tratamento Geral da Nação Mais Favorecida

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As obrigações previstas pelo TRIPS são obrigações de resultado, uma vez que os Estados Membros têm a liberdade para adotar os meios que julgarem adequados para a consecução deste resultado. Tal aspecto determina também para proteção das indicações geográficas.

Há algumas características importantes presentes no Acordo de propriedade intelectual apontadas por Liliana Locatelli (2008, p. 83), a saber:

• não pretende ser um marco normativo que regule total e completamente o setor da propriedade intelectual, além de não visar à uniformização da regulamentação jurídica desse instituto entre os países Membros. Na verdade, busca estabelecer uma proteção mínima a ser respeitada por todos;

1 Este Acordo define que o tratamento dado aos produtos nacionais não deve ser mais favorável que o tratamento oferecido aos produtos similares importados.

2 Neste Acordo quaisquer privilégios ou benefícios concedidos aos produtos de uma parte contratante deverão ser estendidos aos produtos similares das demais partes.

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• no que envolve o âmbito material, o acordo visa a regulamentação não só de institutos tradicionais na propriedade intelectual, como marcas e patentes, mas também outras modalidades de específicas, como as indicações geográficas;

• otimiza a eficácia de suas normas ao estabelecer um mecanismo de resolução de conflitos;

• busca manter o equilíbrio entre os interesses distintos de seus membros, por meio e normas facultativas, soluções abertas e períodos transitórios de implementação

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1.2.1 Definição de Indicações Geográficas no TRIPS

Indicações geográficas são, segundo o Acordo no art. 22º, indicações que identifiquem um produto como originário do território de um Membro, ou região ou localidade deste território, quando suas qualidades, reputação ou outras características sejam essencialmente atribuídas à sua origem geográfica.

O Acordo não exige que a indicação geográfica constitua necessariamente um nome geográfico, abrindo a possibilidade de expressões tradicionais, quando forem indicativas da origem geográfica de um determinado produto, possam ser reconhecidas e protegidas nos termos do TRIPS.

Há de se observar, que o Acordo não distingue as diversas possibilidades de classificação das indicações geográficas como, a exemplo, a classificação adotada pela legislação brasileira, que a diferencia entre indicação de procedência e denominação de origem, bem como exclui os fatores humanos para caracterizar uma indicação geográfica.

Porém, mesmo não contemplando especificamente todas as possíveis espécies de indicações geográficas, o Acordo trás uma conceituação ampla.

1.2.2 Proteção Jurídica às Indicações Geográficas no TRIPS

Dentre os direitos regulamentados no TRIPS, estão as indicações geográficas, as quais o Acordo conceitua e regulamenta especificamente na seção 3, nos arts. 22 ao 24.

Partindo da definição legal das indicações geográficas, o TRIPS buscou regulamentar a utilização destas, prescrevendo condutas que devam ser coibidas pelos Estados Membros.

3 Prazo concedido para implementação do TRIPS, no qual os países desenvolvidos incorporaram imediatamente o Acordo, ou seja, com a entrada em vigor no dia 01.01.1995. Os países em desenvolvimento tiveram cinco anos, a partir da entrada em vigor do tratado, para incorporar a normativa. E países menos desenvolvidos tiveram o prazo postergado para dez anos.

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Dois critérios foram priorizados no Acordo no que tange à configuração da utilização indevida de indicações geográficas, quais sejam: a potencialidade de induzir o consumidor ao erro e a de atentar contra a concorrência leal.

O Acordo deixou a responsabilidade aos seus membros para estabelecer os meios legais que as partes interessadas possam usar para impedir a de uma indicação geográfica que seja distinta do verdadeiro lugar de origem, de uma maneira que conduza o público a erro quanto à origem geográfica do mesmo. Dessa forma, veda-se qualquer meio que sugira que o produto seja originário de região diferente da verdadeira e que leve o consumidor a erro. Com relação à concorrência desleal os membros do Acordo deverão coibir qualquer meio que a constitua ato de concorrência desleal que ataque os usos honestos em matéria industrial ou comercial. Sendo assim, sempre que houver a possibilidade de determinada expressão enganar o consumidor ou constituir em prática de concorrência desleal, os Estados devem coibir a utilização desta.

2. INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS

Tanto nos mercados nacionais quanto nos internacionais, muitos produtos são caracterizados não apenas pela marca que ostentam, mas também pela indicação de sua verdadeira origem geográfica. Esse reconhecimento lhes confere certa reputação, um valor intrínseco e identidade própria que os distinguem dos demais produtos de igual natureza disponíveis no mercado, segundo Susana Maria Kakuta (2006, p. 06) o conceito de indicações geográficas foi sendo desenvolvido lentamente no transcurso da história, e de forma natural, quando produtores, comerciantes e consumidores comprovaram que alguns produtos de determinados lugares apresentavam qualidades particulares, atribuíveis a sua origem geográfica, e começaram a denominá-los com o nome geográfico de procedência. Este fenômeno teve início com os vinhos, nos quais o efeito dos fatores naturais era mais evidente.

Dessa forma, quando um produto ou serviço possui em seu nome uma referência á zona de produção e cujas características de qualidade decorrem de atributos desse território ou do modo de fazer dos produtores, juntamente com a notoriedade, pode-se considerar que é uma indicação geográfica.

Para que determinado produto seja reconhecido como indicação geográfica esse

precisa estar consagrado pelo seu uso e por comprovado renome. Esse renome deve ser

atribuído a características qualitativas do produto, determinadas por fatores naturais cujo

papel precisa ser preponderante para permitir a delimitação da área de produção.

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Acrescenta Silvana Saionara Gollo (2008) que os produtos que apresentam uma qualidade única, explorando as características naturais, tais como geográficas (solo, vegetação), meteorológicas (mesoclima) e humanas (capacitação, zelo, capricho e conhecimento tácito aplicados no cultivo, tratamentos culturais), e que indicam de onde são provenientes, são àqueles que possuem um certificado de qualidade atestando sua origem e garantindo o controle rígido de sua qualidade, denominado de “indicação geográfica”, nas modalidades de “indicação de procedência” ou “denominação de origem”. Alguns exemplos envolvendo produtos de notável qualidade, certificados e identificados com indicações geográficas podem ser citados, como os vinhos tintos da região de Bordeaux, os presuntos de Parma, os charutos cubanos, os queijos roquefort, entre outros.

O INPI, no seu Guia Básico – Indicação Geográfica em seu site, afirma que uma indicação geográfica tem seu surgimento ao longo dos anos, quando algumas cidades ou regiões ganham fama por causa de seus produtos ou serviços. Quando certa qualidade e/ou tradição de determinado produto ou serviço podem ser atribuídos a sua origem, a Indicação Geográfica - IG surge como fator decisivo para garantir sua proteção e diferenciação no mercado.

A Lei 9.279/96, quando trata do conceito de indicação geografia, a identifica como gênero, dividindo-a em duas espécies: a) indicação de procedência que é o nome geográfico que tenha se tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço; e, b) denominação de origem que é o nome geográfico que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

Liliana Locatelli (2008, p. 229) cita que a diferença entre indicação de procedência e denominação de origem, nos termos da legislação, brasileira, centra-se na exigência dessa última de uma qualidade ou característica peculiar do produto ou serviço estritamente vinculada à sua origem. Já na indicação de procedência, basta o reconhecimento e a notoriedade da origem geográfica de determinado produto.

O INPI é o órgão responsável pelo reconhecimento e registro das indicações geográficas no Brasil e estabeleceu o procedimento através da Resolução 075 de 28 de novembro de 2000. A proteção de uma indicação geográfica no Brasil é aperfeiçoada a partir do registro junto ao INPI e nos últimos anos vem aumentando a quantidade de indicações geográficas reconhecidas pelo órgão.

O uso da indicação geográfica é concedido aos produtores e prestadores de serviço

estabelecidos na área geográfica já que a delimitação da área de produção ou prestação de

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serviço é requisito para a configuração da indicação geográfica junto ao INPI. O cooperativismo e o associativismo são requisitos para o exercício do direito ao uso exclusivo do nome geográfico na atividade econômica, afastando-se a exploração individual da indicação geográfica, porém, quando ocorrer de não existir outros produtores ou prestadores de serviços que queiram fazer uso do nome geográfico, poderá uma única pessoa apresentar o pedido de proteção junto ao INPI.

Para Tonietto (2003), citado por Paulo Roberto Dellius (2009, p. 28) as indicações geográficas têm sido uma das estratégias inovadoras ao constituírem formas especiais de proteção dos produtos, que visam, principalmente, distinguir a sua origem através de identificação da sua área de produção. Para Tonietto, num mundo de relações econômicas globalizadas, as indicações geográficas possibilitam resguardar características locais e regionais dos produtos, valorizando e atestando seus níveis de qualidade, os quais são frutos dos fatores naturais de uma determinada área e de fatores devidos a intervenção humana.

2.1 INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA

A indicação de procedência é uma espécie da indicação geográfica, estando previsto no art.177 da Lei 9.279/96, a qual considera como indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Conforme Lilian Mendes Haber (2009) a indicação de procedência guarda relação com o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território conhecido como centro de extração, produção, fabricação de um determinado produto agropecuário ou extrativista, tem como fundamento a notoriedade.

Nota-se que a indicação de procedência não é usada para designar qualquer local de origem de produtos ou serviços, mas utilizada para designar determinado local de origem que tenha se tornado conhecido, pelo mercado consumidor, como produtor ou prestador de determinado serviço. Logo, a notoriedade da origem do produto ou da prestação de serviços é essencial para configurar uma indicação de procedência.

A indicação de procedência usa da notoriedade do produto ou serviço, atendendo,

assim, ao movimento de valorização da produção local, pois contribui para o reconhecimento

não apenas do produto, mas da região como um todo. O reconhecimento de uma indicação de

procedência aparece como um instrumento incentivador do agronegócio das regiões que

produzem ou prestam serviços.

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2.2 DENOMINAÇÃO DE ORIGEM

A denominação de origem é definida pela Lei 9.279/96 no art. 178, como o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ligadas ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Lilian Mendes Haber (2009) define que a denominação de origem quando reconhecida passa a funcionar como a própria designação de um produto agropecuário ou extrativista, cujas qualidades estão intrinsecamente ligadas de forma exclusiva ou essencial ao meio geográfico, incluídos fatores ambientais, como a qualidade e composição da terra e humanos o modo de manejo peculiar de um determinado produto.

Diferentemente da indicação de procedência, além da notoriedade, a denominação de origem para ser reconhecida é exigido que características do produto ou do serviço estejam ligadas exclusivamente ou essencialmente ao meio geográfico, sendo considerados os fatores ambientais, como o clima ou a qualidade e composição do solo, e os fatores humanos, como o modo de manejo peculiar de um determinado produto ou uma poda diferenciada.

2.3 BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

A indicação geográfica por fazer parte da Propriedade Industrial está recoberta de interesse social, pois proporcionar o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

Algumas repercussões positivas que a indicação geográfica pode proporcionar para a região onde se encontra, e Susana Maria Kakuta (2006, p. 14) elenca alguns desses benefícios, em diferentes aspectos, conforme segue:

a) Benefícios baseados na proteção:

• Proteção de um patrimônio nacional e econômico: das regiões, do manejo, dos produtos.

• Proteção dos produtores.

• Proteção dos consumidores.

• Não permite que os outros produtores, não incluídos na zona de produção delimitada, utilizem a indicação.

• Proteção da riqueza, da variedade e da imagem de seus produtos.

b) Benefícios baseados no desenvolvimento rural:

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• Manutenção da população nas zonas rurais.

• Geração de empregos.

• Vitalidade das zonas rurais (crescimento do turismo).

• Satisfação do produtor, orgulho da relação produto e produtor.

• Contribuição para a preservação das particularidades e a personalidade dos artigos, que se constituem em um patrimônio de cada região.

c) Benefícios baseados na promoção e facilidades de exportação:

• Garantia de produtos de notoriedade, originais e de qualidade.

• Afirmação da imagem autêntica de um artigo.

• Reconhecimento internacional.

• Facilidade de presença do produto no mercado.

• Acesso ao mercado através de uma marca coletiva e de renome.

• Identificação do produto pelo consumidor dentre outros artigos.

• Estímulo à melhoria qualitativa dos produtos.

d) Benefícios baseados no desenvolvimento econômico:

• Aumento do valor agregado dos artigos.

• Incremento do valor dos imóveis da região.

• Estímulo aos investimentos na própria zona de produção.

• Desperta o desenvolvimento de outros setores.

3. PROTEÇÃO JURÍDICA INTERNA DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS

A indicação geográfica está regulamentada na legislação brasileira pela Lei 9.279/96, que estabelece e define as suas espécies – a indicação de procedência e a denominação de origem. Não há uma hierarquia entre essas espécies, ficando facultado aos produtores e prestadores de serviços qual espécie de indicação geográfica se adéqua melhor ao seu caso. A proteção em ambas às espécies se dará sobre o nome geográfico que o produto ou serviço venha a receber, que poderá ser tanto o nome oficial, quanto algum nome tradicional ou usual da área geográfica.

O sistema de proteção às indicações geográficas adotada pela Lei 9.279/96, não

exige, para a proteção ou repressão às falsas indicações geográficas, o registro e

reconhecimento da indicação geográfica pelo INPI, já que seu conceito legal não requer o

registro para configurá-la. Conforme Denis Borges Barbosa (2002) não existe na lei em vigor

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uma disposição que fixe como efeito do registro a proteção erga omnes; pelo contrário, o que diz o texto legal é “considera-se indicação de procedência [aquela relativa a certo local] que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço”. E acrescenta o mencionado Autor, que o requisito é objetivo, não subjetivado, atribuído a um local e não a determinadas pessoas.

Assim, o direito nasce do conhecimento do local como origem da atividade econômica, e não do registro, ainda que este possa ser requisito quanto aos efeitos das indicações na via administrativa (por exemplo, para impedirem, ex officio, registro de marcas).

Sendo assim, o reconhecimento junto ao INPI é algo declaratório, porém não menos importante, já que o registro é um meio de prova na defesa do direito dos titulares da indicação geográfica contra a sua utilização indevida por terceiros.

3.1 PROTEÇÃO NA LEI 9.279/96

A indicação geográfica é uma forma de agregar valor e credibilidade a um determinado produto ou serviço, dando-lhes um diferencial no mercado em razão das características do lugar de origem. A Lei 9.279/96 regulamenta o que são consideradas indicações geográficas, bem como confere proteção a essas, e tipifica condutas que são penalizadas pelo uso da indicação geográfica por terceiros não legitimados para isso. Além disso, a legislação estende a proteção para a representação gráfica ou figurativa da indicação geográfica, bem como para a representação geográfica de país, cidade, região ou localidade de seu território cujo nome seja considerado indicação geográfica.

Segundo Liliana Locatelli (2008, p.254) a legislação brasileira opta por um sistema peculiar de proteção às indicações geográficas. Em vez de proteger as indicações geográficas reconhecidas e registradas da sua utilização indevida, o sistema adotado pela Lei 9.279/96 visa à repressão a quaisquer falsas indicações geográficas, tendo, ou não, denominações similares reconhecidas. Acrescenta ainda a autora, que a legislação nacional proíbe, dessa forma, a utilização de qualquer nome ou sinal geográfico em marcas que possam induzir o consumidor em erro quanto à origem geográfica do produto ou do serviço.

Porém, a Lei de Propriedade Industrial não confere proteção às indicações

geográficas quando o nome geográfico tenha se tornado de uso comum e, neste sentindo,

Pontes de Miranda (1997, p. 260) explica que o nome geográfico que se tornou usual, pela

alta qualidade dos seus produtos, e se tem de indagar se foram a terra e o clima ou outros

fatores naturais ou processos de cultivo ou de fabricação que o fizeram notável, pode ter-se

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tornado genérico, de modo que se pede e se compra “champagne”, champanhe, ou champanha, sem se aludir à região, mas ao produto, que se sabe ser vinho champanhizado, expressão usada, a cada momento, na própria França (champagniser, champagnisation).

Fazem-se salsichas de Viena e água-de-colônia, por tôda a parte. Grande parte dos compradores nem sabe que a água-de-colônia era proveniente da cidade de Colônia, na Alemanha; nem que o queijo do Reino provinha do Reino da Hollanda. Contudo, o nome geográfico que não mais constitua indicação de procedência ou denominação de origem poderá servir de elemento característico de marca para produto ou serviço, desde que não induza a falsa procedência.

3.2 DAS PENALIDADES

A penalidade aplicada a pessoa não legitimada para fazer uso do nome geográfico que fabricar, importar, exportar, vender, expor ou oferecer à venda ou ter em estoque produto que apresente falsa indicação geográfica, será condicionada a detenção de 1 (um) a 3 (três) meses, ou o pagamento de multa.

Também, aquele que usar, em produto, recipiente, invólucro, cinta, rótulo, fatura, circular, cartaz ou em outro meio de divulgação ou propaganda, termos retificativos, tais como "tipo", "espécie", "gênero", "sistema", "semelhante", "sucedâneo", "idêntico", ou equivalente, não ressalvando a verdadeira procedência do produto e que leve o consumidor a erro está sujeito a detenção de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Porém, conforme cita Denis Borges Veloso (2002), não há infração penal no uso de algo como “queijo tipo Grana Padano fabricado em Vacaria”, desde que fique claro que o produto não foi feito em Pádua.

Incorre na mesma penalidade estabelecida pela legislação àquele que fizer uso de marca, nome comercial, título de estabelecimento, insígnia, expressão ou sinal de propaganda ou qualquer outra forma que indique procedência que não a verdadeira, ou vender ou expor à venda produto com tais sinais. Assim, uma marca que diga “Café da Região do Cerrado Mineiro” estará infringindo a norma, se o produto vier de Alto Paraíso de Goiás, por exemplo.

3.3 PEDIDO DE PROTEÇÃO NO INPI

O procedimento para o registro da indicação geográfica atualmente é estabelecido

pela Resolução nº 075 de 28 de novembro de 2000. A Resolução reconhece a crescente

importância das indicações geográficas para a economia e a necessidade de conferir à

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adequada proteção às mesmas no Brasil, considerando a importância da indicação geográfica como requisito primordial para que seja regulamentado o seu registro.

O reconhecimento da indicação geográfica pelo INPI é considerada como declaratória. Dessa forma, a obtenção do registro não é condição sine qua non para a proteção das indicações geográficas, como se pode deduzir da redação do art. 2º, inciso IV, da Lei 9.279/96.

Uma vez reconhecida a indicação geográfica, a proteção é estendida para a sua representação gráfica ou figurativa, bem como para à representação geográfica de país, cidade, região ou localidade de seu território cujo nome seja considerado uma indicação geográfica. É o caso dos selos utilizados pelas indicações geográficas brasileiras, que vem junto da embalagem do produto e facilita a identificação do mesmo pelo consumidor.

Assim como nas convenções referente às indicações geográficas, bem como, a Lei 9.279/96, a Resolução impede o registro dos nomes geográficos que designam produto ou serviço que tenham se tornado de uso comum.

3.4 QUEM PODE REQUERER O REGISTRO

O registro da indicação geográfica, conforme art. 5º Resolução n.º 075 do INPI, pode ser requerido, na qualidade de substitutos processuais, pelas associações, pelos institutos e por pessoas jurídicas representativas da coletividade legitimada ao uso exclusivo do nome geográfico e estabelecidas no respectivo território. O cooperativismo e o associativismo são, em regra, exigidas para o exercício do direito ao uso exclusivo do nome geográfico na atividade econômica, mas nada impede que um único produtor esteja legitimado a requerer quando não houver outros produtores ou prestadores de serviços que queiram fazer uso do nome geográfico.

Apesar de em regra a indicação geográfica ser de uso coletivo, nada impede que cada produtor ou prestador de serviço estabelecido no local correspondente à indicação geográfica impugne contra o uso indevido da indicação geográfica por esse possuir legítimo interesse na defesa dos direitos coletivos com relação ao bem.

Quando se tratar de nome geográfico estrangeiro já reconhecido como indicação

geográfica no seu país de origem ou por entidades ou organismos internacionais competentes

e que queira obter o reconhecimento no Brasil, o registro deverá ser requerido pelo titular do

direito sobre a indicação geográfica.

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3.5 DOCUMENTOS EXIGIDOS PARA REQUERER O REGISTRO

O pedido de registro de indicação geográfica deverá referir-se a um único nome geográfico e, nas condições estabelecidas em ato próprio do INPI, deve conter o requerimento com o nome geográfico que receberá a proteção, bem como a descrição e as características do produto ou do serviço.

A legitimidade do requerente é comprovada com documento hábil que lhe confira interesse em representar a localidade, na qualidade de substituto processual, como as associações, os institutos e as pessoas jurídicas representativas da coletividade que tenham sido constituídos para fazer uso exclusivo do nome geográfico e, ainda, deve ser estabelecida no respectivo território.

O regulamento que trata do uso do nome geográfico, bem como o documento oficial que delimita a área geográfica, deve acompanhar o requerimento de registro. A delimitação da área geográfica, também, deverá ser apresentada ao INPI por meio do documento oficial expedido pelo órgão competente de cada Estado, sendo competente, no Brasil, no âmbito específico de suas competências, a União, representada pelos Ministérios afins ao produto ou serviço, e os Estados, representados pelas Secretarias afins ao produto ou serviço.

A representação gráfica ou figurativa ou a forma representativa geográfica do país, cidade, região ou localidade do território que irá identificar a indicação geográfica, também, já deverá vir junto com o requerimento.

O INPI exige, além da documentação já citada, outros documentos específicos dependendo do tipo de registro que se quer obter, ou seja, se é indicação de procedência ou denominação de origem.

Quando se tratar de pedido de registro de indicação de procedência, de acordo com o art. 7 § 1º da Resolução n.º 075 do INPI, o instrumento oficial, além da delimitação da área geográfica, deverá ser apresentado:

- os elementos que comprovem ter o nome geográfico se tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou de prestação do serviço;

- elementos que comprovem a existência de uma estrutura de controle sobre os

produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso exclusivo da indicação de

procedência, bem como sobre o produto ou a prestação do serviço distinguido com a

indicação de procedência; e

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- elementos que comprovem estarem os produtores ou prestadores de serviços estabelecidos na área geográfica demarcada e exercendo, efetivamente, as atividades de produção ou de prestação do serviço.

No caso do pedido de registro for de denominação de origem, conforme art. 7 § 2º da Resolução n.º 075 do INPI, o instrumento oficial que delimitar a área geográfica, deverá conter também:

- a descrição das qualidades e características do produto ou do serviço que se devam, exclusiva ou essencialmente, ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos;

- a descrição do processo ou método de obtenção do produto ou do serviço, que devem ser locais, leais e constantes;

- elementos que comprovem a existência de uma estrutura de controle sobre os produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso exclusivo da denominação de origem, bem como sobre o produto ou a prestação do serviço distinguido com a denominação de origem; e

- os elementos que comprovem estarem os produtores ou prestadores de serviços estabelecidos na área geográfica demarcada e exercendo, efetivamente, as atividades de produção ou de prestação do serviço.

A comprovação de que a localidade tornou-se conhecida como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou como centro de prestação do serviço poderá ser feita por meio, por exemplo, de reportagens de jornais e revistas, artigos científicos, livros, musicas e outros meios que reconheça a localidade como tal.

No caso de pedido de registro de nome geográfico já reconhecido como indicação geográfica em outro país ou por entidades ou organismos internacionais competentes, fica dispensada a apresentação dos documentos acima citados para cada caso, devendo apresentar o documento oficial que reconheceu a indicação geográfica, porém, esse deverá ser apresentado em cópia oficial, acompanhado de tradução juramentada.

3.6 APRESENTAÇÃO E DO EXAME DO PEDIDO DE REGISTRO

Apresentado o pedido de registro de indicação geográfica, será o mesmo

protocolizado e submetido a exame formal do INPI, durante o qual poderão ser formuladas

exigências para sua regularização, que deverão ser cumpridas no prazo de 60 (sessenta) dias,

sob pena de arquivamento definitivo do pedido de registro.

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Concluído o exame formal do pedido de registro, será o mesmo publicado, para que no prazo de 60 (sessenta) dias terceiros tomem conhecimento e possam manifestar impugnações. Caso ocorra alguma impugnação será dado um novo prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação da manifestação do terceiro, para que o requerente do registro apresente sua contestação.

Decorrido o prazo de 60(sessenta) dias da publicação do exame formal do pedido de registro, sem que tenha sido apresentada manifestação de terceiros ou, se apresentada esta, findo o prazo para contestação do requerente, será proferida decisão reconhecendo ou negando o registro da indicação geográfica. Sendo que a decisão que reconhece a indicação geográfica encerra a instância administrativa.

Caso seja negado o pedido de registro da indicação geográfica é cabível pedido de reconsideração no prazo de 60 (sessenta) dias. Nesse período de reconsideração poderão ser exigidas novas razões para complementar o título do pedido de reconsideração, que deverão ser cumpridas no prazo de 60 (sessenta) dias. O pedido de reconsideração será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se, assim, a instância administrativa.

CONCLUSÃO

As indicações geográficas, bem como os demais institutos da Propriedade Industrial, vêm se apresentando como importante meio de desenvolvimento econômico para os países.

As constantes modificações dos Tratados Internacionais demonstram à importância de se manterem atualizados e condizentes com a realidade as matérias que tratam da Propriedade Industrial.

A proteção jurídica da Propriedade Industrial mais do que proteger os interesses dos titulares, de coibir a concorrência desleal e proteger os consumidores, busca garantir o bom funcionamento desses institutos para a promoção do desenvolvimento econômico.

As indicações geográficas, em especial, se apresentam como meio hábil para o processo de desenvolvimento econômico no país. A principal potencialidade das indicações geográficas é fato dessas garantirem a origem do produto, o que faz os consumidores olharem o produto de maneira confiável. O reconhecimento das indicações geográficas proporciona outros benefícios como a manutenção da população no local de produção, a geração de emprego e, por consequência, a melhoria de vida e a preservação da cultura local, já que é um traço característico da indicação geográfica a manutenção das peculiaridades da produção.

Ainda falando do aspecto econômico, as indicações geográficas agregam valor aos

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produtos, aumenta o valor dos imóveis localizados na região demarcada, estimula investimentos na zona de produção e desperta o desenvolvimento de outros setores. Diante de tantos benefícios é que se faz imprescindível uma adequada proteção jurídica a esse instituto.

Caso contrario, os produtores e prestadores de serviços não se sentiriam estimulados em manter algo que não tenha a devida proteção do Estado.

Levando em conta a dimensão territorial brasileira, a grande variedade de clima, solo, vegetação, animais e as diversas culturas presentes no país é que se tem a certeza do enorme potencial brasileiro para desenvolver inúmeras indicações geográficas.

A normativa nacional sobre as indicações geográficas estendeu a proteção para as representações gráficas e figurativas de cada indicação, o que caracteriza algo importante já que distingue o produto dos demais. Quando se refere à representação gráfica lembra-se das marcas e de certa forma passa a ser uma marca, porém, as indicações geográficas assumem diante do consumidor um papel mais significativo, uma vez que garantem a procedência do produto e suas peculiaridades, enquanto que as marcas não garantem a procedência e nenhuma qualidade peculiar do produto quanto a sua origem, podendo ser produzido em qualquer lugar.

A conceituação do que seja indicação geográfica dada pela legislação brasileira é bastante ampla, incluindo até aspectos não considerados pelo TRIPS, como é o caso das indicações geográficas referente aos serviços.

O procedimento do registro das indicações geográficas foi instituído pelo INPI na resolução nº 75 que apresenta o processo a ser seguido e a documentação exigida. Apesar do registro das indicações geográficas no INPI ser algo declaratório, isso não o torna menos importante, pois ele figurará como importante meio de prova quando o direito de uso for lesado.

Como a legislação não exige que as indicações geográficas estejam reconhecidas pelo INPI para serem protegidas, isto representa que o legislador desejou garantir a defesa dos interesses de quem realmente tem o direito de usufruir de tal instituto.

Assim, a proteção jurídica brasileira já está no caminho certo ao reconhecer as

indicações geográficas como uma das formas de desenvolvimento econômico e garantindo-

lhes o reconhecimento e proteção, mesmo não estando registradas junto ao órgão competente

– INPI.

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Referências

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