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2 UFV-DFT- Departamento de Fitotecnia- Viçosa/MG: 3

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Academic year: 2021

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Ação de inseticidas naturais sobre larvas de polinizadores de cucurbitáceas

Maíra Mariz Carvalho1; Vânia Maria Xavier2; Dejair Message1; Marcelo Coutinho Picanço1; Mayara Cristina Lopes1; Leandro Bacci3

1UFV-DBA-Entomologia-Viçosa/MG: mmarizc@gmail.com, dmessage@ufv.br, picanco@ufv.br, mayaralopesufv@gmail.com,

2 UFV-DFT- Departamento de Fitotecnia- Viçosa/MG: vaniamxavier@gmail.com

3 UFS- Universidade Federal de Sergipe: bacci@pq.cnpq.br

RESUMO

A utilização exagerada e inadequada de inseticidas organo-sintéticos vem afetando seriamente o ambiente. Em cucurbitáceas, a utilização intensiva de inseticidas convencionais tem ocasionado impactos negativos sobre os agentes polinizadores. Esses organismos são extremamente importantes nessas culturas, sendo os principais as abelhas Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae).

Estudos e pesquisas de métodos alternativos de controle se fazem necessários, como o uso de inseticidas botânicos. Porém, antes da escolha do inseticida botânico, a eficiência no controle da praga e a seletividade aos organismos benéficos devem ser analisados. Este trabalho teve como objetivo estudar a seletividade dos inseticidas botânicos rotenona, andiroba e extrato de alho ao polinizador A.

mellifera.

PALAVRAS CHAVE: Cucurbita pepo, Apis mellifera, inseticidas

ABSTRACT

Action of insecticides on larvae of natural pollinators of cucurbits

The exaggerated and inappropriate use of organo-synthetic pesticides has been seriously affecting the environment. In cucurbits, the intensive use of conventional insecticides has caused negative impacts on pollinators. These organisms are extremely important in these cultures, the main ones being the honey bee Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae). However before choosing the botanical insecticide, the pest control efficiency and selectivity to beneficial organisms should be analyzed. Studies and research of alternative methods of control are needed, such as the use of botanical insecticides. This work aimed to study the selectivity of botanical insecticides rotenone, andiroba and garlic extract to pollinator A. mellifera.

KEYWORDS: Cucurbita pepo, Apis

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INTRODUÇÃO

A polinização é fundamental na condução de muitas culturas agrícolas (Mayer, 2004).

Dentre os vegetais, podemos destacar a cultura abóbora italiana, Cucurbita pepo L.(Cucurbitaceae), que constitui alimento de grande importância, principalmente em áreas tropicais, tanto pelo aspecto econômico como pelo nutricional (Saturnino et al., 1982). Esta espécie de cucurbitácea é monóica e dependente de vetores bióticos para assegurar a polinização (Passarelli, 2002).

As abelhas do gênero Apis estão entre as principais polinizadoras da família Cucurbitaceae (Minussi e Alves, 2007). A espécie Apis mellifera (Linnaeus, 1758) (Hymenoptera: Apidae) é utilizada de forma generalizada na polinização. Isso se deve não somente a sua eficiência polinizadora, mas principalmente devido a sua disponibilidade, facilidade de manejo, por atingir facilmente altas populações e por ser polinizadora de inúmeras culturas de importância econômica, facilitando a introdução das mesmas nas áreas cultivadas (Benedek & Gaal, 1972). Outro aspecto que favorece o uso de abelhas melíferas em áreas agrícolas é que sua biologia é bem conhecida e elas podem ser manejadas em caixas facilmente transportáveis, para a polinização de muitas culturas agrícolas.

A utilização de inseticidas organo-sintéticos nas plantações é um problema grave que afeta a polinização entomófila. A busca de novos produtos seletivos tornou-se necessário devido ao efeito desses inseticidas sobre organismos não-alvos. Dentre estes, os inseticidas botânicos surgem como uma alternativa aos inseticidas organo-sintéticos, para o controle de pragas nos cultivos agrícolas (Cloyd, 2004). Porém, antes de usar um inseticida, mesmo sendo esse de origem vegetal, a margem de segurança para o organismo não-alvo deve ser conhecida. No mercado, encontramos inseticidas botânicos derivados da rotenona, azadiractina e produtos a base de alho, eucalipto, andiroba e citronela (Isman, 1997).

O inseticida botânico rotenona é um composto natural presente na planta Lonchocarpus spp. e Derris spp. (Leguminosae) encontradas na América do Sul e Ásia, respectivamente. Os compostos resultantes da extração da raiz da planta são conhecidos como rotenóides. A rotenona é considerada um inseticida e acaricida de largo espectro de ação.

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O extrato de alho Allium sativum L. possui vários compostos organosulfurados com atividade inseticida. Estes extratos apresentam baixa seletividade em favor de inimigos naturais, o que limita seu uso (Olkowski et al., 1995).

A andiroba Carapa guianensis (Aublet.) é uma árvore da família Meliaceae cujo óleo é extraído da semente. As meliáceas possuem substâncias que são conhecidas pelo fato de apresentarem atividade em insetos, sejam interferindo no crescimento ou através da inibição de alimentação.

Os trabalhos de pesquisa com inseticidas botânicos levam em consideração o efeito dos mesmos sobre as pragas, não considerando um possível efeito sobre insetos benéficos, como os polinizadores. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a seletividade dos inseticidas naturais sobre as larvas de A. mellifera.

MATERIAL E MÉTODOS

O bioensaio de toxicidade foi conduzido no laboratório de Manejo Integrado de Pragas do Departamento de Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Os inseticidas botânicos estudados foram: extrato de alho, óleo de andiroba, e rotenona.

Foram usadas larvas com um dia de idade de A. mellifera obtidas de favos de cria de operárias de colméias do Apiário da UFV.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Os tratamentos foram os inseticidas botânicos e a testemunha. Cada parcela experimental foi constituída por uma placa de Petri (9 cm de diâmetro x 2 cm de altura) contendo 10 larvas de A. mellifera. As larvas de A. mellifera utilizadas foram criadas em laboratório em cúpulas de polietileno que foram previamente montadas em placas de Petri.

A dieta utilizada para alimentação das larvas, segundo Silva et al. (2005), foi constituída de: geléia real, água, d-frutose, d-glicose, extrato de lêvedo e a concentração recomendada dos inseticidas botânicos para o controle de pragas. A concentração de cada inseticida foi: 30mL/100L; os óleos de andiroba, citronela e eucalipto 1mL/100mL; neem 0,2mL/100 mL e rotenona 1mL/200mL de calda.

A testemunha consistia de água destilada. As larvas foram alimentadas diariamente por cinco dias consecutivos com a dieta. Após este período, simulando as mesmas condições da colméia, as larvas foram retiradas das cúpulas e colocadas em placas de Petri sem receber alimentação. A mortalidade foi avaliada em cada estágio (larva e

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ciclo de desenvolvimento, contou-se o número de abelhas mortas em cada placa de Petri e esses indivíduos foram removidos.

A mortalidade ocorrida nos tratamentos foi corrigida pela mortalidade ocorrida na testemunha usando-se a fórmula de Abbott (1925). Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Scott- Knott a 5% de significância. (Scott &Knott, 1974).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os inseticidas mais tóxicos após 14 dias de ingestão pelas larvas de A. mellifera foi à rotenona e o menos tóxico foi o óleo de andiroba. Já o extrato de alho, semelhante à testemunha, não apresentou efeito tóxico às larvas de A. mellifera, com mortalidade inferior a 10% (Figura 1).

Devem-se evitar pulverizações diurnas com inseticidas considerados como de alto risco para as abelhas. O florescimento é a fase mais atrativa para os polinizadores e é quando eles estão em intensa atividade de forrageamento (Pinheiro & Freitas, 2010). Isto pode ser obtido em aplicações ao final do período da tarde onde é baixa a presença de A.

mellifera nas lavouras. Outra prática que pode minimizar o impacto dos inseticidas botânicos sobre as abelhas é o fechamento da entrada da colméia e realização de alimentação artificial da colméia durante as pulverizações para se evitar que as abelhas visitem as lavouras no dia da aplicação dos inseticidas.

Portanto, os inseticidas naturais rotenona e andiroba não foram seletivos, enquanto que, o inseticida extrato de alho apresentou seletividade às larvas de A. mellifera.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a CAPES, FAPEMIG e CNPq pelas bolsas e recursos concedidos.

REFERÊNCIAS

ABBOTT WS. 1925. A method of computing the effectiveness of an insecticide.

Journal of Economic Entomology, 18 (2): 265-267.

BENEDEK P & GAAL E. 1972. The effect of insect pollination on the seed onion, with observations on the behaviour of honeybees on the crop. Journal Apicultural Research, 11 (3): 175-180.

CLOYD R. 2004. Natural indeed: Are natural insecticide safer and better then conventional insecticide? Illinois Pesticide Review, 17: 1-3.

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ISMAN MB. 1997. Neem and other botanical insecticides: barriers to commercialization. Phytoparasitica, 25 (4): 339-344.

MAYER C. 2004. 2004. Pollination services under different grazing intensities. Int J Trop Insec Sci, 24: 95-103.

MINUSSI LC; ALVES-DOS-SANTOS I. 2007. Abelhas nativas versus Apis mellifera Linneaus, espécie exótica (Hymenoptera: Apidae). Biosci. J. Uberlândia, 23: 58-62.

OLKOWSKI W; DAAR S; OLKOWSKI, H. The organic gardener’s handbook of natural insect and disease control. Emmaus, Pennsylvania: Rodale. 1995.

PASSARELLI L. 2002. Importância de Apis mellifera L. em La producción de Cucurbita máxima Duch (Zapallito de tronco).Investig Agrar Prod Prot Veg 17: 5-13.

PINHEIRO JN; FREITAS BM. 2010. Efeitos letais dos pesticidas agrícolas sobre polinizadores e perspectivas de manejo para os agroecossistemas brasileiros. Oecol.

Aust., 14(1): 266-281.

SATURNINO HM; PAIVA, BM; GONTIJO, VPM; FERNANDES, DPL; VIEIRA, GS. 1982. Cucurbitáceas: aspectos estatísticos. Informe Agropecuário, 8 :3-20.

SCOTT A.J & KNOTT MA. 1974. A cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, Washington, 30 (3): 507-512.

SILVA IC; MESSAGE D; CRUZ CD; SILVA MVGB. 2005. Aplicação de análises multivariadas para determinação da casta de abelhas Apis mellifera L. (africanizadas), obtidas em laboratório. Revista Brasileira de Zootecnia, 34 (2): 635-640.

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Rotenona

Óleo de Andiroba

Extrato de alho

Mortalidade (%)

0 10 20 30 40 50

a

b

c

Figura 1: Mortalidade (média ± erro padrão) de larvas da abelha Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae: Apinae) após 14 dias de exposição a concentração recomendada de três inseticidas botânicos. Os histogramas seguidos pela mesma letra minúscula não diferem, entre si, pelo teste Scott-Knott a p<0,05.

(Mortality (average ± standard error) of larvae of Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae:

Apinae) bees after fourteen days of exposure by contact to the recommended concentration of three botanical insecticides. The histograms followed by the same lower case letter present averages that do not differ by the Scott Knott test at p<0.05).

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