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ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA

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ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA
 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NO NÍVEL LATO SENSU EM

OPERAÇÕES MILITARES DE DEFESA ANTIAÉREA E DEFESA DO LITORAL

JONATHAN CARVALHO DE VASCONCELLOS

O EMPREGO DO BATALHÃO DE CONTROLE AEROTÁTICO E DEFESA ANTIAÉREA NOS JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016: UMA

ANÁLISE

Rio de Janeiro 2017

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O EMPREGO DO BATALHÃO DE CONTROLE AEROTÁTICO E DEFESA ANTIAÉREA NOS JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016: UMA

ANÁLISE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea como requisito parcial para a obtenção do Grau Especialidade em Operações Militares de Defesa Antiaérea e Defesa do Litoral.

Orientador: Cap Art AUGUSTO CESAR RODRIGUES FORTES

Rio de Janeiro 2017

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DETMil

ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA

COMUNICAÇÃO DO RESULTADO FINAL AO POSTULANTE (TCC)

VASCONCELLOS, Jonathan Carvalho de (1º Ten QC-FN). O Emprego do Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016: Uma Análise. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no programa lato sensu como requisito parcial para obtenção do certificado de especialização em Operações Militares de Defesa Antiaérea e Defesa do Litoral. Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea.

Orientador: Cap Art AUGUSTO CESAR RODRIGUES FORTES

Resultado do Exame do Trabalho de Conclusão de Curso: ____________________

Rio de Janeiro, ___ de ____________ de 2017.

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO

__________________________________________

Maj Art ALLAN DIAS MERCÊS PRESIDENTE

__________________________________________

Maj Art CRISTIANO SALGADO SIQUEIRA MEMBRO

___________________________________________

Cap Art AUGUSTO CESAR RODRIGUES FORTES ORIENTADOR

DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

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Aos meus pais, uma homenagem por servirem até hoje como verdadeiros exemplos de moral e caráter.

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Ao meu orientador meus sinceros agradecimentos pela orientação segura e conselhos fundamentais para a execução deste trabalho.

Aos meus pais Getulio Pereira de Vasconcellos e Claudete Carvalho de Sales, por não terem poupado esforços ao longo de toda minha formação pessoal e profissional, pelos sacrifícios que fizeram em nome do melhor para a família, e por representarem meu ideal de ser humano, meu amor eterno.

A minha namorada pela compreensão, incentivo e companheirismo nos momentos em que este trabalho teve de ser priorizado.

A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para este projeto fosse concluído.

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Há dois tipos de pessoa que vão te dizer que você não pode fazer a diferença neste mundo:

as que têm medo de tentar e as que têm medo de que você seja bem-sucedido [...] (Ray Goforth).


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ANTIAÉREA NOS JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016: UMA ANÁLISE

Jonathan Carvalho de Vasconcellos

Resumo: Finalizado o ciclo de grandes eventos esportivos no Brasil com a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, cresce a importância de registrar e interpretar os ensinamentos obtidos, os quais poderão ser utilizados para aprimorar a atuação do CFN, em especial do BtlCtAetatDAAe, em eventos esportivos de relevância significativa futuros e também no emprego da AAAe em Operações de Não Guerra. Neste sentido, o presente estudo buscou analisar o planejamento, preparação e emprego do BtlCtAetatDAAe na Operação JO2016, com o intuito de fornecer subsídios para futuras operações com características similares à essa. Esta análise foi feita com base nas dificuldades encontradas desde a fase do planejamento e em como foram superadas, assim como nas virtudes apresentadas no transcorrer da operação. As soluções que mostraram-se eficazes serão de grande valia para melhorar o desempenho do batalhão em operações posteriores que possuam características similares de Operações de Não Guerra em ambientes urbanos, principalmente nos grandes eventos esportivos.

PALAVRAS-CHAVE: Antiaérea, operações de não guerra, grandes eventos, Jogos Olímpicos.

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Abstract: After the Olympic and Paralympic Games Rio 2016 have finished a time span, it gets crucial to record an to interpret all lessons acquired, which can be used as a tool to enhance perfomance of the "Corpo de Fuzileiros Navais" (CFN), specially of the "Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea “ (BtlCtAetatDAAe), on massive future sports events and on employing of AntiAircraft Artillery (AAe) on Military Operations Other than War (MOOTW). Thus, this work has tried to analyze planning, preparation and employing of the BtlCtAetatDAAe in the JO 2016 Operation, having as a goal to provide subsidies for future operations with similar aspects to the referred one. This analysis has been based on difficulties faced since planning phase, and on how they had been dealt with, as well as on positive aspects that have been showed during the operation. Every solution that has proofed effective wiil be of great value to enhance performance of the BtlCtAetatDAAe on future operations with similar characteristics of MOOTW in urban areas, specially on massive sports events.

KEY WORDS: AntiAircraft, Military Operations Other than War, massive events, Olympic Games.


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SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO ...12

2. OPERAÇÕES DE NÃO GUERRA ...16

2.1. CONCEITO ...16

2.2. OP NG EM AMBIENTES URBANOS ...18

3. PLANEJAMENTO DO BtlCtAetatDAAe PARA REALIZAR A DA AE NA OPERA- ÇÃO JO2016 ...21

3.1. INTELIGÊNCIA ...24

3.2. ESTUDO TÁTICO DO TERRENO ...25

3.3. RECONHECIMENTO E ADESTRAMENTO DOS MILITARES DO BtlCtAetatDA- Ae ...26

4.EXECUÇÃO DA DA Ae DO CLUSTER BARRA DA TIJUCA NA OPERAÇÃO JO2016 ...29

4.1. ÁREAS DE EXCLUSÃO ...29

4.2. ORGANIZAÇÃO DO BtlCtAetatDAAe ...31

4.3. OPERAÇÃO MISTRAL ...33

5. CONCLUSÃO ...39

REFERÊNCIAS ...44

ANEXO A - ORGANOGRAMA DO BTLCTAETATDAAE ...46

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Aeronaves utilizadas pela FAB nos JO2016 ...21 Figura 3 - Área BRANCA, com aproximadamente 200 km de diâmetro ...29 Figura 4 - Representação das Áreas de Exclusão sobrepostas, seus raios e limite vertical 30 ...

Figura 5 - Pos dos P Vig e U Tir - Plano da Operação Mistral (JO2016) ...33 Figura 6 - Vista ampliada das Pos das Utir e detalhe do ponto sensível ...34 Figura 7 - Detalhe do Aeroporto de Jacarepaguá e Pos do Radar, COAAe e PC ...34

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1. INTRODUÇÃO

Pode-se dizer que na presente década o Brasil se transformou no grande anfitrião para grandes eventos esportivos de nível continental e mundial, sediando diversas competições que atraíram a atenção de todas as etnias e nações das mais variadas partes do globo terrestre.

O início do ciclo desses eventos esportivos de grande porte pode ser delimitado como o ano de 2007, no qual a cidade do Rio de Janeiro sediou os XV Jogos Pan-americanos, recebendo 5633 atletas de 42 países das Américas do Sul, Norte e Central (Fonte: https://

pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Pan-Americanos_de_2007 - Acesso em 08/06/17).

Em seguida, em 2011, ocorreram os 5º Jogos Mundiais Militares do Conselho Internacional do Desporto Militar (CISM), os quais reuniram aproximadamente 7000 atletas de 88 países, novamente na cidade do Rio de Janeiro (Fonte: http://www.milsport.one/cism- events/cism-world-summer-games/rio-de-janeiro-bra-2011 - Acesso em 08/06/17).

Dando sequência à série megaeventos esportivos, o país reuniu mais de 800 mil espectadores para assistir partidas de futebol distribuídas pelas 6 cidades sede da Copa das C o n f e d e r a ç õ e s d a F I FA 2 0 1 3 . ( F o n t e : h t t p s : / / p t . w i k i p e d i a . o r g / w i k i / Copa_das_Confedera%C3%A7%C3%B5es_FIFA_de_2013 - Acesso em 08/06/17).

O auge desse período de protagonismo brasileiro no âmbito esportivo mundial se deu com a realização da Copa do Mundo FIFA 2014, durante a qual o Brasil recebeu mais de 1 milhão de turistas estrangeiros distribuídos pelas 12 cidades sede e foi responsável por uma audiência de mais de 3,2 bilhões de espectadores, e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016, reconhecidamente o maior evento esportivo do mundo, que trouxe mais de 1,17 milhões de turistas para a cidade do Rio de Janeiro e sintonizou mais de 3,7 bilhões de espectadores ao longo da competição. (Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/

2016/08/prefeitura-faz-balanco-da-olimpiada-e-paes-diz-que-o-rio-calou-criticos.html - Acesso em 05/05/17).

A euforia causada pelos anúncios das escolhas do Brasil como sede dos eventos vindouros, ocorridas no período entre 2002 e 2009, contrastava com a incredulidade por parte de alguns setores da sociedade a respeito da capacidade nacional de obter êxito nessas empreitadas. Um dos principais fatores que geravam esse temor do insucesso das competições era a segurança dos participantes e espectadores. Isto foi causado pelos ataques terroristas,

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!13 ocorridos desde o início do Século XXI, os quais se multiplicaram ao redor do mundo e assumiram protagonismo no rol de fatores a serem previstos e prevenidos em qualquer evento que reúna grande quantidade de pessoas.

Somando-se a isso a crise político-econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos, a qual gerou diversos protestos e manifestações contra a realização da Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, e que chegou a suscitar dúvidas nos organizadores sobre o cancelamento das competições. Assim, estava configurado um cenário no qual a segurança, não só dos locais de competição, mas também dos turistas desde o momento em que chegavam ao país e do restante da população se tornou um dos focos principais na organização dos eventos.

Para atender de forma satisfatória essa preocupação com a segurança se faz necessária a participação das Forças Armadas, tanto no cumprimento de sua missão constitucional quanto na cooperação e interação com as agências de segurança estadual e municipal para assegurar que as competições pudessem ocorrer de forma ordeira e pacífica, sem prejuízos à segurança dos espectadores e à integridade da reputação do país anfitrião.

Como dito anteriormente, o terrorismo era o foco das atenções e, logicamente, um possível ataque de aeronave aos locais de competição estava, sem dúvidas, entre os principais temores que rondavam a mente dos envolvidos no planejamento do sistema de segurança dos Jogos Olímpicos. Assim, cresceu a importância da defesa do espaço aéreo sobrejacente às instalações olímpicas.

Nesse contexto, o Exército Brasileiro (EB), a Força Aérea Brasileira (FAB), e a Marinha do Brasil (MB), através do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e, consequentemente, do Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea (BtlCtAetatDAAe), ficaram encarregados de realizar a defesa do espaço aéreo brasileiro e, consequentemente, contribuir para a garantia da segurança dos locais de competição e demais pontos sensíveis.

Algo fundamental para aprimorar o desempenho em qualquer aspecto de uma atividade é analisar o que foi feito e absorver o que for importante para os acontecimentos posteriores. Assim, finalizado o ciclo de grandes eventos esportivos no Brasil com a Operação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (JO2016), cresce a importância de registrar e interpretar os ensinamentos obtidos, os quais poderão ser utilizados para aprimorar a atuação do CFN, em especial do BtlCtAetatDAAe, em eventos esportivos de relevância significativa futuros e também no emprego da AAAe em Operações de Não-Guerra.

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Algumas questões de estudo podem ser formuladas no entorno deste questionamento:

Adequação de um plano de DA Ae para um ambiente urbano considerando a relação eficácia X efeitos colaterais. Quais são as características do emprego da AAAe em uma Operação de Não-Guerra?

Como foi o planejamento do BtlCtAetatDAAe para a defesa antiaérea nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016?

Como foi o emprego do BtlCtAetatDAAe na defesa antiaérea nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016?

Quais foram os ensinamentos colhidos pelo BtlCtAetatDAAe após o término da Operação JO2016?

O CFN, como parte da Marinha do Brasil, tem a obrigação de buscar atender às situações em que possa vir a ser empregado na garantia da soberania nacional e aperfeiçoar sua doutrina e material humano cada vez mais, seja nas operações de guerra ou não-guerra, como é o caso em análise no presente estudo.

Apesar de cada operação possuir peculiaridades e características únicas que a diferencia de todas as demais, com a análise das ações já realizadas e a interpretação dos resultados obtidos nas mesmas é possível delinear os contornos das medidas que devem ser adotadas para garantir, se não o sucesso absoluto de uma nova operação, ao menos que não se repitam ou que se possa contornar com maior presteza as dificuldades observadas anteriormente.

Dessa forma, o presente estudo justifica-se como uma verdadeira agenda-memória para registrar as impressões resultantes dos eventos passados e garantir que os ensinamentos obtidos sejam aplicados na melhoria das operações similares que ocorrerão no futuro.

Nesse sentido, pretende-se analisar o planejamento, a preparação e o emprego do BtlCtAetatDAAe nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016 na cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de fornecer subsídios para futuras operações com características similares à essa.

A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral desse estudo, de forma a encadear logicamente o raciocínio descritivo apresentado, foram formulados os seguintes objetivos específicos:

a. Apresentar as características de uma Operação de não-Guerra à luz na Doutrina Militar.

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!15 b. Apresentar o planejamento do BtlCtAetatDAAe para a defesa antiaérea nos JO2016.

c. Analisar o emprego do BtlCtAetatDAAe na defesa antiaérea nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

d. Concluir sobre o emprego do BtlCtAetatDAAe na defesa antiaérea nos JO2016.

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2. OPERAÇÕES DE NÃO GUERRA

Como explicado anteriormente, o grande volumes de eventos internacionais realizados em território nacional que ocorreu no período recente transformou o Brasil no centro das atenções mundiais. Em consequência disso, cresceu potencialmente a probabilidade do Brasil ser palco de um atentado terrorista. Assim, a segurança do espaço aéreo vem sendo cada vez mais necessária, devido ao risco que essas atividades carregam consigo, tornando-se indispensável o desdobramento de defesas antiaéreas nos locais de eventos de grande vulto, a fim de que a segurança deste eventos não seja ameaçada, o que prejudicaria a imagem do país na mídia internacional tornaria-se uma barreira para o desenvolvimento, além de ser uma afronta à soberania nacional.

2.1. CONCEITO

A Defesa Antiaérea realizada na segurança de grandes eventos é enquadrada nas Operações de Não Guerra (Op Ng), as quais podem ser definidas como:

[…] é a Op em que as FFAA, embora fazendo uso de Poder Militar, são empregadas em tarefas que não envolvam o combate propriamente dito, exceto em circunstâncias especiais, em que esse poder é usado de forma limitada (Manual C 44-1, 2011, p. 6-30).

Da definição anterior pode-se extrair que o foco das Op Ng é o apoio às autoridades civis , impedindo o conflito propriamente dito através da prevenção, antecipação e limitação de possíveis atos hostis.

As principais características das Op Ng podem ser listadas como:

[…] o aumento do tráfego aéreo da região, necessitando de uma coordenação eficaz do espaço aéreo; grande concentração de autoridades mundiais e turistas; eventos que atraem grande número de espectadores; presença constante da imprensa local e internacional, sendo vital o emprego de meios de comunicação social em apoio à tropa, conferindo um amparo especializado no trato com os meios de informação; ações, normalmente, desencadeadas em áreas urbanas ou próxima a estas; restrições legais as operações; grande impacto psicológico das operações, junto à população em

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geral, carecendo de campanhas esclarecedoras sobre o emprego da força em !17

determinadas operações. (C44-1, 2011, p. 6-30).

Nesse tipo de operação as principais ameaças aéreas são os vetores aerospaciais não convencionais, tais como:

[…] aeronaves civis abduzidas e transformadas em vetores de ação terrorista; veículos aéreos não tripulados, cuja aquisição ou montagem é muito facilitada na atualidade; ultraleves, aeromodelos e balões dirigíveis;

paraquedistas com intenção de realizar uma pequena, mas visível, ação no evento ou mesmo espargir agente químico ou biológico de alta periculosidade; foguetes, granadas e morteiros. (C 44-1, 2011, p. 6-30).

Dentre as ameaças relacionadas, os ataques de aeronaves utilizadas como instrumento de ações terroristas configuravam-se como o principal motivador da crescente preocupação com as Op Ng desenvolvidas por ocasião dos grandes eventos e continuam a ditar as linhas de ação e medidas tomadas no planejamento e execução dos esquemas de segurança em tais ocasiões.

Como, normalmente, os meios antiaéreos disponíveis são insuficientes para atender às necessidades de defesa, são estabelecidas prioridades analisando os seguintes fatores para contrapor os riscos de ameaças terroristas:

- Importância: Avaliação da importância de determinado objetivo a ser defendido em relação aos demais, levando em consideração o valor relativo ao curso das operações e seu potencial político, econômico e militar;

- Vulnerabilidade: Grau de danos que um determinado objetivo pode é capaz de sofrer;

- Recuperabilidade: Maior ou menor possibilidade e rapidez que determinado objetivo requer para sua recuperação;

- Possibilidades do inimigo aéreo: Necessidade do conhecimento das possibilidades do inimigo, principalmente por meio da Análise de Inteligência de Combate (AIC), determinando o grau de probabilidade de realização de um ataque. (C 44-1, 2011, p. 4-7).

Assim, a suficiência dos meios de DA Ae tem relação estreita com o estabelecimento de prioridades, sendo que tal procedimento deve sempre levar em conta o princípio da dosagem adequada para atribuir uma quantidade de meios suficiente e desejável para a defesa dos pontos sensíveis.

Com isso, de acordo com o Manual (C44-1, 2011, p. 6-30), as prioridades de defesa são consideradas a partir do confronto com as necessidades estabelecidas, que no caso de

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grandes eventos são assim estabelecidas: “[…] locais de grande concentração de pessoas;

locais de realização de eventos; itinerários de deslocamento de delegações e autoridades;

centros de imprensa; locais de hospedagem de atletas e dignatários.”

2.2. OP NG EM AMBIENTES URBANOS

Nas operações militares convencionais, o objetivo de uma defesa antiaérea é, ao menos, dificultar a realização do ataque aéreo inimigo, caso não seja possível impedi-lo totalmente (PAULONI, 2008, p.16). Entretanto, em Operações de Não Guerra como aquelas analisadas por este trabalho , não é suficiente apenas dificultar o ataque, em virtude das consequências nocivas que podem afetar a população local, os turistas que são espectadores dos eventos ou até mesmo autoridades fundamentais para a estrutura política mundial. Em qualquer destas situações, mesmo que a DA Ae consiga evitar que o objetivo da ameaça seja concluído como planejado inicialmente, e o atentado terrorista cause danos colaterais, estarão semeados o pânico e a instabilidade para a comunidade civil do país, chamando a atenção mundial para o ocorrido e causando uma mancha sobre a reputação do Brasil que afetará significativamente o desempenho político-econômico do país.

Um fator que contribuiria bastante para o êxito da DA Ae dos grandes eventos internacionais seria a escolha criteriosa do local da realização de tais eventos. Se eles ocorressem em locais pré-planejados, afastados dos centros urbanos, os maiores empecilhos para a defesa antiaérea seriam eliminados, tais como: a interferência de prédios e edificações na detecção e nas comunicações, a limitação de setores de tiro decorrente das áreas urbanizadas e, caso alguma aeronave viesse a ser abatida, não haveria a preocupação com os destroços e com os estilhaços.

Essa exigência poderia ser facilmente atendida, criando-se centros de convenções, vilas olímpicas e locais de competição nas proximidades dos centros com maior concentração populacional, mas fora dos mesmos. Isso também eliminaria alguns transtornos para a população civil, tais como o aumento do fluxo e mudanças de rotas no trânsito.

No entanto, o fato de os grandes eventos internacionais serem realizados, geralmente, em locais urbanizados e densamente habitados dificulta a defesa e, conseqüentemente, facilita a realização de um possível ataque.

Uma característica marcante dos grandes eventos internacionais é que os alvos em

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!19 potencial, tais como locais de reuniões, encontros e complexos esportivos já são conhecidos com certa antecedência, o que permite aos terroristas realizar um planejamento mais detalhado do atentado. Em contrapartida, possibilita também que o desdobramento da defesa antiaérea seja precedido por um reconhecimento detalhado e por um estudo de situação bastante criterioso.

O prévio conhecimento do local e da data do evento internacional permite aos terroristas a execução de um rigoroso planejamento de seus atentados. Somando-se a isso o fato de a defesa antiaérea ser realizada, normalmente, em área urbana e em tempo de paz, o que torna injustificável a adoção de medidas restritivas mais rígidas que busquem identificar elementos dos grupos terroristas infiltrados na população local, cria-se uma grande vulnerabilidade a ações hostis desencadeadas por terra contra a tropa e os meios empregados na operação, com o intuito de sabotar e prejudicar a DA Ae. Para se combater isso, deve ser feito um aviso prévio da presença de militares na região, dos limites de segurança estabelecidos nas redondezas dos pontos sensíveis e da existência de uma defesa antiaérea desdobrada nos arredores, sem, contudo, precisar o local exato em que a DA Ae se encontra disposta. Além disso, os locais das unidades de tiro e dos radares devem ser isolados e vigiados constantemente.

Como é inevitável a proximidade das tropas empregadas na missão com a população civil, deve-se evitar o contato dos militares com a população da região, pois isso pode trazer riscos à segurança e, principalmente, ao sigilo da operação. Desse modo, torna-se imprescindível o emprego de operações psicológicas antes, durante e após a missão da defesa antiaérea. Tal ação visa, dentre outras coisas, a comunicar à população civil o que estará se passando e como ela deve se comportar durante o transcurso do evento.

Além disso, há a possibilidade da queda de destroços e de estilhaços caso armamentos antiaéreos sejam utilizados e atinjam o vetor aéreo hostil. Com isso, é aconselhável que seja estabelecida uma área sem trânsito ou com circulação reduzida de civis.

Como dito anteriormente, a maioria dos grandes eventos internacionais, nos dias de hoje, ainda ocorre em áreas urbanas e, consequentemente, densamente edificadas. Portanto, é fundamental a delimitação da área ao redor de canhões e a obediência criteriosa aos setores de tiro designados, caso este tipo de armamento seja empregado na DA Ae.

Por fim, uma vantagem trazida pela atuação em áreas edificadas é o fato de se poder utilizar toda a infraestrutura local tanto para abrigar tropas, como para o desdobramento de

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uma área de apoio logístico às operações, o que facilita muito o complexo fluxo logístico inerente à uma operação de tal porte. Além disso, do ponto de vista tático, a existência de diversas edificações próximas tende a facilitar a determinação de posições para sítios de radar e unidades de tiro.

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!21

3. PLANEJAMENTO DO BtlCtAetatDAAe PARA REALIZAR A DA AE NA OPERA- ÇÃO JO2016

Os JO2016 foram uma operação conjunta e interagências de emprego limitado da força, em condições de normalidade institucional, nas quais as Forças Armadas foram aplicadas com a finalidade de prevenir e reprimir eventuais ameaças ou situações que comprometessem a segurança dos eventos esportivos.

Dentre os principais receios, destacava-se o de que a segurança do espaço aéreo fosse comprometida e fosse realizado um ataque terrorista com aeronaves.

Figura 1 - Aeronaves utilizadas pela FAB nos JO2016

Fonte: Airway: Tudo sobre Aviação. Disponível em <http://airway.uol.com.br/mais-de-80-avioes-de- prontidao-para-rio-2016/>. Acesso em 06/07/17.

A dimensão dessa grande preocupação com a manutenção da segurança do espaço aéreo nos locais de competição pode ser exemplificada pela quantidade de aeronaves empregadas, apenas pela FAB, na operação, como mostra a Figura 1, acima.

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O emprego das Forças Armadas na Operação JO2016 foi realizado com base nos instrumentos legais vigentes à época, nas diretrizes emitidas pelo Ministério de Defesa e nas instruções do Plano Estratégico de Emprego Conjunto das Forças Armadas (PEECFA) JO2016. O Ministério da Defesa atribuiu ao Comando de Defesa Aerospacial Brasileiro (COMDABRA) a responsabilidade de planejar, coordenar comandar e controlar as operações e as missões relacionadas a Defesa Aeroespacial na Operação.

Neste contexto, de acordo com o PEECFA JO2016, o Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea do Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra estava sob o controle operacional do COMDABRA durante a OPERAÇÃO JO2016, em prol do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), na defesa antiaérea de pontos sensíveis no território nacional.

Figura 2 - Regiões ou Zonas Olímpicas

Fonte: Rio de Janeiro Aqui. Disponível em <http://www.riodejaneiroaqui.com/olimpiadas2016/

index.html>. Acesso em 01/07/17.

Em virtude da extensão e quantidade dos pontos sensíveis a serem defendidos, em sua maioria locais de competições esportivas, a cidade foi dividida em quatro zonas (“clusters”)

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!23 que abrangiam os pontos sensíveis próximos e cuja DA Ae ficou a cargo de um dos elos do SISDABRA. As quatro zonas nas quais a cidade foi dividida podem ser visualizadas na Figura 2 e são as seguintes: BARRA, COPACABANA, DEODORO e MARACANÃ.

Assim, a missão que coube ao BtlCtAetatDAAe foi a seguinte: planejar, coordenar e executar a Defesa Antiaérea da Vila Olímpica, do Rio Centro e do Parque Olímpico, na cidade do Rio de Janeiro; e alocar pessoal para compor duas Equipes de Ligação Antiaérea para atuar junto ao COpM-II, a fim de contribuir para o planejamento, a coordenação, a execução das Ações de Força Aérea necessárias para o controle do ar nas áreas de interesse. (Ordem de Operação Mistral JO2016).

Para cumprir esta missão, o Comandante do BtlCtAetatDAAe determinou que tanto o planejamento quanto a execução da Operação fossem pautados no Princípio da simplicidade, de forma a possibilitar relações de comando claras e diretas e reduzir a possibilidade de equívocos, e o Princípio da segurança, mantendo um efetivo acompanhamento da situação tática como um todo e prevendo as ações necessárias para se contrapor a possíveis ameaças, incluindo aquelas relacionadas à segurança pública, além do aplicação de todos os esforços para evitar danos colaterais à população civil ou à infraestrutura econômica e ao meio ambiente em virtude da possível realização de disparos do armamento antiaéreo. (Ordem de Operação Mistral JO2016).

O entendimento da fase de planejamento e preparação do batalhão para a atuação na Operação JO2016 só é possível mediante a compreensão de como o Batalhão e seu efetivo estariam organizados durante o evento. Dessa forma, os militares diretamente relacionados ao BtlCtAetatDAAe no transcurso da Operação compuseram um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Defesa Antiaérea (GptOpFuzNavDAAe), formado por um Componente de Comando (CCmdo), um Componente de Combate Aéreo (CCA), um Destacamento de Combate Terrestre (DCT) e um Destacamento de Apoio de Serviços ao Combate (DASC). O CCmdo foi nucleado pelo Comando do BtlCtAetatDAAe e seu Estado-Maior; o DCT por um Pelotão de Infantaria de Fuzileiros Navais, responsável por prover a segurança das Unidades de Tiro e por nuclear um destacamento de reação; o DASC ficou responsável pelo provimento do apoio logístico; e o CCA foi nucleado por militares das subunidades (SU) do Batalhão, que mobiliaram um COAAe responsável pelo processamento e pelo fluxo de informações para a BiaArtAAe(-), a qual estava com suas Unidades de Tiro (Utir) dispostas no terreno. Vale ressaltar ainda que o Subsistema de Controle e Alerta era integrado pelas Equipes de Ligação de Artilharia Antiaérea (ELAAe) , compostas por militares do Batalhão, estabelecidas no

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Centro de Operações Militares (COpM-II).

A seguir serão mostrados os principais aspectos considerados no planejamento da Operação Mistral e como foi feita a preparação em si.

3.1. INTELIGÊNCIA

A principal preocupação antes do início das Olimpíadas era com a possibilidade de ataques terroristas durante as competições esportivas e para evitá-las era preciso definir as prováveis origens e intenções desses atos. Com isso, por ocasião do levantamento das vulnerabilidades a ações terroristas durante os jogos, considerou-se que o Brasil não era alvo potencial e sim um palco de eventuais ações dessa natureza, tendo como prováveis alvos as personalidades, turistas e equipes estrangeiras provenientes de países nos quais estivessem ocorrendo guerras civis, crises ou conflitos de natureza político-sócio-econômica.

Também foi considerada a possibilidade de interferência na Operação por parte do crime organizado, em virtude da cidade do Rio de Janeiro possuir diversas comunidades carentes nas quais essas Organizações Criminosas tem presença efetiva e se configuram quase como um poder paralelo ao ditar a rotina da população assumindo o lugar do Estado. Com relação à organização, essas Organizações Criminosas não possuem estrutura convencional e suas ações, no geral, são desconexas e descentralizadas. Outro ponto a salientar é a capacidade dessas organizações de utilizar as redes sociais de forma descentralizada para difundir suas ideias e alcançar maior penetração nas comunidades em que se fazem presentes.

O cenário era agravado pela conjuntura de crise político-econômica que o país apresentava, a qual se intensificou e perdura até os dias atuais, em que os Governos Federal, Estadual e Municipal estavam sofrendo críticas em relação à organização do evento, particularmente na região do Estado do Rio de Janeiro, ensejando um ambiente favorável para potencializar as manifestações populares que contemplassem as reivindicações dos setores descontentes da população e dessem origem a greves, obstruções, tumultos e desordem institucional. Isso poderia acarretar na hostilização dos militares que estivessem atuando estritamente na DA Ae JO2016, e, consequentemente, na proteção dos cidadãos de forma integrada com os Órgãos de Segurança Pública, ao serem confundidos por setores da população como parte do aparato institucional que era empregado para debelar e coibir as manifestações populares.

(25)

!25 Em face do exposto foram elencadas as principais formas de interferência às quais a operação estava sujeita, sendo elas: utilização de aviões, helicópteros, balões, dirigíveis, ultra- leves, aeronaves experimentais, aeromodelos, aeronaves remotamente pilotadas (ARP), asas- deltas, ou paraquedas com o intuito de realizar ações hostis/terroristas sobre a Vila Olímpica, Riocentro, Parque Olímpico, as tropas ou locais vitais para a realização do evento; realização de manifestações/turbas ao longo dos itinerários de guarnecimento/retraimento/apoio logístico; realização de emboscadas sobre os militares durante o itinerário de guarnecimento/

retraimento/apoio logístico das posições (Pos). Por conseguinte, os efeitos dessas ações sobre o êxito da missão seriam os seguintes: encontro de dificuldade para assumir as Pos de U Tir e Postos de Vigilância (P Vig), e sujeição a atos hostis quando já posicionados, dificultando a tarefa específica de DA Ae; o pouco tempo de reação disponível para identificação positiva de Alvos Aéreos, e posterior tentativa de abatê-los com o MSA MISTRAL também era fator relevante e poderia comprometer a missão. (Ordem de Operação Mistral JO2016).

3.2. ESTUDO TÁTICO DO TERRENO

O terreno na Zona de Ação (Z Aç) do BtlCtAetatDAAe era formado por um grande compartimento, compreendido entre o Maciço da Pedra Branca a NW e W, o Oceano Atlântico ao S, e o Maciço da Tijuca a E e N. As principais elevações são o Maciço da Pedra Branca, se estendendo desde a baixada de Jacarepaguá até o restante da Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro no sentido geral SW-NE, e o Maciço da Tijuca, se estendendo desde o final da Zona Norte até a Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro no sentido geral NW-SE. O efeito principal desses dois maciços era impedir a aproximação de vetores aéreos a baixa altura, aumentando a probabilidade de detecção de possíveis aeronaves hostis pelo subsistema de controle e alerta. Em contrapartida, o Maciço da Tijuca e o Maciço da Pedra Branca também interferiam na operação do radar, causando regiões de sombra nas direções NE e E, e W e NW, respectivamente. Visando dirimir tais limitações, foram previstos PVig em posições a frente das referidas elevações.

Com relação às vias de transporte, as que se destacam na região eram: Linha Amarela - Estrada pavimentada de grande porte, localizada a NE do ponto sensível, corta a região na direção geral SW-NE; Avenida Ayrton Senna - Estrada pavimentada, prolongamento da Linha Amarela, localizada a E do ponto sensível, corta a região no sentido N-S; Avenida

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Embaixador Abelardo Bueno - Estrada pavimentada, localizada imediatamente ao N do ponto sensível, corta a região no sentido geral W-E. Avenida Salvador Allende - Estrada pavimentada, corta o ponto sensível em sua porção mais a W, estende-se na direção geral SW- NE desde a Avenida das Américas até a Estrada dos Bandeirantes; Estrada dos Bandeirantes - Estrada pavimentada localizada a N e a W do ponto sensível, passando a W do mesmo, se estendendo na direção geral SW-NE; Avenida das Américas - Estrada pavimentada de grande porte, localizada ao S do ponto sensível, se estendendo na direção geral E – W. Todo o planejamento dos deslocamentos, tanto para abastecimento logístico quanto para ocupação e desocupação de Pos, foi previsto por essas vias principais, buscando otimizar o tempo de deslocamento, contemplando a utilização de itinerários diferentes no caso de interdições em virtude de manifestações/ turbas, e reduzir o risco de confronto com organizações criminosas.

A elevada concentração de prédios residenciais altos nas proximidades do ponto sensível proporcionaram boa observação aproximada para a região a ser defendida e para a estrutura do ponto sensível em si. Ofereceram ainda boas condições de observação afastada em todas as direções, limitadas apenas pelos grandes maciços, com o Maciço da Pedra Banca limitando a observação afastada à W e NW, e o Maciço da Tijuca limitando a observação afastada à E e NE. Estes pontos elevados foram favoráveis ao posicionamento de P Vig e U Tir para a cobertura a toda volta do ponto sensível.

Do ponto de vista dos possíveis campos de tiro para emprego do MSA MISTRAL, o maior empecilho era a barreira física imposta pelo Maciço da Pedra Branca que limitava os campos de tiro voltados para a direção NW. Além disso, na determinação das Pos das U Tir deveria-se atentar para prédios altos na região que também poderiam limitar os campos de tiro em direções específicas, fazendo-se necessário o posicionamento das peças de forma a minimizar este efeito e possibilitando o apoio mútuo adequado entre as U Tir e máximo alcance de cada peça no respectivo setor de tiro.

3.3. RECONHECIMENTO E ADESTRAMENTO DOS MILITARES DO BtlCtAetatDAAe

Após o início do planejamento começaram as atividades de reconhecimento para avaliar se os locais escolhidos com base no estudo tático do terreno e definidos na carta iriam atender na prática aos princípios e fundamentos de uma DA Ae, bem como as necessidades

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!27 específicas para uma operação com características de permanência prolongada em ação, operação noturna e atuação em ambiente de não guerra urbano, ressaltando as peculiaridades do momento político-social que o país atravessava.

Concomitantemente a esses reconhecimento e escolha das posições definitivas, foram realizados diversos exercícios simulados e treinamentos para adestrar os militares e prepará- los tanto para a atuação em suas tarefas específicas dentro do GptOpFuzNavDAAe quanto para um melhor desempenho em uma operação as peculiaridades já mencionadas, as quais a diferenciavam claramente da forma de emprego mais habitual dos membros do CFN. Com relação a esses adestramentos serão destacadas a seguir algumas atividades julgadas fundamentais para a preparação dos militares.

Talvez a maior conquista da fase que antecedeu os Jogos Olímpicos tenha sido o envio de 11 militares do BtlCtAetatDAAe para a realização de um estágio no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA-FAB), em São José dos Campos, com foco na operação do sistema VISIR (Visualizador de Imagem Radar), permitindo que os militares do batalhão no COAAAe da operação tivessem acesso à síntese do radar de vigilância do CINDACTA-II, a mesma utilizada pelos membros da ELAAe e demais presentes no COpM-II para coordenação e controle do espaço aéreo durante o evento.

Outro ponto a ser destacado foi a realização do exercício integrado OLIMPEX do COMDABRA, realizado também no ICEA, em São José dos Campos, no qual, aproximadamente um mês antes do início dos Jogos Olímpicos, todos os militares que atuariam no COpM durante a operação, inclusive os membros das ELAAe do BtlCtAetatDAAe, puderam testar seus conhecimentos e aperfeiçoar as técnicas de tomada de decisões, unificando os procedimentos a serem adotados na defesa do espaço aéreo. Isso foi feito através de simulações de 6 cenários diferentes, totalizando 60 variações, baseados em estudos realizados a partir de outros eventos internacionais de grande porte. Dessa forma, os militares estavam condicionados a praticamente qualquer situação que pudesse ocorrer durante as Olimpíadas e poderiam agir de forma rápida e com correção.

Com relação às SU do Btl, pode-se destacar a realização de dois disparos do MSA MISTRAL realizados no CAEX na Marambaia, cerca de dois meses antes do JO2016, para verificar o aprestamento dos militares da BiaAAAe nos procedimentos de aquisição de alvo e tiro, procedimentos estes que são rotineiramente praticados através do sistema de treinamento ATPS (Acquisition and Tracking Practicing System).

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Vale ressaltar ainda que o Pelotão de Infantaria que ficou encarregado de fazer a defesa do GptOpFuzNav como um todo, mas principalmente da U Tir por possuírem material fundamental para o êxito da missão e estarem posicionadas em Pos isoladas, realizou seu adestramento com foco em regras de engajamento, uso gradual da força, armamento menos letal e Controle de Distúrbios Civis (CDC), visando possíveis manifestações que pudessem interferir no cumprimento da missão, bem como em atividades de segurança e reação em face de possíveis confrontos com organizações criminosas que atacassem algum elemento do GptOpFuzNav.

No mais, registra-se que todas as SU intensificaram seus adestramentos desde o início do ano de 2016, realizando exercícios específicos e de forma isolada para aprimorar as técnicas de todos os militares. Posteriormente foi realizado um exercício integrado, nas próprias dependências do Btl, com todos os elementos do BtlCtAetatDAAe que teriam participação na Operação JO 2016 realizando uma simulação de como transcorreria a operação real para ambientação com relação à disseminação das ordens advindas do comando e de como funcionaria toda a cadeia de comando, controle e logística.

Finalmente, foi realizado um novo exercício integrado que seguiu os mesmos pressupostos do anterior, mas com a vantagem de ter sido realizado já nos locais onde efetivamente seria feita a operação real, ou seja, todos os elementos, incluindo U Tir, Radar, P Vig e COAAe, ocuparam as Pos que seriam usadas durante a Operação JO2016 e permaneceram realizando simulações de detecção, disseminação da ordem para execução de tiro e realização de disparo durante 3 dias, testando inclusive a cadeia de suprimento logístico, funcionamento das comunicações com as Pos mais afastadas e agilidade na execução das ordens.

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!29

4.EXECUÇÃO DA DA Ae DO CLUSTER BARRA DA TIJUCA NA OPERAÇÃO JO2016

Conforme já foi explanado, todos os elementos que participaram da DA Ae dos Jogos Olímpicos estavam subordinados ao COMDABRA. Assim, para possibilitar a melhor compreensão de como foi executada a DA Ae da zona de responsabilidade do GptOpFuzNavDAAe é preciso compreender como foi estruturada a operação sob a ótica do órgão supervisor da Defesa Aeroespacial no Brasil. Essa organização será mostrada a seguir, tendo como base o Plano de Operações Aeroespaciais nº 005/2015 do COMDABRA – OPERAÇÃO JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016 (1ª Revisão).

4.1. ÁREAS DE EXCLUSÃO

A Área de Operações (A Op) será constituída pelas seguintes áreas de exclusão: Áreas BRANCA, AMARELA, e VERMELHA, representadas nas Figuras 3 e 4, a seguir.

Figura 3 - Área BRANCA, com aproximadamente 200 km de diâmetro

Fonte: G1. Disponível em < http://g1.globo.com/natureza/rio20/noticia/2012/06/fab-revela-estrategia-de- protecao-do-espaco-aereo-durante-rio20.html >. Acesso em 18/07/17.

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Figura 4 - Representação das Áreas de Exclusão sobrepostas, seus raios e limite vertical

Fonte: Airway: Tudo sobre aviação. Disponível em < http://airway.uol.com.br/mais-de-80-avioes-de- prontidao-para-rio-2016/ >. Acesso em 06/07/17.

a) Área Reservada (BRANCA)

A Área BRANCA foi definida pela projeção lateral da Área de Controle Terminal (Terminal Manoeuvring Area - TMA) do Rio de Janeiro e limite vertical de nível de voo (Flight Level - FL) FL 195, aproximadamente 6500 m de altitude. Ela possibilitou aos Órgãos de Controle de Tráfego Aéreo identificar todos os movimentos aéreos evoluindo em seu interior, elevando assim o nível de segurança. Na área BRANCA eram proibidos voos de treinamento ou instrução; voos de cheque da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC);

vôos acrobáticos ou turísticos, voos de experiência e recebimento de aeronaves; operações com paraquedas, parapentes, balões, dirigíveis, ultraleves, asas-deltas, pulverização agrícola, reboque de faixas, aeromodelos, ARP, e foguetes. Aeronaves com origem e destino fora da área BRANCA também não estavam autorizadas.

b) Área Restrita (AMARELA)

A Área AMARELA foi delimitada dentro da área BRANCA, definida com seus limites laterais num cilindro de 15 MN (27,78 km) de raio com o centro nas coordenadas 22º55'49.81”S e 43º17'44.70”W e limite vertical de FL 195. Ela limitava o acesso a

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!31 movimentos aéreos específicos que se enquadrassem nos critérios estabelecidos pelo Comandante do COMDABRA. Assim, era permitido no seu interior apenas aeronaves devidamente autorizadas pelo COMDABRA, dentre elas: aeronaves envolvidas no evento;

aeronaves que transportavam Chefes de Estado e de Governo; delegações participantes dos JO2016; VIP classificados pela Casa Civil da Presidência da República; aeronaves militares; e aeronaves da filmagem oficial dos eventos.

c) Área Proibida (VERMELHA)

A área denominada VERMELHA-5 (Barra da Tijuca), dentro da área AMARELA, foi definida com seus limites laterais num cilindro de 4 MN (7,41 km) de raio com o centro nas coordenadas 22º59'19.38”S e 43º23'55.89”W e limite vertical de FL 195. Na prática, eram permitidas somente as seguintes aeronaves, desde que previamente autorizadas pelo Comandante do COMDABRA: aeronaves transportando Chefes de Estado, Chefes de Governo e Soberanos; aeronaves transportando Presidentes do STF, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Ministros de Estado, Governador do Estado do Rio de Janeiro, e Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro; aeronaves da MB, EB ou FAB envolvidas em ações operacionais dos JO2016; aeronaves ambulâncias em serviço; aeronaves dos órgãos de segurança pública em serviço; aeronaves do operador aéreo responsável pela filmagem oficial dos eventos dos JO2016.

É importante salientar que qualquer aeronave que descumprisse os procedimentos de vôo previamente estabelecidos e adentrasse em uma das áreas de exclusão sem que estivesse devidamente autorizada seria classificada com vetor hostil e estaria sujeita às Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo (MPEA), de acordo com as Normas Operacionais do Sistema de Defesa Aeroespacial (NOSDA) vigentes à época.

Após essa breve síntese de como o COMDABRA dividiu o espaço aéreo e estruturou a DA Ae dos Jogos Olímpicos Rio 2016, passa-se a analisar a execução da Operação JO2016 por parte do BtlCtAetatDAAe, sob a alcunha de Operação MISTRAL.

4.2. ORGANIZAÇÃO DO BtlCtAetatDAAe

Antes de abordar sobre como ocorreu efetivamente a participação do batalhão na

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segurança do espaço aéreo dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016 é preciso mostrar-se como é a organização do BtlCtAetatDAAe e como ele está estruturado para cumprir as missões relacionadas ao Controle Aerotático e DA Ae no âmbito da MB e do CFN.

O ANEXO A apresenta de forma simplificada como é a organização administrativa do batalhão, com suas respectivas relações hierárquicas, a qual será terá os aspectos mais relevantes explicados a seguir. Diretamente subordinadas ao Comandante e Imediato, encontram-se as seções de Estado-Maior (EM), responsáveis pela condução das atividades da OM e planejamento da atuação do BtlCtAetatDAAe nas diversas manobras e operações.

As quatro subunidades são responsáveis pela manutenção dos respectivos meios, bem como pelo constante adestramento dos militares na utilização dos materiais afeitos a cada uma delas. A Companhia de Comando e Serviço (CiaCmdoSv) fica encarregada do Controle de Avarias (CAV) e, principalmente, adestrar os militares para mobiliarem uma Base de Operações Aéreas (BOA) quando em Operação. O Pelotão de Aeronaves Remotamente Pilotadas (PelARP) cuida do emprego dos Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP) de emprego tático FT-100 HÓRUS e dos simuladores e aeromodelos utilizados para treinamento.

A Companhia de Controle Aerotático (CiaCtAetat), formada pelo Pelotão de Comando Aerotático (PelCmdoAetat), composto pelas equipes e destacamentos responsáveis por estabelecer a comunicação com as aeronaves a serem controladas e também pelo controle controle aerotático propriamente dito das aeronaves em vôo. Além disso, a CiaCtAetat é constituída por duas Seç Rdr, cada uma encarregada da manutenção e operação de um Radar SABER M-60.

Finalmente, a Bateria de Artilharia Antiaérea (Bia AAAe) era composta por um Pelotão de Canhões (Pel Can) e por um Pelotão de Mísseis Superfície-Ar (Pel MSA). Porém, pouco antes da preparação para as Olimpíadas, começou o processo de baixa dos Canhões BOFORS L/70 40 mm, deixando a Bia apenas com os mísseis MISTRAL como armamento orgânico. Dessa forma, a Bia AAAe é constituída por um Pel MSA com duas seções de quatro Utir cada uma, sendo responsável por mobiliar as posições de míssil da DA Ae e empregar seus militares para guarnecer o COAAe durante as operações.

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!33 4.3. OPERAÇÃO MISTRAL

A manobra do GptOpFuzNavDAAe foi dividida em três fases. A primeira fase foi iniciada com o embarque dos materiais e pessoal do BtlCtAetatDAAe nos meios operativos e terminou com o estabelecimento do PC, Radar e Centro de Operações Antiaéreas (COAAe) no Aeroporto de Jacarepaguá e as U Tir e P Vig assumindo suas posições pré-estabelecidas. A segunda fase se estendeu do término da primeira até o término da operação dia 21 de setembro, de acordo com plano do COMDABRA. A terceira fase compreendeu o período entre o término da segunda e o retorno dos meios e pessoal para o BtlCtAetatDAAe.

O Aeroporto de Jacarepaguá foi escolhido como PC para a Operação MISTRAL por sua relativa proximidade com o ponto sensível a ser defendido e facilidade de acesso por meio da Avenida Ayrton Senna, permitindo maior celeridade no deslocamento para as Pos onde estavam as U Tir e P Vig e otimizando a cadeia logística. Além disso, o entendimento com a INFRAERO permitiu a utilização do prédio da agência no local, o que possibilitou melhores condições para armazenamento de todo o material utilizado na manobra, alojamento e rancho para os militares.

Figura 5 - Pos dos P Vig e U Tir - Plano da Operação Mistral (JO2016)

Fonte: Plano da Operação Mistral (JO2016)

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Figura 6 - Vista ampliada das Pos das Utir e detalhe do ponto sensível

Fonte: Plano da Operação Mistral (JO2016)

Figura 7 - Detalhe do Aeroporto de Jacarepaguá e Pos do Radar, COAAe e PC

Fonte: Plano da Operação Mistral (JO2016)

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!35 Após a concentração de todos os materiais inerentes à manobra do CCA (incluindo o necessário para mobiliar CCT, COAAe, Radar, U Tir e P Vig) no aeroporto, o PC, a Seção Radar (Seç Rdr) e COAAe foram estabelecidos nos seus respectivos locais dentro do próprio Aeroporto. Após isso, foram distribuídas no terreno as U Tir e os P Vig para suas Pos previamente reconhecidas. As Pos utilizadas pelas U Tir, P Vig, PC, COAAe e Radar estão mostradas nas Figuras 5, 6 e 7 e estão explícitas na Tabela I.

Tabela I - Coordenadas das Posições dos Meios durante a Operação

Fonte: Plano da Operação Mistral (JO2016)

Dessa forma, o CCA ficou estruturado da seguinte forma: o COAAe estabelecido no auditório da INFRAERO, localizado no Aeroporto de Jacarepaguá, coordenava, através do Comando da Bia AAAe(-), o PelMSA, o qual realizou a DA Ae à baixa altura do ponto sensível (Vila Olímpica, Riocentro e Parque Olímpico). O COAAe, agência responsável pelo controle da DA Ae, recebia, via ELAAe, as informações do COMDABRA, o qual monitorava o desenvolvimento das ações do BtlCtAetatDAAe e comandava as ações de DA Ae. O COAAe, além de acompanhar as movimentações de vetores aéreos através da Seç Rdr, contava com equipamentos VISIR providos pela FAB, como exposto previamente, e de forma suplementar, recebia informações pertinentes dos P Vig. O COAAe estava ainda em condições de interagir com o COMDABRA e as ELAAe, e de designar missões de tiro para as U Tir no terreno, transmitindo as eventuais missões para as mesmas via rádio.

Unidade Local Coordenadas (Lat/Log)

U Tir 1 Instituto de Radioproteção e Dosimetria 22°59’41’’S e 43°25’04’’W U Tir 3 Aeroporto de Jacarepaguá 22°59’31’’S e 43°22’33’’W U Tir 2 Vila Residencial da Aeronáutica 22°58’34’’S e 43°23’09’’W U Tir 4 Igreja Nossa Senhora da Saúde 22°57’27’’S e 43°23’19’’W U Tir 5 Clube do Empregados da Petrobrás 23º00’55’’S e 43°26’03’’W U Tir 6 Prédio Comercial Criare 23º00’56’’S e 43°28’11’’W P Vig 1 Dst do CBMERJ em Barra de Guaratiba 23° 03'59"S e 43°34'07"W

P Vig 2 Forte do Leme 22°57'51"S e 43° 09'43"W

P Vig 3 Base Aérea dos Afonsos 22°52'40"S e 43°23'01"W Radar Aeroporto de Jacarepaguá 22°59'18"S e 43°22'14" W

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O COAAe mantinha contato direto com o OCOAM P (COpM-II) em Curitiba-PR, através da ELAAe, via TF1 e SISCOMIS, a fim de coordenar o emprego das aeronaves autorizadas a sobrevoar o espaço aéreo sobrejacente ao Ponto Sensível (Vila Olímpica, Riocentro e Parque Olímpico) e informar a presença de alguma aeronave detectada pelo radar de busca ou P Vig que não estivesse identificada como autorizada. Para otimizar o processo de acompanhamento e designação de possíveis aeronaves inimigas, evitando contatos desnecessários que sobrecarregassem os canais de comunicações, o COAAe recebia, através da ELAAe, diariamente uma planilha com os planos de voo (PDV) das aeronaves autorizadas a voarem em cada uma das áreas de exclusão.

Em seguida, serão explanados maiores detalhes sobre a função de cada elemento dentro do GptOpFuzNavDAAe e como se deu a coordenação entre eles ao longo da operação.

O PelMSA, composto por seis U Tir , estava disposto no terreno da seguinte forma: a 1ª Pç (U Tir 1) no Instituto de Radioproteção e Dosimetria (22°59’41’’S e 43°25’04’’W), Direção Geral de Tiro (DGT) no azimute de 330º e com setor de tiro de 120º; a 2ª Pç (U Tir 2) na Vila Residencial da Aeronáutica (22°58’34’’S e 43°23’09’’W), DGT no azimute de 170º e com setor de tiro de 120º; a 3ª Pç (U Tir 3) no Aeroporto de Jacarepaguá (22°59’31’’S e 43°22’33’’W), DGT no azimute de 100º com s setor de tiro de 120º; a 4ª Pç (U Tir 4) na Igreja Nossa Senhora da Saúde (22°57’27’’S e 43°23’19’’W), DGT no azimute de 020º com setor de tiro de 120º; a 5ª Pç (U Tir 5) no Clube do Empregados da Petrobrás (23º00’55’’S e 43°26’03’’W), DGT no azimute de 230º com setor de tiro de 120º; e a 6ª Pç (U Tir 6) no Prédio Comercial Criare (23º00’56’’S e 43°28’11’’W), DGT no azimute de 280º com setor de tiro de 120º.

Após assumirem as devidas posições e estabelecerem os setores de tiros mencionados, todas as Utir estabeleceram comunicações com o COAAe, de forma que este pudesse coordenar as ações de DA Ae e pudesse designar as peças de míssil para engajar os possíveis vetores aéreos, e estavam em condições de acompanhar, fazer aquisição, engajar e abater alvos designados pelo COAAe. Cabe lembrar que o procedimento para uso do Tiro de Detenção (TDE) para abater um vetor identificado como hostil, que foi autorizado pelo DECRETO Nº8.265 da Presidência da República, estava seguindo as autenticações e a cadeia hierárquica para a sua realização, conforme preconizado nas NOSDA, sempre mediante determinação do COMDABRA.

A Seç Rdr, com um Radar SABER M60, assumiu posição no Aeroporto de Jacarepaguá (22°59'18"S e 43°22'14" W) com seus elementos junto ao COAAe e com a

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!37 antena posicionada próxima à pista de pouso do aeroporto. Após estabelecer os testes de comunicação com o COAAe, a Seç Rdr ficou em operação 24 horas por dia, realizando a busca de vetores aéreos não autorizados a sobrevoar o espaço aéreo restrito ou com perfil de voo hostil em direção à área VERMELHA-5 e alimentando o COAAe com seus dados. Esta operação se deu de forma integrada ao sistema de armas antiaéreas como um radar de vigilância, complementando a operação da equipe VISIR instalada no COAAe.

Os P Vig assumiram posição de acordo com a seguinte disposição: P Vig 1 no Destacamento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro em Barra de Guaratiba (23° 03'59"S e 43°34'07"W); P Vig 2 no Forte do Leme (22°57'51"S e 43°

09'43"W); e P Vig 3 na Base Aérea dos Afonsos (22°52'40"S e 43°23'01"W).

Os P Vig ficaram responsáveis por informar o COAAe sobre qualquer movimentação de vetores aéreos nos arredores de seus setores de responsabilidade, passando o máximo de informações possíveis, como tipo, direção de origem e de destino, características físicas.

O COAAe, após ser estabelecido no Aeroporto de Jacarepaguá, ficou em condições de operar em coordenação direta com as ELAAe do COpM II – Curitiba-PR e de controlar as U Tir e disseminar os estados de alerta e as missões de engajamentos a vetores aéreos que eventualmente fossem determinados pelo COMDABRA.

O DCT, composto por um pelotão a três GC, estabeleceu-se no Aeroporto de Jacarepaguá e manteve um GC de reação no próprio aeroporto, um GC de folga, e um GC realizando a segurança das Pos de míssil mais isoladas: Igreja Nossa Senhora da Saúde em Curicica e no Prédio Comercial Criare.

Por sua vez, O DASC também se estabeleceu no Aeroporto de Jacarepaguá e, tirando proveito das facilidades existentes no próprio aeroporto, possibilitou o desdobramento do PC do GptOpFuzNavDAAe, do COAAe e de seus elementos subordinados. Além disso, foi responsável pela instalação e operação de uma Instalação Logística Sumária (ILS) do grupamento a partir do Aeroporto de Jacarepaguá.

A rotina de guarnecimento para todo o GptOpFuzNavDAAe durante a segunda fase se deu na escala 2x1 da seguinte forma: cada guarnição ficava três dias (72 horas) na Pos, quando então era substituída e permanecia de prontidão a bordo do BtlCtAetatDAAe por mais três dias, e só então entrava de folga por três dias, fechando assim o ciclo 2x1.

Esse esquema de guarnecimento visava manter em constante adestramento as guarnições de prontidão e proporcionar uma maior celeridade na substituição de uma eventual

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baixa. Além disso, buscava-se alcançar um melhor desempenho dos militares efetivamente nas Pos, em consequência do período de arejamento imediatamente anterior ao seu retorno para a atuação efetiva na operação.

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!39 5. CONCLUSÃO

Algo importante em qualquer atividade, independente do seu sucesso ou fracasso, é registrar os aspectos positivos e negativos observados ao longo de sua execução para que, a partir da análise destes pontos possam ser extraídas lições que contribuam com as ações posteriores.

Dessa forma, a interpretação da atuação do BtlCtAetatDAAe na Operação JO2016 será feita com base nas dificuldades encontradas desde a fase do planejamento e em como foram superadas, assim como nas virtudes apresentadas no transcorrer da operação. Essas soluções que mostraram-se eficazes serão de fundamental valia para melhorar o desempenho do batalhão em operações posteriores que possuam características similares de Operações de Não Guerra em ambientes urbanos, principalmente nos grandes eventos esportivos.

Com relação à cooperação entre as Forças Armadas e de Segurança Pública, apesar de não ser a primeira operação conjunta realizada recentemente, pode-se destacar que mesmo com o vulto do evento e o grande efetivo envolvido a integração se deu de forma salutar e contribuiu enormemente para o sucesso das ações. Tratando-se especificamente do BtlCtAetatDAAe ressalta-se os adestramentos e suporte prestados pela FAB na instalação e operação do VISIR, o qual se mostrou numa ferramenta extremamente útil na complementação à cobertura radar do SABER M60. Também é fundamental destacar a interação realizada com o EB ao compartilhar-se instalações logísticas nas Pos das U Tir 1 (Instituto de Radioproteção e Dosimetria) e U Tir 2 (Vila Residencial da Aeronáutica).

Tratando-se das ELAAe e sua atuação no COpM-II, destaca-se o fato de que, apesar da precisa atuação na coordenação e atualização de informações relevantes sobre o espaço aéreo defendido ter transcorrido com a velocidade e eficácias necessárias empregando o TF1, o SISCOMIS provou ser fundamental para a confiabilidade da operação, proporcionando redundância nas comunicações, via satélite. Assim, registra-se que em operações futuras é altamente recomendável a adoção de redundâncias que utilizem diferentes meios para tráfego de dados e voz com segurança e agilidade.

Um ponto importante sobre a DA Ae realizada é que, mesmo tendo-se em mente as peculiaridades trazidas pela operação em um ambiente com grande concentração de pessoas e construções, a utilização apenas de mísseis como armamento reduziria significativamente a

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eficácia caso um vetor hostil dentro do envelope de emprego precisasse ser neutralizado.

Assim, registra-se a necessidade de aquisição de um novo armamento de tubo para suprir o espaço deixado pela descontinuidade da utilização dos Canhões BOFORS L/70 40 mm.

Somente dessa forma, poderá-se alcançar a combinação de armas, com um meio complementando as deficiência do outro, e, consequentemente, uma DA Ae mais efetiva.

Em relação ao contato com os civis, ressalta-se que este foi amistoso, sendo que nas Pos em que havia maior proximidade com a população as manifestações dirigidas à tropa foram, em sua maioria, de apoio e até mesmo alívio pela presença dos militares. Em contrapartida, uma dificuldade encontrada na fase de preparação, foi a resistência de alguns proprietários e administradores de edifícios em autorizar a utilização das construções para colocação de U Tir. Esse empecilho pode ser contornado em tempo graças às várias Pos alternativas previstas no planejamento.

Este fato reforça a importância das Ações de Operações Psicológicas (Op Psic) e de Comunicação Social (Com Soc) no intuito de mostrar à população que os benefícios trazidos por uma operação militar sempre superam os transtornos e eventuais riscos ou danos colaterais que possam se causados. Dessa forma, com a colaboração da população civil, tornam-se muito mais simples algumas ações de uma operação em ambiente urbano que seriam mais complexas sem este apoio, como, por exemplo, o posicionamento de equipamentos e armamentos em edifícios.

Tratando-se das Organizações Criminosas, salienta-se que, apesar de não ter ocorrido nenhum confronto durante a operação, a adoção do DCT na realização da segurança das U Tir, principalmente nas Pos mais próximas de comunidades, e dos deslocamentos se mostrou uma medida fundamental para otimizar o desempenho dos militares do CCA, os quais puderam focar todas as energias e atenções na realização da DA Ae. Logo, para as operações futuras seria interessante ampliar, sempre na medida do possível, o efetivo de militares dedicados à segurança empregado, buscando a situação ideal em que cada U Tir, P Vig e Radar possua elementos realizando exclusivamente a segurança da Pos respectiva.

Ainda com relação às ameaças que poderiam interferir no desenrolar das ações do BtlCtAetatDAAe durante a missão, dentre todas aquelas possíveis ameaças assimétricas identificadas na fase de planejamento, a que ocorreu com maior frequência durante os eventos foi a presença de drones no entorno do Ponto Sensível. Em virtude da irrisória RCS desses equipamentos e da facilidade para o seu lançamento, eles não eram detectados pelo radar e quando eram identificados, geralmente pelos militares das UTir, não havia muito tempo hábil

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!41 para agir antes que se aproximassem do Ponto Sensível. Por isso, torna-se imprescindível a aquisição de equipamentos capazes de bloquear a conexão dos controladores com os respectivos drones, impossibilitando a continuação de sua operação, além de estudos e desenvolvimento de táticas para avaliar os danos colaterais que podem ser causado pela interferência na frequência de operação desses equipamentos, o que pode prejudicar desde sinais de comunicação da mídia envolvida na transmissão do evento até nas próprias comunicações dos efetivos empregados na segurança do mesmo.

Um fator de grande valia para o bom desempenho do GptOpFuzNavDAAe foi a utilização do Aeroporto de Jacarepaguá como base para concentração dos meios e tropa, bem como para abrigar o COAAe da Operação JO2016. A infraestrutura proporcionada pelos esforços do DASC somada ao aproveitamento das instalações da INFRAERO forneceu ótimas condições de descanso e alimentação para os militares ali alojados, evitando o desgaste desnecessário do efetivo que não precisava ficar em Pos isoladas.

Até mesmo sob a perspectiva das U Tir e P Vig, os quais ficaram distribuídos no terreno, a adoção do aeroporto como ponto central da manobra permitiu maior celeridade no ressuprimento logístico e no apoio de qualquer natureza que foi necessário ao longo da manobra, em virtude da localização centralizada e relativamente próxima de todas as Pos. Por fim, talvez a grande contribuição da escolha de instalação no aeroporto tenha sido a agilidade e precisão na disseminação das ordens, propiciadas pela concentração da maior parte do efetivo no mesmo local, além de permitir maior confiabilidade nas comunicações com os pontos descentralizados por causa das curtas distâncias para o enlace rádio.

Uma contingência técnica apresentada foi a utilização de apenas um Radar SABER M-60 durante a operação. Apesar do excelente trabalho da guarnição da Seç Rdr na manutenção e operação do equipamento ter possibilidade uma alta disponibilidade, seria importante que operações futuras contemplassem outra Pos para um outro Radar de Busca.

Isso é desejável, pois, mesmo se tratando de Operações de Não Guerra, nas quais o sigilo e disciplina de emissões eletromagnéticas não é o fator preponderante, a existência de uma redundância permite maior eficiência do controle e alerta e submete os materiais a um menor estresse, de forma a aumentar sua vida útil e confiabilidade.

Tendo em vista o longo período da operação, o esquema de guarnecimento 2x1 se configurou num grande diferencial para manter a vibração e motivação da tropa, alcançando o efeito desejado de manter o adestramento constante sem deixar de lado a atenção e dedicação máxima, necessárias quando os militares estivessem guarnecendo efetivamente as posições.

Referências

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