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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ESTADO DO PARANÁ

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1244507-7, DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA – 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

Apelante : Instituto de Desenvolvimento de Londrina - IDEL Apelado : Monte Belo Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Relatora : Desa Joeci Machado Camargo

APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – ALUGUERES E TAXAS CONDOMINIAIS – ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA EXECUÇÃO POR AUSÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO – CONTRATO DE LOCAÇÃO QUE SE ENQUADRA NO ROL DOS TÍTULOS EXECUTIVOS DO ARTIGO 585, INCISO V, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – TÍTULO EXECUTIVO CERTO, LÍQUIDO E EXIGÍVEL – PAGAMENTO DE TAXAS CONDOMINIAIS PREVISTAS NO INSTRUMENTO CONTRATUAL EM VALOR FIXO, LÍQUIDO E CERTO – JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS – PREVISÃO CONTRATUAL, LIVREMENTE PACTUADA – ESFERA DE AUTONOMIA DA VONTADE E ACEITAÇÃO PELO ENTE MUNICIPAL – APLICAÇÃO DO PERCENTUAL DE 0,5% DA LEI N. 9494/97 SOMENTE EM CASO DE INEXISTÊNCIA DE PACTUAÇÃO – APLICAÇÃO DE ÍNDICES DE DEFLAÇÃO – DESCABIMENTO – RECURSO DESPROVIDO.

1. Nos termos do artigo 585, inciso V, do Código de

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crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.

2. A taxa legal de 0,5% ao mês para a Fazenda Pública somente é aplicável para os casos em que não haja expressa previsão contratual, livremente pactuada, pois está na esfera de autonomia da vontade e foi aceita pelo ente municipal.

3. É impossível a aplicação de índices negativos nos períodos em que o IGP-M aponta a ocorrência de deflação, sob pena de redução do total do débito, ocasionando enriquecimento ilícito por parte do devedor, devendo ser utilizado o índice zero em tais situações. (REsp 1.240.771/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13.4.2011)

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 1244507-7, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Londrina – Vara da Fazenda Pública, em que é Apelante INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DE LONDRINA - IDEL e Apelado MONTE BELO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA..

1. Trata-se de Recurso de Apelação contra sentença de fls. 44/46V., proferida nos autos de Ação de Embargos à Execução de

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Título Extrajudicial n. 5959-70/2010, que julgou improcedentes os pedidos, condenando o embargante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em R$ 800,00 (oitocentos reais).

Embargos de Declaração opostos pelo Instituto de Desenvolvimento de Londrina – IDEL, às fls. 49/53, que foram rejeitados às fls. 54/56.

Apela o Instituto de Desenvolvimento de Londrina – IDEL , às fls.60/68, aduzindo que o contrato de locação não é título executivo porque não apresenta liquidez, certeza e exigibilidade e que as taxas condominiais não se encontram no rol de títulos executivos extrajudiciais previstos no artigo 585, do Código de Processo Civil, além do que, os comprovantes das taxas de condomínio não foram juntados à inicial, devendo os valores a este título ser excluídos da execução.

Sustenta que é nula a execução, nos moldes do artigo 618, inciso I, do Código de Processo Civil, de modo que se o valor principal executado não é exigível, consequentemente o montante pretendido a título de honorários advocatícios também não o é, pois fixados em percentual sobre o principal.

Assevera que os juros de mora devem ser fixados em 0,5% ao mês, por se tratar de execução contra a Fazenda Pública, nos termos do artigo 1º, da Lei n. 9494/97.

Salienta que o apelado almeja receber quantia indevida, pois desconsiderou em seus cálculos os índices inflacionários negativos, sendo possível a aplicação da deflação quando o contrato determina aplicação do IGP-M para o cálculo da correção monetária.

Requer o provimento do recurso com inversão dos ônus sucumbenciais.

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Contrarrazões às fls. 72/83, arguindo preliminar de não conhecimento do recurso, por ofensa ao princípio da dialeticidade e, no mérito, o seu desprovimento.

É o relatório.

2. Presentes os requisitos intrínsecos (cabimento, legitimação e interesse em recorrer), bem como os extrínsecos (tempestividade, regularidade formal, inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer e preparo) inerentes à espécie, o recurso merece ser conhecido.

Primeiramente, em análise a preliminar de não conhecimento do recurso, arguida nas contrarrazões recursais.

Sustenta a apelada que há irregularidade formal no recurso, qual seja, a repetição das razões apresentadas na contestação, havendo ofensa ao princípio da dialeticidade.

Entretanto, entendo que o apelante confrontou os fundamentos da sentença objurgada, com os que entende corretos e, embora o tenha efetuado de forma repetitiva, evidenciou o porquê da necessidade ou utilidade da reforma do decisório, apontando os fundamentos fáticos e jurídicos que o levaram a fazer uso do direito de recorrer, razão pela qual afasto a preliminar de não conhecimento da peça recursal, passando-se à sua análise.

Não procede a alegação do apelante quanto à nulidade da execução por inexistência de título executivo, ao fundamento de que o contrato de locação não apresenta liquidez, certeza e exigibilidade e de que as taxas condominiais não se encontram no rol dos títulos executivos extrajudiciais, pois a lei expressamente prevê no inciso V, do artigo 585, do Código de Processo Civil, que:

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“Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

(...)

V – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;”

Portanto, infundada a argumentação do apelante pelo mero confronto com a legislação de regência, vez que, tanto as despesas relativas ao aluguel, quanto as acessórias, tais como, água, luz, condomínio, multas e tributos podem ser executadas, desde que previstas em contrato, e na cláusula 6ª do instrumento contratual, de fls.

16/17, o apelante se responsabilizou pelo pagamento das taxas condominiais, verbis:

“Cláusula Sexta: Fica a cargo da LOCADORA a obrigação do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano e taxas com ele lançadas.

Parágrafo Primeiro: As despesas relativas ao seguro contra incêndio, despesas com água e esgoto, luz, telefone, da área privativa bem como as despesas ordinárias e ou necessárias à administração de condomínio, do complexo denominado TWIN BUSINESS TOWERS, proporcionalmente à unidade objeto do presente contrato, assim como rateio das despesas com o uso da parte comum, tudo nos termos dos parágrafos 1º e 3º, do artigo 23 da lei n. 8.245/91, são de responsabilidade do LOCATÁRIO.”

Ademais, além da expressa previsão contratual, verifica-se que o valor mensal entabulado a título de taxa condominial era fixo, portanto, líquido e certo de R$ 788,00 (setecentos e oitenta e oito reais), conforme planilhas que instruem a inicial da execução, com a

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correção anual pela variação do IGPM-FGV correspondente, nos moldes permitidos pela cláusula 4ª do contrato (fl. 15).

Neste sentido:

“DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL.EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATO DE LOCAÇÃO E TERMO DE DISTRATO.

APELANTE QUE PUGNA PELA CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. DEFERIMENTO. PRESUNÇÃO DE MISERABILIDADE NÃO DESCONSTITUÍDA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA EXECUÇÃO. INOCORRÊNCIA. TÍTULO EXECUTIVO QUE É CERTO, LÍQUIDO E EXIGÍVEL.CLÁUSULA EXPRESSA NO CONTRATO DE RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE ORDEM DO FIADOR.

ART. 827 E 828, CC.AUSÊNCIA DE NULIDADE. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.”

(Apelação Cível n. 1047460-7, Rel. Des. Ivanise Maria Tratz Martins, 12ª CC/TJPR, DJ 1341, de 23.05.2014)

Melhor sorte não socorre ao apelante quanto à fixação dos juros de mora em 0,5% ao mês, por se tratar de execução contra a Fazenda Pública, pois a taxa estabelecida na Lei n. 9494/97, se refere aos casos de condenação judicial da Fazenda Pública, não sendo aplicável às situações em que o encargo moratório foi livremente pactuado no contrato, in casu, na Cláusula Terceira que estabelece que os juros de mora, na hipótese de atraso do pagamento dos alugueres, seriam de 1% ao mês.

Portanto, a taxa legal de 0,5% ao mês para a Fazenda Pública somente é aplicável para os casos em que não haja expressa previsão contratual, livremente pactuada, pois está na esfera de autonomia da vontade e foi aceita pelo ente municipal, além do que o valor cobrado está dentro do parâmetro legal do artigo 5º, da Lei de

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Usura, que permite a elevação dos juros em 1% ao mês em caso de mora.

Assim já se manifestou esta Corte de Justiça:

“APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE EMPREITADA. CONSTRUÇÃO DE CONEXÃO FERROVIÁRIA APUCARANA-PONTA GROSSA. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. EXECUÇÃO DO PRINCIPAL E DA VERBA HONORÁRIA. EMBARGOS EM SEPARADO. JULGAMENTO SIMULTÂNEO. APELAÇÃO CÍVEL N.º 56.482-1. EMBARGOS À EXECUÇÃO DO VALOR PRINCIPAL PELA CR ALMEIDA (AUTOS N.º 1.370/95). VALOR DA CONDENAÇÃO. CONTROVÉRSIA. (...) JUROS DE MORA EXPRESSAMENTE PACTUADOS EM 12% AO ANO.

MANUTENÇÃO DO PERCENTUAL CONFORME O CONTRATO. TAXA LEGAL APLICÁVEL SOMENTE EM CASO DE INEXISTÊNCIA DE PACTUAÇÃO. (...) RECURSOS PROVIDOS EM PARTE.” (grifamos)

(Apelação Cível n. 56482-1, Rel. Des. Augusto Lopes Cortes, 4ª CC/TJPR, DJ 7615, de 16.05.2008)

Igualmente não prospera a insurgência quanto à aplicação nos cálculos dos índices inflacionários negativos, vez que é sabido que a correção monetária tem por função recompor o valor da moeda em tempos de inflação e, por este motivo, em períodos de deflação, o valor da obrigação inadimplida deve permanecer estático, pois, caso contrário, estar-se-ia a reduzir o débito, configurando enriquecimento indevido do devedor.

Este é o entendimento jurisprudencial:

“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. CORREÇÃO MONETÁRIA.

PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DE ÍNDICES DE DEFLAÇÃO.

DESCABIMENTO. É impossível a aplicação de índices negativos nos períodos em que o IGP-M aponta a ocorrência de deflação, sob

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pena de redução do total do débito, ocasionando enriquecimento ilícito por parte do devedor, devendo ser utilizado o índice zero em tais situações. (REsp 1.240.771/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13.4.2011). Agravo regimental improvido.”

(AgRg no REsp 1256512/RS, Rel. Min. Humberto Martins, T-2, DJe 17.08.2011)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSOESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA.

CORREÇÃO MONETÁRIA. PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DE ÍNDICES DE DEFLAÇÃO. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.

1. A correção monetária tem a função de recompor o valor originário da moeda, a fim de manter o seu poder aquisitivo, eventualmente corroído pelo processo inflacionário.

2. Impossibilidade de aplicação de índices negativos nos períodos em que o IGP-M aponta a ocorrência de deflação, sob pena de redução do total do débito, ocasionando enriquecimento ilícito por parte do devedor, devendo ser utilizado, em tais situações, índice zero.

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 1118987, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Des.

Conv. do TJRJ), T-5, DJe 06.09.2011)

Feitas estas considerações, voto no sentido de manter a sentença, por seus próprios fundamentos, devendo ser desprovido o recurso, nos termos do voto e sua fundamentação.

3. ACORDAM os Desembargadores integrantes da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por

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unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.

Participaram do julgamento a Desembargadora Ivanise Maria Tratz Martins e o Juiz Substituto de 2º Grau Marcel Guimarães Rotoli de Macedo.

Curitiba, 03 de dezembro de 2014.

Des.ª JOECI MACHADO CAMARGO - Relatora

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