• Nenhum resultado encontrado

Entre Mundos Pensamento 2021/2022

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Entre Mundos Pensamento 2021/2022"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Entre Mundos

Pensamento

2021/2022

(2)

Pensamento

A temporada que agora se inicia será tomada por várias formas de abordar os mundos em que vivemos. Mundos, assim mesmo no plural, porque se reportam à multiplicidade dos mundos imaginados, vividos individual e coletivamente, projetados ou repensados. À diversidade dos mundos culturalmente e socialmente debatidos, da idiossincrasia à mobilização dos inúmeros grupos que têm de encontrar campos comuns de debate e reconhecimento.

A reflexão sobre o pensamento e a prática humana, nos vários campos que contribuem para conhecer e fruir estes mundos, sempre esteve presente na programação do Centro Cultural de Belém.

Decidimos, para esta temporada, propor um conjunto de ciclos de conferências, debates, conversas e cursos que se dedicam a um

conjunto de temáticas que são hoje inescapáveis: desde a reflexão sobre os processos de representação e inscrição visual que são o tema das conferências dedicadas às Visualidades Negras, passando pelo grande ciclo de conferências, a realizar ao longo do ano de 2022 – por alguns dos nomes centrais do pensamento francófono – que traz, sob o ponto de vista da sensibilidade e da estética, o debate sobre temáticas urgentes, como o feminismo, a discriminação, a natureza e a ecologia, a política e a economia.

Pretendemos, portanto, sob este grande guarda-chuva que é o

Pensamento, contribuir para a reflexão contemporânea, sabendo que o nosso campo, que é o da arte e da cultura, só se inscreve quando tem consciência de que está comprometido com o que fervilha no quotidiano, mas nele não se esgota.

Entre estes mundos, precisamos de gerar campos comuns.

(3)

Ciclo História de Arte

2 out a 18 dez 2021

6€ (por sessão)

50€ (bilhete ciclo – 10 sessões)

Desconto Estudante: 20% para bilhetes individuais

Duração: 90 minutos

História da Arte da Época Moderna (Séculos XV a XVIII)

Fernando António Baptista Pereira 2, 9, 16 e 30 de out

Centro de Congressos e Reuniões / 11h30 As quatro sessões relativas aos séculos XV a XVIII procuram centrar-se nalgumas das grandes transformações verificadas nos diferentes géneros da Pintura Europeia, do Renascimento aos alvores do Romantismo, a partir do estudo e confronto entre grandes figuras artísticas do contexto internacional e de algumas personalidades nacionais que com elas puderam em algum momento ombrear.

Fernando António Baptista Pereira é Historiador de Arte, Museólogo e Presidente da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

História da Arte do Século XIX

Raquel Henriques da Silva 6, 13 e 20 nov

Centro de Congressos e Reuniões / 11h30 90 minutos

Durante três sessões no mês novembro, a História da Arte do século XIX estará em discussão pela professora Raquel Henriques da Silva. No dia 6 de novembro vamo-nos centrar nos tempos conturbados entre 1807 e

António Sequeira e o projeto do Real Palácio da Ajuda. No dia 13 de novembro, o tema em destaque será A Extinção dos Conventos: Um Choque Patrimonialista. Por fim, no dia 20 de novembro, estarão em discussão os percursos de modernidade através de pintura e de uma escultura, com destaque para as obras de José Malhoa, Columbano Bordalo Pinheiro, Rafael Bordalo Pinheiro, António Soares dos Reis e António Carneiro.

Raquel Henriques da Silva é Professora

associada do Departamento de História de Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

História da Arte do Século XX

Joana Cunhal Leal 4, 11 e 18 dez

Centro de Congressos e Reuniões / 11h30 Nestas sessões, analisam-se questões

transversais da produção artística ao longo do século XX: da centralidade da abstração na história do modernismo e das tentativas da sua superação (4 de dezembro), aos vários meios e modos de permanência da representação (11 de dezembro). A sessão de 18 de dezembro analisa práticas artísticas que vão da criação de objetos às questões da desmaterialização da arte. O caminho a percorrer implica o reconhecimento de que o artístico não é um domínio isolado, mas antes impregnado da matéria do mundo.

Joana Cunhal Leal é Professora Auxiliar no

Departamento de História da Faculdade de

Ciências Sociais e Humanas da Universidade

Nova de Lisboa.

(4)

Conversa

Dicionário de Artistas

Gonçalo M. Tavares à conversa com Luís Maria Baptista (Os Espacialistas)

3 out

Centro de Congressos e Reuniões 18h30

7€

Desde outubro de 2020, Gonçalo M. Tavares tem escrito pequenos textos que foram sendo publicados semanalmente nas plataformas digitais do CCB. A última publicação acontecerá no final de setembro de 2021, culminando com um debate com a presença do escritor e de Luís Maria Baptista, fundador d’Os Espacialistas, um projeto laboratorial de investigação teórica e prática das ligações entre arte e arquitetura.

Conferências

Kleist: o(s) sentido(s) da justiça

José Bragança de Miranda José Gomes Pinto

José Miranda Justo Maria Filomena Molder Moderação Carlos Pimenta

6 e 20 out 3 e 17 nov

Centro de Congressos e Reuniões / 18h30 22€ (bilhete ciclo – 4 sessões) ou

7 € (por sessão)

Desconto Estudante: 20% para bilhetes individuais

Em jeito de preâmbulo à apresentação de O Duelo, encenado por Carlos Pimenta, promovemos quatro sessões de reflexão em torno desta obra escrita por Kleist, em 1811.

Refletiremos sobre as dicotomias presentes nesta novela, onde o confronto que lhe dá nome, ao abrigo da arbitrariedade divina, parece ser a única forma justa de os homens conseguirem aferir sobre honra e honestidade.

Carlos Pimenta é encenador e professor. Foi

membro, entre 1979 e 2001, da Companhia do

Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II). Dirigiu

espetáculos no TNDM II, Teatro Nacional São

João, Centro Cultural de Belém, Fundação

Calouste Gulbenkian, Teatro Municipal do

Porto – Rivoli, São Luiz Teatro Municipal, Teatro

Camões, entre outros.

(5)

Programa

6 out

José Miranda Justo

Doutorado pela Universidade de Lisboa, 1990, com uma dissertação em História da Filosofia da Linguagem. Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Membro da CFUL desde a sua fundação.

Publica e leciona nas seguintes áreas: Filosofia da Linguagem, Estética e Filosofia da Arte, Filosofia da História, Hermenêutica, História da Filosofia, Estudos da Tradução.

20 out

José Gomes Pinto

Professor, investigador e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa e doutorado em Estética e Teoria das Artes pela Universidade de Salamanca. As suas áreas de interesse são a Estética e a Teoria da Arte, a Arte e a Teoria dos Media, a Filosofia da Tecnologia e a Filosofia da Comunicação. Tem vários capítulos e artigos publicados em livros e revistas. Dos seus títulos, destaquem-se Artes Tecnológicas e a Rede de Internet em Portugal (2009), Tecnologias Culturais e Artes dos Media (2016) e Fundamento e Imersão – Ensaios Sobre a Técnica (2019).

3 nov

José Bragança de Miranda

Professor, investigador e ensaísta. Docente no Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa. Tem

lecionado nas áreas da Teoria da Cultura, Artes Contemporâneas, Teoria dos Media, Cibercultura e Teoria Política. Autor de

numerosos ensaios nas mais diversas áreas da cultura contemporânea. Das suas publicações, destaquem-se Analítica da Atualidade (1994), Política e Modernidade: Linguagem e Violência na Cultura Contemporânea (1997), Teoria da Cultura (2002), Corpo e Imagem (2012) e Jorge Molder – Ph. 01 (2017).

17 nov

Maria Filomena Molder

Filósofa e ensaísta. Foi professora de Estética,

marcante para várias gerações de alunos, na

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

da Universidade Nova de Lisboa. Tem uma

influente obra ensaística, distribuída por livros,

revistas de filosofia e literatura, e de catálogos

e outras publicações sobre arte e artistas. Dos

seus títulos, destaquem-se Semear na Neve –

Estudos sobre Walter Benjamin (1999, Prémio

PEN Clube 2000 para Ensaio), As Nuvens e o

Vaso Sagrado (2014), Rebuçados Venezianos

(2016, Prémio AICA/FCC 2017) e Dia Alegre, Dia

Pensante, Dias Fatais (2017, Prémio PEN Clube

2018 para Ensaio).

(6)

Conferências

Conversas com História

Raquel Varela

30 out a 4 jun 2022

Centro de Congressos e Reuniões 17h00

7€ (por sessão)

A história pública regressa ao CCB. Mais do que nunca urge pensar o futuro a partir da revisitação crítica do passado, para um público não académico, amplo, que é chamado a participar no ciclo Conversas com História.

Programa

30 out

Maria Manuel Mota 20 nov

Olga Roriz 18 dez

António Victorino d’Almeida 8 jan

A. M. Galopim de Carvalho 5 fev

Jorge Gaspar 5 mar

Ângela Ferreira 2 abr

Fausto Bordalo Dias 7 mai

Isabel do Carmo 4 jun

Maria José Morgado

Conferências

A Comuna de Paris e as Conferências do Casino

Ana Rocha

15 e 22 nov

Centro de Congressos e Reuniões 18h00

11€ (bilhete ciclo – 2 sessões) ou 7€ (por sessão) Desconto Estudante: 20% para bilhetes

individuais

15 nov

Na Iminência da Comuna de Paris 22 nov

A Comuna de Paris

e as Conferências do Casino

Pressagiando a forma como a Comuna de Paris terminaria num banho de sangue, Victor Hugo escreveu que «em determinados

momentos, os povos colocam tudo em questão e tais terramotos sociais têm consequências trágicas». Durante a Semana Sangrenta que decorreu entre 21 e 28 de Maio de 1871, no turbilhão da derrota dos partidários da Comuna, os excessos de violência e a repressão impiedosa instalaram-se nos dois campos inimigos e os parisienses presenciaram e participaram na denúncia, perseguição e fuzilamento de milhares de communards.

O fim da insurreição popular francesa, que tinha durado 54 dias, e os seus últimos incidentes explosivos coincidiram com a semana do lançamento em Lisboa das Conferências Democráticas do Casino. À época, Antero de Quental e Eça de Queiroz eram jovens de 29 anos e de 25 anos de idade, respectivamente, assistindo de longe à hecatombe da Comuna de Paris.

«A resistência fez saltar uma velha sociedade pelo petróleo, pelo dinamite e pela

nitroglicerina!», lê-se no derradeiro capítulo de

O Crime do Padre Amaro. Com a sua corrosiva

ironia, em sete páginas com centenas de pontos

de exclamação, Eça escreve sobre a Comuna de

Paris e, na conversa entre o conde de Ribamar

(7)

e dois clérigos que decorre sob o pedestal da estátua de Camões no Chiado, é estabelecida uma equação entre o estado da política e da sociedade portuguesas e a insurreição francesa que incendiou uma série de símbolos do poder e do prestígio, tais como o Palácio da Justiça, o Palácio Municipal e o Palácio da Legião de Honra. As palavras do conde de Ribamar são estas: «Depois deste exemplo da Comuna, não se torna a ouvir falar de república, nem de questões sociais, nem de povo! É possível que haja um ou dois esturrados que se queixem e digam tolices sobre a decadência de Portugal e que estamos num marasmo! Baboseiras!»

Provavelmente, os referidos «esturrados»

seriam o próprio Eça e Antero de Quental, dois dos protagonistas das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, lançadas em 22 de Maio de 1871.

Ana Rocha

(A autora escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico)

Ana Rocha

Ana Rocha nasceu em Moçambique em 1957.

Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e obteve o grau de mestre também em Filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma dissertação sobre David Hume. Atualmente, é colaboradora musical no Expresso, tendo sido jornalista do vespertino A Capital e da revista Música & Som. É autora de três obras – A

Origem do Mundo, Antero Q e Rock Stars: Cinco anos de Rock em Portugal – e na Antena 2 criou e apresentou o programa Plácidos Domingos, além de ter sido coautora do programa Preto no Branco, com João Almeida e Henrique Silveira. Na Renascença, foi coautora do programa A Flauta Mágica, com Jaime Fernandes.

Leituras

Formas de Ler

O Tempo e o «Eu» - Em Busca do Tempo Perdido

Helena Vasconcelos

13 jan a 24 mar 2022

Centro de Congressos e Reuniões 18h30

A monumental obra de Marcel Proust, considerada uma das mais importantes de todos os tempos, tem sido estudada, avaliada, dissecada, por incontáveis especialistas e

leitores entusiastas. É possível que tudo já tenha sido dito sobre este livro de culto, dividido em sete volumes, três dos quais publicados postumamente. Sabemos que Proust recreou cuidadosamente (e exuberantemente) o passado através do poder da memória.

Simultaneamente, num golpe de génio, transformou a vida em Arte, criando uma estética inimitável. Harold Bloom, no seu Cânone Ocidental, refere-se a Em Busca do Tempo Perdido como «a verdadeira persuasão do ciúme sexual» e não há dúvida que esse sentimento avassalador atravessa toda a obra.

Mas não podemos restringir a análise ao ciúme e à nostalgia, uma vez que o autor inclui, na sua teia densamente urdida, referências à filosofia, à sociologia, à arte, à música, aos costumes, à sexualidade, à política e, principalmente, a uma ideia revolucionária do Tempo. Todas estas áreas, e muitas mais, são objeto de reflexão ao longo da narrativa, o que faz de Em Busca do Tempo Perdido um romance que não tem fim.

Grande número de personagens corresponde

a figuras da época e os acontecimentos

subtilmente inscritos nas suas vidas marcaram

a passagem do século XIX para o século

XX, dando-nos uma perspetiva essencial

desse tempo de viragem. Nas sessões que

dedicaremos a Em Busca do Tempo Perdido

esperamos esmiuçar as diversas vertentes deste

insólito «romance» e, se possível, descobrir

novas abordagens e novos prazeres.

(8)

Programa

13 jan

Do Lado de Swan 27 jan

À Sombra das Raparigas em Flor 10 fev

O Lado de Guermantes 24 fev

Sodoma e Gomorra 10 mar

A Prisioneira e Albertine Desaparecida (A Fugitiva)

24 mar

O Tempo Reencontrado

Colóquio Internacional

Gil Vicente: 500 Anos 4 fev 2022

Centro de Congressos e Reuniões 7€

Em 2021, celebram-se os 500 anos de uma das mais emblemáticas tragicomédias vicentinas, As Cortes de Júpiter.

A sua importância do ponto de vista

musicológico e da difusão temporal da obra de Gil Vicente levou-nos a adotá-la como primeiro título do Laboratório de Ópera Portuguesa do CCB, com estreia marcada para o dia 4 de fevereiro de 2022.

O reconhecimento da importância do trabalho de investigação na «redescoberta»

de páginas tão importantes da nossa herança histórico-cultural conduziu-nos à organização complementar de um colóquio internacional, durante o qual ambicionamos tomar contacto com os mais recentes estudos sobre a obra vicentina.

Colóquio internacional realizado em parceria com o Centro de Estudos de Sociologia e

Estética Musical da Universidade Nova de Lisboa (CESEM).

Direção científica

Manuel Pedro Ferreira

Direção científica do Laboratório de Ópera do CCB

Luísa Cymbron

Coordenadora artística e científica do Laboratório de Ópera do CCB

Jenny Silvestre

(9)

Oficinas

Oficinas Críticas

Luís Mestre

12 fev a 10 nov 2022

Centro de Congressos e Reuniões M/16 anos

17h00 – sessões presenciais (espetáculos às 19h00) 18h30 – sessões online Oficina de fevereiro: 20€

Oficina de abril: 25€

Oficina de outubro: 25€

Oficina de novembro: 25€

Desconto Estudante: 20% para bilhetes individuais

As Oficinas Críticas visam incentivar o espírito observador, a análise crítica, e uma atitude de questionamento e posicionamento perante a atividade artística e cultural.

Na primeira sessão, o dramaturgo e encenador Luís Mestre abordará o movimento de

transformação do drama desde o belo animal aristotélico-hegeliano até à contemporaneidade e, em seguida, partilhará ferramentas de análise crítica e teatral.

Após o espetáculo, haverá uma sessão final na qual os participantes colocarão em prática os conceitos e ferramentas abordados.

Programa

12 fev / 17h

Exposição teórica 12 fev / 19h

Espetáculo Info Maníaco 17 fev / 18h30 Debate Online 9 abr / 17h

Exposição teórica 9 abr / 19h

Espetáculo

The Milk Train Doesn’t Stop Here Anymore 14 abr / 18h30 Debate Online 15 out / 17h Exposição teórica 15 out / 19h Espetáculo The Mountain 20 out / 18h30 Debate Online 5 nov / 17h Exposição teórica 5 nov / 19h Espetáculo

Cartas de Casanova 10 nov / 18h30

Debate Online

(10)

Conferências

Diálogos de Estética

Alain Caillé

Catherine Larrère Fabienne Brugère Jacques Rancière Jean-Marie Schaeffer Marie-José Mondzain Sandra Laugier

+ Convidados a anunciar

Curadoria e Moderação Jacinto Lageira

17 mar a 27 out 2022

Centro de Congressos e Reuniões

Nestes tempos conturbados, devido às

grandes dificuldades morais, físicas, materiais, relacionadas com a situação pandémica mundial, assistimos igualmente no campo intelectual a duas grandes tendências que se ignoram mutuamente e que muitas vezes se opõem pela negativa: uma profusão de publicações e de reflexões com o foco na situação atual e nos diferentes alertas que esta coloca ou que pode levar a colocar no que diz respeito à restruturação total em todos os domínios que tínhamos por adquiridos; a continuação de pesquisas que, sem evitar as problemáticas imediatas, consideram que é preferível contribuir para a preparação do terreno teórico e prático que nomeamos, de modo impreciso mas legítimo, o «mundo futuro». De facto, estas duas tendências articulam-se e não se podem excluir mutuamente, seja qual forem os

campos de reflexão e de concretização. De entre eles, o mundo das artes foi fortemente atingido (cancelamentos, encerramentos,

reagendamentos), mas ainda mais o foi o campo da estética, da aisthesis, do sensível. Dos mais simples atos do quotidiano às complexidades teóricas, a nossa sensibilidade pessoal e inter- humana, tal como o nosso relacionamento com o mundo sensível em que evoluímos e no qual vivemos, sentimos, existimos, suscita reações que se inscrevem também elas numa

restruturação própria à atualidade e a um futuro mais ou menos próximo.

É a este modo estético da nossa relação com o mundo, com os vivos, com os outros – que toma inúmeras formas, entre as quais a arte, mas não só – que desejamos consagrar uma série de conferências que, sem cobrirem todos os aspetos dos diferentes domínios do conhecimento, pretenderiam revelar algumas pistas e desvendar possíveis perspetivas. Como pensar o sensível e a estética nestes tempos mais ou menos breves, distendidos, angustiantes ou promissores? Quais podem ser as suas

finalidades, projetos, incógnitas? A própria estética tem capacidade para dar um contributo decisivo aos acontecimentos do presente e aos que poderão vir a ocorrer? As transformações radicais do que se entendia ou entende

por aisthesis não deveriam acompanhar as mudanças consideráveis das nossas sociedades e, mais amplamente, das pessoas? Outras problemáticas podem, evidentemente, ser sugeridas, mas dada a vocação do Centro Cultural de Belém – a instituição que convida e organiza, consagrada essencialmente a todas as formas de arte – elas deveriam poder tratar de modo direto ou indireto de questões ligadas à estética, no seu sentido mais amplo, na suas relações com a economia, a política, a ecologia, o feminismo, o cosmopolitismo….

Jacinto Lageira é professor catedrático de

Filosofia de Arte e de Estética na Universidade

Paris 1 Pathéon Sorbonne. É também crítico

de arte.

(11)

Programa

17 mar

Jacques Rancière

Filósofo francês, professor de Filosofia na European Graduate School em Saas-Fee e professor emérito de Filosofia na Universidade Paris 8 Vincennes — Saint-Denis. Tem uma vasta obra publicada nos campos da história, da política, da filosofia e da estética. É, ainda hoje, uma referência do pensamento contemporâneo.

21 abril

Sandra Laugier

Filósofa francesa que trabalha em torno da filosofia moral, filosofia política, filosofia da linguagem, estudos de género e cultura popular.

Atualmente é professora titular de Filosofia na Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne e membro sénior do Institut Universitaire de France, depois de ter sido professora na Universidade de Picardie Júlio Verne, em Amiens, até 2010.

12 maio

Catherine Larrère

Filósofa e académica francesa, nascida em Delafoss, em 1944. É professora emérita de Filosofia na Universidade Paris 1 Pathéon Sorbonne. É especialista na filosofia de Montesquieu e defensora da ética ambiental.

26 maio Alain Caillé

Sociólogo e economista francês, nascido em Paris, em 1944. É professor de Sociologia na Universidade de Paris X Nanterre. É membro fundador do Movimento Anti Utilitarista em Ciências Sociais (M.A.U.S.S.) e editor do jornal mensal Revue du Mass.

23 junho

Jean-Marie Schaeffer

Filósofo francês das artes da linguagem, nascido em 1952. É investigador do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) e diretor de estudos do EHESS (École des Hautes Études en Sciences Sociales).

22 setembro Fabienne Brugère

Professora de Filosofia das Artes e Teoria Feminista na Universidade Paris 8 Vincennes- Saint-Denis. Em novembro de 2019 tornou-se presidente da Universidade Paris Lumières. É membro do Conselho Editorial da revista Esprit e dirigiu e codirigiu livros sobre Spinoza, Michel Foucault, Judith Butler, o liberalismo e a obra de arte.

27 outubro

Marie-José Mondzain

Filósofa e diretora de investigação no Centre National de la Recherche Scientifique, em Paris.

Considerada uma referência fundamental do

pensamento contemporâneo, a autora tem

contribuído para o debate vital acerca do

poder persuasivo das imagens, articulando

o campo da estética com as maiores

preocupações éticas.

(12)

Conferências

Visualidades Negras

Curadoria e Moderação Filipa Lowndes Vicente

Centro de Congressos e Reuniões Entre abril e maio de 2022

Conferências em inglês, sem legendagem ou tradução simultânea.

Em 1861, Frederick Douglass, um negro norte- -americano, escreveu um ensaio intitulado Imagens e progresso. Nascera escravizado, mas, tendo conseguido fugir, tornou-se uma voz pública – em textos e conferências – a favor da abolição e, em geral, da humanização dos milhões de norte-americanos de origem africana que, em meados do século XIX, viviam entre a opressão e a conquista de um estatuto de cidadania. Douglass escreveu sobre o potencial transformador da fotografia para produzir mudanças sociais e políticas na nova nação surgida após a guerra civil. Vivia, segundo ele, num século em que a imagem se tinha tornado mais importante do que a palavra, e fez-se fotografar em retratos de estúdio que contrastavam com as muitas fotografias de pessoas escravizadas feitos no mesmo período em vários lugares do mundo.

Também nos EUA, e no mesmo período, Sojourner Truth, uma mulher que nascera escrava, recorria à autorrepresentação fotográfica para promover a dignidade das mulheres e homens negros norte-americanos.

Sob o seu retrato, que vendia para promover a causa abolicionista tal como a igualdade de género, lia-se uma frase icónica: «Eu vendo a sombra para promover a substância»

(1864/1865). A sombra da fotografia ao serviço da substância – um futuro mais humano e igualitário onde a discriminação fosse algo do passado. Esse futuro provou ser uma «luta constante», como escreveu mais de cem anos depois Angela Davis, mas as potencialidades da imagem como empoderamento e não apenas como desumanização já estavam enunciadas.

Estes dois casos servem como contra

narrativas a uma cultura visual dominante em que as imagens de pessoas negras surgiam em situações de escravatura ou colonialismo ou, ontem como hoje, vítimas de racismo e violência, policial como estrutural ou, no caso dos corpos das mulheres, também violência sexual. Desigualdade racial e de género

legitimada por genealogias de poderes em que uns corpos valiam mais do que outros.

Cada contexto nacional tem a sua especificidade histórica. Se os arquivos históricos visuais dos EUA são indissociáveis da escravatura oitocentista ou da segregação recente, as imagens de pessoas negras nos arquivos portugueses, como nos franceses, britânicos ou alemães são inseparáveis de uma história recente em que a cronologia do colonialismo coincidiu com a da fotografia nas suas múltiplas formas de reprodução – postais, livros, jornais e folhetos.

Nos últimos anos têm sido muitos os

académicos, artistas, curadores e arquivistas – muitos deles negros e da diáspora africana – a abordarem criticamente a relação entre visualidade e negritude, entre imagens e racismo, entre direito a representação no espaço público como modo de justiça racial e social; ou, as muitas implicações éticas em lidar, hoje, com os legados visuais do passado.

Neste ciclo de conferências, iremos ouvir e debater com algumas destas vozes.

Filipa Lowndes Vicente nasceu em Lisboa em 1972. Desde 2009 é Investigadora do

Instituto de Ciências Sociais da Universidade de

Lisboa, na área de História. Os seus trabalhos

de investigação histórica são marcados por

abordagens transnacionais e transcoloniais.

(13)

Oradores

Heloisa Pires Lima

Nasceu em Porto Alegre. Aos nove anos,

mudou-se para São Paulo, onde reside até hoje.

Estudou Psicologia na PUC e Ciências Sociais na USP, onde também concluiu o mestrado em Antropologia (2000), e doutoramento em Antropologia Social (2005). A sua produção académica foca-se em questões teóricas que envolvem as fronteiras entre História e Antropologia, mais especificamente o tema das representações culturais, com ênfase em relatos de viagem e arte. O período das suas investigações tem sido o século XIX.

+ Convidados a anunciar

(14)

Garagem Sul – Exposições de Arquitetura

Quem sabe o que é a arquitetura? São poucos os que se atrevem a oferecer uma definição simples desta arte, porque a arquitetura é uma síntese de muitas coisas que fazem parte do nosso mundo. A arquitetura define, como projeto, o que pode ser o futuro dos espaços que

habitamos, dos lugares que percorremos, das casas onde moramos. Por isso — porque o futuro pode ser tantas coisas — é que é impossível definir arquitetura e, também por isso, a arquitetura é um território infindável e fascinante para aprender a conhecer melhor o mundo que habitamos e como se constroem as casas e os lugares do nosso quotidiano.

Os programas da Garagem Sul começam nas exposições e desdobram-se à medida dos seus públicos, desde o espaço para oficinas animadas até à descoberta da cidade em visitas guiadas. Este ano, haverá duas grandes exposições na Garagem Sul: a primeira, At Play: Arquitetura & Jogo, mostra como as brincadeiras das crianças são equivalentes mecanismos de

projeto dos arquitetos; a segunda, Rádio Antecâmara: Espaços Sonoros, é uma emissão de rádio que se desdobra nas galerias de exposição

mostrando como o som dá forma aos lugares do nosso quotidiano. Para

ambas há um programa de visitas e oficinas para todas as idades cujo

objetivo é descobrir os meandros da arquitetura, o que fazem e como

pensam os arquitetos para organizar os processos da construção.

(15)

Ciclo de Conferências de Arquitetura – Campo Comum

AgwA + BAST Construção 13 out

Pequeno Auditório 18h30

7€ (5€ com desconto)

Coprodução Centro Cultural de Belém-

Garagem Sul, Trienal de Arquitectura de Lisboa O segundo evento do ano centra-se na

construção — quer na sua definição material, quer na sua representação — como etapa fundamental do processo de aprendizagem da arquitetura, aqui entendida como campo comum do saber. Os convidados são os ateliers AgwA, de Bruxelas, e BAST — Bureau Architectures Sans Titre, de Toulouse. Ambos vão apresentar lugares, procedimentos e coreografias laborais, bem como a sua atitude no mundo construído, a partir de uma série de obras de renovação na Bélgica e em França, com escalas e características variadas.

REAL + 51N4E

Desenhar a Encomenda 10 nov

Pequeno Auditório 18h30

7€ (5€ com desconto)

Coprodução Centro Cultural de Belém-

Garagem Sul, Trienal de Arquitectura de Lisboa A última sessão do ano centra-se no potencial dos programas e dos projetos por iniciativa própria: a capacidade de ler os tempos e as estratégias para fazer nascer um projeto de arquitetura. Os convidados são Jack Self, fundador do REAL (Real Estate Architecture Laboratory), e Freek Persyn, cofundador do atelier de arquitetura 51N4E, de Bruxelas.

Ambos posicionam a sua prática e apresentam os projetos em curso, partilhando metodologias que gerem possibilidades concretas de

reprodução espacial.

(16)

Exposição

At Play:

Arquitetura & Jogo

Curadoria: David Malaud

28 set a 30 jan 2022

At Play: Arquitetura & Jogo é uma exposição a propósito de brincadeira e imaginação, de experiências construídas e narrativas mitológicas. Centra-se na ideia de «Criação de Mundos» e aproxima duas personagens: o arquiteto e a criança. Os jogos infantis sempre foram um terreno fértil para a invenção de

«Mundos». Do mesmo modo, os arquitetos também imaginam novos «Mundos». Estes mundos, e os mecanismos de invenção de que dependem, são a essência da exposição, que aborda temas tão variados como a infância e a educação, o planeamento urbano, o espaço público, a história, a arquitetura, a arte e a invenção, com o objetivo de traçar a história tanto dos «Mundos» imaginários, quanto dos imaginados. Cada um de nós é um arquiteto brincalhão. Da cabana solitária à arca cosmopolita, construímos mundos que habitamos ou coabitamos. O mundo do jogo situa-se no misterioso intervalo que liga as nossas subjetividades à realidade exterior.

Por vezes, acontece que as arquiteturas se cristalizam no espaço efémero, transformando- se durante algum tempo no palco das nossas vidas, no horizonte dos nossos hábitos. Este poder da imaginação está no centro da exposição, em que os lugares de recreio da infância e o dos arquitetos, artistas e designers se encontram.

Esta exposição conta com obras de Aldo Rossi, Cedric Price, Constant, OMA, James Gowan, Louis Herman De Koninck, Rui Goes Ferreira, Bartolomeu Costa Cabral, Fernando Lanhas, Raul Hestnes Ferreira, Renaat Braem e Claude-Nicolas Ledoux.

Exposição organizada pelo Centro Cultural de Belém / Garagem Sul em colaboração com o CIVA, Bruxelas.

Exposição

Fragmentos

Arqueológicos da

Arquitetura Portuguesa (1987–2006)

Curadoria: André Tavares

28 set a 30 jan 2022

As maquetas e desenhos são um instrumento privilegiado para compreender a arquitetura:

mostram a forma e a expressão física dos edifícios. Esta exposição reúne um conjunto de maquetas que, após terem sido expostas no passado para representar arquiteturas, ficaram à guarda do Centro Cultural de Belém.

Tal como os edifícios construídos, cuja forma repetem em miniatura, o tempo passa por elas e deixa as suas marcas. Vinte anos depois de terem sido apresentadas, são como tesouros que mostram mais do que reflexos de uma época. Transformadas em fragmentos, põem em evidência o modo como a sociedade, num determinado momento, entendeu olhar a arquitetura feita em Portugal: ora exacerbando ou atenuando diferenças entre autores e escolas, ora escrutinando e reconhecendo novos autores, ora forjando a possibilidade de existir uma cultura arquitetónica portuguesa com qualidades específicas.

Exposição organizada pelo Centro Cultural de

Belém / Garagem Sul.

(17)

Visitas Guiadas

Visitas à Exposição e à Cidade

Nada como a voz e uma boa conversa para compreender melhor os objetos fascinantes de que são feitas as exposições de arquitetura.

Conduzidas por convidados que conhecem como ninguém aspetos das obras apresentadas, estas sessões acompanham os visitantes

numa viagem que tornam os conteúdos das exposições ainda mais explícitos e acessíveis.

Reservas para garagemsul@ccb.pt ou 213 612 614/5

outubro

Dia 2 \ 11h00 \ Visita à exposição por David Malaud, curador da exposição (visita em inglês) Dia 3\ 11h00 \ Visita 1.º domingo do mês (dia com entrada livre na Garagem Sul)

Dia 23 \ 11h00 \ Visita à Cidade: Boxing Boxes por Manuel Henriques, diretor executivo da Trienal de Arquitectura de Lisboa

novembro

Dia 7\ 11h00 \ Visita 1.º domingo do mês (dia com entrada livre na Garagem Sul)

Dia 20 \ 11h00 \ Visita à exposição por José Capela, Diretor Artístico da Mala Voadora Dia 27 \ 11h00 \ Visita à Cidade: Casa da Moeda por Margarida Cunha Belém, autora e investigadora de arte e arquitetura

dezembro

Dia 5 \ 11h00 \ Visita 1.º domingo do mês (dia com entrada livre na Garagem Sul)

Dia 11 \ 11h00 \ Visita à exposição por Joana Jacinto, arquiteta paisagista

janeiro

Dia 15 \ 11h00 \ Visita à Cidade: Escola do Castelo por Pedro Baía, arquiteto

Dia 29 \ 11h00 \ Visita à exposição por Pedro Barata, arquiteto Anarchlab

Dia 30 \ 11h00 \ visita à exposição por Ivo Poças Martins, arquiteto e co curador da exposição

Exposição

Rádio Antecâmara

Curadoria: Alessia Allegri e Pedro Campos Costa

22 fev a 4 set 2022

O espaço em que habitamos não é só

construído de paredes. Umas dessas matérias espaciais, que não vemos mas sentimos com o corpo e com a cabeça, é o som. Som que é também o lugar da palavra, é uma dimensão fundamental da arquitetura. Ao apresentar essa dimensão preceptiva do espaço, esta exposição explora os modos através dos quais a arquitetura constrói a nossa experiência quotidiana do espaço e do meio ambiente. A componente central da exposição é um estúdio de gravação que, de fevereiro a setembro de 2022, vai acolher em residência a Rádio Antecâmara, uma rádio que emite arquitetura e usa as ondas hertzianas e os circuitos digitais para questionar e expandir noções de cidade, lutando por fazer da cidade um lugar heterogéneo de encontro e de descoberta.

Em órbita em torno do espaço performativo e

habitado do estúdio, os conteúdos da exposição

vão demonstrar como o som modela a nossa

perceção do espaço e que a matéria dos

edifícios nem sempre é visível.

Referências

Documentos relacionados

Os “Mercados Ecorurais” decorrem nos primeiros domingos de cada mês junto à Igreja Matriz de Ourém, (em condições meteorológicas adversas, no Centro de Negócios de Ourém),

(a) Assegurar que a geração de resíduos perigosos e outros resí- duos em seu território seja reduzida a um mínimo, levando em consideração aspectos sociais, tecnológicos

Saídas diárias com motorista falando inglês 5⁰₋ Dia – Dubai /Abu Dhabi: Café da Manhã buffet no Hotel, traslado com motorista falando inglês para ABU DHABI e Entrada para

Alguns teóricos consideram o autor, o ser menos capaz para fazer a crítica de seu livro, já outros, o acham o mais competente por ser ele o produtor do texto, e isso lhe

A ascese inaciana é sem dúvida um dos traços mais vigorosos e peculiares do espírito da Reforma Católica, e é também à luz das propostas deste movimento

Como o objetivo deste estudo é direcionado à indústria moveleira de Palhoça, é importante que se faça uma pequena ilustração de como surgiu esta indústria

The first of those strategies, which we denominate by Dynamic momentum strategy, makes use of the 2-month moving average of the spread between the S&P500 Implied Correlation

Por meio das pesquisas e da entrevista com o gestor da empresa, tendo como base as suas necessidades, os módulos operacionais do sistema ERP supre-as, no sentido de