Entre Mundos
Pensamento
2021/2022
Pensamento
A temporada que agora se inicia será tomada por várias formas de abordar os mundos em que vivemos. Mundos, assim mesmo no plural, porque se reportam à multiplicidade dos mundos imaginados, vividos individual e coletivamente, projetados ou repensados. À diversidade dos mundos culturalmente e socialmente debatidos, da idiossincrasia à mobilização dos inúmeros grupos que têm de encontrar campos comuns de debate e reconhecimento.
A reflexão sobre o pensamento e a prática humana, nos vários campos que contribuem para conhecer e fruir estes mundos, sempre esteve presente na programação do Centro Cultural de Belém.
Decidimos, para esta temporada, propor um conjunto de ciclos de conferências, debates, conversas e cursos que se dedicam a um
conjunto de temáticas que são hoje inescapáveis: desde a reflexão sobre os processos de representação e inscrição visual que são o tema das conferências dedicadas às Visualidades Negras, passando pelo grande ciclo de conferências, a realizar ao longo do ano de 2022 – por alguns dos nomes centrais do pensamento francófono – que traz, sob o ponto de vista da sensibilidade e da estética, o debate sobre temáticas urgentes, como o feminismo, a discriminação, a natureza e a ecologia, a política e a economia.
Pretendemos, portanto, sob este grande guarda-chuva que é o
Pensamento, contribuir para a reflexão contemporânea, sabendo que o nosso campo, que é o da arte e da cultura, só se inscreve quando tem consciência de que está comprometido com o que fervilha no quotidiano, mas nele não se esgota.
Entre estes mundos, precisamos de gerar campos comuns.
Ciclo História de Arte
2 out a 18 dez 2021
6€ (por sessão)
50€ (bilhete ciclo – 10 sessões)
Desconto Estudante: 20% para bilhetes individuais
Duração: 90 minutos
História da Arte da Época Moderna (Séculos XV a XVIII)
Fernando António Baptista Pereira 2, 9, 16 e 30 de out
Centro de Congressos e Reuniões / 11h30 As quatro sessões relativas aos séculos XV a XVIII procuram centrar-se nalgumas das grandes transformações verificadas nos diferentes géneros da Pintura Europeia, do Renascimento aos alvores do Romantismo, a partir do estudo e confronto entre grandes figuras artísticas do contexto internacional e de algumas personalidades nacionais que com elas puderam em algum momento ombrear.
Fernando António Baptista Pereira é Historiador de Arte, Museólogo e Presidente da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
História da Arte do Século XIX
Raquel Henriques da Silva 6, 13 e 20 nov
Centro de Congressos e Reuniões / 11h30 90 minutos
Durante três sessões no mês novembro, a História da Arte do século XIX estará em discussão pela professora Raquel Henriques da Silva. No dia 6 de novembro vamo-nos centrar nos tempos conturbados entre 1807 e
António Sequeira e o projeto do Real Palácio da Ajuda. No dia 13 de novembro, o tema em destaque será A Extinção dos Conventos: Um Choque Patrimonialista. Por fim, no dia 20 de novembro, estarão em discussão os percursos de modernidade através de pintura e de uma escultura, com destaque para as obras de José Malhoa, Columbano Bordalo Pinheiro, Rafael Bordalo Pinheiro, António Soares dos Reis e António Carneiro.
Raquel Henriques da Silva é Professora
associada do Departamento de História de Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
História da Arte do Século XX
Joana Cunhal Leal 4, 11 e 18 dez
Centro de Congressos e Reuniões / 11h30 Nestas sessões, analisam-se questões
transversais da produção artística ao longo do século XX: da centralidade da abstração na história do modernismo e das tentativas da sua superação (4 de dezembro), aos vários meios e modos de permanência da representação (11 de dezembro). A sessão de 18 de dezembro analisa práticas artísticas que vão da criação de objetos às questões da desmaterialização da arte. O caminho a percorrer implica o reconhecimento de que o artístico não é um domínio isolado, mas antes impregnado da matéria do mundo.
Joana Cunhal Leal é Professora Auxiliar no
Departamento de História da Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa.
Conversa
Dicionário de Artistas
Gonçalo M. Tavares à conversa com Luís Maria Baptista (Os Espacialistas)
3 out
Centro de Congressos e Reuniões 18h30
7€
Desde outubro de 2020, Gonçalo M. Tavares tem escrito pequenos textos que foram sendo publicados semanalmente nas plataformas digitais do CCB. A última publicação acontecerá no final de setembro de 2021, culminando com um debate com a presença do escritor e de Luís Maria Baptista, fundador d’Os Espacialistas, um projeto laboratorial de investigação teórica e prática das ligações entre arte e arquitetura.
Conferências
Kleist: o(s) sentido(s) da justiça
José Bragança de Miranda José Gomes Pinto
José Miranda Justo Maria Filomena Molder Moderação Carlos Pimenta
6 e 20 out 3 e 17 nov
Centro de Congressos e Reuniões / 18h30 22€ (bilhete ciclo – 4 sessões) ou
7 € (por sessão)
Desconto Estudante: 20% para bilhetes individuais
Em jeito de preâmbulo à apresentação de O Duelo, encenado por Carlos Pimenta, promovemos quatro sessões de reflexão em torno desta obra escrita por Kleist, em 1811.
Refletiremos sobre as dicotomias presentes nesta novela, onde o confronto que lhe dá nome, ao abrigo da arbitrariedade divina, parece ser a única forma justa de os homens conseguirem aferir sobre honra e honestidade.
Carlos Pimenta é encenador e professor. Foi
membro, entre 1979 e 2001, da Companhia do
Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II). Dirigiu
espetáculos no TNDM II, Teatro Nacional São
João, Centro Cultural de Belém, Fundação
Calouste Gulbenkian, Teatro Municipal do
Porto – Rivoli, São Luiz Teatro Municipal, Teatro
Camões, entre outros.
Programa
6 out
José Miranda Justo
Doutorado pela Universidade de Lisboa, 1990, com uma dissertação em História da Filosofia da Linguagem. Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Membro da CFUL desde a sua fundação.
Publica e leciona nas seguintes áreas: Filosofia da Linguagem, Estética e Filosofia da Arte, Filosofia da História, Hermenêutica, História da Filosofia, Estudos da Tradução.
20 out
José Gomes Pinto
Professor, investigador e ensaísta. Licenciado em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa e doutorado em Estética e Teoria das Artes pela Universidade de Salamanca. As suas áreas de interesse são a Estética e a Teoria da Arte, a Arte e a Teoria dos Media, a Filosofia da Tecnologia e a Filosofia da Comunicação. Tem vários capítulos e artigos publicados em livros e revistas. Dos seus títulos, destaquem-se Artes Tecnológicas e a Rede de Internet em Portugal (2009), Tecnologias Culturais e Artes dos Media (2016) e Fundamento e Imersão – Ensaios Sobre a Técnica (2019).
3 nov
José Bragança de Miranda
Professor, investigador e ensaísta. Docente no Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa. Tem
lecionado nas áreas da Teoria da Cultura, Artes Contemporâneas, Teoria dos Media, Cibercultura e Teoria Política. Autor de
numerosos ensaios nas mais diversas áreas da cultura contemporânea. Das suas publicações, destaquem-se Analítica da Atualidade (1994), Política e Modernidade: Linguagem e Violência na Cultura Contemporânea (1997), Teoria da Cultura (2002), Corpo e Imagem (2012) e Jorge Molder – Ph. 01 (2017).
17 nov
Maria Filomena Molder
Filósofa e ensaísta. Foi professora de Estética,
marcante para várias gerações de alunos, na
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa. Tem uma
influente obra ensaística, distribuída por livros,
revistas de filosofia e literatura, e de catálogos
e outras publicações sobre arte e artistas. Dos
seus títulos, destaquem-se Semear na Neve –
Estudos sobre Walter Benjamin (1999, Prémio
PEN Clube 2000 para Ensaio), As Nuvens e o
Vaso Sagrado (2014), Rebuçados Venezianos
(2016, Prémio AICA/FCC 2017) e Dia Alegre, Dia
Pensante, Dias Fatais (2017, Prémio PEN Clube
2018 para Ensaio).
Conferências
Conversas com História
Raquel Varela
30 out a 4 jun 2022
Centro de Congressos e Reuniões 17h00
7€ (por sessão)
A história pública regressa ao CCB. Mais do que nunca urge pensar o futuro a partir da revisitação crítica do passado, para um público não académico, amplo, que é chamado a participar no ciclo Conversas com História.
Programa
30 out
Maria Manuel Mota 20 nov
Olga Roriz 18 dez
António Victorino d’Almeida 8 jan
A. M. Galopim de Carvalho 5 fev
Jorge Gaspar 5 mar
Ângela Ferreira 2 abr
Fausto Bordalo Dias 7 mai
Isabel do Carmo 4 jun
Maria José Morgado
Conferências
A Comuna de Paris e as Conferências do Casino
Ana Rocha
15 e 22 nov
Centro de Congressos e Reuniões 18h00
11€ (bilhete ciclo – 2 sessões) ou 7€ (por sessão) Desconto Estudante: 20% para bilhetes
individuais
15 nov
Na Iminência da Comuna de Paris 22 nov
A Comuna de Paris
e as Conferências do Casino
Pressagiando a forma como a Comuna de Paris terminaria num banho de sangue, Victor Hugo escreveu que «em determinados
momentos, os povos colocam tudo em questão e tais terramotos sociais têm consequências trágicas». Durante a Semana Sangrenta que decorreu entre 21 e 28 de Maio de 1871, no turbilhão da derrota dos partidários da Comuna, os excessos de violência e a repressão impiedosa instalaram-se nos dois campos inimigos e os parisienses presenciaram e participaram na denúncia, perseguição e fuzilamento de milhares de communards.
O fim da insurreição popular francesa, que tinha durado 54 dias, e os seus últimos incidentes explosivos coincidiram com a semana do lançamento em Lisboa das Conferências Democráticas do Casino. À época, Antero de Quental e Eça de Queiroz eram jovens de 29 anos e de 25 anos de idade, respectivamente, assistindo de longe à hecatombe da Comuna de Paris.
«A resistência fez saltar uma velha sociedade pelo petróleo, pelo dinamite e pela
nitroglicerina!», lê-se no derradeiro capítulo de
O Crime do Padre Amaro. Com a sua corrosiva
ironia, em sete páginas com centenas de pontos
de exclamação, Eça escreve sobre a Comuna de
Paris e, na conversa entre o conde de Ribamar
e dois clérigos que decorre sob o pedestal da estátua de Camões no Chiado, é estabelecida uma equação entre o estado da política e da sociedade portuguesas e a insurreição francesa que incendiou uma série de símbolos do poder e do prestígio, tais como o Palácio da Justiça, o Palácio Municipal e o Palácio da Legião de Honra. As palavras do conde de Ribamar são estas: «Depois deste exemplo da Comuna, não se torna a ouvir falar de república, nem de questões sociais, nem de povo! É possível que haja um ou dois esturrados que se queixem e digam tolices sobre a decadência de Portugal e que estamos num marasmo! Baboseiras!»
Provavelmente, os referidos «esturrados»
seriam o próprio Eça e Antero de Quental, dois dos protagonistas das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, lançadas em 22 de Maio de 1871.
Ana Rocha
(A autora escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico)