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A autopercepção do envelhecimento a partir da dimensão da imagem corporal de mulheres idosas assistidas por uma operadora de plano de saúde em Brasília, Distrito Federal, Brasil

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Universidade

Católica de

Brasília.

A autopercepção do envelhecimento a partir da dimensão da

imagem corporal de mulheres idosas assistidas por uma operadora

de plano de saúde em Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Caio Alencar Mendonça

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Universidade

Católica de

Brasília.

Programa de Pós-Graduação,

Strictu Sensu

, em

Gerontologia.

A autopercepção do envelhecimento a partir da dimensão da

imagem corporal de mulheres idosas assistidas por uma operadora

de plano de saúde em Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Caio Alencar Mendonça

Professora-Orientadora: Dra. Carmen de Jansen Cárdenas

Co-Orientador: Clayton Neves Camargos

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CAIO ALENCAR MENDONÇA

 

 

 

 

 

 

A autopercepção do envelhecimento a partir da dimensão da

imagem corporal de mulheres idosas assistidas por uma operadora

de plano de saúde em Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da

Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Professora-Orientadora: Dra. Carmen de Jansen Cárdenas

Co-Orientador: Clayton Neves Camargos

 

 

 

 

 

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M539a Mendonça, Caio Alencar.

A autopercepção do envelhecimento a partir da dimensão da imagem corporal de mulheres idosas assistidas por uma operadora de plano de saúde em Brasília, Distrito Federal, Brasil / Caio Alencar Mendonça. – 2008.

216 f.: il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2008. Orientação: Carmen Jansen de Cárdenas.

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  TERMO DE DEFESA

Dissertação de Mestrado defendida em 25 de junho de 2008, às 14h00, no Campus II da Universidade Católica de Brasília - UCB - na cidade de Brasília do Distrito Federal - DF -, e aprovada pela banca de examinadores.

Banca de examinação de Dissertação de Mestrado constituída por:

________________________________________

Examinadora Externa Convidada: Dra. Vivian Ferreira do Amaral

Docente-Adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR - & da Universidade Federal do Paraná - UFPR -.

________________________________________

Examinadora Interna Convidada: Dra. Lucy Gomes Vianna

Programa de Pós-Graduação, Strictu Sensu, em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília - UCB -.

________________________________________

Examinador Interno Convidado: Dr. Armando José China Bezerra

Programa de Pós-Graduação, Strictu Sensu, em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília - UCB -.

________________________________________

Examinador Interno Suplente Convidado: Dr. Vicente de Paula Falheiros

Programa de Pós-Graduação, Strictu Sensu, em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília - UCB -.

________________________________________

Docente-Orientadora: Dra. Carmen Jansen de Cárdenas

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  AGRADECIMENTOS

Primeiramente à orientadora - Professora-Doutora Carmen Jansen de Cárdenas - que

proporcionou total liberdade de escolha, não somente quanto ao tema desta pesquisa, mas,

também, porquanto às abordagens metodológicas e teóricas utilizadas nesta dissertação. Esta

sábia postura jamais significou negligência ou descaso de sua parte. Pelo contrário, possibilitou o

surgimento de uma ótima parceria entre a supracitada docente e seu orientando.

A presente pesquisa é fruto da generosidade de alguns expertises que contribuíram ao

aprimoramento científico deste autor: os Professores Drs. Armando José China Bezerra, Lucy

Gomes Vianna, Margô Karnikowski e Vicente de Paula Falheiros que fizeram refletir sobre a

atenção à pessoa idosa não exclusiva ao saber Médico, mas, impressivamente, ao Gerontológico.

Especialmente à amiga, colega de profissão e de Pós-Graduação em Gerontologia, Eneida

de Mattos Brito Oliveira Viana: ressalta-se a relação de reciprocidade acumulada desde os

tempos da graduação médica, no dia-dia da rotina profissional, afora o convívio no transcurso do

mestrado que serviram de estímulo à conclusão deste estudo.

Este trabalho contou ainda com o apoio de diversos outros amigos, colegas e parentes:

MUITO OBRIGADO!!!

Por fim, elencam-se as instituições colaboradoras à viabilização desta obra: a Rede Sarah

de Hospitais de Reabilitação pelo tempo concedido à formação deste “Neo-Gerontólogo”; a

Fundação de Seguridade Social pela gentileza da cessão de espaço às investigações aqui

apresentadas; e o Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Gerontologia da UCB pelo

(7)

 

 

Especialmente ao Professor, Colega de setor da saúde, Amigo e Companheiro, Clayton Neves Camargos, por me mostrar a importância

das “categorias de pensamento”e de me conduzir a uma leitura de revelações pelas obras de Albert Stunkard, Amotz Zahavi, Ana Amélia Camarano, António Damásio, David Le Breton, Dominique Maingueneau, Georges Vigarello, Gilles Lipovetsky, Guita Debert, Marcel Mauss, Maria Cecília Minayo, Michael Grossman, Michel Foucault, Nancy Etcoff, Naomi Wolf, Paul Schilder, Pierre Boudier, Roland Barthes, Táki Cordás, Ulrich Renz e Umberto Eco - peças fundamentais na construção deste trabalho -; pelas conversas incansáveis, reflexões críticas e enriquecedoras no período embrionário deste estudo; pela concessão de espaço à concretização do campo de pesquisa; pelo rigor técnico no monitoramento das investigações in locus; por saber ouvir, aconselhar e apoiar nos momentos em que precisei; pelas longas horas em que trabalhamos juntos; pelo seu trabalho impecável na análise metodológica; pela leitura cuidadosa e pelas valiosas sugestões que procurei, ao máximo, incorporar nesta obra. E, sobretudo, por ter sido um parceiro decisivo durante todo período da minha formação em Gerontologia. De fato, um Orientador à vida e um Co-Orientador

(8)

 

 

“Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela. Junto ao fogo do lar, dobando o fio e fiando, dirás ao recitar meus versos e pasmando: Ronsard me celebrou no tempo em que fui bela. E entre as servas então não há de haver aquela, que já sob o labor do dia dormitando, se o meu nome escutar não vá logo acordando, e abençoado o esplendor que o teu nome revela. Sob a terra eu irei, fantasma silencioso, entre as sombras sem fim procurando repouso, e em tua casa irás, velhinha combalida, chorando o meu amor e o teu cruel desdém. Vive sem esperar pelo dia que vem; colhe logo, desde já, colhe as rosas da vida”. (RONSARD apud ECO, 2007, p. 166)

“Quand on observe un mur constellé de taches, ou formé d’une grande variété de pierres, et que l’on imagine une scène, on croit discerner des paysages magnifiques, avez des montagnes, des rivières, des roches, des arbres, des plaines, de larges vallées et des collines; ou bien des scènes de bataille et des personnage en mouvement; ou encore des visages et des costumes étranges, et une infinité d’objets que l’on peut réduire à des formes parfaites, nettement dessinées. Elles apparaissent sur ces mur de façon vague, comme lorsque l’on imagine reconnaître dans le son d’une cloche un nom ou un mot qui vous vient à l’esprit.” (DA VINCI apud SILVERS, 1998, p. 62)

“Ergueu o lençol mas de repente a velha despertou e começou a se debater, a gritar como se estivesse fora de si. Mas a menina era robusta e estava armada com o facão de caça do pai; conseguiu conter a avó o suficiente para ver o que estava lhe causando a febre. Lá onde deveria estar a mão direita, havia apenas um coto e já muito infeccionado. A menina fez o sinal-da-cruz e deu um grito tão grande que os vizinhos ouviram e correram num segundo. No primeiro olhar reconheceram na verruga um mamilo de bruxa; arrastaram a anciã, assim como estava, de camisola, pela neve afora, empurrando sua velha carcaça a pauladas até a borda da floresta, onde apedrejaram-na até a morte. Depois disso a menina foi viver na casa da avó, feliz e contente”. (CARTER apud ECO, 2007, p. 318)

(9)

 

  SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 9

LISTA DE TABELAS 11

LISTA DE GRÁFICOS 11

RESUMO 12

ABSTRACT 13

RESUMÉ 14

CAPÍTULO I - DA APRESENTAÇÃO 15

DO PROBLEMA,DA HIPÓTESE,DOS OBJETIVOS EDA JUSTIFICATIVA 22

DO MÉTODO EDOS MATERIAIS 27

DAS POTENCIAIS LIMITAÇÕES DO ESTUDO 50

CAPÍTULO II - DA IMAGEM E SUAS VARIAÇÕES: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO

PANORÂMICA E ESSENCIAL 51

DOS CICLOS DA VIDA,DO CORPO EDA BELEZA 56

DA IMAGEM CORPORAL 77

DA IMAGEM INVERTIDA EDA “JUVENIZAÇÃO” 88

DA IMAGEM MIDIÁTICA 117

DA IMAGEM SEXUAL 146

DOS DIREITOS CONTEMPORÂNEOS ÁUMA IMAGEM SOCIOPOLITICAMENTE INCLUÍDA 154

DE UM REDIMENSIONAMENTO ÀIMAGEM DA PESSOA IDOSA 157

CAPÍTULO III - DA EFETIVAÇÃO DO CAMPO: SEUS RESULTADOS E SUAS

DISCUSSÔES 159

DAS CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS 160

DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESTADO GERAL EDOS PROBLEMAS DE SAÚDE 171

DA CARACTERIZAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL 210

CAPÍTULO IV- DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS 242

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 257

(10)

 

‐ 9 ‐ 

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: VANITAS, BERNARDO STROZZI, MUSEU PÚCHKIN, MOSCOU, 1630 (ECO, 2007, P. 158) 15

FIGURA 2: BUDAPEST (THE MODEL), ANDRES SERRANO (ECO, 2007, P. 165) 51

FIGURA 3: AS TRÊS IDADES DO HOMEM E A MORTE, HANS BALDUNG, 1539,

MUSEO DEL PRADO, MADRI (PHAIDON, 1999, P. 24) 62

FIGURA 4: ESTUDO DE ETCOFF, IMAGEM DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

FUNCIONAL (ETCOFF ET AL., 2001), P. 540 72

FIGURA 5: ESTUDO DE ETCOFF, IMAGEM DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

FUNCIONAL (ETCOFF ET AL., 2001), P. 541 73

FIGURA 6: APRESENTADORA DE TELEVISÃO BRASILEIRA HEBE CAMARGO AOS 25 ANOS DE IDADE 100

FIGURA 7: APRESENTADORA DE TELEVISÃO BRASILEIRA HEBE CAMARGO AOS 72 ANOS DE IDADE 100

FIGURA 8:ESCULPIMOS CORPOS”, PROPAGANDA EM OUTDOOR, DF-025,

ESTRADAPARQUE AEROPORTO, BRASÍLIA-DF. DEZ. 2007. FOTOGRAFIA

PRODUZIDA PELO AUTOR 119

FIGURA 9: MULHER GROTESCA, QUENTIN METSYS, LONDON NATIONAL

GALLERY, LONDON-UNITED KINGDOM-UK, 1525-1530 (ECO, 2007, P. 171) 123

FIGURA 10: LA PETITE ABEILLE, TIPAYAPHONG, PIERRE ET GILLES, 2003 (PAUME, 2007, P. 334) 124

FIGURA 11:GISELE BÜNDCHEN, DESFILE DA GRIFE ESTADUNIDENSE DE ROUPAS

ÍNTIMAS FEMININAS VICTÓRIA’S SECRET. VOGUE FRANCE, DEZ. 2006, P. 44 127

FIGURA 12:IMAGEM DE PEÇA PUBLICITÁRIA DE UMA CLÍNICA DE

IMPLANTODONTIA EESTÉTICA ORAL EM BRASÍLIA-DF 131

FIGURA 13: PRO-AGE: BEAUTY HAS NO AGE LIMIT,

WWW.CAMPAIGNFORREALBEAUTY.COM, DOVE, 2008 132

FIGURA 14: ATRIZ BRASILEIRA SUZANA VIEIRA, 65 ANOS. DESFILE DE

(11)

 

‐ 10 ‐

FIGURA 15: CAPA DA REVISTA BRASILEIRA, DE PUBLICAÇÃO SEMANAL,

“EPOCA”, EM 28DE ABRIL DE 2008 139

FIGURA 16: THE MAX FACTOR BEAUTY CALIBRATOR - 1932 - (EASTON, 2004, P. 863) 159

FIGURA 17:PRIMEIRA-DAMA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, D.

MARISA LETÍCIA DA SILVA (LINHARES, 2008, P. 84) 195

FIGURA 18: BREAST AUGMENTATION PHOTOS - PATIENT 3649, SCOTT J. ZEVON MD,

NEW YORK CITY BREAST AUGMENTATION, 2006. (CARIOU, 2006, P. 47) 200

FIGURA 19: 1979, PIERRE ET GILLES, 1979 (PAUME, 2007, P. 7) 201

FIGURA 20: ATRIZ ESTADUNIDENSE LINDA CARTER COMO A HEROÍNA MULHER-MARAVILHA. CARTÃO POSTAL 223

FIGURA 21: VENUS MARINE, LAETITIA CASTA, PIERRE ET GILLES, 2000 (PAUME, 2007, P. 242) 225

FIGURA 22: GRACE KELLY, HOWELL CONANT, 1955. CARTÃO POSTAL 228

FIGURA 23: AUDREY HEPBURN, HOWELL CONANT, 1961. CARTÃO POSTAL 229

FIGURA 24: MARILYN MONROE, BERT STERN, 1962. CARTÃO POSTAL 229

FIGURA 25: PÔSTER, DEAD BECOMES HER, 1992 230

FIGURA 26: ATRIZ ESTADUNIDENSEMERYL STREEP COMO “MADELINE ASHTON” EMDEATH BECOMES HER,1991 231

FIGURA 27: CONCORRENTES DO MISS UNIVERSO 1955. CARTÃO POSTAL 237

FIGURA 28: BRANCA DE NEVE, CENAS DO LONGA METRAGEM DE ANIMAÇÃO A BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES,WALT DISNEY, 1937 238

FIGURA 29: BRUXA MÁ, CENAS DO LONGA METRAGEM DE ANIMAÇÃO A BRANCA DE NEVEE OS SETE ANÕES,WALT DISNEY, 1937 238

FIGURA 30: ATRIZ FRANCESA CATHERINE DENEUVE, DE 66 ANOS DE IDADE,

(12)

 

‐ 11 ‐

LISTA DE TABELAS

TABELA 1:VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS DA AMOSTRA ESTUDADA 161

TABELA 2: PROPORÇÃO DE MULHERES IDOSAS DE ACORDO COM A PERCEPÇÃO DE ESTADO GERAL DE SAÚDE POSITIVA - EXCELENTE/MUITO BOA E BOA - E NEGATIVA - REGULAR E RUIM - 171

TABELA 3: PROBLEMAS DE SAÚDE REFERIDOS PELAS MULHERES IDOSAS E CLASSIFICADOS DE ACORDO COM A CID-10 (2004) 181

TABELA 4: FREQÜÊNCIA ABSOLUTA E FREQÜÊNCIA RELATIVA DAS MULHERES IDOSAS SEGUNDO A ESCALA DA PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL REAL E IDEAL 210

TABELA 5: PERCENTAGEM DE MULHERES IDOSAS SATISFEITAS E INSATISFEITAS - MAGREZA E EXCESSO - COM A IMAGEM CORPORAL 212

TABELA 6: MEDIANA E RANK MÉDIO DA IDADE, MASSA CORPORAL, ESTATURA E IMC DAS MULHERES IDOSAS DE ACORDO COM A PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL 215

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1:PERCENTUAL DE MULHERES IDOSAS AGRUPADAS EM 3

CATEGORIAS DE SILHUETAS 211

GRÁFICO 2: DISTRIBUIÇÃO DO IMC DAS MULHERES IDOSAS EM RELAÇÃO À PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL - SATISFEITO, INSATISFEITO PELA

(13)

 

‐ 12 ‐

RESUMO

A autopercepção do envelhecimento a partir da dimensão da imagem corporal de mulheres idosas assistidas por uma operadora de plano de saúde em Brasília, Distrito Federal, Brasil .

Introdução: A sociedade contemporânea supervaloriza o ser humano jovem, belo e ativo, discriminando o ancião, o feio e o inativo, considerando assim o envelhecimento como um momento improdutivo, de “feiúra” e sem perspectivas, tanto pessoal como social. Esse imperativo não perspectiva a totalidade dos valores associados à juventude, mas apenas aqueles referentes ao aspecto exterior, à imagem que se projeta à sociedade. Mais importante que as virtudes/defeitos da juventude são as impressões corporais transmitidas para o exterior, onde o “ser” é nitidamente subjugado ao “parecer”. Não se “é” jovem, mas tenta-se “parecer” jovem. Objetivo: Compreender o envelhecimento e suas interrelações à imagem corporal constituída pelos sinais autopercebidos do estado geral de saúde e sua mediação por fatores comportamentais, culturais e sociodemográficos. Materiais e métodos: Este trabalho, de corte transversal, caracteriza-se como quanti-qualitativo e descritivo correlacional, de investigação pedagógica inter e transdisciplinar,cujo universo amostral constitui-se por 60 mulheres idosas, na faixa etária de 60 a 72 anos, selecionadas por conveniência e, estratificação proporcional por beneficiárias assistidas pela atenção médica oferecida por um programa de promoção da saúde em uma operadora de atenção suplementar, na cidade de Brasília - Distrito Federal - DF - Brasil. Foi utilizado um questionário aplicado em forma de entrevista individual, com o intuito de obter informações referentes às características sociodemográficas - idade, estado civil, arranjo e renda familiar, escolaridade, classe econômica -, indicadores de saúde - percepção subjetiva e problemas de saúde auto-referidos -, e à percepção da imagem corporal utilizou-se a aplicação do questionário composto pela Escala de Figuras de Stunkard - Figure Rating Scale - FRS, escala de nove silhuetas, traduzida à língua portuguesa. Este protocolo foi associado aos resultados do Índice de Massa Corpórea - IMC - do conjunto de pesquisadas, obtidos por meio do peso e da estatura auto-referidos. À análise dos dados: utilizou-se de procedimentos da estatística descritiva, medidas de associação e análise não paramétricas, adotando-se o nível de significância de 5%. Resultados: A média de idade das mulheres idosas entrevistadas é de 66 anos, a maior concentração está na faixa etária de 60 a 64 anos (60,7%), ou seja, um grupo de senhoras relativamente jovens. A maioria é viúva (53%), recebe aposentadoria por meio de organismo governamental (100%), reside solitariamente (38,1%), possui Ensino Superior Completo (84%), apresenta um rendimento mensal médio de 10 salários mínimos (60,3%) e pertence majoritariamente à Classe Econômica A (68,8%). Em termos de indicadores de saúde: 65,3% das investigadas têm uma percepção de saúde positiva. Por outro lado, a maior parte do grupo referiu como a principal presença de “problemas de saúde” a necessidade de realização de intervenções cosmético-cirúrgicas (97,4%), sendo que 84% referiram ter realizado algum procedimento deste talhe, e o mais predominante foi a aplicação de toxina botulínica (40%). Quanto à insatisfação sobre a imagem corporal, especialmente ao peso referido, classificada por meio da Escala de Figuras de Stunkard: 54% das pesquisadas estavam insatisfeitas, principalmente pelo excesso ponderal (35,1%) que estava associado ao IMC, no qual o aumento da categoria deste Índice elevava o percentual de mulheres idosas insatisfeitas, mas não foi associada às características sociodemográficas ou aos indicadores de saúde. Entre as pesquisadas satisfeitas e insatisfeitas não houve diferenças em relação à idade e estatura, apenas evidenciaram-se diferenças na massa corporal e no IMC, nos quais as satisfeitas apresentam uma mediana menor que as insatisfeitas.

Discussão: em geral, a insatisfação estava associada ao IMC, mas não à idade, à escolaridade, ao arranjo familiar, à classe econômica, à renda familiar, à percepção de saúde ou aos problemas de saúde auto-referidos pelas pesquisadas. E, sob essa dimensão, quando se pensa em promover a saúde, pensa-se em promover um corpo saudável, hígido, fisiologicamente compensado, o que o associa ao corpo belo, tanto como se beleza e saúde fossem sinônimas ou conceitos inteiramente interdependentes. Conclusão: Observou-se a prevalência do padrão ideal de um corpo magro, considerando que o grupo de pesquisadas com peso aparentemente adequado apresentou descontentamento com relação a sua imagem corporal, desejando alterá-la para adequar-se aos modelos esteticamente bem-sucedidos. Ademais, dicotomicamente, as mulheres idosas aqui analisadas auto-referiram um estado geral de saúde positivo. Entretanto, a bem da verdade, mesmo que o discurso seja saudável a intenção não necessariamente o será. Cabe salientar, nesse contexto, a necessidade de realização de outros traballhos que incorporem à mesma proposta a partir de uma abordagem diretamente qualitativa e que analise o discurso das mulheres idosas a respeito das expectativas sobre suas imagens corporais, atuais e desejadas, ante as motivações que estimulariam suas escolhas de hábitos e estilos de vida - quer sejam estes saudáveis ou não -.

(14)

 

‐ 13 ‐

ABSTRACT

The self-perception ageing from the size of body image in older women assisted by health insurance at Brasilia, Federal District, Brazil.

Introduction: The contemporary society super overvalues young human being, beautiful and active, considering the ageing an unproductive time, “ugly” and without prospects. That don’t submit all the values associated with youth, but only those relating to the external appearance, the image that is projected to society. More important than the benefits/defects of youth are the bodily impressions conveyed to the outside world, where “be” is distinctly subdued the “show”. Do not “is” young, but tries to “be” young. Objective: Understanding the ageing and its relationship to body image formed by self-perceptives signs of overall health status and its mediation by behavioral, cultural and social factors. Methodology: This study, in cross section, is characterized as quanti-qualitative and descriptive correlational, of educational research inter and cross regional, whose sample universe is up by 60 elderly women, from the bracket age of 60 to 72 years old, selected for convenience and, proportional stratification by assisted receiving medical attention offered by a health promotion programme in a carrier of additional attention, at Brasília - Federal District - Brazil. It used a questionnaire administered as a separate interview, in order to obtain information concerning the sociodemographic characteristics - age, marital status, family arrangement, education, economic class and family income - health indicators - subjective perception and health self-refer problems and body image perception used for the implementation of the questionnaire composed by Stunkard Figures Scale - Figure Rating Scale - translated to portuguese language. This protocol was linked to the results of Body Mass Index - BMI - of all the surveyed, obtained by the weight and stature self-refer. To data analysis: used up procedures of descriptive statistics, association measures and non-parametric analysis, adopting significance level of 5%. Results: The average of elderly women interviewed is 66 years old (60,7%), ie, a group of relatively young ladies. Most are widowed (53%), receive retirement through governmental departments (100%), lives alone (38,1%), has completed higher education (84%), has an average monthly income of 10 minimum wages (60,3%) and belongs primarily to the Economic Class A (68,8%). In terms of health indicators: 65.3% has a positive health perception. Moreover, most of the group mentioned as the main presence of “health problems” is the need for carrying out cosmetic-surgical interventions (97,4%), and that 84% reported having done any cut of this procedure, and the most predominant application was botulinum toxin (40%). About body image dissatisfaction, especially to the self-refer weight, classified by Stunkard Figures Scale: 54% of the surveyed were dissatisfied, mainly by weight excess (35,1%) which was associated with BMI, in which the increase in this Index category increased the dissatisfied percentage of elderly women, but wasn’t associated with sociodemographic characteristics or the health indicators. Among satisfied and dissatisfied surveyed there weren’t differences in the age and stature, only showed up differences in body weight and BMI, which one met a show that the median less dissatisfied. Quarrel: in general, the dissatisfaction was linked to BMI, but not to age, family arrangement, coach, family income, perception of health or the health problems mentioned by self-searched. And, on this dimension, when think to health promote, it’s thought to promote a healthy body, eutrophic, physiologically compensated, which combines the body and beautiful, if were both synonymous or concepts entirely interdependent. Conclusion: There was ideal standard prevalence of a body lean, whereas surveyed group weighing seemingly appropriate presented discontent with respect to their body image, desiring to amend it to enter into the models aesthetically successful. Moreover, in conflict, those analyzed elderly women self-reported a good general state of health. However, even if the speech is healthy not necessarily the intention will be. It noted in this context, the need for completion of other studies that incorporate the same proposal from a directly qualitative approach and to analyse the speech of elderly women about their expectations and body images, current and desired, before the motivations that stimulate their choices, habits and lifestyles - whether or not these healthy -.

(15)

 

‐ 14 ‐

RESUMÉ

L’autoperception du vieillissement de la taille de l'image corporelle des femmes âgées assistée par une assurance santé à Brasilia, District Fédéral, Brésil.

Introduction: La société contemporaine survalorise les personnes jeunes, belles et actives et relègue au second plan les seniors, usés et inactifs, considérant le vieillissement comme un temps improductif, de « laideur » et sans perspectives, du point de vue individuel comme social. Cet impératif n’englobe pas toutes les valeurs propres aux jeunes, s’attachant uniquement à l'aspect extérieur, à l'image offerte à la société. Bien plus que les vertus ou les défauts de la jeunesse, ce sont des impressions corporelles qu’il importe de transmettre au monde extérieur, bien plus qu’« être », il convient de « paraître ». On n’« est » pas jeune, on tente de « paraître » jeune. Objectif: Comprendre le vieillissement et sa relation avec l'image du corps, autoperception des manifestations de l’état de santé général, passée au crible de facteurs comportementaux, culturels et sociaux. Méthodologie: Cette étude, une cohorte transversale, se caractérisant comme descriptive corrélationnelle, a été réalisée sur un échantillon de 60 femmes âgées de 60 à 72 ans. Elle a consisté en une stratification proportionnelle de personnes bénéficiant d’une assurance santé à Brasilia/DF (Brésil). On a recueilli, à l’aide d’un questionnaire rempli lors d’un entretien individuel, des données d’ordre socio-économique (âge, état civil, situation familiale, instruction, classe sociale et revenu familial), des indicateurs de santé (perception subjective de la santé, problèmes de santé autorapportés), ainsi que la perception de l'image corporelle, pour laquelle a été appliqué le questionnaire basé sur l’Echelle des Silhouettes Stunkard - Figure Rating Scale - FRS, traduit en portugais. Ce protocole a été associé aux résultats de l'Indice de Masse Corporelle-IMC des participantes, obtenu à partir du poids et de la stature autodéclarés. L'analyse des données a suivi les techniques de statistique descriptive, mesures d'association et analyses non-paramétriques, avec un seuil de signification de 5%. Résultats: L'âge moyen des femmes interrogées est de 66 ans, la plus grande concentration se situant dans la tranche d’âge de 60 à 64 ans (60,7%), soit un groupe de femmes relativement jeunes. La plupart sont veuves (53%), perçoivent une retraite d’un organisme gouvernemental (100%), vivent seules (38,1%), ont un niveau universitaire (84%), un revenu mensuel moyen correspondant à dix salaires minima (60,3%) et appartiennent en grande partie à la classe sociale « A » (68,8%). En termes d'indicateurs de santé, 65,3% ont une perception positive de leur santé. Néanmoins, la majorité d’entre elles indique comme principal "problème de santé" la nécessité d’interventions chirurgicales cosmétiques (97,4%), 84% déclarant s’être soumises à un traitement de cette nature, avec prédominance de l’application de toxine botulique (40%). Le taux d’insatisfaction quant à l'image corporelle, défini sur la base de l’Échelle des Silhouettes de Stunkard, s’élevait à 54%, essentiellement en référence à une surcharge pondérale (35,1%). Il a été associé à l’IMC, dont l’élévation est apparue en rapport direct avec l’augmentation du pourcentage de femmes âgées insatisfaites, mais non aux caractéristiques socio-économiques ou aux indicateurs de santé. On a constaté que, parmi les femmes examinées, satisfaites ou insatisfaites, âge et stature ne faisaient aucune différence, contrairement à la masse corporelle et à l’IMC, en moyenne inférieur chez les femmes satisfaites. Discussion: D’une façon générale, l'insatisfaction était liée à l'IMC, et non à l'âge, à la scolarité, à la situation familiale, à la classe sociale, au revenu familial, à la perception de la santé ou à des problèmes de santé mentionnés par le sujet. Et, à l’heure actuelle, parler d’entretien de la santé renvoie à un corps sain, équilibré physiologiquement, et donc beau, comme si beauté et santé étaient synonymes, voire deux concepts entièrement interdépendants. Conclusion: On a constaté la prévalence du modèle idéal d'un corps maigre, compte tenu du fait que les personnes du groupe étudié, dont le poids était apparemment adéquat, étaient insatisfaites de leur image corporelle, et souhaitaient la modifier pour s’approcher de modèles esthétiquement en vogue. Par ailleurs, ces mêmes femmes ont elles-mêmes évalué positivement leur état général de santé. Il faut néanmoins reconnaître que, même si le discours est sain, l’intention ne l’est pas nécessairement. Il est donc fondamental que soient réalisées d’autres études qui, à partir d’une approche directement qualitative, analysent le discours des femmes âgées sur leurs attentes en matière d’image corporelle, actuelle et souhaitée, en fonction de leurs motivations quant au choix de leurs habitudes et de leurs modes de vie.

(16)

 

15  CAPÍTULO I

DA APRESENTAÇÃO

FIGURA 1: Vanitas, Bernardo Strozzi, Museu Púchkin, Moscou, 1630 (ECO, 2007, p. 158).

(17)

 

16 

O aumento da população de pessoas idosas é um fenômeno mundial observado tanto em

países desenvolvidos como nos em desenvolvimento. No Brasil estima-se que há 16,7 milhões de

pessoas com 60 anos ou mais de idade, o que representa 9,6% da população total (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE -, 2004/2005).

O que chama atenção a este número, além da magnitude, é a velocidade desse

crescimento, principalmente quando comparado com outras faixas etárias (RAMOS, TONIOLO,

CENDOROGLO, GARCIA, PAOLA, SANTOS, EBEL, NASRI, GONÇALVES, SANTOS,

FRAIETA, VIVACQUA, ALVES & TUDISCO, 1998). Com efeito, em 1980 existiam 16 idosos

para cada 100 crianças; em 2000, essa relação praticamente duplicou, passando para quase 30

pessoas idosas por 100 crianças (IBGE, 2002).

Todavia, a queda da taxa de fecundidade ainda é a principal responsável pela redução do

número de crianças, por outro lado a longevidade vem contribuindo progressivamente para o

aumento de pessoas idosas na população. Um exemplo é o grupo dos indivíduos de 75 anos ou

mais de idade, que teve o maior crescimento (49,3%) no último decênio, em relação ao total da

população de pessoas idosas (ibidem): estimativas apontam que o país, em duas décadas, terá 32

milhões de pessoas com idade acima de 60 anos, o que representará 13% da população brasileira

(RAMOS et al., 1998; VERAS, 1994; WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 2002).

Esse aumento na expectativa de vida das pessoas, na maioria das vezes, não vem acompanhado

por melhoria da qualidade de vida (SCHNEIDER & GURALNIK, 1990).

Destarte, o elevado crescimento do contingente de pessoas idosas faz com que diversos

setores da sociedade se mobilizem para oferecer condições necessárias de vida a essa camada

(18)

 

17 

Até o século XIX, a velhice era tratada como uma questão periférica, porque sua

fundamental característica era a não possibilidade que uma pessoa apresentava de se assegurar

financeiramente. Assim, a noção de velho remeteria à incapacidade de produzir, de trabalhar

(PEIXOTO, 1998).

Dessa forma, segundo Peixoto (ibidem), era denominado velho - vieux - ou velhote -

veillard - aquele indivíduo que não desfrutava de status social - muito embora, o termo velhote

também fosse utilizado para denominar o velho que tinha sua imagem definida como bom

cidadão -.

Para demonstrar uma visão menos estereotipada da velhice, o termo idoso foi adotado

para caracterizar, tanto a população envelhecida, em geral, como aquela mais favorecida. A

partir de então, os “problemas dos velhos” passaram a ser vistos como “necessidades das pessoas

idosas” (ibidem).

Por outro lado, Neri & Freire (2000) entendem que a substituição dos termos velho ou

velhice por melhor idade, terceira idade, pessoa idosa, indicaria preconceito, pois, caso contrário,

essa troca de palavras não seria necessária.

Há ainda outros raciocínios acerca do envelhecimento, como, por exemplo, amadurecer e

maturidade, que significam a sucessão de mudanças ocorridas no organismo e a obtenção de

(19)

 

18 

Considerando os mais variados termos, de distintos autores, sobre a questão da velhice,

percebe-se que a pessoa idosa conheceu, assim, uma série de modificações ao longo do tempo,

uma vez que as mudanças sociais reclamavam políticas coletivas ao envelhecimento, assim como

a construção ética do objeto “velho” (PEIXOTO, 1998).

Todavia, mesmo com a existência de inúmeros termos para denominar a fase da vida de

60 anos ou mais, não se deve negar que a velhice – ou qualquer outro termo apreendido –

constitui uma fase do desenvolvimento humano tão importante quanto as demais, merecendo,

portanto, toda a atenção e dedicação, tanto dos estudiosos do assunto, quanto da família, da

sociedade e, principalmente, dos profissionais que se ocuparão da prestação assistencial a esse

conjunto geracional da população, seja do Estado Nacional que seja (ibidem).

No setor da saúde tem-se enfatizado a preservação da autonomia funcional da pessoa

idosa por meio do controle de doenças comuns ao processo fisiológico do envelhecimento

corporal, principalmente as crônico-degenerativas, por meio do incentivo aos hábitos alimentares

adequados e da promoção de um estilo de vida ativo: em síntese, pode-se dizer que a promoção

de estilos e hábitos de vida saudáveis configura o grande desafio da saúde coletiva na atualidade

(CAMARGOS, MENDONÇA & VIANA, 2006).

A vida moderna, que ao mesmo tempo proporciona efeticácia nos serviços de saúde e

conforto resultante do avanço tecnológico, impacta negativamente quando contribui à inatividade

física, aos hábitos alimentares negativos e ao aumento do estresse por intermédio do modo

competitivo em que ocorrem as relações na sociedade. Conseqüentemente, todos esses

comportamentos interdependem entre si resultando prejuízos funcionais ao organismo, tanto

(20)

 

19 

Nessa direção, o declínio funcional da pessoa idosa estaria associado com quedas e danos

físicos, doenças crônicas não transmissíveis, dependência de cuidados, alterações cognitivas,

institucionalização, mudanças na composição corporal (BROADWIN, GOODMAN-GRUEN &

SLYMEN, 2001) e redução do nível de atividade física (VIRTUOSO Jr., 2004).

As alterações nas dimensões corporais acontecem concomitantemente ao aumento da

idade, evidenciando-se na faixa etária mais envelhecida, onde os riscos à saúde são mais

potencializados. Dentre as alterações destacam-se: a redistribuição da gordura localizada nos

membros à parte central do corpo, a diminuição da massa magra (BEMBEN, MASSEY,

BEMBEN, BOILEAU & MISNER, 1995) e o incremento da gordura corporal total

(BROADWIN et al., 2001).

Nisso, observam-se evidências na literatura, onde as modificações quanto ao acúmulo e à

distribuição da gordura sejam devido ao declínio do volume de atividade física e à diminuição do

ritmo metabólico basal associado à manutenção ou ao aumento do aporte calórico, excedendo na

maioria das vezes as necessidades calóricas diárias (POSTON II & FOREYT, 1999): o excesso

de gordura corporal, principalmente na região central do corpo, constitui-se em um fator de risco

à saúde, estando associado com a presença de diversas doenças do tipo crônico-degenerativas

(REXRODE, BURING & MANSON, 2001).

O crescente aumento do sobrepeso e da obesidade nas últimas décadas surpreende os

epidemiologistas pela proporção avassaladora que atinge a população como um todo, em todas as

faixas etárias: estimativas da Organização Mundial da Saúde - OMS -, em 2000, apontaram à

existência de mais de 1 bilhão de adultos portadores de excesso ponderal, sendo 300 milhões

(21)

 

20 

Atualmente, se estima que mais de 115 milhões de pessoas sejam acometidas de

problemas correspondentes à obesidade nos países em desenvolvimento (WHO, 2003a).

Para além disso, os distúrbios psicológicos, incluindo depressão, distúrbios alimentares,

imagem corporal distorcida e baixa auto-estima estão associados ao sobrepeso e à obesidade

(STUNKARD, FAITH & ALLISON, 2003). As prevalências de ansiedade e depressão são de 3 a

4 vezes mais altas entre indivíduos obesos (INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE

STUDY OF OBESITY, 2005). E, indivíduos portadores de obesidade também são

estigmatizados e sofrem discriminação social (UNITED STATES - U. S. - DEPARTMENT OF

HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1998; ibidem, 2001).

Nessa dimensão, a confiança percebida do indivíduo em realizar tarefas específicas -

auto-eficácia - pode determinar uma melhor percepção da imagem corporal, associada também a

uma maior satisfação corporal, o que parece ser um estímulo protetor contra o sobrepeso, uma

vez que estudos indicam que uma melhor percepção corporal esteja conectada ao padrão mais

ativo fisicamente e com melhores hábitos alimentares (LOLAND, 1998; SONSTROEM &

MORGAN, 1989).

A elevada prevalência de pessoas portadoras de excesso ponderal evidencia a necessidade

de elaboração de medidas específicas, direcionadas às diferentes faixas etárias em prol da

efetividade nas intervenções. Para isso, no entanto, faz-se necessário conhecer as reais

necessidades de subgrupos populacionais - crianças, adultos, pessoas idosas - em diferentes

realidades, por intermédio de levantamentos que identifiquem as relações entre os

comportamentos, proporcionados pela diversidade cultural, que afetam o desenvolvimento da

(22)

 

21 

Contudo, as pesquisas identificam uma maior longevidade da população brasileira, o que

torna o estudo das pessoas idosas uma necessidade precípua. Assim, sente-se a necessidade de

aprofundar a compreensão do cotidiano vivenciado por esses seres humanos e seus familiares

(RAMOS, 2003; VERAS, 1994).

Acredita-se que ao se discutir a etapa do envelhecimento humano seja preciso considerar

tanto os critérios cronológicos, como os eventos biológicos e fisiológicos - “biofisiológicos” -

que ocorrem ao longo desse período.

Ao comparar as idades cronológicas, biológicas e fisiológicas - “cronobiofisiológicas” -

de uma pessoa, ela não se apresenta no mesmo patamar, ou seja, a idade em si não representa o

estado do envelhecimento de uma pessoa, mas sim a combinação de vários fatores associados,

embora seja difícil tal avaliação. Nesse sentido percebe-se que o envelhecimento, como muitas

outras situações de vida, se apresenta diferente para cada ser humano (HAYFLICK, 1996).

Na verdade, essa forma de ser e de vivenciar essa etapa de vida se dá de maneira muito

singular, especialmente porque o ser humano é único. Por outro lado, muitos fatores teriam de

ser conhecidos para se entender à razão dessa singularidade, isto é: a forma de enfrentamento do

mundo; a cultura em que está inserto; o tipo de alimentação que utiliza; os hábitos de vida; o

enfrentamento das situações do cotidiano; a leitura da sociedade, dentre tantas outras

características (ibidem).

E, ao explorar essa miríade de possibilidades, lança-se luz em uma delas: a pessoa idosa,

(23)

 

22  Do Problema, Da Hipótese, Dos Objetivos e Da Justificativa

Na cena contemporânea, apenas um único modelo estético é oferecido (RENZ, 2007); no

caso, um corpo jovem e magro, que determina indivíduos insatisfeitos e frustrados -

especialmente as mulheres (ETCOFF, 1999) -: o universo que norteia os códigos de

comportamentos sociais femininos influencia a construção da imagem que se tem do próprio

corpo, bem como do julgamento que é feito a respeito da imagem de outros corpos

(STUNKARD, 1977; ANDRADE, 2002).

A problemática se caracteriza quando a sociedade, na sua arena globalizada e tempo

atual, passa a exercer uma influência - sintonizada à mídia - relevante à estética corporal

feminina, proporcionando à mente da mulher uma insatisfação quanto à forma do corpo,

trazendo uma imagem distorcida de si, deixando-a vulnerável à emersão de transtornos da

autopercepção e auto-imagem corporal (ibidem).

Portanto, a presente investigação desenvolveu-se a partir da seguinte hipótese central: a

incidência, cada vez mais patente, dos eventos relacionados às dismorfias corporais no sexo

feminino e a intercessão sociocultural – em especial dos veículos midiáticos – à admissão,

muitas vezes acrítica, de investimentos cosmético-cirúrgicos na contemporaneidade, e seu

discutível valimento a respeito da projeção de corpos belos, saudáveis e jovens idealizados sob

medida à exultação coletiva e não rigorosamente individual.

(24)

 

23 

A busca pelo alcance dessa projeção intercedida pela mídia pode sugerir que ao ser belo

se agrega uma suposta excelência social (ETCOFF, 1999): sendo assim, apenas o sucesso

profissional e/ou familiar não seriam suficientes, caso não estejam (in)diretamente vinculados à

satisfação da imagem corporal (STUNKARD, 1977).

Para alcançar essa satisfação diversas pessoas fazem uso de inúmeras estratégias

estéticas, algumas buscam com tanta veemência que se submetem aos tratamentos

cientificamente não comprovados, sem medir as conseqüências dessas exposições devido às

recompensas que tais investimentos poderão trazer para sua imagem e bem-estar emocional

(RENZ, 2007).

Logo, assiste-se a uma redefinição cultural da condição da beleza corporal quando na

contemporaneidade todos os processos humanos são banalizados pela hiperbiologização do

homem e sua realidade é progressivamente mediada pela tecnologia (FOUCAULT, 2007).

No discurso tecno-científico contemporâneo há uma insatisfação ou um desconforto com

o humano, levando-os ao pós-orgânico, ao pós-humano, proporcionados por uma potencialidade

de atividades (ibidem).

O supracitado autor (ibidem) ainda teoriza, de forma contundente e não menos polêmica,

que a visão do “homem-máquina” seria cada vez mais acentuada, visando sua (re)construção, sua

(re)modelação. Desta forma, entender-se-ia que o conhecimento tecno-científico modificaria a

corporeidade dos seres humanos e, este processo, seria também uma forma de educação aos

(25)

 

24 

Por esse motivo, a proposta de investigação deste trabalho ancorou-se no campo da

corporeidade, pelo fato de compreender que são no corpo que se aplicam as mais diversas

tecnologias de poder, especialmente aquelas que cingem à saúde, à beleza, à estética e ao

envelhecimento (ETCOFF, 1999; RENZ, 2007).

Portanto, procurou-se problematizar questões apoiadas na autopercepção da imagem

corporal acerca dos eventos dismórficos corporais: a busca por um corpo esteticamente belo por

parte das mulheres idosas - foco deste estudo - compõe esta pesquisa.

E, a partir desses princípios, caminhou-se na compreensão e na contextualização dos

sentidos atribuídos ao ser uma pessoa idosa, mulher e à busca pela construção de uma imagem e

corpo contemporâneos.

Este estudo teve como objetivo central ampliar a compreensão do envelhecimento e suas

interdependências à imagem corporal constituída pelos sinais autopercebidos do estado geral de

saúde e sua mediação por fatores comportamentais, culturais e sociodemográficos. Assim

acredita-se que iniciativas como estas poderão reduzir a distância entre os profissionais de saúde,

a pessoa idosa e seus familiares em face da senescência.

Ensejou-se ainda:

• Apresentar as características sociodemográficas - idade, estado civil, nível econômico e escolaridade - e indicadores de saúde - percepção subjetiva de saúde e comprometimentos

(26)

 

25 

• Repercutir os conceitos - ordenados alfabeticamente - de Atenção Suplementar à Saúde, Autopercepção, Beleza, Cenografia Corporal, Ciclos da Vida, Corpo, Envelhecimento,

Estado de Saúde, Estatuto do Idoso, Feiúra, Geriatria, Gerontologia, Imagem Corporal,

Juventude, Medicina Antiidade, Mídia, Promoção da Saúde e Tecnologia da Beleza;

• Caracterizar a insatisfação e a superestimação do tamanho corporal;

• Contextualizar a influência sociocultural e antropológica, especialmente dos veículos midiáticos, à elaboração de um constructo de imagem corporal requerido pela cena

contemporânea a partir das mulheres idosas aqui pesquisadas;

• Refletir sobre os possíveis cenários que foram constituídos a partir da revisão

bibliográfica e da pesquisa de campo realizadas ao presente estudo.

A efetivação desta dissertação, tendo como plataforma de pesquisa um programa de

promoção da saúde de uma operadora de atenção suplementar cuja área de cobertura é uma

cidade de grande porte, a Capital da República Federativa do Brasil, pode se justificar pelas

seguintes razões:

O Distrito Federal - DF - não possui municípios e é constituído por 26 Cidades-Satélites,

sem descentralização financeira, caracterizando-se como uma Cidade-Estado (CAMARGOS,

PRADO, ASSIS & MERÇON, 2006).

Entretanto, apresenta-se com uma rede de assistência à saúde ascendente, hierarquizada e

descentralizada, cujas referências e contra-referências foram sendo fixadas, historicamente, por

(27)

 

26 

Ademais, contextualiza-se (CAMARGOS et al., 2006):

Percebe-se ainda a dificuldade de acesso à alta complexidade, com a formação de extensas filas de espera às especialidades médicas, sendo o preenchimento das vagas disponíveis baseado no critério de chegada à fila e não o de necessidade e emergência clínica do caso. Em paralelo, observa-se também a ausência de controle do gestor distrital sobre a capacidade instalada e o total domínio dos profissionais de saúde sobre suas agendas, ocasionando a não adequação dos serviços aos recursos humanos disponíveis e ao preconizado pelos parâmetros assistenciais nacionais. (p. 305-306)

Tal questão provocou o fortalecimento do setor privado de atenção à saúde, em especial

de atenção suplementar (DACHS, 2002) - adiante, ver páginas (p.) 31-32, este conceito será

melhor apresentado - e, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS - (2007), o

DF é a terceira Unidade Federada - UF - em termos de volume de beneficiários inscritos em

operadoras de planos de saúde, e o mais relevante é que cerca de 38% do total de assistidos pela

área supletiva distrital são pessoas idosas.

No caso da operadora utilizada como campo à pesquisa desta dissertação, esse número

chega a 40% de seus beneficiários - destes, 52% são do sexo feminino - em todo o Brasil, e o DF

segue a mesma perspectiva estatística (ibidem).

E, boa parte dos estudos direcionados às pessoas idosas, que abordam comportamentos

correspondentes à imagem corporal, é realizada em grandes centros urbanos (ALVES, 2005;

BENEDETTI, PETROSKI & GONÇALVES 2004; LEBRÃO, 2003; RAMOS, 2003; SILVA,

2005).

Contudo, pela necessidade de identificar a interdependência de comportamentos

correspondentes à saúde em pessoas idosas assistidas, com certa freqüência, por modelos de

atenção à saúde de caráter preventivo e que têm a intenção de ativar estilos e hábitos saudáveis

(28)

 

27  Do Método e Dos Materiais

Em síntese, de acordo com Lakatos & Marconi (1996): “Pesquisar não é apenas procurar

a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos”. Por

esta definição compreende-se que a pesquisa não é algo simples (p. 15).

A ação de pesquisar não pode ser entendida apenas como um mero processo

investigativo, um método simplório de inquirição: a pesquisa visa obter compreensões

aprofundadas acerca dos problemas estudados; investigar requer um planejamento minucioso das

etapas a serem observadas, como seleção do tema de pesquisa, definição do problema a ser

investigado, processo de coleta, análise e tratamento dos dados e, enfim, a apresentação dos

resultados.

É importante perceber que nem toda pesquisa é científica, ou pelos menos, nem toda

pesquisa possui fins científicos. Como afirmam Barros & Lehfeld (2003), a pesquisa científica

“É a exploração, é a inquirição e é o procedimento sistemático e intensivo que têm por objetivo

descobrir, explicar e compreender os fatos que estão inseridos ou que compõem uma

determinada realidade” (p. 30). Pode-se ver que a pesquisa científica exige um certo grau de

formalidade: há alguns pré-requisitos que devem ser observados para que a credencie como tal.

Para desenvolver qualquer pesquisa é primordial que se tenha um método claramente

definido e comprovadamente eficaz: segundo Fiorese (2003), “O método (metodologia) é o

conjunto de processos pelos quais se torna possível desenvolver procedimentos que permitam

alcançar um determinado objetivo” (p. 27). De forma análoga se pode dizer que o método exerça

(29)

 

28 

Portanto, uma estrutura metodológica bem definida é condição sine qua non para a

realização de uma pesquisa científica. O que se verifica nas palavras de Araújo (1993) quando

diz que “A ciência é, portanto, metódica. Pretende fornecer um modelo de realidade na forma de

um conjunto de enunciados, que permitem obter explicações acerca de fenômenos e que são,

além disto, suscetíveis de algum tipo de confirmação ou refutação, enfim de validação” (p. 19).

E, de uma parte, neste trabalho foram seguidos os princípios da pesquisa quantitativa de

base observacional e sistemática (CRESWELL, 2007; KATZ, ELMORE, & JEKEL, 2005): o

que caracterizou este estudo como descritivo, de corte transversal, e correlacional, por ensejar a

investigação da correspondência de percepção da imagem corporal às variáveis

sociodemográficas e indicadores de estado geral de saúde (THOMAS & NELSON, 2002).

O conjunto amostral foi constituído por mulheres idosas beneficiárias de uma operadora

de plano de saúde, todas residentes em Brasília - DF -, selecionadas por conveniência. A coleta

de dados foi realizada no período de 01 a 20 de março de 2008. O campo de pesquisa foi

efetivado em um Consultório Médico, em um Centro Clínico na Asa Sul em Brasília - DF -, de

propriedade do profissional credenciado à prestação assistencial à operadora de plano de saúde.

A amostra de conveniência foi composta a partir dos seguintes princípios:

(i) escolher os sujeitos que detêm os atributos relacionados ao que se pretende

estudar - no caso deste trabalho tratam-se essencialmente de pessoas idosas -;

(ii) que os sujeitos selecionados estivessem oficial e regularmente associados ao

programa de promoção da saúde de uma operadora de plano de saúde - todos

(30)

 

29 

(iii) que fossem estritamente do sexo feminino;

(iv) que considerasse o número de sujeitos conforme o pré-estabelecido no

planejamento do universo a ser estudado no campo de investigação, com

possibilidade de redução de até 15% do quantitativo planejado (DENZIN &

LINCOLN, 2000); assim, a amostra buscou certa representatividade numérica.

Nessa direção, planejou-se, idealmente, a escolha por conveniência de 60 entrevistados,

caracterizando, de fato, 60 sujeitos ativamente participantes do estudo, o que significou a

utilização de 100% do potencial planejado ao universo de pesquisados.

De outra parte, ensejou-se a realização de uma discussão qualitativa por meio de uma

análise crítica, aqui entendida como possibilidades interpretativas de caráter hipotético que

pudessem contemplar os sentidos que os sujeitos atribuem aos fenômenos e ao conjunto de

relações em que eles se inserem (ibidem; CHIZZOTI, 2006; FILHO, 2003; MINAYO, 2002).

De uma forma geral, as pesquisas qualitativas procuram a compreensão particular do

objeto estudado, não se preocupam com generalizações. Sua forma de coleta de dados é a

comunicação entre sujeitos envolvidos e o tratamento é feito por meio da hermenêutica, ou seja,

da interpretação, que é compreendida como o modo de aclaramento dos sentidos e significados

da palavra, das sentenças, dos textos, e que é desencadeada pela percepção (MINAYO, 2002).

Portanto, a generalização é abandonada e o foco da atenção investigativa é “centrado no

específico, no peculiar, no individual, almejando sempre a compreensão e não a explicação dos

(31)

 

30 

Esse modelo de pesquisa deve, em síntese, “substituir as correlações estatísticas pelas

descrições individuais e as conexões causais objetivas pelas interpretações subjetivas oriundas

das experiências vividas” (MARTINS & BICUDO, 1989, p. 23-24).

Esta pesquisa levou em conta os princípios éticos de respeito à autonomia das pessoas, de

acordo com a Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde -

CNS -, que regula às diretrizes e normas de pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL,

1996).

Logo, ao preceder a coleta de dados foi solicitada a autorização - por escrito e assinada a

punho - do responsável pelo gerenciamento da área técnica de promoção da saúde da operadora

de atenção suplementar utilizada locorregionalmente como plataforma de campo à pesquisa - ver

ANEXOS, p. 302 -; além da aprovação do protocolo de intervenção do estudo pelo Comitê de

Ética em Pesquisa - CEP - da Universidade GEAP - UniGEAP - da Diretoria Executiva da

Fundação de Seguridade Social - DIREX/GEAP - (Processo nº 0.082.02/08, parecer em

ANEXOS - ver p. 305 -).

Após o aceite foi realizado contato com os potenciais sujeitos a serem pesquisados,

informando-os dos objetivos da pesquisa e solicitando sua participação na mesma: as mulheres

idosas que aceitaram participar no estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e

(32)

 

31 

Em razão de solicitação feita pela área técnica, no nível central, responsável pela gestão

em todo território brasileiro do programa de promoção da saúde da operadora de atenção

suplementar, este trabalho não divulgará detalhes sobre o Profissional Médico credenciado pelo

plano de saúde, tampouco sobre sua atuação técnica, além da estrutura interna do próprio

programa ou mesmo sobre a operadora em questão.

Aqui, neste momento, cabe destacar o entendimento conceitual sobre atenção supletiva

ou suplementar à saúde: a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, a saúde

passou a ser definida como “um direito de todos e um dever do Estado” (BRASIL, 1998, artigos

196 a 200), instituindo, assim, os princípios da universalidade, integralidade e eqüidade da

atenção à saúde.

Ao cumprimento desses princípios foi determinada pela Constituição Federal (ibidem) a

participação de instituições privadas no setor público de saúde: a partir daí, surgiu o sistema

complementar de saúde que pode ser definido como instituições não estatais que prestam

serviços de saúde de forma a complementar ao sistema público de atenção à saúde do Brasil, ou

Sistema Único de Saúde - SUS - (ARAÚJO, 2004; ALMEIDA, 1999).

Outra modalidade de sistema que deve ser reconhecida no âmbito da saúde do sistema

nacional é o suplementar, que também pode ser designado por: atenção suplementar ou atenção

supletiva à saúde (ibidem).

O sistema suplementar de atenção à saúde é definido como um mercado constituído por

um grande número de empresas - operadoras - organizadas sob diversas personalidades jurídicas,

(33)

 

32 

No Brasil, nas últimas décadas, o mercado suplementar de atenção à saúde tem se

expandido de forma significativa: de acordo com pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2000,

mais de 38 milhões de brasileiros estavam assistidos por pelo menos um plano ou seguro de

saúde, o que correspondeu a 24,5% da população do país (ARAÚJO, 2004; PINTO & SORANZ,

2004). E uma das marcas mais relevantes do sistema suplementar de saúde é o pré-pagamento

dos usuários pela utilização dos serviços prestados; sendo a comercialização de seus serviços a

sua principal característica (ALMEIDA, 1998).

Nos últimos 2 decênios, o aumento expressivo dessa prestação assistencial gerou novos

desafios para sua integração ao sistema de saúde brasileiro, e devido este crescimento foi

importante a criação de leis que regulamentassem essa nova modalidade de atenção: portanto, a

regulação de setor possui como marcos legais a Lei nº. 9.656/98, a Medida Provisória - MP

1.661/98 - atualmente a MP 2.097/01- e a Lei 9.961/00, que criou a ANS (PINTO & SORANZ,

2004).

Essa nova legislação dirigida ao mercado de operadoras de atenção supletiva à saúde

busca a padronização dos serviços ofertados, a elaboração de um sistema eficiente, a

fiscalização, a manutenção da estabilidade do mercado e o controle das irregularidades (ibidem).

Vale realçar que - a partir da Lei 9.656, de 03 de junho de 1998 - foram estipuladas novas

regras para o mercado supletivo de atenção à saúde, das quais, elencam-se: a ampliação das

coberturas assistenciais, o ressarcimento ao SUS pelos serviços prestados aos clientes das

operadoras ou seguradoras que forem atendidos na rede pública de saúde, o registro das

operadoras, o acompanhamento de preços pelo governo, a obrigatoriedade da comprovação de

(34)

 

33 

Logo, para execução do campo de pesquisa: consultou-se previamente o Profissional

Médico responsável pela prestação de assistência às mulheres idosas no âmbito do programa de

promoção da saúde da operadora de atenção suplementar. Nisso, após a respectiva aprovação,

ocorreu à cessão de um período do tempo de consulta clínica à aplicação do instrumental de

pesquisa; as datas das entrevistas foram determinadas pelo próprio Profissional Médico e suas

pacientes em consenso com este pesquisador.

E, antes de os instrumentos serem aplicados, o pesquisador descreveu a intenção e o

objetivo central do estudo para cada uma das mulheres idosas integrantes da investigação, na

seqüência, por meio de técnica de entrevista aplicou individualmente o conjunto de instrumentos

avaliativos à pesquisada - face a face -: o preenchimento de todos os protocolos foi feito por este

autor em tempo real, a mão livre, mediante as respostas oferecidas pelos sujeitos entrevistados.

Nisso, o processo de obtenção das informações ocorreu por meio de entrevista

estruturada, bem como a aplicação do instrumental de pesquisa. E todos os contatos com as

mulheres idosas foram gravados em meio digital mediante a permissão das mesmas e

posteriormente transcritos. O equipamento utilizado para digitalização das entrevistas foi um

Mini Gravador Digital com 256 minutos, 32MB e Conexão USB VR636/F da marca Oregon

Oregon Scientific Brasil -.

A entrevista é um encontro intencional entre corporeidades que se percebem. Contudo,

para que o pesquisador consiga perceber o outro, penetrar no seu mundo privado, na sua

subjetividade, é imprescindível ser flexível, ter uma postura ampliada, um olhar e uma escuta

(35)

 

34 

Isso possibilita que o entrevistado se sinta menos tenso: porquanto, falar, responder

questionamentos, descrever uma situação experienciada, nem sempre é fácil, e às vezes pode

fazer vir à tona sentimentos permeados por emoções que deixaram marcas em seu corpo. Esse

método apresenta algumas características subjetivas, tais como a empatia, a intuição e a

imaginação (MARTINS & BICUDO, 1989).

Antes da realização das entrevistas no campo definitivo de pesquisa, todos os

instrumentos que seriam utilizados foram previamente testados – durante 5 dias consecutivos, 30

dias antes da realização do campo definitivo de estudo – por intermédio de um estudo piloto que

compreendeu 20 sujeitos pesquisados em características semelhantes aos componentes

estruturantes do campo final da pesquisa.

A investigação piloto teve sua plataforma dimensionada mediante a articulação de partes

de outros instrumentos já validados e empregados em estudos com pessoas idosas e não idosas

no Brasil e em diversos países do mundo, quais sejam:

a) Critério de Classificação Econômica Brasil (Associação Nacional de Empresa de Pesquisa -

ANEP, 2003) - ANEXOS, ver p. 296 -;

b) Levantamento de Comportamentos de Risco à Saúde/Problemas de Saúde Auto-Referidos

(CID-10, 2004; U.S. DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1998) -

ANEXOS, ver p. 298 -;

c) Escala de Figuras de Nove Silhuetas (STUNKARD, SORENSEN & SCHLUSINGER apud

(36)

 

35 

Após a realização do teste de campo procedeu-se a realização da pesquisa definitiva,

cujas entrevistas constituiram-se por um conjunto instrumental de investigação cientificamente

validado. Quais sejam:

i. As características sociodemográficas foram avaliadas de acordo com

procedimento adotado pela ANEP (2003), e referem-se a idade, ao estado civil -

solteira, casada, viúva e divorciada -, nível de escolaridade - fundamental

incompleto, fundamental completo e médio incompleto, médio completo e

superior incompleto, superior completo -, situação ocupacional - aposentado,

pensionista e dona de casa -, arranjo familiar - mora só, só com o cônjuge, mais

filhos, mais netos ou outros - e renda familiar - até um salário; 1,1-3 salários;

3,1-5 salários; 3,1-5,1-10 salários; e 10,1-30 salários -.

Ao nível socioeconômico também utilizou-se o procedimento adotado pela

ANEP (2003), que leva em consideração a posse de bens e a presença de

empregada mensalista, além do grau de instrução do chefe da família, e pode ser

classificado em classe socioeconômica A1 - 30 a 34 pontos -, A2 - 25 a 29 pontos

-, B1 - 21 a 24 pontos -, B2 - 17 a 20 pontos -, C - 11 a 16 pontos -, D - 6 a 10

pontos - e E - 0 a 5 pontos -.

Neste estudo, nenhuma idosa se classificou nas classes D ou E, e um

pequeno número na classe C. Assim, a amostra foi caracterizada em classe

(37)

 

36 

ii. A percepção do estado geral de saúde foi baseada em 2 questões, empregada em

estudos internacionais (U.S. DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN

SERVICES, 1998), que aferem a auto-avaliação do estado geral de saúde e

comparada com seus pares em escala de resposta com 4 categorias.

A escala foi categorizada em 2 níveis: percepção negativa de saúde - ruim

e regular - e percepção positiva de saúde - boa e muito boa/excelente -.

As condições de saúde das mulheres idosas são referentes à presença de

doenças auto-referidas e foram analisadas de forma dicotômica: presença ou

ausência de doenças - nos últimos 3 anos de vida das pesquisadas - (ibidem).

E foram categorizadas, de acordo com a Classificação Internacional de

Doenças, versão 10 - CID-10 (2004) -, em problemas de saúde do aparelho

circulatório, respiratório, digestivo, geniturinário, sistema osteomuscular e do

tecido conjuntivo, metabólicas, neoplasias, doenças do ouvido, doenças dos olhos,

sistema nervoso, sangue e dos órgãos hematopoéticos, infecciosas e parasitárias.

Soma-se a este protocolo 1 item elaborado pelo autor relacionado à

realização de procedimentos cosmético-cirúrgicos - que foi testado e homologado

antecipadamente por intermédio da aplicação do teste piloto -. A análise também

se procedeu ao critério de dicotomia supra mencionado.

iii. A Escala de Figuras de Stunkard – Figure Rating Scale – FRS, ou escala de nove

silhuetas (STUNKARD, SORENSEN & SCHLUSINGER, 1983), traduzida à

(38)

 

37 

A Escala de Figuras de Stunkard (STUNKARD, SORENSEN & SCHLUSINGER,

1983) - escala de nove silhuetas - procurou verificar a insatisfação com a imagem corporal - tipo

físico - atual e ideal, e a superestimativa do tamanho corporal.

Nessa direção, a satisfação corporal foi verificada por meio da supra comentada escala,

proposta por Stunkard (ibidem) que representa um continuum desde a magreza - silhueta 1 - até a

obesidade severa - silhueta 9 -, no qual a mulher idosa escolhe o número da silhueta que

considera mais semelhante a sua aparência corporal real - Acreal - e também o número da

silhueta que acredita ser mais semelhante à aparência corporal ideal - Acideal - considerada para

sua idade.

Para avaliação da satisfação corporal subtrai-se a aparência corporal real da aparência

corporal ideal, podendo variar de -8 até 8. Se essa variação for igual a 0, classifica-se a

pesquisada como satisfeita; e se diferente de 0, classifica-se como insatisfeita. Caso a diferença

seja positiva, significa insatisfação por excesso ponderal; e, quando negativa, uma insatisfação

pela magreza.

A Escala de Figuras de Stunkard para avaliação da aparência corporal porta validade

cientificamente verificada por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson (ROWLAND,

ARKKELIN & CRISLER, 1991) com o IMC, apresentando valores estatisticamente

significantes: r=0,85-0,92 (MUELLER, JOOS, & SCHULL, 1985); r=0,69-0,77 (FITZGIBBON,

BLACKMAN & AVELLONE, 2000); r=0,78 (TEHARD, VAN LIERE, NOUGUE &

CLAVEL-CHAPELON, 2002). Além do que, possui reprodutibilidade de caráter prático de

escala com teste e reteste, que variam de r=0,55 a r=0,71 (THOMPSON, 1996; THOMPSON &

(39)

 

38 

À aplicação do retro apresentado instrumento - Escala de Figuras de Stunkard

(STUNKARD, SORENSEN & SCHLUSINGER, 1983) -, as entrevistadas escreveram abaixo de

uma figura ilustrada a palavra “eu” para aquela que representasse a forma física atual, e “ideal”

para aquela que gostaria de alcançar.

Para a composição do conjunto de dados também se utilizou do Índice de Massa

Corpórea – IMC – às pessoas idosas, por meio do peso e estatura auto-referidos, segundo

parametrização consagrada internacionalmente (SAMPAIO & FIGUEIREDO, 2005;

PERISSINOTTO, PISENT, GRIGOLETTO & ENZIAND, 2007; SÁNCHEZ-GARCÍA,

GARCÍA-PEÑA, DUQUE-LÓPEZ, CEDILLO, CORTÉS-NÚÑEZ & REYES-BEAMAN,

2007).

Há quatro décadas, Keys, Fidanza, Karvonen, Kimura & Taylor (1972) sugeriram

chamar a massa corporal expressa pela razão do peso em quilogramas dividido pelo quadrado da

estatura em metros. A partir daí esta relação ficou popular na avaliação nutricional de adultos e

alguns passaram a chamá-la também de Índice de Quételet (1870) em homenagem a seu criador

(GARROW & WEBSTER, 1985).

Entretanto, é fundamental enfatizar que a exclusiva utilização desse Índice não é

suficiente para se recomendá-lo universalmente (ROCHE, 1984): é importante que se

correlacionem os valores de IMC com outras medidas independentes de composição corporal,

quais sejam: a Massa de Gordura Corporal - MGC - e/ou o Percentual de Gordural Corporal - %

Imagem

FIGURA 3: As três idades do homem e a morte, Hans    Baldung, 1539, Museo del Prado, Madri (PHAIDON,  1999, p
FIGURA 8: “Esculpimos Corpos”, propaganda em outdoor, DF-025 (Estrada Parque Aeroporto), Brasília-DF
FIGURA 11: Gisele Bündchen, desfile da grife estadunidense de roupas íntimas femininas Victória’s Secret, 2006
FIGURA 16: The Max Factor Beauty Calibrator - 1932 - (EASTON, 2004, p. 863).   
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