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Exercícios físicos em grupo de idosos e auto-estima : uma relação possível

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Academic year: 2017

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Universidade

Católica de

Brasília

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTU SENSU EM GERONTOLOGIA

Mestrado

EXERCÍCIOS FÍSICOS EM GRUPO DE IDOSOS E

AUTO-ESTIMA: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL.

Autor: Omar Ghassan Rahhal

Orientadora: Carmen Jansen

de

Cárdenas

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OMAR GHASSAN RAHHAL

EXERCÍCIOS FÍSICOS EM GRUPO DE IDOSOS E

AUTO-ESTIMA: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação

Strictu Sensu em Gerontologia

da Universidade Católica de

Brasília, como Requisito para

obtenção do Título de Mestre

em Gerontologia.

Orientadora:

Professora Doutora Carmen

Jansen de Cárdenas

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TERMO DE APROVAÇÃO

OMAR GHASSAN RAHHAL

Dissertação intitulada “EXERCÍCIOS FÍSICOS EM GRUPO DE IDOSOS E AUTO-ESTIMA: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL”, requisito parcial para obtenção do grau de Mestre do programa de pós-graduação strictu sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília. Defendida e aprovada em 26/06/2009, pela banca examinadora constituída por:

________________________________________ Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas Orientadora – Universidade Católica de Brasília

__________________________________________ Profª. Drª. Altair Macedo Lahud Loureiro Examinadora - Universidade Católica de Brasília

___________________________________________ Prof. Dr. Jose Luiz Telles de Almeida

Examinador - Universidade Católica de Brasília

____________________________________________ Prof. Drª. Teresa Creusa de Goes Monteiro Negreiros Examinadora Externa – Universidade Federal do Rio de Janeiro

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho e minha vida foram “lapidados” por algumas pessoas às quais merecem todo meu carinho e atenção:

Obrigado aos professores doutores José Luiz Telles e Adriano Bueno Tavares e às professoras doutoras Altair Macedo Lahud Loureiro e Teresa Creusa de Góes Monteiro Negreiros por enriquecerem com sabedoria e experiência esta pesquisa;

À minha professora doutora e orientadora Carmen Jansen de Cárdenas por demonstrar que as coisas não são tão complicadas como parecem e nem tão simples como se espera. Muito obrigado por sua imensurável paciência e carinho;

Aos meus amigos Georgia D’oliveira e Evandro de Sá, por acreditarem em meus propósitos e capacidade profissional, permitindo o meu início na vida acadêmica.

À toda a minha família. Em especial à minha avó Abla Hassan Omar sem a qual seria inviável o início deste curso de mestrado;

À minha eterna namorada e esposa Karine Demartini Rahhal por estar sempre ao meu lado, dando incentivos e sempre participando deste projeto;

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À minha pequena jóia e presente de Deus, minha filha Duda (Eduarda Demartini Omar Rahhal), por simplesmente existir em minha vida;

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RESUMO

A velhice é um processo em que para cada pessoa existem ritmos diferentes nas mudanças físicas, comportamentais e sociais, sendo assim a idade cronológica apenas um dos aspectos entre outros que podem ou não afetar o bem-estar do idoso. A capacidade de interagir socialmente é fundamental, tendo em vista sua necessidade de conquistar e manter as redes de apoio social e garantir maior qualidade de vida. Assim torna-se necessária a implantação de medidas que busquem a manutenção física, cognitiva e social desta população realizadas em grupo. Conhecer as relações entre estas atividades e a auto-estima é indispensável para o desenvolvimento de novas terapêuticas. Esta pesquisa tem como principal objetivo, analisar o impacto da atividade física regular na auto-estima de um grupo de idosos residentes em Brasília, DF. Este trabalho foi constituído por seis idosos residentes em uma quadra de classe média alta em Brasília participantes de exercícios físicos e cognitivos em grupo em 2008/2009. Os dados foram coletados através da escala de auto-estima de Rosenberg, traduzida e adaptada (livre) por CARDENAS (2007) e validada por HUTZ (2000), um levantamento sócio-demográfico e uma entrevista semi-estruturada com a finalidade de identificar as possíveis relações das atividades em grupo e seus benefícios com a auto-estima. Observou-se conforme trabalhos realizados recentemente e resultados desta pesquisa que houve relação direta entre os três instrumentos utilizados indicando que a prática regular de exercícios físicos em grupo pode alterar de forma positiva a auto-estima.

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ABSTRACT

Aging is a process where for each person there are different rhythms in the physical changes, behavioral and social, so the chronological age only one aspect among others that may or may not affect the welfare of the elderly. The ability to interact socially is essential, in light of their need to gain and maintain networks of social support and ensure better quality of life. Thus it is necessary the implementation of measures that seek to maintain physical, cognitive and social held in this population group. Knowing the relationship between these activities and self-esteem is essential to the development of new therapies. This research has as main objective to analyze the impact of regular physical activity on self-esteem of a group of elderly residents in Brasilia, DF. This work was composed of six elderly residents in a block of upper middle class in Brasilia participants from physical exercise and cognitive group in 2008/2009. Data were collected through self-esteem scale of Rosenberg, translated and adapted (free) for CARDENAS (2007) and validated by HUTZ (2000), a socio-demographic survey and a semi-structured in order to identify possible relations activities in groups and benefits with self-esteem. There was work done recently and as results of this survey that there was a direct relationship between the three instruments indicating that the regular practice of physical exercise in a group can change in a positive self-esteem.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I 10

Introdução 10

CAPÍTULO II 12

2 Revisão bibliográfica 12

2.1 Auto-estima (SELF) e envelhecimento 12

2.1.1 Qualidade de vida e o SELF 17

2.2 Envelhecer 18

2.2.1 Envelhecimento no Brasil 19

2.2.2 Transição demográfica e epidemiológica brasileira 19 2.2.3 Alterações fisiológicas do processo de envelhecimento X Self 20

2.3 Capacidade funcional do idoso 22

2.3.1 A prática de exercícios físicos regulares para idosos 23 2.3.2 Benefícios e objetivos de exercícios físicos para idosos 25 2.3.3 Materiais que podem ser utilizados durante os exercícios físicos com idosos 25 2.3.4 Regularidade e intensidade dos exercícios físicos para idosos 26

2.4 A memória e cognição 26

2.5 O equilíbrio postural, marcha e quedas 27

2.6 Exercícios em grupo e sociabilidade 29

CAPÍTULO III 31

3 Metodologia 31

3.1 Objetivo geral 31

3.2 Objetivos específicos 31

3.3 Justificativa e relevância 31

3.3.1Social 31

3.3.2Profissional 32

3.4 Pesquisa qualitativa em saúde 32

3.5 Universo de pesquisa 34

3.6 Critérios de inclusão 34

3.7 Instrumentos de pesquisa 34

3.7.1 SES-Self Esteem Scale (escala de auto-estima) de Rosenberg adaptada por

Carmen Jansen de Cárdenas (2007). 34

3.7.2 Entrevista semi-estruturada 36

3.7.3 Levantamento sócio-demográfico 36

3.8 Procedimentos metodológicos 37

3.9 Recursos materiais 37

3.10 Recursos humanos e éticos 37

3.11Resultados e análise dos dados 37

CAPÍTULO IV 49

4.1 Discussão e Considerações finais 49

Lista de gráficos 51

Lista de tabelas 52

Lista de quadros 53

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CAPÍTULO I 1-INTRODUÇÃO

A população idosa é considerada como aqueles indivíduos com mais de 60 anos, os quais compõem hoje o segmento populacional que mais cresce em termos proporcionais comparados com outras faixas etárias. Esta maior longevidade da população mundial faz com que a estrutura socioeconômica do planeta seja modificada e causando, desta forma, grandes repercussões nas políticas locais. (OMS, 2005).

FREITAS e cols. (2002) considerando que o início dos anos 80 até o final do século XX relatam um crescimento da população idosa em mais de 100% e até o ano 2025 há a previsão de que o Brasil terá a sexta maior população idosa do mundo em números absolutos. Isto significa um país com mais de 30 milhões de pessoas nesta faixa. Este fenômeno demográfico vem ocorrendo de forma muito rápida e desorganizada diferente do ocorrido em países de primeiro mundo como, por exemplo, a Inglaterra.

Um envelhecimento pode ser classificado em duas vertentes: senilidade ou senescência. O primeiro é acompanhado por doenças, dificuldade e demências enquanto o segundo é um processo fisiologicamente natural, saudável. Com o avançar da idade aumentam os riscos e aparecimento de doenças que passam a ser predominantemente crônicas e evolutivas prejudicando a autonomia e independência do indivíduo (RAMOS & NETO, 2005).

Hoje novas políticas de saúde são realizadas com ênfase em prevenção, com a finalidade de proporcionar um envelhecimento ativo com bem-estar físico, mental e social com melhor saúde e qualidade de vida à população mais velha (OMS, 2005).

NERI (1995) relativa à qualidade de vida dos idosos, uma velhice bem sucedida é assim uma condição individual e grupal de bem estar físico e social, referenciada aos ideais da sociedade, às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece, e às circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo etário. Do ponto de vista biológico o envelhecimento é produto de fatores biológicos, enfermidades e mudanças sociais que afetam o indivíduo durante toda a vida, sendo, portanto um processo altamente individual, seqüencial, cumulativo e irreversível.

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componentes básicos. Um componente cognitivo que diz respeito ao conjunto de características com o que a pessoa se descreve e que não é necessariamente verdadeiro ou objetivo, mas que orienta seu modo habitual de ser e se comportar.

FOX (1997) demonstra em seu estudo que a auto-estima tem sido desenvolvida positivamente com a intervenção de programas de exercícios físicos e esportes, tendo resultados inéditos na qualidade de vida e bem-estar mental.

Os profissionais gerontólogos principalmente da área da saúde podem atuar no setor primário. O principal objetivo da fisioterapia é manter a função do paciente, prevenir possíveis disfunções e incapacidades provenientes das alterações fisiológicas senescentes, prevenir as quedas através de exercícios físicos terapêuticos regulares, atividades psicomotriciais, atividades para desenvolvimento de memória, capacidades cognitivas e atividades sociais, desta forma, reduzindo as complicações impostas pelo processo natural de envelhecimento.

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CAPÍTULO II 2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Auto-estima (SELF) e envelhecimento

TAMAYO e cols. (2001) definem o auto-conceito ou “self como uma estrutura cognitiva que organiza as experiências passadas do individuo, reais ou imaginarias, controlando o processo informativo relacionado consigo mesmo e exercendo a função de auto-regulação.

ROSENBERG (1965) definiu a auto–estima como uma atitude positiva ou negativa para com um objeto particular chamado de self. Esta auto-estima tem duas diferentes conotações. Uma conotação de alta auto-estima é aquela cuja pessoa pensa que ela é “muito boa”; uma conotação muito diferente daquela na qual o indivíduo acha-se “bom o suficiente”.

A alta auto-estima, como refletida na escala de Rosenberg, expressa o sentimento que o indivíduo tem em achar-se “bom o suficiente”. O indivíduo respeita a si mesmo, considera-se capaz considera-sem, necessariamente, considera-sentir-considera-se superior às outras pessoas. E finitivamente, ele não se considera pior que os demais, embora reconheça suas limitações e expectativas para crescer e se aperfeiçoar.

Já a baixa auto-estima implica em auto-rejeição, insatisfação consigo mesmo e desprezo por sua própria pessoa. Sua auto-imagem é ruim, e ele deseja esconder- se. O grau de aceitação ou de rejeição do self é um fenômeno de aprendizado que envolve todo o processo da vida do indivíduo (ROSENBERG, 1965).

A auto-estima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (SEDIKIDES & GREGG, 2003).

HERZOG & MARKUS (1999) afirmam que os mecanismos do self têm estreita relação com o bem-estar psicológico e a qualidade de vida percebida na velhice, derivado principalmente do senso de continuidade e da manutenção dos seus mecanismos de auto-regulação.

O primeiro teórico sobre o estudo do “self foi William James em 1890 existindo a partir daí outros pensadores sobre o assunto. A sua contribuição é importante porque constitui uma ruptura com a abordagem filosófica da época e porque introduz a dimensão social no autoconceito. Erik Erikson acredita que o indivíduo busca uma integridade que o interliga a comunidade mantendo o senso de si mesmo. (ERICKSON, 1998; TAMAYO e cols., 2001; GUSMÃO, 2003).

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considerando o ser humano como um ser social, antes de tudo, um ser que vive em grupo e sofre a pressão e a influência deste.

Erik Erikson e J. M. Erickson (1998) estabelecem um diagrama com nove etapas do desenvolvimento humano desde o nascimento até a velhice. Cada fase caracterizada por “uma crise”, ou seja, um balanço dinâmico entre um componente sintônico e outro distônico. Uma teoria de estágios onde o indivíduo tem determinadas tarefas evolutivas situadas entre a necessidade individual e a exigência social, associadas a cada período de vida: infância, adolescência, idade adulta e velhice. As nove etapas do desenvolvimento humano são descritas como:

1) Confiança versus desconfiança básica; 2) Autonomia versus vergonha e dúvida; 3) Iniciativa versus culpa;

4) Competência ou produtividade versus sentimento de inferioridade; 5) Consolidação da identidade versus confusão de papéis;

6) Relacionamentos de intimidade versus isolamento; 7) Geratividade versus estagnação

8) Integridade ou aceitação do ciclo vital versus desesperança.

9) Ressurgimento das crises anteriores com predominância dos elementos distônicos; Gerotranscendência

Os autores relatam que a infância, a puberdade e a adolescência envolvem as cinco primeiras fases. Com elas se adquire o sentido da confiança básica, a autonomia, a iniciativa, o sentido da indústria e da identidade.

Erik Erikson descrevia as três últimas fases da vida adulta com a aquisição de intimidade, generatividade e o sentido de integridade (Integridade do Ego x Desespero) (Erikson e Erikson, 1997).

Em 1997, em co-autoria com sua esposa Joan Erikson, o autor descreve o fechamento do ciclo da vida, o que ele chama de “O Ciclo de Vida Completo”, onde a última aquisição é a gerotranscendência, a qual é considerada como estágio final num processo natural rumo à maturação e à sabedoria (Erikson e Erikson, 1997).

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conquistado e o sentimento de integridade. Isto pode ser expresso na capacidade do indivíduo em rever a sua trajetória de vida e apreciá-la, com algum grau de satisfação.

Assim se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo perdido e a impossibilidade de recomeçar trarão tristeza e desesperança.

Para Erikson (1976) é a aceitação de um ciclo vital único e próprio e das pessoas que se tornaram significativas para ele como algo que inevitavelmente teria que ser assim e que não admite substituições. Significa uma maneira nova e diferente de amar seus próprios pais, sem desejar que tenham sido diferentes, e uma aceitação do fato de que cada um é o responsável da sua própria vida.

A integridade do Ego somente é alcançada se o indivíduo, de alguma forma, cuidou de coisas e pessoas e se adaptou aos triunfos e desilusões inerentes ao fato de ser gerador de outros seres humanos ou o gerador de produtos e idéias. Também significa que o indivíduo aceitou que sua existência tem fim e que a qualquer momento terminará. Implica num sentido de sabedoria e numa filosofia de vida que vai mais além do ciclo vital individual e que está relacionado diretamente com o futuro de novos ciclos de desenvolvimento.

A pessoa que alcançou a integridade do Ego sempre está pronta para defender a dignidade de seu próprio estilo de vida contra toda ameaça física, econômica, psicológica ou social.

Quando não se alcançou essa integridade ao final da existência, se teme a morte e não se aceita o único ciclo de vida como o essencial da existência. Aparecem o desespero e o desgosto, porque agora o tempo que se tem é curto para iniciar outra vida e para tentar caminhos alternativos para outra integridade. A desesperança com freqüência se oculta em pequenas sensações de mal-estar. Ao contrário, a integridade do ego implica numa integração emocional que permite a participação e a aceitação da responsabilidade.

Já a nona fase compreende o período da vida que se inicia aos 80 anos, onde apesar de todos os esforços realizados pelo indivíduo para manter sua força vital e controlar sua vida, o corpo perde gradualmente sua autonomia.

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as forças psicossociais adquiridas ao longo do desenvolvimento, como a esperança e a confiança, não são mais suportes fortes como eram anteriormente (ERIKSON, 1998).

A autora destaca que a gerotranscendência pode traçar um ego forte capaz de dar sustentação ao envelhecer. Ela vem sempre seguida por um nível maior de satisfação com a vida. Acolhendo a morte e não a negando.

Na gerotranscendência há a descoberta de aspectos encobertos do self, diminuição do egocentrismo, diminuição da obsessão pelo corpo, aumento do altruísmo, redescoberta da criança interior e integridade do ego com a totalidade da vida (ERIKSON, 1998)

O conceito de “self tem se constituído central na maioria das teorias psicológicas da área clínica, sendo praticamente impossível, neste campo, imaginar uma teoria que prescinda desta noção (BERGER, 2003; GUANAES & JAPUR, 2003).

GIAVONI (2000) define a auto-estima como uma estrutura cognitiva multifacetada e maleável – um sistema que interpreta, associa, organiza, e coordena a variedade de imagens, esquemas, conceitos, teorias, metas e ideais que possuímos de nós mesmos.

As experiências do self são corporificadas através da linguagem, nas narrativas do si mesmo, e isso permite o processo dialógico de diferenciação e identificação que está no cerne da construção da pessoa. São e se tornam “o outro do outro” com a existência de várias vozes no falar, nas teorias, nas fórmulas, bem como a construção da auto-imagem e da imagem do próximo. A construção do autoconceito é influenciada pela cultura. O impacto do individualismo e do coletivismo é o que mais tem sido estudado (TAMAYO e cols., 2001; GUSMÃO, 2003).

FREITAS e cols. (2002) destacam dois pontos no processo de envelhecimento sendo o primeiro seus aspectos de personalidade que mudam ao longo dos anos e os que se encontram estáveis e em segundo lugar, a forma que os indivíduos utilizam para enfrentar as dificuldades impostas pelo processo senescente.

As pessoas gozam menos de saúde, apresentando maior número de dificuldades e limitações à medida que envelhecem. A senilidade é acompanhada de declínio geral das condições de saúde e de maior incidência dessas deficiências, reformulando assim a imagem destes indivíduos (PICKELS e cols., 2000).

Este processo, segundo RAMOS & NETO (2005) é a perda da função ligada à passagem de tempo, contribuindo decisivamente para o comprometimento da qualidade de vida e da autonomia dos indivíduos idosos.

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físicas devido ao envelhecimento podem surgir conseqüências como a redução da capacidade de concentração e coordenação que podem provocar processos de auto-desvalorização, diminuição da auto-estima, apatia, desmotivação, solidão e isolamento social. Outros elementos que interferem no auto-conceito dos idosos, tais como a auto-suficiência econômica, limitações de mobilidade, aposentadoria, capacidade de orientação, dependência física e capacidade de integração social (PICKELS e cols., 2000).

A velhice, segundo BALLONE (2006), acarreta situações tais como o afastamento da atividade profissional, a queda do poder aquisitivo pela aposentadoria, a possibilidade de viuvez, a solidão do casal dependente dos filhos quando de seus casamentos ou afastamentos, a necessidade econômica e/ou de saúde de morar com os filhos. Acarretando uma situação de grande dependência, dificultando as relações sociais, carência de respeito e carinho que lhes eram anteriormente dedicados.

Uma pesquisa desenvolvida por Veloz e cols. (1999) demonstrou que os próprios idosos visualizam o envelhecimento humano, em sua grande maioria, a partir das perdas representando o processo com predisposições desfavoráveis, estereótipos negativos e preconceitos.

Desta forma operam também como agentes ativadores no processo de envelhecimento e intensificam as mudanças negativas no âmbito da inteligência, do caráter e da vitalidade. Assim o homem quando envelhece pode perder a sua identidade social, a sensação de poder, de atividade, de auto-estima e de sentimento básico de valorização de si mesmo (VELOZ E cols., 1999).

Durante a velhice mecanismos de defesa, tal como a negação, já não pode ser usada de acordo com ROBINS e cols. (2001) para inflar sentimentos do próprio-valor.

Uma das informações de pesquisas sobre velhice bem sucedida indica que a estrutura da personalidade se mantém na velhice e o “self” é visto como objeto central na experiência de vida pessoal, relacionado com sua definição de eu e não-eu, que representa uma parte importante do modo como cada um constrói seu mundo (FREITAS e cols., 2002).

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É definido como um estado de bem-estar em que cada indivíduo percebe o seu próprio potencial. Pode fazer face ao stress normal da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz de dar uma contribuição para a sua comunidade (OMS, 2007).

HAMILTON (2002), citando GRAHAM E BAKER (1989), relata que foram examinados dois grupos de pessoas, sendo um com indivíduos mais velhos (+/- 67 anos) e o outro com adultos mais jovens. Observaram que os “selves” dos jovens, comparando o passado com o futuro mostravam-se com a auto-estima mais favorável do que os resultados dos mais velhos pesquisados.

Alterações anatomo-fisiológicas, o trabalho e aposentadoria (sensação de inutilidade), a viuvez, a situação financeira, a vida social, mudanças intelectuais e episódios do passado fatores podem causar mudanças na auto-imagem do idoso (HAMILTON, 2002).

Assim, os idosos necessitam alterar seus níveis de aspiração em determinados domínios de modo a se adaptarem aos declínios nas competências comportamentais e às suas condições de saúde, tornando-se mais flexíveis acomodando suas metas às novas circunstâncias e criando um novo cenário de vida (FREITAS e cols., 2002).

2.1.1 Qualidade de vida e o “Self”

Um modelo bidimensional foi proposto em 1999 por BALTES e cols. com relação ao as competências de vida diária, as quais dizem respeito ao manejo das cobranças da vida prática, e assim, são pré-requisitos para a independência e a autonomia. O primeiro domínio é chamado por eles de competências básicas incluindo aquelas relativas ao auto-cuidado e ao manejo de atividades instrumentais de rotina, automáticas e necessárias à sobrevivência, por exemplo fazer compras e pegar transporte). Já o segundo domínio é o das competências expandidas que são inclusas as atividades sociais e de lazer escolhidas pela pessoa, bem como atividades instrumentais que assegurem o contato do idoso com o mundo externo e com o

self.

O grupo de estudiosos da OMS, The WHOQOL Group, determina qualidade de vida como sendo a percepção do indivíduo de sua posição na vida. Envolve o contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e tem relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito amplo e complexo que engloba a saúde física, o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças pessoais e a relação com as características do meio ambiente.

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o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive (SANTOS, 2002; VELARD, 2002; BOWLING e cols., 2003).

Em seu estudo VECCHIA e cols. (2005) indicaram a existência de três grupos de idosos segundo sua definição de qualidade de vida: o primeiro valorizou a questão afetiva e a família; o segundo priorizou a obtenção do prazer e conforto; o terceiro poderia ser sintetizado como o idoso que identifica a qualidade de vida colocando em prática o seu ideário de vida.

Ainda relatam que na área da saúde o interesse pelo conceito “qualidade de vida” é relativamente recente e decorre dos novos paradigmas que têm influenciado as políticas e as práticas do setor nas últimas décadas. Os determinantes e condicionantes do processo saúde-doença são multifatoriais e complexos.

Assim saúde e doença configuram, segundo SCHUTTINGA (1995), processos compreendidos como um continuum, relacionados aos aspectos econômicos, socioculturais, à experiência pessoal e estilos de vida. Consoante essa mudança de paradigma, a melhoria da qualidade de vida passou a ser um dos resultados esperados, tanto das práticas assistenciais quanto das políticas públicas para o setor nos campos da promoção da saúde e da prevenção de doenças.

2.2 Envelhecer

Em seu trabalho, MAZZA & LEFEVRE (2004) descrevem o envelhecimento como: “... um processo universal, evolutivo e gradual que envolve um somatório de fatores sociais, psíquicos, ambientais e biológicos que estão intrinsecamente relacionados e podem acelerar ou retardar este processo.”

Estes fatores levam ao declínio de cada sistema orgânico, o qual pode variar de individuo para individuo e sofrer influências da genética, hábitos pessoais, tipo de alimentação e de fatores ambientais (SANGLARD e cols., 2004).

Os mesmos autores ainda relatam que além deste declínio fisiológico esta velhice pode trazer como característica marcante a dependência do idoso para realizar atividades comuns no dia a dia, tais como fazer faxina na casa, tomar remédios na hora certa ou tomar banho sozinho.

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2.2.1 Envelhecimento no Brasil

No Brasil a população acima dos sessenta anos vem crescendo mais rapidamente que o restante da população. Isto promove o aumento significativo do numero de idosos sendo este crescimento o mais acelerado do mundo, podendo compará-lo ao do México e da Nigéria (SANGLARD e cols., 2004).

CARVALHO & GARCIA (2003) evidenciam que este envelhecimento se dará, necessariamente em ritmo mais rápido do que aquele ocorrido nos paises do primeiro mundo, principalmente naqueles que iniciaram sua transição da fecundidade ainda no século XIX. Por outro lado estes paises ainda no inicio do processo, já conviviam com populações menos jovens, por nunca terem experimentado níveis tão altos de fecundidade quanto o Brasil.

2.2.2 Transição demográfica e epidemiológica brasileira

A transição demográfica se caracteriza, principalmente, pela mudança do perfil de uma população jovem com alta mortalidade para uma população envelhecida e com baixa mortalidade (CARVALHO & GARCIA, 2003).

LITVOC & BRITO (2004) demonstram que no Brasil a situação atual demográfica é devida principalmente às mudanças que estão acontecendo de maneira muito rápida nas três ultimas décadas. A transição demográfica vem sucedendo de maneira mais acelerada em meio à profunda crise sócio-econômica, onde a distribuição de renda oriunda de uma política social de exclusão é um fator marcante.

Neste processo dois componentes foram primordiais. O primeiro foi a diminuição da mortalidade na década de 40, emergindo não em conseqüência do desenvolvimento sócio-econômico do país, mais sim com o uso de vacinas e antibióticos além do emprego de complexas tecnologias médicas importadas de países desenvolvidos. O segundo foi a redução da fecundidade nos anos 60 quando se consolidou a transição demográfica (LITVOC & BRITO, 2004).

Para MAZZA & LEFEVRE (2004) o envelhecimento populacional brasileiro começou aproximadamente em 1960 nas regiões mais desenvolvidas com o declínio da fecundidade estendendo-se para outras regiões e classes sociais do país.

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seja, 11 milhões, para quase 15% em 2025 (FIBGE, 2000/2001; CARVALHO & GARCIA, 2003).

Em estudos epidemiológicos MAZZA & LEFEVRE (2004) mostram que o aumento do número de idosos no Brasil apresenta-se como um desafio para a saúde publica exigindo ações imediatas no sentido de diminuir as desigualdades tanto sociais quanto de saúde em toda população.

A prevalência de doenças crônico-degenerativas tende a aumentar com a idade evidenciando uma população crescente com morbidades que potencializam grandes síndromes geriátricas como quedas, iatrogenia, imobilidade, que comprometem a independência e a autonomia gerando incapacidades, fragilidade, institucionalização e até a morte (GAZZOLA e cols., 2004).

2.2.3 Alterações fisiológicas do processo de envelhecimento X Self

MATSUDO e cols. (2000) explicam que à medida que aumenta a idade cronológica as pessoas se tornam menos ativas, suas capacidades físicas diminuem e somado com as alterações psicológicas que acompanham a idade existe ainda uma maior redução das atividades físicas. Desta forma é facilitada a aparição de doenças crônicas contribuindo para deteriorar o processo de envelhecimento. Mais que a doença crônica, o desuso das funções fisiológicas podem alterar a auto-percepção deste idoso.

Uma revolução teve lugar no vocabulário do self. Palavras que implicam confiabilidade ou responsabilidade – auto-crítica, abnegação, auto-disciplina, auto-controle, modéstia, auto-domínio, auto-censura e auto-sacrifício – não estão mais em uso. A linguagem mais favorecida é aquela que exalta o indivíduo: expressão, afirmação, auto-indulgência, auto-realização, auto-aprovação, auto-aceitação, egoísmo, ‘SELF’ e a onipresente auto-estima (RUGGIERO, 2000).

HERZOG & MARKUS (1999) afirmam que os mecanismos do ‘SELF’ têm estreita relação com o bem-estar psicológico e a qualidade de vida percebida na velhice, derivado principalmente do senso de continuidade e da manutenção dos seus mecanismos de auto-regulação.

O processo normal do envelhecimento se caracteriza pela diminuição da capacidade funcional dos diversos órgãos e sistemas, acarretando em risco aumentado de doenças, na sua maioria crônico-degenerativas (NETTO, 1999).

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as atividades de vida diária e com a predisposição a quedas entre idosos (ALFIERI e cols., 2004).

ALFIERI e cols. (2004) ainda definem que durante o envelhecimento biológico há diminuição das reservas funcionais do organismo, sendo possível verificar alterações em todos os aparelhos e sistemas.

O quadro 1 mostra as alterações mais freqüentes no processo de envelhecimento e suas conseqüências em alguns sistemas.

Quadro 1- Alterações fisiológicas mais freqüentes do processo de envelhecimento e suas respectivas conseqüências

SISTEMAS ALTERAÇÕES CONSEQÜÊNCIAS

Sistema

Tissular Diminuição do número de células e do volume do líquido intracelular; Redução da elasticidade da pele, da quantidade de pêlos no corpo e da transpiração.

A pele torna-se seca e frágil, rompendo-se facilmente; Reduz-se a tolerância ao calor e ao frio;

Aumenta a susceptibilidade às infecções.

Sistema Circulatório

Diminuição do débito cardíaco e retorno venoso ao coração; ocorre acúmulo de gordura e colesterol no pericárdio e interior dos vasos sangüíneos. Redução das enzimas do coração, diminuindo a força e a velocidade de contração do miocárdio.

Doenças súbitas podem causar taquicardia e deficiência no suprimento de O2 para o organismo.

Redução brusca de pressão quando muda subitamente de posição. Dificuldade de circulação nas extremidades e há uma tendência ao aumento da pressão arterial.

Sistema Respiratório

Redução da complacência pulmonar, redução da capacidade de expansão da caixa torácica devido à calcificação; Redução da força da musculatura respiratória, redução do número de alvéolos funcionais; ocorre dilatação dos bronquíolos, ductos e sacos alveolares.

Dispnéia durante esforço; menor oxigenação e troca gasosa; respiração mais superficial, com tendência a colapso das bases pulmonares; redução do reflexo de tosse produtiva.

Sistema Digestivo

Diminuição das papilas gustativas, da salivação e da quantidade de ácido gástrico; redução dos movimentos peristálticos e tônus intestinal; reduz a absorção dos nutrientes.

Perda da arcada dentária e diminuição do apetite; deficiências nutricionais; constipação intestinal e diminuição da ingestão de proteínas devido à inabilidade de mastigar carne;

Sistema Urinário

Diminuição do tamanho dos rins, da quantidade de células funcionais e da circulação sangüínea para os rins; menor produção e excreção de urina; diminuição do tônus da musculatura pélvica e da bexiga, perdendo a capacidade da bexiga de reter urina.

Menor capacidade de eliminar medicações; tendência ao desequilíbrio no balanço ácido-básico de eletrólitos e eliminação de fluidos; tendência à noctúria e aumento da freqüência de urina; tendência à retenção urinária e infecções urinárias.

Sistema Nervoso

Diminuição do peso do cérebro, do número de neurônios e das reações psicomotoras; diminuição do fluxo sangüíneo ao cérebro e de todas as percepções sensoriais: declínio da memória.

As AVD`s levam mais tempo; respostas a estímulos externos tornam-se mais lentas; a capacidade de aprendizado continua, porém mais lento; são necessários ajustes e equipamento para audição, visão e tato; tendência a quedas. Fonte: Caldas, 1998.

FERRANTIN e cols. (2005) também chamam a atenção para um fator a ser destacado como a perda da cognição e o fator “imobilismo”, ou seja, a falta de mobilidade.

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ocorrer. As principais funções cognitivas são: atenção, concentração, percepção, linguagem, memória e inteligência. Estas funções todas dependem de um substrato biológico, é o resultado dos processos neurofisiológicos e bioquímicos cerebrais (SOUZA, 1996).

RAMOS e cols. (2005) relatam sobre a perda da cognição que em indivíduos idosos normais há uma redução no numero de neurônios de área de arborização dendrítica e da densidade sináptica no córtex e núcleos sub-corticais, o que seria responsável pelas mudanças cognitivas.

Durante o envelhecimento fisiológico há um declínio de até 40% da força muscular após os 50 anos de idade (DIAS e cols., 2005).

GIANASI e cols. (2004) observam que há degeneração das fibras de contração muscular e diminuição da força por volta de 25 a 30 %, entre os 30 e 70 anos, diminuindo assim a mobilidade, causando reações mais lentas para atividades motoras grandes e habituais básicas, diminuindo ainda a velocidade de reflexo e aumentando o risco de quedas.

Aos 60 anos a pupila diminui para um terço de seu tamanho e há perda da camada gordurosa em tecidos subcutâneos. Esta alteração pode aumentar o risco de ferimentos na pele. Ao mesmo tempo o músculo cardíaco se degenera aumentando o risco de edemas nas extremidades e a pressão sanguínea, o que eleva o coração a trabalhar mais rápido levando o idoso a fadiga (GIANASI e cols., 2004).

2.3 Capacidade funcional do idoso

Em um significado mais amplo a capacidade funcional inclui no idoso suas habilidades em executar tarefas físicas, a preservação das atividades mentais e uma situação adequada de integração social (LITVOC & BRITO, 2004).

Uma das características mais marcantes do processo de envelhecimento é o declínio desta capacidade, contudo o estilo de vida adquirida pelo individuo no decorrer de sua vida pode contribuir para amenizar a diminuição desta capacidade e manter um amadurecimento saudável (RAMOS e cols., 2005).

ROSA e cols. (2003) citam que embora o conceito de capacidade funcional seja bastante complexo abrangendo outros como os de deficiência, incapacidade, desvantagem, bem como os de autonomia e independência, na prática trabalha-se com o conceito de capacidade/incapacidade.

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O processo de envelhecimento não é por si só incapacitante, mas uma porcentagem significativa da população mais velha desenvolve disfunções ou dificuldades freqüentemente associadas não somente as perdas das funções orgânicas, mas também às múltiplas condições mórbidas que podem estar relacionadas à terceira idade, podendo fazer com que a instabilidade postural seja uma das condições de incapacidade (MITSUICHI e cols., 2005).

SANTOS e cols. (2001) destacam que a possibilidade em se detectar alterações na função e reserva física é significante na formulação de estratégias que devem ser utilizadas na prevenção do declínio funcional.

Define-se então a incapacidade como a disfunção de um órgão ou sistema grave o bastante para dificultar ou impossibilitar a execução de atividades anteriormente corriqueiras, podendo ser temporária ou definitiva (RAMOS e cols., 2005).

ROSA e cols. (2003) em seu trabalho demonstram que é mais fácil prevenir mortes do que prevenir a ocorrência de doenças crônicas e o desenvolvimento de deficiências associadas ao envelhecimento. Quando ocorre comprometimento da funcionalidade a ponto de impedir o cuidado de si, a carga sobre a família e sobre o sistema de saúde pode ser muito grande. Resultados de pesquisa realizada no município de São Paulo mostraram que mais da metade da população estudada (53%) referia necessidade de ajuda parcial ou total para realizar pelo menos uma das atividades da vida diária.

Foi detectado também que 29% dos idosos necessitavam de ajuda parcial ou total para realizar até três dessas atividades, e 17% necessitavam de ajuda para realizar algumas tarefas do dia.

2.3.1 A prática de exercícios físicos regulares para idosos

Por definição “Exercício Físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física (CASPERSEN e cols., 1985), como exemplo, podemos citar uma caminhada de uma hora sem parar e com ritmo constante”.

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aptidão física. No entanto, exercício físico não é sinônimo de atividade física : o exercício físico é considerado uma subcategoria da atividade física.

O fisioterapeuta através de um programa de exercícios físicos direcionados e específicos para idosos deve preencher requisitos específicos para que sejam alcançados os benefícios físicos e funcionais objetivados. SANTOS e cols. (2001) em seus estudos comprovam a eficácia da atividade física na manutenção do desempenho funcional dos idosos.

Em concordância com isto, ASSIS e cols. (2002) citam que a atividade física regular de forma orientada é reconhecida como fator geral na preservação da saúde e na prevenção e controle de doenças de grande expressão na atualidade assim a tendência ao sedentarismo vem aumentando com o desenvolvimento urbano e tecnológico. Assim tornando-se normalmente acentuada na velhice, pela falta de estimulo e possibilidades do idoso para manutenção de sua vida social.

A prática de exercícios físicos, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na sua vertente da saúde como em suas capacidades funcionais (ALVES e cols., 2004).

ALFIERI e cols. (2004) citando KANNUS & KAN (2001), afirmam que a prática regular de exercício físico pode melhorar a deambulação, o equilíbrio, a coordenação, a propriocepção, a reação de tempo, e a força muscular até de indivíduos com mais de 70 anos.

Exercícios físicos regularmente é uma forma de prevenir quedas em pessoas idosas. Segundo GUIMARÃES e cols. (2000), idosos sedentários possuem menor mobilidade e maior propensão a quedas quando comparados a idosos que praticam atividade física regularmente.

De acordo com isto SANGLARD & PEREIRA (2005) relatam que através de exercícios é possível obter efeitos positivos sobre os parâmetros da marcha, diminuir os riscos de queda e melhorar as atividades funcionais dos idosos.

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Outro autor que demonstra relação de exercícios físicos e envelhecimento é PICKLES e cols. (2002). Estes afirmam que os exercícios e a atividade física podem contribuir para compensar determinadas deficiências para todas as idades, mas é especialmente importante para a saúde das pessoas da terceira idade.

A manutenção da força muscular proporcionada pelo exercício físico tem importante correlação com a qualidade de vida do idoso, estendendo seu período de vida independente em até 20 anos. Na medida em que os idosos apresentam ganho de força muscular, principalmente dos membros inferiores, ocorre também aumento da velocidade da marcha e conseqüente independência funcional. Isso trás maior segurança em atravessar, por exemplo, uma rua (SANTOS e cols., 2001).

2.3.2 Benefícios e objetivos dos exercícios físicos para idosos

Ramos e cols. (2005) descrevem como benefícios e objetivos de atividades físicas para o idoso:

a) Romper com o sedentarismo;

b) Modificar fatores de risco para doenças causadoras de incapacidade;

c) Manter ou melhorar força muscular, capacidade aeróbica, equilíbrio e flexibilidade; d) Trazer benefícios psicológicos (auto-estima, bem-estar) e integração social.

Uma atividade física adaptada e compensatória pode ajudar e atrasar e/ou diminuir uma serie de alterações e de mudanças anatômo-funcionais produzidas pelo envelhecimento e junto com alguns hábitos higiênicos e alimentares pode-se adquirir, manter ou incrementar a saúde, entendida segundo a OMS como o estado completo de bem estar físico, mental e social e não a simples ausência de doenças ou males (GEIS, 2003).

2.3.4 Materiais que podem ser utilizados durante os exercícios físicos com idosos

GEIS (2003) cita alguns objetos que podem fazer parte das atividades físicas como, por exemplo: bolas, aros, bastões, cordas, fitas, elásticos, garrafas de plástico, cones, balões e lenços entre outros.

Segundo a autora os materiais a serem utilizados durante estas atividades devem conter algumas características importantes:

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e) Fácil transporte;

f) Facilidade de adaptação de cada uma das pessoas.

2.3.4 Regularidade e intensidade dos exercícios físicos para idosos

COSTA e cols. (2003) citando PATE ET AL (1995) explicam que exercícios físicos de moderada intensidade (por exemplo, uma vigorosa caminhada) são benéficos para a saúde de indivíduos de todas as idades. Esses benefícios incluem redução da morbidade e mortalidade por doença coronariana, controle da pressão arterial, da glicemia e do colesterol e melhora do peso.

SALMELA e cols. (2001) através de seu trabalho conduziram um grupo de idosos duas vezes por semana, sendo todas atividades acompanhadas por musica relevante a atividade e ao interesse do grupo, onde cada sessão teve duração de 60 minutos divididas em: 20 minutos de aquecimento e alongamento, 30 minutos de atividades aeróbias com 70 a 80% da freqüência cardíaca máxima (caminhadas, stepping e exercícios com bastões) e 10 minutos de resfriamento com alongamento e relaxamento observando melhora das capacidades fisiológicas.

Ainda os autores relatam que a ausência de atividades físicas está também associada com diversos problemas músculo-esqueléticos, que podem afetar negativamente funções diárias do idoso, recomendando assim que seja praticado pelo menos trinta minutos de atividades físicas moderadas na maioria dos dias da semana e se possível, todos os dias (SALMELA e cols., 2001; ALFIERI e cols., 2004).

ALFIERI e cols. (2004) em seus estudos compararam um grupo que idosos que participaram de atividades com outro controle que não praticaram. Observaram melhora na agilidade do grupo com intervenção fisioterapeutica. Neste trabalho defenderam que são necessárias atividades físicas especificas, durante três dias da semana e em dias alternados com duração de uma hora.

2.4 A memória e cognição

ARGIMON & STEIN (2005) descreveram que o processo de envelhecimento pode ser acompanhado pelo declínio das capacidades tanto físicas como também cognitivas, de acordo com suas características de vida de cada idoso.

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RUCHINSKAS e cols. (2000) questionam que esta redução cognitiva pode estar correlacionada com a diminuição do desempenho na realização das funções.

FREITAS e cols. (2005) relataram em sua obra que a cognição tem sido vista como uma função cortical que pode ser dividida em subfunções distintas, tais como a atenção, a orientação, a memória, a organização visual-motora, o raciocínio, a função executiva, o planejamento e a solução de problemas. A intervenção fisioterapeutica tem como propósito neste caso, melhorar a habilidade no processamento da informação progressivamente conforme o aumento da habilidade do paciente em usar estratégias cognitivas.

A chegada da velhice é um processo que para cada pessoa, existe um ritmo diferente nas mudanças físicas, comportamentais e sociais. Assim, destacam que a idade cronológica é apenas um dos aspectos entre outros que podem ou não afetar o bem-estar do idoso (FERRATIN e cols., 2005).

SALMELA e cols. (2001) utilizaram de atividades labor ativas e lúdicas na freqüência de 2 vezes por semana com o objetivo de melhorar no treinamento os seguintes itens: coordenação motora, habilidade manual, estimulação sensorial, estimulação cognitiva (memória, atenção, concentração), também visando melhor auto-estima e socialização, obtendo resultados favoráveis.

MACIEL & GUERRA (2005) citam que algumas evidências indicam o comprometimento da atenção e da memória, em especial a memória recente, a desorientação espacial e a deteriorização das funções executivas, as quais também podem estar relacionadas aos déficits de mobilidade. Idosos com déficits cognitivos também podem apresentar respostas protetoras comprometidas e um julgamento empobrecido da gravidade de seu quadro e de suas perdas, com pouca ou nenhuma consciência de seu problema.

2.5 O equilíbrio postural, a marcha e as quedas

SANGLARD e cols. (2004) consideram que além de manter a capacidade física, os exercícios também melhoram o equilíbrio, força e o tempo de reação em idosos. Isto vem sendo mostrado em seus estudos que observaram grupos de idosos que praticavam alguns tipos de atividade física comparados com idosos que não praticavam exercícios

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constituem fatores de risco para problemas tão sérios como quedas e perda da independência (FREITAS e cols., 2005).

FABRICIO e cols. (2004) concordam que pessoas de todas as idades apresentam risco de sofrer queda. Porém, para os idosos, elas possuem um significado muito relevante, pois podem levá-lo à dependência, injúria e morte. Estudos realizados em comunidades americanas mostram que 30% das pessoas com idade superior a 65 anos caem pelo menos uma vez ao ano, sendo que 40% delas têm idade acima de 80 anos tendo custo maior quando o idoso tem diminuição da autonomia e da independência ou passa a necessitar de institucionalização.

Dentre as condições geradoras de incapacidades que podem contribuir para diminuição da qualidade de vida na população idosa destaca-se a instabilidade postural e com o avanço da idade e a deteriorização ocorrida nos diversos sistemas esta instabilidade e quando anormalidades na marcha são geradas (BARAÚNA e cols., 2004; MITSUICHI e cols., 2005).

Descrevendo a marcha humana, ABREU e cols. (2003) relatam que ela é caracterizada pela divisão em fases: fase de apoio e fase de balanço e subfases: golpe de calcanhar, pé plano, calcanhar fora e dedos fora e que ao envelhecer o corpo sofre mudanças que influenciarão em todos estes componentes levando a alterações no padrão da marcha.

Além da alta mortalidade, MITSUICHI e cols. (2005) afirmam que as quedas representam também alta morbidade que geralmente é representada pelas seqüelas das lesões ou fraturas dela decorrentes. Isto também leva ao medo de cair novamente que pode funcionar como um grave limitante funcional levando o indivíduo idoso aos níveis de dependência.

FREITAS e cols. (2005) explicam que os sistemas visual, vestibular e proprioceptivo estão envolvidos no envio de informações para o sistema de controle postural ou de equilíbrio, e há evidencias de que estas três aferências enviem mais informações que normalmente são necessárias para manutenção postural. Ainda a prevenção de quedas primárias pode ser mais efetiva com exercícios físicos, boa nutrição, avaliação de riscos domésticos e revisão periódica de medicamentos.

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2.6 Exercícios em grupo e sociabilidade

O fisioterapeuta GARDNER (1995) diz que o exercício em grupo dá ao cliente a oportunidade de praticar atividades que ele pode fazer para criar maior resistência e aumentar a velocidade de seu desempenho. O trabalho com outros pacientes estimula seus esforços e ajuda a lhe dar confiança em suas próprias habilidades, ao mesmo tempo em que seu desempenho é guiado e controlado pelo fisioterapeuta.

Os idosos apresentam uma maior prevalência de depressão e isolamento social do que em outras faixas etárias, o que contribui para um estado de saúde precário. Muitos fatores psicossociais que contribuem para um envelhecimento saudável incluem família, educação, cuidados com a própria saúde, além de motivação e iniciativa da própria pessoa muito idosa. (SILVA e cols., 2005).

DAVIDOFF (2001) relata que as atividades em grupo são superiores à terapia individual, pois ela fornece uma ampla variedade de modelos. Os membros do grupo dão muitos incentivos e apoio uns aos outros. Este “feedback” realista vem de diversas pessoas e os indivíduos ganham perspectiva em grupo.

No exercício em grupo onde se tem um número reduzido de pessoas realizando a terapia juntos, há uma concentração nas necessidades da pessoa individualmente, enquanto é utilizado o estímulo que resulta do trabalho conjunto. O fisioterapeuta estimula e coordena o grupo, corrigindo as atividades de acordo com a necessidade individual do idoso (GARDNER, 1995).

Ainda o mesmo autor relata que os exercícios em massa quando utilizados no momento exato e usados em conjunto com o tratamento em grupo ou individual, este método desempenha papel importante no esquema total da reabilitação, pois a circulação e a tolerância geral são melhoradas e a disciplina de trabalho com os outros é estimulada.

GARDNER (1995) reforça que as atividades grupais têm grande validade, pois faz com que a pessoa aprenda a assumir parte da responsabilidade do seu próprio exercício, aprende a trabalhar com outros e não se considera separada do resto das pessoas por causa de sua deficiência, dispõe de ajuda se precisar e ao mesmo tempo aprende a assumir seu lugar ao lado de outros membros da comunidade adquirindo confiança no tratamento e, portanto é estimulado a fazer corretamente para progredir.

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CAPÍTULO III 3- METODOLOGIA

Os dados sócio-demográficos foram coletados por meio de um questionário, em segundo momento houve a aplicação da escala de auto-estima de Rosenberg adaptada por CÁRDENAS (2007) e por último uma entrevista individual semi-estruturada, aplicada pelo pesquisador no grupo de atividades da SQS 302 Asa Sul - DF. Primeiramente, foi feito o convite aos idosos a participarem da pesquisa, quando foi explicado o objetivo desta e a importância da sua participação. Foi esclarecido que haveria total sigilo de identificação e foi assinado o termo de consentimento por aqueles que participaram da pesquisa.

3.1.OBJETIVO GERAL

- Identificar qual é a relação da atividade física regular com a auto-estima de um grupo de idosos de classe média alta, residentes em Brasília, DF.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar a auto-estima de idosos praticantes de atividade física regular através da aplicação da escala de Rosemberg.

- Analisar possíveis relações da auto-estima de idosos com a prática de atividades em grupo através de entrevistas individuais semi-estruturadas.

- Descrever o perfil sócio-demográfico dos participantes da pesquisa.

3.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

3.3.1 Social

BRITO & LITVOC (2004) observam que há uma população cada vez mais longeva no Brasil. Em publicação recente, demonstra que existiam 14 milhões de idosos residentes no Brasil no ano 2000, com previsão de 33 milhões em 2025. As múltiplas vertentes que caracterizam o processo de envelhecimento humano necessitam sempre buscar o estado de completo bem estar físico mental e social, desta forma caracterizando a saúde. Aumenta então a preocupação sobre como estes idosos se vêem diante a sociedade.

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mesmo. As alterações físicas que acompanham o envelhecimento podem causar limitações nas atividades diárias de uma população idosa. Algumas destas são: higiene pessoal, tomar banho, caminhar e cozinhar. Dificuldades na realização de tarefas cotidianas domiciliares e sociais podem interferir na auto-estima destes idosos. A promoção de atividades regulares que envolvam grupos e que estimulem a auto-estima da população idosa tornam-se necessárias e justificadas diante do quadro demográfico atual, pois esta participa na sua longevidade e qualidade de vida assim mantendo vivo o seu papel na sociedade.

3.3.2 Profissional

As políticas de saúde atuais visam à promoção de saúde coletiva e preventiva, ou seja, valoriza o autocuidado e manutenção da capacidade funcional para prevenir possíveis incapacidades.

A identificação e avaliação da auto-estima de idosos que participam de grupos visando exercícios físicos e cognitivos de forma regular permitirão a profissionais gerontólogos a desenvolver projetos voltados para melhoria da qualidade de vida desta população.

3.4 Pesquisa Qualitativa em Saúde

O número de pesquisas qualitativas relacionadas à saúde tem aumentado nos últimos anos. Entre os principais motivos, pode-se apontar o fato de que estes métodos quantitativos têm sido insuficientes e/ou inadequados para dar respostas para alguns temas clínicos de grande importância na atualidade (GREENHALGH & TAYLOR, 1997).

Os métodos qualitativos esclarecendo SERAPIONI (2000) devem ser utilizados quando o objeto de estudo não é bem conhecido. Por sua capacidade de fazer emergir aspectos novos, de ir ao fundo do significado e de estar na perspectiva do sujeito, são aptos para descobrir novos nexos e explicar significados. De fato, durante a pesquisa, freqüentemente emergem relações entre variáveis, motivações e inesperados, que não surgiriam utilizando um questionário estruturado, cuja característica técnica é a uniformidade do estímulo.

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TURATO (2005) relata que na pesquisa qualitativa, o interesse do pesquisador volta-se para a busca do significado das coisas, porque este tem um papel organizador nos seres humanos. O que as “coisas” (fenômenos, manifestações, ocorrências, fatos, eventos, vivências, idéias, sentimentos, assuntos) representam, dá molde à vida das pessoas. Num outro nível, os significados que as “coisas” ganham, passam também a ser partilhados culturalmente e assim organizam o grupo social em torno destas representações e simbolismos.

PATRÍCIO (1999) tendo em vista a diversidade e complexidade dos fenômenos sociais relatou que o pesquisador que utiliza os métodos qualitativos se subsidia de técnicas especiais de abordagem, como a entrevista com questões abertas e semi-estruturadas, a entrevista em profundidade, a observação participante e a análise documental, o que exige do pesquisador uma característica especial que expresse sua competência humano-científica. Isto confere ao pesquisador um papel importante na qualidade do processo e do produto pesquisa.

Ainda este autor revela que através dessa abordagem o pesquisador reconhece os diferentes pontos de vista dos sujeitos do estudo e que a realidade é mais complexa do que aquela que a princípio lhe é perceptível. Nessa perspectiva, o fenômeno pesquisado somente é desvelado com a participação direta do sujeito do estudo, o que valoriza o levantamento dos dados diretamente no contexto onde se constroem os fenômenos. Considerando essas características o pesquisador que utiliza métodos qualitativos busca a objetivação e não a objetividade dos dados, pois em seus princípios, a neutralidade do pesquisador (observador) no processo de pesquisa não é possível.

Mesmo assim, descreve MINAYO (1993) que ainda existem controvérsias relativas ao rigor científico desses métodos, em particular originadas de discursos positivistas, cujo paradigma ainda é centrado no modelo cartesiano.

Diante dessa realidade e na perspectiva de rigor no método preconiza-se, na pesquisa qualitativa, a necessidade de o pesquisador ter consciência crítica sobre possibilidades de interferências que possam comprometer a qualidade dos dados, em razão de sua subjetividade e do caráter do fenômeno investigado. Isto exige que o pesquisador se subsidie de estratégias que impeçam, na medida do possível (como em qualquer outro tipo de método), o viés de sua participação na situação investigada, seja no momento da coleta, do registro ou da análise e discussão dos dados.

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tornando-se também um encontro de diálogo reflexivo que, conforme o tema abordado poderá gerar transformação cultural e representar um momento terapêutico, tanto para o pesquisador quanto para o pesquisado (MINAYO, 1993; PATRICIO, 1999).

3.5 Universo de pesquisa

Esta pesquisa foi realizada na quadra SQS 302 da Asa Sul em Brasília - DF, inicialmente com 10 idosos com idade igual ou superior a 60 anos, participantes de exercícios físicos e jogos lúdicos específicos e em grupo.

Quatro (4) idosos não puderam ser entrevistados, pois dois (2) abandonaram o grupo e os outros dois (2) mudaram-se da quadra não podendo continuar com as atividades.

A SQS 302 possui um número relevante de idosos. Desta forma, observando a grande importância e necessidade de manter um convívio social e saudável entre as pessoas idosas daquela quadra, foi apresentada e aprovada em maio de 2005, uma proposta de parceria entre a prefeitura da quadra e o fisioterapeuta responsável.

Assim as reuniões e atividades do grupo acontecem no salão de festas da própria quadra com atividades visando tanto melhorar a capacidade física, mental e social.

3.6 Critérios de inclusão

Ser participante do grupo de atividades da quadra 302 sul de Brasília por no mínimo três meses, haver concordado em participar do critério de voluntariado e haver assinado o termo de consentimento livre e esclarecido.

3.7 Instrumentos de pesquisa

3.7.1 SES Self Esteem Scale (escala de auto-estima) de Rosenberg adaptada por Carmen Jansen de Cárdenas (2007).

Dr. Rosenberg, criador da escala de auto-estima, foi professor de Sociologia na Universidade de Maryland de 1975 até sua morte em 1992. Ele fez seu doutorado na Universidade de Columbia em 1953 e ocupou diversas posições, inclusive na Universidade de Cornell e do Instituto Nacional de Saúde Mental, antes de ir para Maryland. Dr. Rosenberg é o autor ou editor de inúmeros livros e artigos, e o seu trabalho sobre o auto-conceito, nomeadamente a dimensão da auto-estima, é reconhecida mundialmente.

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com o próprio valor, orgulho e respeito por si mesmo, atitude positiva em relação da si, sentimento de inutilidade e sensação de fracasso.

Para avaliar auto-estima foi utilizada uma versão adaptada para o português da Escala de Auto- Estima de Rosenberg (1965). Esse instrumento é uma escala de auto-relato do tipo Likert (quatro pontos 1- 4) composta originalmente por dez itens que investigam aspectos globais da auto-estima. A escala foi desenvolvida para adolescentes, sendo bastante difundida devido à sua praticidade de aplicação, entretanto, sua aplicação em crianças a partir de oito anos de idade tem sido comum. A versão adaptada da escala por HUTZ (2000) adicionou mais um item, mantendo-se a estrutura unidimensional da mesma.

Conta com as seguintes opções de resposta: 1: nada disso, de jeito nenhum 2: não concordo; 3: concordo; 4: é isso mesmo! concordo 100% (CARDENAS, 2007).

Cada item de resposta varia de um a quatro pontos. Desse total de itens, cinco avaliam sentimentos positivos (itens - 1, 2, 3, 7 e 10) do indivíduo sobre si mesmo e cinco avaliam sentimentos negativos (itens - 2, 5, 6, 8 e 9).

Para a pontuação das respostas, os 5 itens que expressam sentimentos positivos têm valores invertidos e, então, somam-se esses valores aos dos outros 5 itens, totalizando um valor Único para a escala, correspondente às respostas dos 10 itens. O intervalo possível dessa escala é de 10 (10 itens multiplicados por valor 1) a 40 (10 itens multiplicados por valor 4). A escala de Rosenberg é o instrumento mais utilizado em pesquisas de auto-estima, em função de suas boas propriedades psicométricas e a sua fácil aplicabilidade (HUTZ, 2002).

Esta escala é um instrumento específico de avaliação deste importante aspecto da qualidade de vida (auto-estima), traduzido, adaptado e validado ao contexto cultural brasileiro. As questões são:

1. Em geral, estou satisfeito comigo mesmo (a); 2. Às vezes eu acho que não sou bom em nada; 3. Eu acho que tenho bastantes qualidades positivas;

4. Eu sou capaz de fazer coisas tão bem como a maioria das pessoas. 5. Eu acho que não tenho muitas coisas das quais possa me orgulhar; 6. Às vezes me sinto desnecessário

7. Eu sinto que valho alguma coisa, pelo menos tanto quanto outras pessoas. 8. Eu gostaria de me respeitar mais

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3.7.2 Entrevista semi-estruturada

De acordo com, BOGUCHWAL (1999) a entrevista pode ser livre ou não estruturada, semi-dirigida ou semi-estruturada e fechada ou estruturada. A entrevista semi-dirigida ou semi-estruturada especifica as áreas que devem ser exploradas, mas não estrutura as perguntas nem a seqüência desta.

A entrevista semi-estruturada não é inteiramente aberta. Baseia-se apenas em uma ou poucas questões/guias, quase sempre abertas. Nem todas as perguntas elaboradas são utilizadas. Durante a realização da entrevista pode-se introduzir outras questões que surgem de acordo com o que acontece no processo em relação às informações que se deseja obter. É muito utilizada na obtenção de dados qualitativos, permitindo também obtenção e análise de dados quantitativos. Recomenda-se sua utilização quando se têm definidos claramente os meios de análise das informações obtidas (TANAKA, 2001).

LÜDKE & MEDA (1986) propõe que para registrar os dados existem duas grandes maneiras: a gravação direta e a anotação durante a entrevista. A gravação da entrevista constitui um registro completo. Portanto, o que foi dito verbalmente pode ser considerado. Para a gravação pode-se usar fita K-7, CD, ou mp3 player. Ambas têm a vantagem de registrar todas as expressões orais, imediatamente, deixando o entrevistador livre para prestar toda a sua atenção ao entrevistado.

As questões das entrevistas versaram a respeito de temas pertinentes à pesquisa e a seus objetivos. Os temas das questões estavam relacionados com:

 Auto-percepção do processo do envelhecimento;

 Objetivos pessoais que levaram ou levam o idoso (a) a participar das atividades;  Projetos de vida;

 Motivação pela qual as pessoas buscam o grupo;  O que leva as pessoas a permanecerem no grupo;

 Espaço que as pessoas encontram para se expressar no grupo;  As atividades que participavam antes de ingressar no grupo;  Transformações que o grupo vem provocando nas suas vidas.  Influência das atividades físicas em sua qualidade de vida

3.7.3 Levantamento sócio-demográfico (ANEXO).

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Este levantamento será realizado através da coleta de dados pessoais, tais como: Nome completo, telefone, escolaridade, religião, estado civil, tempo que reside em Brasília, data de nascimento. Estes dados são de caráter relevante para caracterização e análise do perfil da população estudada.

3.8 Procedimentos metodológicos:

Após primeiro contato com os participantes foi marcada a data, hora e local para o levantamento sócio-demográfico e a aplicação da escala de Rosenberg. Esta primeira fase aconteceu no salão de festas do bloco H da SQS 302 sul, Brasília-DF.

Os encontros para as entrevistas semi-estruturadas duraram uma semana. Foram realizadas individualmente na casa de cada participante, de acordo com a disponibilidade do horário de cada um.

3.9 Recursos materiais

a) Permanentes: Fichas para anotações, gravador, notebook além dos materiais utilizados nas atividades do grupo.

b) De consumo: Fichas, água, energia, caneta, lápis, papel.

3.10 Recursos humanos e éticos

Os participantes desta pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (em anexo), seguindo as normas da resolução 196/96.

Esta pesquisa foi submetida, avaliada e aprovada pelo conselho de ética da Universidade Católica de Brasília.

3.11 Resultados e Análise dos dados

Após o levantamento sócio demográfico (ANEXO I) dos participantes, observaram-se os seguintes itens descritos nas tabelas abaixo:

Idade Estado Civil Escolaridade Renda Mensal*

N1 70 divorciada Superior 20

N2 87 viúva 2º grau 6

N3 59 casada 2º grau 19

N4 64 casado 2º grau 19

N5 84 casada 2º grau 20

N6 70 viúva 2º grau 20

Imagem

Gráfico 2 – Pontuação dos participantes x Item 1 da Escala de Rosenberg
Gráfico 5 – Pontuação dos participantes x Item 4 da Escala de Rosenberg
Gráfico 6 – Pontuação dos participantes x Item 5 da Escala de Rosenberg
Gráfico 10 – Pontuação dos participantes x Item 9 da Escala de Rosenberg

Referências

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