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Modelo de implantação de Gestão do Conhecimento para Instituição Pública de Ensino Superior: estudo de caso no CEFET de Urutaí

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(1)

GESTÃO DO CONHECIMENTO E DA TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

MODELO DE IMPLANTAÇÃO DE GESTÃO DO

CONHECIMENTO PARA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO

SUPERIOR.- ESTUDO DE CASO NO CEFET DE URUTAÍ.

Eliézer Marques Faria

(2)

Modelo de implantação de Gestão do Conhecimento para

Instituição Pública de Ensino Superior.- Estudo de caso no

CEFET de Urutaí.

Dissertação apresentada ao Programa de

Graduação “Stricto Sensu” em Gestão do

Conhecimento e Tecnologia da

Informação da Universidade Católica de

Brasília, como requisito para obtenção do

Título de Mestre em Gestão do

Conhecimento e da Tecnologia da

Informação.

Orientador Prof. Dr. Rogério Alvarenga

(3)

Faria, Eliézer Marques

Modelo de implantação de Gestão do Conhecimento para Instituição Pública de Ensino Superior.- Estudo de caso no CEFET de Urutaí, Brasília, 2003.

(4)

A Deus, por ter me concedido a oportunidade de realizá-lo e de poder demonstrar assim que Ele é poderoso e justo;

Aos meus pais , por estarem sempre ao meu lado e serem a fonte de minha inspiração como ser humano e profissional;

Ao meu tio Antônio, o Toninho, que com sua partida me mostrou que o verdadeiro valor da vida, são os verdadeiros amigos e fazer o bem a todos;

Aos meus amigos, em especial meu amigo Dory Gonzaga, e irmãos que muito me incentivaram para a conquista deste sonho;

Ao Professor Dr. Rogério Alvarenga, que acatou-me e que depositou em mim sua confiança de que iríamos chegar lá;

Aos professores do curso que em muito contribuíram para meu desenvolvimento profissional e pessoal;

(5)

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ... 9

1.1 – Apresentação do problema ... 9

1.2 – Objetivos ... 11

1.2.1 – Objetivo Geral ... 11

1.2.2 – Objetivos Específicos... 12

1.3 – Motivação... 12

1.4 – Metodologia para desenvolvimento do trabalho ... 13

1.5 – Descrição do Conteúdo dos Capítulos ... 14

2 – REVISÃO DA LITERATURA... 16

2.1. A Era da Informação ... 16

2.2. Informação: Conceito ... 21

2.2.1 O Valor da Informação... 23

2.3. A Sociedade da Informação ... 26

2.3.1 Desafios da Sociedade da Informação ... 28

2.3.2. Novas Oportunidades do Mercado de Trabalho... 30

2.6. A Educação Profissional no Brasil... 36

2.6.1. Histórico ... 36

2.6.2. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação... 37

2.6.3. A Prática Pedagógica ... 40

2.6.4. O PROEP - Programa de Expansão da Educação Profissional... 42

3. GESTÃO DO CONHECIMENTO ... 44

3.1. Histórico ... 44

3.2. Conceito ... 47

3.3. Aspectos Culturais... 50

3.3.1. Necessidade de Adoção da Gestão do Conhecimento ... 50

3.3.2. Aspectos Humanos ... 52

3.3.3. Mudanças Paradigmáticas ... 54

3.4. Aspectos Práticos ... 57

3.5. Resultados e Perspectivas... 65

4 – A PROPOSTA METODOLÓGICA ... 68

4.1 – Visão Geral... 68

4.2 - Descrição das Fases da Proposta... 69

4.2.1 – Fase I – Conceitualizar a Direção Desejada para a Gestão do Conhecimento... 69

4.2.2 – Fase II – Mapear a Situação do Conhecimento... 69

4.2.3 – Fase III – Desenvolver uma Estratégia de Gestão... 70

4.2.4 – Fase IV – Identificar Medidas e Benefícios da Gestão do Conhecimento... 71

4.2.5 – Fase V – Estabelecer Prioridades ... 72

(6)

4.4 – Sujeitos ... 76

4.5 – Instrumentos de Pesquisa ... 77

5 – IMPLEMENTAÇÃO DA METODOLOGIA - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.78 5.1 – Resultados da Fase I – Conceitualizar a Direção desejada da Gestão do Conhecimento... 78

5.2 – Resultados da Fase II – Mapear a Situação do Conhecimento. ... 79

5.3 – Resultados da Fase III – Desenvolver uma Estratégia de Gestão ... 84

5.4 – Resultados da Fase IV – Identificar Medidas e Benefícios da Gestão de Conhecimento... 89

5.5 – Resultados da Fase V – Estabelecer Prioridades... 95

5.6 – Resultados da Fase VI – Caracterizar as Habilidades Necessárias ... 97

5.7 – Resultados da Fase VII – Mudar a Cultura de através de Programas de Incentivo à Gestão do Conhecimento ... 100

6 - CONCLUSÃO ... 104

7 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ... 112

ANEXO 01 – QUESTIONÁRIOS... 117

ANEXO 02 – REDE FEDERAL DE CEFET... 122

ANEXO 03 – PLANILHA PARA AVERIGUAÇÃO DE RESULTADOS... 123

(7)

RESUMO

Para manter-se em posição de destaque e responder às necessidades e mudanças contínuas do mercado e dos clientes, um número crescente de empresas vem percebendo o quanto é importante “saber o que elas sabem” e ser capaz de tirar o máximo proveito de seus ativos de conhecimento. A denominação dada a este ativo, não é o ponto mais importante, pode ser capital intelectual, propriedade intelectual, etc. O mais importante é saber como aplicá-lo em seus processos a fim de agregar valor aos seus produtos. A Gestão do Conhecimento, que já não é mais um modismo, passa a ser um dos principais caminhos para a sobrevivência e destaque de uma empresa. Apesar de concreta, sua definição e sua implantação ainda constituem um grande dilema para as empresas e para os estudiosos do assunto. Este trabalho é baseado na proposta de Karl Wiig (1999b) para a implantação da Gestão do Conhecimento. Este trabalho analisa a aplicação desta proposta na Coordenação da Área de Informática do Centro Federal de Educação Tecnológica de Urutaí– CEFET Urutaí.

Palavras-chave

(8)

INSTITUTE

CASE OF CEFET URUTAÍ

Abstract

In the order to keep themselves at a prominence position, and to give an answer to the needs and continuous changes on markets and clients, an increasing number of companies understand how much it is important “Knowing what they know” and being able to know how to make good use of their actives of knowledge. The denomination given to their active is not the most important point, it can be the intellectual capital, intellectual property, etc. the must important is knowing how to apply it on products. The knowledge Management, which is no longer a fashion, starts being one of the main ways to surviving and prominence of an enterprise. In spite of being concrete, its definition and implantation still. Constitutes a great dilemma to the companies and to the studious of the subject. This work is based on Karl Wiig’s (1999b) proposal to the implantation of the Knowledge Management. This work analyzes the application of this proposal in the Coordination of the Area of Computer science at Centro Federal de Educação Tecnológica de Urutaí– CEFET Urutaí.

Key- Words

(9)

1 – INTRODUÇÃO

1.1–APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

O estudo de caso apresentado nesta dissertação foi realizado na

Coordenação da Área de Informática do Centro Federal de Educação Tecnológica

de Urutaí, uma instituição pública de ensino, da esfera federal, no setor de educação

profissional de nível técnico e tecnológico.

Tal instituição iniciou suas atividades no ano de 1953, no município de Urutaí,

no Estado de Goiás, e hoje conta com cursos de nível médio – ensino médio, de

nível técnico – Agropecuária e Sistemas de Informação, e de nível tecnológico –

Tecnologia em Irrigação e Drenagem e Tecnologia em Sistemas de Informação,

tendo por volta de 1.600 (um mil e seiscentos) alunos matriculados nos diversos

cursos, na sede em Urutaí, e na Unidade Descentralizada de Ensino na cidade de

Morrinhos-GO.

Fatores tais como a localização em região estratégica, ótima infra-estrutura

física, um bom quadro de docentes, ser uma instituição federal e oferta de educação

de qualidade e gratuita, fez com que a instituição obtivesse reconhecimento a nível

nacional e internacional, recebendo assim alunos da comunidade regional, estadual

e de diversos estados da federação.

Entretanto, com a melhora do poder aquisitivo das famílias de baixa renda,

possibilitando que realizem o custeio dos estudos de pelo menos um membro da

família em escolas particulares, com o aumento exponencial da oferta de cursos

(10)

CEFET de Urutaí vem sofrendo perdas consideráveis na procura por seus cursos,

resultado da concorrência direta que por hora vem surgindo.

No que se relaciona à Educação para o trabalho, as transformações em curso

na Sociedade do Conhecimento exigem modelos de ensino e de aprendizagem

altamente flexíveis e abrangentes, visando a formação de um trabalhador qualificado

de forma polivalente e, principalmente, com o potencial de aperfeiçoamento

continuado, para que possa atuar nos mais diferentes contextos de trabalho.

Torna-se extremamente necessário, e urgente, que o CEFET de Urutaí e a

Coordenação da área de informática ofereçam vantagens e diferenciais em seus

cursos, com o objetivo de atrair novos alunos – seus clientes diretos, e manter os

alunos que já estão dentro da instituição. Além destes clientes, a instituição tem

também como público a ser atendido a comunidade regional.

No caso do curso Técnico em Sistemas de Informação, os alunos

permanecem por um período de até 18 meses na instituição. Existe a necessidade

de mantê-los até o final do curso e de atraí-los de volta à escola, o que só poderá

ocorrer com a oferta de novos cursos e/ou continuação, na forma de módulos

complementares, do curso já realizado por eles. Este retorno periódico à instituição,

faz parte dos princípios básicos da educação profissional, no qual se institui que a

escola deve proporcionar ao aluno atualização constante de seus conhecimentos

práticos e teóricos.

A implementação de novos cursos na área de informática necessita tanto de

novas atitudes, novas ações e de melhoria nos processos existentes já aplicados na

criação de outros cursos. Contudo, atualmente, a maior parte do conhecimento e

(11)

desnecessário, perda de tempo e certa frustração nos membros das equipes

envolvidas.

Portanto, para que a Coordenação do Curso Técnico em Sistemas de

Informação do CEFET de Urutaí possa oferecer cursos diferenciados na área de

informática aos seus clientes, é imprescindível, que faça uso racional e proposital do

conhecimento existente dentro da instituição, e que quando necessário saiba como e

onde obtê-lo, o que remete a consideração da Gestão de Conhecimentos como uma

das alternativas de solução para tal problema.

1.2–OBJETIVOS

1.2.1–OBJETIVO GERAL

O objetivo geral define o resultado ao qual se deseja chegar dentro da

organização. Através do presente trabalho, pretende-se analisar a implantação da

Gestão do Conhecimento na Coordenação da Área de Informática de uma

instituição pública de ensino de nível tecnológico, o Centro Federal de Educação

Tecnológica de Urutaí - o CEFET de Urutaí

Para tanto, foi utilizada a metodologia sugerida por Karl Wiig (1999b), em

seu artigo sobre as Perspectivas Práticas da Gestão do Conhecimento.

O foco dado a este trabalho é para a área pedagógica da instituição, mais

especificamente, para a coordenação da área de informática que inclui o curso

técnico em Sistemas de Informação.

Um completo planejamento para implantação da Gestão do

(12)

de toda a instituição, da gestão de Recursos Humanos, de cada departamento em

particular, e da Diretoria.

Cabe aqui ressaltar que a conscientização sobre a Gestão do

Conhecimento e seus benefícios, a todos os afetados por sua prática, é de

fundamental importância para o sucesso do projeto de implantação da Gestão do

Conhecimento.

1.2.2–OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Uma vez definido o objetivo geral, cabe um detalhamento deste através de

metas a serem atingidas. Como principais metas para se atingir o objetivo geral,

destacam-se:

• Realizar um macro levantamento do CEFET de Urutaí no que tange

aos negócios, à direção estratégica e à atuação regional.

• Realizar um macro levantamento na Coordenação da Área de

Informática para verificar o nível de conhecimento sobre a Gestão

do Conhecimento por parte dos funcionários e o estado atual do

conhecimento.

• Realizar um levantamento das políticas de gestão do conhecimento

existentes dentro da Coordenação da Área de Informática.

1.3–MOTIVAÇÃO

A motivação para a realização deste trabalho encontra-se baseada nos

seguintes pontos, por saber:

1. A obtenção do grau de mestre, mediante a conclusão do curso que se

(13)

2. O tema, Gestão do Conhecimento, mostra-se de importância vital para

que instituições, empresas e, até mesmo profissionais, de qualquer

natureza, criem e mantenham um diferencial competitivo sobre seus

concorrentes. Poder estudar, de forma mais aprofundada, tal tema é de

grande interesse e satisfação;

3. A possibilidade de realizar um estudo inédito e de caráter inovador no

CEFET de Urutaí.

4. A possibilidade de aplicar, posteriormente, o resultado deste em outras

instituições da rede federal de mesma natureza (anexo 2).

1.4–METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

A metodologia para o desenvolvimento da dissertação consiste nas

seguintes etapas:

• Realizar um levantamento sobre o estado da arte da Gestão do

Conhecimento, sobre o valor da informação e sobre as oportunidades do

mercado do conhecimento.

• Realizar um levantamento do atual estado das políticas de Gestão do

Conhecimento na coordenação da área de informática.

• Aplicação da metodologia de Karl Wiig (1999b), e verificação dos

resultados de cada fase no contexto.

A adoção da proposta sugerida por Karl Wiig deu-se mediante levantamento

de várias outros, porém, esta mostrou-se mais voltada às particularidades do setor

(14)

Wiig (2000) apresenta um estudo sobre a aplicação da GC na área de

administração pública.

A coleta de dados deu-se através da observação participante, como define

LAKATOS (1991): “Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade

ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto

um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste”.

(p.94). Também foram utilizados os métodos de análise de documentos e

questionários (anexo 01).

1.5–DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS

O presente trabalho encontra-se assim dividido:

No Capítulo 1, temos a justificação deste trabalho. Esta é dada por meio da

contextualização do estudo, dos objetivos e da motivação. Descreve-se, também, a

metodologia para desenvolvimento do trabalho.

No Capítulo 2 e 3, tem-se a revisão da literatura a respeito da Era da

Informação, da sociedade da informação, da educação profissional no Brasil e da

Gestão do Conhecimento. Conceitos, definições, o valor da informação nos dias

atuais, as novidades do mercado e os novos nichos a serem explorados pelas

empresas são expostos neste capítulo.

No capítulo 4, são detalhadas as fases da proposta, o universo pesquisado,

os sujeitos envolvidos na pesquisa e os instrumentos aplicados para a realização da

mesma.

No capítulo 5, são demonstrados e discutidos os resultados obtidos na

aplicação da metodologia adotada. Os resultados estão descritos por fase.

(15)
(16)

2 – REVISÃO DA LITERATURA

2.1.AERA DA INFORMAÇÃO

...em trinta anos o mundo produziu mais informação do que no curso dos cinco mil anos anteriores... Um único exemplar da edição dominical do New York Times contém mais informação do que poderia adquirir durante toda a sua vida um europeu do século XVII. Cada dia cerca de vinte milhões de palavras de informação técnica são impressas sobre diversos suportes (revistas, livros, relatórios, disquetes, CD-ROM). Um leitor capaz de ler mil palavras por minuto, oito horas por dia, gastaria um mês e meio para ler toda a produção de um único dia e, ao fim desse período, teria acumulado um atraso de cinco anos e meio de leitura. (RAMONET apud RIOS et al, 1999)

O homem primitivo se valia da observação e da associação de idéias para

conhecer, explorar e tentar dominar a Natureza. Foi essa capacidade de

correlacionar fatos que permitiu ao ser humano superar as dificuldades e obstáculos

de suas relações com o meio ambiente, com outros seres humanos e até consigo

mesmo, no percurso de sua evolução. Segundo Santos (1999), "no caso da espécie

humana, as grandes mudanças que lhe impulsionaram, estiveram sempre atreladas

às tentativas de domínio da natureza, ou seja, da criação de técnicas, descobertas

pela observação e raciocínio [...] que permitiram ao homem, ao longo de milhões de

anos, gradativamente aperfeiçoar-se".

Segundo Dolce (1997), a primeira preocupação do homem foi com o

atendimento às suas necessidades básicas: alimentação e segurança. A primeira fez

(17)

conseqüência, surgem núcleos, aldeias e cidades, onde aparecem "as primeiras

técnicas de convívio social que evoluíram a partir de um grupamento familiar

rudimentar e fragmentário para um grupo tribal mais consistente que propiciava

maior segurança".

Esta situação permaneceu inalterada por milênios, até que o desenvolvimento

e a aplicação dessas técnicas, permitiram ao homem dispor de tempo livre para

"usar toda sua energia criadora e assim melhorar a técnica que o libertava de suas

tarefas para melhorá-la ainda mais e novamente dispor de mais tempo, num círculo

virtuoso" (DOLCE, 1997)

Santos (1999) amplia essa visão, afirmando que "não sabemos se foi a

necessidade de sobrevivência que o levou a descoberta de novas técnicas e por

conseguinte a uma estimulação do desenvolvimento [...] ou se esta mesma

necessidade impulsionou o homem a uma evolução biopsicosocial que levou ao

surgimento de novas tecnologias".

Segundo Freire (2002), até que se desenvolvesse a escrita, o saber adquirido

e acumulado por milhares de anos circulava na forma de narrativas orais, refletindo

os valores dos grupos sociais a que pertencia. Essa transmissão tinha por objetivo a

manutenção e perpetuação do conhecimento acumulado e organizado através dos

milênios, tendo uma influência determinante na evolução qualitativa das diversas

civilizações. Para a autora, "essa estrutura intelectual foi capaz de criar novas

formas de expressão do conhecimento, de criar 'possibilidades' de transformação

nos grupos e nas estruturas sociais."

A oralidade assume seu apogeu durante a civilização grega. Segundo Silva S.

(18)

administrar a polis, vivenciaram uma experiência baseada na argumentação e no

convencimento como requisito para o exercício da cidadania e da prática da

política."

Até a Idade Média, o principal obstáculo para a transmissão escrita de

informações era de ordem econômica. Verger (1999) descreve esse período:

O livro custava caro. Esse custo vinha, antes de mais nada, do preço do suporte. Um livro requeria grande quantidade de pergaminho e o pergaminho era um material oneroso. [...] Na realidade, o fator principal do elevado preço dos livros era o custo da cópia. Os bons copistas eram raros. [...], a confecção de livros tomava tempo. Os bons copistas trabalhavam lentamente, por volta de duas folhas e meia por dia, em média. "

A invenção da tipografia, por Johann Gutemberg, na metade do século XV,

iniciou, de forma lenta, a disseminação da informação para fora dos conventos e

universidades, até então os grandes detentores de textos escritos. Mesmo assim,

segundo Verger (1999), os primeiros livros impressos reproduziam o conteúdo dos

livros medievais, manuscritos, cuja procura comercial era garantida. Segundo o

autor, quase metade das obras produzidas era de cunho religioso, seguidas das

gramáticas elementares e, em último lugar, os textos profanos. Para ele, esses livros

"puderam servir para a melhoria dos ensinamentos de base, não para a renovação

cultural das elites."

As mudanças sócio-econômicas do final do século XVIII e início do século XIX

somente reforçaram os vínculos do conhecimento com a classe social emergente.

(19)

ao poder político e ao domínio econômico, ajudando a instituir definitivamente o

campo científico como um espaço de produção social material e simbólica."

A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, no final do século XVIII, marca

uma ruptura dos valores culturais atribuídos ao trabalho, através da substituição da

força física humana pela força mecânica das máquinas, mudando valores e

conceitos. Segundo Grotto (2001), "os novos paradigmas passaram a ser

determinados pelos processos produtivos que se massificaram a partir de novas

tecnologias, gerando a urbanização e a formação de uma sociedade industrial."

Além disso, segundo a autora, esse período "caracterizou-se pela expansão da

capacidade motora da ação humana. As novas tecnologias disponíveis ampliam a

sua capacidade lógico-dedutiva."

Na realidade, as transformações desencadeadas pela Revolução Industrial,

sejam no campo econômico, político ou social, chegaram até nossos dias. Diversos

autores convergem para a idéia de que o fator determinante para que isso ocorresse

foi o desenvolvimento dos meios e formas de comunicação e transporte, que

permitiram a difusão global dessas transformações. Vejamos:

A Revolução Industrial com certeza não teria ocorrido se os vários inventos da época não pudessem ter sido comunicados para o restante do mundo. (GROTTO, 2001)

(20)

humanidade nos fez chegar a um ponto em que, sem sair de casa, podemos vislumbrar um mundo até então desconhecido para nossos ancestrais mais próximos. (FAGGION, 2001)

A Revolução Industrial promoveu um ambiente propício ao fluxo de informações e conhecimento, em virtude da concentração de pessoas nas cidades. [...] A crescente valorização de produtos industrializados incentivou o desenvolvimento tecnológico e a produção de conhecimento. Os esforços para expandir o comércio, por sua vez, ocasionou um contínuo aumento do fluxo de informações entre grupos sociais e entre organizações, além de promover entre as pessoas a aceitação de novas soluções. (QUEIROZ, 1999)

Embora a informação tenha adquirido, com o decurso do tempo, uma importância e uso cada vez maior, é a partir da Idade Moderna (1453-1789) que registramos um seu uso mais amplo, período em que, no seu início, surgem os recursos da imprensa, ampliando, com a tipografia, suas possibilidades de registro e proliferação. (SILVA S., 2001)

(21)

Assim, Silva S. (2001) também afirma que "a valorização da informação e do conhecimento, bem como da relação entre ambos, não é uma fase inaugurada por nossa época, muito embora tenhamos hoje um reconhecimento mais manifesto, consciente e amplo da sua relevância.".

2.2.INFORMAÇÃO:CONCEITO

Como vimos, a palavra "informação" está vinculada ao homem desde os

primórdios de seu desenvolvimento. Entretanto, uma das maiores dificuldades

encontradas pelos estudiosos do tema é a conceituação do que é informação.

A palavra "informação" vem do latim informare, ou seja, "dar forma, pôr em forma ou aparência, criar, mas, também, representar, apresentar, criar, uma idéia ou

noção algo que é colocado em forma, em ordem." (ARAÚJO & FREIRE, 1999).

Sirihal & Lourenço (2001) afirmam que o termo foi criado no século XIII, por São

Tomás de Aquino, e desde então seu significado tem sido modificado.

Na realidade, não temos uma definição exata para a palavra "informação".

Sabemos intuitivamente o que é e o que não é, mas traduzir isso em palavras é uma

tarefa difícil (FAGGION, 2001). Araújo & Freire (1999) afirmam que há mais de 400

definições, conceitos e abordagens para a palavra, variando de acordo com a área

ou cultura onde é empregada. Esse número é confirmado por Dantas (1996) que

informa ainda que essa contagem foi feita por um autor chinês (YUENXIAO, 1988,

apud DANTAS, 1996).

Apesar de serem muitas vezes confundidos, os conceitos para "informação" e

"conhecimento" são bastante distintos. Historicamente, a informação era tratada

pelas ciências exatas, como forma de definir a comunicação. Já o conhecimento era

(22)

Lourenço (2001) mostram essa distinção dizendo que a informação é o processo de

significação de uma mensagem e o conhecimento o "estado" de ter compreendido

essa significação. Silva S. (2001) complementa afirmando, numa abordagem ampla

e generalizada, que "a informação consiste tanto na matéria-prima quanto no

produto do processo de produção do conhecimento". Ou seja, o conhecimento seria

uma conseqüência da informação.

Mesmo distintos, esses dois conceitos costumam se confundir nas

expressões e textos produzidos pelos pesquisadores. Podemos citar, por exemplo,

uma classificação interessante assinalada por Cardoso (1996, apud GALVÃO &

BORGES, 2000) sobre as duas dimensões da informação.

A dimensão pessoal da informação manifesta-se pelo acervo de soluções e interpretações que acumulamos no desenrolar de nossa biografia, através daquilo que experienciamos e que nos fornece pistas para lidarmos com novas experiências. A dimensão coletiva identifica-se com fragmentos do conhecimento produzido desde que o mundo é mundo, ou seja, as sistematizações de experiências disponibilizadas socialmente, ainda que não se possa deixar de destacar que tal disponibilização ocorre diversamente entre os indivíduos em função dos diferentes lugares que ocupam na estrutura social.

Podemos notar que a autora utilizou o termo informação como algo

cumulativo nos seres humanos durante suas existências. Na realidade, se formos

seguir as definições mais comuns dos demais autores, o que pode ser acumulado é

o conhecimento, fruto, este sim, das informações que chegam até nós.

De qualquer forma, a informação sempre foi indispensável para a atividade

(23)

desenvolvimento, tais como sociedade da informação, indústria da informação, revolução da informação, sociedade do conhecimento, termos utilizados com o mesmo significado pelos diferentes autores. (ARAÚJO & FREIRE, 1999).

2.2.1OVALOR DA INFORMAÇÃO

Como vimos anteriormente, na história da humanidade a informação foi um

diferencial importante no desenvolvimento das sociedades. Tálamo (1997, apud

JANNUZZI, 2001) relembra que, mesmo com o advento da escrita, o acesso à

informação estava restrito a poucos - os que sabiam ler. Estes, por sua vez,

transmitiam aos demais o que haviam lido. "Desse modo, por ser domínio de

poucos, o saber constituía-se como sinônimo de poder entre indivíduos e povos."

Segundo Castro (2000), somente no final do século XVIII, na França, é que a

informação escolarizada tornou-se pública e gratuita, além de laica, permitindo o

acesso das classes menos favorecidas à leitura.

O Renascentismo coloca sua crença totalmente no homem, que passa a

poder criar livremente na literatura, na arte e nas ciências, livrando-se das amarras

impostas pela religião medieval. As teorias de Bacon e Descartes estimulam o

raciocínio e a experimentação como forma de descoberta da verdade (DOLCE,

1997).

A partir da Revolução Industrial, a informação e o conhecimento tornam-se

decisivos no desenvolvimento tecnológico. A necessidade de se produzir mais em

menos tempo faz com que o homem procure novas soluções, seja criando ou

aprimorando as tecnologias já existentes. "O surto de desenvolvimento industrial se

(24)

à indústria as inovações tecnológicas que iriam alterar o rumo do mundo" (DOLCE,

1997)

Segundo Freire (2002), a partir dessa etapa de desenvolvimento, o

conhecimento científico torna-se cada vez mais presente na estrutura de visão do

mundo capitalista, tornando-se uma atividade produtiva através de um processo de

"reificação". A autora afirma que quem fundou a ciência como instituição social foi

Isaac Newton:

Enquanto substituía antigas concepções do cosmo, como a teoria geocêntrica, o conhecimento científico adquiria valor para as forças produtivas e transformava a visão de mundo da sociedade capitalista. Até que a Revolução Francesa propiciou à burguesia a ascensão ao poder político e ao domínio econômico, ajudando a instituir definitivamente o campo científico como um espaço de produção social material e simbólica.

E completa, afirmando que "A contribuição da prática científica, no modo de

produção capitalista industrial, trouxe o crescimento da disponibilidade de energia,

de artefatos e conhecimentos, com o saber utilitário apoiando-se no saber abstrato,

com a multiplicação dos centros de pesquisa tecnológica e dos meios de

comunicação da informação" (FREIRE, 2002).

O papel da informação e do conhecimento como produtores e reprodutores de

bens dentro da sociedade capitalista é bastante claro. Quantificar esse valor,

entretanto, torna-se uma tarefa complexa pela própria natureza do material - a

informação - " algo extremamente nebuloso e pouco discernível " (CASTRO, 2000).

O autor afirma que esse valor é relativo e individualizado. Ou seja, o valor de

(25)

que possui um valor hoje pode não ter nenhum amanhã. Além disso, o valor da

informação depende da necessidade e do interesse do receptor, segundo o fim a

que se destina.

Acompanhando a máxima da sociedade capitalista, Freire (2002) afirma que

antes desta, a necessidade de conhecimento excedia a oferta e os custos de

produção da informação eram altos. Atualmente a situação se inverte, sendo a oferta

muito maior do que a demanda o que transfere a importância e o custo para a

distribuição dessa produção de maneira eficaz e a quem dela necessita "como

fundamento para uma ação racional".

Há ainda mais alguns componentes que poderiam ser discutidos dentro da

tentativa de se quantificar o valor da informação. Como exemplo, Barreto (1998)

afirma que a informação é uma mercadoria simbólica, que não se esgota com o

consumo, tendo sua durabilidade determinada por um tempo e espaço

correspondentes à sua qualidade e validade. Além disso, segundo o autor, ao

adquiri-la, o consumidor não tem sua propriedade, salvo em situações

pré-determinadas, e só poderá utilizá-la se tiver competências pessoais para tanto.

Sendo praticamente impossível uma quantificação desse valor, Ortolani

(1995) sugere que "a tendência natural é tentar medir o valor da informação pelo

quanto adicional ela traz, entretanto, o conceito mais amplo e correto é o custo de

oportunidade - quanto custa não tê-la. Neste sentido, medir o valor da informação

passa a ser um processo semelhante ao de um seguro ou propaganda - quanto

(26)

Seja como for, não podemos nos esquecer de que a informação é tão

importante nos nossos dias que passou a ser utilizada como denominador da nova

fase de desenvolvimento que estamos vivendo: a Era da Informação.

2.3.ASOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Marcelino (1999) afirma que o fato de classificarmos a sociedade em que

vivemos como Sociedade da Informação significa "que assumimos que o recurso

estruturante dessa sociedade já não é a terra, o trabalho ou o capital, mas a

informação, o que nela se incorpora e lhe dá valor".

Werthein (2000) amplia essa definição, quando diz que o termo "sociedade da

informação" é utilizado como substituto para o conceito complexo de "sociedade

pós-industrial", permitindo transmitir o novo "paradigma técnico-econômico".

Segundo ele, dentro das ciências sociais, esse conceito refere-se às

"transformações técnicas, organizacionais e administrativas".

Além desses conceitos, Rocha (2000) inclui que a sustentação da Sociedade

da Informação ou Sociedade do Conhecimento se dá através de novas tecnologias

de informação e comunicação, ampliação da globalização e prevalência de uma

nova hegemonia.

Todas estas características e conceitos promovem uma profunda modificação

a nível global na sociedade, alterando seu comportamento e modificando noções

milenares tais como tempo e espaço. "Com o aperfeiçoamento das

telecomunicações e com o advento das novas tecnologias da informação, o tempo

agora é o tempo real e o distante vai tornando-se paulatinamente mais próximo."

(27)

As facilidades tecnológicas que facilitam o fluxo da informação a nível global,

fazem com que o tempo também se torne uma variável econômica, consolidando a

máxima "tempo é dinheiro". A liberação da dependência tempo-espaço torna a

informação dependente de outras variáveis mais subjetivas, tais como a

interpretação, a oportunidade, a relevância, a viabilidade e a capacidade de uso.

(MARCELINO, 1999)

Ramonet (1977, apud RIOS et al, 1999), questiona se essas características já

não ultrapassaram o nível de otimização, uma vez que, hoje, a informação

"tornou-se, como o ar e a água, o elemento mais abundante do planeta". Apesar dessa

abundância, assim como o ar e a água, citados pelo autor, a informação também

começa a se apresentar poluída. Segundo Ramonet, ao invés de servir como

elemento de libertação, através da difusão do saber, hoje a informação impõe-se

como obrigação absoluta, "inundando todos os aspectos da vida social, política,

econômica e cultural".

Segundo Dolce (1998), o uso da tecnologia em larga escala tem causado uma

verdadeira revolução no seio da sociedade, alterando as relações no setor produtivo,

facilitando o acesso à informação, universalizando a cultura e o conhecimento,

modificando a mobilidade social e impondo a necessidade constante de

aprendizado. Para ele essas transformações ainda não foram totalmente

compreendidas pelas elites e pelos responsáveis pelas instituições sociais e

políticas, sendo preciso discutir-se o novo papel a ser desempenhado pelo Estado e

até o conceito de democracia representativa.

Aliadas a elas, Oliveira (2001) cita ainda a formação dos blocos econômicos,

(28)

globalização dos mercados financeiros como um novo paradigma quanto à função e

importância da informação como fator de competitividade das empresas e

organizações em geral, bem como sua adaptabilidade a essas transformações.

2.3.1DESAFIOS DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

São inúmeros os desafios advindos desse novo ambiente criado pela

Sociedade da Informação, principalmente nos aspectos que influenciam o ser

humano individualmente e suas relações com o mundo globalizado.

As opiniões dos estudiosos são divergentes quanto aos problemas e

vantagens advindos da nova sociedade. Os primeiros levantam questões éticas e

sociais, apontando uma tendência de piora nos abismos existentes entre culturas

desenvolvidas e em desenvolvimento. Os otimistas, entretanto, apontam as

possibilidades surgidas com esses recursos tecnológicos, principalmente para a

democratização do acesso e para o surgimento de um novo conceito de cidadania.

Ianni (1992, apud CASTRO, 2000) afirma que a globalização não elimina as

desigualdades e contradições que fazem parte da vida nacional e mundial, mas

desenvolve outras, recriadas em outro nível, com outros ingredientes. Ao mesmo

tempo, Coury (2001) defende que a globalização, e principalmente a universalização

do acesso à Internet, é uma oportunidade nova para que os países em

desenvolvimento possam "produzir e usar as informações para superar e dominar a

natureza, o que significa ganhar poder". A condição para isso, segundo o autor, seria

a superação do círculo vicioso “não faço porque não posso e, como não posso, não

faço”, através da mobilização das vontades nacionais para que isso ocorra.

Silveira (2000, apud SILVA A., 2001), levanta que o Estado tem

(29)

agente capaz de evitar o agravamento dos desequilíbrios sociais e regionais,

assegurando o efetivo exercício da cidadania e o tratamento igual em termos de

oportunidades de acesso aos recursos informacionais.

Borges (2000, apud SILVA, A., 2001) vai mais além e atribui à própria

sociedade a responsabilidade para que isso ocorra. Segundo o autor, o cidadão

"para não ser vítima, precisa organizar-se e defender-se em nome de seus direitos,

construindo uma sociedade que funcione democraticamente". Ou seja, "A sociedade

precisa reunir-se e efetivar os canais de participação, sendo eles a organização da

sociedade civil, o planejamento participativo, a educação básica, a identidade

cultural comunitária e a conquista de direitos".

Silva A. (2001) completa essa idéia afirmando que a informação concorre

para o exercício da cidadania, permitindo ao indivíduo compreender as mudanças

em curso e oferecendo meios para sua ação ou reação individual ou coletiva. Para a

autora, o instrumento fundamental para que isso ocorra é "garantir ao indivíduo o

acesso à educação e à informação, fontes condutoras de conhecimento e

possibilitadoras de consciência crítica".

Portanto, a responsabilidade pelas conseqüências não se encontra num nível

único da sociedade. Todos, de uma forma ou de outra, indivíduos e instituições,

podem influir nos rumos que serão trilhados a partir das novas oportunidades

criadas, e que, para Faggion (2001), estão apenas começando:

(30)

entanto, essa unidade comum, numa pretensa sociedade em que a informação trafega naturalmente, tende a ser frágil, dependente da compreensão e tolerância entre os homens.

2.3.2.NOVAS OPORTUNIDADES DO MERCADO DE TRABALHO

Numa sociedade em que a informação passa a ter um papel tão importante, a

valorização do ser humano é conseqüência natural. Como pudemos ver no capítulo

anterior, o homem é um elemento fundamental na produção dessa informação.

Assim, é natural que, apesar de todo o emprego da tecnologia, a sociedade da

informação tenha como característica uma crescente valorização do ser humano, ao

mesmo tempo como produtor e como consumidor dessa informação.

Marcelino (1999) afirma que a redescoberta do homem é econômica e social,

sendo a base para a redescoberta política e a conseqüente aposta em sua

valorização. Afirma ainda que "a educação e a formação são as chaves da libertação

do indivíduo e da sua capacidade de assumir a diferença criativa num contexto

dinâmico de igualdade no acesso aos recursos informativos básicos".

Segundo o autor, essa é a causa da crescente importância que vem sendo

dada aos recursos humanos dentro das empresas nas últimas décadas, buscando

torná-las mais competitivas através da utilização do capital intelectual de seus

funcionários e colaboradores.

Marengo (1996) coloca que o trabalho tem deixado de ser percebido e

utilizado como um componente de custo para se tornar uma fonte de recursos. O

resultado é a busca por parte das empresas de um aumento do grau de qualificação

da força de trabalho, do nível de escolaridade e da reciclagem profissional como

(31)

Sendo a informação um conceito abrangente e abstrato, é difícil determinar

com exatidão em que sua disseminação global afeta o mercado de trabalho.

Marengo (1996) afirma que hoje praticamente todos os profissionais podem ser

considerados como "profissionais da informação", já que, de uma forma ou de outra,

precisam lidar com ela para o bom desempenho de seus papéis econômicos,

políticos e sociais, como "exigência natural da ordem dominante".

Nesta economia global, o mercado de informação se expressa globalmente, com grande amplitude, extrapolando sua especificidade, atingindo, assim, todos os setores da sociedade, em suas múltiplas manifestações. Dessa forma, a força de trabalho em informações está distribuída em diferentes ocupações, não se restringindo somente aos profissionais, especificamente ligadas ao elemento informação. O setor de informação inclui uma série de tipos de trabalhos diferenciados pela forma de pagamento, pelo status e pelo poder, reflexos evidentes da ordem social dominante. (MARENGO, 1996)

Entretanto, todas essas modificações trazem desafios para o mercado de

trabalho. O primeiro desafio é a própria mutação "pois implica em questionar uma

mudança que está em curso, ainda em processo." (MARENGO, 1996) Esse é um

dos motivos pelos quais ainda não se chegou a um consenso sobre o novo perfil

desse mercado. A autora lembra que "é muito difícil ter uma conceituação clara que

dê conta dos fenômenos sociais, científicos, políticos, econômicos e filosóficos que

(32)

Silva F. (1998) aponta o segundo desafio a ser enfrentado. Sendo um

processo dinâmico, "existe um processo de multiplicação de habilidades na qual

classe trabalhadora vem sendo submetida, e conseqüentemente há descarte

daqueles que não conseguem qualificar-se, estando neste fator um dos principais

motivos para o alto nível de desemprego."

Na realidade, o que temos hoje é um quadro onde as profissões tradicionais

não mais atendem completamente o que se espera delas no desempenho das novas

funções. Castro (2000) afirma que não se trata exatamente da substituição das

práticas e atuações antigas por outras consideradas modernas, mas sim o

tratamento dessas experiências acumuladas para se adaptar às novas exigências.

Ou seja, foram estabelecidas outras formas de comunicação, de linguagem, de

relacionamento entre o homem e a máquina (computadores), entre a natureza e a

cultura, entre o local e o mundial, entre o fazer e o pensar e, principalmente, no

modus operandi do indivíduo frente aos seus valores, comportamentos, atitudes e nas suas conexões com o mercado de trabalho e com o capital.

Como exemplo, Riera (2001) afirma que "o economista, por exemplo, precisa

ler sobre direito, administração e até engenharia. Da mesma forma, o cozinheiro

precisa ter noções de nutrição e saúde, segurança no trabalho, além de conhecer

um pouco de história, que não faz mal a ninguém." Para completar, a autora ainda

diz que em nosso tempo não basta ter um diploma, "aprender a conhecer é

importante, mas aprender a fazer é muito mais essencial".

Aqui nos deparamos com o primeiro indicador de mudança no mercado de

trabalho. As exigências dos empregadores mudaram, passando a ser mais

(33)

empregadores em nível mundial de considerar mais importante, na hora de recrutar,

as qualidades pessoais, a cultura geral e a capacidade de tomar decisões, de

resolver problemas em detrimento da formação especializada." (CUNHA, 2000)

Os especialistas são praticamente unânimes quanto às qualidades exigidas

do novo profissional. Com pequenas diferenças de denominação ou ordem de

importância, são sempre citadas a criatividade, a liderança, o dinamismo, a visão

interdisciplinar, treinamento em recursos informacionais, capacidade de

comunicação, habilidade no tratamento de pessoas, ou seja, uma grande variedade

de competências, sem, obrigatoriamente, uma delimitação específica para cada

cargo. (CASTRO, 2000; SANTOS, 1996 apud CASTRO, 2000; RIERA, 2001)

Em resumo, as empresas não esperam contratar alguém que saiba tudo, mas

procuram aqueles que estão preocupados em aprender continuamente. "Disciplina.

Curiosidade. Amor ao conhecimento. Zelo pelo saber. Garra. Estes são os

ingredientes mais importantes para as pessoas se prepararem para o mercado, em

qualquer profissão e em qualquer modalidade de trabalho. Isso conta mais do que a

carreira em si, ou o diploma obtido." (RIERA, 2001)

Baggio (2000) reforça essa idéia quando afirma que

(34)

Como podemos notar, nenhum dos autores citados especifica para qual ou

quais funções essas habilidades são exigidas. Na realidade, todos afirmam que

essas são características esperadas e desejáveis para todos os profissionais.

Paralelamente a essas habilidades genéricas, a sociedade da informação fez

surgir novas profissões, mais diretamente ligadas a sua atividade primária, ou seja,

aqueles que "adquirem informação registrada em diferentes suportes, organizam,

descrevem, indexam, armazenam e recuperam e distribuem essa informação em

sua forma original ou como produtos elaborados a partir dela" (LE COADIC, 1996,

apud CASTRO, 2000)

Segundo Santos (apud CASTRO, 2000) são aqueles indivíduos que fazem da

informação o seu objeto de trabalho, tais como "arquivistas, museólogos,

administradores, analistas de sistema, comunicadores, documentalistas e

bibliotecários, além dos profissionais ligados à informática e às tecnologias da

informação e às telecomunicações".

Poder-se-ia questionar se algumas dessas atividades foram "criadas" pela

sociedade da informação. Por exemplo, bibliotecários existem desde a Idade Média,

quando eram responsáveis pela guarda e conservação dos manuscritos,

principalmente nos mosteiros e universidades (VERGER, 1999). Na realidade, o que

ocorre é uma ampliação das habilidades dessas e de outras profissões com a

intenção de atuar no novo mercado de trabalho. Segundo Marengo (1996), "o setor

de informação parece não ser mais um constructo acadêmico. Novas ocupações

estão sendo criadas, novas oportunidades se abrem, novas habilidades estão sendo

demandadas, surgindo assim, uma diversidade de carreiras relacionadas com

(35)

Cunha (2000) conta que alguns autores americanos, como Piggot (1996),

definem que a área de informações possui três "cês": Computação, Comunicação e

Ciência da Informação. A autora ainda acrescenta a Gestão da Informação a esse

trio. Segundo ela, não há de se questionar qual dessas áreas irá dominar, já que

para atuar nos novos espaços profissionais os indivíduos deverão ser híbridos, ou

seja, ter qualidades dentro de todas elas.

Está claro o quanto a aprendizagem e o aperfeiçoamento pessoal passam a

ser importantes na capacitação profissional para o novo mercado de trabalho.

Segundo Silva F. (1998), durante muito tempo a Educação se utilizou do slogan

"preparando o jovem para o mercado de trabalho". Hoje questiona-se se isso ainda é

uma realidade.

Há um consenso entre os autores de que a Educação não está preparada

para formar o profissional exigido pelo mercado. Silva A. (2001) sintetiza o que se

espera desse setor em relação à sociedade da informação:

(36)

2.6.AEDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

2.6.1.HISTÓRICO

A história da Educação Profissional no Brasil inicia-se logo após a chegada da

família real ao país. Em 1816, foi criada, por D. João VI, a Escola de Belas Artes,

dedicada ao ensino das ciências e do desenho industrial. A partir de 1840, dez

Casas de Educando e Artífices foram formadas nas capitais de províncias, voltadas

principalmente para "meninos de rua" e em 1861 organiza-se o Instituto Comercial

do Rio de Janeiro. Ainda na segunda metade do século XIX, foram abertos os Liceus

de Artes e Ofícios em seis dessas capitais. (AIDAR et al, 1999)

Em 1906, já na República, o ensino profissional passa a ser atribuição do

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Foram criadas diversas escolas

comerciais como a Fundação Escola do Comércio Álvares Penteado em São Paulo,

e outras no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Em 1910, dezenove

Escolas de Aprendizes Artífices foram instaladas por Nilo Peçanha, além de diversas

escolas voltadas para o ensino agrícola e para a formação profissional de

ferroviários. O ensino secundário, normal e superior estavam sob a jurisdição do

Ministério da Justiça e dos Negócios Interiores. (AIDAR et al, 1999)

Em 1931, a Reforma Milton Campos inicia uma revolução no ensino brasileiro,

criando o Conselho Nacional de Educação e regulamentação do ensino secundário

e profissional comercial no país, primeira iniciativa para estruturar os cursos de

profissionalização. A Constituição de 1934 traçou as "Diretrizes de uma nova política

(37)

A Constituição de 1937 abandonou as diretrizes de 1934, criando em seu

lugar as "escolas vocacionais e pré-vocacionais" como dever do Estado para com as

"classes menos favorecidas". Essa nova orientação obrigava a participação das

indústrias e sindicatos no processo de educação profissional, criando "escolas de

aprendizes, destinadas aos filhos de seus operários". A partir dessas bases foram

criadas as "Leis Orgânicas do Ensino Profissional", que permitiram a criação, em

1942, do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e, em 1946, do

SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Apesar de consolidado, o

ensino profissional continuou a ser tratado como uma educação de segunda

categoria. As Leis Orgânicas deixavam claro a destinação do ensino secundário e

normal para a formação das "elites condutoras do País", enquanto o ensino

profissional deveria se encarregar da "“formação adequada aos filhos dos operários,

aos desvalidos da sorte e aos menos afortunados". (AIDAR et al, 1999)

A Lei Federal 5.692, de 1971, generalizou o ensino profissional de nível

médio, descaracterizando as estruturas existentes na rede pública Estadual e

Municipal e criando uma falsa imagem da formação profissional. Esse quadro se

manteve até 1982, quando as modificações introduzidas pela Lei Federal nº 7.044

tornou facultativo o ensino profissionalizante no segundo grau e atribuiu às

instituições especializadas a formação profissional. (AIDAR et al, 1999)

2.6.2.ALEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1966, também conhecida como Lei Darcy

Ribeiro ou Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), modificou a estrutura

estratificada do ensino no Brasil até aquela data. Foram criadas dois níveis para a

(38)

modalidades - a educação de jovens e adultos e a especial - e uma modalidade

complementar: a educação profissional. (BERGER FILHO, 1999)

Nesta nova distribuição, a educação profissional é definida como

complementar à educação básica, mas pode ser desenvolvida em diversos níveis,

para jovens e adultos, com escolaridade diversa. Segundo Berger Filho (1999), essa

nova estrutura dá uma nova abrangência ao ensino médio e representa um marco

na educação profissional brasileira, já que as legislações anteriores tratavam desta

questão apenas parcialmente.

O Capítulo III do Título V é totalmente dedicado ao ensino profissional,

regulamentado-a e tratando-a como um subsistema de ensino. Além disso, diversos

artigos tratam do assunto, fazendo referência à "aprendizagem permanente" e à

integração com as "diferentes formas de educação", o trabalho, a ciência e a

tecnologia. (BERGER FILHO, 1999)

O Decreto nº 2.208 de 17 de abril de 1997, que regulamenta a LDB,

"descreve os objetivos da Educação Profissional dentro dos pressupostos

apresentados, prescrevendo que esta modalidade de educação é um ponto de

articulação entre a escola e o mundo do trabalho." (BERGER FILHO, 1999).

De acordo com os objetivos estabelecidos, foram definidos três níveis para a

educação profissional. O nível básico, independente de escolaridade, visa a

qualificação e requalificação. O nível técnico é voltado para aqueles que já

concluíram o ensino médio e o nível tecnológico abrange formação superior,

abrangendo a graduação e a pós-graduação. (BERGER FILHO, 1999)

Um aspecto importante da nova legislação é a competência para atribuição da

(39)

curriculares nacionais, que descrevem as competências e habilidades básicas por

área, indicando a carga horária mínima para a obtenção de habilitação. Entretanto,

os sistemas de ensino poderão determinar 30% da carga horária para a adequação

e atualização dos currículos, independente de prévia autorização, agilizando o

acompanhamento das demandas de mercado e do desenvolvimento e

transformações tecnológicas. (BERGER FILHO, 1999)

A LDB dividiu as atividades produtivas em três grandes segmentos: produção

de bens, de serviços e de conhecimento. Cada um desses segmentos se desdobra

em funções e sub-funções que irão determinar as competências e habilidades

específicas para a formação profissional adequada ao desempenho dos

trabalhadores, incluindo as sócio-afetivas, psicomotoras e cognitivas. (BERGER

FILHO, 1999)

Essa flexibilidade curricular permite ao aluno cursar alguns módulos, receber

um certificado de qualificação, ingressar no mercado de trabalho e retornar para

complementar sua formação profissional. Além disso, sendo o ensino profissional de

nível técnico complementar ao ensino médio, podendo se dar de forma concomitante

ou seqüencial, os conhecimentos e competências já adquiridas pelo aluno poderão

ser aproveitadas. (BERGER FILHO, 1999)

Segundo Berger Filho (1999), todas essas alterações visam solidificar um

conjunto de competências, adquiridas durante o ensino básico, possibilitando a

construção da "identidade, a profissionalidade e da cidadania". A nova estrutura de

ensino básico, médio e profissional oferece a "oportunidade de significar

(40)

aprender, a problematizar, a refletir sobre a realidade e a negociar significados com

outros."

2.6.3.APRÁTICA PEDAGÓGICA

Schuelter (2000) afirma que "historicamente, as mudanças na educação têm

sido lentas e em descompasso com a rapidez das mudanças tecnológicas."

Segundo ele, jocosamente, "se nossas bisavós reencarnassem, não reconheceriam

a cozinha dos dias atuais, mas que um professor de 100 anos atrás se sentiria em

casa se entrasse hoje numa sala de aula.". Schuelter afirma que, ao contrário das

demais ciências, a Educação "ainda se agarra a seus métodos obsoletos,

semelhante aos monges copistas inconformados com a invenção de Gutenberg".

O conservadorismo, segundo Schuelter (2000) está sendo obrigado a admitir

as antigas, e ainda utilizadas, metodologias de ensino que já não se adeqüam à

realidade atual.

"Qualquer nova política de educação terá, necessariamente, que levar isso em conta. [...] A educação precisa rever seus conceitos e seus métodos de atuação, precisa entender e interpretar as tecnologias, precisa absorver os benefícios do avanço tecnológico, especialmente na área da informática. Se a relação do aluno com o conhecimento mudou, será que a função do professor poderá permanecer a mesma?" (SCHUELTER, 2000)

Silva, A (2001) relata que as novas tecnologias, principalmente na área de

comunicação e informática, são ferramentas pedagógicas que devem ser utilizadas,

propiciando "uma rápida difusão de informações, permitindo uma construção

(41)

mecanicidade são insuficientes para a preparação do cidadão mediante a Sociedade

da Informação, em que pressupõe a capacidade de utilização dos novos

recursos informacionais disponíveis."

Alem da utilização de novos instrumentos e metodologias de ensino, faz-se

necessário o preparo do professor para o desempenho de seu novo papel: aquele

"que sabe, que escolhe, determina, avalia e decide pelo papel daquele que estimula,

orienta, compartilha e aprende junto." (SCHUELTER, 2000)

As mudanças também abrangem uma necessária alteração da mentalidade

da escola, visando sua atualização diante das novas realidades apresentadas pela

sociedade. Segundo Dolce (1998), "A escola tecnológica deveria ter como centro o

homem e a sociedade, educando não apenas para o setor produtivo como simples

mão-de-obra especializada, mas antes como pessoa perfeitamente integrada com as

demais atividades dentro da sociedade." Para ele, a escola deve reproduzir as três

atividades básicas que constituem o sucesso das empresas modernas: produção,

gestão e pesquisa.

O reflexo dessa inadequação pôde ser verificado em pesquisas realizadas

com crianças, habituadas a lidar com computador na residência. Acostumadas com

o imediatismo de respostas e o amplo acesso às soluções, essas crianças

apresentam problemas quando entram para a escola, já que esta não reflete o

mesmo ambiente multimídia. Para essas crianças a escola é um tédio, sem

motivação para a atenção às aulas ou para a transmissão de conhecimentos.

(ROSEN, 2000)

Além de todos estes aspectos, deve-se considerar que a velocidade das

(42)

inseridos. "Pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências

adquiridas por uma pessoa no início de sua carreira profissional estará

completamente obsoleta antes de chegar ao final." (SCHUELTER, 2000)

Isso implica na necessidade de uma educação constante, continuada, que

ainda é pouco ofertada em nosso país. Segundo Cunha (2000) não existe um

planejamento de oferta regular de cursos que proporcionem um processo de

aprendizagem permanente.

2.6.4.OPROEP-PROGRAMA DE EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Lançado em novembro de 1997, o Programa de Expansão da Educação

Profissional é uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura em parceria com o

Ministério do Trabalho e Emprego, no sentido de oferecer recursos e subsídios para

a reforma da Educação Profissional preconizada pela LDB de 1996.

Seu objetivo é ampliar e diversificar a oferta de vagas, adequar os currículos e

cursos já existentes às necessidades do mercado de trabalho e investir na

reprofissionalização de trabalhadores, independentemente do nível de escolaridade.

Para financiar esse projeto são destinados recursos do MEC, do FAT - Fundo

de Amparo ao Trabalhador e do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Esses recursos são aplicados em projetos de elaboração de projetos de reforma e

expansão do ensino profissionalizante, reforma e ampliação das unidades federais e

estaduais já existentes, construção de novos centros de educação profissional,

aquisição de equipamentos e material pedagógico e capacitação de docentes e

pessoal técnico-administrativo.

O programa prevê parcerias com a iniciativa privada, tanto para atualização

(43)

educacionais, denominadas Escolas do Segmento Comunitário, que possam ampliar

a base de atuação do ensino profissional. Segundo o MEC, atualmente estão em

andamento 336 projetos escolares distribuídos pelo país, sendo 65 federais, 136

(44)

3. GESTÃO DO CONHECIMENTO

3.1.HISTÓRICO

A Gestão do Conhecimento (GC) não é uma prática nova. A maioria dos

autores concorda que nova é a gestão "consciente" dos conhecimentos. A

transmissão de sabedoria dentro de empresas familiares ou a valorização do

know-how e da experiência, prática há muito exercida por bons gerentes, seriam exemplos

da valorização empírica do conhecimento para as organizações. (GROTTO, 2001)

Wiig (1999a) afirma que, desde as reflexões dos filósofos e pensadores

religiosos da Idade Antiga, o conhecimento faz parte da vida cotidiana e espiritual.

Por este motivo, o homem se preocupava em transmiti-lo e perpetuá-lo através das

gerações, mesmo que de maneira informal, visando dar continuidade ao repertório

de experiências adquiridas em todas as áreas.

Segundo Rodrigues (2001), Peter Drucker iniciou a revolução, nos anos 40,

ao publicar três livros que rompiam com a "opinião dominante dos czares

empresariais, que a encaravam como o dom de um príncipe". Assim, "Concept of Corporation" (1946), "The New Society" (1951) e "The Practice of Management" (1954) representam "a primeira grande "fractura" na literatura de gestão". Foi

Drucker também quem cunhou a expressão "economia do saber" em seu livro "The Age of Discontinuity" (1969), antecipando as mudanças que iriam ocorrer neste final de século.

Sveiby (2001) afirma que a GC não evoluiu a partir de um conjunto de

metodologias formais. Segundo ele, a GC como conceito evoluiu a partir de três

(45)

negócios. Na realidade, de acordo com Sveiby, teriam sido quatro grupos: dois nos

EUA, um no Japão e outro na Suécia.

Os dois primeiros grupos, nos EUA, começaram a utilizar o termo "managing knowledge" no contexto da inteligência artificial, em 1986. Um dos grupos era composto, dentre outros, por Debra Amidon, e procurava entender como o

aprendizado poderia ser incrementado com o uso da tecnologia. A partir das

conclusões deste grupo, Debra Amidon publicou, em 1988, o livro "Managing the Knowledge Asset into the 21st Century". (SVEIBY, 2001)

O segundo grupo era liderado por Karl Wiig e pesquisava o papel do

conhecimento nos aspectos práticos da administração, tais como desenhos de

engenharia, previsão do tempo, etc. Durante o trabalho, Karl Wiig enviou um e-mail

contendo alguns conceitos básicos da GC:

"Começamos a pensar em termos de criação, aprendizagem,

compartilhamento (transferência), uso ou alavancagem do conhecimento como um

conjunto de processos sociais e dinâmicos a serem gerenciados (é claro que a

tecnologia entra nisso de vez em quando, mas não estava no centro, como

descobrimos depois). E não conseguimos encontrar um termo melhor do que

'Gestão do Conhecimento' - Agora eu sinto que não poderíamos ter encontrado uma

descrição melhor!" (SVEIBY, 2001)

Wiig utilizou esse termo pela primeira vez em uma apresentação em 1986 e,

em 1990, escreveu um artigo intitulado "Knowledge Management: An Introduction", onde o termo Gestão do Conhecimento aparece pela primeira vez no título de uma

(46)

O terceiro grupo, no Japão, era chefiado por Ikujiro Nonaka, e estudava o

processo de inovação e como acelerá-lo nas grandes corporações japonesas. Uma

das conclusões deste grupo foi que os EUA não valorizavam devidamente os

recursos invisíveis, tais como o bem-estar dos clientes, reputação, lealdade e

confiança nas relações comerciais. A partir deste trabalho, Nonaka & Takeuchi

publicaram, em 1995, o livro "The Knowledge Creating Company", que redefiniu os conceitos da GC, reduzindo a importância dada até então à Tecnologia da

Informação. (SVEIBY, 2001)

Finalmente, o quarto grupo era comandado pelo próprio Sveiby (2001), na

Suécia, também em 1986. Sveiby estava administrando sua própria editora e

buscava uma estratégia para uma empresa que não tinha uma produção tradicional:

o único fator de produção era o conhecimento e a criatividade dos funcionários, que

também trabalhavam com a matéria-prima conhecimento. Sveiby desenvolveu uma

estratégia "baseada na competência", base para seu livro "Knowledge Management", publicado em 1990.

Wiig (1999a) assegura que o surgimento da GC não foi acidental nem

aconteceu por acaso. Segundo ele, a GC teve é uma evolução natural a partir de

confluência de uma série de fatores. "O desenvolvimento que nos trouxe às atuais

perspectivas da GC ocorreu em diversas áreas. Algumas são intelectuais outras

pragmáticas e nascidas da necessidade de inovar para manter a performance."

A partir do trabalho destes pioneiros, a GC se expandiu rapidamente em

diversas correntes e abordagens, além de ter recebido a contribuição de

pesquisadores que vinham trabalhando em outras áreas convergentes. Assim,

(47)

and Practice of the Learning Organization", publicado em 1990, onde surge a expressão "learning organization". (SKYRME, 2002).

Voltada inicialmente para grandes empresas, depois de um início lento,

passou a chamar a atenção de outros setores da economia, inclusive da área

governamental. Também geograficamente a GC partiu do norte da Europa e da

América para companhias ao redor de todo o mundo. "Iremos encontrar iniciativas e

projetos desde o Paraná, região do Brasil, até Singapura (uma ilha inovadora).

Dificilmente há uma grande empresa ou governo que não reconheça o saudável

potencial do conhecimento e não tenha qualquer iniciativa." (SKYRME, 2002).

3.2.CONCEITO

Segundo Grotto (2001), não há concordância sobre a definição de GC. "Essa

discordância reflete os caminhos diversos que as organizações estão tomando na

gestão do conhecimento: umas enfatizando o suporte tecnológico, outras o elemento

humano." Para exemplificar, a autora cita alguns estudiosos e seus conceitos:

"“(...) é um processo interno que se aplica à corporação para conseguir o reaproveitamento do conhecimento adquirido pelos funcionários no dia-a-dia da empresa" (SAYON, 1998)

"tentativa de alavancar o desempenho organizacional pela localização, aplicação e manutenção do conhecimento" (MELLO, 1999)

(48)

"a gestão do conhecimento envolve a geração, a codificação e coordenação e a transferência do conhecimento" (DAVENPORT & PRUSAK, 1998)

"um conjunto de processos que governa a criação, a disseminação e a utilização de conhecimento no âmbito das organizações" (MORAN, 1994)

"(...) um conjunto de ferramentas para automação dos relacionamentos entre informações, usuários e processos." (FRAPPAOLO apud KOCH, 1997)

"... processo de obter, gerenciar e compartilhar a experiência e especialização dos funcionários utilizando-se de tecnologias" (BROMBEREK apud KOCH, 1997)

A estas poderíamos ainda acrescentar uma definição mais ampla dada por

Wiig (1999a) : "é a sistemática e explícita gestão de atividades, práticas, programas

e políticas relacionadas ao conhecimento dentro da empresa. O objetivo da Gestão

do Conhecimento é construir e explorar eficientemente e de forma vantajosa o

Capital Intelectual".

Com algumas diferenças semânticas em direção a uma ou outra abordagem,

Angeloni (2002) resume a definição de GC como sendo "um conjunto de processos

que governa a criação, a disseminação e a utilização de conhecimento no âmbito

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Figura 2 - Estrutura Organizacional Básica do CEFET Urutaí
Gráfico 1 - Localização do Conhecimento na CAI
Gráfico 2 - Nível de Graduação dos Docentes
Gráfico 3- Disposição e Acesso ao Conhecimento
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Referências

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