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Efeitos da corrupção sobre a taxa de juros

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE

CATÓLICA

DE

BRASÍLIA

PROGRAMA

DE

PÓS-GRADUAÇÃO

EM

ECONOMIA

DOUTORADO

EFEITOS DA CORRUPÇÃO SOBRE A TAXA DE JUROS

Autor: Karl Marx de Medeiros

Orientador : Dr. TITO BELCHIOR S. MOREIRA

BRASÍLIA

DF: 2011

(2)

EFEITOS DA CORRUPÇÃO SOBRE A TAXA DE JUROS

Tese de Doutorado submetida ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia de

Empresas da Universidade Católica de Brasília

para obtenção do grau de Doutor.

Orientador:

Dr.

TITO

BELCHIOR

S.

MOREIRA

Brasília

DF: 2011

(3)

M488e Medeiros, Karl Marx de

Efeitos da Corrupção sobre a Taxa de Juros / Karl Marx de Medeiros

2011

62f.: Il.;30cm

Tese (doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2011.

Orientação: Dr. Tito Belchior S. Moreira

1. Corrupção – 2. Taxas de Juros – 3. Economia I.Moreira, Tito Belchior S., orient. II. Título.

CDU 343.352.336.781

(4)

AGRADECIMENTOS

(5)

EPÍGRAFE

"O poder tende a Corromper - e o Poder Absoluto Corrompe Absolutamente".

(6)

RESUMO

A presente tese investiga o impacto da corrupção sobre as taxas de juros, baseado em análise de dados em painel para um conjunto de 75 países no período de 2000 a 2008. Os resultados mostram que há evidências empíricas, de que o índice de percepção de corrupção afeta positivamente as taxas de juros nominais e a taxa de juros real de mercado.

(7)

ABSTRACT

This thesis investigates the impact of corruption on interest rates, based on analysis of panel data for a group of 75 countries for the period 2000 to 2008. The results show that there is empirical evidence that the corruption perception index positively affect the nominal interest rates and the real interest rate market.

(8)

SUMÁRIO

RESUMO 6

ABSTRACT 7

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I – IMPACTOS DA CORRUPÇÃO 12

1.1 – A Visão da Transparency International para a Corrupção 17 1.2 – Tráfico influência e Financiamento de Campanhas Políticas 20

1.3 – Democracia e Corrupção 23

1.4 – Política e Corrupção no Brasil 27

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA 34

CAPÍTULO III - METODOLOGIA 44

CAPÍTULO IV – ANÁLISE ECONOMÊTRICA 50 4.1 – Efeitos do índice de Percepção de corrupção (IPC) sobre as Taxas de Juros e

Empréstimos 51

4.2 – Efeitos do Índice de Percepção de Corrupção (IPC) sobre as Taxas de Juros sobre

Depósitos 52

4.3 – Efeitos do Índice de Percepção de Corrupção (IPC) sobre a Taxa de Juros Real 55

CAPÍTULO V - CONCLUSÕES 58

BIBLIOGRAFIAS 59

(9)

ÍNDICE DE TABELAS CAPÍTULO I

Tabela 1 - Ranking de Classificação por Corrupção 16

Tabela 2 - Transparency International – Escala de Corrupção 18 Tabela 3 – Agente Público com Possibilidade de ser Corrupto 26 Tabela 4 – Comportamento das Empresas em Relação ao Poder Público 26 CAPÍTULO IV

Tabela 1 – Variável Dependente: Taxa de Juros sobre Empréstimos – MQO 51 Tabela 2 – Variável Dependente: Taxa de Juros sobre Empréstimos – Efeito Fixo 51 Tabela 3 – Variável Dependente: Taxa de Juros sobre Empréstimos – Efeito Aleatório 53 Tabela 4 – Teste de Hausman – Taxa de Juros sobre Empréstimo 53 Tabela 5 – Variável Dependente: Taxa de Juros sobre Depósitos – MQO 53 Tabela 6 – Variável Dependente: Taxa de Juros sobre Depósitos – Efeito Fixo 53 Tabela 7 – Variável Dependente – Taxa de Juros sobre Depósitos – Efeito Aleatório 54 Tabela 8 – Teste de Hausman – Taxa de Juros sobre Depósito 54

Tabela 9 – Variável Dependente – Taxa de Juro Real 55

Tabela 10 – Variável Dependente – Taxa de Juro Real – Efeito Fixo 55 Tabela 11 – Variável Dependente – Taxa de Juro Real – Efeito Aleatório 56

Tabela 12 – Teste de Hausman: Taxa de Juro Real 57

Tabela 13 – Índice de Percepção de Corrupção – IPC EUA x Brasil 57 ÍNDICE DE FIGURA

CAPÍTULO I

Figura 1 - Corruption Perceptions Index – 2010 17

Figura 2 - Barômetro da Corrupção por Setor 33

Figura 3 – Barômetro da Corrupção por Setor 33

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – O que os Corruptos pedem em dinheiro 26

Gráfico 2 – O que os Funcionáios Públicos Oferecem 26

Gráfico 3 – Evolução dos Valores Preditos das Taxas de Juros sobre

Empréstimos: 2000-2008 52

Gráfico 4 – Evolução dos Valores Preditos das de Taxas de Juros sobre

Depósitos: 2000-2008 54

(10)
(11)

INTRODUÇÃO

Etimologicamente, pelo Aurélio, corrupção deriva do latim rumpere, equivalente a

romper, dividir, gerando o vocábulo corrumpere, que, por sua vez, significa deterioração,

depravação, alteração, sendo largamente coibida pelos povos civilizados. Sob o prisma léxico, são múltiplos os significados do termo corrupção. Tanto pode indicar a idéia de destruição, como de degradação, quando assume uma perspectiva natural, como acontecimento verificado no mundo fenomênico, ou de caráter valorativo.

A corrupção considerada um mal universal, tem sido combatida com empenho, e existe um exército trabalhando em vários setores da sociedade com vistas a controlá-la, mas suas garras são sutis e infectam a máquina burocrática do Estado e as atividades produtivas em geral. É como se fosse um permanente combate travado diuturnamente, mas sempre surgem em outro lugar, é uma metástase que muda a sede da afecção. Tem sido um ciclo, a bem dizer quase inevitável na sua origem e com lamentáveis conseqüências deletérias que produz no

organismo social, é uma prática tão antiga quanto o próprio homem. “O primeiro ato de

corrupção pode ser imputado à serpente seduzindo Adão com a oferta da maçã, na troca simbólica do paraíso pelos prazeres ainda inéditos da carne". Nem o paraíso escapou da tentação da corrupção para obter privilégios.

O fenômeno não passou despercebido à própria Bíblia, sendo encontrada no Êxodo, Capítulo XXIII, Versículo 8, a seguinte passagem relativa às testemunhas: “Também presente não tomarás: porque o presente cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos.” No

Deuteronômio, Capítulo 16, Versículo 18, na disciplina concernente aos deveres dos juízes,

está dito que “não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem tomarás peitas;

porquanto a peita cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos”. Em Isaías,

Capítulo 1, Versículo 21 a 23 é analisado a corrupção na polis: “Como se prostituiu a cidade

fiel, Sião, cheia de retidão? A justiça habitava nela, e agora são os homicidas. Tua prata converteu-se em escória, teu vinho misturou-se com água. Teus príncipes são rebeldes, cúmplices de ladrões. Todos eles amam as dádivas e andam atrás do proveito próprio, não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva não é evocada diante deles”.

Como a presente tese não pretende esgotar o estudo sobre o assunto, nos parece relevante uma análise de alguns de seus principais aspectos. O termo corrupção, aos olhos do leigo e dos especialistas, representa um elemento aglutinador das condutas mais comuns à função pública, isto sem olvidar a degradação moral detectada ao mais leve exame.

Analisando a relação dos indivíduos com a esfera estatal, a corrupção indica o uso ou a omissão, pelo agente público, do poder que a lei lhe outorgou em busca da obtenção de uma vantagem indevida para si ou para terceiros, relegando a plano secundário os legítimos fins contemplados na norma. A corrupção se manifesta pelo desvio de poder e enriquecimento ilícito.

No Brasil, a corrupção configura uma das faces da improbidade, com um espectro de grande amplitude, que engloba condutas que não podem ser facilmente enquadradas sob a epígrafe dos atos de corrupção. Improbidade e corrupção relacionam-se entre si como gênero e espécie, sendo esta absorvida por aquela.

(12)

respeito do comportamento daqueles que exercem cargos públicos de representatividade política, discutindo e procurando atender aos interesses da sociedade.

No Brasil o termo corrupção tem vários nomes na cultura popular tais como: cervejinha, molhar a mão, lubrificar, lambileda, mata-bicho, jabaculê, jabá, capilê, conto-do-paco, conto-do-vigário, jeitinho, mamata, negociata, por fora, taxa de urgência, propina, rolo, esquema, peita, falcatrua, maracutaia, e tantos outros.

Os regimes ditatoriais e autocráticos, por serem idealizados e conduzidos com abstração de toda e qualquer participação popular, apresentam ambiente adequado à aparição de altos índices de corrupção, nesse caso, o interesse pessoal se sobrepõe ao Estado com objetivo de enriquecimento ilícito.

Qualquer regime político facilita a propagação da corrupção ao aproveitar-se das limitações e ausências de instrumentos de controle, da inexistência de mecanismos aptos a manter a administração adstrita à legalidade, da arbitrariedade do poder, e da conseqüente supremacia do interesse dos detentores, mesmo assim, os tentáculos da corrupção não se detêm diante dos obstáculos existentes, ela desafia qualquer regime político ou forma de governo, em detrimento dos interesses dinâmicos da sociedade e em todos os seus estamentos.

Tratando-se de tema de dimensão universal, procuraremos realizar, um esboço sistematizado as causas da corrupção e seus efeitos deletérios produzidos por sua proliferação no âmbito da atividade econômica, nesse contexto, o objetivo do presente estudo, é verificar se a corrupção afeta a taxa de juros para um grupo de países, tendo como base o período de 2000 a 2008.

No capítulo I apresentamos a visão da Transparency International sobre o impacto da corrupção nos países emergentes e em desenvolvimento, e analisamos o papel do Estado quanto aos procedimentos que devem ser tomados para reduzir o impacto nas contas públicas de tão nefasto mal que ataca as sociedades, discutiremos os caminhos para o fortalecimento da democracia como uma exigência para fortalecer as instituições no combate aos diversos tipos de práticas corruptivas, que se manifestam de forma constantes nas relações entre empresários e autoridades do governo, assim como nos períodos de campanha política.

(13)

CAPÍTULO I

IMPACTOS DA CORRUPÇÃO

A corrupção afeta os pobres desproporcionalmente desviando verbas para o desenvolvimento, comprometendo a habilidade governamental de prover serviços essenciais, alimentando a desigualdade e injustiça, e desencorajando investimentos e apoio externos.

Kofi Annan, ex-Secretário-Geral das Nações Unidas, em seu discurso sobre a adoção da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. (1).

O combate a corrupção é muito difícil de planejar e executar. A corrupção se tornou uma prática cultural, no Brasil existe uma prática histórica que tem início na representatividade política conjugada com cargos na máquina pública. A ocupação de cargos públicos por indicação política tem sido uma entrada para a prática da corrupção na administração pública, onde se passa a considerar normal o lema: “rouba, mas faz”, pagar uma

“cervejinha”, para se livrar de uma multa, pagar propina para ganhar uma licitação, comprar

produtos piratas, avançar o semáforo fechado ou estacionar em vaga de deficiente porque está com pressa, entre tantos outros exemplos. Passou a ser uma prática de troca por serviços, mercadorias, equipamentos. A criação de feiras onde se vende produtos "importados", que atravessam a fronteira ilegalmente e que se transformam em meio de vida para um seguimento da população sem emprego e sem muita instrução, e que termina se estendendo para qualquer um que tenha dinheiro para adquirir uma "barraca", e também passar a vender produtos contrabandeados, ou com procedência duvidosa, já é um problema cultural imposto pela consciência capitalista de consumo, onde a consciência coletiva “molda” e se impõe sobre a

individual. Hoje, os governos têm despertado para esse problema, mas cujo combate se torna cada vez mais difícil, porquer o crime do "colarinho branco" atinge vários setores da sociedade.

Segundo Macedo em seu trabalho: Lavagem de Dinheiro:

“Já passou o tempo em que o crime constituía problema doméstico dos países. O crime organizado, hoje tem características transnacionais. É planejado e executado em âmbito mundial, atingindo as nações e a humanidade como um todo, no caso do terrorismo. (MACEDO, 2006, p.23)

____________

(14)

A pesquisa sobre a economia do crime teve seu início com o artigo publicado por Gary S. Becker, Crime Desigualdade e Desemprego (1968), que introduz uma visão da escolha individual e do comportamento criminoso, quando este, compara as expectativas de lucro na esfera criminal e na esfera legal. A análise sobre o indivíduo e sua interação com o risco e expectativas de retorno seria a fundamentação de estudos econômicos dentro da área criminal.

Backer ressalta:

A relação custo benefício que os indivíduos teriam para não cometer crimes. Os criminosos estariam desestimulados a cometer crimes pelo aumento da probabilidade de serem apanhados e punidos e pelo aumento total da punição, caso fossem apanhados. Ambas as situações reduzem a utilidade esperada da atividade criminosa. (BECKER: 1968: 168-217). Ainda Segundo Becker:

Lagos, na tradição de pesquisa de Gary Becker, traz a baila o conceito de "custo benefício do crime", fazendo-o central em suas formulações. Cita, especificamente, que "o que existe em comum numa grande quantidade de teorias e pesquisas é considerar que as ações ilícitas dos criminosos de carreira (contumazes ou habituais) subentenda uma avaliação individual, da parte deles, da relação custo benefício em delinqüir". Assim é que o entendimento da maneira como os criminosos reagem a incentivos econômicos pode permitir o estabelecimento de "instrumentos novos e úteis" para a formulação de políticas de segurança pública e defesa social, tudo com o objetivo último do controle do fenômeno da criminalidade e da violência. (BECKER: 1968: 169-217).

No cenário mundial existem várias ações que visam diminuir a corrupção através da conscientização da sociedade. A ONG Transparency International criada em 1993 tem como missão uma mudança de rumo para um mundo livre de corrupção, fazendo uso de pesquisas e divulgando sobre o elevado índice de corrupção no mundo. Com esse trabalho deseja criar uma consciência sobre esse mal e diminuir a apatia e a tolerância frente à corrupção. A transparência na divulgação dos casos de corrupção ajuda a aumentar a fiscalização e seu acompanhamento visando diminuir os casos de impunidade. Anualmente, divulga uma lista de países onde a percepção sobre a corrupção forma um ranking. O Brasil na última pesquisa realizada ficou em 75ª posição no ranking de percepção de corrupção com nota de 3,7, numa uma escala que vai de zero considerado altamente corrupto, a 10 considerado com baixo nível de corrupção.

Uma das mais importantes políticas contra a corrupção faz parte do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas para conscientizar as empresas internacionais para a importância da adoção de práticas com valores embasados na ética e responsabilidade social. Embora tenha 10 princípios, pode ser resumido em quatro áreas:

Segundo as Nações Unidas seriam:

(15)

Na visão da ONU e outras entidades internacionais, não basta mais que as empresas não sejam corruptas, assim como as pessoas, elas devem se esforçar para que as outras empresas ou pessoas que se relacionam com ela também não sejam corruptas.

Na Convenção de Mérida em 2003 ficou definido que:

“A prevenção, criminalização, cooperação internacional e recuperação de ativos será um objetivo perseguido por mais de cem países que assumiram esse compromisso. Este é um princípio fundamental da Convenção, pois a recuperação de ativos é importante para os países em desenvolvimento, onde a corrupção drena as riquezas nacionais e diminui investimentos. Dinheiro e bens públicos desviados para o exterior devem retornar ao país que solicita a recuperação desses ativos. O país deve comprovar a propriedade desses ativos e o país requerido deve reconhecer os anos causados pelos atos de corrupção. Também é previsto o retorno dos bens aos seus legítimos proprietários e a indenização às eventuais vítimas” (Discurso da Convenção de Mérida – México 2003).

No Brasil, a ONG Transparência Brasil, fundada em abril de 2000 é uma referência para o estudo sobre o combate a corrupção. Entre várias iniciativas, pode-se destacar o estudo de monitoramento do desempenho dos ministros do Supremo Tribunal Federal através da análise e comparação da velocidade com que os diferentes ministros do Tribunal resolvem processos. Outros exemplos de empresas no Brasil também apresentam políticas importantes contra a corrupção. Podemos destacar o site "Empresa Limpa", criada a partir do conceito na

campanha “Pacto Contra Corrupção” ligado ao instituto "ETHOS", também como forma de

divulgar e tornar público notícias e casos de corrupção com o intuito de reduzir e acabar com esse tipo de ação. Nesse site são disponibilizadas muitas informações sobre corrupção,

inclusive um “corruptômetro”, espécie de calculadora que mostra quanto à corrupção fatura

por minuto no Brasil.

“Nos chama à atenção para o parasitismo para descrever as causas e conseqüências da corrupção. Uma das conseqüências e o efeito negativo da corrupção sobre os investimentos e sobre o crescimento econômico”. (MAURO: 1995: 681-712)

Os cidadãos devem se conscientizar dos males que a corrupção traz e atuarem como instrumentos de mudança na sociedade. Quando observamos que o político, o policial e o empresário são corruptos, muitas vezes o nosso voto depositado na urna, foi responsável por atos que esse representante, quando ocupante do cargo público, passou a desenvolver desviando ou fazendo tráfico de interesses em que ele será o principal beneficiário. Deve ser levado em consideração que muitas vezes fomos nós que votamos neles e continuamos votando depois de saber sobre um ato de corrupção. É claro, que não podemos ter certeza de que ao ocupar um cargo público, o político que não tem nenhum antecedente de corrupção, possa passar a fazê-lo, desviando da máquina pública recursos ou realizando tráfico de influência para beneficiar a sí e a outros. O risco é permanente.

(16)

Não há diferença de caráter em quem cobra propina ou "cola" numa prova. O fim é o mesmo, se dar bem, levar vantagem, enganar o sistema. Toda ação humana tem uma consequência. Infelizmente, as conseqüências não são vistas na maioria das vezes, atingindo diretamente quem mais precisa ser protegido, que são aqueles que não têm acesso ao sistema de saúde, educação, trabalho, entre outros.

A corrupção não é um fenômeno que ocorre de forma isolada no Brasil, tampouco é característica da cultura brasileira. Com a intensificação das relações internacionais e o fortalecimento da globalização, o problema atingiu escala mundial. Diante disso, para maximizar as ações de prevenção e combate à corrupção e acompanhar a evolução da sociedade internacional no combate a esse mal, o Governo Brasileiro vem ampliando e fortalecendo sua relação com outros países, visando à cooperação e à integração na prevenção e combate à corrupção. Com esse objetivo, o Brasil já ratificou três Tratados Internacionais que prevêem a cooperação internacional nessa área: a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE); a Convenção Interamericana contra a Corrupção, da Organização dos Estados Americanos (OEA); e, a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção”. (CNUCC - 1996).

As sociedades têm despertado para o prejuízo que a corrupção causa. Cada vez mais a sociedade através das empresas e organismos internacionais, tem percebido que a fome, a pobreza, a mortalidade infantil entre outros, são quase sempre efeitos direto da corrupção. A corrupção ao longo da história do homem tem sido o maior obstáculo individual ao crescimento e desenvolvimento de muitos países. Embora o mundo esteja fortalecendo e modernizando os mecanismos de repressão e conscientizando e agindo de forma a combater a corrupção, muito ainda tem que ser feito. Não adianta achar que a corrupção não tem jeito e que não adianta lutar. Podemos construir mundo melhor, onde as gerações futuras sentirão orgulho e reconhecerão o trabalho realizado pelas gerações passadas no sentido de eliminar esse mau, tiveram iniciativas no sentido de assumir sua parcela de participação e mudar a história ao enfrentar esse mostro mítico da corrupção.

“O Banco Mundial identificou a corrupção como o maior obstáculo ao desenvolvimento. A corrupção é especialmente dura para as pessoas mais pobres, porque são castigadas mais severamente pelos ciclos econômicos, são mais dependentes dos serviços públicos e estão menos preparadas para pagar os custos incrementais das propinas e fraudes”. (THE WORLD BANK, 2005).

(17)

transparência internacional apresenta em seu site a situação dos países mais corruptos no mundo com uma classificação que demonstra o quanto as Nações são vítimas desse mal endêmico difícil de combater. (Classificação a seguir – Tabela 1)

Tabela 1 – RANKING DE CLASSIFICAÇÃO POR CORRUPÇÃO

PAÍSES NO RANKING DE CLASSIFICAÇÃO POR CORRUPÇÃO AVALIADOS PELA TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL

CLASSFICAÇÃO PAÍSES %

1 Finlândia 9,7

2 Nova Zelândia 9,6

3 Dinamarca, Islândia 9,5

5 Cingapura 9,3

6 Suécia 9,2

7 Suíça 9,1

8 Noruega 8,9

9 Austrália 8,8

10 Holanda 8,7

11 Reino Unido 8,6

12 Canadá 8,5

12 Áustria, Luxemburgo 8,4

15 Alemanha 8,2

16 Hong Kong 8,2

17 Bélgica, Estados Unidos 7,5

20 Chile 7,4

22 França, Espanha 7,1

28 Uruguai 6,2

41 Costa Rica 4,9

51 El Salvador, Rep.Tcheca, Trinidad e Tobago 4,2

59 Brasil 3,9

60 Belize, Colômbia 3,8

62 Cuba, Panamá 3,7

67 Peru, Croácia, Polônia, Sri Lanka 3,5

87 Repúb. Dominicana, Irã, Romênia 2,9

97 Argélia, Líbano, Macedônia, Nicarágua, Sérvia, Montenegro

2,7

108 Argentina, Líbia, Autoridade Palestina 2,5

112 Equador 2,4

114 Honduras, Venezuela 2,3

122 Bolívia, Guatemala, Sudão 2,2

129 Iraque, Camarões, Quênia, Paquistão 2,1

140 Paraguai, Azerbaijão 1,9

144 Nigéria 1,6

145 Haiti, Bangladesh 1,5

FONTE: AFP - Transparency International – 2010

(18)

Figura 1- CORRUPTION PERCEPTIONS INDEX 2010

FONTE: http://www.transparency.org/publications/gcr 03.02.2010.16hs4500min.

1.1 - A Visão da Transparência Internacional - TI para a Corrupção

Em 2009 A organização Transparência Internacional divulgou seu relatório sobre o nível da corrupção mundial. O Brasil aparecia na 75ª colocação, com um índice de 3,7, e o sigilo bancário é indicada como um dos principais fatores geradores desse problema endêmico. É verdade que o Brasil subiu de lá prá cá cinco posições no ranking, um posto modesto mesmo entre os vários países da América Latina. O Brasil empata com a Colômbia e Peru. A organização afirma que estes países aparecem entre as principais economias da região e, apesar da necessidade de se transformar em referências na luta contra a corrupção, se viram sacudidos por escândalos de impunidade, pagamentos irregulares, corrupção política etc. Nesta classificação publicada desde 1955, a graduação vai de zero, referente aos países mais corruptos, até dez que são as nações que se destacam com os menores indícios de corrupção. A Nova Zelândia lidera a lista de 180 países avaliados como o menos corrupto, com um índice de 9,4 seguida da Dinamarca e Cingapura.

Como sempre, Afeganistão e Somália fecham a lista como os mais corruptos, nos 179º e 180º. colocações, respectivamente. Na América Latina, a Venezuela figura como um dos países mais corruptos do mundo, ocupando o posto 162, enquanto que o Chile e o Uruguai são considerados alunos modelos, compartilhando o 25º posto.

Segundo o relatório da TI:

(19)

indicando que o problema do sigilo bancário diz respeito a "muitos países que dominam a classificação".(Transparency International).

Os exemplos de países conhecidos por uma legislação muito protetora do sigilo bancário e, no entanto, bem localizados na lista são muitos, como é o caso da Suíça, em quinto lugar, e Luxemburgo, em 14º. A organização destaca o trabalho da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE) na área dos paraísos fiscais. No entanto, estima que "deve ser feito mais em termos de tratados bilaterais referentes às trocas de informação com o objetivo de acabar com o sistema do "sigilo bancário". Quanto aos grandes planos de recuperação adotados pelos países ricos.

A Transparência Internacional adverte para seus efeitos perversos:

"Quando se gasta muito dinheiro público, de forma muito rápida, e as administrações que controlam os programas se vêem transbordados, o risco de corrupção aumenta. "É um grande fator de risco", acresentou Schenck.(Tansparency International).

Tabela 2 - TRANSPARENCY INTERNATIONAL – ESCALA DE CORRUPÇÃO

Transparency

International 0 – 10

Score - 2009

1. Nova Zelândia 9.4

2. Dinamarca 9.3

3. Cingapura 9.2

3. Suécia 9.2

5. Suíça 9.0

6. Finlândia 8.9

6. Holanda 8.9

8. Austrália 8.7

8. Canadá 8.7

8. Islândia 8.7

11. Noryega 8.6

12. Hong Kong 8.2

12. Luxemburgo 8.2

14. Alemanha 8.0

14. Irlanda 8.0

16. Áustria 7.9

17. Japão 7.7

17. Reino Unido 7.7

19. EUA 7.5

20. Barbados 7.4

24. França 6.9

25. Chile 6.7

(20)

32. Espanha 6.1

32. Israel 6.1

61. Cuba 4.4

63. Itália 4.3

75. Brasil 3.7

75. Colômbia 3.7

79. China 3.6

84. Índia 3.4

89. México 3.3

106. Argentina 2.9

120. Bolívia 2.7

130. Honduras 2.5

139. Paquistão 2.4

162. Venezuela 1.9

168. Burundi 1.8

168. Haiti 1.8

168. Irã 1.8

176. Iraque 1.5

176. Sudão 1.5

178. Mianmar 1.4

179. Afeganistão 1.3

180. Somália 1.1

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo - consulta em 13.09.2010

Na análise da (tabela 2) para VERNEY:

“A ‘hipercorrupção’ ou a corrupção sistêmica é uma questão de políticas públicas”, declarou Luis Moreno

Ocampo, chefe da Transparency International para a região latino-americana, o vigilante mundial do combate

à corrupção. “O trabalho da Transparency International e

as novas pesquisas de diagnóstico desenvolvidas pelo Banco Mundial está agora preparando o terreno para um novo grau de compreensão das causas e das

conseqüências econômicas da corrupção.” Ele disse que

o poder dos dados e desses diagnósticos é vital na

formação de novas alianças “que precisam ir além do

estágio de conscientização e evoluir para ações e

programas concretos”. (VERNEY: 1999: 4).

Segundo a Transparência Brasil associada à Transparency International:

O Índice de Percepções de Corrupção é um indicador de opiniões sobre corrupção em países, produzida anualmente pela organização não-governamental

Transparency International. Cada país recebe uma “nota”

(21)

“notas”, formando um ranking. (Transparência Brasil:

2005: 1).

Para a interpretação desse índice, é importante observar que:

• O indicador não é um “índice de corrupção”, mas de opiniões sobre corrupção coletadas

entre pessoas direta ou indiretamente ligadas a negócios internacionais. Não existe modo de medir diretamente a corrupção. O que o ranking da Transparency International representa é a imagem internacional de países no que diz respeito à corrupção.

• As “notas” dos países no índice da Transparency International não correspondem a uma

medida independente. Elas representam uma forma alternativa de descrever a ordem em que os países se organizam em subdivisões da lista. 1

• Como não se tem controle sobre o modo como as pessoas formam suas opiniões, não se sabe

o peso das informações objetivas sobre cada país na formação da opinião média sobre aquele país. Também não se conhece na medida em que as opiniões dos respondentes são atingidas a partir de experiência direta, de conhecimento mais aprofundado sobre os ambientes dos países, se decorrem da leitura de noticiário ou se simplesmente repetem outras opiniões.2 1.2 – Tráfico influência e financiamento de campanhas políticas

No Brasil da redemocratização, após a ditadura (1964-1985), tem-se observado através das denúncias feitas pela mídia, que os desvios de recursos proveniente do tráfico de influência aumentaram. O Código Penal tipifica o tráfico de influencia como crime, segundo o artigo a seguir:

332: "Tráfico de influência. Solicitar, exigir, cobrar ou obter para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função." (CPB: 1941: Art.332)

O patrocínio do interesse privado como uma prática que se instala na burocracia do Estado está diretamente ligada ao interesse comum de obtenção e usufruto de recursos que possa acelerar a mobilidade social por meios ilícitos.

“O "Lobby" é uma prática que se desenvolveu nas democracias e tem se expandido amplamente no âmbito dos poderes do Estado. É inegável, que sempre existirão servidores, políticos e empresários, interessados em se beneficiar dessa relação que possa lhes trazer benefícios

1 Ver os detalhes na descrição da metodologia em

http://www.transparency.org/content/download/10854/93146/version/1/file/CPI_2006_long_methodology.pdf.

2Andvig, Jens Chr.: “The Challenge of Poor Governance and Corruption”, Copenhagen Consensus Opponent Note [to Susan

Rose-Ackerman], 2004 (www.nupi.no/IPS/filestore/665.pdf). Tina Søreide: “Is It Wrong to Rank? A Critical Assessment of Corruption Indices”,CMI Working Paper,2006(ideas.repec.org/p/chm/wpaper/wp2006-1.html).Michael Johnston:“The New Corruption Rankings:

Implications for Analysis and Reform”, Report to the 2000 World Congress of the International Political Science Association, 2000 (departments.colgate.edu/polisci/papers/mjohnston/originals/JohnstonIPSA2000.pdf). Steven Knack: "Measuring Corruption in Eastern Europe and Central Asia: A Critique of the Cross-Country Indicators". World Bank Policy Research Department Working Paper,2006(wwww.ds.worldbank.org/external/default/WDSContentServer/IW3P/IB/2006/07/13/000016406_2006071314030 4/Rendered/PDF/wps3968.pdf). Claudio Weber Abramo: “ Percepções Pantanosas ”, Novos Estudos Cebrap nº 73

(22)

materiais e financeiros”. (DERRUAU: 1977:230). A formação de quadrilhas envolvendo políticos, empresários e servidores públicos especializadas em tirar vantagens, se constrói lentamente sem serem percebidos de imediato, mas com o tempo, a audácia desses grupos ultrapassa qualquer preocupação com a discrição, já que muitos não acreditam em punição, o que faz com que sejam facilmente revelados.

Quanto mais investigação houver através de setores ligados ao poder judiciário, e devem estar sempre alertas, mas rápido se pode desestruturar quadrilhas que se formam para assaltar o erário público. Esse tipo de crime não se extingue, mas pode ser reduzido se toda a sociedade se mantiver vigilante e denunciar qualquer suspeita. A sociedade deseja acabar com a corrupção e para isso, a participação dos meios de comunicação é fundamental. Uma das fontes de corrupção na máquina burocrática do Estado são os financiamentos de campanha política, que comprometem a capacidade de reação do Estado contra as influências do privado sobre o público.

Para Elliot:

A imprensa nos relembra quase diariamente que o com-portamento corrupto permanece ubíquo. Ele ocorre tanto em democracias quanto em ditaduras militares, em todos os níveis de desenvolvimento e também em todos os tipos de sistemas econômicos (...). Na década de 1990, contudo, a liberalização econômica, as reformas democráticas e a crescente integração global conjugam-se no conjugam-sentido de desmascarar a corrupção e de aumentar a consciência em relação aos custos que ela implica. (...) A corrupção pode minar a legitimidade política de democracias industrializadas e em desenvolvimento quando aliena os cidadãos de sua liderança política, e quando dificulta a eficiência do governo. (ELLIOT: 2002: 178).

Já para Ackerman:

Sempre que uma autoridade pública possui poder discricionário sobre a distribuição de um benefício ou de um custo para o setor privado, criam-se incentivos para que haja suborno. (ACKERMAN: 1997: 30).

Os liberais acreditam:

Que se o Estado mínimo prevalecer as influências corruptivas tenderão a se minimizar, já que somente a força da livre iniciativa predominando sobre os indivíduos, será capaz de gerar uma nova cultura de realização pessoal, que somente a liberdade de mercado é capaz de permitir. Para os liberais a desprivatização do Estado é fundamental para que projetos sociais possam se viabilizar. (SINGER: 2006: 40).

(23)

A eleição dos governantes deve ser financiada pelo Estado (aqui, os liberais são contraditórios); a formação de uma nova massa critica no âmbito da justiça, principalmente, de procuradores e juízes para realizar reformas que mudem as regras eleitorais; aumento das restrições contra o poder financeiro dos empresários, que acham natural o financiamento de candidatos com cobranças posteriores, voltadas para interesses privados. (SINGER: 2006: 68).

O Informe Global:

El uso de agentes locales con contactos determinantes y un mayor conocimiento del mercado local es una práctica generalizada, y en algunos casos hasta se trata de un requisito legal que, no obstante, resulta problemático desde una perspectiva de corrupción. El soborno de socios comerciales locales también puede

“externalizarse” a estos agentes, y esconderse

hábilmente detrás de honorarios excesivos por servicios, que diluyen la culpabilidad legal y moral del acto de corrupción. Una encuesta concluyó que cerca de 3/4 de los gerentes de países como Estados Unidos, el Reino Unido y Alemania consideraban que las empresas de

SUS países utilizaban intermediarios “regularmente” u “ocasionalmente” para evadir las normas anticorrupción

locales. (INFORME GLOBAL: 2009: 69)

Essa transformação deve atacar diretamente àqueles empresários, que por não acreditarem na moralização das campanhas políticas, e nem na mudança ética de seus candidatos, se movimentam em época eleitoral para renovar o tráfico de influência que irá nortear sua política de enriquecimento ilícito pelos anos seguintes. E diante dessa realidade, sinalizam que financiaram campanhas, que terão parentes ou amigos em cargos de direção, capaz de influenciar em decisões futuras que possam lhes render um bom lucro; que também dispõem de forte tráfico de influência em bancos estatais que lhes garante sucesso absoluto. São todos amigos dos amigos. Qual o comportamento preventivo que o poder público pode tomar para evitar tais ilações na máquina pública?

Para Platão:

“[...] A pólis só seria justa se fosse governada pelos filósofos (kallipolis) ou por homens de honra, a

timocracia. Mas, de toda forma o desejo crescente pelas

“honras privadas” acabaria por contaminar o governo,

transformando a timocracia numa oligarquia onde uns poucos acumulariam distinções, privilégios e riquezas

gerando “volúpia e ócio.” E a maioria absoluta da pólis

(24)

na tirania seu resultado final. Logo, nem o máximo de autoridade da tirania, nem o máximo de liberdade típico da democracia, seriam capazes de impedir os desvios e os excessos, elementos básicos da corrupção. Platão

defende então um “governo misto” parecido com o que

havia em Esparta. ”(DIMAS: 2008:25-35).

O financiamento com recursos públicos as campanhas eleitorais é defendida como uma medida de reforma política urgente, mas não sabemos se nosso Congresso Nacional está disposto a fazê-lo. Os poderes da república devem ser intransigentes com o "tráfico de influência", a postura de que o poder público deve estar imbuído da ética necessária para coibir esse comportamento é regulamentado, portanto, basta cumpri-la. Não se regulamentou a prática do "lobby" para definir a divisória entre representação dos interesses privados, e a prática de atividades criminosas que germinam dentro da máquina pública através das influências que apenas desejam se locupletar através de negociatas.

Outra questão para debate é como fortalecer as instituições para que possamos contar com um Estado forte voltado para investir na sociedade o que dela retira através de impostos, pautando a conduta dos servidores da sociedade mediante o uso de regras que sejam impessoais e com critérios de desempenho. O processo de democratização deve vir através da abertura de oportunidades, do aprofundamento e aperfeiçoamento da concorrência como objetivo de atuação do Estado em todos os setores produtivos, mais flexibilidade fiscal, mais incentivo de crescimento da população em todos os seus seguimentos, e permitir a construção de barreiras redutoras à corrupção.

Corruption: a process whereby a person in the public administration takes advantage or makes illicit gains due to his/her position. Corruption is necessarily committed by a member of the public administration and requires a co-participant in the private sector, either a company or an individual. (KROLL BRASIL: 2002: 3).

1.3 - Democracia e corrupção

Longe de se diluir no tempo, a corrupção no regime democrático, deixa sementes indesejadas, minando os alicerces estruturais da administração pública por longos períodos. Ainda que novos mecanismos sejam aplicados visando coibir suas práticas, normalmente decorrentes de desvios comportamentais, hoje refletem situações passadas, das quais constituem uma continuação.

Essa dificuldade é retratada por ELLIOT:

“Para quem os desafios que se apresentam aos analistas

da corrupção começam pela própria definição de corrupção. A maioria das pessoas reconhece a corrupção ao vê-la. O problema é que diferentes pessoas vêem a corrupção de formas diferentes. A definição mais comum aparece no texto The abuse of public office for private gain”. (ELLIOT: 2002, p.258).

(25)

O combate à corrupção não é fruto de normatividades, mas de investimento na formação da cidadania e da construção de uma consciência democrática, conjugado com a participação de todos os seguimentos sociais, no mundo da política e da economia. A redução das tentações e práticas de corrupção fortalece as instituições, não esquecendo a fiscalização de toda a máquina pública, visando depurar e evitar a conivência de interesses voltados em obter facilitações em suas relações com o Estado que visam apenas o lucro fácil.

Ainda discutindo o termo:

Corrupção em sentido comum significa

1. “Ato ou efeito de corromper; decomposição, putrefação. 2. Devassidão, depravação, perversão. 3. Suborno, peita.” (FERREIRA:1986:486).

E ainda deriva:

“[...] do latimcorruptio, de corrumpere (deitar a perder,

estragar, destruir, corromper).” Consta ainda que se trata

de conduta tipificada como crime pela lei penal brasileira, através da qual o servidor público se serve da função para obter vantagem indevida. Sob essa ótica, corrupção, numa visão genérica, corresponderia à putrefação das relações sociais e a corrupção dos agentes que deixaram de zelar pela coisa pública. (SILVA: 1996:486).

Esse sentido também consta no Dicionário Brasileiro de Corrupção, pois:

Assim se designa o fenômeno pelo qual um funcionário público é levado a agir de modo diverso dos padrões normativos do sistema, favorecendo interesses particulares em troca de recompensa. [...] A corrupção é considerada em termos de legalidade e ilegalidade e não de moralidade e imoralidade. (FERREIRA: 1986:486). Essa visão normativa da corrupção constitui uma construção do Estado de Direito moderno. Mas na história do pensamento ocidental, em períodos distantes, os filósofos clássicos como Platão e Aristóteles, através de suas obras República e Política:

Demonstraram preocupação com a atuação dos governantes, que deveriam ser pessoas preparadas e de caráter.” (PLATÃO e ARISTÓTELES: 1987).

(26)

Fraude eleitoral, malversação de verbas públicas, desvios

de rendas, tráfico de influência, ‘apadrinhamento’, propinas

e subornos, interesses políticos escusos, beneficiamento de oligarquias com isenções fiscais, com cargos e salários excessivamente elevados, ‘coronelismo’ (com todo o tipo

de condescendência criminosa, acobertamento de criminosos, empreitadas sinistras, suborno de membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Judiciária, perseguições políticas por interesses inconfessáveis etc), agenciamento de empréstimos em empresas públicas, enfim, numa só palavra: corrupção, eis o que se transformara a República. (HABIB: 1994:37).

Quanto aos tipos de corrupção seguiremos ALATAS (1990) que elenca sete tipos de corrupção:

1. A corrupção transativa é a mais comum de todas. Envolve transferências de renda a

serem repartidas entre as partes envolvidas (corrupto e corruptor).

2. A corrupção extorsiva é aquela associada ao pagamento de propina para evitar algum

tipo de prejuízo maior ao pagador (por exemplo, o pagamento a um guarda de trânsito que constatou irregularidades no veículo, e como penalidade seria obrigado a recolhê-lo, mas para que isso não ocorra, há uma oferta para o não cumprimento da legislação de trânsito).

3. A corrupção defensiva envolve o pagamento de propina via coerção por um motivo de

autodefesa (por exemplo, um criminoso condenado por crimes hediondos, pode ser obrigado a pagar propina para ter direito a uma cela especial).

4. A corrupção preventiva envolve o pagamento de propinas ou a entrega de presentes

visando algum favor no futuro (por exemplo, entrega de presentes aos agentes públicos, que administram grandes contas orçamentárias, por parte de fornecedores). 5. A corrupção nepotista ocorre quando um político protege, excessivamente, os

familiares. Nesse caso ocorre transferência de renda e relação clientelista.

6. A corrupção autogerativa é aquela que envolve o ato de um agente público que o

beneficia (por exemplo, um político investe dinheiro público em infra-estrutura na região onde ele possui propriedade).

7. A corrupção de apoio ocorre quando há cobertura de um ato corrupto (por exemplo,

um agente público dissimula a corrupção do colega, mas sob a condição de receber propina).

Para teóricos como SILVA (1996), KRUEGER (1974) e TULLOCK (1967), esses agentes econômicos são vistos com RENT-SEEKERS, ou seja, caçadores de renda.

(27)

Gráfico - 1

O QUE OS CORRUPTOS PEDEM ALÉM DE DINHEIRO

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Presentes e M ordomias Contrib. Para Campanhas Eleit.

Emprego

Série1

Fonte: Growth Wirthout Governance 2002

Gráfico – 2

O QUE OS FUNCIONÁRIOS CORRUPTOS OFERECEM

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% R el ax ar a In sp eç ão Ig no ra r F ra ud es A co ns el ha m en to Is en çã o de Im po st os e T ax as Série1

Fonte: Growth Wirthout Governance 2002

Tabela - 3

AGENTES PÚBLICOS COM MAIOR POSSIBILIDADE DE SER CORRUPTO SEGUNDO AS EMPRESAS CONSULTADAS

1 - Policiais

2 - Fiscais Tributários

3 - Funcionários Ligados a Licenças

4 - Parlamentares

5 - Funcionários Ligados a Licitações

6 - Agentes Alfandegários

7 - Fiscais Técnicos

8 - 1º. Escalão do Executivo

9 - Funcion. De Bancos Oficiais

10 - Juízes

Fonte: Growth Wirthout Governance 2002

Tabela – 4 COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS EM RELAÇÃO AO PODER PÚBLICO

48% Empresas Brasileiras que participam de Licitações Oficiais para obras ou compras receberam pedidos de propina

31%

Empresas que dependem de licenças e alvarás Oficiais receberam pedidos para pagar por fora

(28)

Diante das tendências apresentadas nas tabelas anteriores, é notório que o comportamento das autoridades públicas, que se comportam nos casos citados pela pesquisa da Growth Governace 2002 constitui a prática material da corrupção ativa e passiva, que pode se manifestar nas relações públicas e privadas.

La Palombara (1973) afirma que:

Quanto maior for o governo medido pela participação das receitas ou despesas governamentais no PIB, maior o nível de expectativa de corrupção. (LA PALOMBARA:

1973:338).

Elliott destaca que:

A imprensa nos relembra quase diariamente que o com-portamento corrupto permanece ubíquo. Ele ocorre tanto em democracias quanto em ditaduras militares, em todos os níveis de desenvolvimento e também em todos os tipos de sistemas econômicos (...). Na década de 1990, contudo, a liberalização econômica, as reformas democráticas e a crescente integração global conjugam-se no conjugam-sentido de desmascarar a corrupção e de aumentar a consciência em relação aos custos que ela implica. (...) A corrupção pode minar a legitimidade política de democracias industrializadas e em desenvolvimento quando aliena os cidadãos de sua liderança política, e quando dificulta a eficiência do governo. (ELLIOT: 2002: 17-18)

1.4 - Política e Corrupção no Brasil

A participação popular no Brasil ocorre na medida em que o processo político enfrenta reveses autoritários que sufocam a sociedade podendo ser de caráter endógeno ou exógeno. No aspecto constitucional da gestão pública Gilmar Ferreira Mendes destaca que:

De muitos, dois efeitos positivos da participação popular quanto a elaboração dos instrumentos de responsabilidade fiscal: o primeiro deles é a maior legitimidade que adquirirão tais instrumentos, uma vez que sua confecção foi feita com respaldo da sociedade; o segundo tem a ver com o fato de que os esboços de tais instrumentos podem ser maximizados em sua qualidade com a interação entre sociedade e Poder Público, tanto porque, diversas vezes, este não possui a devida acuidade para perceber as carências sociais, tanto porque, tecnicamente, eles podem ser aprimorados com a colaboração dos diversos entes sociais. (MENDES: 1996:33).

(29)

escravismo de mercado. O Estado nacional foi à imagem representativa dessa realidade. A essa realidade houve uma natural corrupção social que se banalizou com a modernidade republicana imposta pela relação burguesia e Estado militarista. A república Velha (1894-1930), sob o mando das oligarquias manteve-se próspero no ciclo da corrupção. De 1930 a 1945 vimos à acomodação do poder oligárquico construtor de um capitalismo industrial tardio, gerar acumulação de capital ampliando e fortalecendo suas raízes de poder.

A primeira acusação nesse sentido parte de Miguel Calmon em 1832 já no período escravagista:

Não apenas traficantes levados pela “Auri Sacra Fames” corroíam as disposições de 1831, mas até “autoridades

há que passam na opinião geral, não como conivente, mas interessados neste comércio abominável”. Contra

esse horror, o presidente da província – extensão do governo central, pois por ele designado – teria lutado

com todo o “calor, interesse e energia que lhe são

próprios quando se trata de promover o bem público

(muitos apoiados)”. A declaração de Calmon é a

primeira a mencionar a “desmoralização do povo” por

força do desrespeito à lei de 1831, que deveria ser reforçada para proibir a contento o odioso comércio. Nesse sentido, as acusações polarizaram a corrupta e viciosa sociedade, de um lado, e o diáfano e impoluto Estado, de outro. Essa tendência perdura incólume de 1832 até 1835 e, de fato, coincide com o momento em que os liberais moderados permaneceram unidos. (PARRON: 2005: 133-134).

Com Getúlio Vargas o operário urbano é guindado ao bem estar social mediante a criação de uma legislação que vai determinar as relações de capital e trabalho. O ditador, o populista, é o militar dos pampas, ele se projeta no cenário político “como o maestro que vai contruir o Estado social” (BASBAUM: 1978: 58). Um ditador convidado pela oligarquia a apaziguar uma "arenga" pelo poder em outubro de 1930, é bem visto pelos setores populares urbanos, onde o trabalho com repouso remunerado vai se constituir no Estado Novo como um anestésico contra a corrupção da mais valia industrial.

Segundo BUENO:

A Revolução de 1930 não foi um embate entre interesses agrários e industriais e nem mesmo fruto de uma discórdia incontornável sobre a orientação da política econômica governamental, mas um conflito entre frações da classe dominante pelo controle político do Estado. (BUENO: 2007: 444).

(30)

É importante ressaltar que qualquer regime democrático possui vertentes que propiciam, ou mesmo estimulam a prática de atos de corrupção. Não há regimes políticos perfeitos. Em que pese à pureza de seus ideais, a democracia, muitas vezes, tende a ser deturpada por agentes que pretendem se perpetuar no poder. Um dos instrumentos comumente utilizados para esse fim é o ilegítimo repasse de recursos financeiros aos partidos políticos, ou àqueles que prestigiem a postura ideológica sustentada por tais agentes, o que pode se manifestar de múltiplas formas como repasses de verbas às vésperas da eleição, realização de obras com a nítida intenção de promoção político-partidária, admissão de correligionários do partido em cargos em comissão, com a ilegítima permissão de que busquem sua promoção pessoal no exercício da função, dentre outros.

Para JOHNSTON:

Quando há grandes mudanças na política ou na economia, ou alterações bruscas, a corrupção tende a surgir. Isso ocorre devido a novas diretrizes, tanto políticas quanto econômicas, que destituem certos regimes e regras e constroem outros. Nesse caso, para quem tem o poder, vê-se desvencilhado dele e suas riquezas ameaçadas. Assim, para que se mantenha o mesmo patamar de antes das mudanças, os agentes buscam, por meios ilícitos e utilizando suborno, a continuar com a mesma prática anterior. (JOHNSTON: 2005:5).

A corrupção é a via mais rápida de acesso ao poder. No entanto, traz consigo o deletério efeito de promover crises e instabilidade política, já que as instituições não mais estarão alicerçadas em concepções ideológicas, mas, sim, nas cifras que as sustentam.

(31)

investimento profundo no social, mudando o filantropismo por reais políticas públicas. Investir no social é a forma de construirmos uma democracia sólida.

O Senador Pedro Simon em discurso proferido questionou:

[...] Qual é mesmo o papel da corrupção no processo de acumulação de capital? Quantas e quais fortunas privadas se ergueram tendo a corrupção de agentes públicos como um de seus vetores de acumulação? Como foi mesmo, por exemplo, que se deu o processo de privatização do setor de telefonia no Brasil? Qual foi a relação do setor privado com o setor público neste processo? Como esse padrão de relação afeta as tentativas de construir uma prática política ética? A história do Brasil e de outros países nos ensina que não é possível falar de moralidade pública a sério sem colocar essas questões na esfera do debate público. Sem rupturas com esse modelo, nada vai mudar e vamos continuar assistindo, com tédio e descrédito cada vez maiores, os pedidos de CPI, os espetáculos midiáticos e o desfile dos falsos profetas da moral. (WEISSHEIMER: 2005:1). Nos últimos anos as corporações mundiais foram invadidas pela corrupção. A ganância resultou em uma tolerância aos sinais de crise emitidos nos últimos meses que antecederam a crise do subprime.

O relatório da FIESP de 2009: Corrupção: Custos Econômicos e Propostas de Combate relatam algumas informações relevantes:

O custo com a corrupção no Brasil representa entre 1,38% a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O dinheiro, se fosse investido em educação, por exemplo, poderia ampliar de 34,5 milhões para 51 milhões o número de estudantes matriculados na rede pública do ensino fundamental, além de melhorar as condições de vida do brasileiro. "O custo extremamente elevado da corrupção no Brasil prejudica o aumento da renda per capita, o crescimento e a competitividade do país, compromete a possibilidade de oferecer à população melhores condições econômicas e de bem-estar social e às empresas melhores condições de infraestrutura e um ambiente de negócios mais estável. O preço da corrupção custa para o Brasil entre R$41,5 e R$69,1 bilhões por ano. (FIESP: 2009).

O relatório também aponta:

(32)

Para a área de infraestrutura, o relatório calcula que se não houvesse tanta corrupção, 277 novos aeroportos poderiam ser construídos no país.(FIESP:2009).

A corrupção tem um papel muito preponderante nas transações internacionais. Uma evidência clara disso está na forma como a corrupção é percebida no mundo.

Estudos mostram que o IPC abaixo de 5.0 significa uma corrupção incontrolável, ou endêmica, apesar de ser um dado contestado por alguns especialistas. Contudo, é fácil ver que na maioria dos países com IPC abaixo de 5.0 a corrupção está instalada em áreas estratégicas, como Infra-estrutura, Segurança e Serviços Públicos, com ênfase em licitações governamentais. Em outros países a corrupção está em financiamento de campanhas e maquiagem de balancetes, sem denotar muito impacto na economia real, pelo menos por algum tempo. (Tansparency International: 2005).

O que pode irritar a sociedade e as pessoas que combatem e lutam contra a corrupção, é que mesmo com tantas evidências os líderes mundiais parecem ignorar a principal causa geradora de injustiças e instabilidades econômicas mundiais. Aqui não falamos da supremacia dos países ricos para com os países pobres, e nem do Protecionismo Americano e Europeu, das mudanças climáticas ou do Terrorismo. Aqui se fala de Corrupção, que não se passa isoladamente, ou despercebida, mas que hoje faz parte das negociações mundiais.

SILVA nos lembra:

Que os agentes sociais, públicos e privados, e os grupos por eles formados agem conforme um conjunto de regras, normas, valores e instituições, que limitam e restringem os graus de liberdade de cada um, dando como exemplo o pacto constitucional deuma democracia. Ocorre que o resultado do jogo não depende apenas da qualidade dos jogadores, mas também da qualidade de suas regras. O fenômeno da corrupção endêmica pode ser descrito por mecanismos de racionalidade: numa sociedade em que o incentivo para desrespeitar as regras é muito maior do que o de respeitá-las, ser honesto não é o melhor, mas sim ser desonesto e trapacear. (SILVA: 1996:37).

Segundo CARRARO:

(33)

De acordo com SILVA (1996): [...] “Esses agentes econômicos públicos são considerados como rent-seekers ou caçadores de renda, conforme a teoria de KRUEGER

(1974) e TULLOCK (1967)” in LOUREIRO at all.

Segundo NETO:

A teoria econômica da rent-seeking foi formulada no final dos anos 1960, a partir do trabalho seminal de Gordon Tullock (1967), num contexto de crescente intervenção governamental na economia, seja ela através do estabelecimento de barreiras legais à entrada em alguma atividade econômica, por meio de uma legislação restritiva do protecionismo, do controle de preços, concessão de monopólios e transferências de renda e com a idéia, baseada principalmente nos estudos empíricos que se originaram do trabalho de Haberger (1954), de que os custos sociais dos monopólios e tarifas eram desprezíveis do ponto de vista econômico devido ao reduzido valor. (NETO: 2010: 03).

Já como um problema político JOHNSTON (2005)

Aborda a corrupção como um problema político, que afeta os processos e seus resultados: Ela suscita questões políticas importantes acerca das relações entre o Estado e a sociedade, e entre a riqueza e o poder. (JOHNSTON: 2005: 5).

Para Kanitz com relação ao Brasil:

O capitalismo remunera quem trabalha e ganha, mas não consegue remunerar quem impede o outro de ganhar roubando. Há quem diga que não é papel do Estado produzir petróleo, mas ninguém discute que é sua função fiscalizar e punir quem mistura água ao álcool. Não serão intervenções cirúrgicas (leia-se CPIs), nem remédios potentes (leia-se códigos de ética), que irão resolver o problema da corrupção no Brasil. Precisamos da vigilância de um poderoso sistema imunológico que combata a infecção no nascedouro, como acontece nos países considerados honestos e auditados. Portanto, o Brasil não é um país corrupto. É apenas um país pouco auditado. (KANITZ: 1999: 21).

Quando se trata de processo inflacionário o trabalho de Gorcekus e Knorich enquadra a corrupção como:

(34)

associated with higher inflation. The relationship is robust to the inclusion of other determinants of inflation, including the degree of central bank independence, political instability, and other structural characteristics. From a policy perspective, the main implication of this finding is that reforming economic and political institutions to strengthen the rule of law and reduce corruption should be part of the agenda for any meaningful policy reform. (GORCEKUS: 2005: 201). Quando a evasão de recursos é alta, o trabalho de Çule e Fulton deixa claro que:

When tax evasion and corruption are high, the seemingly perverse result emerges that greater auditing and larger penalties lead to more cheating and corruption. This result provides additional insight into why some countries appear trapped in an equilibrium characterized by high unofficial economic activity and corruption (see Friedman et al, 2000, for alternative explanations). (ÇULE:2005: 208).

BARÔMETRO DA CORRUPÇÃO POR SETOR

Fonte: Transparency International – TI – Annual Report – 2009 p.55.

Para a Transparency International:

Los estudios Del Sistema Nacional de Integridad (SNI) de Transparency International ofrecen una evaluación exhaustiva de las principales instituciones públicas y los actores no estatales del sistema de gobernabilidad de un

país. Mediante estos estudios se valoran los “pilares de integridad” de un país en función de su capacidad,

(35)

instituciones o “pilares” centrales del SIN en un país son

el poder legislativo, ejecutivo y judicial, los partidos políticos, el sector publico, el órgano de gestión electoral, el defensor del pueblo, la institución general de auditoria y las agencias anticorrupción, así como el sector empresarial, los medios de comunicación y la sociedad civil. (TI: 2005: 56).

CAPÍTULO II

REVISÃO DA LITERATURA

Fahim A. Al-Marhubi (2000) faz faz uma análise da relação entre corrupção e inflação, mesmo diante do controle exercido sobre o processo inflacionário. Para ele o grande desafio que se apresenta como uma constante no processo macroeconômico, se expressa na preocupação de detectar as diversas formas e tentativas de apropriação indevida de recursos no sistema financeiro internacional. O autor no seu trabalho também chama à atenção para o controle e a fiscalização que não tem se apresentado eficaz para combater as diversas tentativas feitas através da criação de empresas fantasmas, incluindo ai a participação de funcionários do alto escalão dos bancos, e também na bolsa de mercadoria e futuro. Os bancos são o principal alvo dessas ameaças que são permanentes, exigindo uma revisão das estruturas contábeis do mercado mundial.

Al-Marhubi estudou a relação entre corrupção e inflação e concluiu que:

Em governos com elevada evasão fiscal, os altos custos para recolhimento de impostos atuam como incentivo para buscar receita através da cobrança de propina. Os negócios reagem à corrupção com a informalidade e, por conseqüência, recebem os efeitos negativos da inflação. A corrupção, segundo Al-Marhubi pode levar à fuga de capitais do País, reduzindo o volume de ativos taxáveis, com redução das receitas e elevação dos gastos públicos, contribuindo também para o aumento dos déficits fiscais e desencadeando conseqüências inflacionárias em nações com mercados financeiros menos desenvolvidos. Al-Marhubi verificou ainda que um nível elevado de corrupção está diretamente associado à alta da inflação. (Al-MARHUBI: 2000:199-202).

Whitehead (2005) procura relacionar abertura do mercado com corrupção, e propõe contruir um índice de mensuração de qualidade de abertura no mercado e demonstrar seu impacto na corrupção. Segundo o autor os resultados apresentados indicam que a qualidade, bem como o nível de abertura econômica, pode gerar um impacto significativo sobre a corrupção. Ele argumenta que o uso de cargos públicos para benefício privado compromete significativamente, o desenvolvimento econômico, e provoca danos a estabilidade social.

Para o autor:

(36)

Nações têm merecido uma atenção sem precedentes dos pesquisadores (WHITEHEAD: 2005: 202).

Whitehead (2005) diz que a análise de corrupção entre países procura responder a uma simples pergunta: por que países diferentes sofrem diferentes graus de corrupção?

Segundo o autor:

Os países com maior abertura comercial, ou seja, com uma maior proporção do comércio total (exportações e importações) com relação ao Produto Interno Bruto, possuem (em média) níveis mais baixos de corrupção. (WHITEHEAD: 2005: 204).

As conclusões do autor em seu artigo confirmam que:

Our findings suggest that both the quality and the level of openness have significant negative impacts on corruption. These findings are robust. The results do not depend on the choice of functional form, the index of corruption, or the addition of a number of other relevant variables. Although the findings in this paper are subject to usual endogeneity and measurement errors, they are still telling: interacting with less corrupt trade partners leads to lower corruption levels. On a policy level, we may say that since most of the world trade is instigated by businesses from developed countries, it is important that they exercise corporate responsibility both within the national borders of the developed countries and in the world markets. (WHITEHEAD: 2005:5).

Lackó (2004) investiga como os impostos, a corrupção e os aspectos institucionais do mercado de trabalho influenciam o tamanho dos segmentos do mercado de trabalho, e como afetam o desemprego, o emprego o auto-emprego e grau de atividade da economia informal.

A novidade na abordagem é a justificativa teórica da interação entre a percepção dos impostos e da corrupção, bem como o estabelecimento de um novo conceito e variável, a taxa subjetiva. A autora trabalha com dados em painel para países da OCDE no período de 1995-2000.

Para LACKÓ:

(37)

LACKÓ observa que:

Legal systems differ not just in the formulations and original intent of laws, but also in the prevailing expectations and practices that govern how the laws are enforced. This refers to the role of legal culture. The

conceptions of the social role of law and the relative importance of law in preserving social order differ across countries. In Britain, and in some of its former colonies, scholars have noted an almost obsessive focus on the procedural aspects of law. In many other cultures, social order is associated with the respect of hierarchy and the authority of offices. The willingness of judges to follow procedures, even when the results threaten the

hierarchy, clearly increases the chance that the officials’

corruption will be exposed. (LACKÓ: 2003-2004:5). Chowdhury (2005) estuda o efeito da democracia e da liberdade de imprensa sobre a corrupção. A investigação empírica realizada sugere que a democracia e a liberdade de imprensa podem ter um impacto significativo sobre a corrupção. A divulgação para a sociedade dos atos envolvendo desvio de recursos públicos, através da mídia, tem o peso de informar para a sociedade quem são essas pessoas envolvidas, e se representam algum interesse perante a sociedade ou organização.

Chowdhury identifica que:

The knowledge of actions taken can be a means to order and enforce laws and improve them in order to impose barriers increasingly difficult to be implemented by vested interests. The media and political representation of institutions, the safeguards of democracy, should work with full freedom, they represent the eyes and ears of society they represent, and only the public should give him satisfaction. (CHOWDHURY: 2004:110).

Finalmente, CHOWDHURY concluí:

The results presented in this paper show that democracy and press freedom have significant impact on corruption, and between the two components of democracy, it is the voters' participation that seems more robust. The findings remain robust under alternative settings. However, there may be a substantial time lag; though a change in democracy and press freedom may influence the extent of corruption, a dramatic change is unlikely. In addition, the findings of this paper should be taken with cautions since the indices employed in our empirical analysis may be endogenous and the observed relations may be due to mere correlations rather than actual causation.(CHOWDHURY: 2004:100).

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Tabela 1 – RANKING DE CLASSIFICAÇÃO POR CORRUPÇÃO
Figura 1 - CORRUPTION PERCEPTIONS INDEX 2010
Gráfico - 1
Gráfico 3 – Evolução dos Valores Preditos das Taxas de Juros sobre Empréstimos: 2000-2008  67891011 1 2 3 4 5 6 7 8 9
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Referências

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