• Nenhum resultado encontrado

2 O Professor e o processo de ensino-aprendizagem

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "2 O Professor e o processo de ensino-aprendizagem"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

Revista ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, setembro/ dezembro, 2015 Revista do M estrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial da Universidade

Estácio de Sá – Rio de Janeiro (M ADE/ UNESA). ISSN: 2237-5139

Cont eúdo publicado de acesso livre e irrestrito, sob licença Creat ive Commons 3.0. Editores responsáveis: M arco Aurélio Carino Bouzada e Isabel de Sá Affonso da Costa

Organizador do número t emático: M arcus Brauer Gomes (M ADE/ UNESA)

Processos de Ensino-Aprendizagem e a Síndrome de Burnout: Reflexões sobre

o Adoecimento do Professor e suas Consequências Didáticas

Jade Ant unes Simões1 Carolina M achado Saraiva M aranhão2 Rosany Cecília de Sena 3

Artigo recebido em 16/ 04/ 2016 e aprovado em 21/ 05/ 2016. Artigo avaliado em doubl e blind r eview. 1 Graduada em Administração pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Analista em Regulamentação em Saúde da Unimed Inconfidentes Cooperativa de Trabalho Médico Ltda. Endereço: Praça Barão de Saramenha, 01 - Saramenha - CEP: 35400-000 - Ouro Preto, MG. Email: jade@unimedinconfidentes.coop.br.

2 Doutoranda em Estudos Organizacionais pelo CEPEAD/ UFMG. Bolsista CAPES. E-mail: carolina.saraiva@gmail.com.

(2)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Processos de Ensino-Aprendizagem e a Síndrome de Burnout: Reflexões sobre o Adoecimento do Professor e suas Consequências Didáticas

O adoecimento do professor-trabalhador tem, como expressão mais frequent e, a síndrome de burnout. Esta síndrome afeta negativamente o trabalhador, tal como o ambiente institucional. O present e trabalho tem, como objet ivo, diagnosticar se há indícios da síndrome de burnout ent re os professores de uma instituição federal de ensino superior, localizada na cidade de M ariana, no estado de M inas Gerais- Brasil e identificar qual o nível da síndrome nos docentes que participaram da pesquisa. Para tal, utilizou-se dos métodos qualitativo e quantitativo por meio de dois instrumentos de pesquisa: (1) questionário sócio-funcional e (2) o M aslach Burnout Invent ory Educators Survey-ES. Após análise e interpretação dos dados, verificou-se que nenhum dos professores que participaram da pesquisa foi “diagnosticado” com a síndrome, entretanto foram encontrados vestígios que podem levar a ela. Esses resultados vêm corroborar o fato de que se fazem necessárias reflexões sobre as condições atuais dos docent es enquant o sujeitos ao adoecimento no ambiente de ensino, uma vez que esse adoecimento atinge não só o professor como indivíduo, mas também como parte integrante de todo um sistema de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: ensino-aprendizagem; burnout; adoeciment o docent e. Key w ords: teaching-learning; burnout; teaching illness.

Teaching-Learning Processes and Burnout Syndrome: Reflections on Teacher Illness and Its Didactic Consequences

Teacher´s illness is often expressed through the burnout syndrome. This syndrome adversely affect s the worker, as t he institutional environment. This work has the objective to diagnose whet her there are signs of burnout among t eachers of a federal institution of higher education locat ed in M ariana, in M inas Gerais, Brazil and to identify the syndrome level among teachers who part icipated in the survey. To do this, qualitative and quantitative methods were used, applying two research tools: (1) Questionnaire and t he Socio-Functional (2) M aslach Burnout Inventory 'educators Survey-ES'. After the analysis and interpretation of data, it was found that none of the teachers in the survey was "diagnosed" with the syndrome, however they found traces that can lead to it . These result s corroborat e the fact that reflect ions on the current conditions of teachers as subjects t o illness in the learning environment are necessary, since this illness affects not only the t eacher as an individual but also the whole system of teaching and learning.

1 Introdução

M uit os est udos sobre a formação do professor foram realizados ao longo dos anos, incluindo os que se referem ao adoecimento da classe docent e. No ent ant o, pouco se fala da saúde do professor enquanto trabalhador - sujeit o ao adoeciment o - e das possíveis consequências que esse adoeciment o pode acarret ar para o processo de ensino, bem como das relações pedagógicas est abelecidas com o corpo discent e.

O adoeciment o do professor-t rabalhador t em, como expressão mais frequent e, a

síndrome de burnout. Além dos problemas relat ivos à saúde do t rabalhador, professores

(3)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

na didática, na frequência às aulas, dent re out ras coisas. Diversos problemas no âmbit o do relacionamento social, sejam os de aluno, professor, professor-coordenação ou at é mesmo professor-comunidade, t ambém compromet em o ambient e de ensino. Também vale ressalt ar, sob uma perspect iva mais ampla, que um ensino de má qualidade t ende a causar danos à sociedade.

O present e est udo busca responder se há indícios da síndrome de burnout ent re os professores de uma inst it uição federal de ensino superior. Em havendo, qual o nível dest a síndrome nos docent es que part iciparam da pesquisa?

Esses quest ionamentos visam a levant ar alt ernativas para ampliar o leque de vert ent es reflexivas sobre as condições at uais dos docent es enquanto t rabalhadores e sujeit os ao adoeciment o.

2 O Professor e o processo de ensino-aprendizagem

Winkler et al. (2012), afirmam que o processo de ensino-aprendizagem compreende conjunto de ações que envolvem pessoas, t écnicas e inst rumentos, com o objet ivo de const ruir conhecimento. E, para a efet iva const rução dest e conheciment o, é preciso que t odas as part es se compromet am de maneira responsável com o processo.

Segundo Almeida et al. (2011), ensinar não se resume soment e em t ransmit ir conheciment os, mas t ambém em est abelecer relações com t odos os envolvidos na const rução do saber. Daí a import ância do professor no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que ele é, por muit as vezes, o est imulador dest a const rução, e o responsável por "garant ir a art iculação ent re escola e comunidade" (ALM EIDA et al., 2011, p. 278) por meio do ensino, da pesquisa e da ext ensão.

Conforme Fávero e Tauchen (2013), o ensino é uma at ividade complexa e int erat iva realizada ent re det erminados sujeit os, e que possui carát er social. Por isso, o professor precisa ser capaz de analisar e de resolver problemas que afet am o processo de ensino-aprendizagem, cert o de que necessit a "ensinar o ofício de aprender" (TEDESCO, 2011, p.41). De acordo com M endoza et al. (2014), é necessário, ao docent e, ser flexível perant e os desafios pedagógicos.

Para Carneiro (2010), o professor é um trabalhador útil para a sociedade, t endo, como produt o de seu t rabalho, o processo de ensino-aprendizagem. Ainda segundo a mesma aut ora, o docent e se submet e, como qualquer out ro t rabalhador, às organizações e às condições de t rabalho da inst it uição na qual est á inserido.

Segundo Carlot to (2002), a organização do t rabalho docent e envolve int er-relações (professor-professor, professor-aluno, professor-coordenação, e out ras), além de requerer, do professor, "(...) habilidades int elect uais e físicas" (CARNEIRO, 2010, p.15). E, conforme Ruiz et al. (2014), a saúde do professor é um fat or import antíssimo que influencia o processo de ensino-aprendizagem, afet ando pot encialmente o rendimento dos alunos.

(4)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

a comunidade em geral são part es do t odo que compõe t al processo. E o professor, possuindo várias t arefas nest e processo, fica sujeit o ao adoecimento, podendo compromet er o processo de ensino-aprendizagem.

3 Síndrome de burnout

O t ermo burnout faz referência a um esgot amento emocional, algo como um fogo

que se apaga ou uma bat eria que se acaba (LÓPEZ et al., 2012). Essa perda de energia, segundo Zuluaga e M oreno (2012), é considerada uma respost a ao est resse causado pelo t rabalho - uma fadiga laboral. E essa síndrome, sendo uma respost a negat iva a um ambient e de t rabalho est ressant e, se caract eriza quando o indivíduo apresent a exaust ão emocional, despersonalização e baixa realização profissional (FUENTE et al., 2014).

Os set ores que apresent am maior risco de desenvolver a síndrome são os de saúde, serviço social e educação (PETERSON et al., 2008). O acúmulo de fat ores psicossociais adversos faz com que a docência se t orne uma profissão pot encialment e sujeit a à síndrome

de burnout (FERNANDÉZ, 2014).

Segundo Bot ero e Romero (2011), em 1974, o psicólogo e clínico Herbert Freudenberger (FREUDENBERGER, 1974), já familiarizado com o est resse vivenciado por profissionais da

saúde em seu ambient e laboral, propôs inedit ament e o t ermo burnout. Pouco t empo depois

a pesquisadora e psicóloga social Christina M aslach (M ASLACH, 1981) t ambém iniciou seu t rabalho acerca do fenômeno, execut ando e publicando, em 1976, o primeiro est udo empírico sobre o assunto.

De acordo com Benevides-Pereira (2003), Freudenberger (1974) e M aslach (1981)

foram os principais responsáveis pela difusão do t ermo burnout e por despert ar o int eresse

em est udar a síndrome de burnout.

4 Docência e a síndrome de burnout

“ A profissão docent e é ext remament e vulnerável à síndrome de burnout, [...], devido

à grande carga est ressora a que est es profissionais est ão expost os” (CARNEIRO, 2010, p.36). Esse fenômeno, embora se desenvolva no ambient e de t rabalho do professor, é um problema mais social do que simplesment e escolar (M ASLACH, 2003). E, segundo Ruiz et al. (2014), a síndrome de burnout pode acarret ar baixas produt ividade e eficácia no t rabalho, além da diminuição do compromisso com a inst ituição na qual t rabalha.

Segundo M oreno-Jimenez (2002), na perspect iva psicossocial a síndrome de burnout se manifest a no doent e da seguint e forma:

(5)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

mais reparador; já se sent e cansado ao levant ar pela manhã; ao fim da semana o sent iment o é de t ot al esgot ament o ao pont o de alguns procurarem ajuda profissional.

Despersonalização: um modo de enfrent ar a exaust ão emocional; t rat amento depreciat ivo, frio e dist ant e, e aversão aos problemas dos est udant es; o t rabalho é vist o apenas por seu valor de t roca; o aluno é vist o friament e como um objet o; sent iment o de não conseguir passar aos alunos tudo o que gost aria.

Falta de realização profissional: valorização negativa do próprio papel profissional; insatisfação com o t rabalho, sentiment o de ineficácia; aut oavaliação negat iva, part icularment e em relação aos alunos; perda de significação do t rabalho; o docent e não se sent e mot ivado a t rabalhar; não consegue sent ir que seu t rabalho é valorizado; acha que deveria t er mais t empo livre para se dedicar a out ras atividades.

5 M étodo

Trat a-se de um est udo delineado de forma descrit iva-analít ica a respeit o da presença

da síndrome de burnout em professores universit ários de ambos os gêneros de uma IFES,

localizada em M ariana - M G, no período de julho a dezembro de 2014.

Foram ent revist ados 23 professores universit ários dos cursos de Administ ração, Economia, Jornalismo e Serviço Social. Os únicos crit érios de inclusão ut ilizados foram ser docent es de um dos cursos de graduação do Inst it uto de Ciências Sociais e Aplicadas da IFES e aceit ar part icipar da ent revist a.

Foram dist ribuídos 30 quest ionários, em envelopes lacrados, nos quat ro cursos do Inst it ut o. Os professores foram abordados pessoalment e pela pesquisadora e/ ou por uma auxiliar de pesquisa, devidament e t reinada. As abordagens ocorreram nos horários de int ervalo dos professores na própria IFES, assim os docent es foram convidados a part iciparem da pesquisa e a responderem aos quest ionários.

Os objet ivos da pesquisa t al como sua import ância foram expostos at ravés de uma cart a de apresent ação, e os participant es foram informados t ambém a respeit o do sigilo dos respondent es da pesquisa. Dos 30 envelopes ent regues 30 foram resgat ados, no ent anto apenas 23 est avam apt os a serem considerados na pesquisa, já que 05 foram ent regues em branco e 02 est avam incomplet os. Assim foram considerados 76,66% dos quest ionários resgat ados.

(6)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

A análise descrit iva se deu a part ir dos dados colet ados por meio dos quest ionários. Após a colet a part iu-se para a análise est at íst ica dos dados, para o que se ut ilizou do programa Excel versão 2007, com os resultados sendo apresent ados por meio de quadros, de figuras e de t abelas.

5.1 Os instrumentos de pesquisa

5.1.1 O M BI-ED

O M BI-ED (M aslach Burnout Invent ory ‘educators Survey-Es’ ou ‘M BI forma ED’) é composto de 22 questões, autoaplicáveis, desenvolvidas em três eixos, a saber: Exaustão Emocional; Despersonalização; Realização Profissional (ou Baixa Realização Profissional). (CARNEIRO, 2010, p.45).

Segundo Pepe-Nakamura et al. (2014), o M BI é o inst rumento referência de pesquisa para se medir a síndrome de burnout. Na present e pesquisa foi ut ilizada a forma ext raída de

est udos realizados no Brasil pelo Núcleo de Est udos e Pesquisas sobre Burnout (NEPASB),

sediado na Universidade Est adual de M aringá. O quadro 1 apresent a as dimensões associadas à síndrome e os it ens avaliados nest a pesquisa.

As respost as ao quest ionário M BI-ED são apresent adas por uma escala de frequência do tipo Likert de set e pontos, que vão de 0 a 6 (ver Quadro 2).

Conforme o Quadro 3, " alt os escores em exaust ão emocional e despersonalização e

baixos escores em realização profissional (escore inverso) indicam alto nível de burnout "

(CARNEIRO, 2010, p.47).

5.1.2 O QSF

O quest ionário sócio-funcional (QSF) utilizado na present e pesquisa foi adapt ado do quest ionário ut ilizado no est udo de Carneiro (2010). Esse últ imo, com 29 quest ões, abrange diversos aspect os das vidas pessoal e profissional do docent e, sendo composto por cinco domínios: ident ificação pessoal, aspect os sociais, natureza da função, nat ureza inst itucional e natureza emocional.

Para melhor at ender às necessidades do present e est udo, o quest ionário adapt ado t eve o número de quest ões reduzido para 16 (ver Quadro 4).

6 Análises dos dados

6.1 Perfil sócio-funcional

(7)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

diversas variáveis e nas respect ivas cat egorias. Os result ados most ram uma leve predominância do sexo feminino (52,17%) em relação ao masculino (47,83%).

Quadro 1 - Dimensões analisadas pelo M BI-ED e seus it ens de avaliação correspondent es.

DIMENSÃO ITENS AVALIADOS

1- Sinto-me cansado ao final de um dia de trabalho; 2- Sinto que atingi o limite das minhas possibilidades; 3- Sinto-me esgotado emocionalmente por meu trabalho; 4- Sinto-me frustrado em meu trabalho;

5- Trabalhar diretamente com pessoas causa-me estresse; 6- Meu trabalho deixa-me exausto;

7- Sinto que estou trabalhando em demasia;

8- quando me levanto pela manhã e vou enfrentar outra jornada de trabalho sinto-me cansado;

9- Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço. 1- Sinto que os alunos culpam-me por alguns de seus problemas; 2- Creio que trato alguns alunos como se fossem objetos impessoais; 3- Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que exerço este trabalho;

4- Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja-me enrigecendo emocionalmente;

5- Não me preocupo realmente com o que ocorre com alguns alunos que atendo.

1- Sinto-me com muita vitalidade;

2- Sinto-me estimulado depois de trabalhar em contato com alunos; 3- Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais no meu trabalho;

4- Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para meus alunos; 5- Sinto eu influencio positivamente vida de outros através de meu trabalho;

6- Lido de forma eficaz com os problemas dos alunos; 7- Posso entender com facilidade o que sentem meus alunos; 8- Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão. EXAUSTÃO

EMOCIONAL

DESPERSONALIZAÇ ÃO

REALIZAÇÃO PROFISSIONAL

Fonte: Codo e Vasques-M enezes (1999).

(8)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Escala Sentimento em relação ao trabalho

0 Nunca

1 Uma vez ao ano ou menos 2 Uma vez ao mês ou menos 3 Algumas vezes ao mês 4 Uma vez por semana 5 Algumas vezes por semana 6 Todos os dias

Fonte: Codo e Vasques-M enezes (1999).

Quadro 3 - Escores ut ilizados para a identificação das dimensões exaust ão emocional, despersonalização e baixa realização profissional, caract eríst icas da síndrome de burnout.

DIMENSÃO

Nível alto

Nível moderado

Nível baixo

Exaustão emocional

maior ou igual a 27

19 a 26

menor que 19

Despersonalização

maior ou igual a 10

6 a 9

menor que 6

Baixa Realização Profissional

0 a 33

34 a 39

maior ou igual a 40

Fonte: Tucunduva et al. (2006).

Quadro 4 - Variáveis analisadas no quest ionário sócio-funcional (QSF) e suas respect ivas cat egorias.

Variaveis Cat egoria

1- gênero 2- idade 3- est ado civil 4- número de filhos 1- local de residência 2- salário

1- nível de qualificação 2- t empo de serviço 1- est rut ura e inst alaçõe 2- conflitos

3- leciona disciplinas fora da formação 1- reconhecimento do t rabalho 2- autonomia no trabalho 3- ambiente de t rabalho aprazível

4- sent iment os de est resse, angust ia, nervosismo, ansiedade 5- se pudesse recomeçar sua carreira, mudaria de profissão Natureza Inst it ucional

Nat ureza Emocional Identificação Pessoal

Aspect os Sociais

Natureza da Função

(9)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

No que se refere à idade dos ent revist ados, há uma predominância da faixa et ária ent re 31-40 anos, com 56,52%, seguida da faixa ent re 41 e 50 anos com 17, 39%, empat ada com a primeira faixa-et ária de 20-30 anos, e seguida pela faixa de 51 a 60 anos cont endo 8,7% dos part icipant es. Nenhum deles t êm 60 anos ou mais.

Essa relação de faixa et ária, na qual o maior número de part icipant es t em ent re 31 e

50 anos, pode ser fat or que at enua a ocorrência da síndrome de burnout , já que, para

Gouveia et al. (2008, p. 467),

(10)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Tabela 1 - Perfil sócio-funcional dos docent es da IES em M ariana - M G, 2014.

Variáveis Categorias %

Quantidade do sexo masculino 47,83%

Quantidade do sexo feminino 52,17%

Não responderam 0,00%

De 20 a 30 anos 17,39%

De 31 a 40 anos 56,52%

De 41 a 50 anos 17,39%

De 51 a 60 anos 8,70%

Acima de 60 anos 0,00%

Quantidade de solteiros 21,74%

Quantidade de casados 69,57%

Quantidade de separados 4,35%

Quantidade de viúvos 0,00%

Quantidade em união estável 0,00%

Outros 4,35%

Não tem 43,48%

1 39,13%

2 17,39%

3 0,00%

4 ou mais 0,00%

Mariana 39,13%

Ouro Preto 13,04%

Belo Horizonte 21,74%

Outro 26,09%

Insatisfatório 0,00%

Parcialmente Satisfatório 60,87%

Satisfatório 39,13%

Graduação 0,00%

Especialização 0,00%

Mestrado 47,83%

Doutorado 43,48%

Pós-Doutorado 8,70%

Qualificação Gênero

Idade

Estado Civil

Filhos

Residência

Salário

Fonte: elaborado pelo autor (2014).

(11)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Nenhum dos ent revist ados diz est ar insat isfeit o com a remuneração dada por seu t rabalho. Ent ret anto, é import ant e not ar que a maior part e est á apenas parcialment e sat isfeit a com seus salários (60,87%) e que apenas 39,13% est ão plenament e satisfeit os.

Not a-se, por meio da pesquisa, que a sat isfação com o salário est á diret ament e relacionada com o t empo de t rabalho e com a qualificação do docent e. Ou seja, quant o maior o t empo de profissão e a qualificação, maior t ambém a sat isfação com o salário. Quanto à qualificação dos docent es pesquisados, 47,33% são mest res, 43,48% são dout ores e apenas 8,70% são pós dout ores.

6.2 Análise dos Resultados: as dimensões da síndrome de burnout

6.2.1 Exaustão emocional

A exaust ão emocional é caract erizada pela carência de energia e ent usiasmo para com o t rabalho: o t rabalhador sent e como se seus recursos emocionais est ivessem esgot ados. Assim, no caso de professores, é como se eles se sent issem incapazes de suprir as necessidades de seus alunos como já o fizeram um dia (CARLOTTO; CAM ARA, 2004). Por ser considerada uma profissão int elect ual e por implicar cont ato int enso com out ras pessoas durant e o labor, a docência pode gerar sobrecarga de t rabalhos físico e ment al (CARNEIRO, 2010).

A Figura 1 demonst ra o nível de exaust ão emocional encont rado nos professores ent revist ados. Observa-se que 26% dos professores entrevist ados, se considerada apenas a

dimensão exaust ão emocional, t em indícios da síndrome de burnout, e que 17% est ão a

caminho de desenvolvê-la.

A Tabela 2 apresent a a média das respost as dos professores para cada quest ão da exaust ão emocional.

Relacionando a média encont rada em cada quest ão da Tabela 2 com a pontuação do Quadro 2 (que ident ifica a frequência do sent iment o), t êm-se as principais considerações relat adas a seguir.

As quest ões 1, 3, 4, 5 e 7 t êm médias que se aproximam de 2, significando que, em média, uma vez ao mês - ou menos - os professores se sent em esgot ados emocionalment e com o t rabalho e cansados ao se levant arem pela manhã e ao encararem mais um dia de t rabalho. Precisam despender grande esforço para t rabalhar com pessoas o dia todo, sent em-se exaust os e que est ão t rabalhando em excesso.

(12)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Figura 1 - Nível de Exaust ão Emocional encont rado nos professores ent revist ados.

Fonte: Elaboração própria.

Tabela 2 - Quest ões do M BI-ED referent es à exaust ão emocional.

Questões Médias

1 - Sinto-me esgotado emocionalmente por meu trabalho 1,91 2 - Sinto-me cansado ao final de um dia de trabalho 3,87 3 - Quando me levanto pela manhã e vou enfrentar outra jornada de trabalho sinto-me cansado 2,39 4 - Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço 1,91 5 - Meu trabalho deixa-me exausto 2,26 6 - Sinto-me frustrado em meu trabalho 0,91 7 - Sinto que estou trabalhando em demasia 2,43 8 - Trabalhar diretamente com pessoas causa-me estresse 1,17 9 - Sinto que atingi o limite das minhas possibilidades 0,87

Fonte: Elaboração própria.

A quest ão 2 demonst ra o sent imento mais alarmant e, que pode levar a exaust ão emocional a atingir níveis mais elevados: nessa quest ão, a média se aproxima de 4, o que quer dizer que cerca de uma vez por semana os professores se sent em cansados ao fim de um dia de trabalho.

De acordo com a Tabela 3, a exaust ão emocional é mais frequent e nos homens (66,67%) do que nas mulheres (33,33%). Isso cont raria o senso defendido na t eoria e em

pesquisas ant eriores sobre burnout de que as mulheres são mais at ingidas por est e mal,

devido à dupla jornada de t rabalho e aos serviços domést icos. É mais frequent e t ambém nos casados (66,67%) e em professores com titulação de mest re (50%).

(13)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Tabela 3 - Exaust ão emocional, gênero, est ado civil e qualificação.

Variáveis

Categorias

%

Exaustão Emocional

Alta

26,09%

Quantidade do sexo masculino

66,67%

Quantidade do sexo feminino

33,33%

Quantidade de Solteiros

33,33%

Quantidade de Casados

66,67%

Mestrado

50,00%

Doutorado

33,33%

Pós-Doutorado

16,67%

Gênero

Estado Civil

Qualificação

Fonte: Elaboração própria.

6.2.2 Despersonalização

O result ado obtido para despersonalização most ra, na Figura 2, que nenhum dos docent es apresent a nível alt o de despersonalização. Ent ret anto, 17% apresent am nível moderado, o que deve ser considerado como um alert a, já que pode se agravar com o t empo.

A despersonalização demonst ra est ado de exaust ão, evidenciando-se em diversos fat os: não conseguir mais dar o mesmo at endiment o aos seus alunos, considerar uma t ort ura t er que conviver com seus colegas de t rabalho, o desânimo em não querer mais nem se levant ar pela manhã para ir t rabalhar.

Figura 2 - Nível de despersonalização encont rado nos professores ent revist ados.

Fonte: Elaboração própria.

(14)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Tabela 4: Quest ões do M BI-ED referent es à despersonalização.

Questões Médias

1 - Creio que trato alguns alunos como se fossem objetos impessoais 0,26 2 - Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde quando exerço este trabalho 0,13 3 - Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja me enrijecendo emocionalmente 0,22 4 - Não me preocupo realmente com o que ocorre com alguns alunos que atendo 0,3

5 - Sinto que os alunos culpam-me por alguns dos seus problemas 1,39 Fonte: elaborada pelo autor.

Relacionando a média encont rada em cada quest ão dessa t abela com a pontuação do Quadro 2 (que identifica a frequência do sentiment o), é possível ext rair as principais considerações, relat adas a seguir.

As quest ões 1, 2, 3 e 4 se aproximam de zero, significando que os professores prat icament e nunca sent em t erem t rat ado os alunos como se fossem objet os, t erem se t ornado mais insensíveis com as pessoas, t erem se enrijecido emocionalment e, ou não se preocupam com o que ocorre com os alunos que at endem.

A quest ão 5 t em média aproximada de 1, querendo dizer que, uma vez ao ano ou menos, eles sent em que os alunos os culpam por alguns de seus problemas. Nota-se que est e é o fat or que eleva o nível de despersonalização ent re os professores ent revist ados.

O sent imento de culpa que o professor t em devido aos problemas acadêmicos é o que t em maior relevância na despersonalização. Os alunos que não vão bem em alguma disciplina costumam culpar o professor por suas baixas not as e por seu desempenho indesejável, com alguns chegando a julgá-lo como implicant e (CARNEIRO, 2010).

É import ant e dest acar o que Carlott o e Palazzo (2006) alert aram: o fat o de que muit os professores negam sent iment os de distanciamento ou de objet ificação de seus alunos. Alguns podem não t er condições de reconhecer o que verdadeirament e est á ocorrendo com eles próprios. Isso dificult a a ident ificação de quest ões relacionadas à dimensão de despersonalização, pois as quest ões que avaliam essa dimensão podem gerar const rangimentos, e, assim, podem não ilust rar a realidade.

A Tabela 5 apresent a a dist ribuição das cat egorias do QSF encont radas nos docent es com despersonalização moderada. A maior parte (75,00%) relat a conflitos event uais com seus superiores 100% alegam desfrut ar de um ambient e de t rabalho aprazível, e 50,00% event ualment e se sent em est ressados, nervosos, angust iados ou ansiosos.

Os conflit os com colegas de t rabalho est ressam alguns professores mais do que o contat o com seus alunos. É import ant e dest acar os conflitos que exist em ent re iguais, ou seja, ent re os professores, como relatado pelo entrevist ado D22: “ De forma geral, a causa de est resse com pessoas est á mais relacionada com os colegas de t rabalho do que com alunos propriament e ditos” .

(15)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Tabela 5 - Relação das variáveis do QSF com a despersonalização.

Variáveis Categorias %

Despersonalização Moderado 17,39%

Sempre 25,00%

Eventualmente 75,00%

Ambiente Aprazível Sim 100%

Não 50,00%

Eventualmente 50,00% Conflitos

Sente-se estressado, nervoso, angustiado ou ansioso

Fonte: Elaboração própria.

A despersonalização, segundo Carneiro (2010), é caract erizada pela falt a de empat ia do docent e, o que dificult a seu relacionamento com seus pares e leva à ocorrência de mais conflitos. Ainda conforme a aut ora, a despersonalização faz com que o docent e busque o isolamento para t ent ar se defender e se esquivar das responsabilidades de seu t rabalho e dos indivíduos envolvidos na relação do t rabalho. Isso leva a um desânimo gradual, que pode, inclusive, pôr em duvida sua compet ência, e levá-lo a desist ir de algo que ant es lhe era prazeroso e import ant e.

6.2.3 Baixa realização profissional

A Figura 3 demonst ra que 9,00% dos docent es apresent am alto nível de baixa realização profissional - no caso dos professores, o processo de ensino-aprendizagem, ligado à capacidade funcional do t rabalhador e ao produt o final de seu empenho laboral.

Figura 3 - Nível de baixa realização profissional encont rado nos professores ent revist ados.

(16)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Quando há sent imento de baixa realização profissional, isso significa que o t rabalhador não se vê realizado como sujeito por meio de seu t rabalho. Ele, ent ão, passa a t rabalhar por obrigação, apenas para prover seu sust ent o e sat isfazer suas necessidades básicas, sem se import ar com o result ado final de seu t rabalho e sem demonst rar prazer no que faz (CARLOTTO; CÂM ARA, 2004).

A Tabela 6 expõe as quest ões que compõem a dimensão baixa realização profissional.

Todas as quest ões t êm m édias que se aproximam de 5, o que significa que, algumas vezes por semana, os professores: 1) percebem que podem ent ender com facilidade o que sent em seus alunos e que lidam de forma eficaz com os problemas desses últ imos; 2) sent em que, por meio de seu t rabalho, conseguem influenciar posit ivament e as pessoas e que são capazes de criar uma at mosfera relaxada para seus alunos; 3) sent em-se est imulados depois de t rabalhar com seus alunos; 4) t êm conseguido muit as realizações profissionais; 5) ent endem que t êm conseguido t rat ar, de forma adequada, os problemas emocionais que o t rabalho pode gerar; e 6) sent em que possuem muit a vitalidade.

Tabela 6 - Quest ões M BI-ED relacionadas à baixa realização profissional.

Questões Médias

1 - Posso entender com facilidade o que sentem meus alunos 5,48 2 - Lido de forma eficaz com os problemas dos alunos 5,39 3 - Sinto que influencio positivamente a vida de outros através de meu trabalho 5,13

4 - Sinto-me com muita vitalidade 4,78

5 - Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para meus alunos 5,04 6 - Sinto-me estimulado depois de trabalhar em contato com os alunos 5,26 7 - Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão 4,91 8 - Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais do meu trabalho 4,96 Fonte: Elaboração própria.

A Tabela 6 demonst ra que não é acent uado o nível de baixa realização profissional. Contudo, mesmo com médias parecidas, o principal ponto que afet a os professores (por ser o de menor média) é sent ir-se com vit alidade.

Isso pode ser um pont o de at enção, pois, como apont a Silva (2006), quando o professor not a que a realidade não at ende a seus anseios e ideais, ele começa a sent ir-se frust rado ao perceber que não é recompensado. Tent ando contornar essa sit uação, ele int ensifica seu labor em busca de realização, mas vem o cansaço, a decepção e a perda da vit alidade. Quando o ânimo inicial dá lugar à fadiga crônica, é o momento da estagnação e

da frust ração, ou do “ quase-burnout”, quando começam a surgir sint omas como

irrit abilidade, isolamento, at rasos e faltas.

(17)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Tabela 7 - Análise ent re baixa realização profissional e salário, est rut ura das inst alações e reconheciment o profissional.

Variáveis Categorias %

Baixa Realização Profissional Alto 8,70%

Salário Parcialmente Satisfatório 100%

Estrutura e Instalações Suficiente 100%

Reconhecimento Profissional Sim 100%

Fonte: Elaboração própria.

Todos os professores julgam a est rut ura e as inst alações como sat isfat órias para o desempenho de seu t rabalho, e dizem receber reconheciment o profissional. Port anto, o que impacta a dimensão da baixa realização profissional é o salário, pois 100% dos professores est ão apenas parcialment e sat isfeit os com a remuneração recebida por seu t rabalho.

6.2.4 Síndrome de burnout e os docentes da IFES

“ A síndrome de burnout é um processo que se inst ala lent ament e, passando primeiro pela dimensão de exaust ão emocional, que é preditivo para a despersonalização e por últ imo a baixa realização profissional” (CARNEIRO, 2010, p.65).

A síndrome pode ser ident ificada pelos alt os escores em exaust ão emocional e em despersonalização, e pelos baixos escores em baixa realização profissional (ver Quadro 3).

No est udo feit o com os professores da IFES, não foram const at ados casos da

síndrome de burnout, já que nenhum dos docentes ent revist ados apresentou alto nível nas

t rês dimensões simult aneament e.

Todavia, conforme demonst rado nas Figuras 1 e 3, as dimensões de exaust ão emocional e de baixa realização profissional t êm parcelas de professores com índice alto, e isso não pode ser ignorado. Isso porque, como dito por Carneiro (2010), a síndrome de burnout se desenvolve lent ament e, passando pelas t rês dimensões at é afet ar t odas elas, e, ent ão, a síndrome já est ará inst alada. É necessário que se ident ifique a font e que gera os níveis elevado e moderado nessas dimensões para que o processo de desenvolvimento da síndrome seja int errompido.

Prova dest e processo lent o e degradant e é o result ado obt ido com t rês dos professores est udados (D19, D22, D23), que est ão com alto nível em uma das dimensões e com nível moderado em out ra dimensão (ver Tabela 8).

Tabela 8 - Desenvolviment o da síndrome de burnout nos professores ent revist ados.

Professor Exaustão Emocional Despersonalização Baixa Realização Profissional

D19 Alta Moderada Baixa

D22 Alta Baixa Moderada

D23 Alta Baixa Moderada

(18)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Os result ados das médias calculadas nas t rês dimensões nos docent es são apresent ados na Figura 4.

Figura 4 - M édia das t rês dimensões encont radas em t rês dos professores pesquisados.

Fonte: Elaboração própria.

Os níveis encont rados nas t rês dimensões, na média, são baixos, conforme escores apresent ados no Quadro 3. No ent anto, com esse result ado é possível afirmar que a dimensão mais próxima de at ingir um nível mais elevado é a baixa realização profissional, seguida pela exaust ão emocional. A dist ribuição de médias no quest ionário M BI-ED dessa últ ima pode ser apreciada na Figura 5.

Figura 5 - M édias da exaust ão emocional segundo os it ens de avaliação do M BI-ED.

Fonte: Elaboração própria.

(19)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Na dimensão despersonalização, o maior dest aque é o sent imento de culpa, embasado na percepção que os alunos os culpam por seus problemas (ver Figura 6):

A maioria dos docent es experimentam o sentimento de culpa pelo resultado de seu trabalho, pois este t ende a absorver t oda responsabilidade para si, dando-os a sensação de fracasso e de t arefa não cumprida (processo ensino-aprendizagem). (CARNEIRO, 2010, p. 67).

Figura 6 - M édias da despersonalização segundo os it ens de avaliação do M BI-ED.

Fonte: Elaboração própria.

É import ant e dest acar que os result ados obtidos nessa dimensão não são absolut ament e confiáveis. Isso porque se t rat a de uma dimensão em que o reconheciment o de algumas at it udes pode ser considerado const rangedor, e, por isso, é difícil de ser assumida: os valores dos result ados encont rados podem ser menores do que de fat o são, pois pode não ser socialment e aceit ável dizer que não consegue t rat ar seus alunos com afet ividade.

Na dimensão de baixa realização profissional, os result ados apresent ados na Figura 7 apresent am, como dest aque, os sent imentos de vit alidade e de est ar realizado profissionalment e, assim como a forma de t rat ar quest ões emocionais relacionadas ao t rabalho. Esses t rês aspect os compromet em a baixa realização profissional, elevando seu índice, sendo import ant e lembrar que os escores nessa dimensão são invert idos: quant o

maior o escore, maior é a realização profissional e menor o nível de burnout, e quanto

(20)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

Figura 7 - M édias da baixa realização profissional segundo os it ens de avaliação do M BI-ED.

Fonte: Elaboração própria.

7 Considerações Finais

Ent ender o professor enquant o t rabalhador sujeit o ao adoeciment o permit e, à classe docent e assim como todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem (alunos, demais membros da inst it uição de ensino, a comunidade), reflet ir sobre as consequências desse (possível) adoeciment o não só para o professor enquanto indivíduo, mas t ambém para o processo didát ico - do qual o docent e é figura import ant íssima.

Após a análise e a int erpret ação dos dados, verificou-se que nenhum dos professores que part iciparam da pesquisa foi “ diagnosticado” com a síndrome. Ent ret ant o, foram encont rados vest ígios que podem levar a ela, caso não lhes seja dada a devida at enção. É import ant e lembrar que essa síndrome se desenvolve lent a e gradualment e, por isso os indícios encont rados devem servir de pont os de alert a para que a organização busque t rat á-los.

Est es result ados vêm corroborar que se fazem necessárias reflexões sobre as condições at uais dos docent es enquanto sujeitos ao adoeciment o no ambient e de ensino. Carneiro (2010) alert a que o mercado educacional brasileiro apresent ou grande cresciment o nas últimas décadas, e que esse cresciment o levou a uma “ disputa” mais acirrada ent re os professores, t razendo a necessidade de const ante at ualização por part e dos docent es. Além do acúmulo cada vez maior de funções e de t er que at ender a uma grande demanda de pesquisa, de ensino e de ext ensão, os professores ainda acumulam t rabalhos administ rat ivos, o que t raz desgast e biopsicossocial.

(21)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

professor-comunidade são pot encialment e afet ados, int erferindo diret ament e no desempenho de t oda a Inst ituição, pois est ão intimament e ligados ao processo de ensino-aprendizagem como um t odo.

Referências

ALM EIDA, Camila Viana; SILVA, Cíntia; CENTURION, Pâmela; CHIUZI, Rafael M arcus. Síndrome de burnout em professores: um estudo comparativo na região da Grande ABC paulista. Revista Eletrônica Gest ão e Serviços, v. 2, n. 1, p. 276-291, jan./ jul. 2011.

BENEVIDES-PEREIRA, A. M . T. O estado da arte do burnout no Brasil. Revista Eletrônica Inter Acção Psy,v. 1, n. 1, p. 4-11, 2003.

BOTERO, M aylen L. R.; ROM ERO, Hugo G. Burnout syndrome in professors from an academic unit of a Colombian university. Invest Educ Enferm, v. 3, n. 29, p. 427-434, 2011.

CARLLOTO, M . S. A Síndrome de Burnout e o trabalho docent e. Psicologia em Estudo, M aringá, v. 7, n.1, p. 21-29, jan./ jun. 2002.

CARLOTTO, M . S., PALAZZO, L. S. Síndrome de burnout e fat ores associados: um estudo epidemiológico com professores. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 22, n. 5, p. 1017-1026, maio, 2006.

CARLOTTO, M . S; CAM ARA, S. G. Análise fat orial do M aslach Burnout Inventory (M BI) em uma amostra de professores de instituições particulares. Psicologia em Estudo, v. 9, n. 3, p. 21-29, set./ dez. 2004.

CARNEIRO, R. M ., Síndrome de burnout: um desafio para o trabalho do docent e universitário. 2010. 86 f. Dissertação (M estrado multidisciplinar em sociedade tecnologia e meio ambient e). Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA, Anápolis. 2010.

CODO, W.; VASQUES-M ENEZES, I. O que é burnout ? In: CODO, W. (coord.). Educação: carinho e trabalho. Petrópolis, RJ: Vozes/ Brasília: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: Universidade de Brasília. Laboratório de Psicologia do Trabalho, p. 237-254, 1999.

FÁVERO, Altair Alberto; TAUCHEN, Gionara. Docência na educação superior: tensões e possibilidades de gestão da profissionalização. Acta Scientiarum Education, v. 35, n. 2, p. 235-242, jul./ dez. 2013. FERNANDÉZ, Francisco Alonso. Una panorámica de la salud mental de los profesores. Revista Iberoamericana de Educación. v. 1, n. 66, p. 19-30, set./ dez. 2014.

FREUDENBERGER, H. J. Staff Burn-Out. Journal of Social Issues, v. 30, n. 1, p.159-165, 1974.

FUENTE, G. A. C. et al. Evidencia de validez fact orial del M aslach Burnout Inventory y estudio de los niveles de burnout en profesionales sanitarios. Revista Latinoamericana de Psicologia, v. 46, n. 1, p.44-52, out. 2014.

GOUVEIA, V. V. et al.Escala de bem-estar af etivo no t rabalho (JAWS): evidências de validade fatorial e consistência interna. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 21, n. 3, p. 464-473, 2008.

LÓPEZ, Natalia V. et al. Antecedent es y efectos del burnout-engagement del vendedor. Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, M adri, Espanha, v. 15, n 3, p. 154-167, jul./ set. 2012.

M ASLACH, C. Job burnout: New Direct ions in research and int erventions. Current Directions in Psychological Science. v. 12, n. 5, p. 189-192, out. 2003.

M ASLACH, C.; JACKSON, S. E. The measurement of experienced burnout. Journal of Occupational Behaviour, v. 2, n. 2, p. 99-113, 1981.

(22)

Revist a ADM .M ADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.34-55, set embro/ dezembr o, 2015.

M ORENO-JIM ENEZ, B. E. T. A. L., A avaliação do burnout em professores: comparação de instrumentos: CBP-R e M BI-ED. Psicologia em Est udo, M aringá, v. 7, n. 1, p. 11-19, jan/ jun. 2002. PEPE-NAKAM URA, A.; M ÍGUEZ, C.; ARCE, R. Equilibrio psicológico y burnout académico. Revista de Investigación en Educación, v.1, n. 12, p. 32-39, 2014.

PETERSON, U. et al. Reflecting peer-support groups in the prevention of stress and burnout: randomized controlled trial. Journal of Advanced Nursing, v. 63, n. 5, p. 506-516, set. 2008.

RUIZ, Juan Pablo P. et al.La Personalidad eficaz como factor prot ect or frente al burnout. Revist a Iberoamericana, v. 1, n. 66, set ./ dez. 2014.

SILVA, M . E. P. Burnout: por que sofrem os professores? Estudos e Pesquisas em Psicologia. v. 6, n. 1,Rio de Janeiro, jun. 2006.

TEDESCO, Juan Carlos. Los desafíos de la educación básica en el siglo XXI. Revist a Iberoamericana de Educación. v. 1, n. 55, p. 31-47, 2011.

TUCUNDUVA, L. T. C. M , et al. A síndrome da est afa profissional em médicos neurologistas brasileiros. Ver Assoc M ed Bras; v. 2, n. 52, p.108-120. 2006.

WINKLER, Ingrid. et al. O processo ensino-aprendizagem em administ ração em condições de het erogeneidade: percepção de docent es e discent es. Administração: Ensino e Pesquisa, v. 13, n. 1, p. 43-75, jan./ fev./ mar. 2012.

Imagem

Tabela 1 - Perfil sócio-funcional dos docent es da IES em M ariana - M G, 2014.
Figura 1 - Nível de Exaust ão Emocional encont rado nos professores ent revist ados.
Figura 2 - Nível de despersonalização encont rado nos professores ent revist ados.
Tabela 4: Quest ões do M BI-ED referent es à despersonalização.
+7

Referências

Documentos relacionados

São por demais conhecidas as dificuldades de se incorporar a Amazônia à dinâmica de desenvolvimento nacional, ora por culpa do modelo estabelecido, ora pela falta de tecnologia ou

Estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um trado helicoidal contínuo. A injeção de concreto é feita pela haste

a) Doenças pré-existentes ao período de viagem (vigência do seguro) e quaisquer de suas conseqüências, incluindo convalescenças e afecções em tratamentos ainda

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

E ele funciona como um elo entre o time e os torcedores, com calçada da fama, uma série de brincadeiras para crianças e até área para pegar autógrafos dos jogadores.. O local

Dos 208 casos de meningite por Hib notificados no RS no período estudado, 52% ocorreram em crianças com menos de um ano, 30% na faixa etária entre um a quatro anos, e 18% em

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Este estudo apresenta como tema central a análise sobre os processos de inclusão social de jovens e adultos com deficiência, alunos da APAE , assim, percorrendo