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Avifauna em três Florestas Estacionais Deciduais em. Minas Gerais - Brasil

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i

Paulo Ricardo Siqueira

Avifauna em três Florestas Estacionais Deciduais em

Minas Gerais - Brasil

Montes Claros

2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS

Departamento de Biologia Geral

(2)

ii

Paulo Ricardo Siqueira

Avifauna em três Florestas Estacionais Deciduais em

Minas Gerais - Brasil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas. Área de Concentração: Biologia e Conservação. Orientador: Prof. Dr. Lemuel Olívio Leite

Montes Claros

2013

(3)

iii

Paulo Ricardo Siqueira

Avifauna em três Florestas Estacionais Deciduais em Minas Gerais - Brasil.

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros, como requisito necessário para a conclusão do curso de Mestrado em Ciências Biológicas, avaliada e aprovada pela banca examinadora.

Orientador:

_______________________________________________

Dr. Lemuel Olívio Leite

Examinadores:

________________________________________________________________________ Dr. Rodrigo Oliveira Pessoa

_________________________________________________________________________ Dr. Helder Farias Pereira de Araujo

Data de aprovação: ____/____/2013 Montes Claros – Minas Gerais

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iv

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v

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo”. (Albert Einstein)

(6)

vi

Agradecimentos

À minha mãe que sempre me apoiou e fez de tudo para que eu alcançasse

meus objetivos. Mãe, obrigado por tudo!

Aos meus irmãos, Adriano e André, pelo companheirismo.

À minha tia Maria por todo amor e carinho.

Ao Lemuel pelos sete anos de orientação, confiança, ensinamentos e

também pela oportunidade de crescimento profissional e pessoal.

Aos grandes amigos Karen, Hugo, Raissinha, Sarinha (Eco. Evo.), Sarinha

(Biotec.), Jannyne e Pat pela ajuda nas correções, pelas noitadas no

laboratório, e também por grandes momentos de risadas, especialmente

com o Google tradutor.

Aos grandes amigos Lucas, Brown e Pedro, pelo apoio nas coletas e

também pela amizade. Valeu brothers!

Aos amigos do laboratório e a galera das “estufas” pela amizade,

especialmente, Nanda e Fatinha, que me ajudaram na estatística deste

projeto.

Ao amigo Carlão pela ajuda com os mapas.

Aos professores Mário, Yule e Dora por terem disponibilizado os dados

sobre a vegetação.

À grande amiga Caroll Marinho pela ajuda com Português.

À turma do mestrado (01-2011) que é nota 10! Com certeza a melhor

turma! Fiz grandes amigos, e espero que essas amizades sejam duradouras.

Aos Professores, Dr. Rodrigo Oliveira Pessoa e Dr. Helder Farias Pereira

de Araújo, por terem aceitado o convite para participar da banca de

avaliação.

(7)

vii

Ao Wellington, músico de Lagoa Santa, que me emprestou um gravador

para eu registrar a vocalização das aves em Santana do Riacho-MG.

À turma do facebook pelo envio de alguns artigos.

À CAPES, pela concessão de bolsa de estudo e ao CNPq pelo

financiamento do projeto.

(8)

viii

SUMÁRIO

RESUMO ... ix ABSTRACT ... x INTRODUÇÃO ... 1 MATERIAIS E MÉTODOS ... 4 Área de estudo ... 4

Amostragem das aves ... 6

Amostragem da vegetação ... Erro! Indicador não definido. Análises estatísticas ... 7 RESULTADOS ... 10 DISCUSSÃO ... 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 31 ANEXOS ... 39 Anexo 1: ... 39 Anexo 2: ... 45

(9)

ix

RESUMO

Este trabalho teve como objetivos: I, verificar se há variação da diversidade e da composição de aves entre três áreas de Florestais Estacionais Deciduais (FEDs) em diferentes escalas; II, analisar se o padrão de variação na composição de plantas entre as FEDs é semelhante ao da composição de aves; III, verificar se há correlação positiva entre heterogeneidade e riqueza de aves. Utilizou-se a metodologia de ponto de escuta pra a amostragem das aves em três áreas de Minas Gerais: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul (PELC) e Parque Estadual da Mata Seca (PEMS), ambas no Norte do estado e Santana do Riacho (SRMG), na região central do estado. A variação da riqueza e da abundância de aves entre as áreas foi avaliada através dos modelos lineares generalizados (GLMs). As diferenças na composição de aves entre as áreas e também entre as estações foram verificadas pela análise de escalonamento multidimensional não métrica (NMDS), seguida pelo teste de Tukey. A similaridade na composição de plantas entre as FEDs foi verificada através da análise de sobreposição de nicho de Pianka. A correlação positiva entre heterogeneidade estrutural e riqueza de espécies foi verificada pelos modelos generalizados de efeitos mistos (GLMERs). Os resultados mostraram diferenças significativas na riqueza de espécies entre todas as FEDs, exceto na relação entre as do PEMS e PELC. Já para abundância, todas as FEDs apresentaram diferenças significativas. Na NMDS, a relação entre as FEDs do Norte de MG apresentou a maior similaridade na composição de aves. De acordo com o teste de Tukey, não houve diferença significativa na composição de aves apenas entre a relação das duas áreas do Norte de MG. Entre as estações, a NMDS e o teste de Tukey mostraram que composição de aves não variou significativamente apenas nas relações entre as estações seca e chuvosa de SRMG e estações secas do PELC e PEMS. A composição florística apresentou o mesmo padrão de similaridade observado para a composição de aves entre as FEDs. A maior semelhança na composição de aves entre as FEDs do Norte de MG e também maior riqueza e abundância de aves nestas podem estar relacionadas a fatores históricos e biogeográficos. As diferenças estruturais observadas entre as estações nas FEDs do Norte de MG podem ter sido responsáveis pelas diferenças na composição de aves. A correlação esperada entre a riqueza de aves e medidas de heterogeneidade não apresentou significância. Explicações possíveis para isto são: primeiro, a pequena variação de algumas características estruturais entre as áreas amostradas. Segundo, em ambientes com menor produtividade primária, como as FEDs, são menos influenciados por fatores estruturais da vegetação sobre a diversidade de espécies. Terceiro, as medidas estruturais utilizadas nesse trabalho podem não ser tão importantes na estruturação da comunidade de aves. Concluímos assim, que ocorreu variação na riqueza, abundância e composição de aves nas FEDs nas diferentes escalas, e que fatores biogeográficos e ecológicos, possivelmente foram os principais responsáveis por esta variação. Observamos também a não corroboração da hipótese de que habitas mais heterogêneos apresentam maior riqueza de espécies. Assim, este estudo mostrou a importância da amostragem em escalas diferentes para se entender melhor a diversidade e a distribuição das espécies no ambiente.

(10)

x

ABSTRACT

The objective of this work was: I, find variations in birds' composition and diversity in three areas of Seasonally Dry Tropical Forests (SDTFs) in different special e temporal scales; II, analyze if the distribution pattern’ plant and birds between STDFs are similar; III, evaluate the influence of structural heterogeneity on birds’ richness and abundance between SDTFs. The birds were sampled in 2012 in three areas of SDTFs, Parque Estadual Lagoa do Cajueiro (PELC) and Parque Estadual da Mata Seca (PEMS), both in a northern region of Minas Gerais state, and in Santana do Riacho (SRMG), in the central region of this state. The avifauna data were obtained with point counts methodology. The differences of birds’ richness and abundance between different SDTFs, and between wet and dry season, was verified using generalized linear models (GLMs). To verify differences in birds' composition between three areas and also between two seasons, was used non-metric multidimensional scaling analysis (NMDS) and Tukey test. For a verify if the pattern of plants composition is similar of the birds composition, were used Pianka's overlap index. The positive correlation between structural heterogeneity and species richness was verify using generalized linear mixed models (GLMERs). The result of GLMs showed significant differences between all SDTFs, except in the relationship between PEMS and PELC. About the abundance, all areas showed significant differences. The NMDS pointed differences in the bird communities structure between the SDTFs, in which was observed that a relationships between PELC and PEMS showed more greater similarity in the birds composition than all other. For Tukey test, the result was the same observed in the NMDS.For seasonal variations, the NMDS indicate what birds' composition did not show significant differences only in the SRMG, in which there was not significant change in the structure. The largest similarity in birds composition was observed between PELC and PEMS and also the greater richness and abundance of birds, may be due of historical and biogeography factor. The birds composition between seasons showed significant differences, these may be understood by structural changes occurred in habitat between seasons, what further change in the habitat selection by birds. The plant composition showed the same pattern of similarity observed for the birds composition between the STDFs. The GLMERs didn’t show difference between birds diversity and measures of structural heterogeneity. Some explanations can be suggested: first, the small variation of some structural characteristics between sampled areas; second, in environments with lowest primary productivity, how the SDTFs, a energetic concentration is one factor that more influence the species diversity; third, the structural measures used in this work may not be so important in structuring the bird community. In summary, there was variation in richness, abundance and composition at different scales, in which biogeographical and ecological factors are probably the main responsible for these variations. The structural heterogeneity do not corroborate, because habitat more heterogeneous do not has higher species richness. Thus, this study showed the importance of study in different scales to better understand the diversity and distribution of species in the environment.

(11)

1

INTRODUÇÃO

1

Estudos sobre a diversidade de espécies têm interessado muitos pesquisadores

2

desde o século passado (e.g. Simpson 1949; MacArthur & MacArthur 1961; Pianka

3

1966). Esses estudos são de grande importância para entendermos melhor o padrão de

4

diversidade de espécies nos ambientes, como também os fatores ambientais ligados à

5

variação na diversidade biológica. Alguns desses fatores têm sido apontados como

6

responsáveis pela maior diversidade de espécies em certos ambientes, estando ligados

7

principalmente à heterogeneidade do ambiente (e.g. altura das plantas, riqueza plantas),

8

às influências históricas (e.g. variações na formação do relevo), às variações climáticas

9

(e.g sazonalidade) e disponibilidade de energia (Pianka 1966; Roth 1976; Kerr & Parker

10

1997; Verschuyl et al. 2008; Cintra & Naka 2012).

11

Dos fatores citados acima um dos mais estudados é a heterogeneidade estrutural

12

(Tews et al. 2004). Esta relação foi primeiramente estudada de forma empírica por

13

MacArthur & MacArthur (1961), que elaboraram a hipótese da heterogeneidade

14

estrutural. Esta hipótese prediz que ambientes mais heterogêneos e complexos

15

apresentarão uma maior diversidade de espécies, pois proporcionam maior variedade de

16

microhabitats, locais para nidificação e alimento para o desenvolvimento de vários

17

grupos de espécies (MacArthur & MacArthur 1961; Pianka 1966; Rotenberry & Wiens

18

1980).

19

A heterogeneidade estrutural, assim como os outros fatores que influenciam a

20

diversidade de espécies, variam de acordo com a escala de estudo, seja ela espacial ou

21

temporal (Wiens et al. 1987; Tews et al. 2004; Rahbek 2005; González-Megías et al.

22

2007). Na escala espacial, a variação da diversidade em um ecossistema pode ser

23

causada, por exemplo, por variações no relevo, devido à presença de barreiras

24

geográficas, que impedem a dispersão das espécies, como também pela diversificação

(12)

2

na estrutura do relevo, que proporciona uma maior variedade de condições físicas e de

26

recursos (Werneck et al. 2011; Cintra & Naka 2012).

27

Por outro lado, na escala temporal, a sazonalidade tem sido indicada como um

28

fator de grande influência na variação da diversidade de espécies e de recursos nos

29

ambientes (Murphy & Lugo 1986; Sánchez-Azofeifa et al. 2005). Por exemplo, em um

30

estudo de Gonçalves (2011), realizado em uma área de Floresta Estacional Decidual no

31

Brasil, em duas estações, chuvosa e seca, observou-se diminuição na abundância de

32

artrópodes no período de maior escassez de recursos utilizados por estes, a estação seca.

33

As mudanças nas condições climáticas durante o ano, como por exemplo, na

34

pluviosidade, causam redução do componente arbóreo devido ao maior estresse hídrico

35

em um determinado período do ano, levando a uma queda na produtividade primária do

36

ambiente. Essa redução promoverá diminuição na concentração de recursos como, por

37

exemplo, na concentração de alimento, podendo assim influenciar negativamente a

38

diversidade de espécies (Ricklefs 1966; Karr & Freemak 1983; Neves 2009).

39

As Florestas Estacionais Deciduais (FEDs) possuem características que as

40

tornam-se interessantes para o estudo de padrões de diversidade em diferentes escalas.

41

Isto acontece porque são áreas que estão sob influência da sazonalidade (Murphy &

42

Lugo 1986), e também porque apresentam ampla distribuição geográfica, ocorrendo em

43

todos os continentes, exceto na Europa e Antártica. No Brasil, as FEDs podem ser

44

encontradas tanto contínuas quanto fragmentadas, ou imersas em zonas de transição

45

entre diferentes biomas como o Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia (Scariot 46

& Sevilha 2005; Espírito-Santo et al. 2009). Essas características tornam as FEDs

47

distintas entre si, pois fatores como isolamento e fragmentação podem ser forças

48

importantes que atuam na composição, riqueza e abundância de espécies (Pedrali 1997;

49

Hill & Curran 2003; Sekercioglu et al. 2002; Boscolo & Metzger 2009).

(13)

3

Algumas hipóteses têm sido propostas para tentar explicar a formação

51

fragmentada e isolada de muitas FEDs na América do Sul e no Brasil, e assim permitir o

52

melhor entendimento da distribuição das espécies e também da diversidade nestas áreas

53

(Prado & Gibbs 1993; Pennington et al. 2000; Werneck & Colli 2006; Caetano et al.

54

2008; Werneck et al. 2011). A hipótese mais difundida é a do “Arco do Pleistoceno”,

55

proposta por Prado & Gibbs (1993) e Pennington et al. (2000). Esta propõe que a

56

ocorrência disjunta das FEDs atualmente é vestígio de um bioma extenso e contínuo,

57

que na America do Sul se estendia por Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, Equador,

58

Colômbia e Venezuela. Esta maior extensão ocorreu no Pleistoceno, período este

59

marcado pela última grande extinção em massa devido a ocorrência de grandes

60

glaciações. No Holoceno, época após o Pleistoceno, essas FEDs retraíram-se resultando

61

no formato fragmentado, no qual grandes áreas estão restritas em alguns grandes

62

núcleos: 1, Caatinga, nordeste do Brasil; 2, Missiones, Norte da Argentina e leste do

63

Paraguai; 3, Piedmont, sudoeste da Bolívia e noroeste da Argentina; 4, região do

64

Chiquitanos, leste da Bolívia e parte do Mato Grosso do Sul no Brasil (Pennington et al.

65

2000).

66

Um grupo de animais bastante utilizado para estudos de hipóteses que visam o

67

melhor entendimento do padrão de distribuição das espécies no ambiente, seja por

68

efeitos biogeográficos ou ecológicos, são as aves (e.g. MacArthur & MacArthur 1961).

69

Em um estudo de revisão na literatura de trabalhos que apresentavam como objetivo

70

testar a relação entre heterogeneidade e diversidade de aves, Tews e colaboradores

71

(2004) verificaram que 93% dos trabalhos publicados de 1960 a 2003 apresentaram

72

correlação positiva entre heterogeneidade do habitat e diversidade de aves. Essa grande

73

utilização das aves para trabalhos ecológicos é, possivelmente devido ao grande

74

conhecimento que se tem sobre a distribuição geográfica e taxonomia das suas espécies,

(14)

4

como também por apresentarem grande conspicuidade nas cores das plumagens e/ou

76

vocalizações, que facilitam a visualização e identificação (Rahbek & Graves 2001; Sick

77

2001; Paillinson et al. 2002; Sekercioglu 2006). Outro motivo para a utilização das aves

78

em trabalhos de diversidade é a grande sensibilidade às alterações da estrutura do

79

habitat, no qual apresentam rápida resposta a estas alterações devido especialmente ao

80

grande número de espécies residentes e territorialistas apresentados por este grupo

81

(Pearson 1975; Aleixo & Vielliard 1995; Lawton et al. 1998).

82

Assim, diante do que foi exposto, os objetivos desse trabalho foram: I, aumentar

83

o conhecimento sobre a diversidade de espécies e também da composição de aves das

84

FEDs; II, verificar se há diferenças na riqueza, abundância e composição de aves entre

85

as três áreas de FEDs; III, averiguar se há influência da sazonalidade sobre a

86

composição de aves; IV, verificar se há similaridade entre os padrões composição de

87

plantas e de aves nas FEDs; V, averiguar se há correlação positiva entre

88

heterogeneidade e riqueza de aves.

89 90 MATERIAIS E MÉTODOS 91 Área de estudo 92

O estudo foi realizado no ano de 2012 em quatro áreas de Florestas Estacionais

93

Deciduais com vegetação primária no estado de Minas Gerais e Paraíba. As áreas de

94

Minas Gerais localizam-se nas cidades de Matias Cardoso, no Parque Estadual Lagoa

95

do Cajueiro e na reserva biológica Serra Azul (PELC); em Manga, no Parque Estadual

96

da Mata Seca (PEMS), ambos na região Norte do estado; e em Santana do Riacho

97

(SRMG), em fragmentos de FEDs em afloramentos calcários, na região central do

98

estado (Figura 1). Todas as áreas de coleta em Minas Gerais estão localizadas no vale

99

do médio São Francisco. Na Paraíba, as amostragens serão conduzidas na Fazenda

(15)

5

Tamanduá, situada no município de Santa Terezinha (PAPB), próximo a cidade de

101

Patos, no Nordeste do Brasil. A fazenda Tamanduá possui mais de 900 hectares

102

preservados, perto de um terço da sua área, entre a reserva legal e uma Reserva

103

Particular do Patrimonio Natural (RPPN) de 325 hectares. A distância entre as duas

104

áreas de FEDs do Norte de MG amostradas é de cerca de 15 km. Por outro lado as FEDs

105

do Norte de MG e as de SRMG estão distantes cerca de 500km. Quando relacionadas as

106

FEDs da Paraíba essa distância é ainda maior, com as áreas do Norte de MG

107

apresentando um distância próxima à 1200 Km, e as da SRMG em torno de 1600 Km

108

(Figura 1).

109

110

111

O Norte de Minas Gerais apresenta cobertura vegetal composta por formações

112

distintas, com a predominância de vegetação caducifólia, inserindo-se na ampla faixa

113

Figura 1: Mapa da distribuição das Florestas Estacionais Deciduais (FEDs) nas regiões central e norte de Minas Gerais, e também as FEDs da Paraíba, com destaque para as áreas amostradas. O circulo vermelho indica as duas áreas amostradas de FEDs do norte de Minas Gerais e o circulo preto as FEDs amostradas em Santana do Riacho. PELC: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; PEMS: Parque Estadual da Mata Seca; SRMG: FEDs em Santana do Riacho-MG; PAPB: FEDs em Patos-PB.

(16)

6

transicional entre os domínios do Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Segundo a

114

classificação de Koppen, o tipo de clima predominante na região é o Aw, caracterizado

115

pela existência de uma estação seca bem acentuada no inverno. Neste tipo climático,

116

existe pelo menos um mês com precipitação inferior a 60 mm e a temperatura média do

117

mês mais frio é superior a 18°C. A temperatura média anual é de 24,4°C e o índice

118

pluviométrico é de 871 mm (Antunes 1994). Já a área da SRMG está inserida na porção

119

sul da Cadeia do Espinhaço e é dominada por vegetação de Cerrado e Campos

120

Rupestres. O clima é mesotérmico (Cwb na classificação de Koppen), com inverno seco

121

e verão chuvoso, a precipitação anual média é de 1500 mm, com temperatura anual

122

media de 17,4 ° C. Na Paraíba, área de estudo esta localizada no sertão das Espinharas,

123

a 7°Sul do equador e a 400 km do litoral e do ponto mais oriental do continente sul

124

americano, a uma altitude media de 240 metros. O seu clima e característico das regiões

125

tropicais semiáridas, com chuvas anuais medias de 800 mm, concentradas num curto

126

período de dois a seis meses, seguidas por um longo período de estiagem, que pode

127

durar de oito à 12 meses.

128 129

Amostragem das aves

130

Os dados de riqueza e abundância da avifauna foram obtidos através da

131

metodologia ponto de escuta (Blondel et al. 1970, Bibby et al. 1992, Ralph et al. 1993),

132

que permite apurar dados tanto qualitativos quanto quantitativos (Ralph et al. 1995,

133

Aleixo & Vielliard 1995). Seguindo essa metodologia foram estabelecidos 20 pontos

134

em cada área de coleta (PELC, PEMS, SRMG e PAPB), sendo dez na estação chuvosa e

135

dez na estação seca. Cada ponto foi amostrado tanto pela manhã (do amanhecer até às

136

9:30 hs) quanto à tarde (das 6:00 hs até o crepúsculo), sendo o tempo de amostragem de

137

20 minutos para cada turno, totalizando 40 minutos por ponto. Só foram incluídas nas

(17)

7

amostragens as aves observadas em um raio de até 50 metros em cada ponto. As

139

distâncias definidas entre os pontos de uma mesma área variaram entre 125 e 200

140

metros. A amostragem não foi realizada na presença de chuva, a fim de se evitar a

141

influência deste fator na estimativa de abundância. A identificação visual das aves foi

142

auxiliada por binóculo 10x50, bibliografia especializada (Ridgely & Tudor 1994a,

143

1994b), enquanto a identificação das vocalizações foi auxiliada por guias sonoros (e.g.

144

Vielliard 1995), além de base de dados pessoais. A nomenclatura foi de acordo com o

145

Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO 2011).

146

Análises estatísticas

147

Para verificar se as aves amostradas pela metodologia utilizada neste trabalho

148

representaram uma parcela significativa das aves existentes nos locais, utilizou-se um

149

estimador de riqueza de espécies, o estimador Jackknife de primeira ordem. Este

150

estimador mostrou-nos os valores esperados de espécies em cada ponto, e assim foi

151

possível calcular a curva de acumulação de espécies foram obtidos no software

152

EstimateS 7.5.2.

153

A diferença na riqueza e abundância de aves entre as áreas de coleta foi avaliada

154

através dos modelos lineares generalizados (GLMs), com distribuição de erros Poisson.

155

Nesses modelos, a riqueza e a abundância de aves foram utilizadas como variáveis

156

respostas, e as três FEDs foram as variáveis explicativas. Para a obtenção do modelo

157

mínimo adequado (MMA) nessa análise, verificou-se a existência de diferenças

158

significativas entre os níveis da variável explicativa através da análise de contraste. O

159

software utilizado para a realização dessa análise foi R 2.15.3 (R Development Core

160

Team 2008).

161

Para observar graficamente a ordenação da comunidade de aves entre as FEDs,

162

como também entre as estações seca e chuvosa, foram realizadas análises de

(18)

8

escalonamento multidimensional não métrica (NMDS). Estas ordenações foram

164

realizadas utilizando dados de abundância (dados quantitativos) das aves amostradas,

165

nas quais o índice de similaridade adotado foi o de Morisita. Todas essas análises foram

166

realizadas no software PAST 2.17b (Hammer el al. 2001). Depois deste procedimento,

167

os escores gerados na NMDS em cada ponto foram utilizados para a realização de um

168

teste de analise de variância, teste de Tukey, para verificar a existência de diferenças

169

significativas na composição de aves, tanto entre as áreas quanto entre as estações. O

170

teste de Tukey foi realizado no software R 2.15.3 (R Development Core Team 2008).

171

Neste trabalho, realizou-se uma análise de espécies indicadoras para determinar

172

quais das espécies foram mais características às determinadas áreas e estações, e

173

consequentemente contribuíram mais para a dissimilaridade entre elas. O teste utilizado

174

nesta análise foi o de Monte Carlo. Este teste atribui um valor de significância

175

estatística para cada espécie, sendo indicadoras de determinada área ou estação as que

176

apresentarem o P<0.05. O software utilizado para a realização da análise de espécie

177

indicadora foi o PC-ORD versão 6.0.

178

As comparações das semelhanças na composição de plantas entre as FEDs

179

amostradas, com o intuito de verificar se o padrão da composição de plantas e de aves

180

apresentam semelhanças entres estas áreas, foram realizadas através da análise de

181

sobreposição de nicho no software Ecosim 7.7. Estas comparações foram calculadas

182

pelo índice de sobreposição de nicho de Pianka. Este índice varia entre 0 e 1, sendo que

183

0 indica ausência de sobreposição e 1 sobreposição total. Para testar se as diferenças

184

entre as FEDs foram significativas ou não, utilizou-se o teste de Monte Carlo. Neste,

185

comparou-se a média dos dados observados no estudo com dados construídos por

186

randomizações. Os dados simulados foram construídos a partir de 1000 permutações,

(19)

9

através do algoritmo de randomização RA3. A partir disso, se a média dos dados

188

observados for 95% menor que os dados simulados, as diferenças são significativas.

189

Para verificar se as FEDs que apresentaram diferenças significativas na

190

composição de aves entre as estações seca e chuvosa, também apresentam diferenças na

191

abertura do dossel, utilizou-se GLMs, no qual se comparou à abertura do dossel nas

192

FEDs entre as duas estações. A abertura do dossel foi a variável resposta e as estações

193

foram as variáveis explicativas, sendo que a distribuição de erros assumida foi

194

Gaussian. Esta análise foi executada no software R 2.15.3 (R Development Core Team

195

2008).

196

Já para verificar o efeito da heterogeneidade estrutural sobre a riqueza de aves,

197

utilizou-se os modelos generalizados de efeitos mistos (GLMERs), nos quais as

198

características da vegetação medidas nesse trabalho, riqueza, abundância, altura média e

199

área basal das plantas foram as variáveis explicativas e a riqueza de aves a variável

200

resposta. As distribuições de erros utilizadas para esses modelos foram Poisson e

201

Gaussian. Outra variável explicativa usada para verificar o efeito da heterogeneidade

202

sobre a riqueza de aves foi índice de complexidade de Holdrigde (HCI) (Holdrigde

203

1967). O HCI (apenas para árvores) é calculado em cada parcela a partir da fórmula:

204

HCI= (altura média x abundância de plantas x área basal (m²) x número de espécies) /

205

1.000. Este índice é usado como uma medida de complexidade estrutural, e

206

consequentemente de heterogeneidade estrutural. A distribuição de erros utilizada para

207

esta análise foi Gaussian. As análises para esta relação também foram executadas no

208

software R 2.15.3 (R Development Core Team 2008). A escolha dos métodos de análise

209

e das distribuições de erros utilizadas para essas análises, como também para todas

210

executadas neste software, foram realizadas de acordo com o proposto por Crawley

211

(2007).

(20)

10 213

RESULTADOS

214

Neste estudo foi observado um total de 119 espécies de aves e 2660 indivíduos

215

nos 60 pontos amostrados, com um esforço amostral de 2.400 minutos de observação

216

(Anexo 1). As três espécies mais abundantes em todas as áreas reunidas foram Aratinga

217

cactorum, Tolmomyias flaviventris, Thamnophilus pelzelni, respectivamente. As 218

Florestas Estacionais Deciduais do PELC apresentaram a maior riqueza e abundância,

219

com 74 espécies de aves e 1197 indivíduos, seguida pelas FEDs do PEMS, com 69

220

espécies e 964 indivíduos, e das FEDs de SRMG, que apresentou uma riqueza de 65

221

espécies e uma abundância de 500 espécimes. Nas FEDs do PELC, as duas espécies

222

mais abundantes foram Aratinga cactorum e Thamnophilus pelzelni. Já nas do PEMS as

223

espécies mais abundantes foram Aratinga cactorum e Tolmomyias flaviventris. Por

224

outro lado, nas de SRMG as espécies mais abundantes foram Basileuterus flaveolus e

225

Tolmomyias suphurescens. 226

As curvas de acumulação de espécies para as FEDs estudadas mostraram que

227

ainda não ocorreu estabilização no número de espécies em nenhuma das áreas

228

amostradas (Figura 2). De acordo com essa análise, para as duas FEDs do Norte de MG

229

amostrou-se em torno de 80% das aves esperadas. Já para as FEDs de SRMG,

230

observou-se uma amostragem de 73% do total de espécies esperadas nesta área.

(21)

11 232

233

O resultado do GLM mostrou que a riqueza de espécies variou

234

significativamente entre todas as FEDs (P<0,05), exceto entre as FEDs das áreas do

235

PEMS e PELC (Figura 3). A riqueza média de espécies por ponto foi maior na FEDs do

236

PELC e menor nas de SRMG. Já em relação à abundância de aves, todas as relações

237

foram significativamente diferentes (P<0,05) (Figura 3). Para a abundância média por

238

ponto, o padrão foi o mesmo observado para a riqueza média por ponto.

239

Figura 2: Gráfico mostrando as curvas de acumulação de espécies obtidas nas três Florestas Estacionais Deciduais. PELC: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; PEMS: Parque Estadual da Mata Seca; SRMG: Santana do Riacho-MG.

(22)

12 240

241

A NMDS mostrou diferenças na estrutura da comunidade de aves entre as FEDs.

242

Observou-se que as do Norte de MG apresentaram maior semelhança na composição de

243

aves do que quando comparadas com as de SRMG (Figura 4). A análise de variância,

244

através do teste de Tukey, mostrou diferenças significativas na composição entre as

245

FEDs, exceto para a relação entre as do PELC e PEMS que apresentou P=0.10. Os

246

valores da significância (P) para as duas outras relações (SRMG e PELC, e SRMG e

247

PEMS) foram iguais à 0.003.

248 249

Figura 3: Gráficos obtidos a partir dos modelos lineares generalizados no software R, nos quais mostra a relação entre riqueza (esquerda) e abundância (direita) das aves entre as três áreas de Florestas Estacionais Deciduais amostradas. Barras com diferentes cores mostram as relações que apresentaram diferenças significativas. PELC: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; PEMS: Parque Estadual da Mata Seca; SRMG: Santana do Riacho-MG.

(23)

13 250

251

Em relação às espécies indicadoras de cada FED, as que estiveram mais

252

relacionadas à área do PELC foram Myrmochilus strigilatus e Furnarius leucopus

253

(Tabela 1). Nas FEDs do PEMS as espécies Primolius maracana, Sittasomus

254

griseicapillus, Lepidocolaptes wagleri e Polioptila plumbea foram as mais 255

características desta área (Tabela 1). Já para as FEDs de SRMG, as espécies indicadoras

256

foram Brotogeris chiriri, Basileuterus flaveolus e Basileuterus hypoleucus (Tabela 1).

257 258

Figura 4: Gráfico com o resultado da análise de escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS) das aves amostradas nas três áreas de Florestas Estacionais Deciduais. A NMDS foi baseada na distância da matriz obtida a partir do índice de Morisita.: Parque Estadual Lagoa

do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; : Parque Estadual da Mata Seca; □: Santana do Riacho-MG. Stress: 0.143.

(24)

14 259

Espécies PELC PEMS SRMG

Brotogeris chiriri 0.0002 Primolius maracana 0.0002 Myrmochilus strigilatus 0.0002 Sittasomus griseicapillus 0.0002 Lepidocolaptes wagleri 0.0002 Furnarius leucopus 0.0002 Polioptila plumbea 0.0002 Basileuterus flaveolus 0.0002 Basileuterus hypoleucus 0.0002 Patagioenas picazuro 0.0004 Myiarchus tyrannulus 0.0016 Hemithraupis guira 0.002 Lepidocolaptes squamatus 0.0042 Troglodytes musculus 0.005 Euphonia chlorotica 0.005 Lathrotriccus euleri 0.006 Myiarchus ferox 0.007 Hylopezus ochroleucus 0.0076 Crypturellus noctivagus 0.0086 Thamnophilus caerulescens 0.0094 Columbina squammata 0.01 Formicivora melanogaster 0.01 Sakesphorus cristatus 0.01 Phyllomyias fasciatus 0.01 Myiopagis caniceps 0.01 Tolmomyias sulphurescens 0.02 Aratinga leucophtalma 0.03 Campylorhamphus trochilirostris 0.03 Hemitriccus margaritaceiventer 0.03 Myiopagis viridicata 0.03 Myiarchus swainsoni 0.03 Tangara sayaca 0.03 Lepidocolaptes angustirostris 0.04 Camptostoma obsoletum 0.04 Gnorimopsar chopi 0.04

Tabela 1: Espécies selecionadas como mais características a cada uma das três áreas de Florestas Estacionais Deciduais, de acordo com a análise de espécies indicadoras. PELC: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; PEMS: Parque Estadual da Mata Seca; SRMG: Santana do Riacho-MG.

(25)

15

Das 119 espécies encontradas neste estudo, apenas 21 espécies foram

260

compartilhadas entre as três áreas (Anexo 1). As FEDs que apresentaram maior

261

quantidade de espécies em comum foram as duas do Norte de MG, as quais

262

compartilharam 32 espécies, com a presença de espécies endêmicas e ameaçadas de

263

extinção (Anexo 1). As relações entre FEDs das áreas do PELC e SRMG, e do PEMS e

264

SRMG apresentaram nove e sete espécies compartilhadas, respectivamente, com

265

nenhuma espécie endêmica e/ou em perigo de extinção. Por outro lado, em relação às

266

espécies que ocorreram em apenas uma área, observou-se 30 espécies para as FEDs de

267

SRMG, nas quais apenas três espécies são características e/ou endêmicas do Cerrado

268

(Anexo 1) e grande parte são espécies de habitat não florestal. Já as do PELC

269

apresentaram 13 espécies exclusivas, das quais apenas três espécies foram dependentes

270

florestais. As FEDs do PEMS apresentaram nove espécies exclusivas, sendo duas

271

espécies endêmicas da Caatinga e apenas uma espécie de área não florestal (Anexo 1).

272

A riqueza total de espécies das três áreas de FEDs juntas, tanto na estação

273

chuvosa quanto na seca, foi a mesma, sendo este número de 95 espécies. Já em relação à

274

abundância, houve diferença entre as estações, sendo que a estação seca apresentou

275

maior número de indivíduos, 1497, em comparação com a chuvosa, que apresentou

276

1164. Em relação à riqueza e abundância entre as estações em cada área, a estação

277

chuvosa do PELC apresentou a maior riqueza de espécies (61) e também a maior

278

abundância de indivíduos (609) (Tabela 2). Esta mesma estação do PELC apresentou

279

um maior número de espécies exclusivas, sendo este número de 30 espécies.

280

O resultado da NMDS entre as estações indicou uma similaridade na

281

composição de aves entre as estações chuvosas das FEDs das duas áreas do Norte de

282

MG, entre as duas estações secas destas mesmas áreas e entre as estações chuvosa e

283

seca das FEDs de SRMG (Figura 5). O teste de Tukey mostrou que todas as relações par

(26)

16

a par entre as estações em áreas distintas apresentaram diferenças significativas em

285

relação à composição (P<0.05), exceto as relações entre as estações chuvosa e seca das

286

FEDs de SRMG (P=0.99) e entre as estações seca das FEDs do PELC e PEMS

287

(P=0.36), que não apresentaram diferenças significativas.

288

289

PELCC PELCS PEMSC PEMSS SRMGC SRMGS

Riqueza de espécies 61 43 52 45 41 52

Abundância de indivíduos 609 588 401 563 154 346

Espécies exclusivas 30 16 23 17 13 25

290

Para a análise de espécies indicadoras, que nos informa quais espécies ocorrem

291

especialmente em determinadas estações, observou-se que nas FEDs de SRMG a

292

estação chuvosa apresentou apenas uma espécie indicadora, Basileuterus hypoleucus

293

(Tabela 3). Já na estação seca esse número subiu para nove espécies, sendo as espécies

294

Turdus leucomelas, Brotogeris chiriri, Lathrotriccus euleri (P=0.0002) as mais 295

representativa nessa estação (Tabela 3). Nas do PELC foram 16 espécies que

296

apresentaram significativa representatividade, sendo 11 na estação chuvosa, com

297

destaque para a espécie Hemithraupis guira e Columbina squammata (P=0.0002), e

298

cinco na estação seca, na qual destaca-se a espécie Myrmochilus strigilatus (P=0.0002)

299

(Tabela3). Já nas do PEMS foram 11 espécies indicadoras, das quais três na estação

300

chuvosa, sendo a principal a espécie Myiopagis viridicata (P=0.0004), e oito na estação

301

seca, das quais as principais foram Crypturellus noctivagus e Lepidocolaptes wagleri

302

(P=0.0002) (Tabela 3).

303

Tabela 2: Riqueza de espécies, abundância de indivíduos e número de espécies exclusivas de aves nas Florestas Estacionais Deciduais nas respectivas estações do ano. PELCC: Parque Estadual da Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul na estação chuvosa; PELCS: Parque Estadual da Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul na estação seca; PEMSC: Parque Estadual da Mata Seca na estação chuvosa; PEMSS: Parque Estadual da Mata Seca na estação chuvosa; SRMGC: Santana do Riacho-MG na estação chuvosa; SRMGS: Santana do Riacho-MG na estação seca.

(27)

17

Figura 5: Gráfico mostrando o resultado da análise de escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS) para as aves amostradas nas três áreas de Florestas Estacionais Deciduais, no qual cada área foi amostrada na estação chuvosa e seca. Δ, e □: estação chuvosa de Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul (PELC), Parque Estadual da Mata Seca (PEMS) e Santana do Riacho-MG (SRMG), respectivamente; ▲, ♦ e ■: estação seca daPELC, PEMS e SRMG respectivamente.

(28)

18 1

Espécies PELCC PELCS PEMSC PEMSS SRMGC SRMGS

Turdus Leucomelas 0.0002 Crypturellus noctivagus 0.0002 Hemithraupis guira 0.0002 Myrmochilus strigilatus 0.0002 Brotogeris chiriri 0.0002 Lathrotriccus euleri 0.0002 Columbina squammata 0.0002 Lepidocolaptes wagleri 0.0002 Myiopagis viridicata 0.0004 Furnarius leucopus 0.0004 Hemitriccus margaritaceiventer 0.0004 Veniliornis passerinus 0.001 Lepidocolaptes squamatus 0.001 Pachyramphus polychopterus 0.001 Lanio pileatus 0.001 Conirostrum speciosum 0.001 Paragioenas picazuro 0.002 Dendrocolaptes platyrostris 0.002 Gnorimopsar chopi 0.002 Euphonia chlorotica 0.002 Nystalus maculatus 0.003 Myiopagis caniceps 0.004 Phyllomyias fasciatus 0.006 Myiarchus ferox 0.006 Amazilia lactea 0.009 Piaya cayana 0.01 Thamnophilus caerulescens 0.01 Hylophilus amaurocephalus 0.01 Troglodytes musculus 0.01 Basileuterus hypoleucus 0.01 Leptotila verreauxi 0.02 Celeus flavescens 0.02 Polioptila plumbea 0.02 Tangara cayana 0.02 Pitangus sulphuratus 0.04 Turdus amaurochalinus 0.04 Camptostoma obsoletum 0.05

Tabela 3: Espécies selecionadas como mais características a cada uma das estações nas três Florestas Estacionais Deciduais, de acordo com a análise de espécies indicadores. PELCC: Parque Estadual da Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul na estação chuvosa; PELCS: Parque Estadual da Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul na estação seca; PEMSC: Parque Estadual da Mata Seca na estação chuvosa; PEMSS: Parque Estadual da Mata Seca na estação chuvosa; SRMGC: Santana do Riacho-MG na estação chuvosa; SRMGS: Santana do Riacho-MG na estação seca.

(29)

19

Em relação à florística, as três FEDs juntas apresentaram 133 espécies de plantas

1

e 1263 indivíduos (Anexo 2). Analisando separadamente cada uma, as FEDs do PELC

2

apresentaram uma riqueza de 41 espécies de plantas e abundância de 413. As do PEMS

3

apresentaram 56 espécies de plantas e uma abundância de 519. Já as FEDs de SRMG

4

obtiveram uma riqueza de 61 espécies e abundância de 332 indivíduos. Quanto à

5

composição, as três áreas apresentaram apenas uma espécie em comum, Myracrodruon

6

urundeuva, uma planta da família Anacardiaceae, popularmente conhecida por aroeira. 7

As FEDs de SRMG compartilharam apenas esta espécie de planta com o PEMS e nove

8

espécies com as do PELC. As duas FEDs do Norte de MG compartilharam 17 espécies

9

de plantas.

10

O resultado da análise de sobreposição de nicho de Pianka entre a composição

11

de plantas das áreas mostrou a ocorrência de uma baixa similaridade, sendo 7.4% de

12

similaridade entre as FEDs da PEMS com as da SRMG. Já as FEDs da PELC e da

13

SRMG compartilharam nove espécies, e o valor do índice de Pianka para essa relação

14

foi de 18.6% de semelhança na composição. As FEDs do norte de MG apresentaram

15

uma maior similaridade na composição, 41.2%, com 17 espécies compartilhadas. Todas

16

as relações foram significativamente diferentes, pois a média dos valores observados foi

17

menor do que 95% dos valores aleatorizados.

18

A análise da estrutura do dossel mostrou uma maior abertura nas FEDs do Norte

19

de MG, tanto na estação chuvosa quanto na estação seca em comparação com as FEDs

20

de SRMG (Tabela 4). As FEDs do PEMS apresentaram a maior variação entre as

21

estações (Tabela 4). Os resultados dos GLMs mostraram que todas as relações entre as

22

estações, chuvosa e seca, em cada área apresentaram diferenças significativas (P<0.05)

23

(Figura 6).

(30)

20 1

Estação Chuvosa Estação Seca

PELC 19.6 64.9

PEMS 15.8 72.2

SRMG 12.4 46.4

Para todas as variáveis relacionadas à vegetação mensuradas neste estudo, as

2

FEDs do PELC apresentaram os menores valores, exceto para a abundância de plantas,

3

que foi menor nas FEDs de SRMG (Tabela 5). Porém, estas apresentaram maior altura

4

média, riqueza de árvores e HCI. Já as FEDS do PEMS apresentaram maior área basal e

5

abundância de plantas (Tabela 5). As análises realizadas com os GLMERs para verificar

6

a existência de correlação positiva entre riqueza de espécies de aves com as medidas de

7

heterogeneidade estrutural não foram significativas para nenhuma das relações, ou seja,

8

todas apresentaram P>0.05.

9

Tabela 4: Dados de cobertura do dossel em porcentagem obtidos das três Florestas Estacionais Deciduais amostradas nas estações chuvosa e seca. PELC: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; PEMS: Parque Estadual da Mata Seca; SRMG: Santana do Riacho-MG.

(31)

21

Figura 6: Gráficos obtidos a partir dos modelos lineares generalizados, nos quais mostram a relação entre a porcentagem de abertura do dossel entre as estações chuvosa e seca nas três áreas de Florestas Estacionais Deciduais amostradas. Barras com diferentes cores mostram as relações que apresentaram diferenças significativas. PELC: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; PEMS: Parque Estadual da Mata Seca; SRMG: Santana do Riacho-MG.

Área Altura Média Área basal Riqueza Abundância HCI

PELC 7.1 18.5 41 413 36.2

PEMS 9.7 25.2 55 518 63.7

SRMG 11 20.7 61 332 84.8

Tabela 5: Valores das medidas de estrutura da vegetação e do índice de complexidade de Holdridge (HCI) obtidos nas três Florestas Estacionais Deciduais. A altura: medida em metros (m); área basal: m² / há; riqueza: número de espécies arbóreas/0.1 há; abundância: número de indivíduos arbóreos/0.1 ha. PELC: Parque Estadual Lagoa do Cajueiro e reserva biológica Serra Azul; PEMS: Parque Estadual da Mata Seca; SRMG: Santana do Riacho-MG.

(32)

22

DISCUSSÃO

1

As diferenças observadas na composição, riqueza e abundância de aves entre as

2

áreas podem estar ligadas a fatores históricos e biogeográficos. As Florestas Estacionais

3

Deciduais de SRMG adquiriram um formato fragmentado e isolado dos grandes núcleos

4

de FEDs, como a caatinga (Werneck et al. 2011). Já as FEDs do PELC e do PEMS,

5

além de terem adquirido um formato mais continuo do que as anteriores, não se

6

encontram isoladas, pois se inserem no núcleo caatinga. Assim, acredita-se que estes

7

eventos tenham proporcionado uma menor riqueza e abundância de aves, especialmente

8

devido à fragmentação, nas FEDs de SRMG, e também diferenças na composição de

9

espécies entre estas e as FEDs do Norte, como efeito do isolamento, pois estes

10

influenciam diretamente as taxas de dispersão como também na distribuição espacial

11

das espécies (Mac Arthur & Wilson 1967 Apud Uezu et al. 2008; Fahrig 2003; Hewitt

12

2004; Werneck et al. 2011). Nesse trabalho, a possível influência destes dois fatores,

13

fragmentação e isolamento, na distribuição das espécies é observada pela ausência de

14

muitas espécies que são típicas de FEDs do núcleo caatinga nas FEDs de SRMG, como

15

também pela menor abundância de aves apresentada por estas.

16

Além disso, os tipos de habitat que estão no entorno das FEDs podem também

17

influenciar a composição de aves. Muitos autores têm encontrado em seus trabalhos que

18

diferentes tipos de habitat de entorno podem influenciar distintamente a composição de

19

aves nos ambientes fragmentados (Stouffer & Bierregaard 1995; Antongiovanni &

20

Metzger 2005; Kennedy et al. 2011). Por exemplo, em um trabalho com FEDs no vale

21

do Paranã, no estado do Tocantins, as quais estão bem fragmentadas e isoladas dos

22

grandes núcleos de FEDs, Pacheco & Olmos (2006) observaram influência do bioma

23

Cerrado, que é o bioma de entorno destas florestas, na composição da comunidade de

24

aves destas FEDs. No presente trabalho, este fato pode ser observado pela presença nas

(33)

23

FEDs de SRMG de espécies características e/ou endêmicas do Cerrado, que é o bioma

1

de entorno destas FEDs, como a Cyanocorax cristatellus, Ramphastos toco, Elaenia

2

cristata e Antilophia galeata (esta última foi observada fora dos pontos de coleta). 3

Outro fator que pode ter contribuído para a menor riqueza e abundância nas

4

FEDs de SRMG, e também para a diferença na composição desta área em relação às

5

outras duas é a pressão antrópica. Em um estudo em uma área de Floresta Atlântica no

6

estado de São Paulo, Aleixo (1999) encontrou que a mudança na cobertura do

sub-7

bosque e na altura do dossel, provocada por atividades antrópicas, contribuiu para a

8

redução das populações de 21 espécies de aves. Nas FEDs de SRMG a possível

9

influência dessas atividades (principalmente a agropecuária) sobre a diversidade de aves

10

pode também ser constatada pela ausência de muitas espécies endêmicas, raras e com

11

dependência florestal como, por exemplo, algumas espécies da família

12

Dendrocolaptidae (Anjos & Soares 1999). Outro fator que pode nos indicar o efeito

13

antrópico nesta área é a presença de espécie de área aberta, que apresentam menor

14

sensibilidade às alterações ambientais e são independentes de floresta. Nas FEDs de

15

SRMG observamos 14 espécies que se incluem nesta categoria (Anexo 1) (ver Silva

16

1995). Nas FEDs do Norte de MG, a pressão antrópica também é bem intensa, pois

17

nestas há presença de grandes projetos de irrigação, como o Projeto Jaíba. Apesar disso,

18

observa-se que no Norte de MG ainda existem áreas de FEDs bem preservadas, como as

19

amostradas nesse estudo. Isto é evidenciado pela presença de espécies raras/endêmicas e

20

também que apresentam alta dependência florestal, como Hylopezus ochroleucus

21

(torom-do-nordeste) Xiphocolaptes falcirostris (arapaçu-do-nordeste) e Lepidocolaptes

22

wagleri (arapaçu-de-wagler), que recebem atualmente o status de ameaçadas de 23

extinção (Silva 1995; Machado et al. 2005; IUNC 2009; CBRO 2011).

(34)

24

Algumas características intrínsecas de cada área como a presença de um rio,

1

também pode contribuir para diferenças na composição de espécies, como foi observado

2

por Blake (2007). Este autor, em um trabalho com aves em floresta Amazônica no Peru

3

e Equador, observou que áreas próximas a rios apresentaram diferenças na composição

4

de aves em relação às áreas mais distantes destes. No presente trabalho, observamos que

5

uma maior proximidade das FEDs de SRMG a um rio, distantes a cerca de 300 metros

6

deste, em relação às FEDs do Norte de MG que estão a mais de três quilômetros de um

7

rio (rio São Francisco), pode ter contribuído para a presença de algumas espécies

8

características de matas ciliares (do bioma Cerrado) nas FEDs de SRMG. Estas espécies

9

são Lanio penicillatus, Arremon flavirostris, Corythopis delalandi e Synallaxis

10

ruficapilla. A presença destas possivelmente contribuiu para a diferença significativa 11

encontrada na composição de aves entre as FEDs de SRMG e as do Norte de MG.

12

As duas FEDs do Norte de MG que apresentaram a maior semelhança na

13

composição de aves estão separadas pelo rio São Francisco, no qual apresenta em torno

14

de 500 metros de largura de uma margem à outra. Segundo alguns autores, os rios

15

podem impedir a dispersão dos indivíduos e, assim, seriam barreiras ao fluxo gênico,

16

causando diferenças populacionais, que podem levar ao processo de especiação (Sick

17

2001; Silva et al. 2004; Cabanne et al. 2008; Cabanne et al. 2011). Diante disso, era

18

esperada a existência de diferenças significativas na composição de espécies entre essas

19

duas áreas. No entanto, observou-se uma alta similaridade na composição de espécies,

20

com a restrição de ocorrência de apenas duas espécies. Estas foram Lepidocolaptes

21

wagleri, que é restrita ao lado esquerdo do rio São Francisco, e Lepidocolaptes 22

squamatus, que apresenta distribuição limitada apenas à margem direita deste. Desta 23

forma, nesse estudo, o rio São Francisco parece não ser uma barreira para avifauna

24

destas duas FEDs.

(35)

25

Nas FEDs do Norte de MG, como também nas de SRMG, era esperado

1

encontrar maior riqueza e abundância de aves na estação chuvosa. Uma maior oferta de

2

recursos alimentares nesta estação, principalmente os que são mais utilizados pelas

3

aves, como artrópodes (Janzen & Schoener 1968), pode ser a causa da maioria das aves,

4

sejam elas migratórias ou residentes, escolherem esta época como a reprodutiva (Sick

5

2001). Para a riqueza, esse padrão foi observado apenas nas FEDs do Norte de MG, já

6

para abundância apenas para as FEDs do PELC. A presença de algumas espécies

7

migratórias, Myiopagis viridicata, Myiopagis caniceps, Vireo olivaceus e

8

Pachyramphus polychopterus (Ridgely & Tudor 1994a, 1994b), na estação chuvosa foi 9

um fator que contribuiu para o aumento da riqueza e/ou da abundância nas FEDs do

10

Norte, especialmente nas do PELC. Em um estudo em FEDs no Norte de MG, Neves

11

(2009) e Pezzini e colaboradores (2008) encontraram maior concentração de artrópodes

12

e frutos zoocóricos, respectivamente, na estação chuvosa, o que pode indicar, junto com

13

os resultados deste trabalho, uma relação diretamente proporcional entre recurso

14

alimentares e a ocorrência de espécies migratórias.

15

Algumas espécies não seguiram o padrão esperado de abundância, o qual era

16

maior número de indivíduos na estação chuvosa, e contrariamente, apresentaram

17

abundância maior na estação seca. Nas FEDs do Norte de MG, estas espécies foram

18

Aratinga cactorum, Tolmomyias flaviventris, Formicivora melanogaster, Sakesphorus 19

cristatus, Myrmochilus strigilatus, enquanto nas FEDs de SRMG foram Aratinga 20

leucophtalma e Brotogeris chiriri. A maior abundância de indivíduos destas espécies na 21

estação seca pode estar relacionada a um aumento na movimentação das mesmas nesta

22

estação, devido à maior dificuldade para encontrarem presas, necessitando, assim, de

23

um maior tempo de procura por alimento, como também a necessidade de explorarem

(36)

26

outros locais durante o forrageamento, para suprirem a demanda energética (Charnov

1

1976; Loiselle & Blake 1993).

2

A diferença significativa verificada entre as interações par a par da composição

3

de aves, entre as estações chuvosa e seca nas FEDs do Norte de MG, é devido à

4

marcante distinção na estrutura do ambiente entre as duas estações, como diferenças na

5

intensidade luminosa, pluviosidade e caducifolia (Espírito-Santo et al. 2009). As

6

mudanças nestas variáveis alteram diretamente tanto a quantidade e qualidade de

7

microhabitats, quanto de recursos alimentares, levando a mudanças na composição de

8

espécies de aves (Karr & Freemak 1983). Nesse trabalho, a abertura do dossel foi uma

9

característica da estrutura vegetal que apresentou diferenças significativas entre as

10

estações, especialmente nas FEDs do Norte de MG. Esta diferença pode ter contribuído

11

para a ausência de algumas espécies nestas FEDs como, por exemplo, Tolmomyias

12

sulphurescens, que é uma espécie mais relacionada à estação chuvosa nas FEDs do 13

Norte de MG, devido à preferência desta pelo dossel fechado (Sick 2001). Já nas FEDs

14

de SRMG, a espécie T. sulphurescens esteve presente e foi abundante em ambas as

15

estações, mesmo estas apresentando diferenças significativas na abertura do dossel.

16

Este fato pode ser explicado pela menor alteração na cobertura do dossel entre as

17

estações nas FEDs da SRMG, em relação às do Norte de MG, e esta menor alteração,

18

possivelmente, não foi suficiente para provocar uma mudança na composição de aves,

19

como ocorrido nas outras duas FEDs.

20

Por outro lado, a maior abertura do dossel na estação seca nas FEDs do Norte de

21

MG pode ter contribuído positivamente para o aumento na abundância e riqueza de

22

espécies como também para diferenças na composição de aves entre as estações.

23

Observamos na estação seca um aumento das espécies de borda e/ou que tem

24

preferência por área aberta, de acordo com Silva (1995), como Myiodynastes maculatus,

(37)

27 Myiarchus tyrannulus, Cyanocorax cyanopogon, Compsothraupis loricata, 1

Gnorimopsar chopi e Euphonia chlorotica. Estas espécies possivelmente aumentaram 2

sua distribuição na estação seca devido à maior similaridade estrutural com os

3

ambientes de borda de floresta e/ou de área aberta na estação seca.

4

Para as relações entre as estações secas e também entre as chuvosas das FEDs do

5

norte de MG, era esperado que estas não apresentassem diferenças significativas, visto

6

que estão na mesma escala espacial (distancia de apenas 15 km entre as duas) e são

7

influenciadas pelas mesmas condições ambientais. Porém, a relação entre as estações

8

chuvosas das FEDs do PELC e PEMS apresentou diferença significativa. Esta diferença

9

pode estar relacionada a presença de algumas espécies de área aberta nas FEDs do

10

PELC, que foram características à esta área, de acordo com análise de espécies

11

indicadoras. A presença de espécies de área aberta nessas FEDs pode ser explicada pela

12

existência de clareiras dentro da floresta, que possivelmente proporcionaram o

13

aparecimento dessas espécies.

14

Em alguns trabalhos têm se identificado a importância da composição de plantas

15

sobre a composição de aves (e.g. Rotenberry 1985). Neste trabalho observou-se um

16

padrão bem semelhante de alterações na composição de plantas e aves em diferentes

17

áreas, no qual as FEDs do Norte de MG foram mais semelhantes entre si do que quando

18

comparadas com as de SRMG. Essa proximidade nos padrões dos dois grupos pode

19

indicar uma possível relação entre composição florística e de aves, pois as diferenças na

20

composição florística podem levar a mudanças na quantidade, no tipo e na concentração

21

do recurso como, por exemplo, alimentos, lugares para nidificação e poleiros (Wiens et

22

al. 1987; Johnsingh & Joshua 1994). Em um estudo em áreas de floresta na Costa Rica, 23

Loiselle & Blake (1993) encontraram que a variação na composição de plantas

24

influenciou a distribuição de aves frugívoras, evidenciando assim que esta composição

(38)

28

pode ser uma força importante na escolha dos habitat pelas aves. Em outro estudo,

1

Rotenberry (1985) encontrou uma influência significativa da composição de plantas

2

sobre a composição de aves, indicando que a composição florística é um dos principais

3

fatores que atuam na variação das comunidades de aves. Deste modo, a distinção na

4

composição de plantas pode ter levado a diferenças na seleção de habitat pelas aves,

5

pois estas o utilizam de diferentes maneiras de acordo com as espécies de plantas

6

disponíveis (Loiselle & Blake 1993).

7

A hipótese da heterogeneidade estrutural não foi corroborada neste estudo, ou

8

seja, não houve correlação positiva entre heterogeneidade estrutural e riqueza de

9

plantas. Algumas explicações podem ser levantadas para a não significância desta

10

relação. A pequena variação de algumas características estruturais entre as áreas

11

amostradas como, por exemplo, a altura média, que variou menos do que quatro

12

centímetros, possivelmente não foi o suficiente para a criação de novo microhabitat e a

13

consequente incorporação de novas espécies (Roth 1976). Esta baixa variação na

14

estrutura da vegetação em alguns habitas tem sido indicada como uma força negativa

15

para a incorporação de espécies especialistas a um estrato da vegetação (Roth 1976).

16

Outra explicação a ser evidenciada para a não corroboração da hipótese da

17

heterogeneidade estrutural seria que, em ambientes sazonais como as FEDs, a grande

18

variabilidade na produtividade primária e, consequentemente, de recursos pode ser mais

19

importante para a estruturação da comunidade aves do que as características estruturais

20

do ambiente (Kerr & Packer 1997; Verschuyl et al. 2008). Em um estudo nos EUA,

21

Verschuyl e colaboradores (2008) verificaram que em ambientes com maior limitação

22

de energia, a influência da complexidade ambiental sobre a estrutura da comunidade

23

tende a ser menor. Assim, nas áreas de estudo, especialmente nas FEDs do Norte de

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