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Mergulho em retratos. subaquáticos

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Academic year: 2021

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Vida de Fotógrafo

Autodidata, o fotógrafo de moda Júnior Luz faz

trabalhos autorais criativos. No mais recente,

registra mulheres submersas em piscinas e rios

Mergulho em retratos

subaquáticos

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N

ão é qualquer fotógrafo que consegue rapidamente desenvolver uma lin-guagem pessoal e acertar na técnica, principalmente sendo um autodidata. O curi-tibano Júnior Luz, de 31 anos, é uma dessas exceções. Novato na área e à procura de um caminho para se aperfeiçoar nos trabalhos

au-torais, ele já tem a criatividade como marca. Fotografou belas modelos usando máscaras de gás; nus em preto e branco com estética que se assemelha ao grafite; e rostos com maquia-gens escandalosas. Seu último trabalho, iniciado há seis meses, é ainda mais diferente: registra mulheres embaixo d’água.

POR GABRIELLE WINANDY

O trabalho subaquático autoral de Júnior Luz é geralmente feito em piscinas de amigos

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Vida de Fotógrafo

gundo ele. Depois de um ano, comprou uma Nikon D80. O passo seguinte foi ter a

best-seller Canon EOS 5D Mark

II, câmera que usa até hoje. Ficou na Inglaterra por cinco anos e foi nesse período que se especializou em foto-grafia por meio da leitura em sites e blogs. Ao voltar para o Brasil, há um ano e meio, já estava consolidado no mer-cado de fotografia de moda como criador de imagens com cenários excêntricos. Mas o plano de apostar em produ-ções embaixo d’água sempre esteve na mente do fotógrafo. Portanto, há

aproximadamen-te seis meses, ele resolveu se jogar, metafórica e literalmen-te, no mundo subaquático.

Por ação e reação

A maior parte do apren-dizado na área foi na prática, como a percepção de que ca-da ambiente tem prós e con-tras. Fotografando nos rios de Bonito (MS), por exemplo, o profissional tem a vantagem de trabalhar com uma água mais límpida e cenários mais complexos e prontos. A des-vantagem é a possibilidade de sofrer com a correnteza.

Em outubro de 2012, Jú-nior ficou oito dias em Bo-O interesse pela fotografia

era antigo, mas ele não sabia por onde começar. Na época, Júnior trabalhava no restau-rante Pizza Express com a mãe, proprietária, quando decidiu ir para Londres, Inglaterra (seis anos e meio atrás), onde seus dois irmãos viviam.

Na capital inglesa, passou a frequentar nightclubs e fez amizade com o fotógrafo Ale-xandre Camieri, com quem aprendeu várias técnicas. A partir daí, passou a fazer ten-tativas em fotografia de even-tos. Ganhou da família uma compacta Mirage de 3 MP, “uma câmera muito ruim”,

se-Na foto acima, Júnior Luz se inspirou na russa Elena Kalis, que fez um ensaio baseado em Alice no País das Maravilhas

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No nonono nonon nonono no nono nono no nono nono no nono nono no nono nono no nono no

A foto foi produzida em dois momentos: primeiro só as águas-vivas, depois a modelo; a junção foi feita via computador

Fo to s: J ún io r L uz

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Vida de Fotógrafo

nito para fazer um ensaio no fundo do Rio Sucuri com uma a modelo vestida de sereia. Ele enfrentou sérios proble-mas com o fluxo d’água, que não apenas desestabilizava a câmera como movia a “se-reia”. No entanto, essa acabou nem sendo a maior das difi-culdades: os peixes do rio ata-caram a cauda da sereia, cau-sando pânico na modelo – que quase se afogou.

O cenário mais frequente para os ensaios é a piscina da casa dos amigos. Mas a visibi-lidade embaixo d’água é me-nor por conta do cloro. O fo-tógrafo também não gosta do fundo das piscinas, o que exige

uma produção maior no ce-nário subaquático: ele coloca tecidos de voil sobre o azulejo, presos por lastros (pesos de academia) para não flutuarem. Outro aspecto aprendido na prática foi o figurino. Júnior trabalha com a costureira pro-fissional produtora de moda Michele Cordeiro. Eles des-cobriram que o ideal nessa si-tuação é que a modelo use rou-pas leves, e o fotógrafo, rourou-pas de mergulho (neoprene).

Todas as vestimentas re-gistradas são feitas por Mi-chele que, com isso em mente, usa muito seda, voil e tule. O fotógrafo ainda precisa con-tornar o desafio de esconder

pesos de até dois quilos em-baixo da roupa da modelo, para que o corpo não flutue antes da hora.

A maquiagem poderia ser mais um problema. Mas o ma-quiador Renato Cezzar, outro membro indispensável à equi-pe de Júnior, usa aequi-penas ma-quiagem à prova d’água. “Mas partir do momento em que a modelo entra na água, a ma-quiagem não resiste e começa a desmanchar”, diz Júnior. Por isso, é necessária a reaplicação a cada hora.

Nos primeiros trabalhos da série, Junior contratava mo-delos usuais. Agora, apenas as que têm curso de mergulho

Ensaio nos rios límpidos de Bonito (MS), possibilitou fundos mais complexos e realistas (acima); já em piscinas, como na página ao lado, as fotos pedem mais criatividade na produção das modelos

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Vida de Fotógrafo

ou alguma experiência para fi-car sob a água. É imprescindí-vel que elas saibam conter a respiração para conseguir dei-xar o rosto natural enquanto estão dentro da piscina.

Antes do ensaio, que dura cerca de duas horas, Júnior combina com a modelo uma comunicação por mímica pa-ra que não precisem emergir toda vez que ele precisar dar um toque sobre a posição ou expressão dela.

Iluminação aquática

A técnica para um ensaio como esse exige bastante cau-tela. Para que a EOS 5D Mark II possa ser usada embaixo d’ água, Júnior usa uma caixa-estanque feita sob medida, com adaptações para as duas

Mesmo sendo à prova d’água, a maquiagem começa a desmanchar logo após a submersão da modelo e, por isso, é necessária a reaplicação a cada hora

Fo to s: J ún io r L uz

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Vida de Fotógrafo

únicas lentes que usa: uma grande angular 15 mm e uma “normal” 50 mm. Para ajustar o foco na primeira vez, Júnior pode demorar até dez minutos. Apesar de automático, o ajuste é dificultado pela interferência da caixa-estanque.

Por causa das ondulações naturais da água, ele diz que é é necessário regular uma ve-locidade alta, como 1/1000 s. Isso influencia diretamente na captação da luz, que, na opi-nião dele, deve ser natural. Por isso, o fotógrafo também pre-fere piscinas abertas, já que as-sim aproveita a luz do dia.

Caso a luz natural não seja suficiente, Júnior usa lanternas subaquáticas, LEDs ou tochas, mas nunca o flash. “Abomino flash porque acho artificial”, opina. Depois do ensaio, pe-quenos ajustes, como de

con-traste e saturação, são feitos no Photoshop e Lightroom. O trabalho o atrai tanto que ele está se programando para assistir a um workshop da fotógrafa russa Elena Kalis que, hoje morando nas Baha-mas, faz fotografias subaquá-ticas de pessoas. O workshop deve acontecer em janeiro de 2013 no Caribe e, com as ima-gens resultantes, a fotógrafa montará um livro que preten-de lançar até o final preten-de 2013. Mesmo trabalhando com fotografia de moda e fazendo cursos para se especializar na subaquática, Júnior Luz é mo-desto: “Não me considero um fotógrafo profissional ainda. Tenho muito para aprender”. Algo raro num mundo em que os egos muitas vezes se sobre-põem ao trabalho em si, nem sempre de qualidade.

Imagens em movimento dentro da água exigem velocidade alta para que as ondulações não interfiram na composição; abaixo, o fotógrafo Júnior Luz que, aos 31 anos, vem experimentando novas estéticas no seu trabalho autoral

Marcel Savery

Referências

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