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1.1 Introdução- 10 1.2- Objetivo Geral--- 12

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AMALIA LUCI DO NASCIMENTO GONDIM

A PRODUÇÃO DE RAPADURA COMO PRINCIPAL ÏCONE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE PINDORETAMA

FORTALEZA 2007

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AMALIA LUCI DO NASCIMENTO GONDIM

A PRODUÇÃO DE RAPADURA COMO PRINCIPAL ÍCONE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE PINDORETAMA

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuaria, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Economia.

Orientador: Professor José de Jesus Sousa Lemos.

Fortaleza, 2007

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ci do Nascimento Gondim (Aluna)

MÉDIA

NOTA

em Economia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará_— UFC e encontra- se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética cientifica.

Professor José de Jesus Sousa Lemos (Professor Orientador)

NOTA Professor Paulo Roberto Barquete (Membro da Banca Examinadora)

NOTA Professor Napié Galve Araújo (Membro da Banca Examinadora)

Monografia aprovada em O2 de U ¿ de 200V

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autores da obra prima que é minha vida.

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A Deus, que me criou e me proporcionou viver no mundo em que vivo, com as pessoas maravilhosas que convivem ao meu lado.

A meu pai, Francisco Rodrigues Gondim, que durante os últimos quase 25 anos se dedicou exclusivamente a minha felicidade plena e não falhou, e a minha mãe, Maria das Graças do Nascimento Gondim, que com paciente e sempre com muita calma está ao meu lado, principalmente nos momentos mais dificeis, e que junto ao meu pai e aos meus irmãos Amanda e Emanuel formam a família mais perfeita do mundo, graças a Deus.

A Amanda e ao Emanuel, porque eles existem e fazem parte da minha vida

A meu marido Fabio Rocha Simião, que tem me mostrado que ainda existe amor sem medida, e que sofreu tão quanto ou mais do que eu na elaboração desse trabalho, me deu muita força para que eu não desistisse.

A meu sogro Simiso e minha sogra Telma, por terem criado um ser humano tão precioso como o Fabio e por terem me aceitado como parte da família deles;

A minha linda afilhada Gabriella, espero que a nossa relação de muito carinho e amor se fortaleça cada vez mais ao longo das nossas vidas;

Aos inúmeros amigos, que infelizmente não seria possível citar todos, mas gostaria de dizer que vocês são todos muito importantes na minha vida, que amo cada um de forma bastante especial.

A amiga Sany Leandro, que sua luz de conhecimento em Historia me ajudou bastante; a amiga Luciane e a todos da Casa do Menino Trabalhador,

A grande Economista, amiga, companheira e técnica de apoio Ana Maria Martins, que me faz acreditar que pode ser super gratificante e proveitoso ser economista;

A amiga Alinny Santina, "my friend", que tem iluminado minha vida com seu sorriso;

A Maria de Jesus, meu coração, que tenho certeza que torce muito pelo meu sucesso assim como torço pelo dela;

Ao grande amigo e com muito orgulho Napid, que trouxe á minha vida amigos que vou amar pra sempre apesar da distancia, meus queridos amigos da comunidade Recado.

Ao grande mestre professor José de Jesus Sousa Lemos, que foi fundamental para a realização desse trabalho e que por nenhum momento duvidou da minha capacidade.

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O trabalho analisa as condições atuais da atividade de cultivo de cana-de-açúcar para produção de rapadura no município de Pindoretama, tentando mostrar que por seu uma atividade típica de base local, que vem até os dias de hoje se sustentando, mesmo enfrentando dificuldades das mais diversas, pode ganhar entusiasmo, desde que os engenhos sofram atualizações tecnológicas e mudem suas estratégias gerenciais, buscando apoio governamental, tentando fazer cooperativas, e melhorando o aspecto de falta de higieni7ação, enfim, buscam suas potencialidades para alavancar o desenvolvimento econômico de Pindoretama. Faz-se um levantamento da situação atual do segmento, de suas principais características e qualidade de potencial das tendências de mercado.

Palavras Chaves: cana-de-açúcar, produção de rapadura, município de Pindoretama, desenvolvimento econômico.

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AGRADECIMENTOS---

RESUMO - ---__-_--- __--_--_--- iü

ABSTRATC

iv

1-CAPÍTULO ---____-- _ _---__---_--- 10

1.1 Introdução- 10 1.2- Objetivo Geral--- 12

1.3- Objetivos Específicos-- 13

1,4- Metodologia ---_--- 13

2-CAPITULO II- A Importância da Atividade Canavieira para o Brasil e para o Nordeste--- 14

2.1- O Surgimento da Atividade Canavieira--- 14

2.2- Dificuldades Encontradas--- 16

2.3- O Desenvolvimento da Economia do Açúcar--- 21

2.4- o Declínio da Atividade Açucareira no Brasil--- 23

3- CAPITULO 3 — A Produção de Rapadura no Ceará---____—_-_—_—. --- ______----__-_-- 23

3.1- Histórico da Produção de Rapadura--- --- 23

3.2- A Produção de Rapadura no Brasil--- 29

3.3- Processo de Produção da Rapadura--- 37

4-CAPÍTULO 4- A Produção de Rapadura em Pindoretama 37

4.1- Esboço Histórico de 38 4.2- Indicadores Sociais de Pindoretama--- --- ---_--_— -- 39

4.3 Indicadores da Produção

Agricola

de Pindoretama--_ _ _ ____ --- 43

5-CAPITULO 5- Resultados 43

5.1 Desenvolvimento Econômico de Pindoretama 44 5.2 Produtividade Média--- 48

6- CAPÍTULO 6- Conclusões--- 48

7-BIBLIOGRAFIA--- --- --- --- --- --- --- 50

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Tabela 1- Produção de Rapadura nos Estados Brasileiros no período de 1995-96---

Tabela 2- Valor Nutritivo da Rapadura--- --- 27

Tabela 3-Índice de Exclusão Social de Pindoretama— 39 Tabela 4- Quantidade Produzida da Lavoura Temporária de Pindoretama Período: 1996-2005, em 41 Toneladas--- Tabela 5: Rendimento médio da produção por lavoura temporária 1996-2005 em reais--- 41

Gráfico 1: Etapas da Produção de Rapadura--- 53

Gráfico 2: Caracterização da Cadeia Produtiva da Rapadura--- 54

Gráfico 3: Remuneração da Cadeia Produtiva da Rapadura --- --- — --- 55

Figura 1- Autoridade do Senhor Branco 19 Figura 2: Foto engenho localizado em Pindoretama--- 57

Figura 3: foto em funcionamento, mostrando a falta de higiene e a falta de segurança 57 para os funcionários. --- Figura 4: Engenho, Casa Grande e Senzala do século XVII 58 Figura 5: Foto Engenho Casa Grande Localizado em Pindoretama--- 58

Figura 6: Fabricação de rapadura aberta ao publico 59 Figura 7: Foto espaço localizado no terreno do engenho para receber os turistas 60 Figura 8: Foto engenho movimentado de turistas--- 60

Figura 9: Foto passeio ecológico--- 61

Figura 10: Foto passeio de charrete--- 61

Figura 11: Foto organização dos produtos a venda nos engenhos--- 62

Figura 12: Foto produtos diferenciados vendidos no engenho--_---_w 63 Figura 13: Foto embalagem moderna- --- --- --- 63

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Figura 15: Foto maior Rapadura do Mundo

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CAPÍTULO I

1.1 INTRODUCÃO

Assim como em todos os municípios do interior do Ceará, a economia de Pindoretama esta fortemente ligada à produção advinda do setor primário, e nesse caso específico, do setor rural. Pode-se afiançar que a pequena agricultura familiar por ser diversificada pode se constituir numa grande aliada no processo de preservação da base de recursos naturais. Como uma comprovação desta assertiva da diversificação, identifica-se em Pindoretma como principais produtos explorados pelos agricultores familiares na lavoura temporária: mandioca, bata doce, cana-de-açúcar, coco, milho, feijão e outros menos importantes.

A proposta de desenvolvimento econômico e sócio-cultural para Pindoretama mostra que há mais de um ano a sua população vem tentando identificar alguma atividade que possa proporcionar uma maior sustentação econômica e social para a população do município. Um item a ser explorado que pudesse estar ligado à história e à cultura e que pudesse gerar melhorias econômicas vinculadas à geração de empregos e renda monetária.

Dentre as várias opções, a que parece mais viável é a produção de rapadura, pois a farinha e a goma são extraídas da mandioca, que tem dificuldade de ser cultivada em Pindoretama porque o solo do município não é apropriado por ser raso e de dificil drenagem, o que o deixa sujeito a encharcamento. As fruteiras que geram frutos bastante saborosos, e a batata doce que é uma atividade que pode viabilizar renda monetária, tornam-se inviáveis no curto prazo no município, em face do baixo nível tecnológico de exploração. Já a produção de rapadura vem apresentando indícios de que é uma atividade economicamente forte e capaz de gerar empregos e de atrair outras atividades tais como o turismo, por exemplo.

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Dada a importância do cultivo da cana-de-açúcar em Pindoretama, busca-se mostrar e avaliar com este trabalho os aspectos históricos da produção de rapadura que é uma atividade econômica bastante tradicional no município.

Neste trabalho apresenta-se uma análise das condições atuais da produção de rapadura, as dificuldades existentes e algumas potencialidades que podem vir a prevalecer, tentando-se mostrar que é uma atividade que tem possibilidade de alavancar o desenvolvimento de Pindoretama desde que seja devidamente orientada, passando por transformações tecnológicas e culturais.

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~

12 1.2 Desenvolvimento do Trabalho

O desenvolvimento do trabalho estará compreendido nos seguintes capítulos: A Importância da Atividade Canavieira para o Brasil e para o Nordeste, onde será feita uma análise da produção canavieira desde o Brasil colônia para mostrar como a produção da cana influenciou na evolução política, econômica e social do país. Em seguida, A Produção de Rapadura no Ceará, onde discorreremos sobre o processo histórico da produção de rapadura. Logo após terá um capítulo para mostrar os Indicadores Sociais de Pindoretama, enfatizando os conceitos de pobreza. E por último serão mostrados os resultados da produção de rapadura durante os últimos 10 anos, discutindo o envolvimento de famílias, a sazonalidade, evolução dos preços, capacidade da atividade gerar ocupação e renda para as famílias, o uso da rapadura na merenda escolar.

t

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1.3 Obietivo Geral: Estudar a organização da Produção de Rapadura em Pindoretama com seus impactos sobre a geração de renda monetária, ocupação e padrões de desenvolvimento econômico.

1.4 Obi etivos Específicos:

a — Aferir a contribuição da produção canavieira para o município durante o período que vai de 1996 até 2005;

b —. Avaliar a evolução da produção de rapadura no município de Pindoretama durante tal período;

c — Avaliar e aferir a capacidade da atividade produção de rapadura de prover ocupação para mão-de-obra local durante o ano inteiro bem como a capacidade desta atividade em gerar renda monetária para as famílias envolvidas, sobretudo aquelas das Unidades Agrícolas Familiares;

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CAPITULO II

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE CANAVIEIRA PARA O BRASIL E PARA O NORDESTE

2.1 0 Surgimento da Atividade Canavieira

A descoberta do Brasil se deu no ano de 1500, e apenas em 1530 foi que a Coroa portuguesa se interessou pelas novas terras. Esse início da colonização foi marcado por abandono, pois ao chegarem à Terra de Santa Cruz, os portugueses não encontraram o que estavam procurando, como disse Gilberto Freyre em sua obra Casa Grande e Senzala (1987, p. 198) "0 Brasil foi como uma carta de paus puxada num jogo de trunfo de ouros,.

Um desapontamento para o imperialismo que se iniciava com a viagem à Índia de Vasco da Gama."(ETENE,1961) Viagem essa que tinha como principal objetivo encontrar especiarias, chegar ao Brasil e se depara com um matagal não trouxe para os colonizadores expressividade, muito menos importância econômica.

No entanto, se tornavam muito elevados os custos dos portugueses com a empresa marítima, eles começaram a perceber a necessidade de colonizar realmente a terra para defendê-la e explorar as suas riquezas. Com esse intuito o governo metropolitano decidiu instalar engenhos produtores de açúcar no litoral brasileiro.

A implantação da empresa agrícola no Brasil teve inicio com o cultivo da cana- de-açúcar. A produção canavieira foi a maior fonte de lucros para Portugal durante a segunda metade do século XVII. A cultura da cana encontrou, no litoral nordestino brasileiro, as condições necessárias ao seu cultivo: solo apropriado (massapé), clima quente

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e úmido, além da posição estratégica em relação ao mercado consumidor por permitir fácil escoamento do açúcar produzido.

O Brasil, como maior produtor mundial de cana-de-açúcar tornou-se então a principal fonte de obtenção de riqueza para os portugueses. Os magníficos resultados da colonização agricola do Brasil abriram perspectivas atraentes para a utilização econômica das novas terras e consistiu portanto na razão de ser da continuidade da presença dos portugueses em uma grande extensão de terras americanas.

"E não só o algodão o bicho-da-seda e a laranjeira introduziram os árabes e mouras na Peninsula: desenvolveram o cultivo da cana-de-açúcar que, transportada depois da Ilha da Madeira para o Brasil, condicionaria o desenvolvimento econômico e social da colônia portuguesa na América, dando-lhe organização agrária e possibilidades de permanência e fixidez. O mouro forneceu ao colonizador do Brasil os elementos técnicos de produção e utilização da cana".(FREYRE, 1933, P. 212)

A atividade de cultivo da cana para o fabrico de açúcar naquele momento, foi de fundamental importância para a colonização do Brasil, essa etapa foi chamada de fase realmente colonizadora. Também foi essencial para que os portugueses adquirissem poder de competitividade imperialista dentre os países da Europa. "O açúcar tornou-se um artigo de luxo, vendido a preços elevadíssimos e dando lucros enormes para produtores e intermediários" (FREYRE, 1933, p. 198).

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O açúcar permitiu ao Brasil transformar-se na principal colônia portuguesa, foi a base de sustentação da economia e da colonização. A cultura da cana proporcionava também a ocupação das terras, pois começaram a serem formados povoados em torno dos engenhos.

2.2 Dificuldades Encontradas no Cultivo da Cana-de-açúcar

No entanto a implantação da empresa açucareira, bem como o beneficiamento, transporte, refino e comercialização do açúcar no mercado europeu, requeriam custos elevados. Portugal, sem condições econômicas, não poderia investir sozinho em tamanho empreendimento. Os capitais flamengos garantiram o sucesso da empresa açucareira. Sem dúvida, foi a Holanda, na posição de credora e intermediaria, que mais lucrou com o açúcar brasileiro.

A partir dai a produção de açúcar, no Brasil, tornou-se motivo de grandes invasões, como a dos holandeses, ocorrida em Pernambuco, que era a região maior produtora de açúcar. Essas invasões resultaram em grandes perdas de engenhos, muitos foram destruidos, causando um retrocesso na economia, que logo se recuperou, pois a terceira fase da colonização brasileira, representada pela mineração, entrou em declínio no final do século XVII, o que permitiu um novo florescimento para a produção açucareira no país.

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2.3 0 Desenvolvimento da Economia do Açúcar

As características da produção açucareira estavam de acordo com os objetivos da política mercantilista: a acumulação de capitais na Europa. Para isso deveria ter baixos custos e proporcionar altos lucros.

Os portugueses haviam iniciado a produção de rapadura há algumas dezenas de anos, numa escala relativamente grande nas Ilhas do Atlântico. Com a descoberta do Brasil, o colonizador deslocou a base da colonização tropical da pura extração de riqueza mineral, vegetal ou animal para a criação local de riquezas.

Os portugueses trouxeram para o Brasil uma extraordinária variedade de experiências que haviam sido acumuladas durante o século XV na Ásia e na África, na Ilha da Madeira e em Cabo Verde, experiências essas de enorme importância, pois permitiram a solução dos problemas técnicos relacionados com a produção do açúcar, sem essas experiências, vinculadas ao cultivo da cana e fabricação do açúcar. Seria mais difícil para que a empresa açucareira lograsse um resultado promissor.

"A contribuição dos flamingos - particularmente dos holandeses - para a grande expansão do mercado do açúcar na metade do século XVI, consistiu um fator fundamental para o êxito da colonização do Brasil".(FURTADO, 1976, p.12)

Os pontos que mais se destacaram no que se refere à cultura moral, intelectual, religiosa, cientifica e artística, foram aqueles que se especializaram na cultura da cana e no fabrico de açúcar.

1

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Os canaviais ocuparam grandes faixas de terras (latifúndios), pois sua produtividade era pequena por causa das técnicas rudimentares. O cultivo da cana-de- açúcar passou a ser praticamente, a única atividade econômica da colônia. A monocultura foi, portanto, outra característica dessa empresa agrícola.

A utilização da mão-de-obra escrava negra também estava dentro da lógica do sistema colonial. O tráfico de escravos gerava renda para o exterior.

Podemos denominar a atividade canavieira como "plantation"1, o que caracterizava seu cunho mercantilista, já que seu objetivo principal era a exportação, e as grandes fazendas eram compostas por três edificações principais:

A Casa Grande: onde vivia o senhor com sua família, exercendo grande autoridade sobre todos. Era um verdadeiro patriarca.

A Senzala: era uma grande construção onde os negros escravos viviam miseravelmente, tratados como animais e sujeitos a diversos tipos de violência.

A Capela: onde eram realizadas as cerimônias religiosas e também era o centro social onde se reuniam todos os homens livres dos engenhos e das proximidades.

Em 1560, Portugal ganhava ascendência no comércio europeu, com o açúcar fabricado no Brasil. Com o êxito do açúcar no comércio, o governo português incentivou a expansão das fábricas em sua colônia tropical americana. Assim, os colonos estavam oficialmente desenvolvendo toda a colônia. Surgiram lavouras extensivas de cana-de- açúcar para alimentar os engenhos. Estes, por sua vez, eram instalados nas proximidades do mar e de rios para seu total funcionamento e também para o transporte dos produtos.

1 Grandes propriedades monocultoras, cuja produção visava o mercado externo.

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A figura 1 representa a autoridade do senhor branco do século XVII dirigindo o trabalho dos escravos negros num engenho de açúcar.

Figura I

Autoridade do Senhor Branco do século XVII

FONTE: FREYRE, G. (1933, p.45, apud PISONIS, G. 1648)

Para alimentar e vestir a população dos latifúndios, garantir o transporte e mover os engenhos, algumas atividades subsidiarias floresceram, como a agricultura de subsistência e a criação de gado. Com a expansão canavieira, a atividade pecuarista foi se afastando das fazendas de cana e ocupando o sertão nordestino, contribuindo para interiorizar a colonização.

A velocidade do desenvolvimento da indústria açucareira fez com que o governo português fizesse uma busca das lavouras de cana-de-açúcar por todo o território brasileiro, gerando ocupação para a mão-de-obra indígena que detinha um perfeito

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conhecimento de região, então para eles era um serviço consideravelmente fácil. O começo da colonização se deu em pequenas comunidades e teve importante papel na especialização de mão-de-obra dos indígenas. Logo após foi introduzida a mão-de-obra dos escravos africanos, que contribuiu para a expansão da empresa, nessa etapa, os lucros com a produção açucareira já estavam assegurados.

Os holandeses invadiram o Brasil, primeiramente na Bahia, e fundaram a Companhia das Índias Ocidentais, que planejava a invasão das áreas produtoras de açúcar, mas fracassaram e organizaram um novo ataque, mas desta vez com uma esquadra altamente organizada conseguiram atacar e ocupar as terras pernambucanas durante vinte e quatro anos (1630 a 1654) (DOMINGI ES, J. e FIUSA, L., 1996, p.44) , foi quando se verificou uma ascendência na exportação do açúcar, pois após a conquista os holandeses procuraram recuperar rapidamente os gastos feitos com a invasão, desenvolvendo e melhorando a lavoura canavieira, por meio de auxilio financeiro aos senhores de engenho, o que permitiu o incremento de novas técnicas de produção e a instalação de novos engenhos. Enquanto estiveram no Brasil, eles adquiriram todo o conhecimento de técnicas e organizações da indústria açucareira, pois, era isso o que eles precisavam para implantar uma nova base industrial.

Enquanto a lavoura canavieira prosperava, a situação econômico-financeira de Portugal era de crise, agravava ainda mais com a dominação dos holandeses no Nordeste brasileiro.

2.4 0 Declínio da Atividade Açucareira no Brasil

Depois de serem expulsos, os holandeses aplicaram as técnicas da produção açucareira, aprendidas durante sua permanência no Brasil, nas ilhas antilhanas. A

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montagem de um sistema produtor concorrente determinou o declínio da economia açucareira brasileira a partir de, aproximadamente 1660.

No entanto, é importante salientar que este declínio não significou o desaparecimento da lavoura canavieira, pois durante todo o período colonial, o açúcar continuou a ser exportado para Portugal_

A desorganização da empresa agrícola nordestina e a perda do comércio oriental, somadas aos problemas internos de Portugal, recém-libertado da Espanha, acabaram por arrastar tanto a metrópole quanto a colônia para uma crise generalizada.

Na colônia a estagnação da economia açucareira levou grande parte dos colonos a se dedicar agricultura de subsistência e á pecuária. Afirma Celso Furtado: "... de sistema econômico de alta produtividade em meados do século XVII, o Nordeste foi se transformando progressivamente numa economia em que grande parte da população produzia apenas o necessário para subsistir".

(22)

CAPÍTULO

III

A Produção de Rapadura no Ceará

3.1 Histórico da Produção de Rapadura:

A fabricação de rapadura iniciou-se na Espanha, mais precisamente nas Ilhas Canária por volta do século XVI. O produto era levado para as terras colonizadas pela Espanha na América. A rapadura originou-se a partir da produção do açúcar, os produtores raspavam as crostas de açúcar que ficavam presas aos tachos utilizados na fabricação do açúcar, essa crosta resultava num mel que era colocado em formas parecidas com as de tijolos. A fabricação de rapadura se espalhou pelos engenhos produtores de açúcar existentes em toda a América, a rapadura tão somente considerada uma guloseima, mas sim, uma solução pratica para o transporte de alimento em pequena quantidade e individualizado, logo ganhou estigma de comida de pobre, e no passado era predominantemente consumida pelos escravos. Mesmo hoje, só eventualmente freqüentava as mesas mais fartas, sendo, portanto, um dos motivos de sua baixa comercialização. , Como o açúcar comumente umedecia e melava, o ladrilho de rapadura acompanhava o viajante que o carregava em sacolas, devido ser de fácil transporte e possibilitar prática acomodação, além de resistir durante meses às mudanças atmosféricas.

3.2 A Produção de Rapadura no Brasil

"No Brasil, os engenhos de rapadura existem desde o século XVII. Há registro da fabricação de rapadura em 1633 na região do Cariri no Ceará" (SEBRAE/CE, 2004), a rapadura tem importância fundamental na cultura alimentícia do Nordeste do Brasil. O consumo do produto no Brasil restringe-se a 1 kglhablano. Isto evidencia que antes de se

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pensar em exportar, os líderes responsáveis pelas entidades governamentais poderiam, antes de tudo, implementar um programa de elevação de consumo de tão importante produto.

Para isto é necessário que os produtores adotem medidas para conseguir um produto limpo nutritivo e higiênico.

A comercialização da rapadura é feita geralmente na própria unidade de produção e em cidades próximas, através de intermediários que a revendem, para negociação em feiras e mercearias de pequenas cidades do interior e supermercados das grandes cidades. Parte da produção é também comercializada em lojas de produtos naturais, restaurantes e, em pouquíssimos casos instituições governamentais.

Os produtores de rapadura operam no mercado onde ocorre uma baixa concorrência devido á pequena escala de produção — baixo investimento inicial — e perfil do consumidor regional, com baixa exigência de qualidade. Como um produto artesanal e de pequena escala, utiliza tecnologias simplificadas e de baixo custo, constituindo fator de competitividade o domínio do conhecimento do ponto de cozimento e processamento do produto, que são essenciais na durabilidade da rapadura e na sua comercialização.

Na tabela 1 é mostrada a produção de rapadura no periodo de 1995 a 1996 em todos os estados da Federação Brasileira, nela podemos constatar que o estado do Ceará foi o maior produtor de rapadura durante esse período.

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Tabela 1: Produção de Rapadura nos Estados Brasileiros entre os anos de 1995 e 1996

Rapadura

Estados Brasileiros Quantidade

Produzida Vendida

Rondônia 153 134

Acre 86 65

Amazonas 110 97

Roraima 31 29

Pará 296 245

Amapá 1 1

Tocantins 531 386

Maranhão 2332 2285

Piauí 5342 4830

Ceará 22041 20437

Rio Grande do Norte 2400 1859

Paraiba 6621 5966

Pernambuco 7238 6884

Magoas 308 296

Sergipe 20 18

Bahia 7231 5807

Minas Gerais 17004 12606

Espirito Santo 346 224

Rio de Janeiro 207 203

São Paulo 668 431

Paraná 541 421

Santa Catarina 281 58

Rio Grande do Sul 921 487

Mato Grosso do Sul 399 328

Mato Grosso do Sul 968 859

Goiás 3166 2473

Distrito Federal 25 24

FONTE: IBGE. Censo Agropecuário de 1995-96

(25)

A produção agrícola canavieira no Ceará sempre se destinou à fabricação de rapadura e aguardente, desde sua introdução. A parcela atualmente utilizada para a extração de sacarose, representa percentagem insignificante em relação ao total da tonelagem produzida no Estado.

Apesar de ser uma atividade que já tem aproximadamente 370 anos de existência, tem apenas 30 anos que a Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNP) do Ministério da Saúde nomeou a rapadura e a definiu como sendo "o produto obtido pela concentração a quente do caldo de cana-de-açúcar", essa definição está contida na resolução 12/35 de 1978.

Um produto para ser comercializado deve, em primeiro lugar esboçar a qualidade que possui, e em seguida os benefícios que irá proporcionar aos seus usuários. As qualidades nutritivas da rapadura nos mostram que esse produto é importante para fazer parte da cadeia alimentar do ser humano.

. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Brasil CENTEC - (2004) a rapadura é um alimento riquíssimo em calorias, chegando cada 100 gramas a ter 132 calorias. É um produto energético e de boa aceitabilidade, sendo recomendada como alimento essencial ao desenvolvimento humano por conter carboidratos, sais minerais, proteínas e vitaminas. A rapadura pode se enquadrar nas dietas saudáveis, por apresentar em sua composição elementos minerais fundamentais para uma nutrição balanceada. Ela fornece as calorias necessárias que o organismo exige, além de, apresentar uma grande vantagem em relação a outros alimentos industrializados que é o baixo custo. É um alimento bem tolerado por recém nascidos, porque ajuda a evitar a formação de gazes e previne a constipação, por apresentar ação laxante. O ferro contido na rapadura previne a anemia, e por ser facilmente assimilável, contribui para manter estável o

(26)

26 nível de hemoglobina, que é primordial no transporte de oxigênio para as células. O ferro também fortalece o sistema imunológico da criança e previne enfermidades do sistema respiratório e urinário; o magnésio fortalece o sistema nervoso infantil. O potássio é indispensável para uma boa atividade celular, mantém o equilíbrio ácido-base e combate a acidez excessiva; o cálcio contido na rapadura ajuda na formação de boa dentição, ossos mais fortes, assim como na prevenção de caries nas crianças, ajudando ainda a evitar enfermidades articulares, como osteoporose que se apresenta na fase adulta.

A tabela 2 discrimina o valor nutritivo da rapadura.

TABELA 2: Valor Nutritivo da Rapadura

Valor Nutritivo da Para cada 100g Rapadura

Carboidratos em g

Sacarose 72 a 78

Frutose Glucose

1,5a7 1,5 a 7 Minerais em mg

10a13 40 a 100

70 a 90 20 a 90 19 a 30 10a13 0,2 a 0,5 0,2 a 0,4 5,3 a 6 0,1 a 0,9 Vitaminas em mg

Provitamina A Vitamina A Vitamina B1 Vitamina B2 Vitamina B5 Vitamina B6 Vitamina C Vitamina D2

Vitamina E Vitamina PP

Diversos

Proteína em mg 280

Água em g 1,5 a 7

Calorias (cal) 312

Fonte: Laboratório do Instituo Ambroisse da França 2 3,8 0,01 0,06 0,01 0,01 7 6,5 111,3

7 Potássio

Cálcio Magnésio

Fósforo Sódio Ferro Manganês

Zinco Flúor Cobre

(27)

Ï

Por possuir todos esses beneficios e ainda ter baixo preço, pois os custos são baixos, a rapadura está sendo incluída na merenda escolar de alguns municípios brasileiros e a Administração Nacional do programa Brasileiro de Cestas Básicas inclui a rapadura como um dos seus itens, essas cestas básicas são distribuídas pelo Governo ás famílias pobres. A inclusão da rapadura na merenda escolar além de manter a qualidade nutritiva da refeição serve como fator estimulante e restaurador desta agroindústria

Portanto, de um modo geral a população infantil e adulta alimentada com rapadura não apresenta casos de glutonaria, que é uma palavra derivada da palavra gula que

"atém de deformar a organização física, é agente de males que sobrecarregam o corpo produzindo disfunções gastro-intestinais, dispepsias, acidez, ulcerações, alienando o homem que vive para comer, quando deveria, com equilíbrio, comer para viver"

(www.guia.heu.br), e fome, como sucede as dietas a base de açúcares refinados e farinhas brancas. As demais vitaminas são indispensáveis para o metabolismo humano.

A produção de rapadura no Nordeste é uma atividade secular. Hoje, essa produção se espalha em algumas áreas interioranas. Trata-se de um produto típico de pequenos e micro-produtores, sendo difícil encontrar dados mais detalhados, com base nos registros do IBGE para os anos de 1970, 1975 e 1980 podemos considerar que 60% da produção de rapadura nos anos de 1970, 1975 e 1980 foi na região Nordeste. É uma das atividades mais tradicionais de tal região.

A produção de rapadura é sazonal, executada no período de estiagem no Agreste e no Sertão, portanto a mão-de-obra é composta por assalariados eventuais, no entanto é uma atividade característica de agricultura familiar, na qual o gerenciamento é feito pela família, as decisões são ágeis, pequena ou nenhuma aversão ao risco, melhor preservação dos recursos naturais.

(28)

3.3 Processo de Produção da Rapadura

O processo de sua fabricação é muito simples, contém os seguintes passos:

• Colheita da cana-de-açúcar: é a época de corte da cana que deve ser cortada na quantidade a ser usada no período máximo de uma semana de intervalo entre o corte e a moagem.

• Limpeza: retirar a parte superior da cana que servirá para o replantio, alimentação para o gado, ou ainda para servir são colocados nas fornalhas para alimentar o fogo. Retirar as palhas secas e lavar com bastante água corrente para retirar as sujeiras nela contidas.

• Transporte: realizado em carros-de-boi, mulas, tratores ou caminhões, dependendo da região.

• Extração do caldo de cana: após a moagem da cana de açúcar através da prensagem na moenda é separada a garapa (caldo) do bagaço e levada para o primeiro tacho através de um cano de pvc, onde é realizada uma pré-limpeza que é a retirada, através de peneira, das sujeiras da garapa como bagacilho e palha. O pré- aquecimento é o inicio da fervura do caldo, que de forma lenta facilita a limpeza da garapa utilizando produtos como cal, mamona, solução de mutamba e branquite.

• Pré-concentração: com a garapa clarificada, faz-se a pré- concentração, com fervura constante e intensa, para evaporação da água da garapa, até atingir o ponto de mel, mexendo rápido. Em seguida o mel é remanejado de tacho em tacho até o último onde se

• Realiza a concentração final.

• Concentração final: é a etapa onde o mel é concentrado até atingir o

"ponto de rapadura" (temperatura de 110°c com 92° BRIX).

• Gamela de batimento: quando o . mel atinge o "ponto", o tacho (caldeira) é transferido e derramado numa grande gamela de madeira, mexido

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rápido e jogado nas laterais com uma espátula de madeira até o inicio da cristalização, o qual se dá quando o mel diminui de volume, ou seja, quando ocorre o que se chama "morte do mel".

• Enformagem: após o batimento, a rapadura, ainda em processo de cristalização, é colocada em fôrmas de madeira com formato e peso desejados ficando em local ventilado, por cerca de 1 (uma) hora para total resfriamento.

• Desenformagem, embalagem e armazenagem: após o resfriamento as rapaduras devem ser desenformadas sobre mesas e embaladas de acordo com a preferência do produtor. O armazenamento normalmente é feito sobre estrados de madeira, cobertos com lonas ou esteiras de palha.

O gráfico 1 do anexo A mostra as etapas da produção da rapadura.

Os equipamentos utilizados para produção de rapadura são:

• Engenho ou moenda conforme dimensões do produtor;

• Um motor elétrico trifásico;

• Uma fornalha artesanal;

• Um tanque de alvenaria azulejado com água encanada;

• Uma bomba para bombeamento da garapa (caldo), opcional;

• Tachos (caldeiras) de cobre ou ferro batido conforme a região, o número e o tamanho;

• Gamela grande de madeira, tamanho de acordo com o engenho;

• Gamelas pequenas (para batida);

• Formas de madeira (tamanho e fôrmas definidas pelo produtor);

• Mesas de madeira, grande (tamanho e altura definidos);

• Espátulas de madeira de vários tamanhos;

• Passador (cuia ou bacia furada presa numa vara);

• Peneiras;

• Cuias ou bacias para mexer o mel e a garapa (caldo);

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As dimensões dos diversos utensílios são dependentes do tamanho do engenho e da quantidade de cana nele trabalhada.

Para o total funcionamento dos engenhos, faz-se necessária a ocupação de pelo menos 15 pessoas. Essas pessoas ficam distribuídas nas seguintes funções: transporte da cana para a moenda (3 funcionários), moagem da cana (2 funcionários), transporte do bagaço (2 funcionários), limpeza (1 funcionário), operação com os tachos (1 funcionário), operação das fornalhas (1 funcionário), operação de batimento (2 funcionários), enformagem e estocamento da rapadura (1 funcionário), cozinha (1 funcionário) e por fim um administrador.O critério de escolha desses funcionários é a habilidade e experiência com o serviço, os salários variam entre um e dois salários mínimos. Podemos verificar que é uma atividade característica de regiões pobres, segundo professor Lemos, uma região é considerada pobre quando sua população é desprovida de saneamento básico, água potável, renda monetária, coleta de lixo e educação, e percebemos que o pessoal ocupado nessa atividade possui baixo nível de escolaridade. A grande maioria dos trabalhadores enquadra- se como analfabeto.

0 gráfico 2 do anexo B caracteriza a Cadeia Produtiva da rapadura, no qual os principais elos são:

• Produtores Rurais: que conduzem as atividades produtivas desde a preparação do solo até a obtenção dos produtos para a comercialização;

• Intermediários: iniciam os caminhos que serão percorridos pelos produtos, coletado diretamente nas propriedades rurais;

• Mercados dos Produtores: centro abastecido para o comercio;

• Supermercados: estabelecimentos que facilitam a comercialização;

• Agentes Governamentais: têm grande poder de barganha junto aos seus fornecedores por demandar grandes quantidades de produtos, como as rapaduras que estão sendo inseridos na merenda escolar e nas cestas básicas.

(31)

O processo de produção da rapadura é realizado em engenho, o que representa uma volta ao passado, precisamente do período Colonial caracterizado por um baixo nível tecnológico, onde o transporte da cana entre as plantações e o engenho era feito apenas no lombo do burro e a fonte de energia mais utilizada era a lenha. Alguns equipamentos ainda representam uma volta no tempo, como moendas, tanques, fornalhas, tachos, gamelas e formas. A diferença entre as moendas é que as de hoje são movidas a eletricidade.

Estes engenhos geralmente são passados de geração a geração existem a mais de cem anos e conservam algumas características originais e marcantes, embora a produção diária não justifique o atraso no qual ainda hoje vivem mergulhados.

As instalações desses engenhos são simples, não possuem paredes, o chão é batido de cimento, o aspecto é de um ambiente sem higienização básica, a maquinaria é bem rudimentar, as moendas são velhas e enferrujadas, a pequena incorporação de tecnologia tem levado a atividade de produção de rapadura a uma situação de semi- estagnação ou até mesmo de decadência. Como podemos ver nas figura 2 e 3 do apêndice A.

A comercialização é feita principalmente com a venda no varejo, 80% dos engenhos possuem bancas típicas de feiras para vender o produto no próprio local, a venda no atacado é feita para os atravessadores que comercializam o produto em feiras regionais, é característico de um mercado local, que aos poucos vai ganhando outros mercados tais como o estadual, o nacional e ate mesmo o estrangeiro.

Entende-se que é um produto artesanal que sempre terá seu mercado garantido e poderá até mesmo ser ampliado. Para isso é necessária a profissionalização dos fabricantes,

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dando maior importância aos fatores de qualidade e produtividade. Podemos também garantir o futuro dessa atividade através de um mercado institucional que precisa ser melhor utilizado pelos fabricantes e comerciantes, como o caso da merenda escolar já citado antes.

É um setor que tem seu desenvolvimento limitado por fatores relacionados a aspectos institucionais tais como: falhas de mercado, baixa tecnologia da produção, política tributaria, dentre outros. "A elaboração de políticas de desenvolvimento para este setor requer o entendimento do ambiente institucional subjacente e sua influencia nos mecanismos de governança das relações entre os agentes econômicos (relações contratuais, acertos informais, etc.)". (BNB, 2002,p. 28). 0 ambiente institucional estabelece as "regras do jogo", como por exemplo: o direito à propriedade, as leis e normas contratuais, a politica tributaria, os padrões de qualidade dos produtos.

Constata-se que, em toda a sua totalidade, à ausência quase que completa de políticas e regulamentações da atividade de produção de rapadura. "A atividade foi deixada à margem da atuação modernizante do Estado. Não existe aplicação de normas sanitárias, legislação trabalhista, entre outros" (BNB, 2002, p. 34). 0 setor também necessita de apoio do estado para formação de associações, obtenção de crédito e desenvolvimento de pesquisas e desenvolvimento tecnológico.

Os produtores são historicamente pulverizados e não têm mostrado um esforço maior em torno da organização de uma associação. A formação de associações ou cooperativas pode trazer melhorias na produtividade e na qualidade do produto. Dessa forma, a intervenção de instituições governamentais e não-governamentais como auxiliar

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no processo de organização desses produtos pode ser um fator de fundamental importância para a organização da produção.

O problema do financiamento da produção é, em geral, reclamado como de fundamental importância para produtores rurais, em especial os pequenos. No caso da rapadura, o financiamento pode ser importante para promover. melhoria nos padrões de higiene da infra-estrutura de produção e conseqüentemente, promover melhorias na qualidade do produto. Da mesma forma, no caso da produção associada a outras atividades, como o turismo rural, a demanda por financiamento pode ser maior.

Os bancos estatais, historicamente, são as instituições que concedem linhas de crédito para a produção. Um dos problemas que a agricultura enfrenta é a concorrência no que se refere às taxas de retornos de investimentos concorrentes, por ser a agricultura, e em especial a pequena produção, uma atividade de baixo retorno, a alocação de crédito destinado à produção agrícola no mercado financeiro é reduzida. Nesse sentido é de fundamental importância a alocação de linhas de crédito diferenciadas, com taxas de juros mais baixas, por exemplo, para alavancar o setor. É importante, no entanto, que o planejamento do desenvolvimento do setor tenha como objetivo a sua sustentabilidade financeira, os créditos e as formas de incentivo devem ser reduzidas na medida em que o setor desenvolve.

Os bancos oficias, operando na área, não têm linhas de financiamento para a cana-de-açúcar voltada para a produção de rapadura. Esta vem a se constituir em uma das maiores restrições para o funcionamento adequado da cadeia produtiva.

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O estabelecimento dos padrões mínimos de qualidade é uma política de fundamental importância para o desenvolvimento do setor de derivados da cana, do ponto de vista da comercialização da rapadura, as normas sanitárias básicas tornam esses produtos mais competitivos. No caso dos produtores que objetivam o mercado externo, os padrões a serem atingidos são os do mercado internacional que, de maneira geral são mais exigentes.

O estabelecimento de padrões superiores de qualidade e dominação de origem exige uma organização muito forte dos produtores. Especialmente porque os custos associados ao atendimento dos padrões de qualidade superiores são elevados. Assim, é comum que a conduta dos agentes econômicos não satisfaçam os padrões estabelecidos e tentam se beneficiar do selo de qualidade ou da denominação de origem. É importante, dessa forma, o estabelecimento de um mecanismo de exame e certificação dos padrões de qualidade dos produtores, ou seja, o mecanismo de governança das relações contratuais na cadeia produtiva deve ser definido em função das características dos indivíduos e do ambiente institucional. Assim, se os indivíduos mostrarem postura oportunista, o mecanismo de governança das relações contratuais deve ser mais restrito.

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CAPÍTULO 1V

A PRODUÇÃO DE RAPADURA EM PINDORETAMA

4.1 Esboço Histórico de Pindoretama

Pindoretama como grande parte dos municípios brasileiros surgiu à margem de uma estrada. Corriam os anos de 1876 e 1877 o governo imperial de D. Pedro II decidiu fazer a ligação telefônica entre Aracati e Fortaleza. Foi necessário fazer uma estrada para passar a linha telegráfica. No dia 17 de fevereiro de 1878, foi inaugurada a linha telefônica entre Aracati e Fortaleza. A estrada tinha uma extensão de 141.276 quilômetros e passava exatamente onde hoje é a Avenida Capitão Nogueira, avenida principal de Pindoretama.

Concluída a estrada algumas pessoas vieram construir suas casas, à margem dela. Assim, depois de dez anos Pindoretama já era um povoado pertencente ao município de Cascavel.

O município de Pindoretama esta localizado a 45 quilômetros da capital cearense, localizada na região fisiográfica do litoral leste do Estado. Pindoretama é um município pequeno, possui área de 75 quilômetros quadrados, com população estimada em 17.137 habitantes, segundo dados do IBGE para 2006, e é uma cidade do meio rural que pode ser considerada pobre, pois segundo Lemos (2005, apud HOON, SINGH &

WANMALI, 1997, p. 55):

"... para que um determinado grupo social seja considerado pobre, não precisa observar apenas seu patamar de renda per capita ou familiar, tampouco apenas seu padrão de dispêndio.

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36 Devem também ser consideradas variáveis como: o baixo nível educacional; falta de acesso á terra (no caso dos agricultores);

moradias inadequadas, tanto na dimensão como em termos dos materiais utilizados na sua construção, associados com a área e o numero de cômodos; falta de acesso a serviços básicos, como saneamento, água tratada, saúde publica dentre outros serviços;

esperança de vida ao nascer; taxa de mortalidade infantil; taxa de mortalidade de crianças com idade inferior a cinco anos; crianças com idade de até cinco anos com peso e estatura deficientes;

incidência de doenças infecto-contagiosas; falta de cobertura vacinal completa para as crianças."

4.2 Indicadores Sociais de Pindoretama

Em visita a Pindoretama, o autor pode perceber que em Pindoretama a grande maioria das casas são humildes, com poucos cômodos para dividir por vários familiares, as crianças são bem magras e desnutridas, e como podemos ver na tabela 3, que mostra o índice de exclusão social de Pindoretama, a população do município é altamente excluída dos serviços que são essenciais a sobrevivência digna de um ser humano.

TABELA 3: Índice de Exclusão Social de Pindoretama

IDH 0,66

(E) População Privagua 61,62 14951 71,65

Fonte: Lemos 2005.

Privsane 99,57

Privlixo 52,81

Priveduc 27,47

Privrend 79,66

Pib Per Capita (R$

de 2004) 3086,74

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Observa-se que Pindoretama tem índice de exclusão social de 61,62% e IDH 0,660. A população privada do acesso de água encanada em Pindoretama é de 71,65%, observa-se que 95,57% da população do município sobrevivem em domicilio que não dispõem de locais adequados para esconder os dejetos humanos. A população privada coleta seletiva de lixo é de 52,81%. A população menor de 10 anos analfabeta em Pindoretama representa 27,47% da população nessa faixa etária, observa-se ainda que 79,66% da população do município sobrevive em domicílios cuja renda total é de no máximo 2 salários mínimos. O Pib Per Capita de Pindoretama era de R$ 3086,74 em 2004, (Lemos, 2005)

"A posse da terra é representada basicamente por 750 minifúndios, 305 posseiros, 245 proprietários de pequenos sítios, chácaras e casas de campo" (HOLANDA, 2005, p. 8)

4.3 Indicadores da Produção de Pindoretama

O Banco Mundial entende que alcançar o desenvolvimento rural é melhorar as condições de vida da população rural através do aumento da produtividade e da renda dos pequenos proprietários, arrendatários e produtores sem terra (Costa, 1992)

Fazer com que os agricultores desenvolvam suas atividades como verdadeiros negócios, dando mais importância aos aspectos do mercado e a exigência do consumidor e Produzindo não apenas porque a terra é geradora dos produtos, mas sim por considerar as motivações do mercado.

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Pindoretama busca sobreviver economicamente através da valorização dos recursos e da produção local, incentivando as maneiras de produção constituídas historicamente que geram vantagens competitivas para Pindoretama.

O desenvolvimento local busca fugir do tradicionalismo utilizado, abrangendo todas as potencialidades, fragilidades e necessidades de um determinado espaço territorial (Carvalho, E. B., 2000). Desse modo para se ter desenvolvimento local deve-se observar as potencialidades de uma região e adotar estratégias de como utilizar toda a vocação de um local. Em Pindoretama sempre foi dado destaque a produção agrícola. A agricultura tem em si, importante papel no processo de desenvolvimento econômico ao cumprir algumas funções, formando um setor estratégico para o crescimento ao provocar fortes efeitos de encadeamento no restante da economia.

Como já foi visto antes, podemos destacar em Pindoretama alguns produtos agrícolas, da lavoura temporária: bata-doce, feijão, mandioca, milho e a cana-de-açúcar. A tabela 4 nos mostra que durante o período de tempo que vai de 1996 a 2005 a Cana-de- açúcar foi o produto de maior produtividade para o município:

TABELA 4: Quantidade produzida da lavoura temporária de Pindoretama.

Período 1996-2005 em toneladas.

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Batata Doce 110 120 122 130 136 195 - 185 201 192

Cana-de-

açúcar 31.140 35.000 42.000 42.000 42.000 42.000 42.000 42.000 41.000 43.000

Feijão 31 40 40 47 57 70 105 125 119 109

Mandioca 2.320 672 672 1.680 900 2.400 600 2.400 600 2.520

Milho 13 16 6 30 40 45 54 60 37 51

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Fonte: IBGE, produção Agrícola Municipal.

A alta produtividade da cana-de-açúcar comparada aos demais produtos faz com que essa atividade seja bastante rentável para Pindoretama como podemos ver na tabela 5.

TABELA 5: Rendimento médio da produção por lavoura temporária 1996-2005 em reais

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Batata Doce 6.111 6.000 6.100 6.190 6.181 6.500 - 6.607 6.700 6.000

Cana-de-

açúcar 47.181 50.000 42.000 42.000 42.000 42.000 42.000 42.000 41.000 43.000

Feijão 442 281 444 408 316 264 350 357 313 369

Mandioca 8.315 5.600 5.600 5.600 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000

Milho 433 400 150 600 571 600 600 600 308 255

Fonte: IBGE, produção agrícola municipa

Portanto, a opção que parece ser mais viável para o desenvolvimento local de Pindoretama é priorizar atividades que estejam diretamente ligadas ao cultivo da cana-de- açúcar. Pindoretama especializou-se na produção de rapadura. Atividade esta que apesar de parecer atrasada, pode ser melhorada e inserida de forma diferente no mercado.

Pindoretama conta hoje com um conjunto de 43 engenhos especializados na produção de rapadura e seus derivados, gerando cerca de 645 empregos diretos ou indiretos, que é uma quantidade bastante representativa levando-se em consideração a densidade demográfica de Pindoretama.

Em sua grande maioria os engenhos se concretizam em bases antigas e sujas, não se verifica presença de higienização básica, nos mostra que se trata de uma atividade marcada pelo tradicionalismo e pelo uso de práticas muito parecidas com as prevalecentes na época colonial, os engenhos em atividade são em sua esmagadora maioria unidades com vários anos de existência, alguns deles tem varias gerações.

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Embora mais recentemente, podemos encontrar em Pindoretama, engenhos que possuem rastros de modernização, esses engenhos ficam localizados a margem da estrada, que é um ponto estratégico, pois tal estrada é passagem obrigatória para as praias do litoral leste do Ceará, portanto são bastante movimentados. Neles encontramos uma diversidade de produtos, estrutura arquitetônica moderna como podemos ver nas figuras do anexo D, investimento em higienização e design das casas de farinha, embalagens diferenciadas, observamos através das figuras do apêndice B podemos ver os atrativos desses engenhos, e também investimento em atividades relacionadas tais como: as casas de farinha ficam em funcionamento para que os consumidores possam ver como são produzidos os produtos;

comércio de produtos artesanais, passeios ecológicos, atividades bastante atraentes para os turistas que diariamente visitam os engenhos. Na figura 6 do apêndice C podemos ver a fabricação de rapadura aberta ao publico para chamar a atenção dos turistas.

Dessa forma, tornou-se impossível para quem deseja conhecer Pindoretama, não visitar estes engenhos e provar de suas apreciadas guloseimas.

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CAPÍTULO V RESULTADOS

5.1 Desenvolvimento Econômico de Pindoretama

Foi, indubitavelmente, a transformação da exploração canavieira em rapadura que trouxe o crescimento econômico de Pindoretama, embora o desenvolvimento econômico em si não é possível através apenas do crescimento de uma atividade econômica, pois o crescimento é fundamental para que exista desenvolvimento mas não é suficiente, para que exista desenvolvimento para o município de Pindoretama se faz necessários uma melhoria no bem estar da sociedade, e podemos verificar através do índice de exclusão social de Pindoretama que os pindoretamenses, são desprovidos de dignidade.

Vemos, portanto, que melhorada a qualidade de vida da população, a atividade de produção de rapadura pode alavancar melhorias consideráveis para as pessoas que estão envolvidas nesse processo, e ate mesmo para todo o município.

Em Pindoretama já são desenvolvidas ações para introduzir na produção de tecnologias relacionadas com o manejo do solo, produção e uso do adubo orgânico, uso de melhores e adequadas sementes, uso de irrigação e de meios orgânicos de proteção as lavouras e seus produtos, segundo dados da Prefeitura Municipal. Essas medidas fazem com que a sazonalidade da cana-de-açúcar não afete muito a produção de rapadura, pois com as tecnologias utilizadas no cultivo da cana os agricultores conseguem colher cana suficiente para produzir rapadura durante todo o ano.

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5.2 Produtividade Média da Produção de Rapadura

Conforme observado pela evolução da industria da rapadura na cidade de Pindoretama, a crescente produção de cana-de-açúcar destinam-se em sua totalidade aos engenhos de produção de rapadura e seus derivados. Em visita a alguns engenhos de Pindoretama, podemos constatas que a produção varia em torno de uma média de 100.000 (cem mil) quilogramas de rapadura por més. O gráfico 3 do anexo C mostra os custos com a produção de rapadura. .

Para acharmos o custo de 1 kg de rapadura produzida pelo produtor rural (R$

0,59), somamos os custos de produção da cana (R$ 0,37) mais os custos de produção da rapadura (R$ 0,22), este último representando 6% do produto final. Na produção da cana foram alocados R$ 0,09 em serviços, R$ 0,13 em insumos e R$ 0,15 na compra de equipamentos, em sua maioria equipamentos individuais de proteção, totalizando 9 % do produto final. O produtor agregou R$0,41 ao seu custo de produção, representando 10 % do produto final e um lucro de 41 %, totalizando R$ 1,00 correspondente ao preço de venda repassado ao intermediário.

Portanto, percebemos que os produtores poderiam auferir lucros mensais elevadíssimos, se não fosse a falta de organização da grande maioria dos engenhos da cidade, pois dos 43 engenhos existentes, verificam-se que apenas dois fazem investimentos em inovação.

Como já foi citado, a estrutura do engenho é bastante parecida com os da época da colonização, se divide em: uma casa onde moram os donos dos engenhos e seus familiares, um engenho; e as enormes plantações de cana, foram mantidas inclusive as características das moendas, que só diferem, pois as da colonização tinham tração a base de

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água, animais ou até mesmo escravos, e as de hoje trabalham com energia elétrica, agilizando, facilitando e poupando o trabalho. Podemos ver as figuras 4 e 5 apêndice B que comparam os engenhos da época da colonização e os de hoje, localizados em Pindoretama.

A organização do trabalho é dividida entre funcionários que se ocupam nas tarefas mais árduas, que são: plantio, colheita, limpeza, transporte, extração do caldo de cana, pré-concentração, concentração final, gamela de batimento, enformagem, desenformagem, e entre familiares dos donos dos engenhos, caracterizando a produção de rapadura como uma atividade familiar, esses parentes se encarregam da parte de embalagem, exposição para vendas no próprio engenho ou armazenagem e na própria venda em lojas ou barracas localizadas no próprio engenho.

Sobre a remuneração dos empregados dos engenhos pode-se relatar o que gira entre um ou dois salários mínimos, dependendo da função de seus membros. A maioria dos trabalhadores não possui carteira de trabalho assinada

Com a evolução e divulgação dos direitos trabalhistas, alguns trabalhadores reclamam suas conquistas ofendidas pelos seus patrões, que lhes negam a carteira assinada e seus beneficios, como auxilio transporte, saúde, férias e outros.

Um outro aspecto negativo observado no setor é o descaso para com a higienização no processo de produção de rapadura. O ambiente fisico, em geral, é insalubre, e carece de cuidados quanto ao aspecto sanitário. O fator higiene é ressaltado pela qualidade do produto, considerando que as evoluções e peculiaridades sempre depende de todo um processo. Notamos que a falta de vigilância sanitária no interior do Estado, faz com que ocorra um relapso envolvimento na questão da higienização das casas de cana.

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É um segmento marcado por uma total falta de organização e muita informalidade, e esse elevado nível de informalidade está dificultando o acesso ao crédito bancário ou mesmo a programas governamentais.

A comercialização do produto é feita principalmente na forma de varejo, seguida da venda no atacado. Em relação ao destino, as vendas se distribuem principalmente no mercado local, depois o mercado estadual, em seguida o mercado nacional.

Dentre os engenhos visitados podemos constatar que os que se localizam as margens da CE 040, vem cada vez mais investindo em tecnologia e marketing, no que se refere a diversificação dos produtos (rapaduras com sabores variados por exemplo), figura 12 apêndice G, as embalagens dos produtos, figura 13 apêndice G,deixam os produtos em exposição como na figura 14 apêndice H, a estrutura fisica dos engenhos, figuras: 7 e 8 do apêndice D, figura 9 e 10 do apêndice E, e tem mostrado que com essas modificações o segmento pode vir a ganhar fôlego, atraem os turistas, desenvolvendo o turismo da cidade e superam todas as dificuldades, pois esses engenhos tem gerado lucros elevados para seus donos, o que está possibilitando a esses terem uma melhora considerável no padrão de vida, casas e carros luxuosos, filhos fazendo faculdade na capital, construção de prédios modernos no centro da cidade, o que vem contribuindo com o desenvolvimento do município.

A inclusão da rapadura na merenda escolar das escolas públicas é uma boa oportunidade para os produtores da rapadura de Pindoretama, pois a Prefeitura fechou acordo com a Prefeitura de Fortaleza para fornecer rapadura, o que possibilitará apoio para os produtores.

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A prefeitura de Pindoretama fez em 2006 uma festa chamada Pindorecana, que teve total apoio do SEBRAE/CE e da secretaria do Turismo e da Cultura do Estado, onde foi exibida a maior rapadura do mundo (ver FIGURA 15, apêndice I), que foi produzida em Pindoretama em protesto a patente que uma empresa Alemã faria da Rapadura, o protesto era por que eles não poderiam permitir que um produto típico do Brasil fosse patenteado por uma empresa estrangeira, e também para estimular ainda mais a produção regional e aproveitar o potencial turístico da cidade, essa rapadura está em exposição no município no engenho Casa Grande.

O Sebrae/ CE faz parte desse projeto de revitalização da cultura canavieira, com açôes como a identificação de uma vocação econômica que pudesse ser explorada, também, pela cadeia produtiva do turismo, misturando agronegócio, artesanato e a gastronomia, que passa a ter incentivo com a utilização dos produtos derivados da cana-de- açúcar, como diferencial dos pratos da cozinha local.

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CAPÌTULO VI CONCLUSÕES

Considerando os dados e as análises realizadas, constatou-se que para o desenvolvimento de atividade de base local, em nível de pequenos municípios, tais como Pindoretama, capaz de ter uma produção agrícola que desenvolve emprego e renda, seria necessária uma reprogramação das formas de tratamento dessa atividade. De maneira moderna, com uma organização eficiente e tecnologia adequada para aproveitar todas as potencialidades da atividade de produção de rapadura em Pindoretama.

Para que o desenvolvimento aconteça, foi observado que é necessários uma infra-estrutura social e políticas de saneamento, habitação, saúde e educação para o município.

E para que a produção de rapadura ganhe fôlego e se torne uma atividade altamente lucrativa para todos, é necessário uma maior organização dos produtores para otimizar a produção e a comercialização.

A operação de pequenas unidades de produção, como são os engenhos, isoladamente, retira qualquer condição de auferir ganhos decorrentes de maior poder de barganha na comercialização. A constituição de associações não só é essencial para permitir maior e melhor relacionamento com o setor publico, ampliando o poder reivindicatório para as mudanças requeridas, como já destacado, como para ter um maior controle do mercado. Este maior controle do mercado deve vir acoplado á melhoria da comercialização, incluindo a adoção de praticas como a rotulação, o uso de embalagens higiênicas que não só melhoram a qualidade dos produtos, como retardam a deterioração dos mesmos.

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A produção de rapadura em Pindoretama terá que superar alguns obstáculos.

Aqui podem citados fatores como a qualidade do produto, a sua padronização, o elevado grau de pureza e de higienização requeridos pelo mercado consumidor, contatos comerciais, marketing. Também a ajuda do governo a pequenos produtores é indispensável, pois a produção de rapadura requer uso de tecnologias que precisa de muitos investimentos e para cobrir os custos requer crédito. Essas melhorias dependem de certa forma das ações e incentivos fiscais dos órgãos públicos.

Em Pindoretama encontram-se diversos engenhos produtores de rapadura, dando destaque aos que são localizados a margem da estrada, que fizeram investimentos em melhorias nos aspectos relacionados a estrutura fisica, a higienização, a comercialização, e a atrativos para os consumidores.

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