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O papel da Secretaria de Educação na formação do cidadão do município de Currais Novos/RN: projeto de intervenção, uma proposta de sensibilização cidadã do povo currais-novense a partir da contribuição da Igreja Católica

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

JOSÉ MARCOS DE MEDEIROS DANTAS

O PAPEL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS/RN

Projeto de intervenção: uma proposta de sensibilização cidadã do povo currais-novense a partir da contribuição da Igreja Católica

Currais Novos/RN 2017

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JOSÉ MARCOS DE MEDEIROS DANTAS

O PAPEL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS/RN

Projeto de intervenção: uma proposta de sensibilização cidadã do povo currais-novense a partir da contribuição da Igreja Católica

Projeto de intervenção apresentado ao Curso de Especialização em Administração Pública da Universidade Federal do Rio Grande, campus Currais Novos, para obtenção do título de Especialista.

Orientadora: Profª. Mestre Kelsiane de Medeiros Lima

Currais Novos/RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN –

Biblioteca Setorial do Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES Currais Novos Dantas, Jose Marcos de Medeiros.

O papel da secretaria de educação na formação do cidadão do município de Currais Novos/RN / Jose Marcos de Medeiros Dantas. - Currais Novos, 2017.

50f.: il. color.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ensino Superior do Seridó, Curso de Especialização de Administração Pública.

Orientador: Prof. Ma. Kelsiane de Medeiros Lima.

1. Cidadania - Monografia. 2. Política - Monografia. 3. Ética; Educação - Monografia. I. Lima, Kelsiane de Medeiros. II. Título. RN/UF/BSCN CDU 35

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TERMO DE INSENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizeram necessários, que assumo total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, a Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral:

Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º, consignam, respectivamente:

§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no país, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio integral ou parcial do trabalho.

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RESUMO

A cidadania é o centro da nossa discussão epistemológica. Nosso projeto tem como fim de intervenção o cidadão e como meio de execução a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes (SEMEC) com a contribuição da Igreja Católica para despertar nele a sua identidade cívica. Para isso delimitamos como área de pesquisa o município de Currais Novos, Estado do Rio Grande do Norte. Nossa problemática parte da crise política enfrentada na atualidade. Diante da instabilidade política surge uma acomodação ou apatia do cidadão em relação ao processo político vigente. Neste interim, sobrevem a indagação: como formar uma consciência cidadã a partir da parceria do poder público e da Igreja? Para respondermos esta questão, escolhemos como objetivo geral propor ao cidadão que ao capacitar-se, ele pode ser um agente proativo no exercício da cidadania e como objetivos específicos: identificar as deficiências formativas de cidadania no referente a história política municipal; definir os caminhos para a solução dos problemas identificados; e realizar a formação do cidadão currais-novense a respeito de seus direitos e deveres fundamentais. A metodologia adotada foi a qualitativa com cunho histórico-documental. Como resultado educar o maior número possível de cidadãos a respeito do exercício da cidadania. Para isso embasamos o estudo em vários teóricos tendo em vista contribuirmos para compreensão do termo cidadania e seus dos princípios éticos. Enfim, esperamos que esta pesquisa ajude a despertarmos o interesse pelo exercício da cidadania e que não apenas a Secretaria de Educação e a Igreja Católica, mas outras instituições possam também colaborar para a formação de uma sociedade mais justa e consciente de seus direitos e deveres.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 06 2. OBJETIVOS 07 2.1 OBJETIVO GERAL 07 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 07 3. METODOLOGIA 08 3.1 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO 08 3.1.1 Denominação da Instituição 08

3.1.2 Natureza jurídica/forma de atuação 08

3.1.3 Pequeno histórico da organização 09

3.1.4 Descrição da natureza atual e as atividades da organização 10

3.1.5 Força de Trabalho 11 3.1.6 Missão/Visão/Valores 12 3.1.7 Produtos/Serviços 12 3.1.8 Clientes/Usuários 13 3.1.9 Estrutura Organizacional 14 3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 14 3.3 POPULAÇÃO 15 3.4 INSTRUMENTO DE COLETA 15

4. O MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS E SUA FORMAÇÃO POLÍTICA 16 5 A FORMAÇÃO DA CIDADANIA DO POVO CURRAIS-NOVENSE 19

5.1 O QUE É CIDADANIA? 19

5.2 QUAIS OS PRINCÍPIOS JURÍDICOS-CONSTITUCIONAIS QUE REGEM A

CIDADANIA 22

5.3 COMO ACONTECEU A FORMAÇÃO CIDADÃ DO POVO DE CURRAIS

NOVOS 26

5.4 EXISTE UMA CRISE DE CIDADANIA HOJE? 29

6 O PAPEL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DA

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7 A IGREJA CATÓLICA E A CONTRIBUIÇÃO ÉTICO-CIDADÃ NO MUNICÍPIO

DE CURRAIS NOVOS 33

7.1 QUAIS OS FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ? 35

7.2 A FÉ PODE ILUMINAR A DIMENSÃO POLÍTICA? 38

7.3 COMO FORMAR UMA CONSCIÊNCIA CIDADÃ A PARTIR DA DOUTRINA DA

IGREJA? 40

8 ANÁLISE SWOT 42

9 PROCESSO DE AVALIAÇÃO 43

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

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1. INTRODUÇÃO

Ser protagonista da ação política resgatando a essência da cidadania tal e qual na antiga Grécia, eis o nosso intuito. A partir deste pensamento, escolhemos como tema central “O papel da Secretaria de Educação na formação do cidadão do município de Currais Novos”.

A provocação que levou ao problema desta pesquisa foi a atual crise política. A falta de novas lideranças e a descrença por muitos representantes políticos geram na massa cidadã uma apatia em relação ao uso dos seus direitos fundamentais. Mas porque muitos cidadãos ficam apáticos diante das exigências do mundo pós-moderno? Será que não há nos cidadãos de hoje uma falta de esclarecimento a respeito do que é cidadania?

Para clarearmos esta compreensão, delimitamos como público alvo o cidadão currais-novense. Ao fazermos uma recente leitura da política, constatamos a necessidade de formação e esclarecimento da população local sobre o exercício da sua cidadania. A carência de informação das pessoas a respeito do conhecimento de seus direitos e deveres como cidadãos possibilita um sistema político fácil de ser corrompido. Este fato é mais veemente em áreas de periferia onde em vésperas de campanhas eleitorais ainda encontramos o chamado voto de troca de favores. Para combater tais adversidades, faz-se necessário a conscientização de uma identidade cidadã, proposta nesse estudo. Por isso, nossa problemática norteou-se em torno de duas perguntas fundamentais: Em um Estado laico, como formar uma consciência cidadã a partir da contribuição do âmbito eclesial? Como formar uma consciência cidadã a partir da parceria do poder público e da Igreja?

Esta contribuição do Setor Público e da Igreja é fundamental para ajudar os membros da sociedade a desenvolverem no âmbito educacional um despertar para o bom exercício da cidadania. Em nosso referencial teórico iremos propor caminhos para isto e mergulharemos sistematicamente na história política municipal para entendermos como aconteceu a evolução participativa do cidadão em Currais Novos/RN. E a partir dos teóricos tentaremos expor o real sentido do termo

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cidadania, bem como, os princípios éticos que conduzem o cidadão ao reto uso de seus direitos fundamentais e de seus deveres.

O Estado sendo o espaço político para o exercício da cidadania não pode delimitar-se a satisfazer os interesses de grupos, mas preservar pela organização do todo as garantias e as condições para que os cidadãos tenham uma vida digna. É neste ínterim, que desenvolveremos nossos objetivos geral e específicos sempre externando a importância do ser cidadão e a necessidade do despertar deste para uma consciência política livre e responsável.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Propor ao cidadão que ao capacitar-se, ele pode ser um agente pró ativo no exercício da cidadania.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar as deficiências formativas de cidadania a partir da história política; b) Definir os caminhos para a solução dos problemas identificados;

c) Realizar a formação do cidadão currais-novense a respeito de seus direitos e deveres fundamentais.

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3. METODOLOGIA

O intuito desta pesquisa é propor um projeto de intervenção no município de Currais Novos/RN a respeito da implementação formativa do conhecimento cidadão a partir da parceria entre o Setor Público e a Igreja Católica.

Em uma realidade de crise política percebemos por parte do cidadão uma apatia diante da luta pelos seus direitos fundamentais. Neste ínterim, escolhemos para o perfil da pesquisa a Secretaria Municipal de Educação e Cultura do município de Currais Novos/RN. Vamos, agora, conhecer um pouco o perfil desta instituição pública tão importante para a formação do povo currais-novense.

3.1 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO

3.1.1 1Denominação da instituição:

Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes

3.1.2 Natureza jurídica / forma de atuação:

A Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Currais Novos/RN, tem sua sede na Rua Vereador José Sales Sobrinho, nº 70, Bairro Coronel Manoel Salustino, Currais Novos/RN, com CNPJ/MF sob o nº 08.470.486/0001-33 de 28/07/1998. É um órgão público do Poder Executivo Municipal.

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3.1.3 Pequeno histórico da organização:

A criação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura do município de Currais Novos/RN data de 15.03.1974 através do Decreto municipal nº 34, durante a Administração do Prefeito Bitamar Bezerra Barreto, sendo sua primeira secretária Maria das Dores Nascimento. Antes da criação existia do Departamento Municipal de Educação e Cultura que teve os seguintes diretores: Joabel Rodrigues de Souza (14.03.1969 a 10.10.1972); Teresinha Anália Batista (11.10.1972 a 22.04.1973); Jaci Macêdo e Silva (23.04.1973 a 10.05.1973) e Maria das Dores Nascimento (11.05.1973 até sua nomeação como secretária em 15.03.1974)1.

Eis a lista dos Secretários Municipais de Educação e Cultura do Município de Currais Novos/RN desde a sua criação:

1º) Maria das Dores Nascimento (15.031974 a 29.09.1974); 2º) Maria das Dores Sales de Lima (30.09.1974 a 16.03.1975); 3º) Dermi Azevedo (17.03.1975 a 27.10.1975);

4º) Maria Pereira Porto (18.05.1976 a 05.04.1981);

5º) Dalvani Félix de Medeiros (06.04.1981 a 15.11.1982); 6º) Hilda Pereira dos Santos (16.11.1982 a 31.01.1983); 7º) Francisco Cândido de Souza (15.03.1983 a 10.04.1984);

8º) Humberto Gama de Carvalho Júnior (11.04.1984 a 30. 01.1987); 9º) Francisco Cândido de Souza (31.01.1987 a 14.09.1988);

10º) Raimundo Marinho da Silva (15.09.1988 a 15.11.1988); 11º) Francisco Cândido de Souza (16.11.1988 a 13.12.1988);

12º) Maria Dalva Caldas Marinho da Silva (02.01.1989 a 31.12.1992); 13º) Maria das Dores do Nascimento (01.01.1993 a 31.12.1996); 14º) Maria Dalva Caldas Marinho da Silva (01.01.1997 a 31.12.2000); 15º) Hilda Pereira dos Santos (01.01.2001 a 31.12.2004);

16º) Paula Francinete de Araújo (01.01.2005 a 31.12.2008); 17º) Márcia Maria Barbosa (01.01.2009 a 31.05.2010);

18º) Elisângela Alves da Silva Dantas (01.06.2010 a 31.12.2012); 19º) Maria Aparecida Medeiros (01.01.2013 a 31.12.2016);

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20º) Jorian Pereira dos Santos (Desde 01.01.2017).

Atualmente a SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura) gerencia 11 Escolas, 04 Creches independentes, e 01 Centro de Reabilitação Infantil, sendo este último com a parceria das Secretarias de Saúde e Assistência Social.

3.1.4 Descrição da natureza atual e as atividades da organização:

Quanto as atividades e a descrição da natureza da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, esta tem como finalidade primordial gerir as políticas públicas educacionais da rede municipal. Dentre suas atividades, destacam-se: a realização de programas governamentais como o “Mais Educação”; Projeto de Iniciação ao Atletismo; oficinas de Poesia e Seminários de formação Pró-IFRN; bem como, o Programa de estagiários em parceria com a UFRN.

Na capacitação dos profissionais do ensino encontramos: o projeto de Apoio ao Professor, o CAQUE (Ciclo de Aprendizagem de qualificação de Emprego); oficinas de Matemática sobre materiais didáticos alternativos; encontro de Formação e Mediadores de Leitura e o Curso de Eficiência Energética. A Secretaria ainda é assistida por outros programas do MEC, tais como: Brasil Profissionalizado; Caminho da Escola; Educação Digital; Escola Acessível; Mobiliário Escolar; PDDE (Programa de Dinheiro Direto na Escola); PDE- Escola (Plano de Desenvolvimento da Escola); PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar); PNATE (Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar); PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola); PNLD (Programa Nacional do Livro Didático); Quadras Escolares; SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e Salas de Recursos Multifuncionais2.

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3.1.5 Força de trabalho:

O quadro funcional da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte, do município de Currais Novos/RN é formado pelo corpo administrativo composto pelo Secretário Municipal de Educação, pelo Secretário adjunto e por 27 servidores: 01 Subcoordenador Administrativo, 02 Subcoordenadores Administrativos readaptados, 04 Servidores no Departamento de Assistência ao Educando, 03 Servidores no Departamento de Inspeção Escolar, 02 Subcoordenadores de Esporte, 02 Assessores Gerais, 01 Assessor de Transporte, 01 Assessor de Finanças e 01 Assessor de Infraestrutura, e 10 Subcoordenadores de Ensino.

Tabela 1. Pessoal por categoria funcional

Categoria Funcional Quantitativo 2016 % Secretaria Geral 01 3,45 Coordenadoria Geral 01 3,45 Subcoordenadoria Administrativa 03 10,34 Assessoria Geral 02 6,90 Assessoria de Transporte 01 3,45 Assessoria de Finanças 01 3,45 Assessoria de Infraestrutura 01 3,45 Departamento de Assistência ao Educando 04 13,79 Departamento de Inspeção Escolar 03 10,34 Subcoordenadoria de Esporte 02 6,90 Subcoordenadoria de Ensino 10 34,48 Total 29 100,0

Fonte: SEMEC Currais Novos/RN

Além dos servidores, a organização em sua estrutura conta com colaboradores terceirizados e alguns estagiários, como mostra a tabela a seguir:

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Tabela 2. Colaboradores terceirizados e estagiários

Categoria Funcional Quantitativo 2016

%

Assistente de Serviços Gerais 01 20,0

Recepcionista 01 20,0

Estagiários 03 60,0

Total 05 100,0

Fonte: SEMEC Currais Novos/RN

3.1.6 Missão / visão / valores:

Em construção através do PES (Programa Estratégico de Secretarias) do Ministério da Educação

3.1.7 Produtos / serviços:

Tabela 3- Principais produtos ou serviços gerados pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes do município de Currais Novos/RN

Partes interessadas

Produtos e serviços

Cidadão-usuário Atendimento diário para que a população possa fazer pesquisas, sugestões e reclamações

Sociedade Gerir políticas educacionais voltadas para a população menos favorecida

Órgãos Financeiros Prefeitura Municipal de Currais Novos/RN

Colaboradores-usuários

Capacitação através de fórum, cursos, encontros, treinamentos e congressos, alimentação e transporte.

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3.1.8 Clientes / usuários:

Tabela 4 – Usuários da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte do Município de Currais Novos-RN – breve descrição

Principais usuários Descrição

Cidadão-usuário - Diretores, Professores, pedagogos, profissionais da educação, alunos e a população em geral. Colaboradores/usuários - Servidores - Funcionários Terceirizados - Estagiários Fornecedores e Parceiros

- Fornecedores de combustível, material gráfico, matéria de limpeza e higienização; alimentação e merenda escolar, empresas de telecomunicações, COSERN E CAERN, prestação de serviços de hospedagem, material de construção, manutenção de veículos, locação de palco e som, contratação de serviços de iluminação para eventos, serviço de publicidade e manutenção de computadores e softwares.

Órgãos Financiadores - Prefeitura Municipal de Currais Novos/RN Sociedade - Profissionais da educação, pais e alunos Fonte: SEMEC Currais Novos-RN

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3.1.9 Estrutura Organizacional

O organograma da SEMEC (Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes) do município de Currais Novos/RN tem sua estrutura funcional a seguinte caracterização:

Fonte: SEMEC Currais Novos/RN

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Através do método bibliográfico e histórico-documental procuramos desenvolver nosso estudo por intermédio da análise qualitativa. Para isso foram analisados os dados da evolução histórica da política do município de Currais Novos/RN, tendo em vista compreendermos o pensamento do cidadão em diferentes épocas até chegarmos a realidade atual. Estes dados foram relevantes para termos um diagnóstico a respeito de como era exercida a cidadania em tempos passados e como o cidadão se comporta no hoje. Isso exigiu da pesquisa não apenas focar-se na área de atuação, isto é, no município de Currais Novos/RN, mas também, olharmos para o contexto político geral do país em cada momento da história, pois tudo aquilo que era vivenciado no município, era fruto de toda uma conjuntura de ideias e ações provenientes do governo nacional.

GABINETE DO SECRETÁRIO COORDENADORIA GERAL SUBCOORDENADORIA ADMINISTRATIVA SUBCOORDENADORIA DE ENSINO DEPARTAMENTO DE INSPEÇÃO ESCOLAR EDUCAÇÃO INFANTIL DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA AO EDUCANDO SERVIÇO DE FORMAÇÃO CONTINUADA SUBCOORDENAÇÃO DE ESPORTES E LAZER ESTÁDIO CEL. JOSÉ BEZERRA

EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL

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Nosso cronograma seguiu o seguinte programa de estudo:

Cronograma do Projeto de Intervenção/ Ano: 2017

Mês Atividades

Abril Escolha do Tema geral, problemática, objetivos geral e específicos e acompanhamento com o orientador

Maio Elaboração do referencial teórico, seleção do material de pesquisa e coleta de dados e acompanhamento junto ao orientador

Junho Desenvolvimento do referencial teórico e acompanhamento junto ao orientador

Julho/ Agosto

Conclusão e entrega do material

3.3 POPULAÇÃO

O público alvo é o cidadão de Currais Novos/RN. Atualmente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)3 de maio de 2017 a

população estimada do município é de 45.228 mil habitantes. Destes, são eleitores 32.624, sendo 17.356 mulheres e 15.265 homens4.

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA

Os dados documentais foram coletados da internet através de artigos científicos, monografias, informações nos websites do IBGE, TRE e de algumas Universidades, bem como de acervos bibliográficos e visita in loco.

3 Fonte: www.ibge.gov.br/cidades

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4. O MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS E SUA FORMAÇÃO POLÍTICA

A meta desta pesquisa está norteada em torno do despertar de uma conscientização a partir do uso da cidadania do povo currais-novense.

O cenário institucional escolhido foi a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Currais Novos/RN. É missão dela não apenas gerir a educação do município, mas também, prezar pelo bem comum, e conduzir as pessoas ao bom uso dos valores éticos-morais e de sua cidadania.

Mas será que todos compreendem o que é cidadania? É o que averiguaremos mais adiante. Nosso intuito é a partir da SEMEC e da parceria da Igreja, propormos a sociedade um espaço de formação de conscientização cidadã do povo de Currais Novos/RN. A Constituição Federal de 1988 no seu art. 5º diz: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 2017, p. 9). Esta igualdade de direitos nem sempre se concretiza na prática em razão da falta de conhecimento de muitos sobre o autêntico sentido da cidadania. Antes de adentrarmos na fundamentação teórica dos princípios éticos que levam ao bom uso da cidadania, vamos conhecer um pouco da história política municipal.

A Cidade de Currais Novos/RN “teve sua implantação através da Lei nº 486, de 29 de novembro de 1920, sancionada pelo Governador Antônio José de Melo e Souza. Na época, a população era de 14.000 habitantes” (SOUZA ,2008, p. 108 apud DANTAS, 2017).

Antes desta Lei, Currais Novos/RN foi elevada à condição de município sendo desmembrada do município de Acari/RN, por Decreto Estadual nº 59, de 15 de outubro de 1890, emitido pelo Governador Pedro Velho, tendo como seu primeiro Administrador Público Laurentino Bezerra de Medeiros Galvão (06.02.1891 a 19.04.1891) e contando com a colaboração do Primeiro Conselho Municipal composto pelos senhores: Juventino da Silveira Borges, Sérvulo Pires de Albuquerque Galvão Filho, Francisco Bezerra de Medeiros e Moisés de Oliveira Galvão.

Na administração, adquiriu um prédio para a sede da Prefeitura, providenciou a demarcação do Município, e publicou o Código Municipal de Posturas

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(cf. SOUZA, p. 117). Até sua elevação à condição de cidade, o município teve como intendentes além de Laurentino Bezerra que exerceu um mandato de (23.01.1892 a 03.04.1892), Cândido de Oliveira Mendes com três mandatos (20.04.1891 a 22.01.1892; 03.10.1892 a 31.12.1895; e 01.04.1896 a 03.04.1898), Coronel José Bezerra de Araújo Galvão, com dois mandatos (04.04.1892 a 02.10.1892; 01.01.1915 a 30.12.1916), João Alfredo Pires Galvão (04.04. 1898 a 30.07.1904), Moisés de Oliveira Galvão (01.08.1904 a 31.12.1904), Antônio Raphael de Vasconcelos Galvão (01.01.1905 a 30.09.1906), Benvenuto Pereira de Araújo (01.10.1906 a 31.12.1910), Ladislau de Vasconcelos Galvão (11.01.1911 a 30.12.1914), e Vivaldo Pereira de Araújo (01.01.1917 a 31.12.1919)5. Após a

condição de Cidade, o município ainda contou com a intendência administrativa de João Alfredo Pires Galvão (01.01.1920 a 30.12.1922), Quintino Galvão (01.01.1923 a 31.12.1925) e Antônio Raphael de Vasconcelos Galvão (01.01.1926 a 08.10.1930), exercendo seu segundo mandato e encerrando assim o período de intendentes na República Velha. Neste período a política que predominava era a patrimonialista com forte influência do coronelismo. Se observamos bem, as famílias tradicionais de fazendeiros e coronéis dominavam o poder público através das oligarquias intercalando as gestões. Sendo muito comum, neste período, confundirem o patrimônio público com o privado como nos afirma Bresser-Pereira:

[...] são patrimonialistas porque os critérios de sua escolha não são racional-legais, e porque constroem um complexo sistema de agregados e clientes em torno de si, sustentado pelo Estado, confundindo o patrimônio privado com o estatal..

(BRESSER-PEREIRA, 2001, p.7)

Segundo o Prof. Joabel Rodrigues (2008, p. 122), “Mariano Coelho foi o primeiro Prefeito, nomeado pelo Sistema Revolucionário de 1930 e assumindo a gestão em 09 de setembro deste mesmo ano”. No entanto, ele não se adaptou ao novo regime político proposto pelo Presidente Getúlio Vargas e renunciou ao mandato um mês após sua nomeação, em 29 de outubro do referido ano. Recordemos que “um dos propósitos da Era Vargas era enfraquecer o poder político

5 Cf. SOUZA, 2008, p. 117-121.

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dos governadores e do tenentismo através da política intervencionista inaugurada por um novo modelo administrativo” (COSTIN, 2010, p. 51 apud DANTAS 2017).

No novo regime, Currais Novos/RN passou a ser administrado por Raul Macedo (30.11.1930 a 28.09.1934). O marco de sua gestão foi a construção do atual prédio da Prefeitura e sua contribuição científica na escrituração pública da sede municipal (cf. SOUZA, 2008, p. 122). Do período do Estado Constitucional (1932), perpassando pela implantação do Estado Novo (1937) até a década de 50, foram gestores: João Neto Guimarães (28.09.1934 a 30.10.1935), Tristão de Barros (01.11.1935 a 25.04.1936), Tomaz Silveira de Araújo (01.07.1936 a 14.07.1937), José Bezerra de Araújo (15.07.1937 a 01.10.1943), Antônio Vasconcelos Galvão (02.10.1943 a 27.04.1945), Antônio Othon Filho (28.04.1945 a 15.11.1945), Antônio Bezerra Linhares (16.11.1945 a 22.12.1946), Alcindo Gomes de Melo (23.02.1946 a 23.06.1947), Neófilo Pinheiro Galvão (24.06.1947 a 31 01.1948), e Sílvio Bezerra de Melo (25.04.1948 a 31.03.1953). Um fato que chama atenção são os curtos períodos na administração pública numa época de burocratização estatal.

Da década de 50 até o fim do regime ditatorial representaram a gestão pública no município: Francisco Leônis Gomes de Assis (31.03.1953 a 31.03.1958), Neófilo Pinheiro Galvão, em seu segundo mandato (31.03.1958 a 31.03.1963), Mariano Guimarães (31.03.1963 a 03.01.1969), Gilberto de Barros Lins (31.01.1969 a 31.01.1973), José Vilani de Melo Lula (31.01.1973 a 08.05.1973), Bitamar Bezerra Barreto (10.05.1973 a 31.01.1977), Geraldo Gomes de Oliveira (31.01.1977 a 31.01.1983) e José Dantas de Araújo (31..01.1983 a 31.12.1988) cuja administração aconteceu entre o fim da ditatura militar e redemocratização do país.

Nos últimos anos foram prefeitos municipais: Mozart Dias de Almeida (01.01.1989 a 31.12.1992), Gilberto de Barros Lins (01.01.1993 a 31.12.1996), Geraldo Gomes de Oliveira, com mais dois mandatos (01.01.1997 a 31.12.2000; e 01.01.2001 a 31.12.2004), José Marcionilo de Barros Lins (01.01.2005 a 31.12.2008), Geraldo Gomes de Oliveira, em seu quarto mandato (01.01.2009 a 31.12.2012), José Vilton da Cunha (01.01.2013 a 31.12.2016) e Odon de Oliveira de Souza Júnior, desde 1º de janeiro deste ano de 2017. É relevante recordar que a história política do município continua marcada por forte influência das famílias tradicionais locais oriundas da cultura do coronelismo que apesar das variações de governo mantém o monopólio político na região.

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5. A FORMAÇÃO DA CIDADANIA DO POVO CURRAIS-NOVENSE

A partir do breve histórico político municipal surge a indagação se há ou não uma consciência política na população do povo currais-novense. Mas antes de avaliarmos esta premissa, tentemos compreender o que é cidadania e como essa é realizada no contexto sócio-político. É bom recordarmos que todo ser humano é um ser político. Ninguém nasceu para viver isolado, desconectado de tudo e de todos. Somos seres sociáveis, capazes de externar nossas ideias e a partilhá-las. E a partir do interesse comum gerarmos um projeto político capaz de beneficiarmos a todos, pois o propósito da política é conduzir o homem a felicidade. Aristóteles, filósofo grego, afirmava que,

sendo o homem um animal político e sendo este destinado a viver socialmente, ele deve constituir-se parte da pólis, ou seja, fazer parte da cidade onde reside. Aquele que não consegue por instinto fazer parte da mesma, ou é um ser vil ou ser superior, um deus.

(ARISTÓTELES, 1995. p.14).

Atualmente, a leitura de que se vê diante da crise política é um descaso dos representantes políticos em relação as necessidades do povo. Os interesses particulares sobrepõem as necessidades do Estado e os cidadãos figuram como meros personagens ou espectadores contemplando uma grande peça teatral. É como se estivéssemos visualizando uma tragédia grega, a Odisseia grega, esperando o retorno do herói para organizar o caos. Ou ainda, como se estivéssemos presos na alegoria do mito da caverna, satisfeitos por contemplarmos as sombras da realidade que nos cerca. Para sabermos se há ou não uma deficiência cidadã em nossa história política, vejamos o significado de cidadania dentro de um conjunto de princípios éticos.

5.1 O QUE É CIDADANIA?

Quando nos deparamos com a palavra cidadania, a primeira imagem que nos advém é sermos capazes de exercer nossos direitos e deveres. Por direito em

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seu sentido literal entende-se aquilo que é reto e correto ou capacidade moral de alguém fazer ou exigir alguma coisa. “Este pode ser positivo quando referente às leis que regem uma sociedade num determinado tempo e natural quando inerente a própria natureza do homem. Esta última forma de direito é inalienável e superior a toda norma positiva” (JAPIASSU, 2001, p. 55 apud DANTAS, 2017). Quanto ao dever, como nos afirma Kant compreende-se “a necessidade de realizar uma ação por respeito à lei civil ou moral” (JAPIASSU, 2001, p. 53).

Em seu livro “o que é cidadania”, Maria de Lourdes Manzini-Covre (2002, p.9). diz que “ser cidadão não significa apenas ter direitos e deveres, nem muito menos ter a capacidade de eleger alguém a um cargo político através do voto, mas ser súdito e ser cidadão” Para ela cidadania é reconhecer equidade de todos perante a lei, como nos afirma a Carta de Direitos Humanos da ONU de 1948:

Todos os homens são iguais ainda que perante a lei, sem discriminação de raça, credo ou cor.[...] a todos cabem o domínio sobre seu corpo e sua vida, a um salário condizente para promover a própria vida, o direito à educação, à saúde, à habitação, ao lazer. [...] É direito de todos poder expressar-se livremente, militar em partidos políticos e sindicatos, fomentar movimentos sociais, lutar por seus valores.

(MANZINI-COVRE, 2002, p.9)

O texto acima apresenta-nos a abrangência do sentido da cidadania. Ser um animal político, tal como apresentava a filosofia grega, é ter a capacidade de ser igual entre os iguais, ou seja, ter poder de expressão e de decisão em sua própria existência, obedecendo os parâmetros e exigências sociais. Saber que o cidadão não apenas tem direitos a receber, mas deveres a cumprir, significa dizer ser ele, o cidadão, “fomentador da existência do direito a todos, inserido num contexto de coletividade que exige responsabilidades a partir do cumprimento de normas estabelecidas pela própria sociedade” (MANZINI-COVRE, 2002, p. 9 apud DANTAS, 2017). Em suas atitudes políticas o ser humano torna-se um autêntico cidadão por sentir-se parte do governo, elegendo e exigindo coerência e transparência política dos governantes.

A grande arma que o cidadão tem em suas mãos é a Constituição. Neste documento magno, os princípios fundamentais são estabelecidos, concedendo aos cidadãos seus direitos civis, sociais e políticos, bem como as garantias fundamentais

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para o bom uso de sua dignidade. Nossa Constituição Federal em seu artigo 3º, quando trata de seus objetivos fundamentais, mostra que é finalidade do Estado:

Constituir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 2017, p.9)

Para que estes objetivos sejam cumpridos, muito deve ser feito. A primeira mudança é de mentalidade político-cultural. Enquanto cultivarmos uma política do tirar proveito das coisas e não nos preocuparmos com a coletividade e o bem de todos, nossa Constituição não passará de mera utopia. Nossa história política desde o descobrimento traz em si uma cultura exploratória e depredatória, não de construção e desenvolvimento. Mudar esta concepção exige uma formação lenta e árdua, de conscientização e eliminação de vícios. Se ser cidadão é ser súdito, então, este, como nos afirma Kant, “deve de forma racional obedecer às leis e cumprir com seus deveres. Todavia, se estas forem injustas, ele tem o direito de criticá-las, tendo em vista a possibilidade de um processo contínuo de reformulação desse Estado de Direito” (MANZINI-COVRE, 2002, p. 29 apud DANTAS, 2017).

Infelizmente, o que se percebe em nosso país é a continuidade da política da troca de favores. Este tipo de prática não está apenas presente nas castas sociais, mas em grande parte das camadas da sociedade, especialmente, nas menos favorecidas. Um exemplo bem claro é a política do “voto de cabresto”. Neste tipo de política, as pessoas vendem seus votos em troca de benefícios próprios. Muitos não têm consciência do valor de sua cidadania, acreditam que o uso da cidadania se restringe ao ato de votar. Por isso, seus direitos são facilmente corrompidos visto que não conseguem discernir entre o bem público e os interesses privados.

Hannah Arendt, filósofa alemã, em sua obra “A condição humana”, ao estudar sistema da Polis grega percebeu que com o surgimento da cidade-estado, o homem sentiu a necessidade de distinguir entre sua vida privada e sua vida sócio-política. Para realizar o seu bios polítikos o homem precisava de dois elementos

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constitutivos: a ação e o discurso6. E estes são mutuamente complementares. O que

percebemos na prática política são mais discursos que atitudes. E quando o discurso se torna práxis, caso de muitos projetos, não é executado em tempo hábil ou nem mesmo é concretizado. Isso gera nos cidadãos um sentimento de descrença quanto aos gestores pelo mau uso dos recursos públicos. Mas se hoje com o avanço da tecnologia e da comunicação tudo é facilmente revelado, por que continuamos elegendo políticos corruptos? Será que o povo está consciente do uso de sua cidadania?

5.2 PRINCÍPIOS JURÍDICOS-CONSTITUCIONAIS QUE REGEM A CIDADANIA

Já percebermos que ser cidadão é ter a capacidade livre de exercer seus direitos civis, políticos, sociais e culturais dentro de uma sociedade constituída. Ter liberdade é estar em conformidade com os princípios éticos e morais, visto que homem além de seus direitos, tem responsabilidades a cumprir.

O homem é por natureza um ser do ethos. Na antiguidade grega quando se fala de ethos, compreende-se o habitat ou modo de vida onde o indivíduo expressa seu caráter e seus costumes dentro de um contexto social.

Ethos adequa-se ao costume, ao uso, ao hábito, pois é fruto da derivação do verbo grego eíotha, ou seja, ter o costume ou ter hábito de efetuar alguma coisa. Por Ethos, entendemos caráter, a maneira de ser de uma pessoa, a índole, o temperamento, as disposições naturais de uma pessoa segundo seu corpo e sua alma, os costumes de alguém (animal, homem, uma cidade) conforme à sua natureza. Ethos se refere ao costumeiro; êthos se refere ao que se faz ou se é por características naturais, próprias de alguém ou de alguma coisa, o caráter de alguém ou de alguma coisa. O Êthos é tratado pela Ética, que estuda as ações e paixões humanas segundo o caráter ou a índole natural dos seres humanos

(CHAUÍ, 2002, p. 500-501.)

Ter consciência ética é compreender que o indivíduo é agente proativo da própria realidade por fazer parte do mundo que o cerca. Voltando ao contexto da

Pólis grega, quando se trata de cidadão do Estado, considera-se aquele que tem

acesso a administração das coisas públicas, da prática do bem comum e do uso da

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justa medida no Estado. O exercício da cidadania e a prática do ethos, conduz o indivíduo a felicidade almejada. Fábio Konder Comparato (2016, p. 463) ao tratar da consciência ética cita um pensamento kantiano mostrando que “a dignidade da pessoa consiste não apenas em ser ela a sua própria finalidade, mas também no fato de que só o homem, pela sua vontade racional, é capaz de viver com autonomia”. Ter autonomia é gozar da liberdade sem perder a ciência das próprias responsabilidades.

No mundo contemporâneo, especialmente no campo da política, percebe-se uma cripercebe-se gerada pelo relativismo ético. André Franco Montoro na Obra coordenada por Maria Luzia Marcílio e Ernesto Lopes Ramos (1997, p.13) afirma que “quiseram construir um mundo sem ética. E a ilusão se transformou em desespero”. Não existe outra via para humanizar e moralizar a vida política senão pela conscientização ética. No Brasil, movimentos como “Ficha limpa” e “10 medidas contra a corrupção” representam esse desejo de eticidade. Todavia, estas iniciativas são ponto referencial para trabalharmos uma consciência cidadã, pois apesar das pessoas terem informações sobre a necessidade de uma reforma ética, figuram como meros espectadores no universo da crise política.

Mas que princípios da nossa Constituição Federal de 1988 norteiam o cidadão para uma consciência ética? A partir dela, como o cidadão pode sentir-se um agente proativo na construção de sua cidadania? Antes de darmos as respostas para estas questões, vejamos a definição de princípio.

Segundo Hilton Japiassu (2001, p. 156) por princípio compreende-se a “Lei geral que explica o funcionamento da natureza, e da qual leis mais específicas podem ser consideradas casos particulares”. Comparato (2016) ao tratar da noção filosófica de princípio retoma o pensamento aristotélico de arkhê a partir de sete concepções distintas de ponto de partida:

Quanto ao movimento de algo; de uma ciência; do fundamento da construção de uma coisa; no desenvolvimento de um organismo vivo a partir da concepção; daquilo que se origina algo; da relação dos chefes e príncipes nos diferentes governos políticos; e nas artes e técnicas.

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O elemento fundante entre estas acepções é que o princípio “é de onde provém ou é gerado algo ou de onde emana o conhecimento” (COMPARATO, 2016, p. 489). Em termos jurídicos nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, princípio é:

Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espirito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico

(MELLO, 2005, p.50)

Já Ivan Luiz da Silva (2003, p. 269) em seu artigo sobre a introdução aos princípios jurídicos da Revista de Informação Legislativa relata que “os princípios jurídicos refletem a cultura sócio-jurídica de uma sociedade em um dado momento (ou no decorrer) de sua história, sendo o conteúdo principal formado pelos valores superiores aceitos como verdade por essa sociedade”. São os valores superiores que conduzem o indivíduo a felicidade e a prática do bem comum e, a partir deles, surgem os princípios básicos tratados na Constituição Federal de 1988 que apresentaremos a seguir:

O primeiro e mais fundamental de todos é o direito à vida: “É dever do Estado assegurar esse direito em seu duplo sentido: primeiramente, o de continuar vivo; e em segundo lugar, o de ter uma vida digna no que se refere à subsistência (moradia, salário digno, saúde, educação, etc)” (MASCARENHAS, 2010, p. 52 apud DANTAS, 2017).

O segundo e não menos importante é o princípio da igualdade. É o mais amplo dos princípios constitucionais garantindo aos cidadãos perante a lei os mesmos direitos, prevenindo-os de ações discriminatórias, preconceituosas e racistas. O art. 5º, I, da Constituição Federal reforça esta premissa mostrando que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações perante a lei”. Este artigo ressalta o avanço dos direitos da mulher nos últimos anos, especialmente, após o movimento feminista dos anos 60, nos variados campos de atuação: político, social, cultural e profissional.

O terceiro princípio é o da legalidade. Conforme a Constituição Federal de 1988, no art. 5º, II, neste princípio “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

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alguma coisa senão em virtude de lei”. Para Marçal Justen Filho (2016, p. 194) ele significa, “a supremacia da lei (expressão que abrange a Constituição), de modo que a atividade administrativa encontra na lei seu fundamento e seu limite de validade”.

Isso significa que toda ação pública deve estar em conformidade com a lei. Esta forma de submissão e respeito à lei é citada por Mascarenhas (2010, p. 53) ao comentar o pensamento de José Afonso da Silva. Assim, neste princípio “o ato do administrador público deve conformar-se com a moralidade e a finalidade administrativas para dar plena legitimidade à sua atuação” (MEIRELLES, 2016, p.93).

O quarto é o princípio da Liberdade. Esta pode ser manifestada através de pensamento, expressão ou credo. Segundo Mascarenhas (2010, p. 54), “a liberdade de expressão é um dos mais importantes direitos do homem”. Através dela o indivíduo dotado da capacidade de escolha é livre para praticar a religião, opinar, informar-se, comunicar-se por via da imprensa, internet e telecomunicações. Porém a Constituição Federal de 1988 em seu art. 5º, IV, lembra que esta liberdade deve ser exercida com responsabilidade vedando qualquer forma de anonimato.

O próximo é o princípio da ampla defesa. Neste tipo de princípio entende-se “a garantia que é dada ao acusado de trazer para o processo todos os elementos que possam de alguma forma esclarecer a verdade, quer seja garantindo-se ao réu o acesso a um defensor ou na inquirição de testemunhas” (MASCARENHAS, 2010, p. 77). Em seguida encontramos o princípio da isonomia. Em termos legais este princípio “é firmado na convincente razão de que os bens manipulados pelos órgãos administrativos e os benefícios que os serviços públicos podem propiciar são bens de toda comunidade” (MELLO, 2005, p.85). Um exemplo prático para esta forma de princípio são os concursos públicos e as licitações. Não menos importante é princípio do contraditório. Considerado a exteriorização do princípio de ampla defesa, neste,

Basicamente é determinada a ampla defesa dos indivíduos de modo que se ouçam todas as partes envolvidas, tendo em vista ser instrumento de garantia constitucional imprescindível, voltado à observância de uma extensa gama de liberdades e direitos fundamentais, e onde as decisões administrativas devem ser tomadas considerando a manifestação dos interessados. Para isso, é necessário dar oportunidade para que os afetados pela decisão sejam ouvidos antes do resultado final do processo

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Outro princípio relevante é da simetria. Paulo Mascarenhas (2010, p. 26) define este princípio “como aquele que há uma relação simétrica entre as normas jurídicas da Constituição Federal e as regras estabelecidas nas Constituições Estaduais, e mesmo municipais”.

Não podemos deixar de citar outros três princípios basilares: moralidade, finalidade e publicidade: O primeiro tem como definição “o conjunto de regras que, para disciplinar o exercício do poder discriminatório da Administração, o superior hierárquico impõe aos seus subordinados” (MELLO, 2005, p. 94); o segundo “impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal” (MEIRELLES, 2016, p.96) e o último “exige que os atos estatais sejam levados ao conhecimento de todos, ressalvadas hipóteses em que se justificar o sigilo” (JUSTEN FILHO, 2016, p. 228)

Por fim, apresentamos o princípio da proporcionalidade da lei,

Este é o princípio da justa medida. Nele as provas ilícitas podem, em caráter excepcional e em casos extremamente graves, ser utilizados, posto que nenhuma liberdade pública é absoluta, existindo situações em que se observa que o direito a ser tutelado – por exemplo, o direito à ampla defesa – é mais importante que o direito à intimidade, ao segredo, à liberdade de comunicação, etc. .

(MASCARENHAS, 2010, p. 75),

Quando esta está empregada perante a lei aplica-se ao Administrador Público cujo objetivo é evitar exageros no modo de aplicação da lei ao caso concreto.

5.3 COMO ACONTECEU A FORMAÇÃO CIDADÃ DO POVO DE CURRAIS NOVOS

A história do voto no município de Currais Novos/RN inicia-se com a primeira eleição direta datada de 03 de outubro de 1947 quando o candidato único Silvio Bezerra de Melo é eleito prefeito municipal (SOUZA, 2008, p.126). Antes disso temos um registro de Cândido de Oliveira Mendes, “eleito constitucionalmente em 11 de setembro de 1892 para assumir a presidência da Intendência municipal em voto direto” (SOUZA, 2008, p. 118). Os anos seguintes constata-se prefeitos apenas nomeados pelos regimes republicanos.

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É bom lembrarmos que o direito de votar precede a república velha, pois “os primeiros nos anos de colonização os portugueses já faziam eleição nas vilas para elegerem os administradores dos povoados, os vereadores, o juiz ordinário, o procurador e os demais oficiais” (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014, p.11). Em 1821, com a chegada da família real portuguesa que havia fugido para colônia em razão da invasão das tropas napoleônicas a Portugal, houve uma eleição para escolha dos representantes da corte do imperador Dom João VI.

Esta era dividida em quatro graus distintos: no primeiro grau os cidadãos da freguesia escolhiam os compromissários; no segundo grau os compromissários escolhiam os eleitores da paróquia; no terceiro grau os eleitores da paróquia designavam os eleitores da comarca; e no quarto grau os eleitores da comarca elegiam os deputados.

(TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014, p. 15).

Quem podia participar da votação? Os chamados homens bons, isto é, nobres, senhores de engenho, membros da alta burocracia militar e burgueses que adquiriram fortuna no comércio.

Após a independência, o Brasil teve seus primeiros eleitores em 1822 com votação indireta para escolha dos representantes da Assembleia Constituinte e Legislativa. “A eleição era feita em dois graus: o primeiro quem recebe salário ou soldo e o segundo quem subsistisse de emprego, indústria ou bens” (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014, p. 17). Um dado curioso são os personagens da eleição naquele momento.

Podiam votar em primeiro grau quem fosse cidadão brasileiro do sexo masculino e que tivesse 25 anos de idade e pelo menos uma renda de 100 mil réis. Também podiam votar os estrangeiros naturalizados, porém, estes não podiam ser eleitos deputados e senadores, nem tampouco suceder à Coroa do Império

(CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1822, art. 1197).

No caso do segundo grau, além dos critérios apresentados para votar necessitava o eleitor ter uma renda anual de 200 mil réis. No caso de um cidadão que desejasse se candidatar a deputado essa renda teria de ser de 400 mil réis e para o senado a partir de 800 mil réis. Em síntese “só era cidadão naquele momento

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quem tivesse atributos econômicos e morais e o cálculo de eleitores determinados pelos fogos”8 (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL p. 16-17).

Na época em que o município de Currais Novos/RN foi criado, estava sendo implantado o regime a República Velha ou Primeira República. Segundo a Constituição de 1891 era considerado cidadão “quem fosse brasileiro nato ou naturalizado. E podiam votar os homens acima de 21 anos de idade que tivessem se alistado conforme determinação legal” (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014, p. 27). Isso significava uma parcela mínima da população da época sendo excluído os analfabetos e as mulheres. O Seridó sendo parte da unidade nacional seguia o mesmo regramento. Só se tinha acesso aos direitos políticos aqueles que tinham títulos militares, prestígio econômico ou que fossem letrados. Ser cidadão era ser elitizado. Antes da primeira eleição direta municipal, vale destacar o movimento político que eclodiu com o primeiro voto feminino de 1927 no Rio Grande do Norte através do alistamento de Celina Guimarães Miranda e outras mulheres. Mesmo tendo os votos sido anulados naquele instante, foi de suma importância para a legalização do voto feminino em 1932. Este progresso histórico-político foi possível graças ao apoio da Igreja Católica por via da Liga Eleitoral Católica e da Cruzada de Educadoras Católicas, bem como, da Federação Pernambucana para o Progresso Feminino, presentes em alguns Estados nordestinos9.

Da primeira eleição com voto direto de 1947 até o período da ditadura militar, passaram 4 prefeitos no município de Currais Novos/RN. Na ditadura haviam eleições municipais supervisionadas pelo governo como uma espécie de “democracia camuflada”. O uso da cidadania era restrito e quase inexistente. Com o Ato Institucional nº 5 do Presidente Costa e Silva de 1968 o Congresso Nacional foi fechado e a maioria dos Partidos Políticos extintos. Inaugurou-se a era do bipartidarismo restando apenas os partidos da ARENA e do MDB. Segundo Patrícia Roedel da Agência de Notícias da Câmara de Deputados (2014) em seu artigo “Anos 60 e 70: ditadura e bipartidarismo”, as eleições diretas só passaram a acontecer a partir de 1972 para o senado e para a escolha dos prefeitos municipais

8 A eleição através da seleção de fogos compreende-se a partir do “Decreto n° 1571, de 4 de maio de 1842, em seu art. 6°, que definia: “Por fogo entende-se a casa, ou parte dela, em que habita independentemente uma pessoa ou família; de maneira que um mesmo edifício pode ter dois ou mais fogos”. (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014, p. 24).

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do interior dos Estados como uma forma de manter um ambiente de cenário democrático para as nações internacionais.

Só depois da redemocratização através do movimento “Diretas Já” a cidadania, enquanto participação política, foi reestabelecida. A partir da gestão de Mozart Dias de Almeida (1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1992) o cidadão currais-novense, assim como os demais eleitores de todos país, retomou os seus direitos políticos e sociais por via da Constituição Federal de 1988.

5.4 EXISTE UMA CRISE DE CIDADANIA HOJE?

Até agora estamos percebendo que o valor da cidadania é fundamental para construir uma sociedade equilibrada. Indagar se ela está ou não em crise talvez não seja o melhor caminho. O que se constata atualmente é um esfriamento de muitos na busca de seus direitos e garantias. Ou ainda, uma acomodação política dos cidadãos em razão da crise política gerada por situações de corrupção presentes no governo. Em seu artigo para a Revista de Ciências Sociais referente a Cidadania, Crise e Reforma do Estado Democrático, Marco Aurélio Nogueira (1999, p. 61-62) afirma: “A cidadania pode ser vista como uma progressiva incorporação de grupos e indivíduos a novos e mais elevados padrões de vida em comunidade. Tal incorporação se dá especialmente sob a forma de direitos e garantias”. Se os indivíduos e os grupos devem ser protagonistas de uma comunidade melhor, pelo menos espera-se destes uma ação que promova o exercício desta cidadania para o bem do Estado. Quando não se exige as garantias de justiça e igualdade de direitos para todos abre-se brechas para que a corrupção habite dentro do espaço sócio-político e perpetue gerando um círculo vicioso. A garantia de igualdade faz com que o indivíduo supere qualquer forma de individualismo, inserindo-o numa identidade social.

Se acompanharmos a evolução cognitiva da história política, perceberemos que o exercício da cidadania não ocorreu de forma igualitária para todos. Nogueira (1999, p. 64) mostra que “nem sempre os direitos do homem significavam também os direitos da mulher, nem sempre os direitos naturais assimilaram a diversidade de situações sociais, nem sempre os direitos dos indivíduos se harmonizam com os direitos sociais”. A evolução ocorreu de forma

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gradativa e lenta, e foi se aperfeiçoando de acordo com as exigências do contexto social através de lutas populares por direitos quase sempre acompanhada de situações de conflito. Assim ocorreu no Liberalismo Moderno em uma primeira fase com o desejo de emancipação do indivíduo de toda limitação material, moral e religiosa; na Revolução Industrial com o surgimento da organização proletária exigindo melhores condições de trabalho e colocando em cheque o contratualismo liberal. Para Nogueira (1999),

O Liberalismo postulou a liberdade dos direitos do homem, entretanto o socialismo marxista o colocou em dúvida, em razão do liberalismo ter se preocupado apenas com a emancipação política do cidadão e não com a emancipação humana do mesmo.

(NOGUEIRA, 1999, p. 67)

Tal crítica expandiu a compreensão do tema cidadania e contribuiu para em épocas futuras aperfeiçoar a gestão de políticas públicas no Estado como, por exemplo, a política do Bem-Estar Social no século XX.

Se o exercício da cidadania é evolutivo, então não podemos falar de uma crise cidadã, mas de falta de conscientização cidadã nas pessoas. Podemos sim falar de uma crise política fruto da fragilidade dos governos diante das exigências do fenômeno da globalização. Vejamos o que nos diz Nogueira a respeito da crise política atual:

Nunca como hoje o mundo esteve tão repleto de possibilidades e ao mesmo tempo tão sem rumo e tão fragilizado: uma simples investida financeira num canto qualquer do planeta turva a alegada racionalidade do sistema, envolvendo todos numa ciranda de horrores. Já não temos mais muros nem guerras frias, mas a política de potência está mais viva do que nunca, com o agravante de se encontrar hoje livre de qualquer freio ou adversário.

(NOGUEIRA, 1999, p.78)

Ele ainda mostra que esta crise política interfere no equilíbrio do espaço de mediação. Nitidamente percebemos esta situação quando uma nação se desequilibra em sua economia por causa de sua fragilidade política. As inseguranças administrativas provocam um efeito cascata desestabilizando o mercado global. As bolsas de valores caem, os investimentos financeiros diminuem,

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as dívidas aumentam, cresce o número de desemprego no território nacional. A crise prova ainda o enfraquecimento das instituições sociais gerando no cidadão inseguranças quanto ao exercício do bem comum por parte dos governantes no que diz respeito à democracia. Para Nogueira (1999, p. 83) “a atmosfera de crise revela a necessidade de reinventar a política e reformar o Estado”. Mas como faremos isso? Para ele só faremos isso, se fizermos uma reforma cultural, cívica e educativa. Temos de superar a concepção administrativa exploratória de colonizações passadas. Estabelecer nossos estilos de pensamento, reformular nossas concepções de mundo, bem como, o que compreendemos pelo sentido de vida, saindo do subjetivismo individual para adquirir uma consciência coletiva.

6. O PAPEL DA SECRETARIA MUNICIPAL NA FORMAÇÃO DA CIDADANIA NO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS

A gestão de políticas educacionais no município de Currais Novos precede a implantação da Secretaria Municipal ocorrida em 15 de março de 1974. Vejamos o que nos diz o Prof. Joabel Rodrigues de Souza a respeito dos primórdios da educação municipal:

Desde cedo, o ensino acadêmico encetou os passos dos currais-novenses. Oficialmente, foi estabelecido no Município de Currais Novos, pela Lei n. 26, de 14 de outubro de 1839, para ministrar as primeiras letras. Em 13 de março de 1884, com a Lei n. 920, é criada a cadeira para o sexo feminino.

(SOUZA, 2008, p. 156)

Isto mostra que desde os primeiros povoamentos, viu-se a necessidade de educar as pessoas para o aperfeiçoamento da cultura local. Com o passar do tempo e o crescimento urbano surgiu o primeiro Grupo Escolar homenageando o Capitão Mor-Galvão. A criação “deste veio aos 25 de novembro de 1911 através do Decreto n. 256. Entretanto, sua inauguração só aconteceria aos 23 de janeiro de 1912” (SOUZA, 2008, p. 156) na parte térrea da Prefeitura Municipal onde hoje encontra-se a atual Câmara Municipal de Vereadores, localizada na Rua Vivaldo

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Pereira. Atualmente a Escola não pertence mais ao município sendo responsabilidade do governo do Estado e com o funcionamento em nova localização à Rua Moisés Galvão, nº 215.

A segunda Escola Municipal foi a Escola Rural Cipriano Lopes Galvão em 1915, situada no Povoado Totoró para atender a população local no ensino básico. Atualmente, também é ministrado nela o ensino fundamental.

As demais Escolas Municipais foram sendo implantadas de acordo com as exigências educacionais de cada período histórico. Em 1953 para atender a demanda de conhecimento técnico e comercial, surge o Colégio Comercial de Currais Novos. Inicialmente funcionou dentro das instalações do Grupo Municipal Capitão Mor Galvão. Em seguida, passou a funcionar na Escola de Nossa Senhora (1956-1959), instituição pertencente a Paróquia de Sant’Ana e, por fim, em 1986, foi construído “o prédio definitivo na gestão do prefeito José Dantas de Araújo onde funcionou o ensino técnico até o início dos anos 2000 quando passou a denominação de Escola Municipal Humberto Gama”10. Neste período também

encontramos a municipalização da Escola de Nossa Senhora.

Outra Escola Municipal que merece destaque é a Prof. Salustiano Medeiros. Implantada em 1946 no governo do prefeito Alcindo Gomes de Melo para o ensino básico primário, foi adaptada no antigo prédio do Matadouro Municipal.

A Escola Municipal Profª. Rosa Cunha foi criado na gestão de Mariano Coelho (1963-1969) com a colaboração de ex-alunos da professora na construção do edifício, mobiliário e material didático11. Recentemente foi transformada no Centro

de Reabilitação Infantil Prof. Crindélia Bezerra, projeto que conta com a parceria da Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Assistência Social.

Na primeira gestão de Gilberto Lins (1969-1973) foram construídas: a Escola Municipal Presidente Castelo Branco com o intuito de assistir educacionalmente através do ensino fundamental os habitantes do Bairro Santa Maria Goretti; e a Escola Municipal Francisco Rosa para atender a população do Bairro Gilberto Pinheiro.

Na gestão pública de Geraldo Gomes de Araújo (1977-1983) mais duas escolas foram edificadas. A saber, a Escola Municipal Francisco Leônis Gomes de

10 SOUZA, 2008, P. 159.

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Assis e a Escola Municipal Ausônio Araújo, ambas destinadas ao ensino fundamental.

No governo municipal de José Dantas de Araújo (1983-1988) foram construídas 04 Escolas: o Colégio Comercial de Currais Novos, citado anteriormente; a Escola Municipal Socorro Amaral para atender os habitantes do Bairro Paizinho Maria; A Escola Municipal Trindade Campelo com intuito de assistir à população do Bairro Sílvio Bezerra de Melo; e a Escola Municipal Gilson Firmino para atender os habitantes do Bairro José Bezerra de Araújo. A primeira destinada ao ensino fundamental e médio, as três últimas ao ensino fundamental. Durante esta gestão foi iniciada a construção do atual prédio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura que seria concluído e inaugurado em dezembro de 1992 na administração do Prefeito Mozar Dias de Almeida.

No contexto atual, a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes tem um raio de atuação muito maior que no passado. Se no início a educação era restrita a repassar conhecimentos literários e acadêmicos, hoje tem o objetivo de abarcar todas áreas do desenvolvimento humano: intelectual, sociológico, filosófico, cultural e lúdico. Essa educação integral do ser humano é fundamental para o desenvolvimento da cidadania. Em todos os âmbitos educacionais é de suma importância a formação dos princípios éticos e do ensinamento dos direitos e deveres em cada fase formativa da vida. Mas essa tarefa não é exclusiva da Secretaria de Educação. Outras instituições sociais, como é o caso da Igreja Católica, podem e devem contribuir para a edificação da cidadania no meio. Por isso, vejamos a contribuição da Igreja Católica na histórica do município e como esta pode colaborar em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura para a formação da cidadania local.

7. A IGREJA CATÓLICA E A CONTRIBUIÇÃO ÉTICO-CIDADÃ NO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS

A presença da Igreja Católica precede a implantação do munícipio de Currais Novos/RN quando “em 24 de fevereiro de 1808 o Bispo de Olinda/PE, Dom

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Frei José Maria de Araújo deu a permissão para implantação da pedra fundamental na construção de uma capela dedicada a Sant’Ana pelo Vigário de Caicó/RN Pe. Francisco de Brito Guerra” (SOUZA, 2008, p;87)12. No mesmo ano em 26 de julho, a

imagem da padroeira foi oficialmente entronizada no templo religioso trazida do sítio Totoró pelo Capitão-mor Cipriano Lopes Galvão Filho e junto com sua família por causa de uma antiga promessa feita por seu pai Cipriano Lopes Galvão que havia feito um voto a santa devido uma grande seca ocorrida em 175513. A implantação da

paróquia ocorreu em 20 de fevereiro de 1884 através do Decreto lei nº 893 de Dom José Pereira da Silva Barros, Bispo de Olinda/PE, cerca de 07 anos antes da emancipação política do município.

Por mais de um século a religião tem contribuído para formação de valores éticos na sociedade currais-novense. A Igreja Católica através de celebrações de festas, movimentos e de ações educacionais, bem como, de instituições ligadas as obras de caridade, tem desde o início do município ajudado no desenvolvimento espiritual, social e cívico. “Na educação podemos citar a Escola de Nossa Senhora fundada pela Paróquia de Sant’Ana em 28 de fevereiro de 1942, o Educandário Jesus Menino criado em 9 de março de 1944” (SOUZA, 2008, pp.159-164), bem como, o Projeto Casulo, “ação governamental de assistência a menores, com convênio junto a LBA e que teve como maior incentivador o Monsenhor Ausônio de Araújo Filho entre os anos de 1976 até os primeiros anos deste milênio” (CAVALCANTE, 2014, p. 102). Na saúde por meio da iniciativa do Monsenhor Paulo Herôncio de Melo, “foi fundado em 1943 o Hospital Pe. João Maria e a Maternidade Ananília Regina. Essa assistência permaneceu até o ano de 1978 quando o governo do Estado assumiu a administração da Instituição” (SOUZA, 2008, p. 52). Na assistência Social foi fundado em 3 de fevereiro de 1966 o “Abrigo Dispensário Monsenhor Pe. Herôncio de Melo, destinando-se ao atendimento de

12 O Pe. Guerra teve uma grande atuação política na época. Bacharel em Direito foi Deputado

Provincial e Senador do Império. Foi dele o projeto lei de 25 de outubro de 1831 que delimitou definitivamente a pertença do território da região do Seridó ao Estado do Rio Grande do Norte. Também fundou o primeiro jornal no Estado intitulado “O Natalense”, bem como, a primeira Escola de Latim na cidade de Caicó.

Informações coletadas do Acervo da Fundação José Augusto. Disponível em: http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC000000000108355.P DF Acesso em: 08 de junho de 2017.

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idosos da comunidade, sobretudo àqueles abandonados pelos familiares” (SOUZA, 2008, p. 53).

Percebemos que no cidadão atual há uma apatia política. Se olharmos a história da Igreja Católica no Seridó nos últimos anos, encontraremos sempre a ação desta na formação de novas lideranças que lutam pelo bem do povo seridoense. A Escola Fé e Política é um desses instrumentos de capacitação de líderes para a formação de uma consciência crítica da cidadania no mundo de hoje. No período da Ditadura Militar, a título de exemplo, personagens como Dom Helder Câmara representaram a resistência contra o regime contrário aos valores humanos. A missão da Igreja Católica, em seu cerne de evangelização, é de lutar sempre pela vida e pelos direitos que dão garantias a realização de uma vida digna para o homem. Os princípios da justiça e do bem comum são alicerces fundamentais para a realização do autêntico amor que levam a integração humana. Não exigir os direitos fundamentais é torna-se escravo de um sistema dominante que usa a imagem de democracia para manutenção do status quo de seus representantes. Como vimos, ser cidadão é ser livre, ter a capacidade de escolher e mudar a realidade a partir do poder de decisão. Se a Igreja é um caminho de conscientização cidadã, como ela pode contribuir para que o cidadão desperte desta apatia e torne-se um agente proativo no exercício de seus direitos e suas garantias fundamentais?

Para respondermos esta indagação tentemos compreender a atual crise moral, bem como, os fundamentos éticos que regem o cristianismo.

7.1 QUAIS OS FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ?

Fundada por Jesus Cristo no século I a partir da realização do mandamento do amor, a Igreja Católica em sua doutrina social é regida por alguns princípios essenciais: o bem comum, a igualdade, a subsidiariedade, a participação e a solidariedade. Além destes princípios, ela é alicerçada em três valores fundamentais: a verdade, a liberdade e a justiça.

Diante de uma crise moral no mundo contemporâneo Eduardo Lopez Azpitarte (1995) fala de um ser humano desintegrado e que vive o paradoxo entre o ser e o dever ser. Em sua concepção o “homem nasce como uma realidade incipiente, inacabada, com a necessidade de evolução e desenvolvimento posterior”

Referências

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