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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO EDUARLA RESENDE VIDEIRA EMILIO. IMPACTO DO CONFLITO INTRAGRUPAL, DO SUPORTE SOCIAL NO TRABALHO E DO AUTOCONCEITO PROFISSIONAL SOBRE A RESILIÊNCIA: UM ESTUDO COM POLICIAIS MILITARES.. São Bernardo do Campo 2011.

(2) 1. EDUARLA RESENDE VIDEIRA EMILIO. IMPACTO DO CONFLITO INTRAGRUPAL, DO SUPORTE SOCIAL NO TRABALHO E DO AUTOCONCEITO PROFISSIONAL SOBRE A RESILIÊNCIA: UM ESTUDO COM POLICIAIS MILITARES. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pósgraduação em Psicologia de Saúde da Universidade Metodista de São Paulo para obtenção do grau de Mestre em Psicologia da Saúde. Área de concentração: Psicologia da saúde Orientadora: Profª. Drª. Maria do Carmo F. Martins. São Bernardo do Campo 2011.

(3) 2. A dissertação de mestrado sob o título “IMPACTO DO CONFLITO INTRAGRUPAL, DO SUPORTE SOCIAL NO TRABALHO E DO AUTOCONCEITO PROFISSIONAL SOBRE A RESILIÊNCIA: UM ESTUDO COM POLICIAIS MILITARES”, elaborada por Eduarla Resende Videira Emilio foi apresentada e aprovada em 23 de maio de 2011, perante banca examinadora. composta. por. Profa.. Dra.. Maria. do. Carmo. Fernandes. Martins. (Presidente/UMESP), Profa. Dra. Mirlene Maria Matias Siqueira (Titular/UMESP) e Profa. Dra. Áurea de Fátima Oliveira (Titular/UFU).. __________________________________________ Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins Orientadora e Presidente da Banca Examinadora. __________________________________________ Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde. Programa: Pós-Graduação em Psicologia da Saúde Área de Concentração: Psicologia da Saúde Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais.

(4) 3. Dedico esta dissertação a Jesus Cristo. Tu és o meu Deus, eu te exaltarei, louvarei teu nome, porque realizaste os teus desígnios maravilhosos de outrora, com toda a fidelidade. (Isaías 25.1)..

(5) 4. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, “porque em tudo fui enriquecida nele, em toda palavra e em todo o conhecimento” (I Co 1.5). Desde o processo seletivo até o momento da defesa da dissertação, Deus esteve presente, ora me dando paz e sabedoria para escrever, ora me dando apoio em momentos de crise e ora abrindo oportunidades que nunca imaginei ter. Jesus, muito obrigada! Agradeço ao meu marido Guilherme, o grande incentivador deste mestrado. Ele se dedicou a minha dissertação como se fosse a dele: leu, releu, corrigiu e motivou. Participou das aulas e dos congressos de psicologia tentando compreender o tema desta pesquisa a fim de me ajudar. Todos os seus questionamentos foram fontes de inspiração e possibilitaram conhecer caminhos diferentes. Além de tudo isso, foi um marido amoroso, carinhoso e sábio. Concluindo, o Gui é um marido exemplar, um grande homem de Deus e que amo muito. À minha mãe Beth, tão especial para a minha vida. Mais uma vez ela superou um grande obstáculo - a distância - para eu conquistar meus sonhos. Como foi difícil também para eu lidar com tanta saudade... Sou grata a todos seus conselhos e dedicação a minha formação e bem-estar, sendo exemplo de superação e persistência. Ao meu pai Carlos, presente nestes anos, cujos telefonemas sempre me trouxeram alegria e incentivo. À minha maninha Eluhara (Luluzinha), por todo exemplo de firmeza, força e desembaraço. Agradeço sempre a Deus por tê-la como irmã. Aos meus avôs, pois me acompanham em todos os momentos e sei que em cada dificuldade da vida suas mãos sempre estarão erguidas para me ajudarem. À minha família (primos, tios e padrinhos) que é fonte de alegria nas horas de cansaço e desânimo. Pessoas que levo sempre no meu coração para onde eu for. À família do meu marido, que na verdade é minha também. Em especial, aos meus sogros, que me ofereceram um suporte imensurável e me trataram como uma filha. São exemplos de verdadeiros cristãos. Às professoras presentes na banca, Dra. Áurea Oliveira e Dra. Mirlene Siqueira. À professora Áurea, agradeço porque é uma incentivadora da minha carreira acadêmica. Um dia, na época da graduação, pedi a Deus que me mostrasse alguém que poderia me orientar em um.

(6) 5. projeto de Iniciação Científica, e Ele me mostrou a Áurea. Desde então, quando foi minha orientadora de PIBIC, auxilia a traçar meus caminhos profissionais. Mostrou-me o que é fazer pesquisa, despertando assim, a minha paixão por investigações ligadas à saúde dos trabalhadores. Sua vibração por pesquisas me contaminou. Obrigada por isto e também por sua atenção e seus conselhos, tão importantes para mim. À professora Mirlene, sou grata por toda atenção e compreensão durante o mestrado. Lembrarei das vezes que eu chegava atrasada às suas aulas, em função dos atrasos do ônibus (quando eu ainda morava em Minas Gerais), mas que sempre acolhia e dava força para que eu continuasse a caminhada. Agradeço também por todas as sugestões que enriqueceram minha pesquisa, afinal, sei que é uma grande referência na área. À minha querida orientadora Maria do Carmo, um grande presente que Deus me deu. Terei orgulho em dizer que fui (e sempre serei) discípula desta grande mestra. Ela fez com que o meu mestrado se tornasse uma grande preparação profissional e pessoal, devido aos seus conselhos, incentivos e também correções. Sempre muito compreensiva e educada. Penso que todos os orientadores deveriam ser como ela. Assim, todos os mestrandos não teriam trauma deste processo. Uma mulher e orientadora nota mil! Obrigada professora, por tudo! A todos colegas do mestrado, em especial a Andressa que ultrapassou a barreira acadêmica e tornou-se uma amiga. Às minhas amigas de Uberlândia, com destaque a Carla Cristiane, Mayra, Nati, Renata e Sara, por me acompanharem em tantas fases da vida. E também aos amigos da Igreja Metodista que me ajudaram através de suas orações. À instituição Universidade Metodista de São Paulo e todos os seus profissionais que me acolheram. Aos policiais militares que se dispuseram a participar da pesquisa. Mesmo com todos os compromissos, separaram um tempo para responderem o questionário. Este trabalho só foi possível em função do apoio e da atenção destes profissionais. Por fim, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa concedida..

(7) 6. RESUMO. A resiliência é um construto que remete à habilidade do ser humano de ter êxito frente às adversidades da vida, superá-las e inclusive, ser fortalecido ou transformado por elas. Campos de investigações da psicologia, como Psicologia da Saúde, Psicologia Positiva e Comportamento Organizacional Positivo, têm considerado a resiliência como uma importante via para a compreensão dos aspectos positivos e saudáveis dos indivíduos. Este trabalho pretendeu ampliar o conhecimento acerca da resiliência e suas relações com outros construtos no contexto organizacional. Para isto, definiu-se como objetivo geral deste estudo verificar a capacidade preditiva do conflito intragrupal (tarefa e relacionamento), do suporte social no trabalho (emocional, informacional e instrumental) e do autoconceito profissional (saúde, realização, autoconfiança e competência) sobre a resiliência (adaptação ou aceitação positiva de mudanças, espiritualidade, resignação diante da vida, competência pessoal e persistência diante das dificuldades) de policiais militares. Participaram do estudo 133 policiais militares de um batalhão do interior do estado de São Paulo, prevalecendo indivíduos do sexo masculino (97,7%), com idade média de 30 anos (DP= 5,7). Para a medida das variáveis foram utilizadas as seguintes escalas validadas: Escala de Avaliação de Resiliência reduzida, Escala de Conflitos Intragrupais, Escala de Percepção de Suporte Social no Trabalho e a Escala de Autoconceito Profissional. Os dados foram submetidos a cálculos descritivos e a análises de regressão linear múltipla padrão. Os resultados indicaram que o modelo que reunia as variáveis antecedentes (conflito intragrupal, suporte social no trabalho e autoconceito profissional) explicou significativamente a variância das dimensões da resiliência: 30% da persistência diante das dificuldades, 29% da adaptação ou aceitação positiva de mudanças, 28% da competência pessoal e 11% da espiritualidade. As variáveis que tiveram impacto estatisticamente importante sobre a persistência diante das dificuldades foram o suporte emocional no trabalho, cuja direção da predição foi inversa, e autoconfiança, cuja direção da predição foi direta. A adaptação ou aceitação positiva de mudanças teve como preditor inverso a variável saúde e como preditor direto a autoconfiança. A competência pessoal teve impacto significativo da variável autoconfiança, que se mostrou um preditor direto. A espiritualidade, por sua vez, teve um único preditor significante, a variável realização, cuja direção da predição foi direta. Os resultados sugerem que dentre as variáveis antecedentes, o autoconceito profissional evidenciou maior poder de explicação da variância da resiliência. À luz da literatura da área foram discutidos estes achados. Por fim, foram apresentadas as limitações e a proposta de uma agenda de pesquisa que contribua para confirmação e ampliação dos resultados desta investigação.. Palavras-chave: resiliência, conflito intragrupal, suporte social no trabalho, autoconceito profissional, policial militar..

(8) 7. ABSTRACT Resilience is a construct that refers to the ability of human beings to successfully face the adversities of life, overcome them and even be strengthened or changed by them. Fields of psychology research, such as Health Psychology, Positive Psychology and Positive Organizational Behavior, have considered the resilience as an important way to understand the positive and healthy aspects of human beings. This work aims to expand knowledge about the resilience and their relations with other constructs in the organizational context. For this, the objective of this research was to verify the predictive capacity of intragroup conflict (relationship and task), of social support at work (emotional, informational and instrumental) and of professional self-concept (health, realization, self-confidence and competence) on resilience (positive adaptation or acceptance of change, spirituality, resignation towards life, personal competence and persistence in the face of difficulty) of military police. The study included 133 military police officers of a battalion in the state of Sao Paulo, prevailing male subjects (97.7%), mean age 30 years (SD = 5.7). The following scales were used to measure the variables: Resilience Rating Scale reduced, Intragroup Conflict Scale, the Scale of Perceived Social Support at Work and Self-Concept Scale. The data were submitted to descriptive calculations and at analyses of multiple lineal regression standard. The results indicated that the model that grouped the antecedent variables (intragroup conflict, social support at work and professional selfconcept) significantly explained the variance of the dimensions of resilience: 30% of persistence in the face of difficulties, 29% of positive adaptation or acceptance of change, 28% of personal competence and 11% of spirituality. Variables that were statistically significant impact on persistence in the face of difficulties were emotional support at work, whose direction of the prediction was opposite, and confidence, whose direction of prediction was direct. Positive adaptation or acceptance of change was as inverse predictor the health and as direct predictor the self-confidence. The personal competence had a significant impact on the variable selfconfidence, wich was a direct predictor. Spirituality, in turn, had a single significant predictor, the variable realization, whose direction of prediction was direct. The results suggest that among the independent variables, the professional self-concept demonstrated greater explanatory power of the variance in resilience. In light of the theory of the area were discussed these findings. Finally, limitations and the suggestion a research agenda that confirm and expand the results of this research were presented.. Keywords: resilience, intragroup conflict, social support at work and professional self-concept, military police officers..

(9) 8. LISTA DE FIGURAS Figura 1 -. Modelo de Compensação, conforme representado por Zimmerman e 45 Arunkumar (1994) ............................................................................................... Figura 2 -. Modelo de Desafio, conforme representado por Zimmerman e Arunkumar (1994) ................................................................................................................... 46. Figura 3 -. Modelo Fator de Proteção, conforme representado por Zimmerman e Arunkumar (1994) ............................................................................................... 47. Figura 4 -. Modelo COM (Conflict-Outcome Moderated), conforme apresentado por Jehn e Bendersky (2003)............................................................................................... 73. Figura 5 -. Representação das estruturas, categorias e subcategorias do autoconceito que 101 compõem o Modelo Integrado de L‟Écuye ........................................................ Figura 6 -. Modelo hipotético deste estudo ........................................................................... Figura 7-. Resultados da análise de Regressão Linear Múltipla Padrão – Modelo 1 .......... 149. 118. Figura 8 - Resultados da análise de Regressão Linear Múltipla Padrão – Modelo 2 .......... 150 Figura 9 - Resultados da análise de Regressão Linear Múltipla Padrão – Modelo 3 .......... 152 Figura 10- Resultados da análise de Regressão Linear Múltipla Padrão – Modelo 4 .......... 154 Figura 11- – Modelo geral obtido.......................................................................................... 155.

(10) 9. LISTA DE TABELAS. Tabela 1 -. Descrição da amostra...................................................................................... 124. Tabela 2 -. Características das escalas utilizadas no estudo............................................. 126. Tabela 3 -. Confiabilidade dos instrumentos encontrados................................................ 133. Tabela 4 -. Estatística descritiva da variável resiliência................................................... 135. Tabela 5 -. Tabela descritiva da variável conflito intragrupal.......................................... 136. Tabela 6 -. Estatística descritiva da variável suporte social no trabalho.......................... 137. Tabela 7 -. Estatística descritiva da variável autoconceito profissional........................... 138. Tabela 8 -. Resultados de testes t para diferenças entre as médias de auto-conceito profissional..................................................................................................... 139. Tabela 9 -. Coeficientes de correlação (r de Pearson) entre as variáveis do estudo......... 140. Tabela 10 -. Sumário de regressão para adaptação ou aceitação positiva de mudanças – Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional................................................................................ 147. Tabela 11 -. Coeficiente de regressão para adaptação ou aceitação positiva de mudança – Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional................................................................................ 148. Tabela 12 -. Sumário de regressão para espiritualidade – Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional..................................................................................................... 149. Tabela 13 -. Coeficiente de regressão para espiritualidade - Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional..................................................................................................... 150. Tabela 14 -. Sumário de regressão para competência pessoal - Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional..................................................................................................... 151. Tabela 15 -. Coeficiente de regressão para competência pessoal - Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional..................................................................................................... 151. Tabela 16 -. Sumário de regressão para persistência diante das dificuldades – Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional................................................................................ 152. Tabela 17-. Coeficiente de regressão para persistência diante das dificuldades – Preditores: Conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional................................................................................ 153.

(11) 10. LISTA DE QUADROS. Quadro 1 -. Diferença entre autoconceito e outros construtos auto-referentes proposta por Souza (2006)....................................................................... 98. Quadro 2 -. Fatores, estruturas e subestruturas da Escala de Autoconceito no Trabalho de Costa (2002)........................................................................ 103. Quadro 3 -. Postos e Graduações das instituições militares conforme apresentado por Lopes (2010)..................................................................................... 112.

(12) 11. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 1.1 RESILIÊNCIA ............................................................................................................... 1.1.1 A evolução do conceito de resiliência........................................................................... 1.1.2 O conceito de resiliência aplicado ao trabalho ............................................................. 1.1.3 Estudos empíricos sobre a resiliência............................................................................ 1.1.4 Fatores relacionados ao estudo da resiliência .............................................................. 1.1.5 Medidas de resiliência .................................................................................................. 1.2 CONFLITO INTRAGRUPAL ....................................................................................... 1.2.1 Definições e paradoxos do conflito .............................................................................. 1.2.2 Conflito intragrupal e suas dimensões ......................................................................... 1.2.3 Conflito de tarefa e de relacionamento: Suas conseqüências nas variáveis do contexto organizacional................................................................................................. 1.2.4 Medidas do Conflito Intragrupal .................................................................................. 1.3 SUPORTE SOCIAL NO TRABALHO ........................................................................... 1.3.1 Saúde, Suporte Social e Redes Sociais ......................................................................... 1.3.2 Dimensões de suporte social ........................................................................................ 1.3.3 Medidas de suporte social ............................................................................................ 1.3.4 Suporte social no trabalho ............................................................................................ 1.4 AUTOCONCEITO PROFISSIONAL ............................................................................ 1.4.1 Noção de autoconceito ................................................................................................. 1.4.2 Dimensões do autoconceito .......................................................................................... 1.4.3 Autoconceito profissional ............................................................................................. 1.5 POLÍCIA MILITAR....................................................................................................... 1.5.1 Origem da Polícia Militar do Estado de São Paulo....................................................... 1.5.2 Atualidade: Princípios doutrinários da PMESP............................................................ 1.5.3 Atuação da PMESP....................................................................................................... 1.5.4 Estrutura da PMESP...................................................................................................... 2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA, OBJETIVOS DA PESQUISA E MODELO DE INVESTIGAÇÃO.............................................................................. 3 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS E OPERACIONAIS DAS VARIÁVEIS........ 4 MÉTODO .................................................................................................................... 4.1 Participantes ................................................................................................................. 4.2 Instrumentos ................................................................................................................. 4.3 Procedimentos de coleta de dados ................................................................................ 4.4. Procedimentos de análise de dados............................................................................... 4.5 Análises preliminares e limpeza de bancos de dados.................................................... 4.6 Verificação dos pressupostos da regressão múltipla...................................................... 13 20 20 21 34 38 43 59 68 68 75 77 82 84 84 87 88 90 94 94 98 100 109 109 110 111 112 114 119 123 123 124 126 127 128 128.

(13) 12. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 5.1 Confiabilidade dos instrumentos................................................................................... 5.2 Sobre as médias das variáveis ...................................................................................... 5.3 Sobre as correlações entre as variáveis ........................................................................ 5.4 Sobre as análises de regressão...................................................................................... 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... ANEXO A- QUESTIONÁRIOS DE PESQUISA ............................................................... ANEXO B – TERMO DE ONSENTIMENTO E ESCLARECIDO ................................. ANEXO C- PARECER DO CEP-UMESP .......................................................................... ANEXO D- GRÁFICO DA PROBABILIDADE NORMAL (P-P) DOS RESÍDUOS PADRONIZADOS DA REGRESSÃO.................................................................................. ANEXO E - GRÁFICO DE DISPERSÃO (SCATTERPLOT)............................................. 132 132 135 139 147 156 163 180 185 186 187 188.

(14) 13. INTRODUÇÃO Guerras, atentados terroristas, enchentes, furacões, vícios, violência, doenças, acidentes de trânsito, perda de pessoas queridas, exploração de trabalhadores e corrupção, são algumas situações presentes na sociedade que podem acometer qualquer ser humano. Sabe-se que a vida é repleta de circunstâncias que levam o homem a sucumbir, entretanto, indivíduos que as enfrentaram ou as transformaram em oportunidades de crescimento pessoal, têm intrigado diversos estudiosos ao longo dos séculos. Como colocado por Pinheiro (2004), a observação do comportamento humano frente situações estressantes e de risco tem gerado questionamentos: O que ou quais variáveis possibilitariam algumas pessoas se recuperarem de situações adversas? Por que algumas pessoas são mais vulneráveis aos infortúnios da vida? Como alguns conseguem enfrentar situações de risco sem prejudicar seu desenvolvimento futuro? Por que adversidades semelhantes podem levar uma pessoa ao fracasso e para outra, podem representar uma possibilidade de crescimento? O conceito de resiliência tem sido apresentado pela psicologia como uma via teórica para discutir essas interrogações (PINHEIRO, 2004). Pode ser compreendido como a capacidade de adaptação positiva dos indivíduos que vivenciam experiências de adversidade (LUTHAR; CICCHETTI; BECKER, 2000); é um construto que remete à habilidade do ser humano de ter êxito frente às adversidades da vida, superá-las e inclusive, ser fortalecido ou transformado por elas (GROTBERG, 2001). A Psicologia da Saúde, a Psicologia Positiva e o Comportamento Organizacional Positivo, domínios de investigações da Psicologia, têm enquadrado o estudo da resiliência em seus campos considerando-o uma importante via para a compreensão dos aspectos positivos e saudáveis dos seres humanos. Portanto, a introdução do presente trabalho oferecerá um panorama geral situando a resiliência nestes domínios, demonstrando, então, sua relevância para o desenvolvimento de investigações em cada um deles. A Psicologia da Saúde é uma abordagem preventiva e de promoção da saúde que emergiu na década de 70 impulsionada por mudanças radicais no pensamento de políticos e cientistas. Uma das mudanças foi a crescente ênfase nos estudos sobre a saúde e o reconhecimento de que o comportamento humano era a principal causa de mortalidade em países desenvolvidos, ao invés de focar somente na recuperação da doença (RIBEIRO, 1998). Matarazzo (1982), considerada.

(15) 14. uma das precursoras da área, definiu a Psicologia da Saúde como uma área de contribuições profissionais, científicas e educacionais da psicologia com vista à promoção e a manutenção da saúde, à prevenção e ao tratamento de doenças, à identificação da etiologia e diagnósticos – relacionados à saúde, às doenças e às disfunções associadas. Visa também contribuir para a melhoria dos serviços de saúde e para o aperfeiçoamento da política de saúde. Assim, a Psicologia da Saúde congrega tanto aspectos relacionados à promoção e proteção da saúde, como à prevenção e tratamento de doenças e de todos os tipos de comportamentos e disfunções. Além disso, a Psicologia da Saúde possui uma maior amplitude de análise e intervenção, uma vez que aproveita as contribuições de vários domínios da psicologia, bem como conhecimentos acumulados pela psicologia tradicional – que construiu um rico corpo teórico na compreensão das patologias humanas –, e os agrega aos aspectos relacionados à promoção da saúde, quer no plano individual, ou no nível dos grupos, organizações ou comunidades (SIQUEIRA; JESUS; OLIVEIRA, 2007). Para Silva, Lunardi, Lunardi Filho e Tavares (2005) a promoção de saúde significa, entre outras coisas, fortalecer os processos que ajudam a moderar os riscos das situações adversas; trabalhar no sentido de promover as capacidades individuais e coletivas; enfatizar o potencial humano e não somente tratar os danos e prejuízos; reconhecer a escola, a comunidade e as famílias como espaços de construção; promover competências no enfretamento das situações de risco; e estabelecer parcerias entre instituições, população e atividades políticas. Nota-se que estes autores aproximam o conceito de resiliência com o de promoção de saúde, visto que definem a resiliência como um conceito que prioriza o potencial dos indivíduos para produzir saúde, superação e adaptação às situações de risco. É um conceito que representa uma tentativa de ampliar o processo saúde-doença, focando não somente as patologias, e de integrar as relações entre os contextos (SILVA et al., 2005). Os autores acrescentam: Enfim, resiliência representa um dos possíveis caminhos para que os profissionais possam realmente trabalhar, de forma prioritária com a saúde, deslocando a ênfase da dimensão de negatividade da doença, para as possibilidades das pessoas/famílias, as quais possibilitam que sejam criadas as condições para que seus membros possam se desenvolver como sujeitos capazes de responder positivamente às demandas da vida cotidiana, apesar de terem sido criados em ambientes com alto potencial de risco (SILVA et al.,2005, p. 99).. Lasmar e Ronzani (2009) destacam que na perspectiva da promoção da saúde, o conceito de resiliência tem sido bastante discutido nos últimos anos, uma vez que surge como uma.

(16) 15. possibilidade de superação das adversidades encontradas na sociedade contemporânea, principalmente aquelas adversidades causadas pelo contexto de desigualdade atual. Estes autores contribuem no estabelecimento de uma articulação teórica entre os conceitos: qualidade de vida, resiliência e promoção da saúde; “todos imbricados na construção de meios que favoreçam a saúde” (LASMAR; RONZANI, 2009, p. 345). Estes conceitos entrelaçam-se em vários pontos, como: o foco na saúde e na prevenção, a importância dos fatores do contexto e a participação popular. Pode-se concluir que a mudança de enfoque, de uma abordagem dos riscos e doenças para a investigação dos determinantes em saúde, abriu novos campos de pesquisas que são importantes para o desenvolvimento saudável dos indivíduos, entre eles, o que estuda o processo de resiliência. A resiliência é também um fenômeno de destaque na denominada Psicologia Positiva. A Psicologia Positiva é um novo campo de estudo e uma nova perspectiva para a psicologia (PASSARELI; SILVA, 2007) que surgiu a partir da tentativa de Martin Seligman, em 1998, de promover uma ciência psicológica voltada à compreensão de fenômenos positivos, como satisfação, altruísmo e felicidade (YUNES, 2003). Seligman e Csikszentmihalyi (2000) criticam as disciplinas dedicadas ao estudo do ser humano que têm ignorado os aspectos positivos que “fazem a vida valer a pena” (SELIGMAN; CSIKSZENTMIHALYI, 2000, p. 3), como a esperança, a sabedoria, a criatividade, o futuro e a perseverança; e defendem a construção de um conhecimento dedicado à compreensão dos fatores que permitem a indivíduos, comunidades e sociedades florescerem. Estes autores lembram que a psicologia deveria compreender os fatores e qualidades que ajudariam indivíduos e comunidades a prosperarem, não apenas resistirem e sobreviverem. Eles destacam que a Psicologia Positiva não é um novo conceito, mas um redirecionamento do enfoque das pesquisas científicas e intervenções para os aspectos sadios do ser humano. Ao retomarem a história da psicologia, Seligman e Csikszentmihalyi (2000) dizem que antes da II Guerra Mundial, os estudiosos concentravam suas atividades em três missões: na busca pela cura da doença mental, almejando tornar a vida das pessoais mais produtivas, na identificação e na estimulação dos talentos. Após este episódio, a psicologia tornou-se uma ciência focada exclusivamente na cura e reparação de patologias, uma vez que os estudiosos perceberam que suas pesquisas sobre patologia eram mais propensas a receberem subsídios.

(17) 16. financeiros. Esta tendência trouxe efeitos positivos e negativos à área. O positivo foi devido aos grandes avanços na compreensão da doença mental, e o negativo, deveu-se a negligência das outras missões da psicologia. Mihaly Csikszentmihalyi, citado por Seligman e Csikszentmihalyi (2000), ao contrário dos outros estudiosos, enxergou durante a II Guerra Mundial, a necessidade de uma psicologia positiva, uma vez que em meio aos desastres percebeu que existiam pessoas que perderam tudo em decorrência da guerra, como suporte social, dinheiro, emprego ou status. Entretanto, elas mantiveram sua integridade e serenidade. Por isso, a Psicologia Positiva seria necessária, já que poderia ajudar a compreender quais as “fontes de força” (SELIGMAN; CSIKSZENTMIHALYI, 2000, p. 6) que sustentavam as pessoas. Yunes (2003) situa os estudos sobre a resiliência no campo da Psicologia Positiva, uma vez que a resiliência refere-se à capacidade humana de superação das adversidades sem perdas importantes para a estrutura psico-afetiva do indivíduo, ou seja, um aspecto potencialmente positivo e saudável do indivíduo. Pode-se dizer que os aspectos positivos investigados no campo da Psicologia Positiva são relevantes para a manutenção da saúde dos indivíduos; além disso, ajustam-se à definição de saúde proposta pela OMS (1948): “A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.”. Dessa forma, existe uma interface entre Psicologia da Saúde e Psicologia Positiva. Calvetti, Muller e Nunes (2007) expõem a necessidade da Psicologia da Saúde ampliar o seu modelo incluindo aspectos estudados pela Psicologia Positiva para o desenvolvimento de pesquisas e intervenções em saúde. Eles acrescentam que o movimento da Psicologia Positiva tem frisado a importância do foco no desenvolvimento sadio. Verifica-se, então, que a resiliência é um componente importante destas duas abordagens, pois trata-se de um aspecto positivo que pode contribuir no enfrentamento do processo saúde-doença (CALVETTI; MULLER; NUNES, 2007). As implicações da Psicologia Positiva também não passaram despercebidas no campo do Comportamento Organizacional (CO), entendido como um campo interdisciplinar que investiga os resultados organizacionais das relações do comportamento humano com as ações e estruturas das organizações (STAW, 1984). O campo do Comportamento Organizacional diferencia-se da Psicologia Industrial/Organizacional, porque considera que as atividades organizacionais constituem um objeto de estudo e não somente um contexto para onde os conhecimentos psicológicos seriam transferidos (SIQUEIRA, 2002). Como a Psicologia Positiva, o recém-.

(18) 17. emergente Comportamento Organizacional Positivo (COP) é um campo que reúne pesquisas interessadas na compreensão de aspectos positivos no ambiente de trabalho (LUTHANS; YOUSSEF, 2007). Luthans e Youssef (2007) salientam que o COP almeja complementar o corpo de conhecimentos do CO, somando-se aos estudos orientados aos aspectos negativos, de riscos e de perdas no contexto organizacional, uma vez que para eles os aspectos negativos e positivos estão entrelaçados. Luthans e Youssef (2007) alocam a resiliência como um estado psicológico positivo que, juntamente com otimismo, auto-eficácia e esperança formam o que denominam como capital psicológico (PsyCap). Os autores entendem que este é o núcleo conceitual central da proposta teórica do COP, pois estão relacionados a desempenho no trabalho e podem ser gerenciados, desenvolvidos e mensurados. Diversos estudos também utilizam o conceito de resiliência para explicar fenômenos psicossociais referidos a indivíduos, grupos ou instituições que enfrentam e superam situações de rupturas e de tensões no ambiente de trabalho (BARLACH; LIMONGI-FRANÇA; MALVEZZI, 2008; CIMBALISTA, 2006; CIMBALISTA, 2007; FERRIS; SINCLAIR; KLINE, 2005; JOB, 2003a; SILVA, 2006). Partindo da presente discussão é notável que a resiliência seja um objeto de estudo comum e que se situa na intersecção dos três campos expostos: Psicologia da Saúde, Psicologia Positiva e Comportamento Organizacional Positivo. Os três campos destacam a relevância de estudos que investigam aspectos protetores e de manutenção do desenvolvimento humano saudável, e os três campos apontam a resiliência como um aspecto fundamental no enfretamento e superação de doenças e situações adversas, seja no ambiente organizacional ou nos mais diversos ambientes. A resiliência é um conceito promissor nos três campos, uma vez que sinaliza possibilidades do ser humano responder de forma positiva aos infortúnios da vida. Sendo assim, este estudo é justificado pela importância da resiliência em diversas áreas do conhecimento da psicologia. Investigações deste fenômeno possuem elevado valor científico, pois descobertas a seu respeito podem trazer importantes avanços na compreensão das condições necessárias para que os indivíduos possam se desenvolver como sujeitos capazes de responder positivamente às demandas da vida. Pensando nesta contribuição e em função de indícios de possíveis relações percebidos na literatura, também farão parte deste estudo, as variáveis: conflitos intragrupais, suporte social no trabalho e autoconceito profissional..

(19) 18. Como apontado por Pinheiro (2004), diversas variáveis e processos precisam ser estudados sempre que o tema da resiliência estiver em destaque. O conflito intragrupal será uma das variáveis abordadas na presente pesquisa. Sabe-se que no contexto organizacional, várias atividades requerem trabalho conjunto entre os membros, isto é, ação coordenada por um grupo de pessoas. Esta dinâmica, para Deutsch (2003), pode ser uma fonte potencial de conflitos, ou seja, de incompatibilidade, desacordo ou dissonância entre as pessoas. O conflito intragrupal diz respeito a conflitos vivenciados entre os membros de uma mesma equipe de trabalho (BOWDITCH; BUONO, 1999). Tal conflito frequentemente se manifesta nas organizações, e apesar de estar associado, num primeiro momento, a desconfortos e problemas, pode posteriormente revelar-se propício a equipe, tornando-se gerador de novas ideias e de soluções mais elaboradas (GUIMARÃES, 2007). Suporte social, por sua vez, é definido por Siqueira (2008) como sendo “um conceito multidimensional, que se refere aos recursos materiais e psicológicos aos quais as pessoas têm acesso através de suas redes sociais” (SIQUEIRA, 2008, p. 382). O trabalhador pode perceber ou não a oferta de três tipos de suporte social da organização, o emocional, o instrumental e o informacional. Em relação ao autoconceito profissional, Tamayo e Abbad (2006) o definem como a percepção que o indivíduo tem de si mesmo em relação à sua atuação profissional no trabalho, ou seja, a autopercepção de suas tarefas, da organização onde trabalha e dos outros significativos na situação de trabalho como chefia, colegas e clientes. Assim, enquanto a percepção de suporte social no trabalho se refere a uma avaliação que o trabalhador faz da organização, o autoconceito profissional trata da avaliação que o trabalhador faz de si mesmo neste contexto. A investigação da resiliência em trabalhadores é um referencial pouco estudado, mas trata-se um assunto promissor para a compreensão dos fatores (presentes nas organizações) que podem prejudicar ou ajudar e, portanto, ser desenvolvidos para auxiliar o indivíduo a lidar com o sofrimento, mudanças e adversidades. Deste modo, pretende-se ampliar o conhecimento acerca da resiliência no contexto de trabalho e enriquecer a compreensão de possíveis relações com outros construtos da área. Destaca-se que a relevância da pesquisa também se faz porque os trabalhadores que participarão do estudo serão policiais militares, um grupo profissional que freqüentemente lida com perigos e adversidades em decorrência das suas funções na sociedade. Além disso, estudos.

(20) 19. como o de Dela Coleta (2007) tem revelado que o ambiente organizacional também é fonte de descontentamento dos policiais. De modo a colaborar com o conhecimento na área, trazendo mais esclarecimento sobre a resiliência no contexto de trabalho e suas relações com outros construtos, definiu-se como objetivo geral desta pesquisa verificar a capacidade preditiva do conflito intragrupal, do suporte social no trabalho e do autoconceito profissional sobre a resiliência de policiais militares. A Introdução constituiu-se da contextualização da resiliência nos campos da Psicologia da Saúde, da Psicologia Positiva e do Comportamento Organizacional Positivo. Ocupou-se fundamentalmente de apresentar as interfaces dos campos e a relevância dos estudos sobre a resiliência. Além disso, foi apresentado o objetivo geral e introduzidas as outras variáveis abordadas na pesquisa. O primeiro capítulo constituirá a fundamentação teórica, onde serão abordadas as variáveis em estudo, suas definições, bem como a história dos conceitos e pesquisas relacionadas. Inicialmente será explorado o fenômeno da resiliência, em seguida, o conflito intragrupal, o suporte social no trabalho e o autoconceito profissional. O segundo capítulo apresentará o problema de pesquisa, os objetivos e o modelo de investigação proposto. O terceiro capítulo trará as definições conceituais e operacionais de cada variável estudada. No quarto capítulo o método empregado será descrito, desde a caracterização dos participantes, os instrumentos utilizados até os procedimentos de coleta e análise de dados. Além disso, será apresentada a análise exploratória dos dados e as análises dos pressupostos necessários à aplicação das técnicas multivariadas. No quinto capítulo os resultados serão relatados e discutidos, desde o teste de confiabilidade dos instrumentos, a estatística das variáveis e as análises de correlação e de regressão, confrontando-os com os achados da literatura. No sexto capítulo serão apresentadas as conclusões do estudo e suas contribuições, bem como suas limitações e uma agenda de pesquisa com sugestões para futuros estudos. Por fim, serão apresentadas as referências bibliográficas e os anexos..

(21) 20. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1 RESILIÊNCIA Neste subtítulo, inicialmente, diferentes concepções de resiliência serão exploradas, bem como as concepções de resiliência aplicadas ao contexto de trabalho. Em seguida, alguns estudos empíricos sobre resiliência serão relatados e, por fim, serão apresentados os fatores que comumente, na literatura, são relacionados ao conceito de resiliência, como fatores de risco, fatores de proteção, coping, vulnerabilidade e percepção de invulnerabilidade. A fundamentação teórica da resiliência foi mais extensa, visto que é a variável dependente do presente estudo, ou seja, a variável que se deseja explicar, cujos efeitos poderão ser influenciados por outras variáveis, no caso: conflito intragrupal, suporte social no trabalho e autoconceito profissional (variáveis independentes). Para o levantamento bibliográfico foram consultadas diversas bases de dados, como Directory of Open Access of Journals (DOAJ), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), American Psychological Association (APA), Biblioteca Virtual de Psicologia (BVS – Psi), Banco de Teses da CAPES, Annual Reviews e Google Acadêmico. As palavras de busca prioritárias foram: a) resiliência (resilience); b) resiliência e conflito intragrupal (resilience and intragroup conflict); c) resiliência e suporte social (resilience and social support) e; d) resiliência e autoconceito (resilience and self-concept) exploradas inicialmente em um período de tempo de 2000 a 2010. Notou-se que os estudos sobre resiliência ainda são escassos na America Latina, quando comparados às outras variáveis abordadas. Entretanto, como detectado nas bases do portal Capes, os estudos acentuaram-se a partir do ano de 2001. A título de exemplo, no ano de 2000 é possível encontrar três artigos que exploraram o tema; já no ano de 2003, este número cresceu para 13. Do período de 1999 até 2010, o portal Capes registrou 58 artigos em bases de dados de livre acesso. Quando se procurou nestas bases de dados o termo resiliência conjugado a outra variável, nenhuma ocorrência foi encontrada. Desta forma, investigações como a presente assumem um papel importante para o aprofundamento do conhecimento a respeito da resiliência..

(22) 21. 1.1.1 A evolução do conceito de resiliência.. Tavares (2008) afirma que o conceito de resiliência evoluiu do concreto para o abstrato, das realidades físicas para as realidades psicológicas, e atualmente é entendido como um conceito dinâmico e relativo. Assim sendo, esta parte do estudo preocupar-se-á em apresentar essa evolução do conceito de resiliência, bem como assinalar as diferentes definições dadas pelas ciências humanas ao fenômeno, que ora apontam a resiliência como um fator permanente (BEARDSLEE; PODOREFSKY, 1988; COWAN; WORK, 1988; GARMEZY, 1993; MILLER, 1998 apud JACELON, 1997) ora como um processo, um fator circunstancial e adquirido (MARTINEAU, 1999; PINHEIRO, 2004; RUTTER, 1987; SILVA; ELSEN; LACHARITÉ, 2003), e mais recentemente, como um estado (LUTHANS; YOUSSEF, 2007). Partindo da etimologia da palavra resiliência, no latim, resiliens denota retornar a um estado anterior, significa saltar para trás, voltar e recuar (PINHEIRO, 2004; OLIVEIRA; REIS; ZANELATO; NEME, 2008). Na língua inglesa, resilient remete à idéia de elasticidade e capacidade de recuperação (PINHEIRO, 2004). As definições de resiliência no dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e no dicionário Aurélio da Língua Portuguesa foram consultadas. No primeiro dicionário citado as versões de 2004, 2007 e 2009 apresentaram as mesmas e seguintes definições: resiliência s.f. 1 Fís. propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. 2. Fig. capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.. Verifica-se que são duas as definições dadas ao termo, uma que remete a uma propriedade física e outra que remete, no seu sentido figurado, a uma habilidade humana. No dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, em suas versões consultadas (1986, 2004 e 2009) também se encontrou duas definições à resiliência que se repetiram: resiliência s.f. 1 Fís. Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica. 2 Fig. Resistência ao choque.. Embora exista neste dicionário uma definição física e outra figurada ao termo resiliência, o sentido figurado parece apontar também a uma propriedade de materiais..

(23) 22. No campo da física pode-se dizer que o conceito de resiliência é antigo e o seu uso é comum para profissionais da física, engenharia, ecologia e odontologia na caracterização da resistência de materiais (YUNES, 2003). Ele foi empregado em 1807 por Thomas Young e remetia à capacidade de um corpo absorver energia sem sofrer deformação (TIMOSHEIBO, 1983). Exemplos típicos de materiais que possuem esta propriedade são as bolas de borrachas e os elásticos, já que após serem esticados ou comprimidos, eles retornam a forma anterior ou inicial. Trata-se então, de uma capacidade associada ao grau de elasticidade que um objeto suporta sem se desfigurar (BARLACH; LIMONGI-FRANÇA; MALVEZZI, 2008). Enquanto nas ciências exatas o termo surgiu no início do século XIX, somente no final do século XX foi possível encontrar os termos invencibilidade ou invulnerabilidade nos estudos dos fenômenos humanos, entendidos como precursores do termo resiliência (YUNES, 2003). Luthar, Cicchetti e Becker (2000) também apontam que nos escritos mais antigos o termo possuía uma ligação estreita com o conceito de invulnerabilidade. O primeiro a utilizar este termo, de acordo com Masten e Garmezy (1985) citado por YUNES (2003), foi J. Anthony, psiquiatra infantil, para caracterizar as crianças que seriam imunes a qualquer adversidade. Em seus estudos ele constatou que algumas crianças mesmo rodeadas de perigos e de ameaças, conseguiam desenvolver-se normalmente, e assim, equivocadamente, ele utilizou o conceito de “bonecas de aço”, ou seja, crianças que possuíam características constitucionais fortes que lhes permitiam suportar pressões do seu meio (RUTTER, 1985 apud LINDSTROM, 2001). Invulnerabilidade remete à capacidade de um indivíduo de não experimentar o estresse, ou de não se sentir atingido por uma adversidade ou um risco. Refere-se a uma característica intrínseca, não sujeita a mudanças, a qual permite ao indivíduo sair ileso de uma situação adversa (SILVA; ELSEN; LACHARITÉ, 2003; POLETTO; WAGNER; KOLLER, 2006). Assim, verifica-se que os estudos que focavam a resiliência como sinônimo de invulnerabilidade ou como uma característica inata ao indivíduo e fixa, ou seja, como um traço1, apoiaram-se na concepção física dada à resiliência em seus primórdios, a qual trouxe influências na maneira de pensar o construto no campo psicológico. 1. Faz-se importante elucidar neste momento a definição de traço. Traço, de acordo com Andrade e Gorenstein (1998), remete a uma condição permanente, a uma característica estável do indivíduo, assim, os traços são menos sensíveis às mudanças decorrentes de situações ambientais e permanecem relativamente constantes ao longo da vida. Diferentemente, o termo estado remetiria a uma característica transitória..

(24) 23. Luthar, Cicchetti e Becker (2000) ao traçarem o histórico da investigação da resiliência, com base no estudo de Masten et al. do ano de 1990, deixam explícita a concepção que os estudiosos tinham a respeito da resiliência. De acordo com Masten et al. as investigações sobre a esquizofrenia podem ser consideradas a base dos estudos da resiliência. Os primeiros trabalhos destinados à compreensão do comportamento mal adaptado eram focados nos pacientes gravemente desordenados, assim, era conferida pouca atenção àqueles pacientes que apresentavam padrões relativamente adaptados. Entretanto, na década de 70, alguns pesquisadores caracterizaram os esquizofrênicos com os cursos menos graves da doença, com aspectos de competência social pré-mórbida, o que podem ser considerados atualmente como prognóstico de trajetórias relativamente resilientes. Luthar, Cicchetti e Becker (2000) acrescentaram que paralelamente surgiram importantes estudos destinados a compreender as variações individuais em resposta à adversidade de filhos de mães esquizofrênicas. Em seguida, pesquisas destinaram-se a investigar crianças que viviam em condições adversas, como crianças em condições de desvantagens socioeconômicas, com pais que apresentavam doenças mentais e que sofriam maus tratos. Tais pesquisas almejavam encontrar as forças de proteção das crianças que apresentavam uma adaptação saudável, comparando com aquelas menos ajustadas. Os autores verificaram na literatura que estas forças de proteção apontadas como qualidades de crianças ditas resilientes eram centradas nos atributos pessoais, como autonomia ou auto-estima (LUTHAR; CICCHETTI; BECKER, 2000). Jacelon (1997) também destaca que os estudos sobre a capacidade de superação de crianças, adolescentes e adultos em situação de risco, que consideravam a resiliência como um atributo do indivíduo, almejavam identificar um conjunto de características que constituiriam a resiliência. Silva e Guzzo (2008) salientam que nas ciências humanas o conceito de resiliência foi utilizado por vários estudiosos como algo absoluto, como um traço que poderia ser medido. Pinheiro (2004, p. 68) em função disto, lançou em seu artigo a seguinte questão: “Na física, a resiliência dos materiais é medida por meio de fórmulas matemáticas, mas como operar quando a matéria é humana?”. Martienau (1999) em sua tese de doutorado afirma que a versão inicial de resiliência como invulnerabilidade ainda orienta pesquisas atuais que almejam detectar traços ou características presentes em crianças ou pessoas ditas resilientes a partir de estudos psicométricos e análise estatística. Esta autora critica o discurso dominante por ela denominado de discurso dos experts, pois parte de medidas de traços vistos como características fixas da resiliência. A autora.

(25) 24. encontrou quatro traços que são mais investigados na literatura que aborda a resiliência, são eles: sociabilidade, criatividade, senso de autonomia e de proposta. Entretanto, atualmente existe um consenso de que a concepção de invulnerabilidade é distinta do conceito de resiliência (CIMBALISTA, 2007; LUTHAR; CICCHETTI; BECKER, 2000; PINHEIRO, 2004; SILVA; ELSEN; LACHARITÉ, 2003; YUNES, 2003). Segundo Silva et al. (2005) o conceito de resiliência somente é usado, na literatura, quando ele atende a duas condições. A primeira condição é a resposta positiva do indivíduo ou da família a uma situação de risco, ou seja, quando não existe uma adversidade, não se trata de resiliência. A segunda condição é que resiliência não implica a anulação ou eliminação da situação de risco, mas o enfrentamento com sucesso desta pelo sujeito, ou seja, não se trata de uma invulnerabilidade. A resiliência não sugere que o sujeito não experimente estresse ou que a situação de risco tenha que ser afastada, pelo contrário, os sujeitos ditos resilientes conservam as marcas, os sentimentos e as lembranças das adversidades que enfrentaram. Luthar, Cicchetti e Becker (2000) afirmam que a concepção de resiliência como invulnerabilidade é enganosa, uma vez que implica que a evasão de risco é absoluta e imutável. Resiliência, de acordo com estes autores, refere-se a um processo dinâmico de adaptação positiva dos indivíduos que vivenciam experiências de adversidade significativa. Assim, concordando com Pinheiro (2005), duas condições estão implícitas neste conceito. A primeira é a exposição às adversidades; e a segunda é a adaptação positiva, mesmo em situações de ameaças ao processo de desenvolvimento. Conforme Cimbalista (2007), invulnerabilidade denota uma idéia de resistência total à adversidade, e resiliência é a habilidade do indivíduo superar as adversidades. A autora destaca o caráter contextual e dinâmico do conceito de resiliência, uma vez que existem vários fatores que influenciam este fenômeno. Rutter (1985, 1993 apud YUNES, 2003) criticou o uso do termo invulnerabilidade por passar a idéia de uma característica imutável e intrínseca do indivíduo sem considerar as circunstâncias. Para o autor a resiliência é relativa e possui bases constitucionais e ambientais, diferenciando os termos resiliência e invulnerabilidade. Rutter (1987) aponta que resiliência é uma resposta positiva dada pelo indivíduo ao estresse e às adversidades que enfrenta. Parte da noção que as pessoas respondem de maneiras diferenciadas aos riscos, uma vez que algumas pessoas sucumbem e outras superam o perigo. Uma mesma situação, em determinado momento.

(26) 25. da vida de um homem, pode ser superada por ele com sucesso, ou esta mesma situação, mas em outro ponto de sua vida, pode ser vista como um estressor insuperável. Rutter (1987) define resiliência como: [...]variação individual em resposta ao risco que os mesmos estressores podem ser experenciados de maneira diferente por diferentes pessoas. [...]. A resiliência não pode ser vista como um atributo fixo do indivíduo. [...]. Se as circunstâncias mudam, a resiliência se altera. (RUTTER, 1987, p. 317).. As definições de Rutter (1987) e Luthar, Cicchetti e Becker (2000), além de demonstrarem a preocupação dos autores em diferenciar o conceito de resiliência e invulnerabilidade, apontam para a necessidade de considerar o fenômeno como dinâmico e distinto de um traço psicológico. Pinheiro (2004) diz que os autores dividem-se na explicação sobre a resiliência. Alguns colocam a resiliência como traço de personalidade ou temperamento, outros a consideram como uma qualidade marcada pela flexibilidade e versatilidade. Nota-se também uma dificuldade dos autores em responder se a resiliência é um traço, atributo individual ou fruto da interação com o ambiente. Jacelon (1997) também aponta que algumas investigações atuais têm considerado-a como um traço dos indivíduos e outras a apontam como um processo. Quando se entende a resiliência enquanto uma característica permanente, pensa-se num traço de personalidade, o qual teoricamente se mantém estável ao longo da vida e permite ao indivíduo superar e recuperar toda e qualquer adversidade. Estudos que focam capacidades e habilidades dos indivíduos sem considerar o contexto e circunstâncias que os rodeiam, são propensos a identificar fatores inatos no fenômeno da resiliência. Por sua vez, as investigações que consideram o ambiente e as relações sociais, tendem a afirmar que a resiliência é uma habilidade circunstancial, ou seja, um conjunto de habilidades utilizado em determinado contexto por um determinado indivíduo em uma situação adversa específica, o qual pode ser aprendido e estimulado (TABOADA; LEGAL; MACHADO, 2006). Segundo Jacelon (1997), estudos que focam a resiliência como um traço dedicam-se à identificação de características físicas e psicológicas que permitem ao indivíduo superar uma adversidade. Miller (1998 apud JACELON, 1997), por exemplo, sugere que a predisposição de indivíduos a serem resilientes deve-se à combinação de fatores bioquímicos e fatores de personalidade. Ao se colocar a resiliência como um traço, supõe-se que ela é inerente a alguns.

(27) 26. indivíduos e permanente, assim pesquisas que partem deste pressuposto procuram identificar a presença destes traços. De acordo com Luthar, Cicchetti e Becker (2000) as confusões quanto à questão traço versus processo deriva, em parte, da definição de ego-resiliency de Jeanne e Jack Block de 1980. Ego-resiliency refere-se a uma característica pessoal do indivíduo, que engloba um conjunto de traços refletindo desenvoltura e robustez de caráter, bem como flexibilidade em respostas a diferentes condições ambientais. Em contraste, o termo resilience remete a um processo, sendo a experiência de adversidade um dado significativo. Luthar, Cicchetti e Becker (2000), então, apresentam as diferenças destes dois termos. Ego-resiliency é uma característica da personalidade do indivíduo que não pressupõe uma situação adversa e resilience é um processo dinâmico do desenvolvimento, que pressupõe uma adversidade. Luthar, Cicchetti e Becker (2000) concordam com as idéias de Masten (1994), citado por eles. Este propõe que o termo resilience seja usado somente quando se referir à manutenção de ajuste positivo sob situações de adversidade. Tal autor advertiu sobre o uso do termo resiliency nestas situações, pois este termo carrega a conotação de um traço e gera a percepção de que alguns têm e outros não, e que aqueles que não o possui, nada podem fazer em situações difíceis da vida. Taboada, Legal e Machado (2006) salientam que estudos que trazem termos como: crianças resilientes ou tornar os jovens resilientes, podem remeter à concepção de resiliência como um conjunto de características definidas que atuam perante as vicissitudes da vida, sejam quais forem. Tornar os jovens resilientes, seria torná-los resilientes a todas as situações. Luthar, Cicchetti e Becker (2000) apresentam outra justificativa para as confusões do uso do termo resiliência, ora apresentado como traço, ora como processo. A confusão pode derivar do uso da expressão criança resiliente por alguns autores que entendem a resiliência como um processo dinâmico. Todavia, esta expressão pode não se referir a um atributo fixo, mas fazer inferência às duas condições de coexistência de resiliência: a presença de uma ameaça e as adaptações positivas da criança. Luthar, Cicchetti e Becker (2000) opinam que, em pesquisas futuras, os pesquisadores deverão ter cautela no uso da terminologia, indicando claramente de que forma entende a resiliência, como um traço ou como processo. De acordo com Barlach, Limongi-França e Malvezzi (2008) a categorização da resiliência como um fenômeno dinâmico, multidimensional ou ecossistêmico é predominante na atualidade..

(28) 27. Para estes estudiosos, Waller é um dos representantes mais importantes nesta abordagem e definiu resiliência como “um produto- multideterminado sempre mutável de forças que interagem em determinado contexto ecossistêmico.” (WALLER, 2001, p. 209 apud BARLACH; LIMONGI-FRANÇA; MALVEZZI, 2008, p. 112). Este enfoque considera que o equilíbrio alcançado por indivíduos descritos como resilientes é explicado a partir da interação dinâmica entre o ser humano e seu meio, assim, trata-se de um enfoque oposto ao que entende a resiliência como decorrente de traços de personalidade (BARLACH; LIMONGI-FRANÇA; MALVEZZI, 2008). Barlach, Limongi-França e Malvezzi (2008) também citam Werner (1982), uma estudiosa que compartilha a visão de que a resiliência não pode ser explicada por características genéticas, capacidade cognitiva, temperamento ou personalidade especial. Tal autora, ainda destaca que o suporte e o apoio irrestrito de um adulto à vida das crianças por ela estudada, eram o fator comum entre as crianças identificadas como resilientes. Barlach, Limongi-França e Malvezzi (2008) utilizam os seguintes escritos de Manciaux (2000) para caracterizarem a resiliência: se a genética e a biologia determinam os limites do possível, resta um alto grau de liberdade e uma margem de manobra para a intervenção de recursos pessoais e profissionais. A cada instante, a resiliência resulta da interação entre o próprio indivíduo e meio que o cerca, entre o seu passado e o contexto do momento em termos políticos, econômicos, sociais e humanos. (MANCIAUX, 2000, p. 326, apud BARLACH; LIMONGI-FRANÇA; MALVEZZI, 2008, p. 103).. Assim, a resiliência é considerada para muitos autores, segundo Pinheiro (2004), como uma qualidade que se altera ao longo do tempo e que não nasce com o indivíduo, ou seja, não é um atributo fixo. Além disso, não se trata de um conjunto de condições felizes e tão pouco, algo restrito a algum grupo étnico, ou algo que dependa de níveis socioeconômicos. Segundo Pinheiro (2004), as adversidades são inerentes à vida, assim, não há homem livre das situações que entristecem e das incertezas da existência. No entanto, comportamentos e consequências diferenciadas podem ser visto entre os indivíduos que enfrentam situações adversas. Por isso, a psicologia e outras áreas das ciências humanas, esforçam-se para compreender quais seriam as variáveis que possibilitariam as pessoas a superarem as adversidades e serem transformadas positivamente por elas. A autora acrescenta que aspectos como: sexo, genética, traços de personalidade, relacionamentos com familiares e amigos,.

(29) 28. questões sociais e econômicas e outras variáveis; precisam ser consideradas quando se almeja entender como pessoas com trajetórias semelhantes se diferenciam – somente algumas conseguem superar crises, outras não conseguem. Além disso, pesquisas recentes têm se preocupado em analisar a importância da interpretação dos fatos sobre a maneira com que os indivíduos percebem as adversidades. Silva, Elsen e Lacharité (2003) também enfatizam a complexidade da resiliência, uma vez que ela está atrelada aos múltiplos contextos em que o indivíduo interage. Tais contextos suscitam interpretações diversas ao fenômeno. Pesce, Assis, Avanci, Santos, Malaquias e Carvalhaes (2005) entendem a resiliência como um conjunto de processos intrapsíquicos e sociais que possibilitam o desenvolvimento saudável do indivíduo, mesmo vivendo em situações desfavoráveis. É um fenômeno complexo, uma vez que envolve a interação de experiências de risco, fatores de proteção internos e externos ao indivíduo. A resiliência é definida por Junqueira e Deslandes (2003) como a capacidade do homem superar dificuldades consideradas como um risco e a possibilidade de construção de novos caminhos de vida e de um processo de subjetivação a partir do enfrentamento de situações traumáticas e estressantes. As estudiosas defendem que: o conceito de resiliência traduz conceitualmente a possibilidade de superação num sentido dialético, isto é, representando um novo olhar, uma re-significação do problema mas que não o elimina, pois constitui parte da história do sujeito. O caráter contextual e histórico da resiliência se expressa seja do ponto de vista biográfico, seja do conjunto de interações dadas numa cultura determinada. (JUNQUEIRA; DESLANDES, 2003, p. 234).. Richardson e Waite (2002) definem a resiliência como uma força de auto-alinhamento que direciona os homens, após experiências perturbadoras, à auto-realização, ao altruísmo, à sabedoria e à harmonia. Trata-se de um processo que vem de dentro do espírito humano que permite ao indivíduo crescer mais forte através do rompimento, das adversidades e dos desafios. Segundo Lima (2004) o conceito de resiliência evidencia a capacidade adaptativa do homem, uma vez que implica em considerar a plasticidade do comportamento humano diante das adversidades da vida. Além disso, o conceito de resiliência resgata o papel do outro e dos componentes biológicos, individuais e sociais do comportamento humano ..

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