• Nenhum resultado encontrado

Justiça social e a agenda 2030 da ONU: pensar o desenvolvimento de sociedades mais justas e inclusivas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Justiça social e a agenda 2030 da ONU: pensar o desenvolvimento de sociedades mais justas e inclusivas"

Copied!
55
0
0

Texto

(1)

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ALEX SANDRO ROSA MANCHINI

JUSTIÇA SOCIAL E A AGENDA 2030 DA ONU: PENSAR O DESENVOLVIMENTO DE SOCIEDADES MAIS JUSTAS E INCLUSIVAS.

Ijuí (RS) 2019

(2)

ALEX SANDRO ROSA MANCHINI

JUSTIÇA SOCIAL E A AGENDA 2030 DA ONU: PENSAR O DESENVOLVIMENTO DE SOCIEDADES MAIS JUSTAS E INCLUSIVAS.

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: Dra. Anna Paula Bagetti Zeifert

Ijuí (RS) 2019

(3)

Dedico este trabalho, em especial a minha família, e a todos aqueles que,

anonimamente, lutam por condições de equidade e justiça social aos “relegados socialmente” pela crueldade da

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradecer...

Verbo que remete ao pensamento de compensar, retribuir, recompensar! Dicionário algum ou qualquer transição adjetiva ou adverbial traduzirá a imensa gratidão que sinto por ter em minha vida tantas pessoas especiais que acreditaram em minha história.

Impossível neste trabalho não retribuir com palavras o imenso amor que recebi de meus pais, senhor Atílio e senhora Amelia Manchini. Mais do que gratidão, fica o respeito a partir de todas as privações por vocês passadas ao longo de nossa trajetória humana, para que pudessem garantir além do ensino, uma vida digna de paz e união à nossa família. Importante ainda, a recompensa de ter ao meu lado nesta caminhada, o apoio de meus irmãos Andressa e Anderson Rosa Manchini, e de minha companheira Liane Estefani. Muito obrigado por acreditarem em cada hora de ensino, cada quilometro rodado nas idas e vindas por estes anos de formação. Pelas orações e pela positividade.

A cada Mestre que por minha vida acadêmica deixou sua marca de amizade e de ensinamento nesta tão honrosa Universidade, representada neste agradecimento especial a minha orientadora Dra. Anna Paula Bagetti Zeifert pela oportunidade da iniciação científica, pelo suporte e orientações, guiando-me para um resultado exitoso. Aos colegas de curso pelo carinho e pela eterna amizade acadêmica, fica despendida a minha homenagem.

Enfim, a cada pessoa que por algum momento de minha história e de minha formação esteve ao meu lado, fica meus agradecimentos por tornar-me uma pessoa digna de tamanho carinho e respeito.

(5)

“Qué tal si deliramos por un ratito

qué tal si clavamos los ojos más allá de la infâmia para adivinar otro mundo posible [...]

Nadie vivirá para trabajar

pero todos trabajermos para vivir [...]

Los historiadores no creerán que a los países les encanta ser invadidos

Los políticos no creerán que a los pobres les encanta comer promesas

[...]

La educación no será el privilegio de quienes puedan pagarla

y la policía no será la maldición de quienes no puedan comprarla

La justicia y la libertd, hermanas siamesas condenadas a vivir separadas volverán a juntarse bien pegaditas espalda contra espalda

[...]

Seremos imperfectos

Porque la perfección seguirá siendo el aburrido privilegio de los dioses pero en este mundo en este mundo

chambón y jodido seremos capaces de vivir cada día como si fuera el primero

y cada noche como si fuera la última”

(6)

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas – ONU, bem como de seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, delineadas em 169 metas com objetivo específico de erradicar com a fome, em todas as suas formas. A pesquisa acadêmica do tipo exploratória, utiliza do método de abordagem hipotético-dedutivo e da coleta de dados em fontes bibliográficas para possibilitar o pensamento a partir da inclusão política, social e econômica rumo a sustentabilidade e a promoção dos direitos humanos. Ainda, busca através do estudo das desigualdades, da efetivação dos direitos humanos, bem como da problemática contemporânea que permeia os cenários políticos, governamentais e econômicos nos países (em especial, no Brasil), entender a importância da efetivação de políticas que contemplem o caráter transversal e transdisciplinar de tão importante documento ratificado por 193 Estados-membros, na garantia da justiça social plena e efetiva às nações signatárias, buscando uma significativa melhora nos âmbitos social, econômico e ambiental, e integrando políticas públicas que garantam a continuidade de ações equitativas através de planos de governos sólidos, permanentes, integratórios, sustentáveis e sustentados, a fim de contribuir para a melhora das sociedades no presente e no futuro.

Palavras - chave: Agenda 2030. Desigualdade Social. Direitos Humanos. Neoliberalismo. Justiça Social

(7)

ABSTRACT

This course conclusion paper analyzes the UN's 2030 Agenda as well as its 17 sustainable development goals, outlined in 169 goals with the specific goal of eradicating hunger in all its forms. The exploratory academic research uses the hypothetical-deductive approach method and the collection of data from bibliographic sources to enable thinking from the political, social and economic inclusion towards sustainability and the promotion of human rights. Still, it seeks through the study of inequalities, the realization of human rights, as well as the contemporary problematic that permeates the political, governmental and economic scenarios in the countries (especially in Brazil), to understand the importance of the implementation of policies that contemplate the character transverse and transdisciplinary approach of such an important document ratified by 193 Member States, in guaranteeing full and effective social justice to the signatory nations, seeking a significant improvement in the social, economic and environmental spheres, and integrating public policies that guarantee the continuity of equitable actions through solid, permanent, integrative, sustainable and sustainable government plans to help improve societies today and in the future. Keywords: Agenda 2030. Social Inequality. Human rights. Neoliberalism. Social justice

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADES SOCIAIS: DILEMAS DA

SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ... 10

1.1 O desenvolvimento socioeconômico atual e a globalização ... 10

1.2 As alterações estruturais da economia mundial e o aumento das desigualdade ... 16

1.3 Desigualdade, pobreza e a questão do subdesenvolvimento ... 20

2 A AGENDA 2030 DA ONU COMO PROMOTORA DA JUSTIÇA SOCIAL: RUMO A SUSTENTABILIDADE E A PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ... 23

2.1 As faces indissociáveis do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental... 29

2.2 A Agenda 2030 e a Justiça social como critério transversal... 41

2.3 O desenvolvimento humano como prioridade: uma abordagem transdisciplinar... 45

CONCLUSÃO... 50

(9)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso disserta acerca dos diferentes aspectos sociais, políticos e econômicos que norteiam a justiça e a inclusão social, no atual cenário contemporâneo, com ênfase nas propostas apresentadas pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Temas como a desigualdade social e a quem está serve, as motivações paradoxais que relegam grande parte da sociedade latino-americana a viver em condições abaixo de um mínimo social aceitável, bem como os desafios para que a implementação da Agenda 2030 possibilite maior acesso dos países em estado de vulnerabilidade são alvo deste trabalho, que objetiva ainda a integração do estudo do Direito a realidade fática de nossas sociedades, sob a óptica da justiça social, da igualdade e do desenvolvimento sustentável.

Para a realização de tal estudo foram realizados a coleta de dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios físicos e na rede de computadores, com ênfase especial para a base exploratória da Agenda 2030, bem como estudos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e de órgãos responsáveis pelo acompanhamento estatal de cada objetivo de desenvolvimento sustentável (ODS). Além disso, o presente trabalho toma por base importantes bibliografias e artigos especializados, a fim de coletar maiores informações e subsídios acadêmicos acerca do tema e possibilitar a sua conclusão.

O primeiro capítulo perpassa pelas teorias da desigualdade, da pobreza e a injustiça social na qual as relações de Estado e governos relegam as sociedades (especialmente vinculadas às classes menos influentes e favorecidas), atendendo a interesses cada vez mais ligados aos indicadores econômicos de suas nações, em detrimento a quesitos indispensáveis de proteção da vida, a igualdade, a cidadania,

(10)

ao direito (individual e coletivo), e da equidade social, com base nos períodos históricos contemporâneos.

No segundo capítulo o trabalho trata da Agenda 2030 como promotora de justiça social, trazendo aspectos importantes quanto a seus objetivos, seus interesses e afinidades políticas bem como das faces indissociáveis do desenvolvimento sustentável no aspecto econômico, social e ambiental, seu critério de transversalidade (integração, visão transversal de políticas públicas e a capacidade de planejamento intersetorial) e transdiciplinariedade (na garantia de uma igualdade substancial de oportunidades, que de forma cooperativa e colaborativa), na busca de um conjunto comum de justiça social equitativa.

Assim, a partir dos temas trabalhados, busca-se a realização de uma contribuição social e acadêmica que propicie um pensar mais cidadão sobre a temática, visando a realização da justiça social efetiva e igualitária, fomentando o debate e a reflexão sobre importante temática, que merece atenção especial na atual conjuntura política da Nação.

(11)

1 DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADES SOCIAIS: DILEMAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Ao longo dos anos, governos e camadas societárias tidas como “conservadoras e elitizadas” relutam em aceitar a formulação de uma agenda de inclusão que contemple as comunidades menos abastadas socialmente, bem como a sua importância para a valorização humana. Contemporaneamente, nota-se que a pauta política das temáticas sociais, especialmente na América Latina e no Brasil, obteve avanços significativos em busca de sociedades mais justas e igualitárias, no sentido de fomentar políticas que propiciaram maiores incentivos ao crescimento social e econômico sustentável, buscando atender aqueles que, historicamente, foram “relegados socialmente”.

Ocorre que, no atual período histórico, as mudanças, em especial, na política, propriamente dita, novamente sob o argumento do crescimento e da liberalidade econômica, bem como da mínima intervenção do Estado, lança novamente as estafes sociais menos favorecidas a uma posição de miserabilidade social, econômica e intelectual, deixando de atender grande parte da população com políticas inclusivas e sustentáveis, retomando processos de segregação social arcaicos e criminosos, de exclusão de classes, cuja sociedade e a política marginaliza, seja por sua cor, raça, gênero, condição social ou qualquer que seja a forma de desigualdade que os separa da justiça social plena e efetiva.

1.1 O desenvolvimento socioeconômico atual e a globalização

O estudo da relação entre o desenvolvimento socioeconômico no contexto atual e a globalização, antes de mais nada, necessita de uma breve consideração teórica, especialmente no que tange a conceituação (ainda que simplória) do efeito sociológico globalizante. Nas palavras de Anthony Giddens (1991, p. 60-61), “[...] A modernidade é inerentemente globalizante — isto é evidente em algumas das mais básicas características das instituições modernas, incluindo em particular sua ação de desencaixe e reflexividade”. Ainda, objetivando a contextualização sociológica, entende que a globalização deve ser analisada a partir da vida social “ordenada através do tempo e do espaço — na problemática do distanciamento tempo-espaço”. Assim, conceitua referido autor que “[..] a globalização se refere essencialmente a

(12)

este processo de alongamento, na medida em que as modalidades de conexão entre diferentes regiões ou contextos sociais se enredaram através da superfície da Terra como um todo.”

[...] A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialético porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção anversa às relações muito distanciadas que os modelam. [...] O resultado não é necessariamente, ou mesmo usualmente, um conjunto generalizado de mudanças aluando numa direção uniforme, mas consiste em tendências mutuamente opostas.[...] Em circunstâncias de globalização acelerada, o estado-nação tornou-se "muito pequeno para os grandes problemas da vida, e muito grande para os pequenos problemas da vida".42 Ao mesmo tempo em que as relações sociais se tornam lateralmente esticadas e como parte do mesmo processo, vemos o fortalecimento de pressões para autonomia local e identidade cultural regional. (GIDDENS, 1991, p. 60-61)

O processo de globalização1, para aquém de uma corrente única de interpretação sistêmica, ao longo dos últimos anos tem sido estudado de forma mais ampla, visando o entendimento conciso entre a sua objetivação e sua interação para com as sociedades. Em um contexto de historicidade, entende-se que o processo globalizatório tenha se iniciado a partir do final da Idade Média, com a expansão do sistema capitalista e a nova conjuntura cultural-científica renascentista. O processo desencadeia para muitos historiadores que tal processo tem um alcance global, ainda que incompleto, dando origem a sistemas formadores de impérios e nações na Europa. Nos ensaios literários do Vigésimo Nono Período de Sessões, realizado em Brasília/DF, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), através das discussões acerca do tema “Globalização e Desenvolvimento” (2002, p.18-19) define a globalização em pelo menos três outros períodos históricos distintos, datados, segundo historiadores, dos últimos 130 anos, delimitando,

1 Ao relacionar as Dimensões da Globalização na página 65 da obra intitulada “As consequências da

Modernidade”, Giddens (1991, p. 65) retrata um panorama atual para o tema delimitando que ao considerarmos o tema na atualidade, pode-se afirmar que a organização econômica é dominada por organismos capitalistas. “[...] Os principais centros de poder na economia mundial são estados capitalistas — estados onde o empreendimento econômico capitalista (com as relações de classe que isto implica) é a principal forma de produção. As políticas econômicas nacional e internacional destes estados envolvem muitas formas de regulamentação da atividade econômica, mas, como foi notado, sua organização institucional mantém uma "insulação" do econômico em relação ao político.”

(13)

inclusive como parâmetros, momentos e regimes macroeconômicos que podem ser estudados a fim de embasar a teoria da globalização no cenário mundial:

[...] Assim, uma primeira fase da globalização, de 1870 até 1913, se caracterizou pela elevada mobilidade dos capitais e da mão-de-obra, junto com um auge comercial, baseado mais numa grande redução dos custos de transporte do que no livre comércio. Esta fase da globalização se interrompeu com a Primeira Guerra Mundial, dando lugar a um período caracterizado, primeiro, pelo fracasso em reconstruir as tendências prévias na década de 1920 e pela franca retração do processo de globalização na década de 1930.

Após a Segunda Guerra Mundial tem início uma nova etapa de integração global. Todavia, apesar de sua continuidade, convém distinguir duas fases inteiramente diferentes neste período, cujo ponto de ruptura tem lugar no início da década de 1970, como efeito conjunto do colapso do regime de regulamentação macroeconômica definido em 1944 em Bretton Woods, do primeiro choque petroleiro, da crescente mobilidade privada de capitais, que se intensificou a partir dos dois processos anteriores, e do fim da "idade de ouro" de crescimento dos países industrializados (Marglin e Schor, 1990). (CEPAL. 2002, p.18-19)

Ainda, conforme dados históricos da CEPAL, em se tratando das fases teóricas da globalização, importante recorte faz-se a partir do final da considerada “idade de ouro”, no que tange a organização econômica, bem como das significativas mudanças globalizantes a partir do século XX:

[...] Se definirmos o fim da idade de ouro como o ponto de ruptura, podemos falar de uma segunda fase de globalização, entre 1945 e 1973, que se caracterizou pelo grande esforço para desenvolver instituições de cooperação internacional em matéria financeira e comercial, e pela grande expansão do comércio de manufaturas entre países desenvolvidos, bem como pela existência de uma grande variedade de modelos de organização econômica no mundo inteiro, e por uma baixa mobilidade de capitais e de mão-de-obra. No último quarto do século XX, consolidou-se uma terceira fase de globalização, cujos atributos centrais são a gradual generalização do livre comércio, a crescente presença das empresas transnacionais no cenário mundial sob a modalidade de sistemas de produção integrados, o crescimento e a elevada mobilidade dos capitais, e uma notável tendência à homogeneização dos modelos de desenvolvimento, além da subsistência de restrições aos movimentos da mão-de-obra. (CEPAL. 2002, p.18-19)

Contudo, a globalização econômica (que segue um ritmo mercadológico totalmente diverso do social), acabou por tornar-se um divisor de mercados,

(14)

segregando as sociedades à economicidade e aumentando, de forma ainda mais visível, a desigualdade financeira e sociocultural de classes e estamentos societários, especialmente nos países subdesenvolvidos. Outro aspecto a ser considerado no relatório de estudos da CEPAL, e de fundamental importância a ser considerada quando falamos do processo de globalização é o processo a partir de suas mudanças não-econômicas, chamadas de dimensões culturais e de valores. Neste sentido, de acordo com os estudos, “[...] seus antecedentes remontam, porém, ao internacionalismo liberal, surgido das revoluções dos Estados Unidos e França em fins do século XVIII, cuja expressão mais concreta foi a Declaração dos Direitos Humanos da revolução francesa” e serviram de promotores de direitos Econômicos, Sociais e Humanos, fazendo o contraponto aos sistemas vorazes de ataque direto as sociedades.

A constante luta social frente as desigualdades, objetivando a busca da oportunidade de ascensão, partindo de uma condição de equivalência à toda sociedade, especialmente, aquela considerada mais carente de recursos e de acesso as políticas contemplativas na contemporaneidade, toma corpo no campo de estudos a partir das discussões propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1961, quando da concretização de ações chamadas de “Décadas de Desenvolvimento das Nações Unidas”. O ideário da ONU ao longo dessas décadas, propõem tratativas e esforços concentrados visando a prosperidade e o bem-estar a partir da inclusão social, nos chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM’s), um dos primeiros passo da entidade visando traçar metas quantitativas que pudessem alcançar, além do crescimento econômico, objetivos sociais voltados para o combate à fome e a pobreza, e de fomentar o pleno emprego, a saúde, a educação e a inclusão social.

Os avanços e as novas tratativas governamentais em conjunto com organismos internacionais, discutidas e implementadas em documentos oficiais como a Agenda 21 e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 1990-2015, deram nova perspectiva de uma mudança de realidade que buscasse ao menos, uma tentativa da implementação de políticas públicas inclusivas, como bem explica os estudos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), exposto no livro “La matriz de la desigualdad social en América Latina” (2016, p.15):

(15)

La desigualdad es una característica histórica y estructural de las sociedades latinoamericanas y caribeñas, que se ha mantenido y reproducido incluso en períodos de crecimiento y prosperidad económica. En el período reciente, la desigualdad se ha reducido (CEPAL, 2016a; 2016c), en un contexto político en el cual los gobiernos de los países de la región dieron una alta prioridad a los objetivos de desarrollo social y promovieron políticas activas de carácter redistributivo e incluyente. A pesar de estos avances, persisten altos niveles de desigualdad, que conspiran contra el desarrollo y son una poderosa barrera para la erradicación de la pobreza, la ampliación de la ciudadanía y el ejercicio de los derechos, así como para la gobernabilidad democrática.

Ainda, no mesmo sentido, a Declaração e Programa de Ação de Viena, firmado durante a Conferência Mundial sobre Direitos Humanos em Junho de 1993, buscou ratificar e tornar-se norteador de ações de promoção e proteção dos Direitos Humanos, como questões prioritárias de análise global, bem como de propulsora para a criação de mecanismos de proteção de direitos, como forma de incentivo e respeito justo e igualitário, já referenciados em pactos internacionais como os de Túnis, São José e Bangkok (VIENA, 1993, p.2):

Reconhecendo e afirmando que todos os Direitos Humanos decorrem da dignidade e do valor inerentes à pessoa humana, que a pessoa humana é o sujeito central dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais, e que, consequentemente, deve ser o seu principal beneficiário e participar ativamente na realização desses direitos e liberdades, [...] reafirmar a fé nos Direitos Humanos fundamentais, na dignidade e valor da pessoa humana, e na igualdade de direitos de homens e mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas, [...] preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, de estabelecer as condições que permitam a manutenção da justiça e do respeito pelas obrigações decorrentes de tratados e outras fontes de Direito Internacional, de promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de um conceito mais amplo de liberdade, de praticar a tolerância e a sã convivência e de empregar os mecanismos internacionais para promover o progresso econômico e social de todos os povos [...] Mesmo com os esforços concentrados ao longo dos anos para a busca da justiça social e o combate às desigualdades, os governos que pouco contribuíram para que as metas ousadas por eles elencadas como prioridades frente aos organismos internacionais se efetivassem em benefício de suas comunidades, igualmente, pouco avançaram frente a seus interesses econômicos diversos e antagônicos aos ideais de construção de políticas sociais, afins com os objetivos sustentáveis. O não atendimento destas demandas sociais provocam a disparidade

(16)

socioeconômica e acentuam “monstruosamente” as desigualdades econômicas e sociais, prejudicando, de forma clara e evidente o desenvolvimento nos países latino-americanos, como revela a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.

A grande maioria da população da América Latina reside em países onde a desigualdade na distribuição de renda se acentuou no último quarto do século XX. Em termos gerais, como refletem diversos estudos da CEPAL (1997, 2000b, 2001c e 2001a), os aumentos na desigualdade, característicos da década de 1980 —e, em alguns países, como o Chile da década de 1970— não se reverteram na década de 1990, quando, pelo contrário, continuou sendo maior o número de países com tendência à deterioração da distribuição de renda.

Uma das explicações desta evolução foi o comportamento assimétrico da pobreza e da distribuição de renda nas fases do ciclo econômico: a crise da dívida golpeou fortemente os setores mais pobres, embora a posterior retomada do crescimento não tenha sido acompanhada de uma recuperação equivalente da renda destes setores (Cornia, 1999; La Fuente e Sáinz, 2001). A crescente diferença de remuneração entre trabalhadores qualificados e não-qualificados e, especialmente, entre trabalhadores com educação universitária e sem ela, parece ser um dos efeitos marcantes do processo de liberalização econômica (ver os documentos já citados da CEPAL, Berry, 1998 e Morley, 2000a).

Este panorama global sugere a presença de novos fatores de grande incidência na desigualdade de renda, que se agregaram aos mais tradicionais (distribuição de ativos e acesso à educação). Estes novos fatores, vinculados à terceira fase da globalização e a algumas orientações das políticas nacionais que a acompanharam, foram a redução da massa salarial na renda total, a favor dos benefícios empresariais e rendas financeiras, as crescentes disparidades na remuneração do fator trabalho, segundo o grau de qualificação, e a erosão da capacidade de redistribuição do Estado. Todavia, a incidência destes distintos fatores varia de uma região para outra e mesmo entre países dentro de cada região. (CEPAL, 2002, p.85) As análises da globalização, em seu sentido mais amplo e, certamente, não desvinculado da realidade fática da exploração econômica de mercado e da inversão de valores éticos e sociais, atualmente, prejudicam o desenvolvimento sustentável das economia mundiais (as relegadas politicamente), transformando e aumentando a desigualdade e disparidade (política, econômica, social e cultural) entre os estamentos das sociedades.

(17)

1.2 As alterações estruturais da economia mundial e o aumento das desigualdade

As políticas de governo e matrizes produtivas voltada a lucratividade excessiva, em detrimento aos atendimento de demandas sociais básicas às comunidades (especialmente as latino-americanas), assim como o sistema globalizado neoliberal que alterou e se fortaleceu ao longo dos últimos anos nas agendas de políticas governamentais, garantem uma maior importância ao mercado capital, que aos direitos valorativos e inclusivos da sociedade, tornando-se um dos grandes empecilhos para a efetivação dos objetivos sustentáveis e para os avanços de pautas que versem sobre a valoração dos Direitos Humanos. Nas palavras de David Harvey (2007, p.9), a prática neoliberal nos governos como pensamento político econômico, provocou, além de uma desregulação social, o abandono dos ideários do Estado de Bem Estar em muitas áreas de provisão social:

Sin embargo, el proceso de neoliberalización ha acarreado un acusado proceso de “destrucción creativa” no sólo de los marcos y de los poderes institucionales previamente existentes (desafiando incluso las formas tradicionales de soberanía estatal) sino también de las divisiones del trabajo, de las relaciones sociales, de las áreas de protección social, de las combinaciones tecnológicas, de las formas de vida y de pensamiento, de las actividades de reproducción, de los vínculos con la tierra y de los hábitos del corazón. En tanto que el neoliberalismo valora el intercambio del mercado como “una ética en sí misma, capaz de actuar como un guía para toda la acción humana y sustituir todas las creencias éticas anteriormente mantenidas”, enfatiza el significado de las relaciones contractuales que se establecen en el mercado. Sostiene que el bien social se maximiza al maximizar el alcance y la frecuencia de las transaciones comerciales y busca atraer toda la acción humana al dominio del mercado.

Tal processo não fora diferente no Brasil que, mesmo sob a ótica de uma Constituição Federal cidadã e garantidora de direitos humanos e sociais, e ainda, antes do seu processo de redemocratização, experimentou de forma efetiva a política neoliberalista que relegou os direitos sociais, para o atendimento de demandas econômicas diversas da inclusão justa e sustentável. O atendimento de uma política voltada a economia de mercado com ênfase na valorização do capital, aumentou ainda mais o abismo que separava a concretização da justiça social, da realidade fática e econômica de privilégios as “minorias mais ricas da Nação”. Anterior a isso, o processo, igualmente, não era diferente, assim como referência

(18)

Jessé Souza (2009, p.59-60), especificando de forma clara o mito da brasilidade e da valoração econômica como justificadora da meritocracia e da desigualdade:

Por conta disso o progresso econômico é percebido, ainda hoje, como uma panaceia para resolver problemas como desigualdade, marginalização e subcidadania. Existe, em países como o Brasil, uma crença “fetichista” no progresso econômico, que faz esperar da expansão do mercado a resolução de todos os nossos problemas sociais. O fato de o Brasil ter sido o país de maior crescimento econômico do globo entre 1930 e 1980 (período no qual deixou de ser uma das mais pobres sociedades do globo para chegar a ser a oitava economia global), sem que as taxas de desigualdade, marginalização e subcidadania jamais fossem alteradas radicalmente, deveria ser um indicativo mais do que evidente do engano dessa pressuposição. Isso, no entanto, não aconteceu e não acontece ainda hoje. Existe no fundo uma “aliança secreta” entre esse culturalismo do “mal de origem” que nunca muda e a perspectiva economicista e liberal que diz que toda mudança só pode vir da economia e do progresso econômico.

No mesmo sentido, nos países latino-americanos, as experiências políticas voltadas a projetos de governo que atendem, de forma única e exclusiva, a interesses de esferas sociais econômicas e liberais não fora diferente e, os aspectos intrínsecos que a política brasileira tem sofrido no cenário atual (especialmente, no que tange a derrubada de governos democraticamente eleitos em busca do poder último, bem como a eleição de governantes voltados à políticas de direita-radical), muito se parecem com o processo que ocorreu, tanto no período militar brasileiro, quanto na alteração estrutural política, social e econômica a partir de conceitos neoliberalistas como o iniciado a partir da década de 1970, no Chile, assim explicado por David Harvey (2007, p.14-15):

A principios de la década de 1970, las elites financieras organizaron su oposición a Allende a través de un grupo llamado «el Club de los lunes», y desarrollaron una productiva relación con estos economistas financiando sus trabajos a través de institutos de investigación. Después de que el general Gustavo Leigh, rival de Pinochet para auparse al poder y defensor de las ideas keynesianas, fuera arrinconado en 1975, Pinochet puso a estos economistas en el gobierno donde su primer trabajo fue negociar los créditos con el Fondo Monetario Internacional. El fruto de su trabajo junto al FMI, fue la reestructuración de la economía en sintonía con sus teorías. Revirtieron las nacionalizaciones y privatizaron los activos públicos, abrieron los recursos naturales (la industria pesquera y la maderera, entre otras) a la explotación privada y desregulada (en muchos casos sin prestar la menor consideración hacia las reivindicaciones de los habitantes indígenas), privatizaron la Seguridad Social y facilitaron la

(19)

inversión extranjera directa y una mayor libertad de comercio. El derecho de las compañías extranjeras a repatriar los beneficios de sus operaciones chilenas fue garantizado. Se favoreció un crecimiento basado en la exportación frente a la sustitución de las importaciones. El único sector reservado al Estado, fue el recurso clave del cobre (al igual que el petróleo en Iraq). Ésto se reveló crucial para la viabilidad presupuestaria del Estado, puesto que los ingresos del cobre fluían exclusivamente hacia sus arcas.

Na concepção de Harvey, os resultados das políticas neoliberais demonstram, a partir da prática intervencionista internacional, a brutalidade da implantação do sistema político e econômico no país (considerado pelo autor como de “periferia”), visando atender interesses diversos dos buscados pelo Chile e sua população.

La reactivación inmediata de la economía chilena en términos de tasa de crecimiento, acumulación de capital y una elevada tasa de rendimiento sobre las inversiones extranjeras, no duró mucho tiempo. Todo se agrió en la crisis de la deuda que azotó América Latina en 1982. Como resultado, en los años que siguieron se produjo una aplicación mucho más pragmática y menos conducida por la ideología de las políticas neoliberales. Todo este proceso, incluido el pragmatismo, sirvió para proporcionar una demostración útil para apoyar el subsiguiente giro hacia el neoliberalismo, tanto en Gran Bretaña (bajo el gobierno de Thatcher) como en Estados Unidos (bajo el de Reagan), en la década de 1980. De este modo, y no por primera vez, un brutal experimento llevado a cabo en la periferia se convertía en un modelo para la formulación de políticas en el centro (muy parecido a la experimentación con un sistema impositivo fijo en Iraq, propuesto en el marco de los decretos de Bremer). (2007, p.14-15)

A notória intervenção de economias de mercado e de políticas que visam a garantia de um afastamento entre o desenvolvimento sustentável e a sociedade justa e igualitária (exemplo dos Estados Unidos e sua voracidade econômica), efetiva-se desde os tempos mais remotos em toda América Latina, incentivando a eleição e golpes regionalizados, na busca por governos que atendam a lucratividade norte-americana, entregando de forma quase que gratuita, estatais e riquezas nacionais através da privatização a especulação estrangeira, gerando ainda uma subordinação econômica idealizadora, frente a estes governos latino-americanos. Tal efeito, provoca um significativo aumento da desigualdade em nações tão empobrecidas (na forma econômica, cultura e intelectual) que, além de lutar pela busca igualitária e romper com paradigmas sociais e culturais internalizados, ainda tem de estrutura-se frente as imposições econômicas fundadas nas opressivas

(20)

manobras do mercado neoliberal, que desestrutura sociedades tão alijadas por políticas de governo internas, balizadas em atendimentos de demandas de classe (não as menos favorecidas).

Por seu turno, o processo de globalização neoliberalista e de flexibilização econômica, frente as crises que se iniciam a partir do ano de 2008, na Europa, acelera a busca por políticas cíclicas que contemplem a livre economia de mercado (vinculadas à regimes políticos considerados de extrema-direita), em detrimento ás demandas coletivas sociais, enfraquecendo as relações de equidade econômica e fortalecendo o entendimento arcaico da exploração pelo capital. Assim, fundados no entendimento de Cristiano Benites Oliveira (2016, p. 22), em seu artigo “A polissemia sociológica da questão social e suas implicações para a análise de políticas públicas” que exemplificam que:

[...] a globalização significa mundialização da economia, juntamente com um retorno do mercado regulado por si próprio, acirrando a perda de direitos e garantias sociais. Tal processo globalizador é também constatado por Pastorini (2010) ao analisar a dupla dimensão da assim chamada “nova pobreza”. De um lado há uma pobreza convencional intrínseca ao capitalismo. Mas, de outro lado, e interligado a esses “pobres de sempre”, não se pode secundarizar “o empobrecimento que vivenciam alguns setores da população, outrora melhor situados socialmente”.

Na mesma linha, Luiz Eduardo W. Wanderley (apud OLIVEIRA, 2016, p.25-26) define que:

[...] a questão social e todas as suas consequentes problemáticas, se fundam na assimetria das relações sociais em suas dimensões econômicas, políticas, culturais. E são acentuadas pela concentração de poder e de riqueza de alguns setores em contraste com a pobreza generalizada da maioria da população”. Isto configura uma forma de desigualdade extrema com profundos impactos sobre tanto sobre a vida cotidiana quanto sobre as instituições.

A exemplo do Brasil, (tomando-se por bases o período democrático pós-Constituição de 1988) as demandas são geridas por estafes políticas que dominam o Congresso Nacional o Senado multifacetadas nas conhecidas bancadas ruralistas (grandes produtores rurais), religiosas (que ao longo dos anos aumentam motivadas por um princípio próprio e específico de família e de moral), econômicas (deputados e senadores envolvidos com grupos financeiros que objetivam somente a

(21)

lucratividade através da máquina pública), dentre outros grupos que visam o atendimento de demandas específicas, visivelmente antagônicas à necessidade, ao desenvolvimento sustentável igualitário e a justiça social, aumentando ainda mais a desigualdade entre ricos e pobres no Brasil.

1.3 Desigualdade, pobreza e a questão do subdesenvolvimento

Traçar um paralelo entre os temas da desigualdade, pobreza e o subdesenvolvimento é de vital importância para situar, de forma mais qualitativa, o tema, uma vez que, embora conexos em uma conjuntura de maior amplitude, é possível perceber uma distância significativa nas suas relações e conceituações próprias. Neste contexto, importante contribuição nos traz a este escrito o sociólogo Luís Fernando Machado (2015, p. 2), ao conceituar a desigualdade social, elencando as características sistêmicas para a abordagem do tema:

As desigualdades sociais são diferenças sistemáticas e persistentes de acesso a bens, recursos e oportunidades, que se estabelecem entre pessoas, grupos sociais ou mesmo populações inteiras. Este é um primeiro elemento de definição a que deve ser adicionado um segundo, igualmente fundamental. Essas diferenças de acesso a bens, recursos e oportunidades existem independentemente dos talentos, capacidades e desempenhos individuais. Ou seja, há pessoas e grupos com talentos, capacidades e desempenhos destacados que terão fraco acesso a esses bens, recursos e oportunidades, e outras pessoas e grupos que têm amplo acesso a eles sem disporem de talentos ou capacidades que se salientem ou sem terem desempenhos especialmente meritórios.

Ainda, nas observações de Anderson Tim (2015, p. 203-204), a desigualdade perpassa por diversas explicações teóricas acerca da visão econômica (definida pela renda e limitada a ela); das teorias sobre o Contrato Social e a Justiça Social (onde o conflito define o problema, e o "consentimento" pode mitigá-lo); quanto às explicações sobre pobreza dinâmica e desenvolvimento humano (os problemas de desigualdade são definidos por direitos efetivos e/ou justiça social); e, por fim, no aspecto baseadas na integridade social (onde o envolvimento direto e a participação equitativa é socialmente necessária). Contudo, em seu entendimento específico, “[...] Embora haja grandes discussões sobre a desigualdade, há pouco consenso real sobre a base para a qual devem existir políticas públicas especificamente voltadas

(22)

para ela”. Ainda, delimitando as soluções expostas para sua tese a respeito do tema, ele define que as explicações acerca da integridade social, podem melhor explicar a lógica elementar que define a desigualdade:

Sugiero que resultan más satisfactorias aquellas explicaciones que vinculan la desigualdad grave, incluyendo la pobreza relativa y la exclusión social, de manera más directa tanto con la plenitud individual, como con la autodeterminación social. Las explicaciones con base en la integridad social pueden explicar de mejor manera que la desigualdad grave no sólo es constitutiva de la pobreza, injusta y percibida como ilegítima, sino que también niega una identidad social, así como la cohesión y agencia necesarias. Las explicaciones cimentadas en la “integridad social” tienden a demostrar, con mayor lógica elemental, cómo la desigualdad grave puede socavar la agencia social integral, así como a un cuerpo político coherente, tan necesario para el progreso social y para los derechos de ciudadanía.

Da mesma forma, traçar um paralelo entre a pobreza e o desenvolvimento torna-se de suma importância para o tema. Conforme Amartya Sen (2000) a pobreza pode ser entendida como uma privação das capacidades básicas de um indivíduo, não se atendo apenas a uma renda inferior a um patamar pré-estabelecido. Assim, tal conceito de privação relativa que ele atribui à pobreza, está diretamente relacionado com a visão de desenvolvimento, sendo este considerado pelo Prêmio Nobel, um processo de expansão das liberdades das pessoas, no aspecto constitutivo e instrumental.

Combinar o uso extensivo dos mercados com o desenvolvimento de oportunidades sociais deve ser visto como parte ainda mais ampla que também enfatiza liberdades de outros tipos (direitos democráticos, garantias de segurança, oportunidades de cooperação, etc). [...] a identificação de diferentes liberdades instrumentais (como intitulamentos econômicos, liberdades democráticas, oportunidades sociais, garantias de transparência e segurança protetora) tem por base o reconhecimento do papel de cada uma, bem como de suas complementariedades. (SEN, 2000, p. 152)

Assim, na abordagem qualitativa de Amartya Sen, os aspectos delineadores para a definição de pobreza vão além dos indicadores econômicos e materiais, transcendendo à uma amplitude de privações de potencialidades e capacidades de cada indivíduo, perpassando pela abordagem de privações de ordem social, de direitos, saúde, educação, moradia, de garantias de um ambiente saudável e

(23)

economicamente sustentável, dentre tantas outras situações que relegam o cidadão a condição de pobreza e exclusão social. Entende-se portanto que tal conceito sobre o tema é de extrema complexidade, incluindo-se em diversas dimensões e situações regionalizadas, não podendo ser analisado a partir de uma ou duas causas, isoladamente, sendo de tal importância seu estudo, que avança não somente nos ideários economicistas ou políticos, não podendo ser desvinculados da ideia de justiça social e desenvolvimento sustentável.

Ainda sobre a relação entre pobreza e o desenvolvimento, importante destaque merece nos apontamentos de Inês Valério (2015. p. 35) que demonstra algumas situações relevantes a respeito da temática:

Existe um fosso cada vez maior entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, entre ricos e pobres, que pode ter sido intensificado por algumas vertentes da Globalização, como a integração da economia mundial, mas sobretudo por imperfeições que caracterizam os mercados globais, entretanto combatidas de forma inadequada segundo medidas e/ou regulamentações insuficientes.

Para o combate deste “fosso” abismal citado pela autora, importante entender que o desenvolvimento não pode estar caracterizado em sua forma atual, que somente pode ser considerada como “subdesenvolvida”. Para que se alcance a efetividade no combate à pobreza e as desigualdades, deve-se entender que o desenvolvimento prescinde de crescimento econômico e cidadão, no enfrentamento dos problemas atrelados à supressão das potencialidade humanas, bem como na melhoria dos índices gerais de qualidade de vida e o combate sistêmico das discriminações (raciais, sociais, de classe, gênero, políticas, dentre outras).

Com isso, o desenvolvimento fundado no ataque direto aos problemas relacionados, garantem a oportunidade a todos de forma igualitária e equânime, reconhecendo e enfrentando a exclusão social, e tornando o acesso cada vez mais inclusivo e cidadão, formando sociedades que presem e efetivem as garantias coletivas, individuais e sociais, bandeiras de combate a miserabilidade e a falta de oportunidades justas e sustentáveis.

(24)

2 A AGENDA 2030 DA ONU COMO PROMOTORA DA JUSTIÇA SOCIAL: RUMO A SUSTENTABILIDADE E A PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

As importantes contribuições documentadas e ratificadas por chefes de Estado e de Governo, e altos representantes de 193 Estados-membros da ONU através da Agenda 20302, especialmente inclusos em seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas a serem desenvolvidas ao longo dos próximos anos (até 2030), são uma indispensável ferramenta de inclusão sustentável da sociedade, pois objetivam de forma clara a erradicação da pobreza e a promoção de uma vida digna para todos os habitantes do planeta. As claras metas incentivam todos os países à adotarem, conforme as suas pautas prioritárias, em espírito de uma parceria global, ações efetivas buscando uma melhora na vida das pessoas, inclusive em um futuro próximo.

Os esforços significativos de organismos sociais e governamentais ao longo do processo histórico que culmina na criação e efetivação da Agenda 2030, estendem-se (como citado ao longo deste trabalho) por dezenas de anos até a criteriosa reavaliação, visando a busca de possibilidades factíveis de melhor desenvolvimento econômico-social e sustentável a toda humanidade. De acordo com o artigo “Da agenda de desenvolvimento do milênio ao desenvolvimento sustentável: oportunidades e desafios para planejamento e políticas públicas no século XXI”, construído através de pesquisa científica dos Doutores Paulo de Martino Jannuzzi e Sandra De Carlo, publicado na Revista Bahia Análise & Dados (Salvador, v. 28, n. 2, p.6-27, jul.-dez. 2018), “[...] Essa agenda parece se constituir em “tábua de salvação” para garantir, ao menos institucionalmente, compromissos que assegurem um estágio de desenvolvimento sustentável mais avançado e equânime”. Ainda, nas palavras de Jannuzzi e De Carlo, a Agenda 2030 chega com indicadores realísticos, em substituição a análises somente baseadas na quantitatividade (que foram superadas ao longo do processo de desenvolvimento das ações da ONU), para acrescentar estudos qualitativos e que possibilitassem a análise também no aspecto da qualidade das propostas apresentadas, bem como na

2 A Agenda 2030 foi desenvolvida durante reunião na sede das Nações Unidas em Nova York, entre os dias 25 a 27 de setembro de 2015, em comemoração ao 70° aniversário da ONU, quando pela vontade de chefes de Estado e de Governo, e altos representantes decidiu-se pela criação de novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável globais (ODS’s)

(25)

promoção, de forma direta e integradora, de Justiça Social, Direitos Humanos e Sustentabilidade:

Os compromissos políticos na esfera internacional e a produção técnica e acadêmica suscitada pela Agenda 21 (1992), a dos ODM (2001), a Rio+10 (2002) e a Rio +20 (2012) criaram o substrato institucional para a instalação da Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em setembro de 2016, em Nova York. [...] A Agenda ODS favorece, no contexto técnico, a reflexão e produção de novas estatísticas públicas e o aprimoramento das metodologias de tornar comparáveis os indicadores sociais de diferentes países, que dispõem de regimes institucionais diferentes. Trata-se de um novo esforço de desenvolvimento dos sistemas estatísticos, que se distingue – pelos desdobramentos metodológicos, além de implicações político-institucionais – dos processos precedentes de produção de indicadores sociais e econômicos. A evolução distinta dos indicadores sociais, econômicos e ambientais de cada país vai expor as ambiguidades na interpretação destes e as contradições de concepções, modelos e valores sobre desenvolvimento sobre as quais se assentam. (JANNUZZI. DE CARLO. 2018. p. 16-20)

A significativa mudança entre os parâmetros dos demais planos prioritários escolhidos ao longo do processo de evolução que culmina da elaboração da Agenda 2030, bem como da modificação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), não estava somente no campo da substituição (pura e simples) de nomenclatura, mas dos reais atendimentos de demandas sociais que garantam a plenitude dos direitos humanos, atendendo ao viés de respeito a sustentabilidade planetária (nos campos econômicos, políticos, sociais e ambientais). Mantendo a mesma linha de raciocínio exposta pelos autores anteriormente citados, o documento internacional amplia as demandas sociais buscando garantir, de forma digna e humanizadora, não somente o acesso a determinada ação implementada, mas as oportunidades inerentes a todo contexto sociológico que as norteia, tornando-se ferramenta de inclusão e promoção social justa e digna às comunidades por elas abrangidas.

A nova Agenda de Desenvolvimento Sustentável não trata só de combater a fome e a pobreza nos países menos desenvolvidos, como na Agenda do Desenvolvimento do Milênio. Esse compromisso é certamente importante e ainda está inconcluso em várias partes do mundo, mas a Agenda ODS busca ampliar a seguridade e a proteção social à população, reduzir a desigualdade e criar oportunidades de trabalho decente. Não se trata de promover apenas ações para

(26)

reduzir a mortalidade materna e na infância, mas de ampliar a oferta de serviços de saúde necessários para o bem-estar da população. Não se trata de ampliar apenas o acesso à educação primária, mas de garantir oportunidades de inclusão educacional ao longo do ciclo de vida dos indivíduos. Não se trata apenas de ampliar a cobertura do abastecimento de água e dos serviços de saneamento, mas de garantir o tratamento efetivo de dejetos e resíduos. Não se trata de ampliar o consumo de bens e serviços, mas de promovê-los de forma responsável e sustentável. Não se trata de promover o crescimento econômico às custas da sustentabilidade ambiental, mas de inovar em tecnologias de produção mais eficientes e limpas, considerando os efeitos das mudanças climáticas. Enfim, trata-se de um alargamento da agenda de desenvolvimento, uma ruptura com concepções minimalistas de políticas públicas e de regulação econômica. (RUEDIGER; JANNUZZI, 2018, p. 11).

Com esse ideário, a Agenda 2030 funda-se a partir de objetivos e metas que visam o alcance de pontos fundamentais que norteiem as ações governamentais e desenvolvam, a partir de sua planificações, ações de garantia e busca de implementação, assim definidas por seu texto, comprometendo-se em:

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares

Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos

Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos

Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (*)

Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável

(27)

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

(ONU,2019)

Figura 1 – Agenda 2030/Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: Nações Unidas Brasil (2019)

Nesta senda, a sistemática aplicada pelos governantes e signatários do tratado internacional, através do texto normativo, busca de forma clara e objetiva, caminhos e alternativas que visem a inclusão social a partir do respeito aos direitos inerentes aos humanos, voltados a dignidade com justiça social, em uma rede de parcerias institucionais e mundiais na tentativa irrestrita de implementação da Agenda 2030. Tais compromissos firmados pelos signatários demonstram, especialmente em seus tópicos 39 e 40, a efetividade de suas vontades ao preverem a importância da implementação, bem como do engajamento social e até de estratégias de financiamentos mundiais a fim de que efetivar as garantias sociais e universais fixadas pelo documento.

39. A escala e a ambição da nova Agenda exige uma parceria global revitalizada para garantir a sua execução. Nós nos comprometemos plenamente com isso. Esta parceria irá trabalhar em um espírito de solidariedade global, em especial a solidariedade com os mais pobres e com as pessoas em situações vulneráveis. Ele facilitará um engajamento global intensivo em apoio à implementação de todos os Objetivos e metas, reunindo governos, setor privado, sociedade civil, o Sistema das Nações Unidas e outros atores e mobilizando todos os recursos disponíveis.

(28)

40. As metas sobre os meios de implementação sob o Objetivo 17 e no âmbito de cada ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável] são fundamentais para a concretização da nossa Agenda e são de igual importância em relação aos demais Objetivos e metas. A Agenda, incluindo os ODS, pode ser cumprida no âmbito de uma parceria global revitalizada para o desenvolvimento sustentável, apoiada pelas políticas e ações concretas, conforme descrito no documento final da Terceira Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, realizada em Adis Abeba de 13 a 16 de julho de 2015. Congratulamo-nos com a aprovação pela Assembleia Geral da Agenda de Ação de Adis Abeba, que é parte integrante da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Reconhecemos que a plena implementação da Agenda de Ação de Adis Abeba é fundamental para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e suas metas. (ONU, 2019)

Da mesma forma, entende e responsabiliza cada país em garantir a efetivação das ODS’s, adequando-os as políticas sociais e econômicas de cada um de seus signatários, entendendo que os esforços buscam justamente um melhoramento da qualidade de vida e da diminuição das desigualdades no âmbito de cada Estado. Para isso, reconhece ainda que a colaboração política interna de cada estamento signatário é fundante na elaboração legislativa que promova a plenitude e alcance social das medidas, conforme bem explica o item 45.

45. Reconhecemos também o papel essencial dos parlamentos nacionais através da promulgação de legislação e adoção de orçamentos, bem como seu papel na garantia da responsabilização para a implementação efetiva dos nossos compromissos. Governos e instituições públicas também trabalharão em estreita colaboração na implementação com as autoridades regionais e locais, as instituições sub-regionais, instituições internacionais, universidades, organizações filantrópicas, grupos de voluntários e outros. (ONU, 2019)

Assim, para que o documento internacional não paire somente na normatividade vazia e sem eficácia, é necessário uma radical mudança no entendimento de que os compromissos assumidos e ratificados pelos entes governamentais saiam da programatividade e da planificação de viés político para a efetivação de ações públicas internas que contemplem programas voltados ao bem estar e melhoramento social de todas as comunidades mundiais. No Brasil, especialmente, é fundamental que a Agenda 2030 transcenda a planificação partidarista de governo e torne-se ferramenta de ação governamental forte e contínua, caracterizada como uma política de Estado, que perdure ao longo da

(29)

alternância de governos e continue a surtir os efeitos esperados na valorização da sociedade, bem como da justiça social integradora.

Contudo, ao que relaciona Jannuzzi e De Carlo (2018, p. 23-24), as mudanças políticas iniciadas pós-2016, bem como algumas alterações legais tem influenciado na real efetivação dos ODS’s no país, gerando uma esperança pouco alentadora para o cenário futuro da Agenda 2030 no Brasil.

Para o Brasil pós-2016, os desafios para o avanço dessa agenda parecem muito grandes, seja na perspectiva de continuidade do ‘desfinanciamento’ de políticas públicas, seja no restalecimento da normalidade democrática de um governo progressista. É preciso reconhecer, de partida, que a implantação da Agenda 2030 ainda está muito incipiente, seja na discussão acerca da produção da informação estatística, seja na proposição de desenho e avaliação de políticas públicas propugnada pela tríade economia-sociedade-meio ambiente. Em outubro de 2016 foi criada a Comissão Nacional para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Decreto nº 8.892/2016) (BRASIL, 2016), instância colegiada paritária, responsável por conduzir o processo de articulação com os entes federativos e a sociedade civil. Paralelamente, também foi estabelecida a Frente Parlamentar Mista de Apoio aos ODS, também, a partir de demanda de organizações da sociedade civil, com o objetivo de discutir e propor medidas que reforcem os meios de implementação da agenda. Mas as discussões sobre a produção dos indicadores, iniciadas com muito entusiasmo pelo IBGE em 2015, parece que evoluíram pouco, pelas descontinuidades administrativas no governo federal. Diante da simplicidade de abordagem do primeiro Relatório de Acompanhamento dos ODS, publicado em meados de 2017, não parece que a esta agenda desfrute de muita prioridade política no governo federal.

Para além disso, o cenário político atual brasileiro, bem como o acirramento dos enfrentamentos políticos que permeiam um imaginário de disputa entre partidos que se autodenominam de “Direita” (ligados a pautas de liberalismo econômico e de diminuição dos incentivos do Estado frente a garantia de direitos vinculados diretamente à estrutura da Agenda 2030), e de integrantes da “Esquerda” (diretamente comprometidos com os atendimentos de políticas econômicas que visem a oportunidade para as camadas sociais menos favorecidas, partícipes-signatários das discussões da Agenda ODS), são, indissociavelmente, um entrave nacional para o atendimento dos Objetivos fixados na Agenda da Organização das Nações Unidas no Brasil, uma vez que são pautas sociais antagônicas a política do

(30)

atual governo do presidente Jair Messias Bolsonaro, balizado na liberalidade econômica (neoliberalista), na redução estatal e na diminuição de direitos sociais3

2.1 As faces indissociáveis do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental

Com tantas circunstanciais diversas a serem consideradas para o sucesso de uma agenda que permita a inclusão sustentável de demandas fundamentais que contemplem as pessoas, o planeta e a prosperidade mundial, importante recorte se faz-se a partir da indissociabilidade fundante para um desenvolvimento sustentável, elencados neste trabalho, na perspectivas acerca das faces econômicas, sociais e ambientais. Assim, em linguagem objetiva, o grande desafio da Agenda 2030 é o atendimento de todas as faces, sem que haja prejuízo as demais. É pensar a inclusão social a partir de uma ótica de que o desenvolvimento parta de um pressuposto lógico de que este seja, viável e acessível a todos os estamento societários economicamente promovendo a sua inclusão de todas as comunidade mundiais (especialmente as menos favorecidas política, econômica e intelectualmente) e oportunizando acesso igualitário aos meios de produção e renda de forma a que o meio ambiente não seja tolido de suas riquezas naturais, tão atacadas com a polarização e destruição ambiental. A carta de intenções assinada pelos agentes políticos integrantes da organização e formatação dos trabalhos alusivos à Agenda 2030, deixa clara a real visão dos temas ao elencar no item 9 o compromisso dos governos com políticas de “[...]crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável e de trabalho decente para todos”, adequando seus padrões de consumo a fim de criar ambientes propícios para “[...] o desenvolvimento sustentável, incluindo crescimento econômico inclusivo e sustentado, desenvolvimento social, proteção ambiental e erradicação da pobreza e da fome. Ainda, no item 14, a Agenda 2030 traça um panorama do cenário atual em nível mundial, bem como os problemas enfrentados acerca dos abusos firmados na tese

3 Atualmente, os discursos do Presidente Jair Bolsonaro reiteram a supressão de direitos sociais, tais como em apresentações públicas nas quais ele acredita que “[...]"É tanto direito que os patrões, os empreendedores, contratam o mínimo possível e pagam o mínimo possível", comentou, defendendo que o trabalhador escolha entre "menos direito e mais emprego ou todos os direitos e o desemprego". (R7. Bolsonaro diz que no Brasil há direitos trabalhistas demais. 05 ago.2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/brasil/bolsonaro-diz-que-no-brasil-ha-direitos-trabalhistas-demais-05082019. Acesso em 13 out.2019)

(31)

de desenvolvimentos meramente comerciais que relegam, além de grande parte da sociedade, a própria existência humana:

14. Encontramo-nos num momento de enormes desafios para o desenvolvimento sustentável. Bilhões de cidadãos continuam a viver na pobreza e a eles é negada uma vida digna. Há crescentes desigualdades dentro dos e entre os países. Há enormes disparidades de oportunidades, riqueza e poder. A desigualdade de gênero continua a ser um desafio fundamental. O desemprego, particularmente entre os jovens, é uma grande preocupação. Ameaças globais de saúde, desastres naturais mais frequentes e intensos, conflitos em ascensão, o extremismo violento, o terrorismo e as crises humanitárias relacionadas e o deslocamento forçado de pessoas ameaçam reverter grande parte do progresso do desenvolvimento feito nas últimas décadas. O esgotamento dos recursos naturais e os impactos negativos da degradação ambiental, incluindo a desertificação, secas, a degradação dos solos, a escassez de água doce e a perda de biodiversidade acrescentam e exacerbam a lista de desafios que a humanidade enfrenta. A mudança climática é um dos maiores desafios do nosso tempo e seus efeitos negativos minam a capacidade de todos os países de alcançar o desenvolvimento sustentável. Os aumentos na temperatura global, o aumento do nível do mar, a acidificação dos oceanos e outros impactos das mudanças climáticas estão afetando seriamente as zonas costeiras e os países costeiros de baixa altitude, incluindo muitos países menos desenvolvidos e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento. A sobrevivência de muitas sociedades, bem como dos sistemas biológicos do planeta, está em risco. (ONU, 2019)

Assim, frente aos desafios apresentados e reconhecidos pelos organismos internacionais, a busca pelo desenvolvimento sustentável é prioritário para uma agenda que, para além de seus cumprimentos e metas, garanta o seu compromisso com os povos e com o futuro do planeta. Para isso, importante contribuição traz Elimar Pinheiro do Nascimento (2019) ao conceituar o Desenvolvimento sustentável em três dimensões (que nos parecem, esclarecedoras acerca do tema desenvolvido):

A primeira dimensão do desenvolvimento sustentável normalmente citada é a ambiental. Ela supõe que o modelo de produção e consumo seja compatível com a base material em que se assenta a economia, como subsistema do meio natural. Trata-se, portanto, de produzir e consumir de forma a garantir que os ecossistemas possam manter sua autorreparação ou capacidade de resiliência.

A segunda dimensão, a econômica, supõe o aumento da eficiência da produção e do consumo com economia crescente de recursos naturais, com destaque para recursos permissivos como as fontes

Referências

Documentos relacionados

Estudo de caso (ações do coletivo Lupa) Questionários Quanto aos procedimentos Pesquisa Básica Quanto a Natureza Registros fotográficos Quanto ao método

the operational approach to generalized Laguerre polynomials as well as to Laguerre-type exponentials based on our results from [ 3 ] and [ 4 ] about a special Appell sequence

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

Após a receção das propostas apresentadas pelos concorrentes acima indicados, o Júri decidiu não admitir a concurso as Propostas do concorrente “Oficina da Inovação, S.A” por

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Contudo, pelas análises já realizadas, as deformações impostas às placas pelos gradientes térmicos devem ser consideradas no projeto deste tipo de pavimento sob pena de ocorrer

Folha estreito-elíptica, elíptica a ovada, 1,6-6,7 x 0,7-3,4 cm, pubérula, tricomas esbranquiçados; ápice agudo arredondado; base arredondada a cuneada; nervura média plana a