• Nenhum resultado encontrado

Linux Educacional: limites, possibilidades e desafios encontrados em escolas públicas de Caicó/RN.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Linux Educacional: limites, possibilidades e desafios encontrados em escolas públicas de Caicó/RN."

Copied!
60
0
0

Texto

(1)

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

MARIANA ALVES DANTAS

LINUX EDUCACIONAL: LIMITES, POSSIBILIDADES E DESAFIOS ENCONTRADOS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE CAICÓ/RN.

CAICÓ – RN 2019

(2)

MARIANA ALVES DANTAS

LINUX EDUCACIONAL: LIMITES, POSSIBILIDADES E DESAFIOS ENCONTRADOS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE CAICÓ/RN.

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Departamento de Educação no Centro de Ensino Superior do Seridó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da Prof. Drª Jacicleide Ferreira Targino da Cruz Melo.

CAICÓ - RN 2019

(3)

MARIANA ALVES DANTAS

LINUX EDUCACIONAL: LIMITES, POSSIBILIDADES E DESAFIOS ENCONTRADOS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE CAICÓ/RN.

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Departamento de Educação no Centro de Ensino Superior do Seridó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da Prof. Drª Jacicleide Ferreira Targino da Cruz Melo.

Aprovado em: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Professora Dra. Jacicleide Ferreira Targino da Cruz Melo – Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

____________________________________________________ Professora Dra. Christianne Medeiros Cavalcante – Examinadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

____________________________________________________ Professor Dr. Flavius Da Luz e Gorgonio – Examinador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

CAICÓ/RN 2019

(4)

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Paulo Freire

(5)

AGRADECIMENTOS

A gratidão é uma virtude. Quando aprendemos a agradecer pelos momentos, pelas pessoas e, até mesmo pelas dificuldades que enfrentamos, o nosso coração se enche de paz e luz. E é com o coração cheio de gratidão que escrevo esta parte tão especial do meu trabalho, que foi realizado em uma cidade diferente, com pessoas diferentes, lugares desconhecidos e inúmeros desafios a serem enfrentados.

Sou grata primeiramente a Deus, por nunca me abandonar e por me mostrar, todos os dias, em pequenos detalhes, o quanto me ama.

À minha família: meu pai, que me orgulha e me inspira pela sua força, determinação e honestidade; minha irmã, que esconde em seu silêncio e timidez a inteligência mais admirável que eu já vi; minha maior saudade, minha mãe (in memorian), que me educou para a vida e me ensinou a ser forte, a batalhar pelos meus sonhos e a nunca dar importância ao que viesse para atrapalhar; e ao meu companheiro François Oliveira, que acredita e apoia os meus sonhos todos os dias, e que foi essencial nesta fase que se encerra, assim como a sua mãe, que, além de me acolher como filha, enxerga no meu sonho o seu sonho, me encorajando a não desistir dele sob circunstância alguma.

Às escolas que se disponibilizaram a aceitar o meu projeto, tal como os professores e gestores que não mediram esforços para que este pudesse ser desenvolvido, e à minha orientadora Profª Drª Jacicleide Melo, que abraçou o tema proposto e me auxiliou com sua experiência, paciência e dedicação.

E é ainda com o peito cheio de gratidão, que, ao escrever estes agradecimentos, lembro com carinho de todas as oportunidades que tive, de ensino, pesquisa, extensão e trabalho voluntário, que facilitaram minha permanência na cidade e me encorajaram a seguir com o sonho de inovar na educação.

A todos que acreditaram em mim e na minha ideia, o meu muito obrigada! Não tenho dúvidas de que, além do meu desejo de vencer, todos vocês foram essenciais na construção deste projeto.

(6)

RESUMO

Considerando os avanços tecnológicos que a sociedade vem enfrentando, sobretudo, com os aplicativos, jogos e recursos midiáticos que a cada dia evoluem um pouco mais, não podemos desconsiderar o fato de que as crianças e jovens dessa geração estão inseridas em uma realidade completamente diferente da que seus professores foram formados, o que afeta diretamente o campo educacional. Os ditos “Nativos Digitais” estão crescendo e dominando o uso das tecnologias digitais cada vez mais cedo, e o quadro negro e giz da sala de aula convencional já não chamam tanta atenção assim. Mas será que os alunos da escola pública estão sendo preparados para esse novo mundo? Será que os laboratórios de informática dessas escolas estão sendo utilizados pelos professores para uso pedagógico do Linux Educacional? Se não estão, será que uma formação continuada pode influenciar para que os laboratórios sejam utilizados? Pensando nestas questões, desenvolvemos uma pesquisa em escolas públicas da cidade de Caicó/RN que ofertam anos iniciais do Ensino Fundamental, com os objetivos de: investigar se os professores estão devidamente capacitados para uso do laboratório de informática, especialmente o Linux Educacional e se utilizam o referido programa pedagogicamente com efetividade; analisar as contribuições de um processo formativo na construção de saberes para uso das tecnologias no âmbito educacional. A pesquisa se ancorou numa abordagem quantitativa e qualitativa de investigação e baseou-se em estudos de Prensky (2012); Decian (2010); Vallejo e Zwierewicz (2007); Bacich e Moran (2018), entre outros que podem fundamentar assuntos na área de Tecnologias Educacionais. Os resultados evidenciam que apesar de termos políticas públicas que procurem adequar as escolas às exigências da atualidade, a materialização no âmbito escolar é falha e dificultosa devido a diferentes aspectos - desde os estruturais ao de ordem formativa dos profissionais docentes.

Palavras chave: Linux Educacional; Formação de Professores; Tecnologias Educacionais.

(7)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 CAMINHO METODOLÓGICO ... 13

3 O ADVENTO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA CONTEMPORANEIDADE E SEUS REFLEXOS NA ESCOLA... 17

3.1 POSSIBILIDADES DE INSERÇÃO TECNOLÓGICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO BRASIL ... 22

3.2. PROINFO – PROGRAMA NACIONAL DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL ... 23

3.3 EDUCAÇÃO CONECTADA ... 24

4 A REALIDADE DO USO DOS LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA EM ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE CAICÓ/RN ... 26

4.1 RELATO DE EXPERIÊNCIA: DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL ... 31

4.1.1 Escola A ... 31

4.1.2 Escola B ... 32

4.1.4 Descrição e análises das oficinas formativas ... 34

5 A FORMAÇÃO CONTINUADA E SEUS REFLEXOS NO USO DO LINUX EDUCACIONAL POR PROFESSORES EM ESCOLAS PÚBLICAS DE CAICÓ/RN. ... 41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 50

REFERÊNCIAS ... 53

(8)

1 INTRODUÇÃO

Não é nenhuma novidade o fato de que a sociedade contemporânea está imersa em uma realidade cercada por tecnologias digitais, o que, consequentemente, influencia na forma de pensar e agir de todas as pessoas. As mudanças nos processos de comunicação, de interação e de desenvolvimento têm afetado todos os âmbitos da sociedade, incluindo os processos mais simples do dia a dia até os mais complexos. Nesse emaranhado, a educação, que também está imersa nessa sociedade contemporânea, mais conhecida como sociedade da informação, apesar de depender de processos mais burocráticos e demorados – tendo em vista a dificuldade de implementar algo novo no universo educacional –, também sofreu grande influência digital e caminha, apesar de lentamente, para um futuro tecnologicamente ativo.

Apesar das inúmeras discussões a respeito do uso das tecnologias em sala de aula que permeiam a educação contemporânea, é importante destacar que as realidades vividas pelas escolas públicas do Brasil são distintas. Infelizmente, ainda não há um padrão em termos de estrutura física, principalmente, na educação básica, por ser de responsabilidade dos governos estaduais e municipais, o que acaba gerando diferenças entre as gestões e, consequentemente, no cuidado e manutenção das escolas.

Destarte, é de extrema importância levarmos a discussão sobre tecnologias educacionais também para o âmbito das escolas públicas de nível básico, sobretudo, para abrir caminhos que possibilitem metodologias que considerem o conhecimento prévio dos alunos e o desenvolvimento de novas habilidades por parte destes, para que, assim, exerçam papel ativo na sala de aula e na sociedade.

Bacich e Moran (2018), em uma discussão bem atualizada, destacam a importância de uma aprendizagem significativa quando falam que “A aprendizagem mais profunda requer espaços de prática frequentes (aprender fazendo) e de ambientes ricos em oportunidades” (BACICH E MORAN, 2018, p. 03). Ou seja, consideram que a prática se torna muito mais eficaz que a teoria no âmbito da sala de aula e, como ambiente inclusivo e alfabetizador que a escola deve ser, esta deve sempre buscar novos meios de proporcionar tais oportunidades.

Da mesma forma, Garcia e Sobrinho (2014), afirmam que nós, professores não entendemos a complexidade da abertura da escola para a sociedade e ainda

(9)

estamos hoje, pensando que podemos escolher o tipo de aluno que queremos trabalhar. Segundo esses autores, os alunos da atualidade já nascem inseridos em um universo tecnológico e digital, aos quais Marc Prensky (2001) denomina de “Nativos Digitais”.

Ao refletirmos sobre isto, é possível percebermos que o professor hoje, não pode desconsiderar as mudanças que ocorreram na sociedade, bem como o fato de que o aluno tem acesso a informações de maneira muito mais rápida e fácil, o que reflete diretamente em seu comportamento na sala de aula.

Então, se já sabemos que o perfil do aluno mudou, que a sociedade mudou e que as oportunidades mudaram, por qual motivo nossas salas de aula ainda continuam da mesma forma? Por qual motivo muitos de nós, professores, ainda se consideram detentores do conhecimento e desconsideram a hipótese de que podem aprender com os seus alunos? E por qual motivo muitas escolas ainda não estão inclusas no universo digital?

Esses questionamentos nos impulsionaram pesquisar a respeito de possibilidades da inclusão digital acessíveis ao ensino público no âmbito das escolas públicas de Caicó/RN.

Partindo de uma pesquisa teórica, descobrimos a existência do Linux Educacional, um projeto desenvolvido pelo Governo Federal em parceria com Universidade do Paraná a fim de proporcionar às escolas públicas do país a oportunidade de inclusão no mundo digital. O Linux Educacional (LE) é um sistema operacional desenvolvido exclusivamente para uso na educação. É gratuito e foi disponibilizado junto à laboratórios de informática, por meio do PROINFO - Programa Nacional de Tecnologia Educacional para escolas públicas do Brasil. Até 2018 mais de 500 mil máquinas foram distribuídas em todo o Brasil (BRASIL, 2018).

Porém, apesar de o Governo Federal distribuir esses equipamentos, a manutenção dos laboratórios de informática e a capacitação dos profissionais da rede são de responsabilidade dos governos estadual e municipal, o que, em alguns casos, torna-se um problema.

No município de Caicó/RN, ao visitarmos algumas escolas e conversarmos com alguns professores e gestores, foi possível percebermos que há uma precariedade muito grande em relação ao domínio de tecnologias por parte dos profissionais da educação básica, sobretudo, em relação ao manuseio do Linux

(10)

Educacional, e que, apesar de existir um projeto de formação por parte da gestão municipal, a participação dos professores é muito pequena.

Com base no fato de haver recursos materiais disponíveis nas instituições, que são referentes à um investimento do Governo Federal na educação, surgiu a curiosidade de investigarmos se estes laboratórios estão sendo utilizados pelos professores? Se não são utilizados, qual o motivo? por falta de capacitação ou falta de iniciativa por parte dos professores? E se for por motivo de falta de habilidade para usar o Programa Linux, será que uma formação continuada pode contribuir para que os docentes usem efetivamente esse laboratório (ou seja o Linux Educacional) de maneira pedagógica?

Partindo dessas questões norteadoras, organizamos o projeto de pesquisa o qual seus resultados estruturam o trabalho em tela que tem como objeto de estudo as tecnologias aplicadas à educação, especialmente, as possibilidades de uso do Linux Educacional a partir de uma experiência com formação de professores da rede municipal de ensino de Caicó/RN.

A escolha desta temática surgiu da participação ativa da pesquisadora em um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte intermediado pelo Laboratório de Inteligência computacional aplicada à negócios - LABICAN, que tinha como objetivo capacitar professores da rede pública ao uso do Linux Educacional e incentivá-los a explorar os jogos digitais desse sistema em suas práticas educativas. De acordo com a coordenadora do Núcleo Tecnológico Municipal – NTM, que contribuiu com o projeto por meio de uma entrevista, ambas as ferramentas estão disponíveis em todas as escolas da rede municipal de Caicó/RN, embora algumas encontrem-se em desuso, o que justifica o propósito do referido projeto.

Além do relato sobre a formação oferecida aos professores, este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada, primeiramente, com 10 escolas públicas das redes estadual e municipal de ensino do município de Caicó/RN, sendo todas ofertantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Nessa fase da pesquisa, buscamos identificar as condições de usabilidade dos laboratórios de informática e a busca dos professores das escolas em utilizá-los.

Posterior à essa fase, realizamos a intervenção através de formação continuada por meio de oficinas com os professores e, por último, aplicamos

(11)

“Questionário Feedback” com os gestores das escolas partícipes da pesquisa para analisar o quanto a formação foi eficaz.

Essas fases da pesquisa para recolhimento e gerenciamento das principais informações que nortearam este trabalho, tiveram fundamentos na perspectiva da pesquisa-ação que segundo Tripp (2005) é um método que permite que todos os envolvidos no trabalho reflitam sobre suas práticas a fim de aprimorá-las. Porém, apesar de uma das principais características da pesquisa-ação ser a pesquisa como instrumento de reflexão e participação, existem outras características que precisam ser consideradas para que uma pesquisa se adeque a esta modalidade, as quais serão apresentadas no capítulo metodológico.

Quanto ao aparato teórico, este trabalho encontra amparo em autores como Bacich e Moran (2018), Prensky (2012), Decian (2010) - no intuito de fundamentar a importância da inserção tecnológica no ensino básico para o desenvolvimento dos alunos e, em documentos oficiais do Ministério da Educação como: a Lei de Diretrizes da educação Básica (LDB 9394/1996), Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2021), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA/1990) e a política pública do PROINFO.

Portanto, este trabalho será direcionado pela seguinte questão: Qual a efetividade de oficinas de capacitação na melhoria do uso dos laboratórios de informática e dos jogos digitais no processo de ensino e aprendizagem das escolas municipais de Caicó/RN? Nessa perspectiva, os objetivos principais que estruturam esse trabalho é: investigar se os professores estão devidamente capacitados para uso do laboratório de informática, especialmente o Linux Educacional e se utilizam o referido programa pedagogicamente com efetividade; analisar as contribuições de um processo formativo para a construção de saberes para uso das tecnologias no âmbito educacional.

Com isto, consideramos que o trabalho em tela tem importância para aqueles que buscam conhecer melhor a área de tecnologias educacionais, principalmente, no que diz respeito ao uso dos jogos digitais e suas aplicações no processo de ensino e aprendizagem, podendo, inclusive, servir como fonte para pesquisadores que buscam por relatos de experiência na área de formação de professores, de jogos digitais no Ensino Fundamental e das tecnologias educacionais em geral, bem como o uso do Linux Educacional.

(12)

Além de objetivar gerar contribuições para estudos acerca das temáticas supracitadas, acreditamos que este trabalho pode contribuir significativamente na rotina de professores da Educação Básica que buscam por inovações para sua sala de aula e que visam a inserção tecnológica na sua prática pedagógica, acreditando que é possível unir educação e tecnologia com a mesma finalidade, ou seja, ao mesmo tempo que proporciona aos professores uma nova possibilidade de ensinar, também favorece capacidades de desenvolverem novas habilidades – tanto neles quanto nos alunos.

De maneira geral, este trabalho está organizado no seguinte formato: esta introdução que delineia de maneira geral do que se trata o trabalho em tela; o capítulo 2, que relata o caminho metodológico que permitiu a construção dos dados da pesquisa; o capítulo 3, que retrata a sociedade da informação e comunicação na qual as escolas estão inseridas; o capítulo 4, que apresenta as possibilidades de inserção tecnológica nas escolas públicas através de políticas da educação do Governo Federal; o capítulo 5, onde apresentamos a análise dos resultados da pesquisa realizada (na primeira fase da investigação) no município de Caicó/RN, como também, da segunda fase da pesquisa empírica onde foram realizadas oficinas formativas com professores que participaram da primeira fase; o capítulo 6, onde descrevemos a importância da formação continuada e evidenciamos os resultados que especificam como esta pode influenciar os professores no uso de jogos digitais como ferramenta de ensino e aprendizagem; e, por último, as considerações finais, que trazem uma reflexão sobre todo o trabalho realizado, fazendo feedback entre os fundamentos teóricos e a realidade encontrada nas escolas públicas.

(13)

2 CAMINHO METODOLÓGICO

Para cumprir os objetivos elencados para o trabalho, a investigação se constituiu com base nos referenciais metodológicos de uma pesquisa-ação e com pressupostos orientadores das abordagens quantitativa e qualitativa.

Desta forma, torna-se importante destacarmos que a pesquisa ação é uma forma de investigação baseada em uma autorreflexão coletiva empreendida pelos participantes de um grupo social, de maneira a melhorar a racionalidade e as suas próprias práticas sociais e educacionais, como também o seu entendimento dessas práticas e de situações onde elas acontecem. Neste sentido, uma das características da pesquisa-ação é a pesquisa como instrumento de reflexão e participação. No entanto, existem outras características que precisam ser consideradas para que uma pesquisa se adeque a esta modalidade.

Segundo Tripp (2005), “A participação não é o único determinante do tipo de projeto de pesquisa-ação, (...) existe uma dialética entre escolha do tópico e participação, variações que dão origem a diferentes modalidades de pesquisa-ação.” (TRIPP, 2005, p. 456). O autor define ainda, cinco diferentes tipos de pesquisa-ação, sendo elas: Técnica, prática, política, socialmente crítica e emancipatória, mostrando o que precisa ser considerado para definição de cada modalidade. Neste trabalho, por exemplo, como consideramos a melhoria da eficiência de práticas comuns ou introdução de novas práticas educativas no Ensino Fundamental quanto as novas tecnologias na prática docente, especialmente, o uso do Linux educacional - a pesquisa pode ser definida como pesquisa-ação técnica.

Além da pesquisa-ação técnica, este trabalho compreende, por seu caráter científico, uma abordagem empírica e teórica a respeito do uso de tecnologias educacionais no processo de ensino e aprendizagem, podendo, ainda, ser definido como método misto de pesquisa, visto que, buscará tanto resultados a respeito da usabilidade dos laboratórios de informática por meio de questionários eletrônicos, quanto análises e reflexões sobre estes.

Para Tashakkari e Crescwell (2007),

A pesquisa de métodos mistos é definida como aquela em que o investigador coleta e analisa os dados, integra os achados e extrai inferências usando abordagens ou métodos qualitativos e

(14)

quantitativos em um único estudo ou programa de investigação. (TASHAKKARI e CRESCWELL, 2007b, p.4 apud CRESWELL e CLARCK, 2013, p. 20 e 21).

Neste caso específico, o método misto será representado por meio de uma pesquisa realizada, inicialmente, em 10 escolas ofertantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental do município de Caicó/RN, na qual o recurso utilizado foi a aplicação de questionários eletrônicos, e o objetivo principal foi identificar a usabilidade dos laboratórios de informática das respectivas escolas. Gil (1999), define o questionário como

Técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. (GIL, 1999, p.128 apud CHAER, DINIZ e RIBEIRO, 2011, p. 260).

Logo, a partir dos dados coletados por meio dos questionários, analisamos a usabilidade dos laboratórios das escolas, tal como as situações destes, identificando, inclusive, fatores que interferem em seu funcionamento.

Para a elaboração dos questionários, consideramos o fato de que as respostas deveriam apresentar dados concretos, para, assim, ser possível construirmos uma base orientadora de atividades. Desta forma, as perguntas foram elaboradas de maneira clara, que não suscitasse dúvidas (desse dúbio entendimento aos pesquisados). Desse modo, elaboramos questões orientadas às respostas precisas, que, durante o desenvolvimento deste trabalho, foram de fundamental importância para as análises quantitativas e qualitativas.

Com as abordagens e instrumentos de pesquisa definidos, torna-se importante destacarmos qual o aparato que fundamenta o trabalho em tela. Neste caso, destacamos como ferramentas de auxílio para fundamentação da pesquisa os estudos bibliográficos, a aplicação de questionários e o diário de campo. Logo, foi a partir dessas ferramentas que construímos os dados que conduziram as discussões que se seguem nos próximos capítulos.

Para descrevermos a metodologia embasada nessas ferramentas de auxílio, é relevante dizermos que os estudos bibliográficos foram desenvolvidos por

(15)

meio de diálogos entre autores da área de tecnologias educacionais, como também de documentos oficiais que embasam as políticas públicas voltadas à educação brasileira, entre esses documentos, à saber: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/1996), o Plano Nacional de Educação e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Quanto ao aparato bibliográfico base das discussões fundamentamos nas obras “Aprendizagem Baseada em Jogos Digitais” de Prensky (2012), “Jogos digitais como ferramenta de auxílio para o ensino de Língua Portuguesa” de Decian (2010), “Sociedade da Informação, Educação Digital e Inclusão” de Valejjo et al (2007), “Metodologias ativas para uma educação inovadora” de Bacich e Moran (2018), e “Polo de apoio presencial: Abrindo portas e construindo caminhos”, de Garcia e Sobrinho (2014), na modalidade livros e artigos científicos na área de Tecnologias Educacionais. Além destes, fizeram-se necessárias leituras complementares para buscas específicas como, por exemplo, dicionários da língua portuguesa brasileira.

Quanto ao desdobramento da pesquisa foi realizada em 4 fases diferentes: sendo a primeira a elaboração e aplicação de um questionário online, que foi enviado à todas as escolas públicas ofertantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental do município de Caicó/RN no primeiro semestre de 2018, a fim de coletar dados a respeito da usabilidade dos laboratórios de informáticas das respectivas instituições. As 10 primeiras escolas a responderem foram utilizadas como amostra para o desenvolvimento da pesquisa.

A segunda fase do trabalho, realizada no segundo semestre de 2018, foi voltada ao estudo bibliográfico a respeito do uso de tecnologias digitais na educação, sobretudo, os jogos digitais. Durante esse estudo consideramos, na escolha dos autores a serem estudados, a atualidade das obras e o engajamento dos autores na temática.

Já a terceira fase da pesquisa, também realizada entre o primeiro e segundo período de 2018, deu-se como forma de intervenção, na qual, 03 das escolas que participaram da fase inicial foram escolhidas para receberem uma oficina de capacitação para os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A escolha das escolas foi baseada em 05 critérios, sendo eles: a participação da escola na primeira fase da pesquisa, o laboratório em boas condições de uso para proporcionar um bom desempenho das oficinas, a localização (referente a necessidade de visualizar diferentes realidades sociais) e a infraestrutura da escola (verificar a possibilidade de realização de experiências inovadoras em escolas com espaço físico

(16)

e lúdico limitado), disponibilidade dos pesquisados em participar de todas as fases da pesquisa.

Desta forma, 03 escolas da rede pública municipal foram escolhidas para a realização das oficinas, sendo elas denominadas de Escola A, Escola B e Escola C. Porém, durante o desenvolvimento do trabalho, a concretização da oficina de formação foi possível apenas em 02 dessas escolas, já que, em uma delas, apesar do contato com a escola ter sido realizado, o laboratório estar em perfeitas condições de uso e a escola disponibilizar-se para organizar horários compatíveis para que todos os professores pudessem participar da capacitação, nas três datas marcadas, a oficina foi cancelada, de última hora, pela gestão da escola. Neste sentido, a última fase da pesquisa apresenta dados das duas escolas que participaram da formação continuada a partir das oficinas.

A quarta e última fase foi destinada à avaliação dos resultados. Nesta fase, retornamos às duas escolas nas quais as oficinas foram realizadas, a fim de verificarmos, por meio de um questionário aplicado com a gestão da escola, se a oficina serviu de incentivo à utilização dos computadores, constatando assim, se um processo de formação continuada tem eficácia para minimizar dificuldades na inovação de práticas de ensino, nesse caso específico, o uso dos laboratórios – no tocante ao Linux educacional.

Por fim, com os dados da pesquisa empírica, construímos gráficos, na intenção de ilustrar os resultados construídos, concomitante, foram feitas as análises as quais foram trianguladas com as sínteses realizadas a partir do levantamento bibliográfico, uma vez que segundo Lima e Mioto (2017), é uma atitude necessária na sequência de procedimentos em busca por soluções para o objeto de estudo (LIMA e MIOTO, 2017, p. 38). Com isto, foi possível analisarmos qualitativamente os resultados de todo o trabalho, o que, consequentemente, gerou este relato de experiência embasado por argumentações teóricas e reflexões pessoais da autora desse trabalho.

(17)

3 O ADVENTO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA CONTEMPORANEIDADE E SEUS REFLEXOS NA ESCOLA

A humanidade vive, mais do que nunca, sob o domínio da tecnologia e da ciência; consequentemente, emerge a necessidade que a educação formalizada se mantenha atualizada, inovadora e atraente, para que alunos e professores estejam em sintonia com o mundo ao seu redor. Para isso, é importante que a escola adote métodos de ensino diferenciados e metodologias centradas no conhecimento do aluno e não do professor. Afinal, como afirma Borges (2007), a sociedade vive hoje em um mundo onde as tecnologias digitais estão presentes em todos os lugares, “(...) onde mesmo aqueles sujeitos que não têm acesso direto à tecnologia digital têm acesso e usam os instrumentos tecnológicos em suas práticas cotidianas” (BORGES, 2007 apud VALLEJO e ZWIEREWICZ,2007, p.53).

Ou seja, mesmo não buscando a proximidade com as inovações tecnológicas, todos nós, que convivemos em sociedade, necessitamos, em alguns momentos da vida, estabelecermos contato com tecnologias digitais. A exemplo disso, podemos citar os caixas eletrônicos, as fichas eletrônicas nas filas, os atendimentos agendados virtualmente, e, até mesmo, o leitor de código de barras para verificação de preços nos supermercados.

Logo, proporcionar aos alunos da Educação Básica o contato com tecnologias digitais, é permitir que estes sejam inclusos na sociedade. E é neste momento que a escola se torna um agente importante. Para Marques (2006), “inserir a sala de aula na cultura da informação é equipá-la com um arsenal de recursos atualmente disponíveis (...), todavia, esses recursos têm valor apenas se tiverem o seu uso submetido a um tratamento pedagógico adequado.” (MARQUES, 2006, apud CARVALHO e FERREIRA, 2008, p.299). E é exatamente este o ponto no qual desejamos chegar: O preparo dos profissionais da educação em relação ao uso adequado de tais tecnologias.

Ao analisarmos a história da educação, observamos que ao longo dos séculos a educação passou por grandes transformações, desde sua estrutura curricular até a metodologia dos profissionais da área. Porém, apesar de a tecnologia digital ser considerada uma inovação do século XXI devido os grandes avanços das Tecnologias da Informação e da Comunicação/TICs - as mídias e tecnologias digitais

(18)

já são usadas na educação há um tempo considerável, apesar de não terem sido, em algumas épocas, discutidas com mais realce.

Em 1961 foi criado o primeiro programa de alfabetização utilizando a televisão, abrindo assim as portas de uma nova era na Educação. (MACIEL, 2008 apud SILVEIRA et al, 2010, p. 56). Nesta mesma década, surgiram ainda projetos como a Universidade Popular, transmitida na TV Tupi, que auxiliava jovens e adultos no preparo para exames supletivos, e a Televisão Universitária de Recife, administrada pela Universidade Federal de Pernambuco, que foi o primeiro canal de televisão com foco na educação, dando espaço a muitos outros que surgiriam em seguida. (SILVEIRA et al., 2010, p. 56).

Foi ainda neste contexto, que surgiu o termo Educomunicação, que, segundo Marqués e Talarico (2016), trata-se de um Macrocampo da Educação que utilizava as mídias e canais de comunicação como ferramenta para promover conhecimento às classes subalternizadas. Neste aspecto, eram utilizadas mídias como a rádio escola, jornal e até mesmo histórias em quadrinhos. (MARQUÉS e TALARICO, 2016, p. 424). Em uma análise temporal, com base em leituras nos autores supracitados, podemos perceber que as tecnologias digitais chegaram ao ambiente escolar aos poucos, porém, com a expansão da internet na década de 1990, os avanços das TICs foram significantes, e a escola precisou preocupar-se ainda mais com as mudanças que ocorreriam a partir de tais inovações, visto que, até mesmo o ambiente escolar passou a sofrer algumas mudanças em consonância com as determinações da nova LDB nº 9394/1996, que em seu art. 32º, inciso II, diz que:

O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante (...) a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade (BRASIL, 1996, grifo nosso).

A referida Lei define como responsabilidade do Governo, além de outras obrigações, a inserção dos alunos da rede pública de ensino no universo tecnológico, de forma que desenvolvam habilidades necessárias ao seus papeis de cidadãos. Outro documento que reforça esta definição da LDB de 1996 é o Plano Nacional de Educação – PNE, que foi elaborado em 2014 estabelecendo 20 metas para a

(19)

educação brasileira, e entre elas colocou como meta nº 7.12 o desenvolvimento de tecnologias educacionais para a educação pública.

Incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem (...) (BRASIL, 2014).

Ambas as Leis apresentadas impulsionam a inserção da tecnologia nas escolas públicas do Brasil, iniciando sobretudo, com a democratização do ensino por meio da Educação a Distância que, apesar de ter tido início com videoaulas na década de 1960, tal modalidade de ensino acabou sendo disseminada pela referida lei que em seu art. 80 designa que: “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. (BRASIL, 1996 apud SILVEIRA et al., 2010, p. 55).

Diante disto, sendo a educação a distância uma responsabilidade do Governo Federal, esta tornou-se, consequentemente, mais acessível, dando início à um processo de democratização e descentralização do ensino, no qual, teoricamente, todos, independente de circunstâncias como: localização, tempo e rotina, poderiam ter acesso ao conhecimento por meio das TIC.

De igual modo, considerando que com os avanços tecnológicos as informações passaram a chegar de forma bem mais rápida e fácil aos indivíduos da sociedade, sobretudo, com a internet, podemos dizer que com o passar dos anos, as novidades no campo educacional provocaram também grandes mudanças nas formas metodológicas de ensino, passando por um lento processo de transição entre uma educação mais tradicional, voltada à transmissão de conhecimentos do professor para o aluno, à uma educação mais emancipatória, que coloca o aluno como alguém capaz de construir o conhecimento e o professor como mediador nesse processo.

Para Cambi (1999), essa visão sobre o processo de ensino, tem início nas perspectivas da Escola Nova, que surgiu aproximadamente na década de 1900 em resposta à sociedade industrial e tecnológica. Esse movimento de escolanovista defende que todo o processo educacional deve estar focado no aluno, deixando de

(20)

lado a ideia de que o professor é o único detentor do conhecimento e colocando-o no lugar de mediador, no qual auxiliará o aluno na construção de conhecimentos numa perspectiva de autonomia.

De maneira geral, a ideia da Escola Nova, que pode também ser chamada de progressista, propõe que no contexto de ensino sejam organizados ambientes e recursos didáticos que favoreçam o aprendizado do aluno, de maneira que o conhecimento não seja repassado de forma mecânica-tradicional, mas de forma ativa – onde os alunos são protagonistas de suas aprendizagens através de métodos ativos de ensino.

Atualmente, podemos destacar essas proposições dos métodos ativos de ensino1, como um grande fator colaborativo ao uso das tecnologias a favor da

educação - as famosas tecnologias educacionais. E, ao falarmos sobre tecnologias educacionais, é importante relacioná-las às inúmeras novas formas de ensinar e aprender – dentre elas: os jogos digitais, que, segundo Prensky (2012), além de estimular a busca pelo conhecimento a partir das suas características dinâmicas, pode facilmente ser adaptada a diferentes áreas de conhecimento, idades e níveis diferentes, tornando-se assim, muito versátil. (PRENSKY, 2012).

Além disto, a relação entre o aprendizado, a ludicidade e a diversão que é direito inalienável à criança e ao adolescente - assegurados pela Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, e que define, em seus artigos 3º, 4º e 16º, como direitos da criança e do adolescente, o acesso à educação, a condição individual de desenvolvimento de aprendizagem, e a brincadeira e diversão, respectivamente. (BRASIL, 1990).

Logo, considerando a escola como um ambiente de formação indissociável do mundo social dos professores e alunos, compreendemos que ela precisa manter-se atualizada e deve manter-ser repensada de acordo com as necessidades que surgem com o passar do tempo. Desse modo, é imprescindível dizermos que não são mais viáveis aos alunos da nova geração, aos quais Presnky (2012) nomeia como “Nativos Digitais”, as práticas educativas mais tradicionais, que não dão voz aos alunos e nem consideram seus conhecimentos prévios.

1 Método Ativo é o processo de ensino em que os estudantes ocupam o centro das ações educativas

por meio da problematização da realidade, como estratégia pedagógica, com o objetivo de alcançar e motivar os aprendizes à construção de conhecimentos, competências e habilidades, sejam humanas ou profissionais, considerando que, frente ao problema que eles se envolvem, examinam, refletem e estabelecem relações, atribuindo novos significados para suas descobertas. (MIZUKAMI, 2000).

(21)

Nessa perspectiva, depreendemos que os jogos digitais, por exemplo, por já fazerem parte da vida da maioria das crianças e adolescentes, precisam ser aproveitados pelas escolas como experiências educativas. Visto que, segundo Decian (2010), eles podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem por possibilitar diferentes formas de comunicação e interação entre alunos e professores. Assim, a partir dessas premissas teóricas e legais destacadas, acreditamos que é imprescindível à escola proporcionar aos seus alunos o direito a inserção tecnológica no processo de ensino e aprendizagem, e que a utilização de jogos digitais é um ótimo caminho para isto.

Posto que, segundo teorizações de Greenfield (1984) relatado na obra de Prensky (2012) - os jogos de computador aprimoram outras habilidades de pensamento, e isso acontece de forma espontânea (PRENSKY, 2012, p. 74). Ou seja, além de reforçar os conhecimentos almejados em determinada área de conhecimento, ao utilizar jogos digitais, o aluno irá, ainda, desenvolver habilidades específicas, sobretudo, no quesito raciocínio lógico, o que vai de encontro com as ideias de Vygotsky analisadas por Rego, quando enfatiza que:

As características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e seu meio sociocultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transformar o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo. (REGO, 2011, p.41).

O pensamento de Vygotsky apresentado pela autora, possibilita uma melhor compreensão a respeito de como algumas habilidades podem ser desenvolvidas com o auxílio de tecnologias digitais, nos levando a entender que estas podem ser consideradas mediadoras em um processo de construção dialético e sociocultural do conhecimento, que, como afirma Vygotsky, acontece apenas com os seres humanos.

Segundo esse autor, os processos superiores mentais têm origem em processos sociais e os processos mentais que só são entendidos através de instrumentos e signos que os mediam. Acerca das teorizações Vygotskyanas encontramos um elo com as tecnologias na educação – no que concerne ao seu

(22)

conceito de mediação simbólica a qual, segundo ele, ocorre quando a ação do indivíduo sobre o objeto é mediada por algum elemento deixando de ser uma relação direta. (VYGOTSKY, 2002).

Porém, apesar de os jogos digitais e as tecnologias em geral fazer parte da pauta das discussões atuais sobre educação do país, sabemos que ainda há entraves para seu uso nas escolas - nem sempre estes recursos estão disponíveis em parte da realidade cotidiana de escolas públicas no Brasil (seja por falta dos recursos suficientes ou por dificuldades de utilização pelos usuários). Contudo, o governo federal na tentativa de levar as tecnologias digitais para as escolas públicas, criou por meio do Ministério de Educação e Cultura (MEC) - projetos que visam conectar e disseminar as tecnologias pedagógicas na rede pública de ensino. No capítulo seguinte, destacamos alguns desses projetos, na intenção de favorecer ao leitor desse trabalho o conhecimento sobre as possibilidades inerentes as tecnologias no contexto educacional.

3.1 POSSIBILIDADES DE INSERÇÃO TECNOLÓGICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO BRASIL

Como já vimos no capítulo anterior, a evolução tecnológica tem causado transformações importantes que afetam diretamente todas as áreas do conhecimento, especialmente, no ambiente educacional. E, no intuito de favorecer a inclusão digital o Governo Federal tem desenvolvido programas que objetivam a disseminação do conhecimento tecnológico nas escolas públicas de todo o País. Baseando-se, principalmente, no argumento de que tal atividade é necessária para que os alunos desenvolvam os conhecimentos e habilidades essenciais ao século XXI.

No grupo de programas desenvolvidos pelo MEC, cabe destacar: Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), que leva computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais às escolas; o projeto Um Computador por Aluno (UCA), que distribui netbooks para os estudantes e, mais recentemente, a distribuição de tablets para os professores do ensino médio. Para promover o acesso à internet, há ainda o Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) e outras ações, como o Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado), que orientam os educadores sobre o uso dessas tecnologias.

(23)

Neste trabalho, apresentaremos com maior descrição, devido estar mais diretamente envolvido com o objeto de estudo: o Programa Nacional de Tecnologia Educacional - PROINFO, que distribuiu laboratórios de informática com um sistema operacional elaborado exclusivamente para fins educativos, e o projeto Educação Conectada, aprovado recentemente com o intuito de disponibilizar às escolas públicas o acesso à internet de alta velocidade, capacitação de professores, oferecimento de cursos online e atividades de iniciação à robótica (BRASIL, 2017).

3.2. PROINFO – PROGRAMA NACIONAL DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL

O Proinfo trata-se de um programa educacional do Governo Federal criado por meio da Portaria Nº 522, de 9 de abril de 1997, com o intuito de “disseminar o uso pedagógico das tecnologias de informática e telecomunicações nas escolas públicas de ensino fundamental e médio pertencentes às redes estadual e municipal.” (BRASIL, 1997, p.1 ). Foi por meio deste programa que a maioria das escolas públicas do Brasil receberam, como incentivo do Governo Federal, laboratórios de informática equipados com um sistema operacional específico para a educação, o Linux Educacional. Porém, a responsabilidade de preparar um espaço físico adequado, capacitar profissionais para uso, e manter atualizada a manutenção das máquinas é direcionada aos governos estaduais e municipais, dependendo da rede a qual a escola pertença.

As ações do ProInfo serão desenvolvidas sob responsabilidade da Secretaria de Educação a Distância deste Ministério, em articulação com a secretarias de educação do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. (BRASIL, 1997).

De acordo com o Ministério da Educação, até 2018 mais de 500 mil máquinas já haviam sido distribuídas em todo o Brasil (BRASIL, 2018), mas tudo teve início quando, por meio do Centro de Experimentação em Tecnologia Educacional (CETE), do Ministério da Educação (MEC), uma extensão do sistema operacional Linux foi desenvolvida com fins educacionais, e, no ano de 2012, quando esta extensão iria para sua versão 4.0, o Ministério da educação realizou uma parceria com o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade do

(24)

Paraná (UFPR), que com o auxílio dos Núcleos de tecnologia educacional, criou uma versão com novos recursos de interface e diversos aplicativos novos, que já está disponível em todas as escolas públicas brasileiras através do Programa Nacional de Tecnologia Educacional - ProInfo. (BRASIL, 2018).

O Linux Educacional, como seu próprio nome sugere, foi pensando exclusivamente para fins educativos, dispondo de pacotes de softwares voltados para tal área, como: jogos educacionais, ferramentas de navegação, digitação, desenho, construção de tabelas, etc. Todas as escolas públicas no Brasil que foram contempladas com o Proinfo contam com estas ferramentas à sua disposição, e, de acordo com a responsável pelo Núcleo Tecnológico Municipal de Caicó/RN (nosso campo de pesquisa do trabalho em tela) - em entrevista concedida onde relatou a situação da maioria dos laboratórios da cidade – disse que: todas as escolas da rede municipal foram contempladas com o Programa, embora a maioria não disponha de condições para uso. Com essa informação, demos início a pesquisa empírica em escolas da rede de ensino pública da cidade de Caicó/RN (como já delineado anteriormente no capítulo metodológico).

3.3 EDUCAÇÃO CONECTADA

Apesar da iniciativa do Governo Federal em criar e instalar um programa como o Proinfo acompanhado do sistema operacional Linux Educacional, com o passar dos anos, a necessidade de internet de qualidade nas escolas passou a ser pauta nas discussões sobre inserção tecnológica, visto que, uma internet de qualidade, pode proporcionar a alunos e professores experiências mais inovadoras no processo de ensino e aprendizagem.

Desta forma, surge, em meio a tais discussões, o programa “Educação Conectada”, instituído pelo Decreto nº 9.204, de 23 de novembro de 2017, e regulamentado pela Portaria nº 1.602, de 28 de dezembro de 2017, com o objetivo de universalizar “o acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica.” (BRASIL, 2017, p.01).

De acordo com a portaria do Programa, as ações desenvolvidas para concretização de tal, serão divididas em etapas, sendo a primeira denominada “Visão”, que irá tratar da questão do estímulo de cada estado e município quanto ao

(25)

uso de elementos tecnológicos como transformadores da educação, “promovendo valores como: qualidade, contemporaneidade, melhoria de gestão e equidade”. (BRASIL, 2017, p.02); a segunda, referente à “Formação”, tratará da disponibilização de materiais e “formação continuada a professores, gestores e Articuladores Locais” (BRASIL, 2017, p.02); a terceira etapa, chamada de “Recursos Educacionais Digitais”, permitirá acesso a recursos educacionais digitais; e a última etapa, referente a “Infraestrutura”, como o próprio nome sugere, será destinada à aquisição e contratação dos serviços e equipamentos necessários. (BRASIL, 2017, p.02).

A previsão para concretização de todas as etapas deste Programa é de 07 anos após sua aprovação, ou seja, entre os anos de 2017 e 2024. Neste momento, o Programa já cumpriu sua primeira fase, que estava prevista para os anos de 2017 e 2018, como fase de construção e implantação do programa. E, agora, encontra-se em sua segunda fase, a fase de expansão, que avaliará os resultados na qualidade da educação em conectividade, com base na formação e utilização dos recursos educacionais digitais e capacidade de gestão dos recursos financeiros e dispositivos legais, disponibilizados (BRASIL, 2017). A terceira e última fase, a fase de sustentabilidade, refere-se à internalização do Programa, que até 2024, deve abranger uma demanda no universo da realidade de conexão nas escolas nacionais, transformando, assim, o programa em uma Política Pública. (BRASIL, 2017).

Todavia, apesar da disseminação dessa Política do Governo Federal em favor da inclusão digital no âmbito educacional, Silva (2015) aponta a estrutura física e a falta de profissionais capacitados nas instituições públicas do Brasil como fatores justificativo para o não desenvolvimento de aulas utilizando novas tecnologias (SILVA, 2015, p. 28 e 34).

Particularmente, com base nas leituras efetivadas para estado da arte desse trabalho, defendemos que o sistema público de ensino precisa oferecer tanto o apoio necessário à concepção desses programas/projetos de introdução das tecnologias educacionais, como o acompanhamento de sua execução, intervindo para que os objetivos do programa se efetivem. Outrossim, consideramos que mesmo com incentivo e recursos, cada escola possui sua particularidade, apresentando assim, diferentes dificuldades e situações. É o que mostra as análises no capítulo que se segue.

(26)

4 A REALIDADE DO USO DOS LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA EM ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE CAICÓ/RN

A partir dos referenciais teóricos, da legislação dos projetos que fazem parte de políticas públicas educacionais referente a disseminação das tecnologias digitais na escola e da investigação no campo empírico realizada para esse trabalho - faremos nesse capítulo a análise dos resultados da pesquisa realizada (na primeira fase da investigação) em 10 escolas públicas de educação básica (ofertantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental) no município de Caicó/RN, que de acordo com o último censo do IBGE, conta com um total de 49 escolas que atendem ao Ensino Fundamental (IBGE, 2017). Como também, da segunda fase da pesquisa empírica onde foram realizadas oficinas formativas com professores de 02 escolas das 10 que participaram da primeira fase.

Como já mencionado no capítulo metodológico, as 10 escolas participantes da primeira fase da pesquisa pertencem à rede pública, e serviram como amostra para identificar a situação e funcionamento dos laboratórios de informática nas instituições de ensino do município, a fim de verificar a real possibilidade de acesso às tecnologias digitais a qual os alunos desta rede estão submetidos. Por conseguinte, analisar se os professores estão devidamente capacitados para o uso do laboratório de informática, nesse caso específico, do Linux Educacional, e se utilizam o referido Programa pedagogicamente, com efetividade.

Nessa perspectiva, além dos resultados de como se encontra a realidade das escolas quanto aos laboratórios de informática e suas condições de uso, como também utilização dos mesmos pelos professores pesquisados; este capítulo apresenta o relato de experiência sobre como ocorreram as oficinas de capacitação realizadas com os professores de 02 das 10 escolas que participaram da pesquisa - a fim de mostrar possibilidades formativas para o ensino mediado por jogos digitais e identificar as principais dificuldades encontradas por esses professores em utilizar tal metodologia.

Para isso, os dados e análises apresentadas nesse capítulo, têm como base as leituras realizadas a partir de levantamento bibliográfico na área do objeto de estudo e os resultados de 03 questionários2 aplicados nas duas fases da pesquisa

2 Sendo o primeiro destinado às escolas públicas do município de Caicó/RN que ofertam os anos

(27)

empírica. Destarte, a primeira parte da pesquisa, que possuiu caráter quantitativo, foi realizada por meio de um questionário online composto por 08 questões referentes ao uso dos laboratórios de informática, enviado à todas as escolas públicas ofertantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental do município de Caicó/RN.

O objetivo desse questionário foi identificar se as escolas têm laboratório de informática com o Linux Educacional; se estes estão em funcionamento (se não, o motivo para tal) e escolher as escolas que participariam da primeira fase da pesquisa3.

À vista disso, foram enviados questionários online para todas as escolas de Caicó/RN que ofertam Ensino Fundamental. Contudo, obtivemos o retorno imediato de 10 escolas, as quais se tornaram colaboradoras da pesquisa que fundamenta os primeiros resultados do trabalho em tela.

Isto posto, os dados desse primeiro questionário informativo são referentes a presença de laboratórios nas escolas. Consideramos esse levantamento pertinente porque acreditamos que os laboratórios de informática na escola não só auxiliam no aprendizado, mas tem um importante papel social, pois é através deles que há a inclusão digital de crianças e jovens que em condições menos favoráveis não tem acesso à tecnologia.

Gráfico 01: Disponibilidade dos laboratórios de informática

Fonte: Elaborado pela autora.

fase da pesquisa e; o terceiro à gestão de cada uma das 02 escolas que participaram da segunda fase da pesquisa.

3 O critério para escolha das escolas que serviriam de amostragem para a primeira fase da pesquisa

foi por adesão. As 10 (dez) primeiras que aderiram à pesquisa se disponibilizando a responder o questionário.

(28)

Com base no gráfico, é possível perceber que das 10 escolas que responderam o questionário, apenas 01 não dispõe dos equipamentos fornecidos pelo Ministério da Educação – MEC. Isso traz indicadores de que a política pública de educação do MEC – quanto a meta de levar às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais através do ProInfo têm um considerável avanço.

Entretanto, a mesma pesquisa evidenciou que menos de 50% desses equipamentos estão sendo utilizados pelas escolas [gráfico 02].

Gráfico 02: Usabilidade dos laboratórios

Fonte: Elaborado pela autora.

Os dados apresentados no gráfico acima tornam-se preocupantes, visto que, do total da amostra de escolas, apenas 30%, ou seja, 3 instituições estão com os laboratórios em condições de uso. De acordo com as escolas que responderam ao questionário, as restrições a utilização do laboratório de informática variam - entre a falta de profissionais capacitados, a falta de manutenção das máquinas e a falta de interesse dos professores em utilizar o espaço (como mostra o gráfico 3) mais à frente. Esse dado nos remete a compreensão de que mesmo com os avanços dos equipamentos tecnológicos chegando até a escola, ainda há desafios a serem vencidos, no tocante a ações que subsidiem o uso das TICs no processo de ensino e aprendizagem nas escolas. Dentre essas ações acreditamos que o apoio na manutenção das máquinas, a conexão à internet e a apresentação de propostas que contribuam na formação do professor sobre o potencial pedagógico da tecnologia – podem favorecer a implantação de uma rotina semanal da escola em atividades no laboratório de informática. Porém, consideramos necessário que haja uma reflexão

(29)

no que diz respeito às condições oferecidas pelo ambiente escolar para que possa haver o desenvolvimento de aulas que façam uso dos aparatos tecnológicos.

Gráfico 3: Motivos para não utilização dos laboratórios.

Fonte: Elaborado pela autora.

Todavia, em análise aos motivos para não utilização dos laboratórios, destacados pelas escolas participantes da pesquisa (gráfico 3), inferimos que tem havido uma ineficiência do governo local quanto a manutenção das condições estruturais para que esses laboratórios fiquem em condições de uso. Essa postergação do poder governamental para manutenção e ações que favoreçam o uso dos laboratórios tem causado a não consecução das metas nacionais elencadas pelo PNE (2014-2024) que de maneira transversal aborda as tecnologias em grande parte das metas e estratégias definidas.

Além dos motivos para o não funcionamento dos computadores, buscamos informações sobre as atividades realizadas nos laboratórios das escolas, sendo estas questões destinadas às escolas com laboratórios em funcionamento (gráfico 4). Das 10 escolas apenas 01 não as descreveu porque o laboratório não estava em condições de uso. Dentre as escolas que destacaram as atividades realizadas no laboratório (quando o utilizam) – foram destacadas as atividades de pesquisas, jogos, digitação e até mesmo exibição de vídeos. (Gráfico 4).

(30)

Gráfico 04: Atividades realizadas nos laboratórios.

Fonte: Elaborado pela autora.

As atividades elencadas pelas escolas pesquisadas demonstram que, quando utilizados, os laboratórios servem para uma variedade de atividades pedagógicas. De fato, utilizar as tecnologias e inseri-las no contexto educacional pode auxiliar os professores a transformar o isolamento com que costumeiramente os alunos frequentam as salas de aula. Apesar disso, de acordo com pesquisa de Silva (2015) há uma fragilidade formativa em relação a professores de escolas públicas do Brasil quanto a capacitação para o uso dos laboratórios de informática nas escolas. Em Caicó/RN, como apontado no gráfico anterior, em grande parte das escolas públicas do município, também há carência de profissionais capacitados para uso dos laboratórios de informática, principalmente, em relação ao uso do Linux Educacional.

A partir desses dados, na intenção de fazer um levantamento mais minucioso com os professores das escolas pesquisadas que costumam usar os laboratórios como um dos recursos pedagógicos de suas práticas, para verificar com mais propriedade sobre as dificuldades e possibilidades de uso das tecnologias digitais e, nos determos, mais precisamente, a categoria de formação dos professores para uso das tecnologias na escola, iniciamos a segunda fase da pesquisa empírica.

Nesta fase foram selecionadas 03 das escolas que responderam à pesquisa, sendo consideradas para a escolha os seguintes critérios: 1. Estarem entre as 10 primeiras escolas que responderam o questionário; 2. Possuírem laboratório de informática em condições de uso; 3. Estarem localizadas em extremos diferentes uma

(31)

da outra; 4. Infraestrutura pequena; 5. Os professores se disponibilizarem participar de todas as atividades da segunda fase da pesquisa4.

A partir desses critérios destacados, 03 escolas foram selecionadas, Escola A, Escola B e Escola C5, sendo cada uma em um bairro diferente localizados na cidade

de Caicó/RN. Após a escolha das escolas, realizamos algumas visitas a tais instituições, com o intuito de compreendermos a realidade de cada uma e buscarmos minimizar os problemas que fossem encontrados, para podermos iniciar o processo de formação dos professores através de oficinas pedagógicas.

4.1 RELATO DE EXPERIÊNCIA: DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL

4.1.1 Escola A

A primeira escola, que chamaremos de escola A, é ofertante de Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, ela possui um laboratório de informática equipado com 19 máquinas, um corpo docente composto por 10 professores e um setor administrativo com 03 pessoas responsáveis. O laboratório de informática desta escola está instalado no mesmo espaço físico onde funcionam a biblioteca e a sala de vídeo, o que acaba dificultando o acesso aos computadores por todas as turmas, visto que, a sala se torna a mais disputada por todos os docentes.

Nesta escola, em março de 2018, realizamos uma reunião com todo o corpo docente e administrativo da instituição, a fim coletarmos dados referentes a situação do laboratório de informática e das dificuldades encontradas pelos professores no uso de tal recurso. Na ocasião, a falta de manutenção das máquinas, que, segundo todos os presentes, estavam quebradas, e a dificuldade de manuseio do Linux Educacional foram os dois principais argumentos para a não utilização do

4 Sobre o critério 1: por ter participado da primeira fase já tínhamos as informações sobre as questões

estruturais dos laboratórios; sobre o critério 2: o laboratório em boas condições de uso proporcionam um bom desempenho das oficinas; sobre o critério 3: referente a necessidade de visualizar diferentes realidades sociais; critério 4: verificar a possibilidade de realização de experiências inovadoras em escolas com espaço físico e lúdico limitado; critério 5: o andamento da pesquisa depende da disponibilidade dos pesquisados se dispor a participar das atividades.

5 Por motivos de ética, resolvemos não revelar os nomes das escolas, substituindo-os, assim, por

(32)

laboratório como recurso didático. Ao visitar o laboratório, constatamos que os computadores estavam apenas fora das tomadas e, por isso, não estavam funcionando, problema que não demandou tempo nem recurso para solucionar. Com os computadores em bom estado, a ideia para solucionar o segundo problema foi de realizarmos uma formação com os profissionais da escola, a fim de capacitá-los ao uso do Linux Educacional.

A oficina foi planejada junto a gestão da escola, que organizou um dia no qual as atividades de todo o corpo docente e administrativo, em todos os turnos, seriam voltadas à capacitação.

Para tornar a formação mais atraente aos professores, resolvemos utilizar como temática para a oficina o uso dos jogos digitais na sala de aula, visto que, além de ser um assunto atual e algo que chama a atenção das crianças, era um recurso acessível àquele ambiente. Sendo assim, em Abril de 2018, realizamos na “Escola A” a oficina “Aprendizagem Baseada em Jogos Digitais”, que proporcionou aos professores informações sobre o manuseio do computador (Ligar, acessar, desligar), recursos do Linux Educacional (jogos, libreoffice - Writer, planilha Calc, Impress, Draw, Math-, navegadores, etc.), e sobre a plataforma GCompris, que trata-se de uma plataforma educativa com mais de 100 jogos relacionados à conteúdos didáticos6,

sobre a qual falaremos mais adiante.

4.1.2 Escola B

Já a segunda escola, localizada em uma região mais valorizada da cidade, é ofertante dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, contando assim, com um corpo docente maior e mais diversificado, já que nos anos finais do Ensino Fundamental conta com um professor para cada disciplina. Ao todo, o corpo docente está formado por 16 professores e a gestão por 04 pessoas.

Na primeira visita para reconhecimento do laboratório, verificamos que o espaço físico do laboratório de informática era ideal. Todas as máquinas estavam com a versão mais recente do Linux Educacional instalada (6.0) e possuíam acesso à internet. O ambiente é espaçoso, organizado e climatizado e, tudo isso, graças a ajuda de um profissional voluntário da escola, que há alguns anos atua na manutenção e

6 Esse foi o formato das oficinas realizadas nas escolas parceiras dessa segunda fase da pesquisa

(33)

conservação do espaço. Em contrapartida, percebemos em outras visitas realizadas à escola entre os meses de setembro e dezembro de 2018, que o laboratório era utilizado apenas para exibição de vídeos e slides no Datashow, que fica na mesma sala.

Desta forma, assim como na escola anterior, procuramos a gestão e conversamos sobre a possibilidade de realizar uma atividade de formação com os professores, visto que, segundo a escola, os computadores não são utilizados como recurso didático por falta de interesse dos profissionais, o que é consequente, principalmente, da dificuldade de manuseio do Linux Educacional.

Porém, o acesso a “Escola B” não foi tão simples como na escola anterior. O funcionário voluntário do laboratório se dispôs, em todos os momentos, a auxiliar no que fosse preciso, demonstrando, inclusive, bastante conhecimento a respeito do Linux e seus programas educacionais. Já a gestão, apesar de receber o projeto muito bem, demonstrar interesse e falar sobre as principais dificuldades da escola, dificultou, em alguns momentos, a realização da prática.

Em 03 meses de tentativas, foram 03 datas marcadas para a realização da oficina, sendo todas canceladas de última hora: na primeira vez porque a gestão esqueceu de comunicar aos professores; na segunda, na justificativa da gestão, os pais não aceitariam os alunos serem liberados mais cedo e; na terceira, porque a escola estava sem água, o que impossibilitou a realização da prática de formação.

Consideramos importante destacar que o relato da dificuldade de acesso encontrada nesta instituição torna-se crucial pelo fato de, neste trabalho, buscarmos exatamente mostrar os limites e as dificuldades encontradas no ambiente escolar para a formação continuada e inserção tecnológica.

Diante das dificuldades delineadas, não foi possível realizar a formação com os professores dessa escola. Desse modo, apesar de antes da fase final da pesquisa a escola ter se disponibilizado a participar de todas as fases – nesse momento da investigação, pelos motivos supracitados essa escola não participou da última fase da pesquisa.

(34)

4.1.3 Escola C

A terceira escola, Escola C, está localizada em um bairro carente do município de Caicó/RN, funciona da Educação Infantil aos anos iniciais do Ensino Fundamental. O corpo docente da instituição é formado por 13 professores e a administração por 03 funcionários.

O laboratório de informática desta escola é equipado com 22 máquinas, porém, menos da metade estavam funcionando na data da primeira visita. Por se tratar de problemas técnicos, que necessitariam de um profissional capacitado para solucionar, acionamos o Núcleo Tecnológico Municipal de Caicó - NTM, para que os problemas pudessem ser solucionados antes da realização da oficina. Porém, como o município conta apenas com uma pessoa responsável pela manutenção das máquinas de todas as escolas da rede municipal, e esta, naquele momento, encontrava-se afastada por motivos de saúde, não foi possível realizar este procedimento. Neste caso, planejamos a oficina com base na quantidade de computadores disponíveis, que totalizavam 13 máquinas.

O diferencial da oficina realizada nesta escola foi a participação de todos os colaboradores, ou seja, estavam presentes os estagiários do IEL – Instituto Euvaldo Lodi, colaboradores do programa “Mais Educação”, a Pedagoga, as Psicopedagogas, a Secretária, os Gestores, e Professores da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Ao todo, o público da oficina teve participação de 22 pessoas, sendo o maior entre as oficinas realizadas.

4.1.4 Descrição e análises das oficinas formativas

Considerando o público alvo das oficinas - professores da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, e com base no objetivo da formação que é proporcionar aos professores informações sobre o manuseio do Linux Educacional e suas diferenças em relação ao sistema operacional Windows, mais popular entre os professores, escolhemos a plataforma GCompris para usar como recurso didático, voltando-se exclusivamente para ensinamentos sobre elaboração de aulas com base em jogos digitais.

A plataforma foi escolhida, primeiramente, pelo fato de já estar inclusa nos programas multidisciplinares do Linux Educacional, facilitando a mediação tanto da oficina como das futuras aulas que os professores dariam, e também pela diversidade

Referências

Documentos relacionados

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

A cor “verde” reflecte a luz ultravioleta, porém como as minhocas castanhas são mais parecidas com as minhocas verdadeiras, não se confundem com a vegetação, sendo

Tal será possível através do fornecimento de evidências de que a relação entre educação inclusiva e inclusão social é pertinente para a qualidade dos recursos de

6 Consideraremos que a narrativa de Lewis Carroll oscila ficcionalmente entre o maravilhoso e o fantástico, chegando mesmo a sugerir-se com aspectos do estranho,

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos