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Heterogeneidade da agricultura familiar no Estado do Rio Grande do Norte

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

BRENO DA COSTA AMORIM

HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

NATAL - RN 2019

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HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Bacharelado em Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial para à obtenção do Título de Bacharel em economia.

Orientador: Prof. Dr. João Matos Filho.

NATAL - RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Amorim, Breno da Costa.

Heterogeneidade da Agricultura Familiar no Estado do Rio Grande do Norte / Breno da Costa Amorim. - 2019.

53f.: il.

Monografia (Graduação em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências Econômicas. Natal, RN, 2019. Orientador: Prof. Dr. João Matos Filho.

1. Agricultura Familiar - Rio Grande do Norte - Monografia. 2. Heterogeneidade - Monografia. 3. Diversidade social e econômica - Monografia. I. Filho, João Matos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 631.115.1(813.2)

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HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais, como requisito parcial à

obtenção do título de Bacharel em Economia

APROVADO EM: ____/____/2019.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Prof. Dr. João Matos Filho

Orientador UFRN

_______________________________________________ Prof. Dr. Thales Augusto Medeiros Penha

Examinador UFRN

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Ao prezado orientador Dr. João Matos Filho que com paciência me orientou diante de minhas limitações com relação ao desenvolvimento do trabalho, meus sinceros agradecimentos.

Ao professor Dr. Thales Augusto Medeiros Penha pela sua grande contribuição, sempre disposto a ajudar em meu aprendizado.

À minha família, em especial minha esposa que me apoiou nessa jornada. À todos que de modo direto e indireto me deu suporte.

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Dedico este trabalho a Deus por me conceder discernimento para superar todos os obstáculos da graduação, a minha querida família (pai, mãe, irmãos, esposa e filho), que serviram de inspiração para a formação acadêmica e que me apoiaram nos momentos mais difíceis.

Aos professores e amigos que fiz ao longo da graduação que também contribuíram muito para o amadurecimento profissional e pessoal.

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A heterogeneidade da agricultura familiar é reflexo da diversidade social e econômica no âmbito do estado do Rio Grande do Norte. Assim, é possível verificar avanços significativos em relação à definição e compreensão das características e do significado do grupo social denominado agricultura familiar, principalmente no que concerne ao reconhecimento da sua diversidade econômica e heterogeneidade social. O objetivo deste trabalho consiste em oferecer uma contribuição para compreensão da diversidade econômica da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte. Trata-se de um estudo realizado com base nos dados do Censo Agropecuário de 2006 sobre o perfil e as características da agricultura familiar no RN, utilizando-se uma classificação baseada no valor da produção agropecuária desses estabelecimentos e, secundariamente, das receitas obtidas com essas atividades, demonstrando a proporção em comparativo. Assim sendo, elaborou-se uma tipologia dos estabelecimentos agropecuários familiares do Rio Grande do Norte, usando-se indicadores da produção (mais especificamente, a quantidade de produtos) e com base em dados sobre as fontes de ingresso agrícolas e não agrícolas. O trabalho também aponta para a necessidade de políticas específicas para os distintos tipos de estabelecimentos familiares que permitam o desenvolvimento de distintas estratégias de uso da terra e dos demais meios de produção para alcançar a reprodução social e gerar excedente econômico que possa assegurar receitas adequadas no estado do Rio Grande do Norte.

Palavras-chave: Heterogeneidade. Agricultura Familiar. Diversidade social e econômica. Rio Grande do Norte.

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The heterogeneity of family agriculture is a reflection of social and economic diversity within the state of Rio Grande do Norte. Thus, it is possible to verify significant advances in relation to the definition and understanding of the characteristics and the meaning of the social group called family agriculture, mainly regarding the recognition of its economic diversity and social heterogeneity. The objective of this work is to offer a contribution to understanding the economic diversity of family agriculture in the state of Rio Grande do Norte. It is a study based on data from the 2006 Census of Agriculture on the profile and characteristics of family agriculture in the NB, using a classification based on the value of the agricultural production of these establishments and, secondarily, the income obtained with these activities demonstrating the proportion in comparative. Thus, a typology of family farming establishments in Rio Grande do Norte was developed using indicators of production (more specifically, the quantum of products) and based on data on agricultural and non-agricultural sources of income . The work also points to the need for specific policies for the different types of family establishments that allow the development of different land use strategies and other means of production to achieve social reproduction and generate economic surplus that can ensure adequate income in the state of Rio Grande do Norte.

Keywords: Heterogeneity. Family farming. Social and economic diversity. large northern river

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ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A.

FAO - Food and Agriculture Organization

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística IBGE/SIDRA - Sistema IBGE de Recuperação Automática INSA - Instituto Nacional do Semiárido

MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário PAA - Programa de Aquisição de Alimentos

PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PTF - Produtividade Total dos Fatores

RN - Estado do Rio Grande do Norte

SAF - Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo

SEARA - Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários e Apoio à Reforma Agrária

SEDRAF - Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural e de Agricultura Familiar

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Tabela 1 - Número de estabelecimentos agropecuários de agricultores familiares no Rio Grande do Norte 2006.

Gráfico 1 - Área média em hectares dos estabelecimentos familiares do Rio Grande do Norte 2006. Tabela 2 - Número de pessoas ocupadas nos estabelecimentos de agricultura familiar do Rio Grande do Norte 2006.

Tabela 3 - Pessoal ocupado no estabelecimento em 31.12, com laço de parentesco com o produtor, por idade e principais características do pessoal ocupado em relação ao total, segundo a agricultura familiar - Rio Grande do Norte - 2006

Tabela 4 - Estabelecimentos em que o produtor declarou ter atividade fora do estabelecimento, por tipo de atividade, segundo a agricultura familiar - Rio Grande do Norte - 2006

Tabela 5 - Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano por tipo segundo Agricultura Familiar Rio Grande do Norte 2006.

Tabela 6 - Segmentação da estrutura da agropecuária do Rio Grande do Norte e participação do grupo B do PRONAF no total de estabelecimentos 2006.

Gráfico 2 - Área média dos estabelecimentos agropecuários do RN – 2006 (em hectares).

Tabela 7 - Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo, segundo a agricultura familiar - Rio Grande do Norte – 2006 // Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo (Venda) Gráfico 3 - Produtos vegetais; Animais e seus Produtos; Produtos da Agroindústria; Prestação de serviços para empresa integradora; Outras atividades não agrícolas realizadas no estabelecimento (artesanato, tecelagem, etc.).

Gráfico 4 - Arrecadação em vendas dos produtos: Vegetais; Animais e seus Produtos; Produtos da Agroindústria; Prestação de serviços para empresa integradora; Outras atividades não agrícolas realizadas no estabelecimento (artesanato, tecelagem, etc.).

Tabela 8 - Receitas obtidas por: Aposentadorias ou pensões; Salários com atividades fora do estabelecimento; Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos; Receitas de programas especiais dos governos (Federal, Estadual ou Municipal).

Gráfico 5 - Receitas obtidas por: Aposentadorias ou pensões; Salários com atividades fora do estabelecimento; Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos; Receitas de programas especiais dos governos (Federal, Estadual ou Municipal).

Tabela 9 - Diversidade e/ou heterogeneidade na Agricultura Familiar Sigla: RNBP Municípios do território do Borborema Potiguar

Tabela 10 - Diversidade e/ou heterogeneidade na Agricultura Familiar dos Municípios do território da Baixa Verde Sigla: RNBV

Tabela 11 - Território de Macau Sigla: RNMU

Tabela 12 - Municípios do território de Macaíba Sigla: RNMA

Tabela 13 - Sigla: RNLS Municípios do território do Litoral Sul Potiguar Tabela 14 - Sigla: RNLS Municípios do território de Mossoró

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INTRODUÇÃO ... 11 CAPÍTULO 1 - AGRICULTURA FAMILIAR EM CONTEXTO HISTÓRICO E ECONÔMICO ... 15 1.1 CONTEXTO HISTÓRICO E ECONÔMICO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL ... 15 1.2 POLÍTICAS QUE EXCLUÍAM OS AGRICULTORES FAMILIARES NO RNE A CONEXÃO POLÍTICA ... 18 CAPÍTULO 2 - A HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIARNO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ... 20 2.1 DELINEAMENTO SOBRE A HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR ... 20 2.2 HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ... 23 2.3 O CENSO 2006 ... 27 CAPÍTULO 3 - DIVERSIDADE ECONÔMICA DA HETEROGENEIDADE DOS AGRICULTORES FAMILIARES NO CONTEXTO SOCIAL DO RIO GRANDE DO NORTE ... 35 3.1 ANÁLISE COMPARATIVA DE ALGUMAS CIDADES QUE TEM HETEROGENEIDADE OU NÃO ... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 43 REFERÊNCIAS ... 45

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INTRODUÇÃO

O presente estudo trata da heterogeneidade produtiva familiar delimitada ao Estado do Rio Grande do Norte (BELIK, 2015). Acentua-se na visão de Bittencourt (2018), que mais de70% da comida que chega às mesas dos brasileiros é proveniente da agricultura familiar. Além disto, essa modalidade de agricultura tem relação direta com a segurança alimentar e nutricional da população brasileira; impulsiona economias locais; e contribui para o desenvolvimento rural sustentável por estabelecer uma relação íntima e vínculos duradouros da família com seu ambiente de moradia e produção.

Nesse sentido, reforça-se que a heterogeneidade produtiva é um problema para a esfera da agricultura e para o desenvolvimento agrícola do país. E ainda, pode-se enfatizar da mesma forma que o dualismo tecnológico constatado nas famílias estudadas, em decorrência do acesso às tecnologias, bem como do crédito vivenciado na agricultura familiar são distintos e – consequentemente – resultam a padronização da qualidade dos alimentos produzidos.

A visão de uma heterogeneidade estrutural da economia - um dos pilares do pensamento cepalino (SQUEFF, NOGUEIRA, 2013) encontrou seu paralelo para o setor agrícola em alguns estudos que demonstram as diferenças na PTF (Produtividade Total dos Fatores) entre os diversos tipos de empreendimentos da agropecuária e de como essas assimetrias estariam se aprofundando (BELIK, 2015). No caso do Rio Grande do Norte a agricultura é o setor predominante em número de estabelecimentos rurais. No geral, tem-se que muitos dos estabelecimentos agropecuários existentes no estado são classificados como familiares. Esta característica também se repete em todos os estados nordestinos, já que o segmento familiar é responsável pela maior parte das ocupações e pela produção dos principais alimentos básicos produzidos nas unidades de produção agropecuária (AQUINO; LACERDA, 2014).

Assim sendo, por fazer parte de uma realidade importante para a sociedade do RN, torna-se relevante formular a questão da pesquisa, onde o presente trabalho busca responder: como os agricultores modernos no segmento familiar do RN vivenciam a questão da heterogeneidade?

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O objetivo geral deste trabalho é demonstrar a heterogeneidade da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte e as ações usadas pelos agricultores modernos para alcançar melhorias de resultados. Os objetivos específicos são: i) apresentar o contexto histórico-econômico da agricultura familiar no Brasil e Rio Grande do Norte; ii) levantar informações sobre a agricultura familiarno RN; iii) enumerar os grupos que se enquadram no perfil dos agricultores do Rio Grande do Norte; iv) demonstrar os fatores que contribuem para se chegar a um caminho viável ao desenvolvimento rural sustentável.

Como justificativa no plano teórico, um breve recorte temporal, se faz necessário apresentar acerca da heterogeneidade da agricultura no Brasil, visto que a mesma nasceu na década de 1960 e 1980, e com isso, o Brasil passou por um processo de amadurecimento da agricultura e organização produtiva do setor. Contudo, as tecnologias exigidas para a demanda internacional de exportação e disponibilidade de créditos foram condições indispensáveis; provocaram intenso êxodo rural, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Logo, a heterogeneidade da agricultura ressaltou a distribuição diferenciada do crédito, em nível social, setorial e espacial, e intensificasse a divisão do trabalho. De maneira simplificada, o crédito sendo direcionado às grandes propriedades, geralmente localizadas em regiões com terras mais férteis, levando para esse público, pesquisa, tecnologia e assistência técnica (SOUZA; SOUZA; FERREIRA NETO, 2018, p.203).

Ainda no plano teórico Belik (2015) retrata a heterogeneidade da agricultura brasileira, demonstrando que essa é uma condição historicamente verificada no nosso meio rural e que pode ser encontrada em outras agriculturas, mais tecnificadas ou intensivas em mão de obra. Assim sendo, procura-se evidenciar que, mais que a heterogeneidade, a política pública deve voltar a sua atenção para a redução das desigualdades que têm suas causas ligadas ao acesso diferenciado aos fatores de produção e à baixa capacidade dos produtores em obter ganhos líquidos nas suas explorações. Recomenda-se a adoção de ações simples ligadas à assistência técnica, extensão rural, financiamento da produção e comercialização.

Ademais, em termos internacionais, essa heterogeneidade também está presente, haja vista que as desigualdades em termos de tamanho de área, aporte tecnológico, gestão e utilização da força de trabalho são enormes quando

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comparamos as diferentes regiões e países. Mesmo entre os agricultores familiares as diferenças são significativas (BELIK, 2015, p.12).

Pode-se dizer que em caráter analítico, “o foco não está mais na discussão sobre o dualismo da agricultura brasileira que contrapunha, entre outras estruturas, o latifúndio exportador à pequena propriedade de subsistência” (RANGEL, 2005, apud BELIK, 2015, p.2).

Vê-se ainda, que no estado do Rio Grande do Norte, a agricultura também, segundo texto extraído do estudo de Aquino, Freire e Carvalho (2017) sofreu algumas limitações, onde é possível verificar que em termos de número de estabelecimentos na estrutura agrária potiguar “Mesmo sendo numericamente pouco expressiva em termos de Nordeste, o segmento persiste e desempenha um papel relevante meio rural estadual” (AQUINO, FREIRE e CARVALHO, 2017, n.p.)

Diante de trabalhos realizados na área, adicionalmente, em dados publicados no Censo Agropecuário 2006 pelo IBGE em 2012 (IBGE/SIDRA. 2012) e reorganizados por Aquino, Freire e Carvalho (2017, n.p.), onde “pretende-se evidenciar que existe uma grande heterogeneidade socioeconômica no interior do segmento familiar estadual, sobressaindo um expressivo grupo de produtores pobres e extremamente pobres”.

Como segunda justificativa no plano teórico, conforme pontua no estudo de Barbosa (2017), considerando o fato de que a heterogeneidade da agricultura familiar é um fenômeno que exige a observação de muitas variáveis, é sabido que existe uma certa dificuldade para se demonstrar uma diversidade de aspectos simultaneamente. Assim sendo, Schneider e Cassol (2014) apontam que o recorte metodológico do estudo aqui delineado é, portanto, circunscrito à tentativa de compreender e descrever a diversidade da agricultura familiar no Brasil de acordo com a base de dados do IBGE, Censo Agropecuário 2006, considerando que, para efeito de classificação da agricultura familiar, adota a definição da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, IBGE, 2012 (GRANDO, 2014).

Para tanto, como justificativa no plano prático, essa perspectiva aponta que o tema abordado nesta pesquisa “heterogeneidade da agricultura familiar no Rio Grande do Norte”, demonstra “relevância em todo o país”, entretanto - apesar de tal importância – no RN a matéria ainda carece de mais atenção em termos de

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pesquisa. E, portanto, em face de tal problemática, já que este assunto vem sendo muito estudado em outros estados do Brasil e menos no Rio Grande do Norte, como estratégia do campo prático, a presente pesquisa incumbe-se a discutir a questão da heterogeneidade produtiva familiar no RN para divulgar a realidade e estimular o interesse por mais pesquisas e projetos que visem superar o problema.

A partir da metodologia utilizada por esses autores, a referida pesquisa resulta na elaboração de tipologias e grupos que buscam recortar e isolar subgrupos do universo do estado do Rio Grande do Norte (SCHNEIDER, CASSOL, 2014). O conhecimento geral que esse processo teve seu início em 1994, período em que foi lançado o estudo FAO/Incra, e segue até o Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2009).

Dessa forma, Guanzirolli, et al. (2012), apontam dados por estabelecimentos agropecuários segundo a condição do produtor, e assim, separando os estabelecimentos em familiares e não familiares, considerando a idade e principais características do pessoal ocupado no estabelecimento, fator importante no processo de propagação da agricultura familiar no Rio Grande do Norte (BARBOSA, 2017).

E conforme capítulos do texto da pesquisa de Grando (2011) também, a demonstração de estabelecimentos em que o produtor declarou ter atividade fora do estabelecimento, por tipo de atividade de acordo com a agricultura familiar no RN. Ressaltando-se ainda as receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo, de acordo com a agricultura familiar (GRANDO, 2011).

O presente trabalho é dividido em três capítulos, além desta introdução. O primeiro capítulo tem por escopo apresentar noções gerais sobre a agricultura familiar moderna frente ao contexto histórico e econômico. O segundo capítulo trata da heterogeneidade da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte. O terceiro capítulo apresenta a importância das atividades heterogeneidade dos agricultores familiares no RN, e também a “Análise Comparativa de Algumas Cidades que Tem Heterogeneidade ou Não” demonstrando a proporção em comparativo. E, posteriormente, tabelas ilustrativas para tecer uma análise acerca da real situação da heterogeneidade.

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CAPÍTULO 1 - AGRICULTURA FAMILIAR EM CONTEXTO HISTÓRICO E ECONÔMICO

O presente capítulo busca demonstrar o que há de importante no âmbito da agricultura familiar, visto que esta modalidade nos dias atuais tem sido posta em relevo no meio social. Levando em consideração que, como apontado no texto da pesquisa de Barbosa (2017) desde primórdios essa categoria foi genuinamente diferenciada em nosso país, assim sendo, recebia as seguintes denominações: pequena produção, produção de subsistência ou baixa renda e, em um nível político e conceitual mais consistente, campesinato (SCHNEIDER; CASSOL, 2014).

Diante dessa realidade a agricultura familiar passa a ser entendida como uma categoria social diversa e heterogênea pelos estudiosos e cientistas no Brasil (BARBOSA, 2017), razão pela qual nos leva a dar uma atenção especial ao contexto histórico, como também econômico da agricultura familiar no Brasil.

1.1 CONTEXTO HISTÓRICO E ECONÔMICO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL

Ao se observar a visão de muitos estudiosos que tratam do contexto histórico e econômico da agricultura familiar no Brasil, é possível destacar no primeiro momento, que “em decorrência de vários fatores, a agricultura familiar pode ser considerada um fato novo até mesmo no Brasil” (MANZANAL; SCHNEIDER, 2011). Assim sendo, a rigor, antes da década de 1990 na sociedade brasileira, alguma menção à agricultura familiar era muito escassa, já que os termos usualmente utilizados para qualificar e demonstrar essas categorias sociais eram os de pequeno produtor, produtor de subsistência ou produtor de baixa renda (SCHNEIDER; CASSOL, 2014).

Ademais, ao tratar do contexto histórico, os autores supracitados enfatizam que “a década de 1990 marca, portanto, o início de um conjunto de transformações sociais, econômicas e políticas no Brasil que criam espaço e condições favoráveis à emergência, legitimação e consolidação da agricultura familiar” (SCHNEIDER; CASSOL, 2014, p.236). Nesse contexto, acrescenta-se ainda, a ideia que o mais

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importante aspecto contextual que beneficiou a afirmação da agricultura familiar é o alcance da estabilidade macroeconômica e o controle da inflação, por meio do Plano Real de 1993 (ABRAMOVAY et al. 2010).

Na concepção do supracitado autor, o segundo condicionante macro, ainda que de ordem mais institucional e política, está relacionado às diretrizes da Constituição Federal de 1988 e conselhos passam a mecanismos e institucionais de controle social da política como: o conselho de políticas públicas sendo espaço do governo e da sociedade civil (MADRIGAL, 2015). E o terceiro fator refere-se à retomada do papel do Estado na regulação e governança dessas políticas e iniciativas (SCHNEIDER; CASSOL, 2014, p.236).

Nesse cenário, entende-se que nos dias atuais, a agricultura familiar no Brasil é resultado de uma confluência única de fatores como lutas por reconhecimento e direitos empreendidos por atores sociais, especialmente pelos movimentos sindicais do campo (NIEDERLE, 2014) e, logo, deduz-se que sob influência de fortes variáveis - especialmente - dos acontecimentos políticos e econômicos, assim como os sociais dos últimos séculos e/ou das últimas décadas.

Discorrendo acerca dessa realidade o texto extraído da obra de referência de Lamarche (2013)1ao considerar um quadro mais abrangente, disserta que

“Evidentemente a exploração familiar tem passado também por profundas transformações nestas últimas décadas, todavia foi bastante afetada pelo caráter ‘conservador’ da modernização agrícola: discriminatório, parcial e incompleto” (LAMARCHE, 2013, p.184).

É importante salientar que o reconhecimento legal da categoria vem através da Lei da Agricultura Familiar nº 11.326, de 24 de julho de 2006. No Art. 3º da lei é possível observar os aspectos que determinam a condição de agricultor familiar perante o Estado para ter acesso as políticas públicas (BRASIL, 2006), a saber:

1 Atualização de obra de referência na EMBRAPA.ORG: LAMARCHE, H. A agricultura familiar: comparação internacional: uma realidade multiforme. Biblioteca(s): EMBRAPA. BRG: Clima Temperado. Data. Data da última atualização: 11/09/2013. Autoria: LAMARCHE, H. (Coord.).

Afiliação: HUGUES LAMARCHE. Disponível em:

<https://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/consulta/busca?b=ad&id=966067&biblioteca=vazio&busca=aut oria:%22LAMARCHE,%20H.%22&qFacets=autoria:%22LAMARCHE,%20H.%22&sort=&paginacao=t &paginaAtual=1> Acesso em: 8 jun. 2019.

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I – Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II – Utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III– Tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV– Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. § 1º O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2º São também beneficiários desta Lei: I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes;

II - Agricultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede;

III - Extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores; IV - Pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente (BRASIL, 2006).

Conforme as constatações extraídas da pesquisa de Reichert; Gomes; Schwengber (2008. p.2-3) acrescentam que:

A agricultura familiar vive um momento de adaptação frente às novas mudanças socioeconômicas da sociedade atual. Neste sentido, cria alternativas constantemente para adaptar-se aos constantes desdobramentos da agricultura moderna, uma delas hoje bastante discutida no meio acadêmico, a “pluriatividade”. Entendida como a diversificação de atividades e ocupações agrícolas e não-agrícolas, exercidas pelos componentes da unidade familiar dentro ou fora de sua exploração agrária, é mais uma das estratégias econômicas para garantir a sobrevivência do agricultor familiar, sob o ambiente econômico que se mostra, constantemente adverso. Muitos autores têm trazido contribuições valiosas a respeito desta nova dinâmica da agricultura familiar. Carneiro (2006), afirma que a pluriativade adquiriu reconhecimento na caracterização de fenômenos socioeconômicos associados às dinâmicas recentes do meio rural identificadas por alguns como “novo rural”, por outros como “ruralidade” (REICHERT; GOMES; SCHWENGBER, 2008. p.2-3).

A supracitada autora ainda, faz menção a pluriativade, em que adquiriu reconhecimento na caracterização de fenômenos socioeconômicos associados às dinâmicas recentes do meio rural demonstradas por alguns como “novo rural”, por outros como “ruralidade” (REICHERT; GOMES; SCHWENGBER, 2008. p.3). Logo,

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no geral, afirma que essa dinâmica está associada basicamente a dois fenômenos, o primeiro diz respeito ao aumento das atividades não-agrícolas e a conformação de novas identidades sociais no meio rural, e o segundo estaria relacionado a crise de reprodução da agricultura de base familiar (CARNEIRO, 2006, apud REICHERT; GOMES; SCHWENGBER, 2008).

Nessa mesma perspectiva, para esclarecer melhor essa ideia, o termo pluriatividade é visto como sendo conforme as palavras obtidas no estudo de Anjos e Caldas (2006):

Um tipo de exploração em que os membros da família desempenham inúmeras atividades remuneradas, entre o trabalho agrícola dentro do estabelecimento e o não-agrícola, em setores diversos da economia, de forma a obter os meios necessários para a sua reprodução social e manutenção da unidade de produção.

Por outro lado, a partir das palavras obtidas na pesquisa de Schneider (2003) reforça que:

O fenômeno da pluriatividade está presente pela via das relações com o mercado através de atividades agrícolas e não-agrícolas e não mais somente pela produção, ou seja, se dá pelas relações com o mercado de trabalho. Este autor identifica cinco tipos de atividades pluriativas, reconhecendo que este termo designa um fenômeno social antigo: a intersetorial; a de base agrária; a sazonal ou informal; a paraagrícola; e a tradicional-camponesa.

De acordo com a citação de Schneider (2003) as modalidades da agricultura familiar mais praticadas, no RN estão destacadas como a grande influência caracterizadora os cinco tipos de atividades pluriativas; a de base agrária; a sazonal ou informal; a paraagrícola; e a tradicional-camponesa; estas inclusive podem compor as identidades sociais no meio rural potiguar.

1.2 POLÍTICAS QUE EXCLUÍAM OS AGRICULTORES FAMILIARES NO RNE A CONEXÃO POLÍTICA

A princípio é relevante destacar as ideias extraídas da pesquisa de Souza et al. (2011), enfatizando-se que “o processo de desenvolvimento da agricultura brasileira é determinado por políticas que excluíam os agricultores familiares. Tal

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fato ocorreu de modo que houve a possibilidade de se tecer um olhar especial a essa categoria” (SOUZA; SOUZA; FERREIRA NETO, 2018, p.36). Acrescenta-se ainda que, com a legitimação dessa categoria “na década de 1990 foi possível iniciar o processo de construção de políticas voltadas para esse grupo” (PEREIRA e NASCIMENTO, 2014, apud SOUZA, 2016, p.36).

Das ideias extraídas do estudo de Aquino (2017)para melhor entender como se dá o processo da heterogeneidade da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte, é relevante argumentar a respeito dos elementos que influenciam na propagação do assunto, de modo que se faz necessário apresentar as suas especificidades à luz da literatura sobre o tema, haja vista que a agricultura familiar, de forma agregada, é o segmento social predominante no rural brasileiro, respondendo pela maioria absoluta das ocupações e pela produção da maior parte dos alimentos consumidos no mercado doméstico (AQUINO; GAZOLLA; SCHNEIDER, 2018) embora detenha apenas um terço das terras agrícolas (AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017).

Assim sendo, realidade marcante no estado do RN, que diante de estudos realizados na área, alguns dados trabalhados mostram que o segmento familiar norte-rio-grandense é caracterizado por uma marcante diferenciação interna (AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017), sobressaindo uma significativa heterogeneidade e desigualdade produtiva no interior do segmento, em que predomina um vasto contingente de produtores pobres ou extremamente pobres (AQUINO; GAZOLLA; SCHNEIDER, 2018) sendo o Grupo B do PRONAF.2

Permite-se ponderar, então, a relevância das ideias extraídas do estudo de Souza (2016), de um lado, há um estímulo na intensificação dos sistemas produtivos para agricultores, de outro lado, há um fomento à busca de alternativas de desenvolvimento e sempre no intuito de aprimoramento.

2Grupo B: Agricultores familiares que obtivessem uma renda bruta anual familiar - com rebate - de até R$ 3.000,00, sendo no mínimo 30% dessa renda auferida através das atividades desenvolvidas no interior do estabelecimento agropecuário (AQUINO; GAZOLLA; SCHNEIDER, 2018).

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CAPÍTULO 2 - A HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIARNO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

No transcorrer do estudo porfiou-se, em um primeiro momento, acerca da agricultura familiar moderna frente ao contexto histórico e econômico, expondo brevemente o cenário brasileiro até chegar no Estado do Rio Grande do Norte. Entretanto considerando a forte influência do seguimento, aqui se delimita heterogeneidade na esfera social potiguar.

Cumpre agora integrar na questão da heterogeneidade da agricultura no Rio Grande do Norte (AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017). Dessa forma, este capítulo se propõe, em primeiro momento apresentar conceitos gerais, que de acordo com a ideia obtida no estudo de Belik (2015) a heterogeneidade da agricultura familiar partindo do princípio de que as interpretações que atribuem à agricultura familiar o papel de principal fonte de alimentos na agricultura brasileira está sendo questionados pelo fato de ser muito heterogênea, gerando polêmica em todos os estados brasileiros, porém menos no estado do Rio Grande do Norte.

2.1 DELINEAMENTO SOBRE A HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR

Ao traçar uma ideia acerca da heterogeneidade, muitos conceitos são defendidos na tentativa de melhor compreender o termo em questão (CORTEZ, 2013). É importante sublinhar que atualmente, as discussões acerca da heterogeneidade produtiva ganha repercussão na sociedade, assim sendo, uma atenção é direcionada ao desenvolvimento rural de modo geral. Em decorrência disso, uma gama de estudos teve como foco padrões produtivos e suas distinções do campo e a contribuição de cada fator para o desenvolvimento da agropecuária.

Com base nas constatações das pesquisas de Belik (2015) se reformulou que o foco não mais privilegia a discussão sobre o dualismo na agricultura brasileira em face de outras estruturas, o latifúndio exportador à pequena propriedade de subsistência, e, em consequência disto levou Celso Furtado (2009, p. 231) em seu estudo a afirmar que "não se poderia falar em desenvolvimento agrícola para o

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conjunto do país e sim tão somente de um crescimento em extensão da agricultura"(BELIK, 2015).

Nesse sentido, a pesquisa de Belik (2015) pontua que muito se tem questionado que a visão de uma heterogeneidade estrutural da economia, e na esteira dos estudos de Squeff e Nogueira (2013) está sintetizado no texto obtido em Belik (2015) que:

Um dos pilares do pensamento cepalino encontrou seu paralelo para o setor agrícola em alguns estudos que demonstram as diferenças na PTF (Produtividade Total dos Fatores) entre os diversos tipos de empreendimentos da agropecuária e de como essas assimetrias estariam se aprofundando.

Convém ressaltar que ao tratarmos da heterogeneidade, o mesmo autor indica acerca do:

Censo Agropecuário de 2006, prescreve que haveria no Brasil 5,1 milhões de estabelecimentos com enormes diferenças entre as características regionais, condição legal das terras, condição do produtor, tipo de atividade etc. Grandes debates têm sido travados sobre a forma de fazer o recorte específico da agricultura familiar nesse universo, ao qual ingenuamente se atribui algum tipo de homogeneidade. O ponto de partida é a discussão sobre as fronteiras desse grupo. Segundo o IBGE, os agricultores familiares representariam 84,3% dos estabelecimentos - IBGE, 2006 (BELIK, 2015, p.14).

Outra forma de delinear a heterogeneidade e diferenciação entre os agricultores familiares é através do destaque feito a partir da utilização da força de trabalho (KAGEYAMA; BERGAMASCO; OLIVEIRA, 2013), tendo como base o Censo Agropecuário de 2006 do IBGE, onde separaram os produtores em familiares (predominância de mão de obra familiar) e não familiares, sendo que os familiares ainda seriam subdivididos em assentados, exclusivamente familiares e familiares com pessoal contratado. Vê-se que grande diferença entre as categorias, mas as autoras afirmam que o maior foco de desigualdade estaria dentro de cada um dos grupos analisados e não entre os grupos (BELIK, 2015).

Logo, entende-se que o contexto da heterogeneidade na agricultura no geral não se deduz a um fato extraordinário pelo qual as políticas públicas já que não é

(23)

nada atípico que, segundo a ideia obtida do estudo pesquisado por Belik (2015, p.27):

A heterogeneidade sempre esteve presente na agricultura brasileira mesmo durante os ciclos econômicos baseados em monoculturas de exportação, cujos produtos caracterizavam "a" agricultura brasileira.[...] que a heterogeneidade está presente em outras agriculturas, sejam elas mais "tecnificadas" como a norte-americana, ou mais intensivas em mão de obra como aquelas dos países em desenvolvimento, essa característica nos acompanha ao longo da história. , muito embora a heterogeneidade seja um fenômeno comum a todas as agriculturas, a desigualdade é uma marca da agricultura brasileira (BELIK, 2015, p.27).

Ainda na mesma linha de ideia, de acordo com a constatação indicada na pesquisa de Belik (2015) acredita o autor que a heterogeneidade (ou a diversidade) da agricultura brasileira abrange formas diversas quanto à organização da produção, tamanhos de exploração e gestão da força de trabalho. E prossegue o autor acentuando que:

Muito embora as receitas provenientes da produção e os ganhos líquidos decorrentes da exploração possam apresentar resultados diferentes, essa constatação per se não estabelece hierarquia ou superioridade de uma forma de organização da produção sobre outra. A questão principal que merece a atenção das políticas públicas é a desigualdade presente entre os produtores do meio rural no Brasil (BELIK (2015, p.27).

A partir da argumentação publicada na pesquisa de Aquino; Freire; e Carvalho (2017) a agricultura familiar no Rio Grande do Norte é o setor predominante em número de estabelecimentos, pessoal ocupado e produção de alimentos no campo, embora detenha um terço das terras agrícolas, das crises climáticas e precárias condições produtivas da parcela mais pobre do público potencial do PRONAF no RN, o que, sem elas, provavelmente já teria migrado em direção às cidades (AQUINO; FREIRE; e CARVALHO, 2017), razão pela qual nos leva a deparar com uma situação esperada em decorrência de hábitos negativos advindos do passado, a exemplo da contradições socioambientais, como a concentração de renda, a superexploração do trabalho e dos recursos naturais

(24)

Para tanto, considera-se que é uma agricultura rudimentar e de baixo padrão tecnológico (AQUINO; LACERDA, 2014), daí tem-se o reconhecimento do caráter

heterogêneo (ou a diversidade) da agricultura familiar com foco no RN.

2.2 HETEROGENEIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

A princípio é relevante destacar que o estado do Nordeste que mais se destaca por possuir o menor número de agricultores familiares é o Rio Grande do Norte (RN), onde pesquisas revelam que 71.210 estabelecimentos do setor familiar potiguar, representando pouco mais de 3% do total regional e tendo pouco atrativo de estudos sobre o tema (AQUINO; FREIRE; e CARVALHO, 2017).

Dessa forma, de acordo com a concepção extraída do estudo de Aquino (2017), além da baixa representatividade quantitativa desse segmento em terras potiguares -em âmbito estadual - áreas do conhecimento como Economia e Geografia também é precária pois limita-se a abordagem metodológica de fazer o uso do limite de área como critério para caracterizar os produtores rurais (AQUINO; FREIRE; e CARVALHO, 2017).

Tem-se, por conseguinte, que em se tratando da heterogeneidade no Rio Grande do Norte, é retratado ainda que existe um equívoco no que diz respeito ao tratamento uniforme dos agricultores familiares diante de algumas situações, haja vista que o segmento apresenta – também – uma marcante heterogeneidade socioeconômica no RN em que revela padrões produtivos e sociais bastante distintos, e com um nível que representa agricultores familiares pobres (AQUINO; GAZOLLA; SCHNEIDER, 2018).

Assim, ao se demonstrar os tipos de agricultores familiares norte-rio-grandenses, conforme o critério metodológico adotado no estudo de Schneider e Cassol (2014, p.237) denominado por “aspectos metodológicos para análise da diversidade da agricultura familiar sob uma perspectiva econômica” onde se visa “saber é sobre as características dessa diversidade e heterogeneidade

(25)

considerando-se os estabelecimentos existentes de fato” (SCHNEIDER; CASSOL, 2014, p.237), em detalhe:

Partiu-se da hipótese de que a agricultura familiar a que se refere aqui não é nem estritamente camponesa, tampouco essencialmente capitalista e/ou mercantilizada. O tipo social médio de agricultor familiar a que se refere neste estudo constitui-se de uma família que trabalha em atividades agrícolas sobre um pedaço de terra, em geral não muito grande, e nem sempre de sua propriedade legal. Esse regime de trabalho em economia familiar gera uma produção agroalimentar que é utilizada não só para o autoabastecimento (autoconsumo), mas também (e cada vez mais) para a comercialização.

Por serem famílias que vivem e trabalham com menos terra do que desejariam, parte da força de trabalho excedente é utilizada para o exercício de atividades não agrícolas na região ou fora dela, fazendo que essas famílias tenham ingressos não agrícolas, que, em algumas situações, chegam inclusive de outros países via remessas de parte dos salários e/ou ganhos que foram amealhados por algum membro do grupo doméstico que emigrou (SCHNEIDER; CASSOL, 2014, p. 237).

Assim, a classificação final sugerida resulta dos seguintes critérios:

a) Estabelecimentos familiares especializados (EFE) – compostos por aqueles estabelecimentos nos quais o resultado da divisão entre valor total da produção e receita total do estabelecimento fosse50% ou mais do valor total da produção.

b) Estabelecimentos familiares que possuem múltiplas fontes de rendimento (EFMR) – estabelecimentos nos quais o resultado da divisão entre valor total da produção e receita total do estabelecimento fosse de 20% a 50% do valor total da produção.

c) Estabelecimentos familiares de residentes rurais (EFRR) – aqueles estabelecimentos nos quais a divisão entre valor total de produção e receita total do estabelecimento fosse menor ou igual a20% do valor total da produção (SCHNEIDER; CASSOL, 2014, p. 240).

Logo, ao se demonstrar os tipos de agricultores familiares norte-rio-grandenses, conforme as “tabulações especiais” (critérios metodológicos adotados a partir das normas do PRONAF 2006/2007) (AQUINO; FREIRE; e CARVALHO, 2017), percebe-se que há uma forte concentração no público potencialmente enquadráveis nos grupos A e B do PRONAF:

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Assentados e produtores pobres ou extremamente pobres. Somados, eles abrangem aproximadamente 80% do número de estabelecimentos familiares potiguares, sendo o segmento com renda até R$ 3 mil àquele que individualmente mais se destaca, com 42.234 unidades (59,31% do total). O Grupo C, formado pelo contingente de produtores intermediários, aparece em seguida com 13,07% das propriedades. As outras categorias mais capitalizadas da agricultura familiar estadual (grupos D, E e Familiar não PRONAF), por sua vez, eram pouco expressivas em 2006, alcançando apenas 8,32% dos 71.210 estabelecimentos recenseados pelo IBGE (AQUINO; FREIRE; e CARVALHO, 2017).

A tabela abaixo, apresenta a situação retratada acima considerando os grupos de agricultores modernos, número de estabelecimentos e área total com suas respectivas porcentagens.

Tabela 1: “Número de estabelecimentos agropecuários de agricultores familiares no Rio Grande do Norte 2006”.

Grupos de agricultores

familiares Estabelecimentos Número % Área Total Número %

A 13.737 19.29 221.845 21.21

B 42.234 59.31 433.202 41.41

C 9.310 13.07 240.336 22.98

D 1.684 2.36 46.289 4.43

E 304 0.43 8.604 0.82

Familiar não PRONAF 3.941 5.53 95.794 9.16

Total Familiar 71.210 100.00 1.046.070 100.00

Fonte: “Censo Agropecuário 2006, IBGE/SIDRA 2012”.3

Conforme os dados da tabela, extraídos de uma pesquisa do Censo agropecuário (2006), vê-se que o número de estabelecimentos agropecuários familiares no Rio Grande do Norte, apresenta-se distribuído em grupos, nos quais o total de agricultura familiar corresponde a mais de (1.040,00 de área ocupada), isso significa que os grupos de agricultores familiares são bastante representativos para o setor.

3SIDRA. Tabela 2783. Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários, com agricultura familiar e não familiar, em 31/12, total e de 14 anos e mais, com laço de parentesco com o produtor, por principais aspectos em relação ao pessoal ocupado, condição do produtor em relação às terras e grupos de pessoas da família - (MDA). 2019. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/2783> Acesso em: 28 maio 2019.

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Assim sendo, percebe-se, pois, que com relação à participação na área total ocupada, e segundo argumentação obtida na pesquisa de Felipe; Rocha; Carvalho (2009); Nunes (2009) citados por Aquino; Freire; e Carvalho (2017, n.p.):

Algumas variações percentuais entre os estratos familiares. Em suma, algo em torno de 86% das terras da agricultura familiar potiguar pertence ao conjunto formado pela soma dos produtores pobres e extremamente pobres do Grupo B, intermediários e assentados.

Ademais, constata-se ainda, que o restante da área computada divide-se entre os 5.929 estabelecimentos consolidados da categoria (grupos D, E e Familiar não PRONAF), os quais desenvolvem sistemas produtivos tecnologicamente mais intensivos, a exemplo do que acontece na fruticultura irrigada do Polo Açu-Mossoró.

Cumpre, neste sentido, fazer uma análise, ao reunir mais indicadores, onde com base no texto obtido no estudo de Aquino; Freire; e Carvalho (2017), se compreende que ainda que detenham a maior fração das terras da agricultura familiar, é extremamente precária a situação individual de estabelecimentos de categoria Grupo B. Isso se justifica porque, entre todos os tipos familiares, eles são os que apresentam a menor área média, com apenas 10,26 hectares (AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017).

Nesse caso, aprende-se que esse indicador mensura em abaixo da média estadual pois:

Corresponde a menos da metade da extensão média dos sítios do tipo C e dos grupos capitalizados, em que observa-se que o fato indica a questão relacionada ao tamanho reduzido das propriedades dos produtores da “franja periférica” pode acarretar dificuldades para a exploração das atividades agrícolas, especialmente tendo em vista que a maioria delas apresenta um baixo padrão tecnológico e se desenvolve basicamente a partir do “braço e da enxada”. Segue-se a figura abaixo para analisar a situação abordada (AQUINO et al., 2013; AQUINO; LACERDA, 2014, AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017, n.p.).

A situação em Pauta indica a diferença existente entre os sítios do Tipo C em distinção aos grupos da Agricultura Familiar mais capitalizados e os tipos correspondem aos produtores de Periferia os quais passam por mais dificuldades para empreender em suas atividades, visto que ainda usam muito as ferramentas

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antigas e boa parte de seu trabalho ainda é braçal, como por exemplo o que chamam de "o cabo da enxada".

2.3 O CENSO 2006

Para melhor explanar a situação tratada anteriormente, pode-se conferir a extensão de tal realidade, no gráfico a seguir:

Gráfico 1 - Área média em hectares dos estabelecimentos familiares do Rio Grande do Norte 2006.

Fonte: Censo Agropecuário 2006, IBGE/SIDRA 2012.

De acordo com as informações tiradas do censo 2006, é notório que a área média em hectares dos estabelecimentos familiares do Rio Grande do Norte, reflete uma realidade que deixa a desejar, em que o grupo familiar contém um índice relativamente baixo em hectares. Nesta feita, em se tratando do quesito referente à ocupação da população de acordo com a constatação obtida na pesquisa de Aquino; Freire; Carvalho (2017) apontam que novamente os agricultores de menor renda se destacam nas estatísticas censitárias.

16,15 10,25 25,93 27,59 29,16 23,31 14,05 0 5 10 15 20 25 30 35

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E se verifica ainda, que a partir da tabela abaixo que existiam 102.389 pessoas albergadas nas pequenas propriedades do Grupo B no RN, ou seja, 53,45% do total.

Assim sendo, os assentados e o Grupo C, de modo agregado, respondiam por 35,83% do contingente ocupado em 2006. As outras categorias somavam pouco mais de 10%. Essas informações sugerem, ao contrário do ufanismo de algumas análises sobre o tema, que os dados do IBGE devem ser utilizados com cuidado para evitar erros de interpretação (AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017).

Ressalta-se que ao menos 20% da mão-de-obra ocupada na agricultura familiar potiguar está em assentamentos de reforma de agrária, nos estabelecimentos do Grupo A (BELIK, 2015), tal política governamental se destaca em amenizar o êxodo rural e, ao mesmo tempo, tem contribuído para ampliar e manter a agricultura familiar nos territórios rurais norte-rio-grandenses, mesmo diante da centralização de capitais ensejada pela reestruturação produtiva na economia rural do estado (AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017). É o que nota-se na tabela abaixo.

Tabela 2 - Número de pessoas ocupadas nos estabelecimentos de agricultura familiar do Rio Grande do Norte 2006.

Grupos de agricultores familiares Pessoal ocupado % A 38.773 20.24 B 102.389 59.15 C 29.855 15.59 D 5.815 3.04 E 1.024 0.53

Familiar não PRONAF 13.689 7.15

Total Familiar 191.545 100.00 Fonte: Censo Agropecuário 2006, IBGE/SIDRA 2012.

A tabela representativa tirada do Censo (2006) demonstra que o número de pessoas ocupadas nos estabelecimentos de agricultura familiar do Rio Grande do Norte, corresponde ao total de 191.545 de pessoal ocupado, com o percentual de 100,00.

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É importante ressaltar que frente a realidade do estado do Rio Grande do Norte, ao se enquadrar no grupo B, tem-se que a importância relativa dos agricultores familiares pobres (AQUINO; FREIRE; CARVALHO, 2017) potencialmente classificado no Grupo B do Pronaf, impulsiona a verificar sua distribuição socioespacial (AQUINO; GAZOLLA; SCHNEIDER, 2018) no Rio Grande do Norte (RN), estado nordestino que se destaca nacionalmente por apresentar a maior proporção de seu território na área do semiárido brasileiro. Onde a partir das ideias extraídas no estudo de Aquino e Lacerda (2014) se expõe que as condições de reprodução econômica desses produtores são lamentáveis em decorrência dos fatores que bloqueiam sua capacidade de gerar renda agropecuária e suas principais fontes de receitas monetárias (BELIK, 2014). Situação que será abordada posteriormente.

Dentro do contexto da heterogeneidade da agricultura familiar do Rio Grande do Norte, um outro ponto deverá ser focado por ensejar uma análise de modo mais detalhado, diz respeito a dados que apresentam pessoal ocupado no estabelecimento em 31.12, com laço de parentesco com o produtor, por idade e principais características do pessoal ocupado em relação ao total, de acordo com a agricultura familiar no Rio Grande do Norte (SIDRA, 2019).

A seguir uma tabela demonstrativa para expor essa realidade

Tabela 3 - Pessoal ocupado no estabelecimento em 31.12, com laço de parentesco com o produtor, por idade e principais características do pessoal ocupado em relação ao total, segundo a agricultura familiar - Rio Grande do Norte - 2006

Agricultura familiar

Pessoal ocupado(1) com laço de parentesco com o produtor em 31.12

Total

Principais características em relação ao total do pessoal ocupado Residiam

no estabelecimento

Sabiam ler e escrever Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais Total

198 092 186 304 145 962 135 688 103 886

97 727 82 992 14 735 Agricultura familiar - Lei nº

11.326 171 657 161 272 128 664 119 516 88 279 Não familiar 26 435 25 032 17 298 16 172 15 607

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Tabela 3 - (Continuação)

Pessoal ocupado(1) com laço de parentesco com o produtor em 31.12 Principais características em relação

ao total do pessoal ocupado

Recebiam salário qualificação profissional Tinham em atividade não agropecuária Trabalhavam somente Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais

7 364 7 245 2 686 2 607 3 088 2 966 4 906 4 871 1 549 1 543 2 383 2 291

2 458 2 374 1 137 1 064 705 675

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006.

Ao demonstrar a tabela acima, extraída do Censo (2006), vê-se que a agricultura familiar em termos de número de pessoal ocupado é bastante diversificada considerando que, de um lado alguns produtores recebiam salário, e também existiam diferenças quanto ao nível de escolaridade, fato comprovado pela qualificação profissional. E, por fim, produtores trabalhavam somente em atividade não agropecuária.

Ademais, para complementar as informações que refletem a heterogeneidade da agricultura familiar no RN, faz-se relevante apresentar nesse momento dados relativos a estabelecimentos em que o produtor declarou ter atividade fora do estabelecimento, por tipo de atividade de acordo com a agricultura familiar no Rio Grande do Norte - 2006.

Tabela 4 - Estabelecimentos em que o produtor declarou ter atividade fora do estabelecimento, por tipo de atividade, segundo a agricultura familiar - Rio Grande do Norte - 2006.

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006.

Agricultura familiar

Estabelecimentos em que o produtor declarou ter atividade fora do estabelecimento

Estabele- cimentos

Tipo de atividade Agropecuária agropecuária Não

Agropecuária e não agropecuária Total

21 752 8 840 12 202 710 Agricultura familiar - Lei nº 11.326 16 636 7 478 8 644 514

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Segundo as informações obtidas da pesquisa do Censo 2006, o contexto da tabela 4, apresenta uma realidade que demonstra o fato de que no âmbito da agricultura familiar, existem situações em que o produtor declarou ter atividade fora do estabelecimento, por tipo de atividade, assim sendo, os tipos de atividades classificadas em agropecuárias e não agropecuárias destacam-se pelo fato de a primeira totalizar 8.840, e a segunda, um total de 12.202. Logo, ao se pensar na agricultura familiar- Lei nº 11.326 (BRASIL, 2006), o IBGE apresenta o número correspondente a 21. 752 de estabelecimentos, não deixando de focar a agricultura não familiar, correspondente ao total de 5.116, subdividindo-se em agropecuário com 1.362, e não agropecuário 3.558.

Ainda para demonstrar a questão da heterogeneidade no estado do Rio Grande do Norte, o Censo 2006, apresentam as receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo, de acordo com a agricultura familiar- Rio Grande do Norte. É o que se observa na tabela a seguir.

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Tabela 5 –Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano por tipo, segundo Agricultura Familiar Rio Grande do Norte 2006.

Agricultura familiar

Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo

Estabele-

cimentos (1 000 R$) Valor

Venda

Produtos vegetais Animais e seus produtos

Animais criados em cativeiros (jacaré, escargô, capivara e outros)

Húmus Esterco Atividades de turismo

rural no estabelecimento Exploração mineral

Estabele-

cimentos (1 000 R$) Valor Estabele- cimentos (1 000 R$) Valor Estabele- cimentos (1 000 R$) Valor Estabele- cimentos (1 000 R$) Valor Estabele- cimentos (1 000 R$) Valor Estabele- cimentos (1 000 R$) Valor Estabele- cimentos (1 000 R$) Valor Total 58 261 994 062 36 281 446 595 35 987 393 865 270 6 178 92 1 217 1 223 754 9 174 279 3 696 Agricultura familiar - Lei nº 11.326 48 778 307 099 31 174 152 318 29 127 135 620 181 1 335 45 103 834 205 4 24 196 1 121 Não familiar 9 483 686 962 5 107 294 278 6 860 258 245 89 4 844 47 1 115 389 548 5 151 83 2 575

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006.

Tabela 5 - (Continuação)

Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo

Produtos da agroindústria Prestação de serviço de beneficiamento e/ou transformação de produtos agropecuários por terceiros Prestação de serviços para empresa integradora

Outras atividades não agrícolas realizadas no estabelecimento (artesanato, tecelagem, etc.) Estabele- cimentos Valor (1 000 R$) Estabele- cimentos Valor (1 000 R$) Estabele- cimentos Valor (1 000 R$) Estabele- cimentos Valor (1 000 R$) 1 965 32 214 413 2 066 283 106 235 385 1 067 1 526 13 268 324 758 176 1 517 330 832 439 18 946 89 1 307 107 104 718 55 235

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Acerca dos elementos impressos na tabela 5, tem-se a receita dos núcleos de Agricultura Familiar tem-se primeiramente o total de 58.261 estabelecimentos, totalizando a soma de R$ 994.062,00; entre os produtos constam: produtos vegetais, animais e seus produtos, imagens de cativeiro, húmus, esterco, turismo Rural, exploração mineral; na vertente de produtos agroindustriais: prestação de serviço de beneficiamento e transformação de produtos agropecuários por terceiros, prestação de serviços para empresa integradora e atividades não agrícolas nos locais agrícolas como artesanato, tecelagem e outros.

(35)

CAPÍTULO 3 - DIVERSIDADE ECONÔMICA DA HETEROGENEIDADE DOS AGRICULTORES FAMILIARES NO CONTEXTO SOCIAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Para dar continuidade ao estudo proposto, o último capítulo se propõe a reforçar a relevância com base na matéria de Aquino e Lacerda (2014) ao tratar da heterogeneidade da agricultura familiar no RN, por apresentar um diferencial em relação ao Nordeste do Brasil, já que:

“Entre os estados nordestinos, trata-se daquele em que os produtores rurais estão mais vulneráveis às irregularidades climáticas que caracterizam a região, já que 93% do seu território está inserido no espaço geográfico do semiárido brasileiro” (AQUINO; LACERDA, 2014).

Este fato é reforçado no seguinte argumento: devido ao fato de no RN que “as chuvas são irregulares ou, quando normais, as médias de precipitação são baixas, tornando a água um bem natural escasso” (FELIPE, CARVALHO e ROCHA, 2006, p. 63).

Para tanto, ao tomar conhecimento que as interpretações que atribuem à agricultura familiar o papel de principal fonte de alimentos na agricultura brasileira estão sendo muito questionados, pelo fato de ser muito heterogênea no Brasil, e em outros estados, porém menos no Rio Grande do Norte, oportunizou concluir o último capítulo destacando a diversidade econômica da heterogeneidade dos agricultores familiares no RN, como também os dados gerais do censo 2006 com relação à característica heterogênea da agricultura no estado do Rio Grande do Norte.

Com efeito, no Brasil, a Região Nordeste é conhecida como uma das áreas mais vulneráveis às variabilidades climáticas e ainda, pode-se vivenciar que o estado do Rio Grande do Norte destaca-se por estar concentrado metade dos agricultores familiares brasileiros. Assim sendo, para esclarecer essa realidade, a partir das ideias extraídas no estudo de Coêlho (2010), e o Instituto Nacional do Semiárido (INSA, 2014) recorreram aos dados censitários para indicar que a agricultura familiar é reconhecida como o segmento predominante no contexto agrário regional, especialmente na zona de abrangência do semiárido. De acordo com a afirmação destes estudos é perceptível que em todos os estados nordestinos,

(36)

o segmento familiar é reconhecido como o responsável pela maior parte das ocupações e pela produção dos principais alimentos básicos produzidos nas unidades de produção agropecuária.

A partir dessa realidade é perceptível que tais informações diagnosticam a carência de ações, pesquisas ou incentivos públicos ou privados para que sejam implementadas melhorias em relação à problemática da heterogeneidade nas culturas agrícolas do RN, tamanho o nível da problemática exposta nos parágrafos até então delineados nesses capítulos. Diante de estudos realizados por pesquisadores da área, a exemplo de Aquino, é importante enfatizar que no Rio Grande do Norte (RN), à semelhança dos demais estados brasileiros, verifica-se elevada desigualdade na distribuição da posse da terra (HOFFMANN e NEY, 2010). Portanto, essa realidade se torna visível quando se compara o tamanho médio das propriedades dos produtores familiares e não familiares no rural potiguar a partir da figura abaixo.

Gráfico 2 - Área média dos estabelecimentos agropecuários do RN - 2006 (em hectares):

Fonte: Censo Agropecuário 2006, IBGE/SIDRA 2012.

Logo, a figura acima deixa claro que estes últimos apresentam área média de 180,85 ha, o que corresponde a oito vezes o tamanho da área produtiva familiar e aproximadamente 18 vezes mais do que a área pertencente ao grupo de agricultores pobres, com rendimentos "rebatidos" até R$ 3 mil por ano.

180,85 10,26 21,15 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

(37)

Enfim, no último momento do capítulo, ao tratar da diversidade econômica da heterogeneidade dos agricultores familiares no contexto social do Rio Grande do Norte, faz-se necessário demonstrar a grande diversidade da agricultura familiar entre territórios considerando o contexto da heterogeneidade da agricultura familiar no Estado do Rio Grande do Norte.

Dentro desse contexto, para realizar essa análise faz-se, necessário uma quantificação partindo do território denominado Agreste Potiguar para em seguida expor as quantias de atividades de agricultura familiar por microrregiões da mesma. Assim sendo, busca-se demonstrar a grande diversidade da agricultura familiar entre territórios considerando o contexto da heterogeneidade da agricultura familiar no Estado do Rio Grane do Norte, a seguir os quadros e gráficos para comprovar o fato. Logo, para esta análise, faz-se uma quantificação das receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano de 2006. Em seguida, expõe-se as atividades: Não familiar; Aposentadorias ou pensões; Salários com atividades fora do estabelecimento; Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos; Receitas de programas especiais dos governos (Federal, Estadual ou Municipal).

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Tabela 7 – Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo, segundo a agricultura familiar

- Rio Grande do Norte – 2006 // Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo (Venda)

Agricultura

familiar Produtos vegetais

Animais e seus produtos Produtos da agroindústria Prestação de serviços para empresa integradora Outras atividades não agrícolas realizadas no estabelecimento (artesanato, tecelagem, etc.) Total

Estabele-

cimentos

Valor (1000 R$) Estabele- cimentos Valor (1000 R$) Estabele- cimentos

Valor (1000 R$) Estabele- cimentos Valor (1000 R$) Estabele- cimentos Valor (1000 R$) Agricultura familiar: Lei nº 11.326 36.281 446.595 35.987 393.865 1 965 32.214 283 106.235 385 1.067 Não familiar 31.174 152.318 29.127 135.620 1.526 13.268 176 1.517 330 832

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006.

Conforme a demonstração acima, é notório que a diversidade da agricultura familiar, bem como não familiar revelam índices consideráveis de estabelecimentos que se destacam no ramo de produtos vegetais, animais, produtos agroindustriais, e ainda, no ramo artesanato e tecelagem. Diante dessa realidade, verifica-se a marcante heterogeneidade no estado do Rio Grande do Norte, em que hoje merece destaque a nível estadual. A seguir os gráficos do comparativo entre Agricultura familiar versus Não familiar com base na produção dos produtos do quadro 1.

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Gráfico 3 - Produtos vegetais; Animais e seus Produtos; Produtos da Agroindústria; Prestação de serviços para empresa integradora; Outras atividades não agrícolas realizadas no estabelecimento (artesanato, tecelagem, etc.).

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006.

Os dados revelaram que esta região supera em termos de agricultura familiar principalmente a produtos vegetais (36.281) e animais e seus Produtos (35.987). No entanto, Produtos da Agroindústria (1.526); Prestação de serviços para empresa integradora (176); Outras atividades não agrícolas realizadas no estabelecimento

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(330) apresentam pouca representação na preferência por estabelecimentos para atividades no RN. A seguir os gráficos do comparativo entre Agricultura familiar versus não familiar com base na arrecadação em vendas dos produtos do quadro 1.

Gráfico 4 - Arrecadação em vendas dos produtos: Vegetais; Animais e seus Produtos; Produtos da Agroindústria; Prestação de serviços para empresa integradora; outras atividades não agrícolas realizadas no estabelecimento (artesanato, tecelagem, etc.).

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Ao observar o gráfico, os dados revelaram que esta região supera o território da Baixa Verde e o território da Borborema Potiguar em termos de agricultura familiar principalmente a produtos vegetais (R$446.595,00) e animais (R$393.865,00) em terceiro lugar a Prestação de serviços para empresa integradora (R$106.235,00); seguido de Produtos da Agroindústria (R$32.214,00); e outras atividades não agrícolas (R$1.067,00) apresentam menor espaço na captação de renda.

Em seguida, expõem-se as rendas exteriores à Agricultura familiar no ano de 2006, eis o quadro com tal situação:

Tabela 8 - Receitas obtidas por: Aposentadorias ou pensões; Salários com atividades fora do estabelecimento; Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos; Receitas de programas especiais dos governos (Federal, Estadual ou Municipal). Agricultura familiar: Lei nº 11.326 Não familiar Aposen tadorias ou pensões Salários com atividades fora do estabele cimento Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos Receitas de programas especiais dos governos (Federal, Estadual ou Municipal)

Valor

(1 000 R$)

Valor (1000 R$) Valor (1 000 R$) Valor (1 000 R$) Valor (1 000 R$) Valor (1 000 R$) Total 307.099 686.962 96.406 18.837 1.499 10.551

Ao verificar o gráfico, os dados revelaram que esta região supera o território da Baixa Verde e o território da Borborema Potiguar em termos de agricultura familiar principalmente a Não familiar (R$686.962,00) e Agricultura familiar (R$307.099,00); em terceiro lugar a Aposentadorias ou pensões (R$96.406,00); Salários com atividades fora do estabelecimento (R$18.837,00); Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos (R$1.499,00); Receitas especiais dos governos Federal, Estadual ou Municipal (R$10.551,00) de renda.

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Em seguida, expõe-se as rendas exteriores à Agricultura familiar no ano de 2006, a saber no quadro a seguir:

Gráfico 5 - Receitas obtidas por: Aposentadorias ou pensões; Salários com atividades fora do estabelecimento; Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos; Receitas de programas especiais dos governos (Federal, Estadual ou Municipal).

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