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Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros

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Academic year: 2021

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ULICELIANASCIMENTODEAZEVEDO

PERFIL DA MORTALIDADE POR SUICÍDIO EM IDOSOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS GÊNEROS

NATAL, RN 2018

www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol ppgscol@dod.ufrn.br 55-84-3342-2338 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

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ULICELIANASCIMENTODEAZEVEDO

PERFIL DA MORTALIDADE POR SUICÍDIO EM IDOSOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS GÊNEROS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva da UFRN, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves

Coorientadora: Profa. Dra. Luana Kelle Batista Moura

NATAL, RN 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - -Departamento de Odontologia

Azevedo, Ulicelia Nascimento de.

Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros / Ulicelia Nascimento de Azevedo. - Natal, 2018.

65 f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves.

Coorientador: Profa. Dra. Luana Kelle Batista Moura. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2018.

1. Mortalidade - Dissertação. 2. Suicídio - Dissertação. 3. Idosos - Dissertação. I. Alves, Maria do Socorro Costa Feitosa. II. Moura, Luana Kelle Batista. III. Título.

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ULICELIA NASCIMENTO DE AZEVEDO

PERFIL DA MORTALIDADE POR SUICÍDIO EM IDOSOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS GÊNEROS

Dissertação apresentada como requisito final para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Aprovada em: ____/____/____

Banca examinadora

_________________________________________________ Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Presidente - Orientadora)

_________________________________________________ Profa. Dra. Karla Patrícia Cardoso Amorim

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Membro interno UFRN)

__________________________________________________ Profa. Dra. Nadja Cristiane Lappann Botti

Universidade Federal de São João Del-Rei (Membro Externo à Instituição)

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DEDICATÓRIA

Dedico, antes de tudo, ao meu Deus: Senhor de todas as conquistas na minha vida, força que me sustenta e esperança dos meus dias.

À minha mãe Maria das Graças do Nascimento, ao meu pai Ulimar Ernesto de Azevedo, aos meus avós Maria Silva e meu avô José Ernesto: alicerces fundamentais da minha vida.

Aos meus irmãos Uliana, Ulisses, Ulielson, Hudson, Ursula e Uriel, em especial àquelas que tenho como filhas: Graciely, Gracilene e Greyce: motivações para que eu seja alguém melhor e sirva de exemplo de que pela educação se pode alçar voos.

Dedico aos meus amigos de caminhada acadêmica e de vida, em especial Ana Edimilda Amador. Aos meus professores desde o início do percurso escolar até aqui, formadores de sonhos, com destaque para minha orientadora Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves: a paciência em forma de gente.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Maria das Graças e Ulimar Ernesto e meus avós Maria Silva e José Ernesto: me cuidaram e me ensinaram as coisas mais importantes dessa vida.

Agradeço à minha orientadora de Mestrado Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves e à minha coorientadora Dra. Luana Kelle Batista Moura. Pessoas sempre comprometidas com meu aprendizado acadêmico e pacientes com minhas limitações pessoais e acadêmicas.

Agradeço a todos os professores do curso de Gestão em Sistemas e serviços de Saúde que me trouxeram aos caminhos da Saúde Coletiva. Em especial agradeço aos professores Dr. Maurício Campelo e a Ms. Isa Hetzel pelos quais nutro uma intensa inspiração acadêmica e amizade.

Agradeço aos professores da Pós Graduação em Saúde Coletiva da UFRN por sua contribuição em cada momento dessa jornada: Dra Isabelle, Dr. Luiz Noro, Dra. Grasiela, Dr. Angelo, Dra. Elizabethe, Dra. Angela, Dra. Jacileide, Dra. Clelia, Dr. Dyego, Dr. Kênio, Dr. Antônio Jr, Dra. Iris, Dra. Alice Uchoa.

Agradeço aos meus estimados amigos das turmas de Mestrado e Doutorado da Saúde Coletiva que muito contribuíram nessa caminhada. Em especial Denise, Monique, Lannuzya, Danyllo, Yonara, Laércio, Dayane, Ana Patrícia, João Paulo, Nila, Jonia, Anderson, Pedro.

Agradeço, em destaque, à minha amiga de Mestrado Ms. Ana Edimilda Amador que colaborou intensamente nos aspectos acadêmicos e que sempre me clareou os caminhos com a sua sensibilidade artística e amizade.

Agradeço à minha amiga Jéssika Joyce, pessoa que tenho afeição especial e me inspira pela força e delicadeza.

Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a finalização dessa feliz e árdua jornada.

Por fim, e mais importante, agradeço a DEUS, Senhor da minha vida e força que me sustentou até aqui.

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Suicídio

Um dia acordei Muito vívido e feliz Nos outros que restaram Apenas sobrevivi Um dia tentei dormir Criei minhas verdades Nos outros em que deitei Pesadelos, realidades Um dia chorei, gritei Clamando por escuta Nos outros me calei Não veio nenhuma ajuda Um dia me encontrei Quis então abraçar-me Nos outros lancei-me No precipício da saudade Um dia me enxerguei No espelho dessa vida Nos outros me esquivei Sentindo a ferida viva Um dia comemorei a idade Que conto desde que nasci Nos outros não quis contar Foi aí que morri.

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RESUMO

AZEVEDO, Ulicelia Nascimento de. Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros. 2018. 63p. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2018.

O objetivo desse estudo foi analisar a mortalidade por suicídio em idosos nos Estados brasileiros no período entre 2007 e 2016 considerando as diferenças entre os gêneros feminino e masculino. Trata-se de um estudo ecológico que analisou a mortalidade por suicídio de indivíduos de 60 anos e mais ocorrida no período de 1 de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2016 nos 26 Estados e o Distrito Federal do Brasil. Foram utilizados os óbitos categorizados a partir da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - 10ª Revisão (Lesões Autoprovocadas Intencionalmente: X60-X84). A fonte das informações sobre os óbitos foi o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Foram registrados 15.966 óbitos por suicídio em idosos no Brasil no período de 2007 a 2016, com proporção de 81% (12.923) para o sexo masculino e 19% (3.043) para o feminino. A principal causa dos óbitos foi a lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento e sufocação com proporção de 65,94% e 54,03% para homens e mulheres, respectivamente. Em ambos os sexos a mortalidade por suicídio deu-se principalmente entre os casados, o local de ocorrência do suicídio mais prevalente foi o domicílio, entre indivíduos de raça/cor branca. A tendência mostra que a taxa de mortalidade por regiões do Brasil para ambos os sexos apresenta comportamento similar para todos os anos da série de 2007 a 2016. A Análise temporal da mortalidade por suicídio de idosos no Brasil no período pesquisado apresenta uma sobremortalidade masculina com destaque para as regiões Sul e Centro-Oeste. A estatística descritiva demonstra também média mais elevada para o sexo masculino (28,73) que para o feminino (5,45) em todo o período analisado. A Distribuição espacial da Taxa de Mortalidade padronizada (TMP) por suicídio de acordo com o sexo no Brasil apontou taxa de 6,29 óbitos a cada 100.000 habitantes por ambos os sexos, Para o sexo masculino taxa média de 28,14 óbitos e para o feminino taxa média de 5,24 óbitos, ambos por 100.000 habitantes. As maiores taxas médias de mortalidade por suicídio foram para o Rio Grande do Sul (ambos os sexos com 15,10, masculino com 69,50 e feminino com 12,08), Santa Catarina (ambos os sexos com 12,83, masculino com 56,59 e feminino com 10,61) e Piauí (ambos os sexos com 11,23, masculino com 47,51 e feminino com 11,50). As diferenças na mortalidade por suicídio em idosos no Brasil ocorrem principalmente em termos quantitativos, com maior prevalência no grupo masculino. Apresenta tendência de aumento em ambos os sexos e disparidades em sua distribuição espacial. Quanto aos aspectos qualitativos pode-se observar, pela análise dos resultados encontrados e da literatura disponível, que a idade, o estado civil, as diferenças de raça e socioculturais existentes, as diferenças quanto à escolha dos métodos para o suicídio e as motivações que resultam no ato suicida, podem configurar diferenças entre os gêneros na ocorrência do suicídio na população idosa. Fazem-se necessários mais estudos com ênfase na análise dessas diferenças para fortalecimento dessas observações e suas comprovações.

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ABSTRACT

AZEVEDO, Ulicelia Nascimento de. Profile of suicide mortality in the elderly in Brazil: an analysis of differences between genders. 2018. 63p. Dissertation (Master in Collective Health) - Graduate Program in Collective Health, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2018.

The objective of this study was to analyze the suicide mortality in the elderly in the Brazilian states between 2007 and 2016, considering the differences between the male and female genders. This is an ecological study that analyzed the suicide mortality of individuals aged 60 and over that occurred in the period from January 1, 2007 to December 31, 2016 in the 26 states and the Federal District of Brazil. Deaths categorized from the International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems - 10th Revision (Intentional Self-harm: X60-X84) were used. The source of death information was the Mortality Information System (SIM). There were 15,966 suicide deaths in the elderly in Brazil in the period from 2007 to 2016, with a proportion of 81% (12,923) for males and 19% (3,043) for females. The main cause of death was intentionally self-inflicted injury by hanging, strangulation and suffocation with a proportion of 65.94% and 54.03% for men and women, respectively. In both sexes, suicide mortality occurred mainly among married couples, the most prevalent place of suicide was the household, among white / race individuals. The trend shows that the mortality rate by regions of Brazil for both sexes presents similar behavior for all the years of the series from 2007 to 2016. The temporal analysis of the mortality by suicide of the elderly in Brazil in the studied period presents a prominent male overmortality for the South and Center-West regions. Descriptive statistics also show a higher mean for males (28.73) than for females (5.45) throughout the analyzed period. The spatial distribution of the Standardized Mortality Rate (TMP) by suicide according to sex in Brazil indicated a rate of 6.29 deaths per 100.000 inhabitants for both sexes, for the male sex of 28.14 deaths and for the female rate of 5.24 deaths, both per 100.000 inhabitants. The highest average rates of suicide mortality were for Rio Grande do Sul (both sexes with 15.10, men with 69.50 and women with 12.08), Santa Catarina (both sexes with 12.83, men with 56.59 and female with 10.61) and Piauí (both sexes

with 11.23, male with 47.51 and female with 11.50).

It is concluded that the differences in mortality due to suicide in the elderly in Brazil occur mainly in quantitative terms, with a higher prevalence in the male group. It presents a tendency of increase in both sexes and disparities in its spatial distribution. As for the qualitative aspects, it can be observed, through the analysis of the results found and the available literature, that age, marital status, race and socio-cultural differences exist, differences in the choice of methods for suicide and the motivations that result in the suicide act, can configure differences between the genders in the occurrence of suicide in the elderly population. Further studies are needed with an emphasis on the analysis of these differences to strengthen these observations and their evidence.

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LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 Determinantes do envelhecimento ativo ... 18

Figura 2 Taxas de suicídio normatizadas segundo a idade (por 100.000 habitantes), ambos os sexos, 2012. ... 20

Figura 3 Prevalências de ideação, planos e tentativas de suicídio em habitantes da área urbana de Campinas ... 22

Figura 4 Modalidades de intervenção na prevenção do suicídio ... 25

Figura 5 Distribuição da população do Brasil por sexo, segundo os grupos de idade ... 36

Figura 6 Estado civil dos idosos que vieram a óbito por suicídio entre 2007 a 2016 no Brasil...41

Figura 7 Estado civil das idosas que vieram a óbito por suicídio entre 2007 a 2016 no Brasil...42

Figura 8 Raça/cor das idosas que vieram a óbito por suicídio entre 2007 e 2016 no Brasil...42

Figura 9 Raça/cor dos idosos que vieram a óbito por suicídio entre 2007 e 2016 no Brasil...43

Figura 10 Local de ocorrência do óbito para idosos de ambos os sexos entre 2007 a 2016...43

Figura 11 Análise da tendência temporal da mortalidade por suicídio de idosos no Brasil no período de 2007 a 2016 de acordo com o sexo. Brasil, 2018. ... 44

Figura 12 Distribuição espacial da Taxa de Mortalidade padronizada (TMP) por suicídio de para ambos os sexos no Brasil. Brasil, 2018. ... 47

Figura 13 Distribuição espacial da Taxa de Mortalidade padronizada (TMP) por suicídio de para o sexo masculino no Brasil. Brasil, 2018. ... 47

Figura14 Distribuição espacial da Taxa de Mortalidade padronizada (TMP) por suicídio de para o sexo feminino no Brasil. Brasil, 2018. ... 48

Figura 15 Razão da TMP por suicídio segundo sexo (Masculino/ Feminino), no período de 2007-2016. Brasil, 2018. ... 49

Quadro 1 Fatores de Risco para o suicídio (Lista Não exaustiva). ... 24

Quadro 2 Categorização das Lesões Autoprovocadas Intencionalmente CID – 10 ... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Proporção de óbitos por suicídio segundo o sexo e Categoria CID –10 no período de 2007 a 2016. Brasil, 2018. ... 40

Tabela 2 Análise temporal da mortalidade por suicídio de idosos no Brasil no período de 2007 a 2016 de acordo com o sexo por regiões do Brasil. Brasil, 2018. ... 45

Tabela 3 Análise descritiva da TMP por suicídio (100.000 hab), de acordo com o sexo por UF do Brasil no período de 2007 a 2016. Brasil, 2018. ... 46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ... 14

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: UMA REALIDADE MUNDIAL ... 14

2.2 SUICÍDIO: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA ... 19

2.3 SUICÍDIO NA POPULAÇÃO IDOSA: UM FINAL ANTES DO FIM ... 28

3 OBJETIVOS... 31 3.1 OBJETIVO GERAL ... 31 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 31 4 MÉTODO ... 32 4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA ... 32 4.1.1 Tipo de Estudo ... 32 4.1.2 Objeto de Análise ... 32

4.1.3 População e fonte de dados ... 32

4.2 ANÁLISE DOS DADOS ... 35

4.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 38 4.4 ASPECTOS ÉTICOS ... 39 5 RESULTADOS ... 40 6 DISCUSSÃO ... 50 7 CONCLUSÕES ... 57 REFERÊNCIAS ... 59 ANEXOS ... 65

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Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros.

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1 INTRODUÇÃO

O Suicídio pode ser definido como um ato deliberado, consciente e intencional, executado pelo indivíduo, cuja intenção seja a própria morte, utilizando meios que considere letais(ABP, 2014).

Sabe-se que o fenômeno do suicídio é uma realidade em todas as partes do mundo e já é considerado um problema de saúde pública. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPS) a cada 40 segundos uma pessoa morre em decorrência de ato suicida. Estima-se que por ano, cerca de 800 mil pessoas no mundo atentem contra a própria vida e a perspectiva é que esse número chegará a 1,6 milhões em 2020 (OPS, 2014).

Estima-se que as taxas internacionais estejam entre 10 e 15 casos por cada 100.000 habitantes, podendo oscilar consideravelmente a sua ocorrência dependendo de países ou continentes. Em exemplo temos os países da Ásia que apresentam altas taxas, como a Coréia, que possui taxas de 21 por 100.000 habitantes, e o Brasil que apresenta comparativamente taxas mais baixas em torno 5,8 mortes por 100.000 habitantes (ABUABARA, ABUABARA, TONCHUK, 2017).

A ocorrência do suicídio está atrelada a múltiplos fatores: psicológicos, sociais e culturais. Sendo de fundamental importância a observação do comportamento suicida que engloba as ideações suicidas, o planejamento e a ato suicida propriamente dito (CANTÃO, BOTTI, 2016).

A população idosa representa um grupo de risco para o suicídio, porém ainda recebe pouca atenção nas áreas que correspondem à saúde pública, à pesquisas nessa faixa etária sobre o suicídio e divulgação (PINTO; ASSIS, 2014)

Ainda que as taxas de mortalidade por suicídio no Brasil sejam menores quando comparadas a outros países, na população idosa temos o dobro do valor encontrado na população em geral. A taxa média encontrada em estudo recente refere 1,149 óbitos a cada 100.000 habitantes na soma do período de 2010 a 2014. (SANTOS et al., 2017).

O Ministério da Saúde (MS) em boletim epidemiológico sobre tentativas e óbitos por suicídio no Brasil, alertou para a alta taxa de suicídio entre idosos, principalmente na faixa etária compreendida entre os 70 anos e mais (BRASIL, 2017).

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Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros.

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Em estudos realizados observa-se que as diferenças de gênero e idade podem influenciar diretamente os casos de suicídio: os riscos são reduzidos com o avanço da idade para mulheres e aumenta para os homens (MINAYO; CAVALCANTE, 2015).

Sobre os fatores de risco do suicídio entre idosos, tem se observado que quadros depressivos estão comumente associados à ideação suicida e/ou ato suicida, sendo por muitas vezes dito como principal causa de cerca de dois terços dos suicídios na população idosa (SOUSA et al., 2014).

Outros fatores de risco podem ser considerados como motivadores ao aumento dos casos de suicídio em idosos: apoio social deficitário e isolamento social do idoso, luto, uso abusivo de bebidas alcoólicas, perda da independência e a existência de doenças (BRASIL, 2017; CAVALCANTE, MINAYO; MANGAS, 2013).

Diante da problemática abordada, são pertinentes as seguintes questões que orientam este estudo: qual o perfil da mortalidade por suicídio na população idosa no Brasil? Quais os tipos de lesões intencionalmente provocadas mais recorrentes nesse grupo? Como estão distribuídos os casos de suicídio em idosos no Brasil? Existem diferenças entre os gêneros na ocorrência de suicídio na população idosa?

Frente a esse contexto, urge a necessidade de ampliar a discussão acerca dessa problemática, o que justifica a importância do presente estudo frente abordagem da temática em questão, considerando que o aumento dos casos de suicídio na população idosa é uma realidade. Diante do exposto, considerando a pertinência do tema abordado e a necessidade de mais estudos sobre a temática do suicídio, principalmente sob a perspectiva do aumento de sua ocorrência na população idosa, o objetivo desse estudo é analisar a mortalidade por suicídio em idosos no Brasil sob análise quali-quantitativa das diferenças entre os gêneros feminino e masculino no período compreendido entre 2007 a 2016, sendo esse o período mais atual disponível no Sistema sobre Mortalidade (SIM).

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Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: UMA REALIDADE MUNDIAL

O envelhecimento populacional é uma realidade observada em todos os lugares do mundo. Em nível global, a população de pessoas com 60 anos ou mais representava em 2017 mais de um oitavo de toda a população mundial possuindo assim 13% de representação populacional mundial com crescimento anual previsto de 3%. (UNITED NATIONS, 2017).

Esse processo de transição demográfica representa uma das principais conquistas sociais do século XX, mesmo que esse processo esteja acompanhado de grandes desafios para as políticas públicas em contextos sociais e econômicos. É indispensável alternativas para promover uma população idosa ativa e integrada à sociedade, o que representa um desafio na formulação e execução de políticas públicas que visem ações preventivas e de cuidado direcionados aos idosos com garantia de ações e serviços de proteção social (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

Sob o ponto de vista cronológico, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerada idoso o indivíduo que possui 60 anos ou mais em países em desenvolvimento, ou 65 anos ou mais, quando se trata de países desenvolvidos (OMS, 2002). Essa idade estabelecida como o marco para definição da pessoa idosa é também referida no Brasil em dispositivos legais voltados à essa população (BRASIL, 2006; BRASIL, 2003; BRASIL, 1994).

Ainda que a definição de pessoa idosa esteja atrelada principalmente a concepção de idade biológica, é possível afirmar que não existe uma homogeneidade entre os idosos, assim as populações idosas apresentam grandes diversidades. Alguns poderão experimentar declínios significativos de capacidade física em idades mais jovens, enquanto outros se manterão, mesmo após os 80, com capacidades físicas e mentais satisfatórias (OMS, 2015).

Sempre existiu na humanidade a necessidade de se definir o que seria o envelhecimento e demarcar esse processo em seu sentido biológico. No entanto, hoje sabe-se que não se trata apenas de um processo de mudanças biológicas, mas sim um fenômeno complexo que se caracteriza como heterogêneo, multicausal e multifatorial (FALLER; TESTON; MARCON, 2015).

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Andrade et al. (2013) sugerem que fatores como avanços tecnológicos na área da saúde, melhoria do acesso a bens e serviços e consequentemente uma maior expectativa de vida contribuem para esse aumento populacional de pessoas idosas.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa brasileira no ano de 2000 correspondia a 14.235.731, com projeção para o ano de 2030 de 41.541.763 indivíduos idosos (IBGE, 2016). Para 2040 estimam-se que o valor represente quase 153 idosos para cada 100 jovens no país (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

De acordo com Minayo e Coimbra Jr. (2002, p. 12),

O Brasil dobrou o nível de esperança de vida ao nascer em relativamente poucas décadas, numa velocidade muito maior que os países europeus, os quais levaram cerca de 140 anos para envelhecer. Para se ter idéia do que isso significa, a esperança de vida ao nascer dos brasileiros era de 33,7 anos em 1900; 43, em 1950; 65, em 1990; chega quase a 70 anos na entrada do novo século; e prevê-se que ultrapasse os 75 anos em 2025. De 1950 a 2025 terá crescido 15 vezes, quando o restante da população terá conseguido um incremento de 5 vezes.

Miranda, Mendes e Silva (2016) relatam que essas alterações na estrutura etária da população brasileira são evidentes e irreversíveis, uma vez que é a população idosa a que apresenta as maiores taxas de crescimento desde 1940. Este incremento de idosos gera diversas alterações sociais no setor econômico, no mercado de trabalho, nos sistemas e serviços de saúde e nos contextos familiares.

O crescimento do número de pessoas idosas é cada vez mais expressivo, e gera de maneira notória, novas demandas sociais nas áreas de saúde e na previdência (OLIVEIRA, 2016).

Diante do fenômeno do envelhecimento populacional mundial, o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a pessoa idosa tem sido um tema recorrente na agenda de organizações internacionais de saúde. Com vistas a amparar legalmente a população idosa, frente suas especificidades e diante da sua crescente evolução, diversas políticas foram criadas no intuito de garantir a proteção e melhor qualidade de vida aos idosos (FERNANDES; SOARES, 2012).

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Em nível internacional a Organização das Nações Unidas (ONU) vem promovendo diversos esforços em construir diretrizes específicas às pessoas idosas, tendo produzido: o Plano de Ação Internacional de Viena sobre o Envelhecimento (1982) (Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento); Princípio das Nações Unidas em Favor das Pessoas Idosas (1991); a Proclamação do Envelhecimento (1992); Declaração Política e o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento de Madrid (2002). Essa última sugere mudanças de atitudes, políticas e práticas em todo o mundo nos níveis econômicos e sociais para corresponder adequadamente as necessidades que envolvem o envelhecimento no século XXI, com recomendações sobre ações de prioridade às pessoas idosas, com intuito de melhorar a saúde e o bem-estar na velhice (ONU, 2002).

No Brasil temos em vigor atualmente duas principais políticas que tratam da garantia aos direitos da pessoa idosa: A Política Nacional do Idoso (Lei nº8. 842, de 4 de janeiro de 1994) que assegurou direitos sociais à pessoa idosa, com condições ao desenvolvimento da sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade; e o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741,de 1º de outubro de 2003), marco nas políticas voltadas à pessoa idosa, destinado a regular e garantir os direitos assegurados aos idosos (BRASIL, 1994; BRASIL, 2003).

Especificamente na área da saúde, temos a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa que objetiva fortalecer a concepção de um envelhecimento saudável, com enfoque na preservação da capacidade funcional, autonomia e manutenção da qualidade de vida aos idosos. (BRASIL, 2006).

Em paralelo às modificações etárias ocorridas, observa-se o crescimento das ocorrências de doenças ditas “próprias do envelhecimento”, principalmente as doenças crônicas, que geralmente são múltiplas, exigindo do sistema de saúde um acompanhamento constante, que inclui cuidados permanentes, uso de medicação a longos prazos e execução de exames periódicos e até mesmo internações de longa permanência (COSTA; VERAS, 2003).

Sobre o impacto que o envelhecimento pode causar na vida do indivíduo, considerando as possíveis dificuldades que surgem com o avançar da idade, Sousa et al. (2014, p 395) sugerem que

Os idosos no contexto social e cultural, em determinadas fases de vida – como aposentadoria, impossibilidade de exercer a profissão por dependências físicas e psicológicas e surgimento de doenças crônicas – se deparam com mudanças

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negativas e perdas que, frequentemente, lhes causam uma espécie de morte social e subjetiva. Esse sentimento se traduz em isolamento, angústia e dificuldades no relacionamento com seu grupo social.

Sobre conviver com as limitações fisiológicas próprias do envelhecimento Sousa et al. (2014, p. 2) expõem que “ envelhecer é um processo e, nessa organização interna e externa, alguns idosos podem expressar dificuldades que se prolongam, cristalizam e podem evoluir para estados depressivos ou, mesmo, depressão”. Afirmam ainda que em decorrência dessa possibilidade patológica, se faz necessário que os idosos tenham melhor convívio consigo e com os outros, mantendo os inter-relacionamentos familiares e sociais, adaptando as limitações fisiológicas próprias do envelhecimento em uma visão mais positiva no seu modo de viver.

O ideal é que o envelhecimento seja uma experiência positiva, que o alongar da vida esteja atrelada a oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança. Considerando essa visão, a OMS adotou o termo “envelhecimento ativo” (adotado no final dos anos 90) para expressar o processo que determina esse bom envelhecer. E assim o define como “o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas” (OMS, 2005).

Nessa perspectiva, o envelhecimento ativo proposto pela OMS desde 2002, é organizado em três pilares básicos: 1) saúde (como bem-estar físico, mental e social, com manutenção de níveis baixos de fatores de risco para evitar o surgimento de doenças crônicas e o declínio funcional); 2) segurança (segurança social, física e financeira amparado nas leis e políticas específicas) e 3) participação (idosos inseridos nos contextos de educação, emprego, políticas sociais de saúde e os programas de atividades sociais, culturais e espirituais que envolvam os idosos).

A OMS (2005, p. 19) esclarece que para acontecer efetivamente “o envelhecimento ativo depende de uma diversidade de fatores determinantes que envolvem indivíduos, famílias e países”. Desse modo, afirma que esses fatores podem auxiliar na elaboração de políticas e programas voltados a evitar o total declínio na fase do envelhecimento e promover uma melhor qualidade de vida aos idosos. A figura 1 apresenta quais os determinantes citados pela OMS que são importantes dentro do processo de concretização do envelhecimento ativo.

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Figura 1 - Determinantes do envelhecimento ativo.

Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2005.

Essa contextualização multifatorial proposta pela Organização Mundial da Saúde respeita a complexidade dos processos que envolvem o envelhecimento e seu aspecto multicêntrico. São considerando não somente determinantes biológicos, mas sim uma série de condições adequadas e que devem ser provisionadas à população idosas nos âmbitos sociais, econômicos e de saúde que podem permitir que os idosos possam usufruir de sua condição cidadã, independente de sua faixa etária.

Em observação aos fatores que perpassam a concepção de envelhecimento ativo temos a cultura e o gênero. Esses determinantes transversais influenciam o processo de envelhecimento e auxiliam na compreensão desse processo em seus aspectos biopsicossociais.

Sobre a cultura teríamos as questões as concepções de valores, tradições, convicções que permeiam a condição do envelhecimento considerando inclusive o fator mutante dos contextos históricos que conduzem as concepções pessoais e sociais sobre o envelhecimento, o que modifica consequentemente a imagem e a noção de envelhecimento sempre interligadas às mudanças sócio históricas com o passar do tempo.

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Mais especificamente sobre o gênero, Souza et al (2018) afirma que a compreensão das diferenças existentes entre os gêneros na concepção do envelhecer é indispensável na efetividade de política de envelhecimento ativo. Que a participação nas atividades promovidas com fins de tornar os idosos mais ativos também estão inerentes as características de gênero e os papeis sociais que desenvolvem homens e mulheres durante a vida e consequentemente durante o envelhecer, diferenciando a sua participação nesse processo.

Sobre os determinantes que referenciam os serviços de saúde e sociais, é evidente a importância da saúde mental dentro do contexto do envelhecimento ativo. O acesso à serviços e profissionais que identifiquem precocemente características de qualquer ordem, que envolvam o desequilíbrio de ordem mental em idosos, deve ser primordialmente destacado. Principalmente nos casos de depressão, que comprovadamente elevam as taxas de suicídio entre pessoas idosas, deve ser observado com bastante atenção visando o diagnóstico correto e a prevenção dos casos de óbitos decorrentes das tentativas de suicídio (MINAYO; CAVALCANTE, 2015).

2.2 SUICÍDIO: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

O suicídio é considerado um grave problema de saúde pública no mundo (WHO, 2000). E apesar do incremento de estudos para compreensão dessa problemática, ainda é visto como tema complexo e também como tabu, o que perpetua o estigma que envolve a sua identificação e notificação adequada (OPS, 2014).

A Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP (2014, p. 9) define suicídio como um “ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal.” E incrementa que também está incluído no contexto do suicídio o comportamento suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio.

O reconhecimento de sua ampla ocorrência em todas as sociedades, antigas e atuais, enfatiza a complexidade desse fenômeno e seus múltiplos fatores envolvidos. A ABP (2010, p.10) em seu documento complementa que se trata de “um comportamento com determinantes

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multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais.”

Estima-se que morrem globalmente cerca de 800 mil pessoas por suicídio a cada ano. Isso representa uma taxa global ajustada de 11,4 por cada 100 mil habitantes, sendo respectivamente 15,0 para os homens e 8,0 para as mulheres (OPS, 2014).

O mapa abaixo (Figura 2) desenvolvido para compor o primeiro documento da Organização Pan-americana de Saúde especificamente sobre a temática, que utiliza como base dados estimativos disponibilizados pela OMS, demonstra como os casos de suicídio são uma realidade estatística em praticamente todos os lugares do mundo, apresentando diferenças entre as taxas de acordo com a região do globo, como pode ser observado. Observando que as taxas de suicídio entre os países desenvolvidos geralmente são mais altas.

Figura 2 - Taxas de suicídio normatizadas segundo a idade (por 100.000 habitantes), ambos os sexos, 2012.

Fonte: Organização Pan-Americana de Saúde, 2014.

De acordo com documento produzido pelo Ministério da Saúde (2017) no período compreendido entre 2011 a 2016, no Brasil, no período de 2011 a 2016, foram notificados 176.226 casos relativos à prática de lesão autoprovocada, sendo 116.113 (65,9%) casos em mulheres e 60.098 (34,1%) casos em homens. Quando consideradas somente a ocorrência de lesão autoprovocada, identificaram-se 48.204 casos de tentativa de suicídio, sendo 33.269 (69,0%) em mulheres e 14.931 em homens (31,0%) (BRASIL, 2017).

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Desse modo, no Brasil e no mundo cresce a atenção de governantes, profissionais de saúde e estudiosos frente ao aumento dos suicídios e de seus impactos. Diversas ações são realizadas no intuito de prevenir os casos de suicídio, identificando seus fatores de risco no início do seu aparecimento para reduzir os seus desfechos fatais.

Para cada pessoa que comete suicídio deve-se considerar também todas as pessoas afetadas pela ocorrência do ato, portanto, um suicídio representa um impacto relevante de extensão mais ampla que podemos supor numericamente. Em sociedades ditas como individualistas, esse número pode corresponder entre cinco ou seis, já em sociedades mais interligadas esse número pode ser bem maior. (MACHADO, LEITE, BANDO, 2014).

No entanto, considerando que o suicídio ainda delineia-se como algo a ser ocultado, em decorrência do estigma social que ainda causa, pode-se afirmar que os registros que se tem atualmente não são totalmente fidedignos, havendo um grande número de subnotificações.

São ainda mais escassos e menos confiáveis os registros oficiais de tentativas de suicídio, o que pressupõe que esse número seja superior ao número de suicídios que se tem conhecimento em pelo menos dez vezes (BRASIL, 2017).

Em números absolutos, o Brasil encontra-se como o oitavo país em suicídios. No entanto, as diferenças regionais e a subnotificação dos casos tornam os dados menos efetivamente fidedignos (OPS, 2014).

Um estudo de base populacional, organizado pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2002; BOTEGA et al., 2005) que teve o Brasil como um dos países participantes, fez um levantamento sobre a dimensão de ideias, planos e tentativas de suicídio em países em desenvolvimento. Esse estudo revelou os presentes dados representados na Figura 3.

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Figura 3 – Prevalências de ideação, planos e tentativas de suicídio em habitantes da área urbana de Campinas.

Fonte: Botega et al., 2005.

Com intuito de promover maior conscientização a cerca dos casos de suicídio em todo o mundo e enfatizar a importância da prevenção, a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) dedicam o mês de setembro, denominado Setembro Amarelo, à campanha voltada para essa temática. Sendo assim definido o dia 10 de setembro como Dia Mundial para a Prevenção ao Suicídio (OMS, 2014).

No Brasil, diversas alternativas vem sendo tomadas para promover ações mais efetivas nos caminhos da prevenção do suicídio. Em termos de políticas públicas, o Brasil vem aos poucos avançando em elaboração de diretrizes que visam a identificação e o manejo dos casos. Nesse sentido, podemos citar a Portaria nº 1.876, de 14 de agosto de 2006, que institui as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a ser implantadas em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão (BRASIL, 2006).

Quanto às campanhas nacionais, temos atualmente o Setembro Amarelo que trata-se de uma campanha de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015 apoiada pela entidades governamentais de saúde com iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Temos também o chamado Janeiro Branco, mês dedicado à reflexões sobre a importância dos cuidados em saúde mental e valorização da vida.

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O sucesso das ações voltadas para a prevenção dos casos de suicídio está, conforme já relatado, intimamente correlacionado a existência de uma rede de apoio, social e de serviços de saúde, que facilitem o amplo diálogo sobre o tema. Assim, as pessoas que apresentam a chamada “ideação suicida” podem falar e receber atenção e tratamento adequados para evitar a fatalidade do suicídio. Psicoterapia, medicamentos (OMS, 2000).

A OMS (2000) afirma que há dois fatores muito importantes estão correlacionados ao suicídio, independente do nível de desenvolvimento do país no qual ele ocorre: a maioria das pessoas que cometeu suicídio apresenta um transtorno mental diagnosticável e o comportamento suicida ocorre mais frequentemente em pacientes com transtornos psiquiátricos. Estabelece ainda grupos diagnósticos, por ordem decrescente de importância sobre a relação com o suicídio: depressão (em todas as formas); transtorno de personalidade (anti-social e borderline com traços de impulsividade, agressividade e frequentes alterações do humor); alcoolismo (e/ou abuso de substância em adolescentes); esquizofrenia; transtorno mental orgânico. Assim a identificação de fatores de risco e de proteção é um dos pontos mais importantes na estratégia nacional de prevenção de suicídio, uma vez que auxilia a determinar a natureza e tipo de intervenções mais adequadas (OMS, 2012).

Entre os fatores que podem aumentar o risco para o fenômeno do suicídio: os transtornos psiquiátricos, depressão, transtorno bipolar e alcoolismo, além de fatores de ordem sociodemográfica, como o desemprego e o trabalho não qualificado (SANTOS; BARBOSA, 2017).

O Quadro 1, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (2012) apresenta uma listagem de todos os possíveis fatores de risco envolvidos no suicídio.

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Quadro 1 - Fatores de Risco para o suicídio (Lista Não exaustiva).

Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2012.

A OMS (2012) propõe como fatores de proteção: fortes conexões com a família e apoio da comunidade; aptidões na solução de problemas, solução de conflitos e tratamento não violento de disputas; crenças pessoais, sociais, culturais e religiosas que fortalecem a concepção do “não suicídio” e apoiam a auto preservação; buscar ajuda e acesso fácil à assistência de qualidade para doenças mentais e físicas.

Nesse documento também são denominados os “Guardiões chaves”, que são pessoas que podem auxiliar na prevenção e no fortalecimento dos fatores de proteção na prevenção do suicídio. São eles: provedores de assistência à saúde primária; Provedores de assistência à saúde mental; Provedores de assistência à saúde de emergência; Professores e outro pessoal escolar; Líderes comunitários; Policiais e outros socorristas; Oficiais Militares; Assistentes sociais; Líderes espirituais e religiosos; Curadores tradicionais. (OMS, 2012)

Considerando essas perspectivas de identificação dos fatores de risco e proteção, a OMS propõe que a atuação de profissionais da saúde, principalmente os envolvidos na atenção primária, como altamente relevante na prevenção dos casos de suicídio. Em documento destinado especificamente aos profissionais da saúde atuantes na atenção primária, a OMS (2000, p. 4) reafirma a complexidade que envolve o suicídio e a importância da

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prevenção a partir da capacitação das equipes de atenção básica ao propor que “Capacitar a equipe de atenção primária à saúde para identificar, abordar, manejar e encaminhar um suicida na comunidade é um passo importante na prevenção do suicídio”.

Sobre níveis de prevenção do suicídio, o modelo sugerido por Mrakez e Haggerty (1994) vem sendo amplamente utilizado desde a sua concepção. Como mostra a Figura 4 é possível a classificação de estratégias de intervenção para prevenção dos suicídios considerando diferentes públicos-alvo.

Figura 4 – Modalidades de intervenção na prevenção do suicídio

Fonte: Mrakez e Haggerty, 1994.

Esse modelo considera os riscos de diferentes públicos em cometer suicídio considerando os fatores de risco inerentes e a denominação de um determinando nível de prevenção. Assim, teríamos ações preventivas voltadas para grupos em gerais sem riscos definidos, como é exemplificada como a ação de reduzir o acesso a substância tóxicas de potencialidade letal (figura 4). A prevenção seletiva seria a atuação em grupos de maior vulnerabilidade (risco elevado) dentro do contexto da presença de algum transtorno mental definido. Já o nível de prevenção específica seria o destinado à públicos que já apresentaram tentativas suicidadas ou apresentam ideação (CONTE el al, 2012).

Sobre as competências específicas dentro do sistema de saúde que envolvem ações em cada ponto da atenção voltadas aos casos de suicídio, são propostos pela ABP (2014), as seguintes diretrizes de atuação:

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Competências da Atenção Primária: a atenção primária, por apresentar maior fluxo de proximidade na comunidade, pode promover novas abordagens sobre o tema, visando a desconstrução do tabu e das barreiras impostas que dificultam a prevenção do suicídio. Programas educativos são essenciais para formação de médicos e profissionais da atenção básica para a facilitação e efetividade de ações de identificação, avaliação e manejo de situações de baixo risco. Assim, em resumo nesse ponto da atenção em saúde é possível: a identificação de casos; avaliação dos graus de risco; manejo dos casos de baixo risco; encaminhamento para rede de saúde mental; e acompanhamento após encaminhamento.

Competências da Atenção Secundária e Terciária: estão inseridos aqui os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Hospitais de Urgência e Emergência (geral e/ou psiquiátrico), os Serviços Especializados e outros que são fundamentais para os indivíduos em situação de crise, que cometeram tentativa e/ou que necessitam de acompanhamento por quadro psiquiátrico médio/grave. Se faz necessária a integração de todos os equipamentos e dispositivos disponíveis na rede para que haja fluxos eficientes e eficazes no que diz respeito aos encaminhamentos e planos terapêuticos. Assim, temos para esse nível de atenção as ações de: avaliação do risco; diagnóstico psiquiátrico e/ou situação psicológica atual; contrato terapêutico; intervenção na crise; plano terapêutico estratégico com identificação de fatores de risco e fatores protetivos; atendimento semanal com suporte ambulatorial e escuta psicoterapêutica; retaguarda para internação em casos de alto risco; atendimento e/ou internação em emergências hospitalares (caso seja necessário); acompanhamento do serviço social e psicológico do hospital; encaminhamento para o serviço de saúde mental e acompanhamento após contra-referência e alta.

Além disso, a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública, Portaria nº. 1.271, de 6 de junho de 2014, torna compulsória, nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, a notificação de tentativa de suicídio (notificação compulsória imediata - até 24 horas) a partir do conhecimento da ocorrência (BRASIL, 2014).

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Os Sistemas de Informações em Saúde (SIS) se constituem como importante ferramenta de armazenamento de informação e são de suma importância para o entendimento de indicadores que podem subsidiar gestores, pesquisadores e profissionais, por meio de consultas em bases de dados consolidadas caracterizando painéis situacionais de saúde (MORAIS; COSTA, 2017).

Destaca-se aqui, no sentido preventivo e de tratamento da mortalidade por suicídio entre os idosos, a atuação dos CAPS (Centros de Atenção Psicossociais), que de acordo com documento elaborado pelo Ministério da Saúde (2017), a existência de CAPS dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) reduz em até 14% o risco de suicídio. Ou seja, a assistência psicossocial torna-se um fator de proteção ao suicídio, portanto tem papel fundamental na prevenção desses casos, incluindo na população idosa. Existem atualmente no país 2.463 CAPS e, no último ano, foram habilitadas 146 unidades pelo Ministério da Saúde, com proposta de expansão de unidades nas regiões de maior risco. (BRASIL, 2017)

Ainda que seja essencial que exista uma rede de serviços organizada e disponível para identificação e acolhimento integral das necessidades de pessoas com ideação suicida, que tentaram suicídio ou que precisam de atendimento especializado, a prevenção dessa problemática, em si, perpassa muito mais que a existência desses serviços. Fazem-se necessárias ações que integrem todos os espaços sociais no qual se insere esse individuo.

É indispensável também considerar a integralidade que envolve o ser humano por trás do suicídio, suas relações biológicas, psicológicas, políticas, sociais e culturais, compreendendo essa complexidade multifatorial que pode leva-lo a atentar contra sua própria integridade.

Considerando todas as multiplicidades que envolvem a questão do suicídio, é indispensável que haja a identificação e definições claras dos grupos de risco, para que haja planejamento e viabilidade na execução das ações preventivas.

Quanto à perspectiva do gênero na ocorrência do suicídio, em documento da OMS é possível destacar a observação de que o gênero é “uma lente através da qual considera-se a adequação de várias opções políticas e o efeito destas sobre o bem estar de homens e mulheres” (OMS, 2005, p. 20). As diferenças que assumem homens e mulheres nos contextos sociais e culturais impactam diretamente na fase do envelhecimento. São resumidamente expostas nesse documento as dificuldades atreladas às mulheres como acesso restrito a

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alimentos nutritivos, educação, trabalho e serviços de saúde, bem como aborda entre os homens maiores índices de comportamentos de risco que envolvem o fumo, consumo de álcool e drogas, bem como a exposição a lesões incapacitantes ou morte devido à violência, relativas aos riscos ocupacionais ou suicídio (OMS, 2005).

2.3 SUICÍDIO NA POPULAÇÃO IDOSA: UM FINAL ANTES DO FIM

O suicídio entre pessoas idosas constitui hoje um grave problema para as sociedades das mais diversas partes do mundo. Minayo e Cavalcanti (2010) afirmam diretamente que “além de os dados sobre autodestruição em idosos serem muito elevados, a razão entre tentativas e suicídios consumados é muito próxima, quase 2:1.” Sendo extremamente importante que a tentativa suicida de uma pessoa idosa deve ser levada a sério, “pois é provável que qualquer tentativa redunde no ato de dar cabo à própria vida”.

Pedrosa, Duque e Martins (2016) expõem que os pensamentos de morte na população idosa pode ser considerado um fenômeno comum sendo observado entre a população idosa de diferentes países, o que caracteriza essa faixa etária como uma das principais população de risco ao suicídio. Além disso, são descritas também maiores taxas de letalidade das tentativas nesse grupo.

De acordo com a OMS (2014) a idade é um dos fatores importantes a serem considerados na definição dos casos de suicídio, uma vez que já se constatou que as taxas de mortalidade por suicídio, em praticamente todos os lugares do mundo, são maiores entre pessoas com 70 anos ou mais, se comparadas com idades inferiores, considerando o número total de pessoas idosas no mundo (OMS, 2014).

Minayo e Cavalcante (2015), afirmam que há uma “estreita relação entre ideações, tentativas e suicídios consumados entre idosos.” Que na população em geral estima-se que haja uma morte consumada para cada 25 tentativas, enquanto na população idosa essa proporção é de 1 morte para cada 4 tentativas, o que demonstra o imperativo de ações de cunho social e de saúde para redução dos riscos desses atos (MINAYO, CAVALCANTE, 2015).

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Comportamentos sintomáticos podem ser observados por cuidadores e parentes que podem servir de alerta e indicar correlações à ideação suicida e a ocorrência de tentativa nas pessoas idosas: desânimo e desinteresse em viver falta de atenção com o uso da medicação, ordenação dos seus pertences, busca repentina de apoio religioso, déficit no autocuidado, maior frequência de visitas ao médico com sintomatologia vaga. Sinais que indiquem tristeza intensa, depressão ou melancolia também são de essencial observação. (MINAYO, CAVALCANTE, 2010).

Sousa et al. (2017, p. 395) propõe concepções de análise que podem estar ligadas a esse padrão de prevalência de ideação suicida e suicídio na população idosa com o surgimento de doenças crônicas, afirmando que:

As doenças crônicas fazem parte da realidade de muitos idosos e costumam provocar alterações emocionais. [...] Nos casos de doenças graves associadas ao suicídio, pesam muito, para os idosos, a convivência com dores físicas que se intensificam e problemas ligados ao desempenho sexual, que criam uma situação de insuportabilidade. [...] A associação entre depressão e doenças crônicas pode ser vista de modo bidirecional: a depressão precipitando doenças crônicas e as doenças crônicas exacerbando sintomas depressivos.

Sobre a correlação que existe entre depressão e suicídio, Cavalcante, Minayo e Mangas (2013) afirmam que diversos estudos apontam que a maior parte dos idosos que cometeram suicídio apresentavam algum transtorno mental, e que em maioria (71% a 90% dos casos) sofriam algum grau de depressão. Além disso, em vários países o grupo de pessoas com idade superior que 65 anos representa grupo de risco para suicídio, e que esse risco se eleva com o avançar da idade (CAVALCANTE, MINAYO; MANGAS, 2013).

O Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes, em 2014, verificou que o maior número de atendimentos por lesões autoprovocadas estava atrelada a presença de algum tipo de deficiência (física, mental, visual, auditiva e outras deficiências/síndromes), sendo relatada em 9,6% de todos os atendimentos realizados (BRASIL, 2017).

Pinto e Assis (2015) relatam que existe subnotificação no registro dos casos de suicídio, e mais ainda, dos casos de tentativas suicidas. Realidade essa que se apresenta principalmente dos registros na população idosa. As causas citadas para que isso ocorra podem estar ligadas ao tabu a cerca do suicídio, correlacionado com questões religiosas, e o impedimento de recebimento de seguro de vida, em casos de suicídio. Isso impacta

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diretamente a qualidade e fidedignidade dos dados existentes em sistemas de informação em saúde, principalmente no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e Sistema Nacional de Agravos e Notificações (SINAN), que inclui as Lesões autoprovocadas em seus registros.

Abordar a temática da experiência de pessoas idosas com ideações suicidas ou que já tentaram suicídio, de acordo com Gutierrez, et al (2015) “adentra nos campos filosófico, psicológico e sociológico dos estudos da subjetividade”.

Os estudos sobre a temática do suicídio em pessoas idosas, principalmente a nível nacional, ainda são escassos e necessitam de ampliação dos pontos de análise dessa discussão científica e social. É ainda menor a literatura que contemple as diferenças entre os gêneros na ocorrência do suicídio na população idosa.

Essas limitações se dão em decorrência de que as patologias geralmente atribuídas aos idosos são os principais focos das pesquisas, principalmente no que concerne às doenças crônicas, problemas neurológicos mais comumente associados com o envelhecimento ou à ocorrência de morbidades pós quedas, por exemplo. Assim, a caracterização da realidade do suicídio na população idosa ainda é uma temática nova e quando comparada com números absolutos de ocorrência desse agravo em outros grupo, ainda pode ser visto como pouco relevante.

No entanto, considerando a proteção da pessoa idosa, respeitando sua integridade humana e social, bem como considerando o número absoluto da população idosa como um todo.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a mortalidade por suicídio em idosos nos Estados brasileiros no período entre 2007 e 2016 considerando as diferenças entre os gêneros feminino e masculino.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Caracterizar o perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil;

b) Identificar as principais causas de mortalidade por suicídio na população idosa; c) Conhecer a distribuição espacial das taxas de mortalidade por suicídio em idosos nos

Estados Brasileiros;

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Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros. 33 4 MÉTODO 4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA 4.1.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo ecológico que analisou a mortalidade por suicídio de indivíduos de 60 anos e mais ocorrida no período de 1 de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2016, de acordo com os 26 Estados e o Distrito Federal do Brasil.

Um estudo ecológico pode ser definido como um estudo observacional que apresenta como unidade de análise uma população ou um grupo de pessoas de uma área geográfica definida. As vantagens para a execução desse tipo de estudo estão baseadas na facilidade de sua execução, o baixo custo para sua elaboração, simplicidade de análises e de geração de hipóteses. Como desvantagens podem ser citados a impossibilidade de transpor os resultados dos agregados para análises individuais, deficiências na análise dependentes da qualidade dos registros que serão analisados e pouco controle na mensuração das variáveis (ROUQUAYROL e GURGEL, 2013).

4.1.2 Objeto de Análise

Como objeto de estudo tem-se a mortalidade de idosos de 60 anos e mais de ambos os sexos que foram a óbito por suicídio nos 26 Estados e Distrito Federal do Brasil. Nesse contexto realizou-se uma análise quali-quantitativa das diferenças entre os gêneros a partir desses dados sobre mortalidade.

A definição de pessoa idosa utilizada no presente estudo está pautada no Estatuto do Idoso, marco político brasileiro significativo regido através da Lei Nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que define idoso a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (BRASIL, 2003).

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4.1.3 População e Fonte de Dados

A população definida para esse estudo constitui-se de idosos com 60 e mais, de ambos os sexos, que foram a óbito por suicídio nos Estados e Distrito Federal no Brasil no período compreendido entre 2007 a 2016.

Para composição literária do presente estudo foi realizada uma revisão de literatura em bases de dados eletrônicas Scielo (Scientific Eletronic Library), Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e Google Acadêmico. Os artigos foram encontrados através dos descritores: “suicide”, “mortality”, “elderly”, “gender”, utilizando como principal boleador o termo “AND”, sendo consideradas publicações em inglês, espanhol e português. Foram utilizados também livros e publicações oficiais de órgãos afins do campo pesquisado que tratavam sobre o tema, considerando os mais relevantes. A finalidade dessa revisão foi identificar estudos disponíveis na literatura que trazem a relação entre o suicídio na população idosa e as possíveis diferenças dos gêneros na ocorrência da mortalidade.

Assim, a revisão de literatura que compôs esse estudo caracterizou-se por explorar as seguintes dimensões: a) Contextualização atual a cerca do processo de envelhecimento populacional enquanto realidade mundial; b) Caracterização do suicídio como um problema de saúde pública e atuais ações para sua prevenção; c) Características da ocorrência de suicídio na população idosa e possíveis diferenças entre os gêneros.

Em seguida foram coletados os dados referentes ao Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde, disponíveis através da base de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

O SIM é um sistema de informação em saúde de abrangência nacional que fornece dados sobre os óbitos ocorridos no Brasil. O documento básico para o registro de mortalidade é a Declaração de Óbito (DO), padronizada em todo o território nacional (BRASIL, 2001). Os dados disponíveis no SIM são amplamente utilizados para calcular taxas ou coeficientes de mortalidade e mortalidade proporcional por grandes grupos de causas, por causas específicas, além de ser possível consultar variáveis envolvidas individualmente para cada óbito como faixa etária, sexo, escolaridade, local de ocorrência, entre outras características.

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Convenciona-se que os registros disponíveis no SIM são os mais confiáveis, uma vez que são contabilizados segundo as declarações de óbito (CANO; SANTOS, 2007). A fonte de dados do SIM é a mais confiável base de dados em saúde do território nacional (MEDRONHO; VERGETTI, 2008).

Foram extraídos do SIM os óbitos decorrentes de suicídios (Lesões Autoprovocadas Intencionalmente: X60-X84), de acordo com a faixa etária de 60 anos e mais, em ambos os sexos, categorizadas a partir da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - 10ª Revisão. A descrição das categorias conforme o código disponível e sua respectiva descrição encontra-se no Quadro 2.

Quadro 2 – Categorização das Lesões Autoprovocadas Intencionalmente CID – 10

CÓDIGO DESCRIÇÃO

X60 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a analgésicos, antipiréticos e anti-reumáticos, não-opiáceos

X61 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a drogas anticonvulsivantes, sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não classificados em outra parte

X62 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a narcóticos e psicodislépticos não classificados em outra par te

X63 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outras substâncias farmacológicas de ação sobre o sistema nervoso autônomo

X 64 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outras drogas, medicamentos e substâncias biológicas e às não especificadas

X65 Auto-intoxicação voluntaria por álcool

X66 Auto-intoxicação intencional por solventes orgânicos, hidrocarbonetos halogenados e seus vapores

X67 Auto-intoxicação intencional por outros gases e vapores X68 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a pesticidas

X69 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outros produtos químicos e substâncias nocivas não especificadas

X70 Lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento e sufocação X71 Lesão autoprovocada intencionalmente por afogamento e submersão

X72 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de arma de fogo de mão

X73 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de espingarda, carabina, ou arma de fogo de maior calibre

X74 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de outra arma de fogo e de arma de fogo não especificada

X75 Lesão autoprovocada intencionalmente por dispositivos explosivos

X76 Lesão autoprovocada intencionalmente pela fumaça, pelo fogo e por chamas X77 Lesão autoprovocada intencionalmente por vapor de água, gases ou objetos quentes X78 Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto cortante penetrante

X79 Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto contundente

X80 Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação de um lugar elevado

X81 Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação ou permanência diante de um objeto em movimento

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X83 Lesão autoprovocada intencionalmente por outros meios especificados X84 Lesão autoprovocada intencionalmente por meios não especificados Fonte: elaborado pela autora, 2018.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS

4.2.1 Variável Dependente

A variável dependente desse estudo foi a taxa de mortalidade por suicídios, representada pela Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP). Para os cálculos das taxas foram utilizados o número de óbitos ocorridos no período de 2007 a 2016.

A padronização das taxas objetiva verificar a relação que diferentes estruturas etárias têm na taxa bruta de mortalidade por suicídio. Por meio de cálculos demográficos, visando atribuir resultados das análises, é possível definir a taxa de mortalidade padronizada por uma estrutura etária comum aos anos de 2007 a 2016 através de padronização direta (CARVALHO et al., 1998). O processo de padronização direta é capaz de eliminar o efeito da estrutura etária estimando um valor para a taxa bruta de mortalidade, considerando uma estrutura etária comum (população padrão) na qual é definida para análise em todos os anos da série escolhida, que no caso desse estudo é de 2007 a 2016. As taxas de mortalidade foram padronizadas considerando a população padrão brasileira para o ano de 2010 de acordo com dados do último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (Figura 5) e expressas por 100 mil habitantes por ano.

(37)

Perfil da mortalidade por suicídio em idosos no Brasil: uma análise das diferenças entre os gêneros.

37

Figura 5 – Distribuição da população do Brasil por sexo, segundo os grupos de idade, ano 2010.

Fonte: IBGE – Censo 2010.

Para realização dos cálculos fez-se necessário o número de óbitos na faixa etária de 60 anos e mais; a população local na faixa etária de 60 anos e mais; e a população padrão do Brasil na faixa etária de 60 anos e mais assim como a população total. Para o cálculo da taxa padronizada calcula-se primeiramente a Taxa Bruta de Mortalidade – TBM, através da fórmula:

TBM = Óbitos (lesões autoprovocadas em pessoas de ≥ 60 anos) x 100.000Hab. População na faixa (60 anos e mais)

Após encontrar a TBM, calcula-se os óbitos esperados (OE), através da fórmula:

OE = TBM x População padrão na faixa (60 anos e mais) 100.000 Habitantes

Depois de encontrar a TBM e os óbitos esperados, calcula-se a taxa de mortalidade padronizada (TMP), através da fórmula:

Referências

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