ISSN: 0103-0582 rpp@spsp.org.br
Sociedade de Pediatria de São Paulo Brasil
Heinzmann-Filho, João Paulo; Fagundes Donadio, Márcio Vinícius Teste de forca muscular ventilatória: é viável em criancas jovens? Revista Paulista de Pediatria, vol. 33, núm. 3, 2015, pp. 274-279
Sociedade de Pediatria de São Paulo São Paulo, Brasil
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REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
ARTIGO
ORIGINAL
Teste
de
forc
¸a
muscular
ventilatória:
é
viável
em
crianc
¸as
jovens?
João
Paulo
Heinzmann-Filho
e
Márcio
Vinícius
Fagundes
Donadio
∗CentroInfant,InstitutodePesquisasBiomédicas,PontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUCRS),PortoAlegre, RS,Brasil
Recebidoem1desetembrode2014;aceitoem18dejaneirode2015 DisponívelnaInternetem9dejunhode2015
PALAVRAS-CHAVE
Testesdefunc¸ão
pulmonar;
Forc¸amuscular;
Músculos respiratórios;
Estudosde
viabilidade
Resumo
Objetivo: Determinarataxadesucessodotestedemanovacuometriaemcrianc¸asdequatro a12anos.
Métodos: Estudotransversalqueincluiucrianc¸aseadolescentesdequatroa12anos, matricu-ladasemtrêsescolasdaredebásicadeensino.Todososparticipantesfizeramamensurac¸ãodas medidasantropométricas,seguidasdotestedemanovacuometria(pressãoinspiratóriamáxima epressãoexpiratóriamáxima).Escolarescujosresponsáveisnãoautorizaramaparticipac¸ãoe aquelesquenãoquiseramfazerotesteforamexcluídos.Otestefoiconsideradocomosucesso quandoosujeitoavaliadoatingiaoscritériosdeaceitabilidade(ausênciadeescapeaéreo)e reprodutibilidade(variac¸ão<10%entreasduasmaioresmanobras)estabelecidospelas diretri-zes.Oinsucessofoidefinidocomonãopreenchimentodoscritériosdescritosacima.Osdados foramexpressosemmédiaedesviopadrãoeemfrequênciaabsolutaerelativa.Acomparac¸ão entreasproporc¸õesfoifeitapormeiodotestedequi-quadrado.
Resultados: Foramincluídas196crianc¸aseadolescentes,comidademédiade8,4±2,5anos, 53,1%dosexofeminino.Ataxadesucessodotestedemanovacuometriaemcrianc¸ase ado-lescentesavaliadosfoide92,3%.Quandocomparadasasdiferenc¸asentreastaxasdesucesso decrianc¸asnafaixaetária pré-escolarcomcrianc¸as eadolescentesnafaixaetáriaescolar, observou-seumataxadesucessosignificativamentemenornogrupopré-escolar(85,1%),em comparac¸ãocomogrupoescolar(94,6%)(p=0,032).Noentanto,nãohouvediferenc¸a significa-tiva(p=0,575)quandoanalisadasdiferenc¸asentresexos.
Conclusões: Otestedemanovacuometriaapresentouumaelevadataxadesucessonapopulac¸ão pré-escolareescolaravaliada.Alémdisso,ataxadesucessopareceestarrelacionadacomo aumentodaidade.
© 2015Associac¸ãodePediatria deSãoPaulo.Publicado porElsevier EditoraLtda.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:mdonadio@pucrs.br(M.V.F.Donadio).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2015.01.008
Testedeforc¸amuscularventilatória:éviávelemcrianc¸asjovens? 275 KEYWORDS Respiratoryfunction tests; Musclestrength; Respiratorymuscles; Feasibilitystudies
Respiratorymusclestrengthtest:isitrealisticinyoungchildren?
Abstract
Objective:Todeterminethesuccessrateofthemanovacuometrytestinchildrenbetween4 and12yearsofage.
Methods:Cross-sectionalstudyinvolvingchildrenandadolescentsfrom4to12yearsofage, enrolledinthreebasiceducationschools.Allsubjectshadtheanthropometricandrespiratory musclestrength(maximuminspiratorypressureandmaximumexpiratorypressure)data measu-red.Studentswhoseparentsdidnotauthorizeparticipationorwhodidnotwanttoundergothe testwereexcluded.Thetestwasconsideredsuccessfulwhenthesubjectreachedacceptability (noairleaks)andreproducibility(variation<10%betweenthetwomajormaneuvers)criteria establishedbyguidelines.Failurewasdefinedwhensubjectsdidnotmeettheabovecriteria. Datawereexpressedasmeanandstandarddeviationandinabsoluteandrelativefrequency. Thecomparisonbetweenproportionswasperformedusingthechi-squaretest.
Results:Weincluded196childrenandadolescents,meanageof8.4±2.5years,53.1%female. Thesuccessrateofthemanovacuometrytestinchildrenandadolescentsevaluatedwas92.3%. Whencomparingthedifferencesbetweenthesuccessratesofpreschoolchildrenwiththose childrenandadolescentsofschoolage,therewasasignificantlylowersuccessrateinthe pre--school(85.1%)groupcomparedtotheschoolgroup(94.6%)(p=0.032).However,nosignificant differences(p=0.575)werefoundwhengendercomparisonswereperformed.
Conclusions: Themanovacuometrytestshowedahighsuccessrateinbothpreschoolandschool populationassessed.Furthermore,therateofsuccessappearstoberelatedtoaging. ©2015Associac¸ão dePediatria deSão Paulo.Publishedby Elsevier Editora Ltda.All rights reserved.
Introduc
¸ão
Emboraasdoenc¸asrespiratóriaseoutrascondic¸õesclínicas
napopulac¸ãopediátricasejamalgumasdasprincipaiscausas
demorbidadeemortalidadenainfância,1,2frequentemente
muitas delas não são avaliadas por medidas objetivas na
prática clínica. Há várias razões para que isso ocorraem
crianc¸as, principalmente o fato deque muitos testes não
sãopadronizados.3 Édifícilparaossujeitosentenderem e
cooperarem,hábaixareprodutibilidadeetambémfaltade
informac¸õessobredeterminadosmétodosentreos
profissi-onaisdesaúdecomopartedaavaliac¸ãodemuitasdoenc¸as
pulmonares.3
Nessesentido,testesdefunc¸ãopulmonarsão
importan-tes instrumentos para avaliar o sistemarespiratório. Eles
contamcommedidasobjetivasparaajudaradiagnosticare
gerenciardiversascondic¸õesclínicas.3Entreessasmedidas,
o teste de forc¸a muscular ventilatória é um recurso
sim-ples,nãoinvasivo,defácilaplicac¸ão,eéusadoparaavaliar
aspressõesrespiratóriasestáticasmáximas,asquais
refle-temaforc¸amuscularrespiratória.4Otesteconsistededuas
medidasdiferentes,umadirigidaparaavaliaraforc¸a
mus-cularinspiratória,pormeiodapressãoinspiratóriamáxima
(PIMAX),eaoutraparainvestigaraforc¸amuscular
expira-tória,pormeiodapressãoexpiratóriamáxima(PEMAX).4,5O
testeécomumenteutilizadoparadeterminarfraquezados
músculosrespiratórioseparaquantificaragravidadede
cer-tasdoenc¸as.4,6 Nafaixaetáriapediátrica,elepodeajudar
nomanejo e acompanhamentodedoenc¸as
neuromuscula-res,doenc¸aspulmonares,comoasmaefibrosecística,e é
tambémusadonosprogramasdereabilitac¸ão.4,7
Na prática clínica, a fraqueza dos músculos
respirató-rios pode estar associada à hipercapnia, com infecc¸ões
recorrentesetossenãoprodutiva,oquepredispõeao
desen-volvimentodeinsuficiênciarespiratóriaeaparecimentode
morbidadesmaisgraves.8,9Portanto,nasduasúltimas
déca-das, estudos10---12 têm sido feitos para gerar valores de
referênciaparapressõesrespiratóriasestáticasmáximasem
crianc¸aseadolescentessaudáveis,afimdeaumentarouso
dos mesmos na prática clínica, devido à possibilidade de
normalizare interpretaresses resultados.Recentemente,
valoresdenormalidadeforampublicadosparapré-escolares
eescolaressaudáveis10emostraramqueessaavaliac¸ãopode
serfeitamesmoemindivíduosjovens.Aausênciade
valo-resdenormalidadeemcrianc¸asmenorestemsidoatribuída,
principalmente, à dificuldade técnica e falta de
compre-ensão das crianc¸as para a realizac¸ão do exame.13,14 Isso
demonstraqueofatoridadepodeseraprincipallimitac¸ão
para avaliac¸ão e uso da forc¸a dos músculos respiratórios
nessegrupopopulacional.Noentanto,nãoexisteainda
evi-dênciaque mostre como astaxas de sucessodo teste de
forc¸amuscularventilatóriasecomportamemdiferentes
fai-xasetárias.
Portanto, considerando-se a importância desse recurso
sob diferentes condic¸ões e situac¸ões clínicas, e devido à
ausência deinformac¸ão sobre a taxa desucesso do teste
deforc¸amuscularventilatórianafaixaetáriapediátrica,o
objetivodesseestudofoideterminarataxadesucessodo
testeemcrianc¸asdequatroa12anos.Ousodessemétodo
avaliativoemidadesprecocespodeajudarnaobtenc¸ãode
umamelhoravaliac¸ãoeacompanhamentodepacientesem
Método
Estudoobservacional, transversal,emque foramincluídos
crianc¸as e adolescentes entre quatro e 12 anos,
regular-mentematriculadosemtrêsescolasdoensinobásico(duas
públicas e umaprivada), em PortoAlegre, Estado do Rio
Grande do Sul, em 2011 e 2012. Inicialmente, todas as
crianc¸as e adolescentes foram convidados a participar do
estudoereceberamumacarta-convite,juntamentecomo
termo de consentimento livre e esclarecido. Após a
assi-natura e autorizac¸ão dos pais e/ou responsáveis, foram
convidados para as medidas antropométricas, seguida do
testedeforc¸amuscularventilatória(manovacuometria)na
própriaescola.Osalunoscujospaise/ouresponsáveisnão
autorizaramasuaparticipac¸ãonoestudoeosalunosquenão
quiseramsesubmeteraotestenodiaemqueaavaliac¸ãofoi
feitanãoforamincluídos.OestudofoiaprovadopeloComitê
de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUCRS) sob número 11/05503. A
avaliac¸ão antropométricafoi feitapor meio da avaliac¸ão
depeso e alturaem triplicataouaté a obtenc¸ão de dois
valoresidênticos. Opeso foi obtidocomosindivíduos em
posic¸ãoortostática,comumaquantidademínimaderoupas
esemsapatos,ebalanc¸asdigitais(G-Tech,vidro1FW,Rio
deJaneiro,Brasil)previamentecalibradascomuma
preci-sãode100gramas.Emseguida,aalturafoimedidacomos
participantesdescalc¸oseospésemumaposic¸ãoparalela,
tornozelosunidos,brac¸osestendidosaolongodocorpoea
cabec¸aemumaposic¸ãoneutra.Aalturafoiobtidapormeio
deumestadiômetroportátil(AlturaExata,TBW,SãoPaulo,
Brasil),comumaprecisãode1mm.
A forc¸a muscular respiratória foi avaliada semprepelo
mesmo avaliador (fisioterapeuta),que possui maisde um
ano de experiência com a realizac¸ão do teste e que
também foi treinado e supervisionado pelo investigador
principaldo estudo. Oteste foi avaliado pormeiode um
manovacuômetrodigital previamente calibrado(MVD300,
Globalmed,PortoAlegre,Brasil),comumavariac¸ãode−300
a+300cmH2O. Oinstrumentofoi ligadoa umtubode
sili-cone,acopladoaumfiltroisolanteeaumconectorcomum
diâmetrointernode aproximadamente2,5 centímetros,o
qualestavaligadoaumbocal.Obocalsemirrígido,plano,
tinha um orifício com umdiâmetro de aproximadamente
2mm,paraevitar umaumentodapressãointraoralgerada
pela contrac¸ão dos músculosda cavidadeoral.4 Antes de
mediraspressõesrespiratórias,opesquisadordemonstrou
e deu orientac¸ões detalhadassobre asmanobras a serem
executadas.
Primeiro, a PIMAX foi medida a partir do volume
resi-dual,seguidapelaPEMAXapartirdacapacidadepulmonar
total.4Durantearealizac¸ãodaúltimamedic¸ão,osindivíduos
foramorientadosaposicionarasmãossobreasbochechas
paraevitarqueoarseacumulassenaslateraisdacavidade
oral.15 Asmedidasforamrealizadascomumclipenasal,na
posic¸ãosentada,comotroncoereto,emumaposic¸ãode90◦
em relac¸ãoao quadril.Ambasasmedidasforamavaliadas
com esforc¸o máximo, em intervalos de aproximadamente
umminuto entre asmensurac¸ões,e sustentadas porpelo
menosumsegundo.16 Ummínimodetrês eummáximode
nove medidas foramutilizadas paracada teste.13 O teste
foiconsideradocomosucessoquandoosujeito realizouas
manobras tecnicamente corretas, incluindo três medidas
aceitáveis (ausênciadeescapedoar)eduasreprodutíveis
(variac¸ão de menos de 10% entre asduas maiores
mano-bras). O último valor registrado não podia ser maior do
que osanteriores4e oresultadofinalfoi ovalormais
ele-vadoobtido.Otestefoiconsideradoinadequado(insucesso)
quandoosujeitoavaliadonãoatingiuoscritériosde
aceita-bilidadeereprodutibilidadedescritosacima.
Otamanhodaamostrafoiestimadoparadetectaruma
taxadeinsucessodeaproximadamente10%,comumnívelde
confianc¸ade95%eumadiferenc¸amáximaaceitávelde5%.
Paraisso,serianecessárioincluirpelomenos140indivíduos.
Portanto,aamostraincluídanesteestudosuperaessa
esti-mativa.Anormalidadedosdadosfoitestadapelotestede
Kolmogorov-Smirnoveapresentouumadistribuic¸ãonormal,
demodoqueosdadosforamexpressosemmédiaedesvio
padrãodamédia.Asvariáveiscategóricasforam
apresenta-dasemfrequênciaabsolutaerelativa.Acomparac¸ãoentre
asproporc¸ões(faixaetáriaegêneroem relac¸ãoàtaxade
sucesso doteste) foi feitacom o teste do qui-quadrado.
Todas asanálises e o processamento de dadosforam
fei-toscomosoftwareSPSS,versão18.0(SPSSInc.,EUA).Em
todososcasos,asdiferenc¸asforamconsideradas
significati-vasquandop<0,05.
Resultados
O estudo incluiu 196 crianc¸as e adolescentes, com idade
média de 8,4±2,5 anos, peso de 32±12,5kg e 130±15,2
centímetros de altura; eram predominantemente brancos
(69,4%)e53,1%eramdosexofeminino.Acaracterizac¸ãoda
amostracomosdadosantropométricoseinformac¸õessobre
aforc¸amuscularrespiratóriasãoapresentadosnatabela1.
Ataxadesucessodotestedeforc¸amuscular
respirató-riaemcrianc¸aseadolescentesavaliadosfoide92,3%,que
representa181indivíduosqueconseguiramfazerotestede
formaadequada.Amaioriadascrianc¸asedosadolescentes
queparticiparamdoestudoestánafaixaetáriadogrupode
escolares(seis-12anos),76%dapresenteamostra.Emgeral,
a taxadesucessonotesteparece aumentarcomaidade,
varia de 84,2% aosquatro anos até100% aos 12 anos. Os
Tabela1 Caracterizac¸ãodaamostradoestudo
Variáveis n=196 Característicasdemográficas Idade(anos) 8,4±2,5 Sexofeminino,n(%) 104(53,1) Antropometria Peso(kg) 32±12,5 Altura(cm) 130±15,2 IMC(absoluto) 18,2±3,5 IMC(percentil) 66,6±26,8 Manovacuometria(cmH2O) PIMAX 83,5±21,9 PEMAX 96,8±26,8
Resultadossãoapresentadoscomomédiaedesvio-padrão. n,númerototaldeindivíduosavaliados;IMC,índicedemassa corporal;PIMAX,pressãoinspiratóriamáxima;PEMAX,pressão expiratóriamáxima.
Testedeforc¸amuscularventilatória:éviávelemcrianc¸asjovens? 277
Tabela2 Taxadesucessodotestedeforc¸amuscular ven-tilatóriadeacordocomafaixaetáriaestudada
Faixaetária(anos) n(N) Taxadesucesso(%)
4 16(19) 84,2 5 24(28) 85,7 6 16(18) 88,9 7 20(21) 95,2 8 25(27) 92,6 9 22(23) 95,7 10 19(20) 95,0 11 18(19) 94,7 12 21(21) 100
n,sujeitosqueobtiveramsucessonoteste;N,númerototalde sujeitosavaliados. 100 * Pré-escolares Escolares 80 60 40 20 T a xa total obser v ada 0
Insucesso Sucesso Insucesso Sucesso
Figura1 Comparac¸ãoentreastaxasdesucessoeinsucesso observadasnos doisgruposetários avaliados(pré-escolarese escolares).*Qui-quadrado:p=0,032.
valoresdesucessoparacadagrupodeidadesãomostrados
natabela2.
Quando as diferenc¸as entre as taxas de sucesso das
crianc¸as na faixa etáriapré-escolar (quatroe cinco anos)
e crianc¸as e adolescentes na faixa etária escolar (seis
a 12) foram comparadas, uma taxa de sucesso
significa-tivamente mais baixa foi observada (p=0,032) no grupo
pré-escolar (85,1%), em comparac¸ão com o grupo escolar
(94,6%)(figura1).Asdiferenc¸asnastaxasdesucesso
tam-bémforamanalisadasdeacordocomogênero.Noentanto,
nãohouvediferenc¸asignificativa(p=0,575)quandoastaxas
desucessoforamcomparadasentreossexos(figura2).
Discussão
Neste estudo, ataxa desucesso observada em crianc¸as e
adolescentesavaliadosfoide92,3%.Issomostraqueoteste
deforc¸a muscularrespiratória éumrecurso simples,fácil
deaplicarealtamenteviávelnessafaixaetária.Alémdisso,
éummétodonãoinvasivoqueforneceinformac¸ões
impor-tantessobreafunc¸ãodosmúsculosrespiratóriosimplicados
no processo de respirac¸ão, que muitas vezes são
envol-vidos em situac¸ão de desvantagem mecânica sob várias
100 Meninas Meninos 80 60 40 20
Taxa total observada
0
Insucesso Sucesso Insucesso Sucesso
Figura2 Comparac¸ãoentreastaxasdesucessoeinsucesso observadasemrelac¸ãoaogênero.
condic¸õesousituac¸ões clínicas,comoem doenc¸as
pulmo-nareseneuromusculares.4,5
Quesejadonossoconhecimento,esteéoprimeiroestudo
como objetivo dedeterminar a taxade sucessodo teste
de forc¸a muscular ventilatória em diferentes faixas
etá-riasdapopulac¸ãopré-escolareescolar,oquetornadifícil
compararosvaloresencontradoscomresultadosdeoutros
estudos. De qualquer forma, considerando-se outros
tes-tesdefunc¸ãopulmonar,acreditamosqueataxadesucesso
encontradanesteestudoéalta.Possíveisfatoresque
contri-buemincluemummaiorníveldeexplicac¸ãoparaossujeitos
avaliados,um tempo de medic¸ão maior e a paciência do
avaliadorresponsávelpelarealizac¸ãodosexames.10
Diferentemente da espirometria, para a qual foram
desenvolvidas normas e orientac¸õesespecíficas para
faci-litar sua utilizac¸ão em faixas etárias mais jovens,17 para
avaliara forc¸a muscularventilatória nesteestudo nãofoi
necessário o uso de qualquer método diferente daquele
publicadopeladiretriz.4,13Issosugerequenãoédifícilfazer
otestenessesgruposetáriosnapráticaclínica.Quando
com-paramosnossosresultadoscomastaxasdesucessodoteste
deespirometria,otestedeforc¸amuscularventilatória
tam-bémse mostroufácil e simples,umavez queastaxas de
sucessodaespirometriaestãopróximasdosresultados
apre-sentadosaqui,ou seja,em torno de85%.18-21 Além disso,
umarecenterevisãodaliteraturamostrouque,embora a
faixaetáriapré-escolarsejacaracterizadacomouma
amos-traextremamentejovem,comsuasdificuldadeselimitac¸ões
motoras,ataxadesucessodaespirometria
(independente-mentedeexperiênciaprévia)variouentre71%e92%,oque
demonstraaviabilidadedaavaliac¸ãopulmonarnessafaixa
etária.22Emboraambosostestestenhamdiferentes
meto-dologias,objetivosefuncionalidade,acomparac¸ãocomum
testede func¸ão pulmonar conhecido e amplamente
estu-dado pode indicar um parâmetro até que novas taxas de
sucessosejamgeradasparaa avaliac¸ãodaforc¸amuscular
ventilatóriapediátrica.
Como esperado, as taxas de sucesso da avaliac¸ão da
forc¸amuscularventilatóriaparecemaumentarcomaidade
dascrianc¸asavaliadas.Alémdisso, quandocomparadosos
gêneros, não foi observada diferenc¸a significativa. Esses
resultadossãosemelhantesaosencontradosemvários
estu-dosqueavaliaramastaxasdesucessodefunc¸ãopulmonar
crianc¸ascrescem,ataxadesucessotambémaumenta.21,23,24
Estudosanterioresquetiveramcomoobjetivogerarvalores
denormalidadeparaotestedeforc¸amuscularrespiratória
atribuemofracassodatécnicaàdificuldadede
compreen-são,àbaixareprodutibilidadeeàfaltadecooperac¸ãopor
partedascrianc¸asnessafaixaetária.13,14 Entretanto,esses
estudosnãodemonstraramtaxasdesucessoseparadamente
porfaixasetárias,oquedificultaummelhorconhecimento
ecompreensãodaidadecomoumfatordeinfluênciasobre
esse resultado. Nesse sentido, vários estudos que
avali-aram a frequência de sucesso do teste de espirometria
mostraram que, em idade pré-escolar, a dificuldade de
obtenc¸ãodeumtesteadequadopodeserexplicadadevido
àatenc¸ãoreduzida,fácildistrac¸ão,dificuldadede
compre-ender,coordenac¸ãomotoraebaixatolerânciaàfrustrac¸ão
duranteasmanobras.Além disso,oestágioemocionalea
fasededesenvolvimentodacrianc¸asãofatoresimportantes
nadeterminac¸ãodosucessodoteste.18,25
Emboraopresenteestudonãomostreinformac¸õessobre
ahistóriarespiratóriapréviadossujeitosincluídos,
acredita--seque esses fatoresnão influenciariam a capacidade de
umindivíduoparafazeroteste,oque constituiuo
princi-paldesfechodoestudo.Alémdisso, époucoprovávelque
condic¸õesrespiratóriasgraves,quepoderiampossivelmente
alterar o desempenho do teste,estivessem presentes em
umaamostratãojovem,saudável,recrutadaemum
ambi-ente escolar e com estado nutricional normal. Por outro
lado,mesmo queissosejapossível,estudosanteriores26,27
mostraram que indivíduos com asma leve a moderada
nãoapresentamreduc¸ãodaforc¸amuscularventilatória,o
quegeralmenteestáassociadocomdoenc¸apulmonarmais
grave,incluindoapresenc¸adehiperinflac¸ãoeestado
nutri-cionalinadequado.28,29
Umadaslimitac¸õesdesteestudoéqueotesteéfeitopor
umavaliadorexperiente,queestáinteressadoemalcanc¸ar
tanto sucesso quanto possível nos testes, o que pode ter
contribuído paraa alta taxa desucesso encontrada nessa
amostra.Noentanto,essesresultadossóreforc¸amaideia
dequeépossívelfazeressetestenafaixaetáriapediátricae
que,pelomenosemparte,alcanc¸arosucessodependenão
sódascrianc¸ase/ouadolescentesavaliados,mastambém
doesforc¸oeestímulofornecidospeloavaliador.Nesse
sen-tido,umestudoanterior30demonstrourecentementequea
qualidadedaespirometriaaumentoude57%para83%apósa
inclusãodeumprogramadetreinamentofeitopor
teleme-dicinaem 15centrosparticipantes. Novosestudossobrea
frequênciadesucessonogrupodeidadepré-escolardevem
ser incentivados, a fim de obterem-se novas informac¸ões
sobre o comportamento das taxas de sucesso nessa faixa
etária,permitir comparac¸ões entreosestudos e ajudara
alcanc¸ar um maior uso desse recurso entre a populac¸ão
infantil.
Emresumo,otestedeforc¸amuscularventilatória
apre-sentouumaalta taxadesucessonapopulac¸ão pré-escolar
e escolaravaliadas.Além disso, ataxa desucessoparece
aumentarcoma idade.Osachadosdesteestudo mostram
queotestedeforc¸amuscularventilatóriaéumrecurso
sim-ples e de fácil aplicac¸ão. Assim,a obtenc¸ão deum teste
adequadopodegarantiraqualidadedasavaliac¸õese,
con-sequentemente,osucessonocontrole eacompanhamento
dosresultadosnasdiferentesdoenc¸asrespiratórias.
Financiamento
Oestudonãorecebeufinanciamento.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
Os autores agradecem à FAPERGS pela bolsa concedida
(JPHF).
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