3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES 3.1. Teoria Geral
Estas equações são muito importantes, pois são aplicadas à Engenharia para resolver problemas de vibrações mecânicas, circuitos elétricos, etc. Especial atenção será dada às equações de segunda ordem por serem importantes do ponto de vista prático.
A forma geral de uma equação diferencial ordinária linear é:
( )
( )
( )
a( )
x y f( )
x dx dy x a ... dx y d x a dx y d x a n n n n n n = ⋅ + ⋅ + + ⋅ + ⋅ −−1 −1 1 1 0ou em sua forma canônica:
( )
( )
a( )
x y f( )
x dx dy x a ... dx y d x a dx y d n n n n n n = ⋅ + ⋅ + + ⋅ + −−1 −1 1 1 onde a0( )
x =1Obs.: a forma canônica pode ser obtida da forma geral dividindo-se a equação geral por a0
( )
x , desde que a0( )
x ≠0 no intervalo x∈( )
a,b considerado.Como já foi visto anteriormente, se f(x) = 0, a equação é dita homogênea, caso contrário, não-homogênea.
Outra forma de se escrever esta equação é através de um operador diferencial L que é aplicado à função y
( )
x .( )
x f Ly= , onde( )
( )
a( )
x dx d x a ... dx d x a dx d L n n n n n n + ⋅ + + ⋅ + = −−1 −1 1 1 ou∑
( )
= − − ⋅ = n k k n k n k dx d x a L 0 com( )
1 0 x = a .Com relação à equação Ly= f
( )
x pode-se dizer que significa determinar a mais geral função y( )
xque operada por L conduz a f
( )
x .Obs.: pode-se fazer uma analogia de uma equação diferencial de ordem n com uma equação algébrica de grau n, onde as funções ak(x) são substituídas por constantes ak e a função f(x) é nula.
Se resolver a equação algébrica 1 0
1 1 0⋅ + ⋅ + + − ⋅ + = − n n n n a y a ... y a y
a significa determinar todos os
valores de y que a satisfazem, resolver a equação diferencial significa, como já foi dito, determinar a função y(x) que seja a mais geral e satisfaça esta equação diferencial.
Considere uma equação diferencial de segunda ordem homogênea na sua forma canônica:
( )
2( )
0 1 ⋅ ′+ ⋅ = + ′′ a x y a x y y . Teorema fundamentalEste teorema também é chamado de Princípio da Superposição. Demonstração
Sejam
φ
1( )
x eφ
2( )
x soluções da equação diferencial de segunda ordem homogênea( )
2( )
01 ⋅ ′+ ⋅ =
+
′′ a x y a x y
y .
Para demonstrar o teorema é necessário provar que
φ
( )
x =C1φ
1( )
x +C2φ
2( )
x .Se
φ
( )
x é solução da equação y′′+a1( )
x ⋅y′+a2( )
x ⋅y=0 deve satisfazê-la, ou seja:( )
2( )
0 1 ⋅ ′+ ⋅ = + ′′φ
φ
φ
a x a x . Substituindo:(
C1φ1+C2φ2)
″+a1( ) (
x ⋅ C1φ1+C2φ2)
′+a2( ) (
x ⋅ C1φ1+C2φ2)
=0( )
1 1 1( )
2 2 2( )
1 1 2( )
2 2 0 1 2 2 1 1φ
′′+Cφ
′′+a x ⋅Cφ
′+a x ⋅Cφ
′ +a x ⋅Cφ
+a x ⋅Cφ
= C( )
( )
[
1 1 1 2 1]
2[
2 1( )
2 2( )
2]
0 1φ
′′+a x ⋅φ
′+a x ⋅φ
+Cφ
′′+a x ⋅φ
′+a x ⋅φ
= CComo
φ
1( )
x eφ
2( )
x são soluções da equação diferencial, então:( )
1 2( )
1 01
1′′+ ⋅
φ
′+ ⋅φ
=φ
a x a x eφ
2′′+a1( )
x ⋅φ
2′ +a2( )
x ⋅φ
2 =0 Então: C1[ ]
0 +C2[ ]
0 =0 ∴ 0 = 0.3.2. Resolução de EDO Linear com Coeficientes Constantes
Como toda função constante real é contínua, então, dentre as equações diferenciais lineares, existe um grupo de equações muito importante que é formado pelas equações cujas funções coeficientes de y, y′ e y′′, respectivamente, a0
( )
x , a1( )
x e a2( )
x são constantes e, neste caso, escreve-se simplesmente:( )
x f cy y b y a ′′+ ′+ = .Para resolver este tipo de equação linear não homogênea, deve-se:
a) obter a solução geral yh(x) da equação linear homogênea associada ay′′+by′+cy=0;
b) por algum processo matemático, obter uma solução particular yp(x) para a equação original,
o que significa que ayp′′+by′p +cyp = f
( )
x .c) a solução geral y(x) para a EDO dada será, a soma da solução geral da equação homogênea
associada, obtida em (a) com a solução particular obtida em (b), isto é: y= yh +yp
3.2.1. Solução da equação homogênea
Voltando à equação linear de primeira ordem homogênea y′+ py=0, sabe-se que y
( )
x =Ce−px é solução desta equação. Portanto, é natural supor que eλx seja uma solução da equação0 = + ′ + ′′ by cy y a . Substituindo y=eλx, y′=
λ
eλx e y′′=λ
2eλx na equação ay′′+by′+cy=0: 0 2 x+ x+ x = ce e b e aλ λ λ λ λ ou(
aλ2 +bλ+c)
⋅eλx =0.Como a função eλx não é nula para qualquer x, ela será solução da equação ay′′+by′+cy=0 se λ for uma solução da equação do segundo grau:
0 2 + + =
c b
aλ λ .
Esta equação é chamada de equação característica (ou auxiliar) da equação diferencial
0 = + ′ + ′′ by cy y a .
Suas raízes são:
a ac b b 2 4 2 1 − + − =
λ
e a ac b b 2 4 2 2 − − − =λ
.Em vista desta dedução, segue que as funções y e 1x 1 λ = e y e 2x 2 λ = são soluções de 0 = + ′ + ′′ by cy y a .
Utilizando o Princípio da Superposição (Teorema Fundamental), a solução geral da equação linear de segunda ordem homogênea será:
( )
x x h x Ce C e y 1 2 2 1 λ λ + = .Uma solução de uma equação diferencial de segunda ordem (linear ou não) é chamada de solução geral se ela contém duas constantes arbitrárias independentes. Independência significa que esta solução não pode ser reduzida a uma forma contendo apenas uma constante arbitrária ou nenhuma (como já foi visto, quando se atribuem valores definidos para as constantes arbitrárias, a solução obtida é chamada de solução particular).
Em que condições tal redução será possível? Quando as funções y1(x) e y2(x) forem linearmente
dependentes em um intervalo (a,b) onde ambas são definidas, ou seja, se elas forem proporcionais
neste intervalo. Matematicamente falando, se y1 = k.y2 ou y2 = l.y1 vale para qualquer x∈
( )
a,b ,onde k e l são números que podem ser iguais a zero ou não. Se as funções não são proporcionais em
(a,b) elas são ditas linearmente independentes em (a,b). Note que os conceitos de dependência e
independência sempre se referem a um intervalo e não a um simples ponto. Resumindo:
- se ao menos uma das funções y1(x) e y2(x) for identicamente nula no intervalo (a,b), então as
funções são linearmente dependentes neste intervalo;
- se y1/y2 for constante no intervalo (a,b), então y1(x) e y2(x) são linearmente dependentes
- se y1/y2 depende de x no intervalo (a,b), então y1(x) e y2(x) são linearmente independentes.
Como a, b e c são reais na equação aλ2 +bλ+c=0, da álgebra elementar, a partir de um exame do discriminante ∆ = b2 – 4ac da equação, decorre que a equação característica pode possuir:
ii. duas raízes reais idênticas (∆ = 0);
iii. duas raízes complexas e conjugadas (∆ < 0). Caso i – duas raízes reais e distintas (∆∆∆∆ > 0)
Como as duas raízes
λ
1 eλ
2 são reais e distintas x ( )xx e e e y y 2 1 1 2 1 2 λ λ λ λ − = = depende de x e, portanto, y1 e y2
são funções linearmente independentes. Conseqüentemente, a solução geral da equação será:
( )
x x e C e C x y 1 2 2 1 λ λ + = .Caso ii – duas raízes reais idênticas (∆=∆=∆=∆= 0)
Como
λ
1 =λ
2 =λ
= a b 2 − ⇒ 1 1 2 = = x x e e y y λ λ, ou seja, uma constante, portanto, y1 e y2 são funções
linearmente dependentes. Visto que a solução geral da equação diferencial de segunda ordem deverá conter 2 constantes arbitrárias, é necessário determinar uma outra solução que seja linearmente independente da única encontrada y1 =eλx.
Esta outra solução pode ser obtida utilizando o Método de d’Alembert que consiste em construir uma segunda solução y2 a partir de uma primeira y1 já conhecida multiplicada por uma função
incógnita v(x):
( ) ( ) ( )
x v x y xy2 = ⋅ 1 .
Como y2(x) é solução da equação diferencial ay2′′+by′2+cy2 =0.
Substituindo y2 =v⋅y1, y′2 =v ⋅′y1+v⋅y1′ e y2′′=v′⋅′y1+2⋅v ⋅′y1′+v⋅y1′′:
(
′⋅′ 1+2⋅ ⋅′ 1′+ ⋅ 1′′)
+ ⋅(
⋅′ 1+ ⋅ 1′)
+ ⋅ ⋅ 1 =0 ⋅ v y v y v y b v y v y c v y a(
2 1 1)
(
1 1 1)
0 1+ ⋅′ ⋅ ⋅ ′+ ⋅ + ⋅ ⋅ ′′+ ⋅ ′+ ⋅ = ⋅ ⋅′ ′ a y v a y b y v a y v y c y v .Como y1 é solução da equação diferencial, ay1′′+by1′+cy1=0. Então a equação acima se reduz a:
(
2 1 1)
0 1+ ⋅′ ⋅ ⋅ ′+ ⋅ = ⋅ ⋅′ ′ a y v a y b y v . Separando as variáveis: ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅′ − = ⋅ ⋅ ′ 1 1 1 2 b y dx dy a v y a dx v d bdx dy y a v d v a ′=− − ′ 1 1 1 2 1 . Integrando: C dx b dy y a v d v a ′=− − + ′∫
∫
∫
1 1 1 2 1( )
v a ln( )
y bx C ln a⋅ ′ =−2 ⋅ 1 − +( )
[ ]
v ln[
( )
y]
bx C ln ′ a = 1 −2a − +( )
a ln[
( )y a]
bx C e v′ = 1−2 − +( ) ( )
a a bx C e e y v′ = 1 −2 ⋅ − ⋅( )
a C x a b e e y v′= 1 −2⋅ − ⋅ . Como y1 =eλx: x a b e C v + − = ′ 1 2λ . Mas a b 2 − = λ , então: v′=C1 2 1 dx C C dv=∫
+∫
( )
x C1x C2 v = + .Como se está procurando uma função simples (que pode ser particular), mas que não seja identicamente nula, pode-se adotar C1 = 1 e C2 = 0. Então:
( )
x xv = ⇒ y2
( )
x =x⋅eλx.Esta função é linearmente independente da primeira, pois x e e x y y x x = ⋅ = λλ 1 2 .
Substituindo y2 =x⋅eλx, y2′ =eλx+
λ
x⋅eλx e y2′′ =2λ
eλx+λ
2x⋅eλx na equação diferencial 0 = + ′ + ′′ by cy y a e utilizando a b 2 − =λ
, para verificar se y2 é solução desta equação:(
2 x+ 2 ⋅ x) (
+ x+ ⋅ x)
+ ⋅ x =0 e cx e x e b e x e aλ
λλ
λ λλ
λ λ(
)
[
2aλ
+b+ aλ
2+bλ
+c x]
⋅eλx =0( )
[
0+ 0 x]
⋅eλx =0 ⇒ 0 = 0Então, a solução da equação diferencial, quando as raízes forem idênticas, será:
( )
x x xe C e C x y = 1 λ + 2 λ .Caso iii – duas raízes complexas e conjugadas (∆∆∆∆ < 0)
Sejam
λ
1 = p + qi eλ
2 = p – qi as raízes da equação diferencial ay′′+by′+cy=0, então as soluçõesdesta equação são y1=e(p+qi)x e
(p qi)x
e
y2 = − que são linearmente independentes, pois
( ) (p qi)x qix x qi p e e e y y 2 1 2 − + − =
= não é uma constante.
Entretanto, o que é interessa é buscar soluções reais a partir destas soluções complexas. Pelas fórmulas de Euler (ver capítulo 0):
( )
θ
( )
θ
θ sen i cos ei = + ⋅ e e−iθ =cos( )
θ
−i⋅sen( )
θ
. Então: ( ) e[
cos( )
qx i sen( )
qx]
e y = p+qix = px + ⋅ 1 e ( ) e[
cos( )
qx i sen( )
qx]
e y = p−qix = px − ⋅ 2 .Destas duas expressões pode-se obter:
(
y1+y2)
=epxcos( )
qx 2 1 e(
y y)
e sen( )
qx i px = − 2 1 2 1 .Estas duas funções são reais e de acordo com o Princípio da Superposição (Teorema Fundamental) são soluções da equação diferencial ay′′+by′+cy=0.
Então, a solução geral da equação diferencial, quando as raízes forem complexas conjugadas, será:
( )
x e[
C cos( )
qx C sen( )
qx]
y px
2
1 +
= .
3.2.2. Solução da equação não-homogênea
Como já visto anteriormente, a solução geral de uma equação diferencial de segunda ordem linear e não-homogênea ay′′+by′+cy= f
( )
x é:( )
x y( )
x y( )
xy = h + p ,
onde yh(x) é a solução geral da homogênea e yp(x) é uma solução particular que satisfará a equação
não-homogênea.
Já se sabe como obter a solução da equação homogênea. Resta, portanto, encontrar um método para determinar a solução particular. Um método utilizado para tal denomina-se método dos coeficientes
a determinar. A sua vantagem é ser simples e prático e a desvantagem é que só é aplicável a certas equações lineares.
Como a função f(x) é conhecida, este método propõe encontrar uma solução particular yp(x) que seja
uma combinação linear de um conjunto linearmente independente de funções. O problema fica fácil de ser resolvido se f(x) tem uma das formas apresentadas a seguir.
a) f(x) é um polinômio de grau n
A solução procurada deverá estar na forma
( )
1 01 1x ... a x a a x a x y n n n n p = + + + + − −
b) f(x) é uma função exponencial
A solução procurada deverá estar na forma yp
( )
x = Aerx c) f(x) é uma função sen(qx) ou cos(qx)A solução procurada deverá estar na forma yp
( )
x = Acos( )
qx +Bsen( )
qxd) f(x) é uma soma das funções anteriores
A solução procurada deverá ser a soma das soluções particulares apresentadas. Ex.: Se f
( )
x =aerx+bcos( )
qx , então a solução particular tem a forma( )
x Ae Bcos( )
qx Csen( )
qxyp = rx+ +
e) f(x) é um produto das funções anteriores
A solução procurada deverá ser o produto das soluções particulares apresentadas. Ex.: Se f
( )
x =(
ax2+b)
sen( )
qx, então a solução particular tem a forma
( )
x(
Ax Bx C)
cos( )
qx(
Dx Ex F)
sen( )
qxyp = 2+ + + 2 + +
Observação importante: se f(x) possui alguma solução da equação homogênea associada, então esta solução da homogênea deve ser multiplicada por x para se obter a solução particular da equação não-homogênea. Caso a função não sirva, deve ser multiplicada por x² e assim sucessivamente. Ex.: Se f
( )
x =ax+b, a solução particular tem a forma yp( )
x =Ax+B, mas se a solução constante (y=C) pertencer à solução da homogênea, então a solução particular deverá ser multiplicada pela variável independente (no caso, x). Portanto, a solução particular deverá ter a forma( )
x Ax Bxyp = 2+ .
Observação final do capítulo: Embora, os métodos de resolução de equações diferenciais lineares com coeficientes constantes tenham sido apresentados para equações de segunda ordem, o raciocínio pode ser estendido para equações de ordem superior.
Exs.: 1) x e y y y′′−2 ′+ = − 2) x e y y y′′−2 ′+ = 3) y′′−2y′+y=cos
( )
x 4) y′′+y=cos( )
x3.3. Aplicações
1) Oscilações livres não-amortecidas
Considere um sistema massa-mola onde a massa do corpo é m e a constante elástica da mola é k.
De acordo com a segunda lei de Newton:
∑
F =ma ⇒ −kx=ma.Mas x dt x d dt dx dt d dt dv a = =&& = = 22 .
Então: m&x&+kx=0 é a equação do movimento não-amortecido do sistema massa-mola e a sua solução deverá ser encontrada.
Equação característica: mλ2+k=0.
Discriminante: ∆=−4km<0 ⇒ duas raízes complexas conjugadas.
Raízes da equação característica:
m k i = 1
λ
e m k i − = 2λ
.A solução da equação será:
( )
⋅ + ⋅ = t m k sen B t m k cos A t x .
Note que a dimensão de k é FL-1 ou MT-2 (já que F = MLT-2) e a dimensão de m é M. Portanto, a
dimensão das raízes da equação característica é T-1, que é dimensão de freqüência. O seu valor absoluto, km é conhecido como freqüência natural (
ω
n) do sistema massa-mola. Então, a soluçãopode ser escrita como:
( )
t Acos( )
t Bsen( )
tx =
ω
n +ω
n .2) Oscilações livres amortecidas
Considere um sistema massa-mola-amortecedor onde a massa do corpo é m e a constante elástica da
mola é k e o coeficiente de amortecimento do amortecedor é c. k m x m kx x
Diagrama de corpo livre
k
m x c
Diagrama de corpo livre m
kx
x
A força de amortecimento é contrária ao movimento e proporcional à velocidade v = x& do
movimento: F=cv=cx&.
De acordo com a segunda lei de Newton:
∑
F =m&x& ⇒ −cx&−kx=m&x&.Então: m&x&+cx&+kx=0 é a equação do movimento amortecido do sistema massa-mola e a sua solução deverá ser encontrada.
Equação característica: mλ2+cλ+k =0. Discriminante: ∆=c2 −4km.
Como o discriminante é uma subtração de dois números reais positivos, existem 3 possibilidades: i. ∆=c2−4km > 0, as raízes são reais e distintas e o sistema é superamortecido;
ii. ∆=c2−4km = 0, as raízes são reais e idênticas e o amortecimento é crítico;
iii. ∆=c2−4km < 0, as raízes são complexas conjugadas e o sistema é subamortecido.
caso i – sistema superamortecido (∆∆∆∆ > 0)
Raízes da equação característica:
m km c c 2 4 2 1 − + − =
λ
e m km c c 2 4 2 2 − − − =λ
.Solução geral da equação diferencial: x
( )
t Ce 1t C e 2t 2 1λ λ +
= .
A Figura 3.1 mostra o movimento do sistema massa-mola-amortecedor, onde m = 1 kg, c = 5 kg/s e
k = 2,25 N/m para o PVI: deslocamento inicial x
( )
0 =x0 =1 (unidade de comprimento) e velocidade inicial x&( )
0 =x&0 =0. A solução do PVI é( )
,t ,te , e , t x 05 45 125 0 125 1 − − − = .
Figura 3.1 – Sistema superamortecido
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 t (s ) x (t ) (m)
caso ii – sistema com amortecimento crítico (∆∆∆∆ = 0)
Raiz da equação característica:
m c 2 − = λ .
Solução geral da equação diferencial: x
( )
t =C1eλt+C2teλt.A Figura 3.2 mostra o movimento do sistema massa-mola-amortecedor, onde m = 1 kg, c = 3 kg/s e k = 2,25 N/m para o PVI: deslocamento inicial x
( )
0 =x0 =1 (unidade de comprimento) e velocidade inicial x&( )
0 =x&0 =0. A solução do PVI é( )
t , t , e , e t x 15 15 5 1 − − + = .
Figura 3.2 – Sistema com amortecimento crítico
caso iii – sistema subamortecido (∆∆∆∆ < 0)
Raízes da equação característica:
m c km i c 2 4 2 1 − + − =
λ
e m c km i c 2 4 2 2 − + − =λ
.Para facilitar a escrita, as seguintes quantidades serão renomeadas:
m c p 2 = e m c km q 2 4 − 2 = .
Solução geral da equação diferencial: x
( )
t =e pt[
C1cos( )
qt +C2sen( )
qt]
−
.
A Figura 3.3 mostra o movimento do sistema massa-mola-amortecedor, onde m = 1 kg, c = 1 kg/s e k = 2,25 N/m para o PVI: deslocamento inicial x
( )
0 =x0 =1 (unidade de comprimento) e velocidade inicial x&( )
0 =x&0 =0. A solução do PVI é( )
( )
( )
⋅ + ⋅ =e− cos t sen t t x ,t 2 4 2 2 5 0 . A curva pontilhada mostra o decaimento do movimento e corresponde a e−0,5t.
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 t (s ) x (t ) (m)
Figura 3.3 – Sistema subamortecido
3) Oscilações forçadas
Considere um sistema massa-mola onde a massa do corpo é m e a constante elástica da mola é k e submetido à ação de uma força f(t), ou seja, uma função do tempo e dada por f
( )
t =Fcos(
km⋅t)
.De acordo com a segunda lei de Newton:
∑
F =m&x& ⇒ f( )
t −kx=m&x&.Então: mx&&+kx= f
( )
t é a equação do movimento não-amortecido do sistema massa-mola e a sua solução deverá ser encontrada.Primeiro, deve-se encontrar a solução da equação homogênea mx&&+kx=0 que já foi resolvida no ex. 1. A solução da equação homogênea é:
( )
t C cos( )
t C sen( )
txh = 1 km⋅ + 2 km⋅ .
Para encontrar a solução particular para a equação não-homogênea, é necessário utilizar o método dos coeficientes a determinar.
Como f
( )
t = F cos(
km ⋅t)
, a solução particular deve ser xp( )
t =Acos(
km⋅t)
+Bsen(
km⋅t)
, ondeA e B são os coeficientes a determinar.
Entretanto, nota-se que a função f(t) faz parte da solução da equação homogênea. Então é necessário multiplicar as funções que podem ser solução da equação não-homogênea por t. Portanto:
-0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 t (s ) x (t ) (m)
Diagrama de corpo livre k m x f(t) m kx x f(t)
( )
t Atcos(
t)
Btsen(
t)
xp = km⋅ + km⋅
( )
t Acos(
t)
A tsen(
t)
Bsen(
t)
B tcos(
t)
x&p = km⋅ − km⋅ km⋅ + km⋅ + km⋅ km⋅ ou
( )
t Acos(
t)
Bsen(
t)
A tsen(
t)
B tcos(
t)
x&p = km⋅ + km⋅ − km⋅ km⋅ + km⋅ km⋅
( )
t A sen(
t)
B cos(
t)
A tcos(
t)
B tsen(
t)
x&p =−2 km km⋅ +2 km km⋅ − km⋅ km⋅ − km⋅ km⋅
&
Substituindo na equação diferencial:
(
)
(
)
(
)
(
)
[
]
(
)
(
)
[
Atcos t Btsen t]
Fcos(
t)
k t sen t B t cos t A t cos B t sen A m m k m k m k m k m k m k m k m k m k m k m k ⋅ = ⋅ + ⋅ + + ⋅ ⋅ − ⋅ ⋅ − ⋅ + ⋅ −2 2
(
)
(
)
[
A sen t B cos t]
Fcos(
t)
m−2 km km⋅ +2 km km⋅ = km⋅ . E retira-se: 0 = A e km F B 2 = .
A solução geral da equação é:
( )
( )
( )
( )
( )
tsen(
t)
km F t sen C t cos C t x t x t x = h + p = km⋅ + km⋅ + km⋅ 2 2 1Note que a resposta possui uma função seno multiplicada pelo tempo t, ou seja, a resposta será crescente e tenderá ao infinito. Este fenômeno é conhecido como ressonância. A Figura 3.4 mostra a resposta do sistema.
Figura 3.4 – Oscilação forçada de um sistema não amortecido (ressonância)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 t (s ) x (t ) (m)
4) Circuito RL
Considere um circuito elétrico resistor-indutor (RL) e se quer determinar a corrente elétrica em um dado instante de tempo. É necessário conhecer a equação diferencial que rege o comportamento da corrente elétrica com o tempo.
Onde:
- E é a diferença de potencial da fonte de energia elétrica e sua unidade é o Volt (V);
- R é a resistência elétrica do elemento resistor e sua unidade é o Ohm (Ω); - L é a indutância do elemento indutor e sua unidade é o Henry (H);
- I é a corrente elétrica que passa pelo circuito e sua unidade é o Ampère (A).
Através de experiências, as seguintes leis foram observadas:
a) a diferença de potencial entre as extremidades de um resistor é proporcional à corrente elétrica que passa por este resistor ⇒ER =R⋅I (lei de Ohm);
b) a diferença de potencial entre as extremidades de um indutor é proporcional à taxa de variação da corrente elétrica que passa por este indutor ⇒
dt dI L
EL = ⋅ (para haver coerência de unidades, o tempo é medido em segundos).
A equação diferencial da corrente elétrica que passa pelo circuito é obtida utilizando a segunda lei de Kirchhoff: “A soma algébrica de todas as variações de tensão instantâneas em torno de
qualquer circuito fechado é nula”. Para o circuito RL: 0 = − −ER EL E ⇒ LI&+RI =E
( )
t .Se E(t) = E0 = constante, a solução da equação diferencial será:
( )
t L R Ke R E t I = 0 + − ⋅ .A Figura 3.5 mostra o comportamento da corrente elétrica com o tempo para o circuito RL com tensão constante.
L R
E I
Figura 3.5 – Corrente elétrica em um circuito RL com E constante
Se E
( )
t =E0sen( )
ω
⋅t , uma função seno (harmônica) de amplitude E0, a solução da equaçãodiferencial será:
( )
[
Rsen( )
t L( )
t]
L R E Ke t I Lt R ⋅ − ⋅ + + = − ⋅ω
ω
ω
ω
2 2 cos 2 0 .Que também pode ser escrita como:
( )
t =Ke− ⋅ +I sen(
ω
⋅t+φ
)
I Lt
R
0 ,
onde
φ
é o ângulo de fase entre a tensão e a corrente elétrica dado por − = R L tan a ω φ e I0 é aamplitude do termo harmônico da corrente elétrica e dada por
2 2 2 0 0 L R E I
ω
+ = .Note que o primeiro termo da solução é uma exponencial que se aproxima de zero à medida que o tempo tende para o infinito, ou seja, após um certo tempo, a corrente elétrica oscilará de maneira harmônica como a tensão, com amplitude I0. Entretanto, estará defasada de φ em relação à tensão, o que significa que no dado instante em que tensão estiver em seu valor máximo a corrente elétrica não estará em seu valor máximo e vice-versa.
Como o ângulo de fase φ será negativo, a corrente estará atrasada em relação à tensão, ou seja, o valor máximo da corrente elétrica ocorrerá depois que o valor máximo de tensão houver ocorrido. A Figura 3.6 mostra a representação da tensão e da corrente de um circuito RL em um plano complexo (ver cap. 0).
Figura 3.6 – Representação da tensão e da corrente elétrica no plano complexo
t (s ) I (t ) (A) E0/R ω.t φ I0 E0 Re Im
A Figura 3.7 mostra o comportamento da corrente elétrica com o tempo para o circuito RL com tensão harmônica.
Figura 3.7 – Corrente elétrica em um circuito RL com E harmônica
5) Circuito RC
Considere um circuito elétrico resistor-capacitor (RC) e se quer determinar a corrente elétrica em um dado instante de tempo. Do mesmo modo que o circuito RL, é necessário conhecer a equação diferencial que rege o comportamento da corrente elétrica com o tempo.
Onde:
- C é a capacitância do elemento capacitor e sua unidade é o Farad (F);
- os outros parâmetros são os mesmos definidos para o circuito RL.
Como foi dito no circuito RL, através de experiências, a seguinte lei foi observada:
a) a diferença de potencial entre as extremidades de um capacitor é proporcional ao valor da carga elétrica instantânea Q, cuja unidade é o Coulomb (C), armazenada no condensador
⇒
C Q EC = .
Além disso, sabe-se que a intensidade da corrente que atravessa um capacitor é igual a variação da carga elétrica Q em relação ao tempo, ou seja,
dt dQ I = . C R E I t (s ) I (t ) (A) E0/R
Pela segunda lei de Kirchhoff, para o circuito RC: 0 = − −ER EC E ⇒ E
( )
t C Q RI+ = .Mas: Q=
∫
Idt ⇒ Q& =I.Derivando a equação E
( )
t C Q RI+ = em relação ao tempo: E( )
t C Q IR&+ & = & .
Então, a equação diferencial que rege a corrente que passa por um circuito elétrico RC é dada por:
( )
t E I C I R&+ 1 = & .A solução geral desta equação é:
( )
+ = − ⋅∫
⋅ dt K dt dE e R e t I RCt RCt 1 1 1 . Se E(t) = E0 = constante, =0 dt dEe a solução da equação diferencial será:
( )
t RC Ke t I = − ⋅ 1 .A Figura 3.8 mostra o comportamento da corrente elétrica com o tempo para o circuito RC com energia constante.
Figura 3.8 – Corrente elétrica em um circuito RC com E constante
6) Circuito RLC
Considere um circuito elétrico resistor-indutor-capacitor (RLC) e se quer determinar a corrente elétrica em um dado instante de tempo. Do mesmo modo que os circuitos anteriores, é necessário conhecer a equação diferencial que rege o comportamento da corrente elétrica com o tempo.
t (s ) I (t ) (A)
Pela segunda lei de Kirchhoff, para o circuito RLC: 0 = − − −ER EL EC E ⇒ E
( )
t C Q RI I L&+ + = .Mas: Q=
∫
Idt ⇒ Q& =I.Derivando a equação E
( )
t CQ RI I
L&+ + = em relação ao tempo: E
( )
tC Q I R I
L&&+ &+ & = & .
Então, a equação diferencial que rege a corrente que passa por um circuito elétrico RLC é dada por:
( )
t E I C I R IL&&+ &+ 1 = & .
Ou na sua forma canônica (dividindo por L):
( )
L t E I LC I L RI& & &
& + + 1 = .
As raízes da equação característica 2+ + 1 =0
LC L Rλ λ são: L C L R R ⋅ ⋅ ⋅ − + − = 2 1 4 2 1
λ
e L C L R R ⋅ ⋅ ⋅ − − − = 2 1 4 2 2λ
.A solução geral da equação homogênea associada é:
( )
t t h t Ce C e I 1 2 2 1 λ λ + = .Como já foi visto, haverá 3 casos distintos de resposta dependendo do valor de
C L
R2 −4⋅ . Se for maior que zero, haverá 2 raízes reais, ser for igual a zero, as raízes serão iguais e se for menor que zero haverá 2 raízes complexas. Neste último caso, a solução será harmônica.
L R
E I
Suponha que as raízes sejam complexas, ou seja,
C L
R2 < 4 . Neste caso, a solução da homogênea será:
( )
t e[
C( )
t C sen( )
t]
I Lt R h 1β
2β
2 cos + = − , onde L R C L 2 4 − 2 =β
.A solução particular Ip
( )
t será obtida utilizando um método, como o dos coeficientes a determinar e a solução geral será I( )
t =Ih( )
t +Ip( )
t , onde Ip(t) é conhecida como corrente estacionária.Se E(t) for uma função harmônica do tipo E
( )
t =E0sen( )
ω
t , E&( )
t =E0ωcos( )
ωt , obtém-se a solução particular da equação diferencial utilizando o método dos coeficientes a determinar e será do tipo Ip( )
t = Asen( )
ωt +Bcos( )
ωt , onde as constantes serão determinadas através da substituição da solução e suas derivadas na equação diferencial.As derivadas de Ip(t) são:
( )
t A cos( )
t B sen( )
tI&p =
ω
ω
−ω
ω
e I&&p( )
t =−Aω
2sen( )
ω
t −Bω
2cos( )
ω
t . Substituindo na equação diferencial:( )
( )
[
]
[
( )
( )
]
[
( )
( )
]
( )
t cos E t cos B t sen A C t sen B t cos A R t cos B t sen A L ω ω ω ω ω ω ω ω ω ω ω ω 0 2 2 1 = = + + − + − −( )
cos( )
t E cos( )
t C B AR L B t sen C A BR L A ω ω ω ω ω ω ω = 0 − + + + − − + , e tira-se que: = − + = − − 0 1 0 1 E L C B AR BR L C A ω ω ω ω . E os valores de A e B serão: 2 2 0 1 − + = L C R R E Aω
ω
e 2 2 0 1 1 − + − = L C R L C E Bω
ω
ω
ω
( )
( )
cos( )
t L C R L C E t sen L C R R E t Ipω
ω
ω
ω
ω
ω
ω
2 2 0 2 2 0 1 1 1 − + − + − + = . Ou Ip( )
t =I0sen(
ωt+φ)
, Onde Z E I 0 0 = , − − = R L C tan aω
ω
φ
1 e 2 2 1 − + = L C R Zω
ω
é chamada de impedância.A solução geral da equação será:
( )
t =e−[
C( )
β
t +C sen( )
β
t]
+I sen(
ω
t+φ
)
I Lt R 0 2 1 2 cos . Notar que:i. se
ω
=β
, a solução particular estará contida na solução da homogênea e, portanto, a primeira será dependente da segunda. Neste caso, as funções seno e cosseno da solução particular deverão ser multiplicadas pelo tempo para se obter uma solução independente da solução da homogênea;ii. na solução da homogênea, a função exponencial faz com que ela se aproxime de zero quando t→∞. Então, I(t), chamada de corrente transiente, tende para a estacionária Ip(t).
No PVI de um circuito RLC, as condições iniciais são a corrente elétrica e a carga elétrica no capacitor. Considerando o instante inicial como nulo, pode-se mostrar que a derivada da corrente elétrica em t = 0 será dada por:
( ) ( )
( ) ( )
LC Q I L R L E I&0 = 0 − 0 − 0 , onde LC ≠ 0.Para encontrar esta expressão, basta utilizar a equação obtida com a segunda lei de Kirchhoff
( )
t E C Q RI I L&+ + = e fazer t = 0.A Figura 3.9 mostra o comportamento da corrente elétrica com o tempo para o circuito RLC com tensão harmônica E
( )
t =E0sen( )
ω
t , corrente inicial nula e carga inicial nula no capacitor.Figura 3.9 – Corrente elétrica em um circuito RLC com E harmônica
t (s ) I (t ) (A)