• Nenhum resultado encontrado

Alunos Monitores: uma Ação Extensionista em Análise 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Alunos Monitores: uma Ação Extensionista em Análise 1"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Alunos Monitores: uma Ação Extensionista em Análise1

Elias Rodrigues de Oliveira, Prof. Orientador – DAE/UFLA, Dr. em

Administração,eliasdae@ufla.br ; Guilherme Antônio Canestri , 7º módulo de Agronomia/UFLA,

guilhermecanestri@hotmail.com; Mbatuya Medina, 7 º módulo de Agronomia/UFLA,

mbatmed@hotmail.com; Daniela Andrade, 3º módulo de Agronomia /UFLA,

danielagirl2@yahoo.com.br; Bruno Vilela Oliveira, 4º módulo de Engenharia Florestal/UFLA,

pirigatocoq@hotmail.com. Área: Educação

Palavras-chave: extensão universitária; educação; qualificação profissional.

1 – Introdução

A sociedade avança nas demandas e fomenta as descobertas para esse atendimento. Mas não basta somente pesquisar, há que chegar para a sociedade os resultados das pesquisas. Nesse ponto fecha o ciclo da espiral ensino, pesquisa e extensão. Espiral porque ao partir de um ponto no ciclo traduzido pelo ponto de partida em termos de uma dada realidade, na mudança oriunda da aplicação da ciência ou pelo conhecimento popular o conjunto das coisas e fenômenos por seu dinamismo já não opera ou existe no mesmo ciclo, já ocupa outro nível superior, nesse aspecto não se considera o recrudescimento em absoluto, tomado o conjunto da obra humana. Claro que o repensar e decidir sobre a não repetição de erros é imperativo ao desenvolvimento humano e social.

O fazer, portanto, envolve a decisão que por sua vez contém o impulso do aprendizado, o que aconteceu e o do presente, levando-se em conta que ambos impulsionam o novo. Daí os insights com que pesquisadores, sejam populares ou das universidades ou centros de pesquisa, se debruçam na lida diuturna por descobrir novas formas e fórmulas, modelos, produtos, conceitos, enfim, algo novo para substituir ou integrar o rol de atendimento das necessidades humanas, rompendo paradigmas. Tomando o caso de uma ação deste rol, considerar-se-á tudo feito, mas não acabado, pois falta a prova, o uso, a consolidação pela sociedade do conhecimento gerado. Contribuição nesse sentido presta os serviços de extensão, em particular a extensão universitária,

1 Este trabalho é parte derivado do projeto intitulado “Galpão Cidadão: potencializando Jovens e Adultos para o Emprego, Renda e Cidadania na Horticultura Familiar e Informática Básica”, financiado pela Petrobras, Programa Desenvolvimento & Cidadania, realizado pela Universidade Federal de Lavras em parceira com a Fundação Pe. Dehon, na cidade de Lavras-MG.

(2)

fechando um ciclo na espiral e concomitante abrindo-se um novo pelo que pode suscitar de novas pesquisas e estudos e um novo ensinar, pesquisar e testar se origina, e “assim caminha a humanidade”.

Nesse contexto o presente trabalho tem como objetivo analisar a participação de estudantes monitores no desenvolvimento das ações propostas no projeto “Galpão Cidadão”, conhecendo a opinião dos participantes dos cursos realizados no projeto, quanto ao desempenho dos acadêmicos monitores. Além disso, procurar-se-á identificar a contribuição do trabalho realizado pelos acadêmicos monitores na respectiva formação profissional.

2 – Alguns conceitos de extensão universitária

O conceito de extensão universitária exprime uma das ações que custeiam a missão da universidade que é a de contribuir com o processo de desenvolvimento humano, econômico, social e cultural do país. Isto não se dará sem o ensino e a pesquisa. Não basta ensinar pura e simplesmente. A universidade tem que pesquisar, pois o conhecimento não é estanque assim como a vida não o é.

A extensão universitária compreende o processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade. Corrêa (2003) pondera acerca desse conceito de extensão associando-o cassociando-om algumas diretrizes que passociando-odem ser agrupadas, didaticamente em quatrassociando-o perspectivas segundo as quais toda e qualquer ação de extensão deve ser orientada: a) a relação social de impacto, que deve ser transformadora; b) a bilateralidade, onde se aplica metodologias participativas e realiza uma troca de saberes; c) a interdisciplinaridade, que auxilia no desenvolvimento das relações interpessoais; e d) a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão que reafirma a extensão como processo acadêmico e lhe justifica o adjetivo universitária.

Na universidade, tomando o seu sentido plural seria inconcebível para o exercício profissional competente e alinhado com o que a sociedade demanda em termos de atendimento, formação de técnicos nas diversas áreas do conhecimento, sem a vivência do extensionismo. Como dito anteriormente, nessa etapa o ensino e a pesquisa já estão imbricados como parte indissociável, completando-se, portanto, o tripé básico da universidade com a ação extensionista em execução. Daí não ser oneroso compreender o sentido da indissociabilidade entre ensino,

(3)

pesquisa e extensão. Como pondera Gurgel (1986), por meio da extensão, a universidade tem a oportunidade de levar e compartilhar com a comunidade, os conhecimentos novos, frutos da pesquisa, e trabalhados na formação acadêmica, com o ensino. Assim, o conhecimento não se traduz em privilégio apenas da minoria que é aprovada no vestibular, mas também o é, ou deve ser pela comunidade.

Uma vez assumido, o compromisso social da universidade converte-se em aprendizagem permanente, indispensável para realimentar o ensino e a pesquisa e, então, assegurar a formação de profissionais com uma nova mentalidade em relação a sua responsabilidade social (CALDERÓN et. al 2002). Resta, contudo, a ultrapassagem da barreira entre a universidade e a comunidade, e isto se dá quando aquela vai até esta, ou por vezes, quando recebe membros da comunidade em seu campus, prestando-lhes serviços, assistência, auxiliando na solução aos problemas e suprindo as necessidades.

A estrada do conhecimento tem na sua dinâmica a possibilidade de ir e vir, ou seja, é de mão dupla, posto que nas atividades de extensão universitária se preconiza uma troca de saberes, em que a universidade também aprende com a própria comunidade sobre seus valores e cultura, não sendo apenas uma ação de caráter assistencialista. Como assevera Silva (1997) a universidade, no diálogo, por meio da extensão universitária, influencia e é influenciada pela comunidade. Esse caráter segue as premissas da educação proposta por FREIRE (1981; 1987).

Nesse processo, a universidade pode e deve, coletar dados e informações, realizar estudos e pesquisas, tudo com o nobre objetivo de bem servir à comunidade, que afinal de contas a supre, de forma direta ou indireta, qual seja ela privada ou pública.

Nesse sentido a atuação das universidades em benefício da sociedade se faz confirmar no que ela realiza em termos de formar e capacitar pessoas, incentivar a produção, catalogar e registrar o conhecimento e no apoio constante ao desenvolvimento de pesquisas e atividades de extensão (SILVA, 1995). Tudo isto em prática, sem dúvida alguma, agrega desenvolvimento ao país como um todo.

3 – Principais resultados

A ação extensionista, objeto deste trabalho diz respeito à realização do projeto “Galpão Cidadão: potencializando jovens e adultos para o emprego, renda e cidadania na horticultura familiar e informática básica”. Tal projeto é uma parceria desenvolvida entre a Universidade

(4)

Federal de Lavras e a Fundação Padre Dehon e outras instituições, com o apoio da Petrobras no Programa Desenvolvimento & Cidadania.

Desenvolvido na cidade de Lavras, sul de Minas Gerais o projeto Galpão Cidadão contempla duas ações de capacitação voltadas para a população carente desta cidade. Essas capacitações são na forma de cursos teóricos e práticos em horticultura doméstica e informática básica, ministrados por estudantes da UFLA, na condição de monitores.

A atuação dos monitores teve início com uma capacitação para nivelamento dos mesmos em trabalhos comunitários, por meio de oficinas desenvolvidas com metodologia participativa.

Após toda ação de preparação dos monitores, pelos professores coordenadores do projeto, os mesmos tiveram contato com a realidade dos futuros capacitandos, quando das visitas às respectivas residências, num trabalho de divulgação e mobilização para a participação nos cursos. Um detalhe importante, é que tais cursos não têm custo algum para os interessados em fazê-los. Nas visitas foi aplicado um questionário estruturado para diagnosticar o perfil socioeconômico das pessoas interessadas em participarem de tais cursos, privilegiando aquelas pessoas com maior nível de carência.

Selecionadas os participantes foram então iniciados os cursos. Este trabalho apresenta o resultado da participação dos monitores nesta etapa do projeto. São eles em número de quinze, sendo nove homens e seis mulheres, estudantes dos seguintes cursos: 7 (sete) de Agronomia; 6 (seis) do curso de Ciência da Computação; 1 (um) do curso de Engenharia Florestal e 1 (um) de Sistema de Informação.

Foram então aplicados questionários semiestruturados junto aos acadêmicos monitores, responsáveis pela ministração dos cursos de informática básica e de horticultura oferecidos no projeto, buscando levantar opiniões sobre a contribuição do projeto na formação profissional. Os dados e opiniões levantados são apresentados abaixo.

Questionados sobre o número de atividades de extensão que já participaram como estudantes da UFLA, 12 dos monitores, correspondendo a 80%, responderam que esta é a primeira vez que participam de algum trabalho de extensão (Tabela 1).

(5)

Tabela 1: Número de atividades de extensão que os monitores participaram como estudantes da

UFLA, incluindo a do Projeto Galpão Cidadão.

Nº de atividades

Quantidade de

monitores Percentual

a) Apenas desta, como monitor no projeto

Galpão Cidadão 12 80,00 b) De apenas duas 1 6,67 c) De três 1 6,67 d) De quatro 0 0,00 e) De mais de quatro 1 6,67 Total 15 100,00

Sobre o grau de importância que os monitores atribuíram à participação em atividades de

extensão para o desenvolvimento profissional, oito consideram muito importante e sete consideram como importante (Tabela 2).

Tabela 2: Grau de importância atribuída pelos monitores à participação em atividades de

extensão.

Grau de importância atribuída

Quantidade de monitores Percentual a)Muito importante 8 53,33 b)Importante 7 46,67 c) Indiferente 0 0,00 d) Pouco importante 0 0,00

e) Sem importância alguma 0 0,00

Total 15 100,00

Estes dados refletem o juízo de valor que esses estudantes fazem da participação em atividades de extensão na atuação profissional, o que indica ser importante estratégia da universidade na preparação dos seus alunos para o enfrentamento dos desafios como profissionais.

Os monitores que atuam no projeto são todos jovens, sendo aproximadamente 40% com idade até 20 anos, o que reflete o perfil jovem de entrada nas universidades (Tabela 3).

(6)

Tabela 3: Idade dos monitores participantes no Projeto Galpão Cidadão.

Idade dos monitores (anos) Quantidade de monitores Percentual

18 1 6,67 19 2 13,33 20 3 20,00 21 3 20,00 22 2 13,33 23 2 13,33 24 1 6,67 25 1 6,67 Total 15 100,00

Considerando que os cursos de graduação da UFLA têm duração entre 4 (oito períodos) e 5 anos (dez períodos), a maioria dos monitores estão até a metade dos respectivos cursos, sendo 6 deles (40%) no 5º período (Tabela 4). Isto reflete que, apesar de muito conteúdo ainda terem que cursar, ao assumirem a responsabilidade como monitor já demonstram maturidade e responsabilidade com o futuro profissional.

Tabela 4: Período do curso dos monitores participantes no Projeto Galpão Cidadão.

Período Quantidade de monitores Percentual 3º 4 26,67 4º 1 6,67 5º 6 40,00 7º 2 13,33 9º 1 6,67 10º 1 6,67 Total 15 100,00

Por fim, ao serem arguidos sobre qual a mudança na perspectiva profissional os monitores destacariam após participarem do projeto Galpão Cidadão como monitores, estes responderam, entre outros, maior interesse na área de extensão, educação e projetos sociais (13,33%); maior prática com relacionamentos entre eu e diferentes públicos e melhoria do currículo com projetos

(7)

sociais (13,33%); e maior prática com relacionamentos entre eu e diferentes públicos (20%); e interesse em dar aulas (20%) (Tabela 5).

Tabela 5: Qual a mudança na perspectiva profissional dos monitores após a participação no

projeto Galpão Cidadão.

Mudança na perspectiva profissional

Quantidade de

monitores Percentual

Ainda estou mudando, destacaria a

observação. 1 6,67

Enxerguei uma via diferente, onde lidar com pessoas significa satisfação profissional e pessoal. E que ajudando pessoas a superarem suas limitações, também dou um passo à superação das minhas.

1 6,67

Maior interesse na área de extensão,

educação e projetos sociais. 2 13,33

Maior prática com relacionamentos entre eu e diferentes públicos e melhoria do currículo com projetos sociais.

2 13,33

Maior prática com relacionamentos entre eu e

diferentes públicos. 3 20,00

Me interessei em dar aulas 3 20,00

Nenhuma. 2 13,33

Pude ver a complexidade de um projeto abrangente, por ter que lidar com muitas pessoas.

1 6,67

(8)

4 – Considerações finais

Este trabalho apresentou de forma breve uma ação extensionista desenvolvida na Universidade Federal de Lavras, envolvendo alunos de graduação atuando como monitores ministrando cursos de capacitação em horticultura doméstica e informática básica, junto a pessoas jovens e adultas com perfil de carência financeira, residentes em Lavras, Minas Gerais.

Pelo relato dos monitores pode-se afirmar que tal iniciativa coloca a universidade em destaque não porque ela esteja fazendo algo “fora do comum”, mas sim por estar cumprindo seu papel fundamental alicerçado no tripé ensino-pesquisa-extensão, mesmo que por meio de uma experiência pequena em termos geográficos de alcance, mas com certeza de grande vulto pelos resultados acadêmicos e sociais.

Referências Bibliográficas:

CALDERÓN, Adolfo Ignácio; SAMPAIO, Helena; BONFIM, Antônia Célia Barros Lins (Org.) et al. Extensão universitária: ação comunitária em universidades brasileiras. São Paulo: Olho d'Água, 2002. 127 p. ISBN 85-85428-86-4.

CORRÊA, E. J. Extensão universitária, política institucional e inclusão social. Revista brasileira

de extensão universitária, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 12-15, jul-dez 2003.

FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GURGEL, R. M. Extensão universitária: comunicação ou domesticação. Considerações sobre o conceito de extensão universitária. São Paulo: Cortez, 1986. 182p.

SILVA, Uiara Maria da. Extensão universitária: a interação do conhecimento na Semana do Fazendeiro - UFV. 1995 - 199 p.

SILVA, O. D. da. O que é extensão universitária? Revista Integração

Referências

Documentos relacionados

There are no studies in the literature investigating the expression of proinflammatory (IFN-γ, TNF-α, IL-17A) and anti- inflammatory (IL-4, IL-10) cytokines in serum of patients with

(poderei dizer "inti- mas"?) que fixam o instante da renovação, esclarecendo certo equivoco que perdura ainda entre os não muito fa- miliares com o movimento de 1922. Ora,

Using the method of partial waves, our main goal is to determine the differential cross section of the global monopole as a function of the boundary condition parameter β..

O sexto capítulo foi intitulado “Histologia de fígado, rim e baço de Piaractus mesopotamicus, Prochilodus lineatus e Pseudoplatystoma fasciatum do rio Aquidauana, Pantanal Sul” e

vermes só come, sua comida (batata) quando tem não. suas gentes com mora. suas gentes roçado fizeram, milho plantaram já. a velha desdentada, assim fazia, comida dura comer pode

A Faculdade de estudos avançados do Pará (FEAPA) foi a quarta IES analisada, apresenta em seu projeto de curso o ensino do empreendedorismo, também na sua matriz curricular

Portanto, este é o principal motivo pelo qual estas duas bases de dados foram trabalhadas: a base de dados do Titanic, por ser amplamente conhecida e estudada por diversos

12.1 - Na apreciação das propostas para efeitos de adjudicação, ter-se-á em conta o critério da proposta economicamente mais vantajosa, resultante da aplicação