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CROS E COMITÉS DE RISCO: FUNÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SISTEMA DE CORPORATE GOVERNANCE

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27 setembro 2016 | Lisboa

XV CONFERÊNCIA SOBRE

AUDITORIA, RISCO E GOVERNANCE A Governance de Risco

FUNÇÃO E INTEGRAÇÃO NO SISTEMA DE

CORPORATE GOVERNANCE

Paulo Câmara  Managing Partner | Sérvulo & Associados 27 de setembro 2016 | Lisboa

(2)

RISCO E OS PRINCÍPIOS GERAIS DO SISTEMA DE GOVERNAÇÃO DE

BANCOS

O tema do risco atravessa transversalmente a estrutura de governação

dos bancos e implica um sistema de distribuição de poderes e de

responsabilidades entre os órgãos de administração e de

fiscalização, o CRO e o comité de riscos que será aqui analisado.

O percurso aqui trilhado parte da premissa de que

a Governação do risco se submete aos princípios gerais do sistema de Governação de Bancos

e procura retirar daí implicações.

(3)

OS PRINCÍPIOS GERAIS DO SISTEMA DE GOVERNAÇÃO DE BANCOS

QUADRO GERAL DE PRINCÍPIOS

Neste âmbito, adquire prioridade a compreensão dos seguintes princípios fundamentais, abaixo densificados:

‐ Princípio de efetividade;

‐ Princípio de proporcionalidade;

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I O PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE

Este princípio impõe uma real adoção dos documentos societários atinentes à governação – estatutos, manuais de procedimentos, políticas e regulamentos internos – e uma adesão permanente em relação ao respetivo conteúdo.

Todos os documentos internos relacionados com a governação devem ser observados na prática, a todo o tempo, pelas comissões e pelos órgãos societários, pelos seus membros e pelos colaboradores dos bancos.

Dito de outro modo, impõe-se uma congruência entre os procedimentos aprovados e as práticas adotadas em matéria de governação.

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IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE NA ÁREA DO RISCO

Princípio de efetividade determina deveres para o Conselho de

Administração:

a) Estabelecimento de uma função de gestão de riscos independente

das funções operacionais e dotada de recursos adequados

b) Aprovação e revisão periódica das estratégias e políticas relativas à assunção, gestão, controlo e redução dos riscos a que a instituição de crédito está ou possa vir a estar sujeita, incluindo os resultantes da conjuntura macroeconómica em que atua, atendendo à fase do ciclo económico;

c) Participação ativa na avaliação de ativos e na utilização de notações de risco externas e de modelos internos relacionados com esses riscos;

(6)

IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE NA ÁREA DO RISCO

Basle Principles:

The CRO should be independent and have duties distinct from other executive functions.

This requires the CRO to have access to any information necessary to perform his or her duties.

The CRO, however, should not have management or financial responsibility related to any operational business lines or revenue-generating functions, and there should be no “dual hatting” (ie the chief operating officer, CFO, chief auditor or other senior manager should in principle not also serve as the CRO).

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IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE NA ÁREA DO

RISCO

Princípio de efetividade determina

implicações para a conformação da

função de gestão de risco

:

• Deve garantir que todos os riscos materiais da instituição de crédito são identificados, avaliados e reportados adequadamente;

• Deve participar na definição da estratégia de risco da instituição de crédito;

• Deve participar nas decisões relativas à gestão de riscos materiais.

É importante a criação de grupos de

acompanhamento interno dos riscos.

(8)

IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE NA ÁREA DO

RISCO

Princípio de efetividade determina implicações para a conformação da

função de gestão de risco:

• Deve representar um apoio efetivo à administração, com grau de

independência interna, estatuto reconhecido, autoridade e recursos.

• Por este motivo, os seus responsáveis não devem depender

hierarquicamente de membros do órgão de administração com o pelouro de áreas fiscalizadas.

• Além disso, os membros do sistema de controlo interno devem ter um

acesso a informação necessária para o exercício das suas funções.

Ao órgão de fiscalização incumbe vigiar a eficácia do sistema de controlo interno.

(9)

IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE NA ÁREA DO

RISCO

Princípio de efetividade determina implicações para o responsável pela

função de gestão de riscos, que assume um estatuto diferenciado:

- Independênciaé atributo que ganha aqui redobrada intensidade - Exclusividadede funções impede dual-hatting

- Adequada integração no sistema de governo: CRO deve pertencer à direção de topo, salvo se a natureza, nível e complexidade das atividades da instituição de crédito não o justificarem, sendo neste caso a função desempenhada por um quadro superior da instituição de crédito, salvaguardando-se a inexistência de conflito de interesses.

CRO pode reportar diretamente ao órgão de fiscalização e não pode ser destituído sem aprovação prévia do mesmo.

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IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE NA ÁREA DO

RISCO

Princípio de efetividade determinadeveres para o Comité de Riscos:

a) Aconselhamento ao órgão de administração sobre a apetência para o risco e a estratégia de risco gerais, atuais e futuras, da instituição de crédito;

b) Apoio ao órgão de administração na supervisão da execução da estratégia de risco da instituição de crédito pela direção de topo;

c) Análise das condições dos produtos e serviços oferecidos aos clientes para verificar se têm em consideração o modelo de negócio e a estratégia de risco da instituição de crédito e apresentação ao órgão de administração de um plano de correção, quando daquela análise resulte que as referidas condições não refletem adequadamente os riscos;

d) Exame aos incentivos estabelecidos na política de remuneração da instituição de crédito para verificar se têm em consideração o risco, o capital, a liquidez e as expectativas quanto aos resultados.

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IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE EFETIVIDADE NA ÁREA DO RISCO

Princípio de efetividade determina dependência profunda em relação à

cultura organizativa de cada instituição de crédito em relação ao risco. Aspetos relevantes, para este efeito, da cultura de um banco são os relativos

ao:

‐ empoderamento interno das funções de fiscalização e de controlo

interno;

‐ rigor na aplicação das regras de adequação aos responsáveis pela

área de risco e ao CRO;

‐ ao grau de transparência interna e à circulação interna de

informação;

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II PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

O princípio daproporcionalidade opera em dois fundamentais sentidos:

 De um lado, em sentido positivo, a proporcionalidade tem como

corolário a adequação das soluções em cada momento impostas na governação.

Tal determina que as regras internas de governação devem revestir o caráter necessário e suficiente para lidar com os riscos de cada banco.

Quanto maior a dimensão, a complexidade do negócio ou o nível de riscos dos bancos, maiores serão as exigências de governação.

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PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE (CONT.)

 De outro lado, este princípio comporta uma vertente simétrica que pode

ser expressa através da máxima dominante no âmbito do governo de sociedades (financeiras ou não - financeiras):one size does not fit all. O grau de exigência de soluções e de instrumentos de governação deve variar, em termos diretos, em função das necessidades concretas de cada banco – em razão da sua dimensão, dos riscos que o afetem, da complexidade da sua organização ou do seu modelo de negócio.

A generalização de padrões de conduta não pode desatender às especificidades das instituições destinatárias: a proporcionalidade opera, assim, como “válvula de segurança” a prevenir soluções excessivas.

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IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE PARA A

GOVERNAÇÃO DO RISCO

Princípio da proporcionalidade determina implicações para o

Conselho de Administração, que deve:

• Alocar recursos adequados à gestão dos riscos;

• Afetar tempo suficiente à análise das questões de risco.

A falta de recursos humanos e técnicos destas áreas pode constituir uma causa direta para um subaproveitamento (ou mesmo, no limite, um esvaziamento) das funções de gestão do risco.

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IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE PARA A

GOVERNAÇÃO DO RISCO

Obrigatoriedade do Comité de Riscos apenas para instituições de crédito de

larga dimensão.

Composição do Comité de Riscos: membros do órgão de administração que não

desempenhem funções executivas e que possuam conhecimentos,

competências e experiência adequados para poderem compreender inteiramente e monitorizar a estratégia de risco e a apetência pelo risco da instituição de crédito.

Nas IC que não sejam

significativas em termos de dimensão, organização

interna e natureza, âmbito e complexidade das suas atividades

, funções do Comité de Riscos podem ser exercidas pelo órgão de fiscalização, devendo os respetivos membros possuir os conhecimentos, as competências e a experiência necessárias para o exercício daquelas funções.

(16)

III PRINCÍPIO DE TRANSPARÊNCIA

A cuidadosa prestação de informação sobre riscos tem tanta importância como a sua exata avaliação.

Por esse motivo, os fluxos informativos sobre risco devem ser desenhados à escala interna e à escala externa – envolvendo aqui a comunicação com a autoridade competente e divulgação pública.

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PRINCÍPIO DE TRANSPARÊNCIA

No plano interno, devem ser impostos procedimentos adequados de

acesso à informação:

De um lado, devem ser definidos procedimentos internos de

comunicação com o órgão de administração;

De outro lado,

o órgão de fiscalização e o comité de riscos,

quando

este tenha sido constituído,

devem ter acesso às informações

sobre a situação de risco da instituição de crédito e, se necessário

e adequado, à função de gestão de risco da instituição de crédito

e

a aconselhamento especializado externo, cabendo-lhes determinar

a natureza, a quantidade, o formato e a frequência das

informações relativas a riscos que devam receber.

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IMPLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DE TRANSPARÊNCIA PARA A GOVERNAÇÃO DO RISCO

Vigora uma ampla rede de

deveres de informação

relacionados com a

governação bancária do risco:

Deve ser prestada informação sobre existência de comissão de

risco e sobre os fluxos de informação relacionados com o risco;

Política de avaliação de adequação de dirigentes;

Exclusividade de funções do CRO aferida pelo número de cargos

exercidos pelos membros do órgão de administração;

(19)

IV. CONCLUSÕES

A consolidação de uma

cultura de risco

na governação das instituições de

crédito constitui uma prioridade de primeira ordem.

O papel desempenhado pelo CRO e pelos membros do órgão de fiscalização e do Comité de Risco (quando este exista) é determinante.

Outros elementos do governo societário desempenham, por isso, uma função crítica: a

avaliação

dos administradores, o escrutínio permanente

sobre a

adequação

dos dirigentes e a

qualidade da informação

transmitida.

Quando estes elementos se encontram alinhados com o pleno aproveitamento dos princípios de governação temos condições para criar um sistema de governação de risco mais resiliente e desenvolvido.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PAULO CÂMARA et al., A Governação De Bancos Nos Sistemas Jurídicos

Lusófonos, ALMEDINA: GOVERNANCE LAB (2016)

PAULO CÂMARA et al, O Governo das Organizações, ALMEDINA: GOVERNANCE

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Lisboa, 27 de setembro 2016

Paulo Câmara

Referências

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