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II SEMINÁRIO TEMÁTICO DO GT DE EDUCAÇÃO POPULAR E SAÚDE DA ABRASCO

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Academic year: 2021

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05/02/2010

Painel Temático 7: Educação Popular e as múltiplas linguagens

Dialogista: Vera Dantas (SMS Fortaleza/CE)

O movimento da poesia É alegria Do conviver O movimento da poesia Alegremia Do Bem Viver

A Educação Popular trouxe para o campo da saúde coletiva a potência problematizadora, crítico reflexiva e emancipatória para as quais aponta sua proposta pedagógica. Ao mesmo tempo trouxe, a perspectiva de valorização do saber-de-experiência-feito dos sujeitos e coletivos e a proposta da amorosidade como princípio pedagógico. Ao incluir a amorosidade como princípio pedagógico, Paulo Freire nos convida a pensar sobre a importância dos afetos nos processos de aprender, ensinar e produzir conhecimentos. Corroborando com essa proposta de Freire, no século XVII Spinoza já nos dizia que o afeto possui sua potência de agir que se manifesta também no corpo; e afirmava que as ideias que nutrem esses afetos também possuem sua potência de ação. Para ele as paixões alegres nascem da compatibilidade entre suas causas exteriores e nosso mundo interno e aumentam nossa potência de agir e pensar, ao fortalecer o que chamou de “esforço de existir” ou conatus. Disse ainda que são fortes

II SEMINÁRIO TEMÁTICO DO

GT DE EDUCAÇÃO POPULAR

E SAÚDE DA ABRASCO

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os afetos nascidos das paixões alegres, a paixões alegres no interior das quais, fortalecido em nossa potência de existir, podemos passar à ação. Freire, em Pedagogia

da Autonomia, também reitera a alegria como componente fundamental da prática

educativa, apontando para uma relação entre esta e a esperança. Diz ele: (2000, p. 80): “Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A

esperança de que professor e aluno juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria.”

Essas reflexões iniciais nos ajudam a pensar como um percurso pedagógico pautado na educação popular podem incorporar o saber-de-experiência-feito dos sujeitos e coletivos com suas culturas, a perspectiva crítico-reflexiva e emancipatória decorrentes da problematização da realidade e a amorosidade e o diálogo como princípio.

As experiências que temos vivido no Brasil, na América Latina nos falam das possibilidades criativas de unir essas questões especialmente ao incorporar a arte e suas múltiplas linguagens. A arte como espaço de expressões múltiplas parece-nos despertar as paixões alegres a que se refere Spinoza. Situar a potência transformadora da arte nos conduz, pois, ao tensionamento entre arte e racionalidade; entre arte e ciência hoje e entre a arte no contexto da experiência formativa em saúde, do ponto de vista popular e os enfrentamentos com a ordem social maior. Aqui nos reportamos às indagações de Linhares (2003, p. 44) sobre a possibilidade de se falar de “uma educação política e estética que inclua um trabalho do conhecer a partir dos processos de pensamento que se usam em arte e que se vinculam estreitamente aos padrões do sentir humano.” Aqui se vê a prática artística conectar-se a uma matriz política, que não descola da ideia da arte como “padrões do sentir das culturas humanas”. (LINHARES, 2003, p. 44). Desse modo a Educação Popular em Saúde referencia a arte e a cultura como processo no qual as pessoas, os grupos e as classes populares expressam e simbolizam sua representação, recriação e reelaboração da realidade, inserindo-as em uma prática social libertadora, cujas expressões não se separam da vida cotidiana. Parece-nos que a arte em suas múltiplas linguagens nos traz a possibilidade de vivenciar um fazer em saúde, no qual o processo criativo que se instaura agrega outras dimensões que não só a racional, reconhecendo a estética popular capaz de produzir sentidos e sentimentos (BRASIL, 2013). Essa compreensão nos provoca a identificar espaços institucionais e comunitários como potenciais para a promoção da saúde, nos quais a arte, a cultura, em especial, o diálogo multicultural podem ser facilitadores dos processos educativos,

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mobilizatórios e participativos, contagiando os territórios com leveza e alegria, sem perder de vista a politicidade e a problematização. (BRASIL, 2014). Parece-nos que processos educativos permeados pela arte e a cultura popular nos ajudam a construir um olhar sobre a cultura respeitoso e comprometido com os modos de andar a vida das pessoas, com relações mais horizontais entre profissionais e as pessoas de modo geral.

Trazer a cena a reflexão sobre educação popular em seus diálogos com a arte, a cultura popular e suas múltiplas linguagens nos remete a buscar caminhos que incluam questões fundamentais que ancoram esse campo de conhecimento, falo da educação popular, que ousa abstrair da prática cotidiana as questões que vão permitir olhar criticamente sobre ela, problematiza-la e construir coletivamente atos de superação. Nos remete a falar de perspectiva popular.

Mas o que eu compreendo por perspectiva popular? O olhar dos atores e atrizes dos movimentos populares que protagonizam ações de transformação às situações-limite da sua realidade, sempre na perspectiva da emancipação; de um popular que se tece na busca de superação da consciência ingênua rumo ao inédito viável: como inacabamento, formação permanente que se constitui em determinados princípios e se orienta por uma ética que busca a justiça, a solidariedade nas relações e nas políticas. Que traz a tensão permanente entre ação política e o fortalecimento dos espaços organizativos que animam a luta popular em sua mediação com a esfera institucional. Buscamos o popular que, ao produzir atos-limite transformadores da realidade, atualiza sua potência criativa.

Assim, referendamos alguns elementos que considero fundamentais no contexto das experiências que temos vivenciado no Ceará e no Brasil como trilhas de educação popular e que têm sido base, esteio, para que essas histórias de luta e resistência se efetivem gerando discursos que não se expressam de forma fragmentada mas em sua inteireza, onde seres individuais e coletivos se expressam de forma polifônica em múltiplas linguagens. A arte para nós é um desses elementos. Quando pronunciamos arte falamos do olhar que traz também a estética popular que nos pergunta por dimensões da vida das comunidades. Arte como diálogo, “este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu”, já nos dizia Freire (2000, p. 154). Onde “o outro não se reduz a mero objeto de análise ou instrumentalização, mas como pleno sujeito, como voz a ser escutada” como nos falou Buber; como inacabamento, como devir de sujeitos que se transformam no processo, compreendo diálogo como relações entre interlocutores de uma ação histórica,

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compartilhada socialmente, destacando assim a natureza contextual da interação, no dizer de Bakhtin (2003). Por fim, para trazer uma fala cearense, falo de Ângela Linhares (2007) que nos traz um olhar sobre diálogo que inclui o saber como algo que é produzido por todo o corpo social e que cada pessoa recompõe quando aprende. Dessa forma a arte parece-nos se expressar nos contextos dos movimentos e práticas populares, como espaço de criação – transcendência, capaz de produzir sentidos e sentimentos, contribuindo para conformar as trilhas dos caminhos, dos atos que ultrapassam limites e transformam realidades. Nesses contextos a arte parece emergir não como veículo, instrumento apenas, mas como dimensão dos sujeitos que potencializa a dialogicidade capaz de realizar a suspensão crítica e criativa onde se promove a reflexão das ações.

Dessa forma trazemos referencias com a experiência das Cirandas da Vida no período de 2005 a 2009 na qual buscamos capturar como as comunidades exprimiam sua história de luta, mediante as linguagens da arte como fertilizadora do princípio de comunidade; analisar como os atores populares se inseriam na formulação e implementação dessas políticas; compreender como os diferentes grupos geracionais expressavam suas leituras da realidade, no dialogismo vivido na gestão em saúde e analisar como as linguagens da arte contribuíam para a construção de atos limite como estratégias de superação das situações-limite. Dessa experiência pinçamos o vivido no mangue em Vila Velha- Fortaleza -CE, na qual a arte como potência de humanidade e devir social nos ajudou a pensar o cuidado com a vida das comunidades e desvelou o potencial de apreensão da arte como teia capaz de enlaçar a intersetorialidade em meio aos tensionamentos das políticas públicas locais. Nessa experiência vivida no mangue em Vila Velha, a arte nos ajudou a promover diálogos na prática de intersetorialidade e pareceu-nos trazer para a comunidade novas dimensões da luta popular, como a articulação de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas vividas do território como a saga da luta pela moradia daqueles que ocuparam o mangue. Revelou ainda como a ação ostensiva (e expulsiva) do Estado, no sentido de dar lugar a empreendimentos privados, de grandes empresas em detrimento da vida no território acirra as contradições de um modelo de desenvolvimento acumulador de riquezas.

Alteridade e Transformação: a arte como potência humana. Música maestro!

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Me meto no mangue Pra sobreviver Pra chegar aqui lutei Ah... lutei

Mais chegando lutando fiquei

Muitos caminhos percorri Mais aqui lugar achei Minha casa eu consegui O mangue chora E eu também

O mangue adoece E eu também Quem enfraquece

Quem nos adoece é o capital E a nossa alegria O que precisamos? Tecnologia! Como construir? Juntinhos faremos O mangue sorrir O peixe alimento Até o siri Adeus ao lamento A um tempo sangrento Chega de exclusão Chega de partida E de imposição A nossa poesia A nossa cultura E a nossa alegria Quem envivece Quem nos fortalece

É a nossa luta e organização

Não queremos a morte não Não queremos a morte não Queremos a vida

Também dessa experiência, o teatro fórum e a problematização da violência no contexto das mulheres em movimento na qual a reflexão sobre o cuidado com a vida nos revelou que não se tem ouvido o que a população tem a dizer sobre cuidado. A arte, nesse campo dos diálogos, mostrou seu o dialogismo e trouxe as subjetividades para tomar a cena junto às questões cotidianas resultando em uma espécie de ressemantização das discussões vividas e que tentam atos-limite (atos de transformação das situações-limite), que em sua polifonia pareceu-nos, também, apontar caminhos metodológicos de realizar a suspensão crítica e os ensaios de utopia necessários à problematização das situações-limite em seu exercício transformador. Ação de

subjetivação (e sujeitificação) que alcança as interferências no mundo público, em um

diálogo com dimensões cujos resultados, pode aflorar também de grupos pequenos e de ensaios de subjetivação, feitos com a reflexão sobre o feminino como pudemos ver na experiência com as Mulheres em Movimento no Conjunto Palmeira,Fortaleza – CE =, que, partindo de vivências com teatro fórum montaram um espetáculo problematizando a violência e referendando a importância de discutir a Lei Maria da Penha. Pareceu-nos que aquelas mulheres em movimento viveram, naquele processo criativo, o rompimento da cultura do silêncio gerando ações transformadoras, amparados na consciência de si trabalhada ao evocar os processos de violência vivenciados. A criação coletiva, o trabalho com jogos do Teatro do Oprimido facilitou a formulação coletiva, a confiança mútua entre as mulheres, e fortaleceu a dimensão do cuidado umas com as outras retomando questões subjetivas para problematizá-las e transfigurá-las. De um momento de frustração, como dimensão particular, individual, a situação transformada cena teatral, se generaliza e as atrizes que foram objeto de uma ação opressora, ousam instituir-se e protagonizar teatralmente a sua problematização, realizando um distanciamento crítico importante. Recorrendo a Fuganti (2009), pareceu-nos que aquele ato passou a atualizar

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sua potência como uma condição de acontecimento, de recriação das próprias condições da experiência real que atravessa necessariamente (e de um modo novo, com o teatro) o corpo e o pensamento. Os rituais do teatro-fórum foram ressemantizados pela inclusão das místicas características das CEBs e pelo que o grupo produzia como estética própria, ali buscada e encontrada, revista e ampliada a cada passo. A reflexão sobre os aprendizados constituídos na caminhada, a percepção das superações realizadas e o desejo de ser mais, de buscar horizontes cada vez mais amplos, parecia-nos um dos aspectos determinantes dessa experiência. A importância da dimensão comunicacional do espetáculo foi algo que consideramos necessário ressaltar e refletir: as mulheres se

viam sendo e falando de outro lugar. Referimo-nos à comunicação como ação que

implica interação social, convivência, criação e produção, com o outro, de novos saberes e formas de ser; ação que busca contribuir no enfrentamento dos problemas cotidianos e afirma a importância da experiência comunicativa dos saberes cotidianos e da cultura popular (MARTIN-BARBERO, 1998). Assim, parece-nos válido entrever, dos relatos dessa experiência, o potencial comunicativo da arte na historicização e estranhamento das situações vividas; ademais, parece que o potencial comunicativo da arte amplia o espaço de visibilidade do ser e de reconhecimento social – o que impulsionava as mulheres para um percurso emancipatório, onde se reconheciam como sujeitos da ação de transformação vivida e que, em suas notas musicais e teatrais não as acomoda, pelo contrário, as impulsiona a seguir rumo ao inédito viável.

São muitas experiências espalhadas pelo Brasil como práticas inovadoras fomentados pelas redes, pelos movimentos e articulações de educação popular entre as quais Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde (Aneps) e a ANEPOP que tem construído novos jeitos de fazer processos formativos e mobilizatórios como as Tendas Paulo Freire, as caravanas populares, o EdpopSUS e seus desdobramentos, nos quais se tem provocado o debate destacando o saber popular. Nas experiências cearenses e potiguares tem se destacado uma linguagem cunhada e criada por Ray Lima de cenopoesia. Para ele,

A cenopoesia nasce da necessidade que a própria arte contemporânea tem em dialogar e interagir com inteligência e respeito com as mais diversas formas de linguagens, com o outro, o que consideramos uma carência também humana. Podemos reconhecer que isto não vem de agora, senão de há muito tempo, embora só mais recentemente tenhamos tido a percepção mais clara de que, assim como um ser humano, uma linguagem artística, mesmo querendo eximir-se, precisa da interação com outras para se fortalecer e sustentar-se. E nisto ela acaba por se reconhecer como singular em sua forma particular de ser, sem anular seu potencial dialógico nem sua relação de autonomia e interdependência com o outro. Tampouco pode deixar de se permitir constantes relações com tudo aquilo que é ou se torna universal na velocidade e complexidade comuns em nosso tempo.

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Ray nos provoca a partir da cenopoesia refletir sobre a capacidade de sustentabilidade da arte em relacionar-se com o mundo sem desistir de sua singularidade. Nos convida ainda a romper com a ideia de relação como relação de troca, de mercado e compor uma ideia de polifonia como nos propõe Bahktin na qual as vozes dissonantes podem se harmonizar ao invés de apagar umas às outras buscando uma possibilidade de, ancorada na perspectiva da integralidade, e do diálogo, construir sua singularidade e identidade enquanto linguagem que incorpora poesia, teatralidade, musicalidade, cenicidade, plasticidade, reflexibilidade, pedagogicidade, educabilidade, etc. Diz ele:

Portanto, a cenopoesia quer ser esse lugar onde as linguagens podem se encontrar para transler-se, transmetamoforizar-se e transnavegar em outros territórios e universos da leitura e releitura; dos significados e das possíveis ressignificações do mundo sem sair de seus eixos de navegação. A mescla é o que a universaliza. E resguardar aspectos fundamentais de cada linguagem que a ela se soma, se une é o que a torna uma linguagem de força e graça, muito particular e especialmente atual.

A cenopoesia na educação popular em saúde vai se evidenciar especialmente a partir das Cirandas da Vida e foi por meio dos encontros e processos promovidos pelos coletivos de educação popular, se referendando em processos educativos formais e informais com suas múltiplas possibilidades e incorporado os repertórios humanos de seus atores e atrizes. Uma das experiências na qual a cenopoesia surge fortemente foi o Movimento Escambo Popular Livre de Rua, originário do RN e que há mais de duas décadas reexiste no contexto distante dos grandes centros do RN e CE, resistindo não apenas à seca mas também a outras espécies de estiagens como a espetacularização e mercantilização da arte, às dificuldades de acesso aos incentivos na cultura, à educação, à saúde, e outras políticas sociais ancorando-se em princípios e práticas como a solidariedade, amorosidade, criatividade, problematização, ação compartilhada, os que fazem esse movimento acreditam que é mergulhando em sua própria experiência buscando extrair dela o que há de substancial, de potência criativa e vital, bebendo nas fontes das culturas locais, dos mestres populares, fontes inesgotáveis de inspiração e saberes. Este movimento vem se constituindo como importante escola popular onde a linguagem “cenopoética” tem ocupado o centro das rodas parecendo revelar-se ao mesmo tempo como uma forma singular de produção artística onde dialogam diversas linguagens e também como estratégia educativa a partir da qual é possível refletir e problematizar a realidade, lançando mão de inumeráveis possibilidades de criação e expressão considerando as possibilidades do diálogo entre as linguagens sem que elas

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percam suas identidades estéticas, mas, ao mesmo tempo, produzindo outra que as contém.

Outra experiência a incorporar a cenopoesia em seu percurso foi o Espaço Ekobé que tem articulado práticas populares de cuidado, arte e educação popular estruturando ações de transformação a partir das potencialidades dos atores envolvidos e do agir solidário. A ação solidária e cooperativa é protagonizada por atores e atrizes populares, especialmente a partir do cuidado e tem desencadeado movimentos de aproximação com os conteúdos temáticos de disciplinas integrantes dos cursos da área da saúde na graduação e pós-graduação, bem como com processos de educação permanente desenvolvidos nos serviços de saúde de Fortaleza e movimentos populares. Parece-nos que, na experiência do Ekobé, a arte e as práticas populares de cuidado emergem como expressões singulares, criando zonas de contato para a efetivação do diálogo intercultural (Dantas, 2009) e para a construção de olhares sustentáveis para as diversas ações ali desenvolvidas. As linguagens da arte e cultura populares como repentes, cantigas permeiam as vivencias no espaço e visam propiciar o reconhecimento do jeito de fazer saúde acumulado tradicionalmente nas formas populares de cuidar, nomeadas como Práticas Populares de Cuidado. Ali fazemos corredores do cuidado, vivencias cenopoéticas, banho de som que ocorrem em momentos como acolhidas de estudantes, aulas de disciplinas da universidade e de processos formativos ofertados pelo Ekobé pautadas na educação popular e PICS. O Corredor do Cuidado é uma vivência cujo princípio é acolher e cuidar das pessoas do modo como desejariam ser cuidadas, para que, ao entrar naquele corredor humano possam perceber a importância do carinho, da amorosidade e do respeito com o outro. As vivencias do corredor têm agregado, cuidados ancestrais, onde ele ocorre e em geral se transforma em uma espiral para refletir sobre a relação s com o planeta e o universo. Desvela ainda outros desenhos do cuidar nos quais a arte e a cultura se incluem incorporando o saber de experiência feito dos partícipes como um saber construído na dimensão do vivido.

Parece-nos que o vivido no Ekobé revela polifonias, tendo como centralidade e princípio fundamental o cuidado, onde “cuidar do outro é cuidar de mim, cuidar de

mim é cuidar do mundo. Traz ainda experiências e contribuições das culturas locais

chamando a dimensão da integralidade tão realçada pela experiência popular, que vê os sujeitos em sua inteireza, com a sua subjetividade, espiritualidade, “artisticidade”, entre outras das diversas dimensões do viver humano, como lugar de produção de sentidos.

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Diante dessas possibilidades advindas de nossas experiências coletivas caberiam aqui alguns questionamentos para animar a nossa discussão:

➢ Qual o lugar da arte e suas múltiplas linguagens na educação popular em saúde? lugar de encontro do ser com suas múltiplas possibilidades criativo-inventivas? de ensinar e aprender, refletir e agir com e sobre o mundo?

➢ Sem respostas lanço outras perguntas em outras linguagens:

✓ Trabalhando em territórios onde pulsa vida, como aprender a dialogar, a interagir com os corpos, os desejos e as falas e compreender os não ditos da cultura popular?

✓ Como traçar caminhos de luta e compromisso que se orientem por princípios de justiça e equidade?

✓ Como construir polifonias necessárias para o esperançar? Como incluir a perspectiva popular?

✓ Qual o lugar donde falamos? Quais lunetas para olhar?

✓ Como não só elencar problemas, mas ajudar a promover reflexão?

✓ Como tecer possibilidades pra nossa emancipação?

✓ Como reencantar-se, reencantar e não ficar à mercê?

✓ Como encontrar pares para seguir, dançar, cirandar?

✓ Onde é possível despertar alegres paixões para a potencialização do ser, do existir?

✓ Como ser sonhação?

✓ Como criar, sorrir, cantar e incluir construindo polifonias,

Referências

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