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RELAÇÕES ENTRE CORPO E MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DA AUTOIMAGEM DE CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Academic year: 2021

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RELAÇÕES ENTRE CORPO E MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DA AUTOIMAGEM DE CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

JULIANA ALVES SORRILHA MONTEIRO JOÃO VITOR BARRETO LIMA1

SUSANA SELLES CHAVES2

SIMONE FREITAS CHAVES UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO,RJ, BRASIL

chavessimone@terra.com.br

O presente estudo visa analisar aspectos da construção da autoimagem em estudantes com idade média de 10 anos, buscando estabelecer relações entre as representações de corpo e a influência de um padrão circulante nas diferentes mídias, em particular nas revistas. A pesquisa, de natureza qualitativa, caracteriza-se como pesquisa ação: através da intervenção dos pesquisadores com a comunidade pretende-se ampliar o olhar e o nível de conhecimento sobre os fenômenos estudados. Entendemos o corpo como síntese do sujeito, produzido e significado a partir do simbolismo presente em uma sociedade, desta forma, o corpo cristaliza o imaginário social, provocando as práticas e as análises que continuam a explicar sua legitimidade, a provar de maneira incontestável sua realidade (LE BRETON, 2009). Partindo desta premissa, pretende-se promover uma compreensão crítica sobre a construção desta corporeidade na infância. A amostra deste estudo foi composta por 27 alunos, entre meninos e meninas, do quinto ano do ensino fundamental de uma escola pública do município do Rio de Janeiro. O material analisado foi produzido a partir de uma dinâmica em que se propôs às crianças que escolhessem, entre revistas de diferentes estilos, uma imagem em que elas identificassem semelhanças consigo ou que elas gostariam de ser. As escolhas nos apontam as projeções do grupo em torno de um ideal, em detrimento de traços de identificação com a realidade corporal. A projeção das crianças acompanha o modelo de beleza e juventude hegemônico nas revistas, apresentando-se para os meninos com um perfil atlético e para as meninas em mulheres magras, em ambos os casos de pele branca. O silenciamento de traços distintivos da aparência corporal característicos do grupo foi um dos aspectos mais relevantes observados que reforçam o discurso imagético hegemônico que circula nas mídias e a inculcação destes no imaginário social.

Esta pesquisa foi realizada em articulação ao Projeto de Extensão Corpos em Debate, desenvolvido em escolas públicas no primeiro segmento do ensino fundamental, cujo objetivo é compreender as representações construídas por crianças de diferentes grupos sociais sobre a condição da infância e as relações com novas formas de pensar e agir com o corpo nestes grupos. Para tanto, este estudo buscou analisar aspectos da construção da autoimagem de estudantes com idade entre 9 e 11 anos, estabelecendo relações entre as representações de corpo apresentadas por essas crianças e a influência de um padrão circulante nas mídias impressas (revistas).

A partir da necessidade de compreensão das representações do corpo construídas pelas crianças, caminhamos sob a perspectiva teórica do antropólogo e sociólogo David Le Breton (2010), onde a evidência material deste corpo nos faz acreditar em sua compreensão, contrária a sua realidade inapreensível. Para Le Breton (2009) a corporeidade é entendida

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como fenômeno social e cultural, envolvendo os simbolismos, as representações e os imaginários que tecem a “trama da vida cotidiana” (p.7), apontando possíveis mecanismos que influenciam o homem na produção de sentidos e na criação dos mais variados estereótipos sobre o corpo. Esses sentidos circundam o imaginário social de uma comunidade levando a aparência corporal a ganhar uma acepção qualitativa nestes grupos.

De acordo com Postman (1999), é pela a aparência que o homem passa a ser identificado, referindo-se à explosão de imagens veiculadas pelas mídias. A forma de se apresentar sob o olhar do outro, ganha significados que reforçam a padronização de determinados tipos de corpo, neste sentido, a rapidez com que circula um grande volume de imagens pode gerar a perda de criticidade sobre as mesmas (VILLAÇA, 2003). Este fato não se restringe ao universo adulto, Postman (1999) alerta que tanto o adulto de sessenta quanto a criança mais nova estão expostos ao mesmo estímulo e informação dos meios de comunicação, possibilitando a livre circulação desses padrões no imaginário infantil. Inserida nesse contexto, ela não compreende em sua totalidade e do mesmo modo que um adulto a imensa produção de sentidos que emanam dos discursos veiculados nas diferentes mídias, apropriando-se e incorporando um conjunto de mensagens, sobretudo ligadas a uma condição de infância e de corpo, que surgirão a seu tempo, em seu tempo em suas representações.

Este processo da produção, massificação e circulação de imagens com uma gama de estereótipos interfere, então, na construção da autoimagem das crianças. Destarte, procuramos entender a relação da influência da mídia nas representações de corpo de crianças com idade entre 9 e 11 anos, estudantes do quarto ano do ensino fundamental de uma escola municipal do Rio de Janeiro. A amostra contou com 27 estudantes, sendo 13 meninos e 14 meninas. A pesquisa, de natureza qualitativa, possui características da pesquisa ação, pois a partir da intervenção dos pesquisadores na comunidade estudada propõe-se a reflexão e compreensão das representações construídas por essas crianças, ampliando o grau de consciência do grupo sobre as mesmas (THIOLLENT, 2002).

A produção dos dados aqui analisados foi oriunda de uma dinâmica em que se propôs aos alunos que escolhessem, entre revistas de diferentes estilos, uma ou mais imagens em que eles identificassem semelhanças consigo ou o que eles gostariam de ser; a partir daí as escolhas foram apresentadas com as suas justificativas em folhas individuais, que serviram de instrumento para esta etapa da pesquisa. A partir da análise do material, somados às observações dos relatórios dos pesquisadores, discutiremos a seguir a regularidade de padrões de discursos das crianças estudadas.

Para uma compreensão do corpo contemporâneo

Segundo Le Breton (2010) não há uma definição, uma coerência de ideias relativas ao corpo

devido a sua natureza “inapreensível”, criada de acordo com a cultura de uma determinada sociedade. Entretanto as compreensões da corporeidade humana nas perspectivas social, cultural, simbólica, da representação e do imaginário levam-nos a refletir sobre essa tessitura gerada das relações corriqueiras à vida quotidiana que envolve a mediação do corpo, onde “os usos físicos do homem dependem de um conjunto de sistemas simbólicos” (2009; p.7). Esse simbolismo e o caráter eminentemente cultural permite ao homem reconhecer sua relação com o mundo baseado em um sistema de valores, ouçamos o autor:

O corpo é uma construção simbólica, não uma realidade em si. Donde a miríade de representações que procuram conferir-lhe um sentido, e seu caráter heteróclito, insólito, contraditório, de uma sociedade a outra. [...] O corpo parece evidente, mas, definitivamente, nada é mais inapreensível. (LE BRETON; 2009, p.18)

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Nas comunidades primitivas o corpo era parte de um todo coletivo e estabelecia relações de pertencimento com a natureza. O sujeito fundamentava suas ações e os acontecimentos cotidianos no cosmo e nas energias vindas dos elementos naturais ar, fogo, água e terra. No Ocidente as correntes mais aceitas são fundadas em um saber biomédico, que sustenta um pensamento anatômico-possessivo em relação ao corpo. Essa forma de pensar nasce com o Renascimento, onde emerge e se desenvolve o individualismo (LE BRETON, 2009, p.25).

Outras formas de pensar o homem surgiram ao longo dos anos e serviram de base para diferentes teorias sobre o corpo. Com a valorização de outros “saberes sobre o corpo” contrapondo-se à dominância, ainda vigente, das correntes anatomofisiológicas, o sujeito dessa relação, o homem, busca um recolhimento no ego, desenvolvendo “um caráter infinitamente plural, polifônico da vida coletiva e de suas referências”. (LE BRETON, 2009, p.19)

Dentro do grupo em que está inserido, o corpo passa a ser um “objeto concreto de investimento coletivo”. (LE BRETON, 2009, p.77) O sujeito atribui sentidos à aparência, à forma física, à vestimenta, ao penteado etc. Esses sentidos dão suporte ao imaginário social contribuindo para a produção de representações de um corpo padronizado e enquadrado às necessidades sociais daquele grupo. Mesmo identificando suas peculiaridades, o indivíduo lança mão de suas próprias vontades para se enquadrar em padrões que, ao que parece, favorecem apenas parte da população.

A pluralidade de estilos de vida, de formas do corpo, de classes e de espaços sociais favorece estigmas que surgem a partir de um sistema de valores e normas de uma comunidade, desta forma constroem-se padrões que priorizam determinadas características e desqualificam tantas outras. Entendemos aqui sistemas de valores como sistemas que transmitem ideais em busca da satisfação do homem, a busca pelo inalcançável. Para Baudrillard (1995) todas as necessidades do homem, em uma perspectiva antropológica, caminham para uma lógica ingênua sempre buscando a felicidade. Na sociedade de consumo a felicidade constitui-se como principal referência e apresenta similaridade com a lógica cristã da salvação. Longe de ser uma força difundida no Capitalismo, essa ideologia advém do “mito da felicidade”, transformado nas sociedades modernas no “mito da igualdade” (Baudrillard, 1995, p.47). Para sustentar as características ideológicas vinculadas ao mito da igualdade, a felicidade precisa ser mensurável. Inicia-se então o discurso do bem-estar, rodeado de símbolos e signos do conforto. Segundo Baudrillard (1995) como em outras revoluções, a Revolução do bem-estar tem se fundado na busca pela igualdade dos homens sem a “poder realizar a fundo” (p.48). Para fugir desse fracasso inerente às sociedades sob a lógica da economia capitalista, a democracia é transferida da realidade igualitária para a igualdade frente aos objetos e outros signos presentes na satisfação. O corpo ganha atribuições e simbolismos que permitem ao homem aproximar-se da felicidade através do consumo, permitindo-o satisfação pessoal, isto é, sob o olhar do outro. O homem precisa saciar seus desejos. Para Le Breton (2009) o corpo é constantemente objeto de preocupação, é o lugar “privilegiado do bem-estar e do parecer bem através da forma e da manutenção da juventude” (p.78)

Esta preocupação com o corpo vem adquirindo relevância também no universo infantil. Para Postman (1999) o conceito de infância vem sendo modificado graças à intervenção dos meios de comunicação e discute a desconstrução dos limites criados para diferenciar o universo adulto do infantil. Segundo o autor, o conceito de infância desde a “ideia de escola” iniciada na Grécia até o modelo europeu do século XX passa por modificações e resignifica o conceito de infância contemporâneo.

Junto aos processos históricos há a difusão dos meios de comunicação em massa, produzindo uma nova forma de informação através de imagens. Além disso, as estruturas

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sociais que diferenciam o adulto da criança começam a ser desfeitas, o acesso à informação agora não tem mais medidas de controle. Todos, adultos e crianças, têm acesso às mesmas informações. Esta realidade permite a aproximação das crianças com universo do adulto, com práticas do consumo. O livre acesso às imagens permite um novo olhar sobre ser criança. Todo esse processo de invenção da infância tem sido desconstruído pelas mídias, que atuam de maneira a homogeneizar as diferenças pré-estabelecidas pela prensa tipográfica entre o universo da criança e do adulto. É possível encontrar características infantis em adultos e vice-versa, as novelas, outdoors, propagandas assumem um papel de inculcação de estereótipos rentáveis para a indústria do consumo.

Dentro deste contexto as crianças recebem essa incontrolável proliferação de imagens, por meio das mídias, vinculadas às pessoas famosas, às vestimentas da moda, aos aparelhos eletrônicos sofisticados que resignificam o universo da imaginação infantil. Os mundos se confundem, a linguagem e os signos, destinados a crianças e aos adultos são cada vez menos discerníveis. A infância enquanto produto cultural tem sido influenciada pelos estereótipos produzidos pelas mídias e criam uma nova forma de concepção da infância, pois se propõe uma nova maneira de ser criança.

“O Olhar das crianças...”.

A partir da fala infanto-juvenil, que se diferencia da fala adulta por conter menos filtros, produzindo menos acordos de fala, percebemos que valores, simbolismos e representações são associados às formas corporais que tecem o imaginário social em que está inserida. Passaremos a análise das projeções propostas na dinâmica “quem sou eu?” ou “Quem eu gostaria de ser?”.

As imagens apresentadas pelas crianças revelaram a forma física magra para mulheres e atlética para homens, como característica marcante das escolhas, além da aparência jovial priorizando a lógica do bem-estar vinculada ao corpo. A partir dos questionamentos provocados sobre um padrão hegemônico eleito pelas crianças, refletiu-se sobre as mudanças no padrão de beleza e estética ao longo do tempo, apontando a construção social e cultural deste perfil. Diante deste entendimento, as crianças problematizaram questões como obesidade versus magreza e os sentidos pejorativos atribuídos aos diferentes tipos de cabelo.

A discussão sobre a transformação corporal e os diferentes recursos utilizados para a aproximação a um ideal de corpo enfaticamente veiculado pela mídia foi levantada, levando o grupo ao entendimento de traços e marcas corporais característicos de determinadas etnias, que são por vezes desconsiderados na imensa gama de imagens. Introduzimos então a questão do corpo saudável versus o corpo modificado, em uma perspectiva de aceitação social, para aproximar a discussão ao assunto abordado na dinâmica. Ao final desta discussão, os alunos defenderam cabelos cacheados saudáveis em detrimento de cabelos alisados e danificados, valorizando traços corporais diferentes dos padrões apresentados por eles nas imagens e passaram a atribuir características positivas ao seu próprio corpo antes negadas devido às diferenças da natureza das imagens em relação aos padrões de beleza que passeiam pelo imaginário social deste grupo.

“Porque ela é bonita...”.

A beleza surgiu como principal justificativa nas escolhas das meninas, sendo apontada por nove entre quatorze crianças. As demais justificativas apontadas pelo grupo se inserem

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também nesta categoria, pois identificam aspectos da beleza corporal, como a forma e cor dos cabelos e a cor da pele que serão discutidas em particular.

A beleza nos aponta uma preocupação ancestral no universo feminino, que caminha pela história humana desde a Antiguidade até a contemporaneidade, deslocando-se de época em época e diferenciando-se de um período a outro apenas pelos sentidos e valores que lhe são atribuídos. Os padrões de beleza variam de acordo com as tendências da moda, com o mercado de consumo, com a escolha religiosa, entre outros fatores. A partir das representações apresentadas pelas crianças procuramos compreender os sentidos de beleza neste grupo.

As escolhas das meninas refletem a tese da construção social da mulher desenvolvida por Beauvoir (1980), onde técnicas de controle social, conscientes e inconscientes, formam e educam meninas esperando-se delas apenas que sejam bonitas e passivas, sendo estas as características principais da feminilidade. As imagens apresentadas pelas crianças circundam por um ideal de beleza específico. Alguns aspectos corporais foram determinantes nas imagens analisadas, o tipo de cabelo liso com a cor castanha apareceu em maioria e nos aponta uma diferente representação de corpo, distinta do padrão hegemônico em outras escolas que apontam o loiro como a cor que mais aparece nas projeções das crianças.

“Porque a cor da pele é igual a minha...”.

As imagens apresentadas pelas crianças apontaram um silenciamento de traços corporais distintivos do grupo pesquisado, especificamente ligados à cor da pele, pois a maioria dos alunos era negro com o cabelo crespo. O que nos faz refletir a respeito da projeção das crianças em o que gostariam de ser em detrimento ao volume de imagens que circulam nas mídias e a falta de imagens que apresentam características físicas parecidas com as das crianças. O rosto foi a parte mais evidente nas imagens apresentadas pelas crianças. Para Le Breton (2010) o “cartão de visitas do sujeito”. O rosto pode tornar o indivíduo aparentemente aceito ou não socialmente, é o objeto de identificação do sujeito, neste caso vemos uma possível relação entre o padrão de beleza e a personificação do rosto. A apresentação física de si parece valer socialmente pela apresentação moral. Um sistema implícito de classificação fundamenta uma espécie de código moral das aparências que exclui, na ação, qualquer inocência. “[...] A ação da aparência coloca o ator sob o olhar apreciativo do outro e, principalmente, na tabela do preconceito fixa de antemão numa categoria social ou moral conforme o aspecto ou detalhe da vestimenta, conforme também a forma do corpo ou do rosto”. (LE BRETON, 2009, p.78)

Das 27 imagens, três crianças definem suas respectivas escolhas pela cor da pele, sendo duas imagens de pessoas brancas e uma de uma atriz negra. Do universo das imagens projetadas pelas crianças, apenas quatro apresentavam pessoas negras, sem que a justificativa tivesse relação com a identificação pessoal. As imagens que continham pessoas negras receberam atribuições como “porque a cor dos olhos dele é igual ao meu” ou “porque ele é careca e tem o olho branco e preto”. Em uma folha havia três imagens de homens negros escolhidas pela mesma criança e sua justificativa não tinha a cor da pele como significante de suas escolhas. O que justifica o silenciamento de traços identitários discutido anteriormente neste artigo.

Conclusão

O corpo constitui-se a partir dos sentidos e valores atribuídos a ele, que variam conforme a cultura e o imaginário social que funda o grupo. Nas sociedades ocidentais, o corpo é a ruptura entre o homem e outro, festejando conscientemente uma liberdade no agir com o corpo e paradoxalmente a tantos padrões estéticos e estereótipos corporais que regem

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A construção da autoimagem neste grupo estudado é reflexa a ideologia fundada no mito da felicidade transmitida de maneira avassaladora pelas mídias, em especial as revistas, propagando imagens, por sua vez, objetos de desejo que tem o corpo como principal atributo.

A mídia permite a todos, crianças e adultos, a aproximação às mesmas imagens, símbolos, signos que tecem um imaginário social com traços semelhantes que confundem os dois mundos, a infância e a fase adulta.

Um dos aspectos mais relevantes observados foi o silenciamento de traços distintivos da aparência corporal característicos do grupo, que reforçam o discurso imagético circulante nas mídias. A projeção das crianças envolvidas neste projeto acompanha o modelo de beleza e juventude hegemônico nas revistas, apresentando-se para os meninos com um perfil atlético com a justificativa da escolha ligada à questão financeira e no gênero feminino apresentou-se uma projeção de mulheres magras com a justificativa da beleza, em ambos os casos o padrão corporal aparece com a de pele branca e o cabelo liso na cor castanha. Esse grupo apresentou a singularidade na representação do cabelo, pois os dados reunidos pelos pesquisadores em outros contextos são recorrentes na escolha do cabelo loiro.

Esta dinâmica permitiu aos alunos identificar aspectos positivos na diversidade corporal, além de um novo olhar sobre si e sobre as diferenças que caracterizavam o grupo em questão. Durante a aplicação das dinâmicas, este projeto teve o intuito de levar para o ambiente escolar discussões que emergissem da própria escrita corporal destes alunos, refletindo relações cotidianas que evidenciam o corpo enquanto via fundamental na construção da autoimagem.

Com a intervenção do projeto, percebemos uma necessidade em discutir com essas crianças tais questões, além de refletir sobre a interferência destes padrões corporais na construção das representações do imaginário social do grupo. Diante disso aponta-se também uma urgente necessidade de formação continuada para os professores que atuam na rede pública de ensino fundamental enfocando os assuntos abordados no projeto: o corpo, a sexualidade, a mídia, o consumo, questões de gênero, questões raciais etc. Além da importância de se discutir os assuntos supracitados durante a formação de professores. Palavras chave: corpo, infância e mídia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUDRILLARD, J. A Sociedade de Consumo, 3 edição, Lisboa: Edições 70, 1995.

BEAUVOIR, S. O segundo sexo: A experiência vivida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

LE BRETON, D. A Sociologia do Corpo. 3.ed. RJ: Vozes, 2009.

___________. Antropologia do Corpo e Modernidade. RJ: Vozes, 2010.

POSTMAN, N. O Desaparecimento da Infância, Rio de Janeiro: Grafhia Editorial, 1999. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa ação. São Paulo: Cortez, 2002

VILLAÇA, N. Todos diferentes, todos iguais? Das minorias às tribos do consumo,

INTERCOM. Rio de Janeiro: UFRJ, 2003.

UFRJ - Prédio da EEFD - Campus da Ilha do Fundão. Escola de Educação Física e Desportos.

Sala do NESPEFE – 2° andar. Avenida Carlos Chagas Filho, 540.

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