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FAMÍLIA. JORNAL LITTBKARIO Dedloado à educação da mãe de família EXPEDIENTE. ANIVO I Corte, IS de Maio de WJM. «4

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ANIVO I Corte, IS de Maio de 1889 1WJM. «4

A FAMÍLIA @

ASSIGNATURAS CAPITAL Anno 12$000 Pagamento adiantado Typographia: run d'Alfandega 215

JORNAL LITTBKARIO

Dedloado à educação da mãe de

família PROPRIEDADE DE ASSIGNATURAS INTERIOR Anno 158000 Pagamento adiantado Redaeção : rua do Rezende n. 146 Veneremos a mulher I

Santifi-quemol-a e glorifíSantifi-quemol-a I Victor Hugo.

EXPEDIENTE

A correspondência desta folha deve ser dirigida para a Corte, rua do Rezende n. 146, para onde transferimos a sede da pu-blicação d'A FAMÍLIA.

COLLABORACAO

Franqueia A Familia as suas columnas a todas as senhoras que a queiram honrar com a sua col-labora cão.

A FAMÍLIA

Corto, 18 de Maio de 1889. Não ha quem desconheça a lar-ga somma de sacrifícios a que obriga a manutenção de um jor-nal, por pequeno que seja, desde que sejam respeitados o seu pro-gramma, as suas doutrinas, as ba-ses moraes sobre as quaes se edifica essa columna precisa para o adian-tamento social.

De todos os humanos emprehen-dimentos, é sabido que a imprensa é a unica força motriz de tudo o que ha de bom, útil e agradável. O jornalismo em nosso paiz não

attingiu ainda a esse grau de ele-vaçâo que devera de ha muito ter obtido, isso devido a que a illus-tração, o conhecimento da sua im-prescendivel necessidade, acha-se ainda tolhida no pequeno meio de um circulo pouco vasto.

A sociedade brazileira que co-meça agora a revestir-se dessa au-reola de luzes scientificas e litte-rarias, ainda que, fraco condor, queira simular o arrogante vôo da águia, pela sua juventude, pelo pequeno numero dos seus mem-bros, não pôde ainda conseguir imitar esse grande emprehendi-mento a que tem chegado paizes mais antigos, que tiveram desde a sua fundação, cabeças bem forma-das para dirigirem a sua educação e braços possantes que trabalhas-sem nesse edifício do progresso, que traz sempre, comsigo um ele-mento de riqueza moral, e intel-lectual.

Ainda hoje nos resentiraos da acanhada educação que do berço recebemos ; ainda vemos popula-çOes inteiras que ignoram a utili-dade do desenvolvimento intel-lectual ; que não sabem aquilatar o valor do jornalismo; que negam-se a concorrer, a ajudar com um pequeno esforço,a esses poucos que se interessam pelo bem da pátria, procurando estender o mais larga-mente possivel esse circulo lu-zente que se chama amor â scien-cia.

Não é somente o florilegio lit-terario que deleita com uma lin-guagem piegas, perfumada e jar-dinea,aquillo que devemos adoptar para as nossas distrações, nos se-rões em familia, nas horas de ócio, no recinto isolado do nosso gabi-nete, também uma certa parte das sciencias naturaes, um pouco dos conhecimentos de tudo que existe, que além de esclarecer o espirito, fortalece-o para as lutas da vida, para a regência do lar, para a edu-cação dos filhos.

E qual o meio mais simples, ao alcance de todas as bolsas que não podem colleccionar uma escolhida bibliotheca, para alcançarem uma parte desses conhecimentos, senão o jornalismo, esse arauto de todos os pensamentos, que levando ao lar um pouco de tudo, sem esforço e sem fadiga, chega a transmittir espontaneamente luz ás intelligen-cias não cultivadas, o deleite aos espíritos ávidos de alimento, a quem faltam centenares de livros onde poderiam beber desse nectar a que se chama educação so-ciai.

Contrista-nos o horrível aspecto que ainda apresenta a sociedade brazileira, nessa segunda parte que não quer comprehender que a mulher deve illustrar-se e que essa illustração deve ella começar a recebel-a desde o berço.

E assim são tolhidos todos os esforços que empregam aquellas

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que dedicam-se a publicidade e ao jornalismo.

Eis a nossa vida.

Ao fundarmos o jornal A Fami-lia, foi nosso intuito facilitar, por meio de uma publicação periodi-ca, às mães de familia, uma lei-tura que juntasse â sua ameni-dade deleitavel a iniciação nos deveres a seu cargo, como esposas e mães.

A collecção dos diversos pare-ceres sobre a educação, buscados nos livros dos mais eruditos pen-sadores, que para alguém seria de muita difficuldade pecuniária, é por nós facilitada, acompanhan-do-a sempre os nossos fracos com-mentos, que julgamos deverão não ser desprezados, porque preside a elles uma incansável boa vontade de acompanharmos o progresso sendo seguidas bem de perto por todas as nossas patrícias, a quem tem faltado o preciso estimulo para se educarem, para prepararem um futuro para seus filhos, o bem-es-tar do seu lar, a alegria, a bene-volencia de seus esposos.

Sim, cremos que nenhum prazer maior pode sentir um homem, que, voltando das suas lides, onde tem lutado com o emaranhamento de negócios difficeis, muitas vezes, contrariedades que vêm quando menos se esperam, encontrar uma esposa meiga, intelligente, com quem se possa expandir franca-mente ; que saiba ouvil-o, conso-la-l.-o, aconselhal-o,accalmar-lhe o espirito para que se prepare para no dia seguinte começar de novo, porque não é so a dedicação ma-terial, meiguice, e fidelidade con-iugaes que podem trazer a verda-deira felicidade.

Nem todos podem obter livros, como dissemos, emquanto qne em um jornal fundado para este fim,

encontrarão os elementos precisos para attingirem o seu deslderatum. Não querendo de prompto esta-belecer a sede à'A Familia na Corte escolhemos a capital de S. Paulo como uma das localidades mais aptas para conter em seu seio esse principio de educação e de pro-gresso.

São decorridos seis mezes de inauditos esforços, de lutas titã-nicas, de dissabores contínuos, por que a capital de S. Paulo, não soube ou não quiz coroar os nossos esforços, facilitando-nos também os elementos de vida.

Que horrível transe !

Quando por um lado vemos a geral acceitação que tem tido A Familia ; quando ouvimos os con-tinuos e intermináveis elogios que lhe são tecidos geralmente ; quan-do vemos os augurios portentosos, promettimentos de fábula ; e revi mos o livro dos nossos assignantes da capital de S. Paulo, não con-tavamos ainda o numero de du-zentos assignantes 1 Perdemos a coragem que antes nos sobrava 1 Bem desejaríamos que fosse a Paulicéa, esse torrão progressista — que vendo nascer A Familia, desse-lhe alento e vida, porque a nós não faltaria, nunca, emquanto nos restasse nm sopro de vitalida-de a precisa perseverança para o trabalho.

Assim pois, resolvemos transfe-rir a sede da publicação d'^4 Fa. milia, para a Corte, onde espera-mos que os nossos poucos assignau-tes da capital de S. Paulo, nos desculparão por essa falta que não é nossa, e continuarão a dispen-sar-nos o mesmo auxilio.

Aos illüstres collegas da imprensa paulistana, os nossos sinceros agra decimentos pelo modo honroso com que sempre receberam a nossa modesta revista.

A Familia, manterá aqui na Corte, o seu primitivo programma, que é o de educação.

A sua gerencia continua a car-go do Sr. Francisco Dias de Bar-ros, que tão bons serviços tem prestado, os quaes esperamos con-tinuará a nos serem dispensados. A collaboraçâo será a mesma que tínhamos na capital de S. Paulo, a qual é composta das Exmas. Sras.:

D. Analia Franco, professora na cidade de Taubaté;

D. Maria Amélia de Queiroz, da cidade do Recife ;

D. Adelia Barros, brilhante poe-tisa paulistana residente na capi-tal de S. Paulo ;

D. Erailiana de Moraes, esposa do Dr. Pedro de Moraes, da cidade de Ubá ;

D. Maria Zalina Rolim, filha do illustrado Juiz de Direito, de S. Roque ;

D. Maria Ramos, professora na cidade de Mogy das Cruzes ;

D. Maria Augusta, directora de um collegio em Juiz de Fora ;

Mme. Luiza Thiempont, profes-sora na Estação de Mineiros ;

D. Paulina A. da Silva, esposa do Sr. Santos Silva, residente na capital de S. Paulo ;

D. Alzira Rodrigues, desta ca-pitai;

Mlle. Rennotte, directora do collegio Piracicabano, em Piraci-caba.

Eis pois,a collaboraçâo brilhante que possue A Familia, a qual te-nho a honra òe apresentar ao illus-trado publico desta capital, bem como aos distinctos collegas de imprensa.

Que a protecção de todos aquelles que se, interessam pelo progresso deste paiz, venha em nosso auxilio eis o que almejamos.

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A FAMÍLIA 3

Mães e mestras

CAPITULO XVI

BOM TOM

O bom tom, que todas pretendem possuir não se encontra mui vul-garmente porque nos obriga a do-minar nos e porque como os nomes que tem uma certa celebridade tem também as suas exigências.

« E com effeito, de quantas qua-lidades se compõe ?

De brandura nas modas, lin-guagem pura, escolhida e discreta, porte habitualmente polido,e digno de perfeito tacto no proceder.

E o que prova que sempre serão conhecidos por estes distinctivos é que a quasi quatro séculos que Dante assim o tinha definido :

« O bom tom, o tom da Corte, é pezarmos todas as nossas palavras e acções.»

Em vão se pretenderia remedar o bom tom, com um ar de altivez, de desdém, de protecção, de supe-rioridade impertinente, ostentação de luxo, excessos de elegaucia e de bom gosto nas cousas materiaes ; porque nada disto o pôde supprir. Os que não estiverem cegos pelos gostos e folganças da vida não se deixarão enganar ; seu instincto os tolherá de ílludirem tão grossei-ramente a ponto de confundirem o falso com o verdadeiro e compa-rarem o plaquet com o ouro de lei.

O bom tom é accessivel a todos os membros da boa sociedade; nem a pobreza lhe serve de embaraço, por que elle até tem poder para re-velar eminentemente o inferior e dar-lhe as relaçOes com os supe-riores, consistência e dignidade,

Mas elle brilha com todo o es-Ídendor egios da gerarchia e da riqueza ;acompanhado dos previ-pois augmenta a estes dois um trilho de grandeza, apparencia de dignidade que se impõe por si mesmo,

A mulher que reúne as van-tagens de coração nobre e gene-roso, de distincta educação, de bom tom, de gerarchia e fortuna, é como uma rainha, em cuja pre-sença todos se inclinam com sen-timento de estima e respeito.

O bem que ella pôde fazer é im-menso; basta-lhe querer 1

Só pela rara juncção destes detes é que se conhece a grande se-nhora. As que não os possuírem e

queiram affectar, só poderão acar-retar sobre si utn vergonhoso ridi-culo.

Até nas circumstancias mais co-mesinhas se revela o bom tom.

No jogo, por exemplo :— a mu-lher que sabe reprirair-se perde nobremente e em vez de demons-trar, o que denota avareza ou uma alegria forçada, conserva-se no seu estado habitual.

A que perde ou estraga qual-quer objecto rie valor, como um chalé, um vestido, um lenço, muito principalmente em uma sala, soffre esse damno sem essas vul-gares queixas que só exprime um pensamento banal; nem se quer se tolera na mulher completa, que diga a um criado que quebra louça ou qualquer outro objecto de custo, assim com um ar de en-fado. —« Desastrado I »—Tão ad-mittido està que a mulher de bom tom deve refrear todos os seus im-pulsos ou movimentos.

Conta-se que achaudo-se Bona-parte em uma soberba festa em casa do Duque de Cadore. vie-ram dizer em voz baixa ao Duque: — Senhor, estão se incendiando as vossas cavallariças. Jà morre-ram oito cavallos queimados.

- Pois apaguem-n'o ; respondeu o Duque no mesmo tom, com todo o soceg*o e continuou na festa.

Póde-se julgar da perturbação, susto e desordem que causaria a noticia deste accidente, se o dono da casa não soubesse juntar a grande presença de espirito à feliz faculdade de se cohibir.

Se quizermos saber a razão por que produzem certos effeitos sérios alguns palácios antigos, ainda que desamparados ou habitados por pessoas de medíocre apparencia,' encontral-os hemos, talvez nesse caracter grandioso que comparado com as nossas modernas construc-ções, prova o desdenhoso esqueci-mento do terreno então e que pre sentemen'e tem maior valor nume-rico nas grandes cidades.

A mulher que se presa de gran-deza e de boas maneiras, deve ex-cluir quasi da sua conversação a palavra—dinheiro—cuja repetição muito freqüente é como disso-nancia da harmonia de sua pessoa, e ás vezes indicio de pobreza moral.

A mulher, por mais alta que seja sua posição deve saber o valor das cousas de uso ordinário, para poder regular as suas despezas com

prudente economia e poder honrar a sua casa.

Mas sempre parecerá mal ouvir-lhe perguntar à primeira vista qualquer objecto de gosto o preço que custou

Est« estylo mercantil introduzido na linguagem pelos enriquecidos da fortuna, defeitua a elegância das maneiras e prejudica a cousi-deração interior.

Com isto dà-se oceasião aos ob-servadores das boas tradicçOes a pensarem que o que se estima nos objectos. primeiro que tudo é o preço que elles custaram, o di-nheiro que representam e que aquillo que tem um valor intrin-sico, moral,e intellectual, é menos digno de estima e cubiça,

As discussões e queixumes per-petuos a respeito de qualquer objecto de arte e fantasia, nâo pro-duzem effeito menos desagadavel. Porque de duas uma: ou se co-nhece o valor aproximado desses objectos e é injustiça querer pa-gal-os por menos; ou se ignora o preço que elles adquirem da habi-lidade do artista, do tempo e tra-balho que custaram, e em tal caso dá prova de necedade.

Em todo caso essa tendência para a especulação nas mulheres, âs vezes moças, formosas, amáveis, ricas e bem nascidas, faz singular contraste com estas qualidades ; manifesta grande apego a necessi-dades fictícias e descobrindo o egoísmo e a parcimônia, mostra falta dessa inculcada grandeza.

A mulher de bom tom, não só é polida por sua natureza, mas af-favel em razão de sua elevação e distineção social.

A verdadeira afabilidade para com os inferiores, nasce dos sen-timentos de humanidade.

E' como expressão tácita do re-conhecimento devido a seus ser-viços ou estima concedida a seu mérito pessoal. A antiga fidalguia do arrabalde S. Germano, é a este respeito modelo para quem estiver em estado de observal-o no in-terior da vida domestica.

E* por isso que vemos quasi sempre nessas grandes casas, cria-dos antigos, encanecicria-dos na libre e até duas e tres gerações reunidas em volta da familia, tão verdadeira e patriarchal é nellas a protecção, quão inalteráveis o affecto e o des-interesse dos criados.

Dizemos desinteresse, porque se motivos mercenários animassem os

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últimos, vel-os-hiamos abandonar em numero os velhos palácios onde a economia substituiu o antigo es-nlendor, para irem tentar nova fortuna.

Mas não, elles preferem bens muito mais suaveis: o presente lhes é leve e a respeito do futuro sabem que as attenções devidas â idade, o descanço nas enfermi-dades, o commodo modesto que podem desejar, nunca lhes falta-ram, vista a previdência e huma-nidade d'aquelles de quem de-pendem.

Quereis saber o que agrada e captiva esta boa gente ?

Bem pouca cousa; mas esse pouco tem sobre elles poderosa influ-encia : pondo de parte as consi-deraçOes da justiça e da humani-dade', de que nunca se afastam para com elles, citaremos a atten-ção com que a fidalga ou o fidalgo, amigos dos amos, se dirigem aos criados para se informarem de sua saúde e de sua familia, o sorriso benevolo de um, o termo familiar de outro e milhares de outros si-gnaes, de estima e confiança, milhares de meios naturaes de lhe provar todos us dias e a todas as horas que se reputam como mem-bros interessantes da casa, como entes que estimam encontrar.

E quando estão doentes, que cuidados e desvellos não se tomam por elles 1

Que falta sensível a ausência do fiel criado ou da velha ama que ha tanto tempo costumam ver-se nj seu posto I

Em paga destas bondades, que zelo, que sacrifício, que amizade da honra da casa 1

Que fidelidade em transmittir aos filhos as nobres tradicçOes dos avós! Que cuidados e bons modos para com os protegidos e todos os mem-bros da familia, para communicar-lhes o contentamento que elles mesmos experimentam 1

As familias de fortuna, as casas de hontem organisadas, queixam-se de não queixam-serem queixam-servidas com af-feição e delicadeza. Mas que ad-mira-se em troco de sua exigência e egoismo lhes não concedam senão serviços frios e mercenários!

« Ã tal amo, tal criado. » A afabilidade não é somente principio de, toda a relação agra-davel na vida; reunida às outras condições do bom tom, dá também uma espécie de graça e de nobreza aos mesmos actos.

Certo mancebo havia-se portado de modo escandaloso no templo, durante os Officios Divinos, em Frejus; no dia seguinte deram parte disso ao bispo que logo man-dou chamar o moço para lhe fallar. O estravagante provençal, cuja cabeça tivera tempo para esfriar, sentiu palpitar-lhe o coração

tur-vado e inquieto.

_ De certo, pensava elle, o bispo, informado do meu proceder de hontem, tenciona reprehender-me asperareprehender-mente e dar má infor-mação de mim ao governo de que faz parte.

Entretanto foi ao palácio epis-copai e entrou no gabinete do bispo.

O prelado depois de algumas pa-lavras de cortezia, pegou em uma obra nitidamente encadernada e dando-a ao moço disse :

— Sei que tendes instrucção e que gostaes de ler; pensei que uma obra própria para vos fazer amar e respeitar a religião podia ser-vos muito útil. Acceitai esta obra de Fenelou como tênue signal de lembrança. Era só para isso que eu desejava fallar-vos

O mancebo tão commovido como admirado, tomando a mão do bom Mr. de Rechery, beijou-a com ef-fusão de reconhecimento e retirou-se com o coração cheio de emoção. Referiremos mais dois casos em que a urbanidade unida ao tacto e ao espirito se mostrou eminen-temente digna.

Frederico, o Grande, tomava muito tabaco, e para não ter o trabalho de estar continuamente mettendo a mão na algibeira, mandou pôr caixas com tabaco em todas as mezas do seu quarto e até na chaminé para tomar quando quizesse.

Um dia vê do seu gabinete um pagem que curioso de provar do tabaco real e julgando não ser visto de ninguém, metteu sem ce-rimonia a mão na boceta aberta em cima da chaminé.

El-rei nada disse logo ; mas pas-sada uma hora chama o pagem in-discreto, manda que lhe traga a boceta e depois de lhe ter onere-cido uma pitada, disse-lhe :

Que tal achas este tabaco ? Excellente, senhor.

E esta boceta ? Soberba, senhor.

-r- Pois então, toma-a e leva-a, porque julgo-a muito pequena para nós dois.

Lazun quebrou a sua espada em presença de Luiz XIV, dizendo com cólera:

Não quero mais servir a um rei que falta à sua palavra.

O rei atirou com a sua bengala pela janella fora, gritando :

Para que nunca se diga que espanquei a um fidalgo.

Póde espancar-se mais cortez-mente e levar mais longe o senti-mento do decoro ?

Para ser pessoa completa, como convém, (visto ser de uso exprimir o bom tom por esta locução) não póde qualquer moça empregar cuidados que sejam demasiados, porque, por mais que faça tudo será sempre pouco e isto pela razão de nunca fazermos bem e com fa-cilidade, senão aquillo que esta-mos habituadas a praticar e dessa facilidade, desse natural, exhala como um perfume de boa compa-nhia que logo provoca as atten-çOes.

As que ordinariamente se des-prezam no seu porte, compostura e linguagem, cuidam que podem mudar os seus hábitos quando quizerem e enganarem os outros a respeito do seu verdadeiro modo de existir.

Porem isso é urna illusão : esse ar de empréstimo, de rigeza e af-fectação, trahil-as-ha immediata-mente, como suecede na mulher de classe inferior que pretende passar por grande senhora com o favor de seus atavios.

A sempre viva

i

Amanhecia... Os primeiros cia-rOes da aurora dissipam no céu as ultimas sombras da madrugada.

Pouco a pouco a côr láctea da alvorada é substituída pelas ru-bras tintas do arrebol, e lentamen-por de traz das serras apparece o sol, derramando a flux torrentes de luz. Myriades de pássaros com os seus trilos cadenciosos, saúdam contentes, os raios refulgentes d'um explendido sol de Abril, e por entre as acácias floridas, ouve-se o arrulhar meigo das juritys.

O ar límpido e sereno da manhã é impregnado do aroma delicioso d'uma infinidade de flores odorife-ras, que se ostentam deslumbran-tes, banhadas pelo rocio matutino.

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Meio escondido por entre as rama-rias em flor ve-se um elegante chalet, cujas janellas conserva-vão as stores, hermeticameute cor ridas, & excepção d'uma onde se destacava o perfil gracioso d'uma formosa moça.

Havia tanta suavidade nas li. nhas harmoniosas e puras do seu rosto moreno, tão inexcedivel mei-guice na expressão doce e pensati-va dos seus olhos negros e fasci-nantes, que ninguém podia vel-a sem que se sentisse logo subjuga-do por um irresistível impulso de sympathia.

Todavia por uma d'essas pun-gentes ironias do destino, aquella manhã tão risonha e festiva sur-prehendera Natalia immersa em inexprimivel angustia a chorar soluçando inconsolavel a perda do seu primeiro amor.

Toda a noite inquieta e agitada com o olhar febril, passeiara pelo seu elegante boudoir como uma allucinada, tendo entre as mSos crispadas, algumas flores seccas; tristes despojos dos sonhos doura-dos que phantasiára. e que agora lhe despedaçavam o coração depois de lhe terem desencantado o espi-rito

II

Natalia amava com toda a effer-vescencia dos seus vinte annos, a um joven com quem deveria espo-zar-se no prazo de dous mezes, ma» o espirito superficial leviano e versátil do noivo, bem de pressa fez-lhe olvidar os seus protestos de lealdade inquebrantavel, rendendo culto a outro idolo. A sua traição veio subitamente, qual uma nu-vem escura, offuscar a meiga au-rora d'aqueíle decantado idyllio. Entretanto apezar das provas con-vincentes da ingratidão do noivo, ella ainda tentara um ultimo es-jorço para reagir contra a eviden-cia esmagadora que a acabrunha-va, e assim lembrou-se de exigir d'elle as provas de affecto que em outros tempos lhe tinha dado. A ingênua e crédula moça, ousava esperar que o noivo não condes-cenderia ao seu pedido e que pelo contrario conserval-as-hia como uma grata recordação do passado. Mas todas as suas illusões, todas as suas esperanças e todas as suas crenças dissiparam-se em verdadei-ra derrocada, ante o desdém altivo com que o moço a fulminou entre-gando-lhe tudo.

Alli estava o seu primeiro bon-quet de violetas ; o segundo preso a um lacinho de fita verde, e mais uma doirada sempre viva, cujas pétalas inodoras ostentavam-se deslumbrantes e garridas, como a mais casquilhada loureira.

Natalia tremula de commoção e de despeito apertava entre as mãos aquellas pobres flôres.que lhe quei-mavam a epiderme, fitando-as sem vel-as, mas simulando uma frieza e indifferença que estava bem lon-ge de sentir. Incapaz de sustentar por mais tempo a sua apparente tranquillidade, afastou-se sosinba para o seu quarto, sentindo as la-grimas afiluir lhe do coração aos olhos.

E foi só depois de alli chegar que abaudonou-se sem testemu-nhas às torturas cruciantes do amargo desengano, que como a lamina d'um punhal lhe rasgavam o coração ultrajado. Nas convul-soes da crise intensa, do seu vio-lento e indomito desespero, abriu a janella de par em par como se sentisse asphixiar no explosir dos soluços que lhe irrompiam do peito.

III

Quando as brisas frescas da ma-drogada penetraram no gabinete de Natalia, ella ainda chorava, sentada junto à janella tendo a cabeça apoiada sobre umadasmãos. O seu bello rosto aljofrado de lagrimas, tinha a pallidez de um mármore de Carrara.Os seus olhos negros intumecidos pelo pranto estavam mais animados e atravez do bistre das olheiras roxas despe-diam scentelhas phosphoresceutes. Erguendo-se, deu distrahida-mente alguns passos e parou de-fronte uma pequena secretaria de ébano. O seu olhar fixou-se então com demorada insistência sobre as florinhas que alli jaziam esparsas. As pobres violetas fanadas e re-sequidas dobravam-se sob as fra-géis hastes e retrahiam as suas pétalas de um roxo desbotado, pa-recendo chorarem como ella a in-gratidão do amante desleal, en-voltas no luctuoso véo de sua in-consolavel tristeza. Mas a sempre viva com o seu amarello de um brilho ardente e cáustico, a palpi-tar de seiva< punha uma nota agu-! da e dissonante no meio do silencio 1

desolador daquelle gabinete, onde Natalia sentia se morrer dilacerada , pela sua pungente magua.

Por vezes a moça tivera Ímpetos de despedaçai a e calcal-a aos pés ; fechava os olhos como se a não quizesse ver, porém a sempre viva attrahia-a, dominava-a e por sin-guiar fascinação reapparecia-lhe na mente escaldada, a dardejar fa-gulhas, torcendo-se qual um pier-rot, sempre pérfida, sempre zom-beteira, comprazendo-se em irri-ta--lhe as augustias. A moça não pôde conter-se por mais tempo, no auge do desespero apoderou-se da flor e sacudindo-a violentamente arrojou-a pela janella fora.

IV

A pobre florinha depois de revo-lutear alguns instantes no es-paço, foi cahir aos pés de um pas-seíante matinal, que justamen-te aquella hora passava junto do elegante chalet. Elle ergueu immediatamente os olhos, e viu desenhar-se na janella o vulto fle-xivel e eseulptural de Natalia. O sol illuminava-a toda com os re-flexos de sua luz, dando-lhe na fronte o brilho de uma nureola ce-leste. Jamais a moça llie parecera tão bella, estava seductora.

O desconhecido saudou-a com um sorriso insinuante lançando-lhe ao mesmo tempo um profundo e ardeute olhar. Em seguida com uma incrível prestesa curvou-se, apanhou a flor e guardou-a no peito. O seu movimento rápido e quasi imperceptível, não escapou comtudo ao olhar de Natalia, a qual corando e empallidecendo sue-cessi vãmente desappareceu na pe-numbra, sem mesmo corresponder ao cumprimento do moço.

Ha muito que elle amava-a em silencio, preferindo-a a todas, mas no fundo de sua alma guardava o segredo do amor que lhe queimava o coração. Orgulhoso e um tanto reservado, por cousa alguma teria coragem para confessar-lhe a sua paixão, uma vez que ella parecia desdenhar ou não queria compre-hender a preferencia que sempre manifestara-lhe. Entretanto no acontecimento que acabava de tes-temunhar, o qual esteve longe de imaginar, que fosse um simples effeito do acaso, e à vista da extre-ma perturbação de Natalia o moço julgou ter advinhado o segredo dos seus mais Íntimos peusameutos. Pela primeira vez elle sentiu os júbilos ineffaveis de amar e ser amado, parecendo-lhe que a

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flori-nha unida ao seio, lhe segredava mysteriosamente um mundo de re-velações ignotas e dulcissimas. Quantas vezes o destino de uma creatura depende de uma carta!... Estas palavras que V. Sardou, faz exclamar a um dos seus persona-gens,podem ter alguma applicação aos heroes d'esta despretenciosa narrativa, cujos destinos depen-diam apenas d'uma simples flor.

Alguns mezes depois, quando o moco"radiaiite de felicidade, mos-troú a Natalia, então sua esposa, aquella sempre viva d'u.n brilho ardente e cáustico parecendo ainda palpitar de seiva, ella por única resposta escondeu a cabeça no seio do marido, como para disfarçar o enleio que sentia.

E' que a flor acabava de cravar-lhe n'alma, como o agudo bico d'um estylete corso, a pontinha d'um remorso.

Analia Franco.

A. infância

Infância I Ditosa quadra da nos-sa existência, em que somos emba-ladas pelas ternas caricias de uma mãe I Oh ! que mago conforto se encerra nesta tão pura crença 1 E a ella que devemos o ser ; ella nos alimenta ao seu seio ; nos guia os primeiros passos e nos ensina a balbuciar as primeiras palavras ; ella nos sorri com indulgência, quando fazemos alguma travessu-ra, própria da pouca idade.

E' por isso a infância a melhor época da vida, em que corremos nos prados colhendo flores, sal-tando regatos ; é nesses brinque-dos que a nossa alma se expande em gozos e innocentes passatem-pos ; mas essa bella idade é bem depressa substituída pela juyentu-de, em que amamos o bulicio, as festas, os prazeres, os espêcta-culos!

Que arrebatamento sentimos em um baile, onde envolvidas no tur-bilhão d'uma valsa vertiginosa que nos embriaga e encanta ! Mas ¦essa embriaguez é ephemera.

Correm os annos, vemos apro-ximar-se a idade com as suas pai-lidas tristezas e soffrimentos! Pois hii quem não tenha soffrido, ou que nao tenha que lamentar ai-gum laço despedaçado, alguma

affeicão perdida! Só quem nao tem gozado a doce felicidade da fami-lia, quem náo tenha amado, quem não tenha visto desapparecer da terra algum ente querido, compa-nheiro da nossa existência, e su-mir-se para sempre sob a gelada pedra de uma sepultura !

Depois, isoladas no mundo sem uma unita consolação, o que nos resta ? A esperança, que nos dâ le-nitivo ás maguas,e torna-se o pha-rol que nos allumia nas trevas do nosso viver e nos dá a ventura que o mundo não nos pode offertar.

Mariana Eduarda.

0 o

Estou no mundo sósinuo Sem ter mãe e sem ter pae, Nem um choro, nem um ai, Quando me vêem chorar; Se a aurora nasce, p'ra mim, Para a creanca que chora, Nem um riso tem a aurora Para a minh'alma alegrar. La quando em noites de agosto Brilha no céu uma estrella, üebalde busco se é ella, A que me deu nascimento; Bate a lua no arvoredo, Sem que eu ame a sua luz; Vou chorar ao pé da cruz, Lá quando perpassa, o vento. A cada porta que bato Ouço uma voz que me diz: «Tu és pobre, és infeliz, ((Não te posso fazer bem.» Elevo os olhos ao céu, Mas o céu é triste e escuro, Nao tem o sorriso puro Que teria minha mãe! Eu vejo a folha cahida Na vastidão da corrente, E a folha ê feliz não sente E não possue coração. O' folha que o vento impelle, Embora sejas mirrada, Tu não és tão desgraçada, Eu tenho uma alma e tu não! Soffro isuitol Esta existência Para mim não tem folguedos, Nem encanto os arvoredos, Nem as campinas também: Pois nas flor's, pois na verdura, Nem talvez no paraíso,

Haverá esse sorriso Que teria minha mãe!

Lucinda de Andrade.

A saudade

Entre todos os sentimentos que a noss'alma experinenta, o mais ter-uo, raias doce, mais delicado e ao mesmo tempo mais dilacerante—é a saudade.

Uma flor emmurchecida, uma alma sem crenças e ura coração eem amor,são pallidos espectros da saudade.

Que ha de mais doloroso e to-cante, que um pensamento inteiro entregue a uma santa recordação e um coração sensível abrazado nas dores d'esse soffrer cruciante que se chama saudade?

Ohl sentimento magestoso e ter-rivel!

O que ha que possa dar uma idéia aproximada de ti !

A lagrima—emblema puro do coração-nada esprime compara-da á enormicompara-dade de tua dor 1 Ha tanta differença da lagrima para o sentimento, c mo da gotta de or-valho para o oceano.

O suspiro—murmúrio queixoso das brisas do coração—acaso pode conter esse perfume indefinivel de uma alma saudosa e appaixonada? Oh! a saudade é um mixto de gozos e dores, de lagrimas e sor-risos, de trevas e luzes, emfim, como disse Garret, é um gosto amargo de infelizes.

Preciliana Duaete.

MEDO DUPLO

(de campoamor) Ao começar a noite d'esse dia,

Ella', longe de mim,

« Para que approximas 1 me dizia «Tenho medo de ti 1 » E depois dessa noute ter passado,

Disse, junte de mim : «Para que te desvias do meu lado ?

«Tenho medo sem ti I » Marsarida de Siqueira.

(7)

Curta anedncta

NA. C0HSEGA

Estávamos na estação chuvosa e fria do inverno ; á noite, depois da ceia de familia, na rústica sala de jantar, todos procuravam agasa-lhar-se ao redor do foyer que pro-jectava suas azuladas e vivas chammas dentro da grande cha-mine de mármore.

A vovó no centro, os filhos aos lados e os netinhos perto dos fi-lhos compunham um bonito qua-dro de familia que talvez o pincel do mais emérito pintor teria dif-ficuldade em reproduzil-o.

A vovó chamou a attenção de todos e depois principiou a contar-nos uma anedota que tanto impres-sionou-me que guardei fielmente na memória até hoje.

Eil-a :

Devia ser approximadamente em 1836.

Dous esco.ssezes, jovens e ricos faziam uma vivenda de alguns mezes na fcidade de Bonifácio. Possuíam um pequeno e elegante yacht que lhes servia no seus pas-seios, e que ora beirava as costas de sitios favoráveis â pescaria, ora tocava de leve as ondas do canal da Corsega ou do Thyrrenio em desafio com outros camaradas des-sas partidas recreativas, ora an-corava em sitios escolhidos para a caça de pássaros aquáticos.

Um dia desembarcavam no pe-queuo porto da Bastia e dispu-nham-se a almoçar perto de uma fonte pittoresca que jorrava de um alto rochedo quando tres iudivi-duos mascarados e armados vieram assaltal-os. Tinham levado pouco dinheiro, entregaram-se com suas armas, fuzis, relógios e o pouco que traziam consigo. Um dos sal-teadores fallou-lhes !

— « Isto não nos satisfaz, dese-jamos mais, muito mais ; exigimos que um de vós vá buscar-nos, no yacht em que vieram, cem libras de pólvora e quatro mil francos. 0 outro ficará em refém aqui. »

Os dois amigos protestaram alie-gando que apenas tinham algumas libras de pólvora e aproximada-mente 16 ou 17 libras esterlinas a bordo. Os ladrões intimaram-os a attestar a verdade por um jura-mento solemne. Em virtude disso as exigências abrandaram-se e um delles voltando-se para aquelle que ia cumprir com a missão :

— « Seu companheiro será as-sassinado por nós se não voltardes e vierdes com os vossos criados e barqueiros morrerão todos. Vou subir ao cume deste rochedo,donde se vê vossa embarcação para es-preitar se voltareis só.

Tendo ficado entregue aos ou-tros dois sicarios o joven presio-neiro nada receiava para sua vida, convencido de que o susto ficaria n'uma perda de dinheiro e conti-nuava a almoçar com toda a cal-ma; porém oscorsegos recusaram-se em travar conversa alguma com o seu captivo.Um cachorro pelludo e grande que os acompanhava mos-trava-se menos feroz.

0 escossez repartio então o seu almoço com o reeem-chegado e acariciando-o bondosamente, pro-curou, com toda a destreza, cor-tar-lhe de baixo do ventre um tu-fo de pellos compridos que escon-deu dentro do seu bolso:

Quando o outro companheiro chegou com o despojo esperado deram lhes a liberdade.

Algumas horas depois, dentro da sua elegante embarcação che-gavam a Ajaccio onde fizeram sua deposição entregando a mouta de cabellos cortados ao procurador real

Dahi ha dois dias, o cachorro reconhecido fez conhecer os dois ladrões que recusárão-se em de-nunciar o outro cúmplice.

Achou-se dentro da sua caverna os objectos roubados, pólvora di-nheiro, relógios e fusis, e forão condenados ambos a cinco annos de galés.

LUIZA THIENPONT.

STELLA MATUTINA Percussora d'alegria I Nurieia de celeste aurora I Estrella d'alva 1 Maria, Olha para mim senhora. Dissipa as trevas pezadas em que perdida vagueio, Luz d'eternas alvoradas dá-me o abrigo do teu seio. Que fadiga tormentosa é este viver d'horrores ! Espinhos, em toda a rosa, fei em todos os amores I

Ainda quando o sol brilhe n'est'alma, senhora, é noite ! não vejo senda que trilhe, nem asylo ende me açoite, Esparge n'este deserto, Estrella os teus raios d'ouro, sustenta-me o passo incerto, arracca-me ao sorvedouro d'este mundo d'amargura. Salva-me, Virgem Maria, doira com tua luz pura o calix d'esta agonia.

Adelina A. Lopes Vieiea.

THEATROS

VARIEDADES

A revista Frotzmac, è a peça que actualmente está em scena neste theatro, e onde promette conservar-se por muito tempo.

E' desnecessário afflrmar que Frotzmac, prima pelo trabalho litterario, dizendo-se que sahiu das mãos dos illustres escriptores que tão grande e justa fama teem no mundo das lettras, Arthur e Aluizo Azevedo.

SANTANNA

Com a D. Sebastiana, reappa» receu a companhia Heller.

S. PEDRO

Joanna Fortier, a peça com que se apresentou ao publico a com-panhia da provecta actriz Emilia Adelaide, tem feito um successo estrondoso, devido ao brilhante de-sempenho que a mesma actriz, dá a parte da protogonista, sendo bem secundada pelos actores:Maia, Maggioli, Oezarde Lacerda e Gon-calves.

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RECREIO

Representa O 'Bendegô, popular revista que tanto tem dado que fal-lar e que enorme concurrencia de espectadores tem attrahido.sem que para isso possua a revista nenhum attrativo, principalmente na parte

litteraria que é sem valor.

SECÇÃO ALEGRE

Um indivíduo que tinha um cre-ado que julgava néscio, querendo um dia rir a sua custa disse-lhe: —Toma lá doze vinténs vai á pra-ça e compra-me seis vinténs de ovos e os outrosseis de ais.

O creado sahiu, e pelo caminho foi refiexionando que o patrão o que queria era divertir-se á sua custa pelo que concebeu o seguin-te projecto:

Chegou á praça, comprou os ovos depois arranjou um molho de ortigas, que metteu no sacco eo-briudo os ovos, em seguida deri-giu-se para casa. — Eutão, per-guntou-lhe o amo trazes o que te mandei comprar ?

—Trago, sim senhor.

—Sempre és muito néscio.Deixa lá ver as compras.

—Veja-as patrão, estão abi dentro. O amo metteu a mão no sacco, mas retira-a logo por se haver picado nas ortigas, gritando:

Ai, ai, ai, ai !

Os ovos estão por baixo, diz o esperto creado.

que metrifica e pelo talento que revela nas suas composições de paqueno fôlego, mas elegantes e originaes. Continua a publ-car a Familia um estudo Mães e Mes-trás, que devia ser lido por todas as senhoras intelligentes e apphca-das. Isto de educação femenina está tão descurado entre nós, que chamar a attenção para um arti-go d'este gênero, é quasi perder o tempo eo latim.

Entretanto, registre-se o esforço da Sra. D. Josephina de Azeve do com os applausos que a sua perseverança merece.

Do Diano Mercantil

A FAMÍLIA

Este illustre semanário de S. Paulo temos sobre nossa meza de

trabalho. .,

Traz excellentes artigos devido a penna das melhores escriptoras brazileiras.

E' redactora em chefe a üxma. Sra D. Josephina de Azevedo.

A Familia é folha indispensa-vel as Exms.Srãis. mães de famílias a quem recomendamol-a, nos ofte-recendo a tomar as respectivas assignaturas.

Tem grande tiragem eé lida por por quasi toda provincia de b. Paulo, Minas e Rio de Janeiro.

Si dispossemos de espaço trans-creveriamos ura artigo no qual uma illustre joven mostra o seu invejável talento.

Agradecemos a illustre collega sua honrosa permuta.

Do Inconfidente.

A FAMÍLIA

A' sociedade bragantina recom-mendamos esta execellente publi-cação e a Exma. Sra. D. Josephina de Azevedo, agradecendo a remes-sa da «Familia» damos-lhe os nos-sos parabéns pela maneira digna com que tem sabido manter esta revista, que tão bons serviços vem prestar a uossa sociedade.

Do Correio Bragantino.

A FAMÍLIA

Com este titulo, acaba de ser fundada em S. Paulo uma interes-saute revista semanal, sob a direc-cão da Exma. Sr, D. Josephina Álvares de Azevedo, e collabora-da pelas mais illustres escripto-ras brazileiescripto-ras.

O fim d'esta revista é tratar única e exclusivamente da educa-ção da familia, confiando-a aos cuidados e á penna de todas as escriptoras que desejem, com os fructos mhmsos de seu delicado cérebro, contribuir para a glorifi-cação da mulher, procurando tam-bem com uma critica—severa e delicada—corrigir as composições em prosa e verso que á sua reda-ção forem remettidas.

Agrademos o numero que nos foi oíferecido.

(Diário de Belém) Pará.

A FAMÍLIA

Mais uma vez nos visita a »ym-pathica revista semanal da Exma. Sra. D. Josephina de Azevedo, ditstincta compatriota pernambu-cana, que redige esta útil publi-cação cujo n. 23 temos preseate.

(Do Diário do Commercio.)

COMO NOS TRATAM

No ultimo numero da Família collaboram distinctas escriptoras, destacando-se d'entre as produc-ções inedictas, uma poesia da sra. D. Zalina Rolim, a quem apresen-tamos os nossos respeitosos cum-primentos pela superioridade com

Temos recebido regularmente esta importante revista, nitida-mente imprensa e brilhantenitida-mente redigida pela Exma. Sra. D. José-phina de Azevedo.

Esta revista que conta com di-ve'*sas collaboradoras todas ellas já conhecidas nas lides daimpren-sa, pelos seus robustos talentos é digna do apoio de todos os che-fes de familia, pois a sua leitura além de ser agradável, é instruc-tiva.

A FAMÍLIA

Recebemos o n. 23 deste interes sante jornal. Traz, além de alguns artigos em prosa correcta e ele-gante, dois inspirados e artísticos sonetos, um de Narcisa Amalia e outro de Adelia Barros, e um so-netilho de Luiza Cavalcante Filha. Um numero explendido, este da Jamilia.

(Da Gazeta do Tovo.)

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