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O Jogo Didático QuimiConhecendo as Funções Orgânicas

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Academic year: 2021

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O Jogo Didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas”

*Carine Pereira da Silva1 (PG), Bárbara Cristina Tavares Moreira1 (PQ)

carine.fps@hotmail.com

1

Universidade do Estado da Bahia – Uneb. Rua Silveira Martins, 2555, Cabula – CEP 41150 – 000,

Salvador – BA (Brasil).

Palavras-Chave: jogo didático, funções orgânicas, Ensino de Química.

RESUMO

Neste trabalho são discutidas as etapas de desenvolvimento, criação, aplicação e avaliação do jogo didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas”, destinado a estudantes do 3º ano do Ensino Médio. O objetivo do jogo é proporcionar aos estudantes o conhecimento e facilitar o aprendizado sobre algumas das principais funções orgânicas. Entretanto, se este conteúdo já tiver sido discutido, outra finalidade é a revisão destas funções. O jogo didático foi aplicado em uma turma de 3º ano do Ensino Médio da rede pública de ensino da cidade de Salvador/BA. Os resultados da aplicação mostraram que os estudantes ficaram mais motivados em aprender sobre as funções orgânicas e identificaram os elementos essenciais para reconhecê-las e diferenciá-las; fatores que referendam a importância da utilização deste material no Ensino de Química.

INTRODUÇÃO

A busca por novas metodologias pedagógicas e materiais didáticos adequados e acessíveis, que propiciem o melhor aprendizado de um determinado conteúdo, é sempre um desafio para o docente. Isto requer uma continua avaliação do seu papel de mediador, elemento de fundamental importância nos processos de ensino e aprendizagem e construção do conhecimento.

Neste contexto, Soares e Cavalheiro (2006, p. 27) defendem que “alguns

materiais exteriores à sala de aula, e sua consequente manipulação, facilitam a aquisição de conceitos e introduzem a experimentação de diversos materiais concretos, subsidiando a prática docente”. Para estes autores, a utilização de novas ferramentas pedagógicas no ambiente educacional, não só promovem um melhor aprendizado, como também auxiliam na mudança da metodologia adotada pelo professor em sua atuação profissional.

Os jogos didáticos, além de tornarem o conteúdo de uma disciplina mais atrativo, na maioria das vezes, propiciam aos estudantes a enxergarem de outra maneira; ao perceberem que determinados conceitos por mais difíceis que pareçam, sempre podem ser compreendidos. Além disso, os jogos ajudam o estudante a construir novas formas de pensamento, de modo a desenvolver e enriquecer a sua personalidade; proporcionando novos caminhos voltados para a promoção e a valorização do conhecimento e do ensino (CUNHA, 2012).

Nascente, Batista e Soares (2011) defendem que os jogos podem ser usados como recurso didático a fim de reparar falhas no processo de ensino-aprendizagem, despertando a curiosidade e a atenção dos estudantes para os temas abordados em Química no Ensino Médio, ao empregar o espírito de competição e a noção de estratégia e de desafio estimuladas pelo jogo como ferramenta pedagógica. Deste ponto de vista, é possível entender os jogos como um instrumento para a motivação, no qual o indivíduo é capaz de apresentar maior interesse pela disciplina, despertando a vontade em querer aprender. Isto se torna gratificante não só para o discente, como também para o docente; pois seus estudantes irão se mostrar mais dispostos e

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motivados, melhorando a qualidade do ensino, da aprendizagem e o relacionamento professor-estudante e estudante-estudante em suas aulas. Assim, em concordância com Godoi, Oliveira e Codognoto (2010), pode-se dizer que este tipo de instrumento pedagógico também se torna um bom auxílio para o ensino de conteúdos considerados difíceis para a compreensão dos estudantes.

Dentre os diversos conteúdos químicos que podem ser melhor compreendidos mediante o uso de jogos didáticos, destacam-se os da “Química Orgânica”; especificamente as Funções Orgânicas - suas informações introdutórias - ou seja, aquelas essenciais para o conhecimento e diferenciação dos compostos orgânicos em questão. Segundo Zanon, Guerreiro e Oliveira (2008, p. 73), ao se referir ao ensino de Química Orgânica no Ensino Médio, é possível notar que a prática rotineiramente

adotada consiste na “transmissão-recepção de conhecimentos que, muitas vezes,

deixa lacunas no processo”.

Sendo assim, por conta da diversidade de grupos funcionais, os estudantes acabam decorando as fórmulas das funções sem ao menos compreender alguns de seus aspectos principais. De acordo com Watanabe e Recena (2008), o reconhecimento dos símbolos, bem como, a associação com o grupo funcional correlato, são elementos necessários para a aprendizagem dos grupos funcionais.

Por outro lado, a maneira como o conteúdo de funções orgânicas é abordado em alguns livros didáticos, nos remete a análises diversas. Percebe-se, por exemplo, muitas vezes o recaimento sobre a memorização e a fragmentação das informações, tratando cada função isoladamente sem as devidas conexões entre elas.

Pensando-se nos benefícios do uso de jogos didáticos no Ensino de Química,

foi criado o jogo didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas”, com foco no

conteúdo Funções Orgânicas. Júnior, Silva e Freitas (2013) relatam que muitos estudantes apresentavam dificuldades em relacionar as representações mostradas pelo professor com os compostos químicos, uma vez que os mesmos não entendiam o que a estrutura da molécula orgânica representava. Este fator referendou o enfoque dado ao “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas”, especificamente: o nome, a fórmula geral, o grupo funcional e um exemplo de algumas das principais funções orgânicas.

Percebe-se que mesmo com uma grande quantidade de jogos envolvendo conteúdos da Química Orgânica, a maioria dá importância muito mais à nomenclatura e às propriedades dos compostos, do que à própria estrutura das funções orgânicas. Entretanto, muitas vezes os estudantes não conseguem entender as representações

das funções, e por conta disso acabam “memorizando” as fórmulas estruturais. Diante

destas constatações, estabeleceu-se a finalidade do jogo didático produzido: proporcionar aos estudantes um melhor aprendizado sobre as funções orgânicas; bem como o conhecimento sobre o nome, a fórmula geral, o grupo funcional e um exemplo das mesmas.

O “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” é um jogo de cartas pensado e

criado para que, em vez da simples memorização, seja efetivamente facilitada a aprendizagem; de modo que os estudantes possam identificar as funções orgânicas, além de observar suas semelhanças e diferenças. O objetivo deste material didático é propiciar o conhecimento e facilitar a aprendizagem sobre as funções orgânicas. Vale ressaltar que este jogo didático, pode ser utilizado para apresentar, fixar e/ou revisar o conteúdo; a depender da escolha do professor e dos objetivos por ele estabelecidos.

Neste trabalho são discutidas as etapas de desenvolvimento, criação,

aplicação e avaliação do jogo didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas”

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sobre a importância deste tipo de material didático no Ensino de Química, e avalia-se também o impacto do jogo proposto no processo de ensino-aprendizagem e construção do conhecimento.

Atividades Lúdicas e Jogos Didáticos

Ao se falar da importância dos jogos didáticos para a melhoria da aprendizagem, é essencial avaliar o papel pedagógico das atividades lúdicas e dos jogos didáticos na educação de crianças e adolescentes (FOCETOLA, et al., 2012). Para isto, faz-se necessário compreender tais conceitos e o contexto em que estes recursos podem ou devem ser utilizados.

Soares (2008 apud KISHIMOTO, 1996) esclarece o significado do termo jogo, ao analisar o papel dos jogos no Ensino de Química. De acordo com os autores, são apontados três níveis de diferenciação para a definição da palavra em destaque.

a) É o resultado de um sistema linguístico, isto é, o jogo depende da linguagem e do contexto social. [...]

b) É um sistema de regras, ou seja, neste caso se permite identificar, em qualquer jogo, uma estrutura sequencial que especifica sua modalidade. [...] c) É um objeto, [...] algo que caracteriza uma brincadeira (SOARES, 2008, p. 38).

Atividade lúdica “pode ser definida como uma ação divertida, relacionada aos

jogos, seja qual for o contexto linguístico, com ou sem presença de regras, sem considerar o objeto envolto nesta ação” (SOARES, 2008, p. 39). Na concepção de Domingos e Recena (2010, p. 274) “uma atividade, que pode ser um jogo didático, apresenta um potencial lúdico, mas a vivência deste aspecto é individual”. Ao fazer uma relação entre os autores citados, entende-se que os jogos didáticos podem estar inseridos nas atividades lúdicas, caracterizando sua essência; e, no entanto deve ser descartada a ideia de similaridade. Assim, o jogo vinculado à sua dinâmica pode ser definido como características de uma atividade envolvendo a ludicidade.

Nascimento, Araujo e Miguéis (2009, p. 299) afirmam que em muitas propostas

pedagógicas o lúdico “apresenta-se como sinônimo de prazer, como uma forma de

exercício da máxima liberdade pela criança, como um momento de “livre expressão”, desvinculado das “coerções” da sociedade”. Nas concepções de Huizinga (2000), o lúdico é toda atividade que envolve prazer e divertimento.

A intensidade do jogo e seu poder de fascinação não podem ser explicados por análises biológicas. E, contudo, é nessa intensidade, nessa fascinação, nessa capacidade de excitar que reside a própria essência e a característica primordial do jogo. O mais simples raciocínio nos indica que a natureza poderia igualmente ter oferecido a suas criaturas todas essas úteis funções de descarga de energia excessiva, de distensão após um esforço, de preparação para as exigências da vida, de compensação de desejos insatisfeitos etc., sob a forma de exercícios e reações puramente mecânicos. Mas não, ela nos deu a tensão, a alegria e o divertimento do jogo (HUIZINGA, 2000, p. 06).

No entanto, é preciso analisar quais são os elementos essenciais em um jogo para que o mesmo possa ter finalidades estritamente educativas. Segundo Godoi, Oliveira e Codognoto (2010), o jogo educativo é aquele diretamente vinculado ao processo de construção do conhecimento e do aprendizado.

Jogos podem ser considerados educativos se desenvolverem habilidades cognitivas importantes para o processo de aprendizagem, tais como resolução

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de problemas, percepção, criatividade, raciocínio rápido, dentre outras. Quando um jogo é elaborado com o objetivo de atingir conteúdos específicos para ser utilizado no meio escolar, este é denominado de jogo didático. No entanto, se ele não possuir objetivos pedagógicos claros e sim ênfase ao entretenimento, então os caracterizamos de entretenimento (GODOI, OLIVEIRA e CODOGNOTO, 2010, p. 22).

Sendo assim, um jogo é considerado didático se tem a finalidade de promover a aprendizagem de conteúdos específicos ligados ao ambiente escolar. Neste contexto, existem jogos que são criados para introduzir um determinado conteúdo, outros para fixá-lo, ou como um critério avaliativo. Entretanto, independentemente do objetivo traçado para este material, não se pode esquecer a sua essência lúdica e educativa.

A utilização de jogos didáticos no ensino também traz diversos benefícios para o docente, uma vez que o mesmo perceberá uma mudança no comportamento dos estudantes, os quais certamente estarão mais entusiasmados e motivados. De certo modo, o uso dos jogos proporciona ao docente avaliar suas metodologias pedagógicas, e observar de que modo os estudantes da sua turma podem entender melhor o conteúdo ao empregar estes materiais. Sendo assim, o jogo leva o professor à condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem (CUNHA, 2012).

DESENVOLVIMENTO E CRIAÇÃO DO JOGO DIDÁTICO

O jogo “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” foi desenvolvido no curso de Licenciatura em Química da Uneb, durante o componente curricular Oficina de Produção para o Ensino de Química (Ofpeq), cuja ementa contempla o desenvolvimento de materiais didáticos para o Ensino de Química. Neste componente, o processo de construção do material didático é embasado em discussões sobre a pesquisa no Ensino de Química, suas áreas de atuação e as dificuldades relativas aos processos de ensino e aprendizagem. Desta forma, após identificação de problemas relativos ao conteúdo de Funções Orgânicas, delineou-se o jogo proposto com o objetivo de propiciar o conhecimento e facilitar a aprendizagem sobre as funções orgânicas, destacando ludicamente suas semelhanças e diferenças.

Para Souza e Silva (2012, p. 108) “a prática, do ensino de Química Orgânica

no Ensino Médio, em sala de aula, consiste na transmissão-recepção de conhecimentos que, muitas vezes, não são compreendidos”. Com base nesta realidade do Ensino de Química e de acordo com os objetivos propostos, pensou-se como seria o formato e a dinâmica do jogo. Para que os estudantes pudessem ter o primeiro contato com o conteúdo, a proposta foi de, num primeiro momento, despertar o interesse dos mesmos, principalmente no sentido de jogar. Deste modo, foi pensado em fazer as cartas semelhantes às cartas de um baralho, com algumas modificações.

Todas as cartas foram feitas pelo programa tradicional Microsoft Word. Cada função orgânica possui cor e símbolo específicos, para facilitar a diferenciação das mesmas no momento da aplicação do jogo. Isto possibilita que o estudante mesmo sem saber qualquer informação sobre uma determinada função orgânica, participe da dinâmica, inicialmente, apenas por associação de cores e símbolos. Para cada função têm-se quatro informações: nome, fórmula geral, grupo funcional e um exemplo (Figura 1).

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Figura 1: Cartas com as informações sobre a função orgânica aldeído. Fonte: Produzido pelo autor.

Para definir quanto à forma de exposição dos conteúdos nas cartas, primeiro foi feita uma pesquisa em livros didáticos rotineiramente utilizados no Ensino Médio, a fim de analisar o modo de abordagem do conteúdo. A partir desta análise, foi possível perceber que os livros, em geral, seguem duas vertentes: ou introduz as funções orgânicas de modo simplista, em forma de tabela; ou se restringe a dividir as funções por tópicos isolados, de modo que estas aparecem sem nenhuma relação umas com as outras. Os dois caminhos adotados pelos autores, podem não proporcionar ao estudante o entendimento de algumas das principais semelhanças e diferenças entre as funções; aspecto de fundamental importância para a compreensão do conteúdo em destaque.

Ao se pensar nesta problemática envolvendo os livros didáticos analisados, optou-se em dispor as informações dos compostos orgânicos, de forma que os estudantes pudessem perceber a diferenciação entre as funções, sem considerá-las como conceitos isolados. As funções orgânicas presentes nas cartas são: hidrocarbonetos (alcanos, alcenos, alcinos, ciclanos e aromático), haletos de alquila e arila, álcool, fenol, éter, aldeído, cetona, ácido carboxílico, éster, amina, amida, nitrila e tiocompostos.

Depois de selecionar as funções orgânicas, consultaram-se as regras da IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) para cada uma das funções, no intuito de explicitar corretamente nas cartas as informações relativas à representação estrutural e à denominação das funções e dos respectivos grupos funcionais. Pensou-se que, cada carta apresentaria uma única informação; pois, desta forma, os estudantes, no momento da aplicação do jogo, poderiam observar em uma determinada ordem, quatro aspectos da função orgânica estudada e posteriormente fazer comparações com as outras funções.

É importante ressaltar que, houve toda uma preocupação em determinar como seriam representadas estas informações. Para a fórmula geral, o grupo funcional e o exemplo, foram utilizadas representações e linguagens semelhantes para todas as funções abordadas neste jogo; de modo a propiciar aos estudantes, perceberem as semelhanças e diferenças, objetivo proposto desde o início da criação desta ferramenta de ensino.

Para estabelecer a ordem de jogada de cada participante, foi criado um dado (Figura 2) contendo seis perguntas relativas a conteúdos/conhecimentos básicos da Química. As respostas são simples e diretas. Optou-se em fazer as questões deste modo para garantir o caráter didático do material desde o início, sem comprometer a

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inicialização do jogo, mesmo nos casos em que a turma ainda não tenha discutido o conteúdo. De acordo com Biondo e Calsa (2003):

Sempre podem existir conhecimentos prévios a respeito do novo conteúdo a ser aprendido, pois, de outro modo, não seria possível atribuir um significado inicial ao novo conhecimento, não seria possível a sua “leitura” em uma primeira aproximação (BIONDO e CALSA, 2003, p. 149).

Em concordância com Biondo e Calsa (2003), o dado também foi criado com a finalidade de permitir ao professor buscar os conhecimentos prévios dos estudantes; assim ele pode avaliar quais conceitos precisam ser retomados, ou ensinados novamente, para a compreensão do conteúdo de funções orgânicas.

Figura 2: (a) Diagramação do dado; (b) Perguntas contidas no dado. Fonte: Produzido pelo autor.

A cada rodada, os estudantes deverão lançar as cartas na seguinte sequência: (1) nome da função orgânica; (2) fórmula geral; (3) grupo funcional e (4) exemplo. Sendo assim, ao final de cada rodada relativa a uma função, ficarão disponibilizadas as quatro informações. No entanto, para que o jogo didático não ficasse mecanizado e monótono, inseriu-se uma carta bloqueio (Figura 3) para cada uma das funções. Semelhante à regra do jogo Uno®, disponível comercialmente, esta carta bloqueio impede a ação do jogador subsequente. Deste modo, fizeram-se dezoito cartas bloqueio, com o objetivo de tornar o “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” mais divertido e dinâmico. Outro intuito desta carta é despertar a atenção dos estudantes para as próximas jogadas e para as possíveis estratégias de jogo, possibilitando maior interação entre eles.

Perguntas do dado

1. A Química Orgânica estuda praticamente

todos os compostos de qual elemento?

2. O carbono é tetravalente. Quantas ligações

covalentes apolares este átomo faz?

3. Os principais elementos que formam praticamente todos os compostos orgânicos são: C, H, O e N. Verdadeiro ou falso?

4. Os hidrocarbonetos são substâncias orgânicas

apolares. Verdadeiro ou falso?

5. Qual a massa molar do composto orgânico

C2H6?

6. A massa molar de uma determinada molécula

orgânica é 58 g/mol. Sabendo que sua fórmula química é CxH10, quanto vale x?

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Figura 3: Carta bloqueio da função orgânica aldeído,

semelhante ao jogo Uno®.

Fonte: Produzido pelo autor.

Cada função orgânica apresenta uma carta bloqueio, cujo símbolo é da mesma cor selecionada para aquela função. Se o jogador tem cartas deste tipo, pode colocar na mesa caso não tenha a carta com qualquer outra informação referente a uma função; e a carta bloqueio descartada deve ser da mesma cor da(s) carta(s) da função orgânica em questão. Neste caso, ele bloqueia o próximo jogador (ou jogadores) da rodada. Pode acontecer de um participante ficar com alguma (ou várias) carta deste

tipo na mão; quando por exemplo, ele pegar no “monte de cartas” ou não empregá-las

no momento adequado do jogo. Sendo assim, se os outros participantes terminarem todas as suas cartas primeiro, mesmo que este jogador não tenha mais cartas com aspectos de uma função, perde o jogo para os demais. De fato, em algumas situações o descarte desta vai depender da sorte, mas na maior parte das vezes requer atenção e utilização de estratégia dos jogadores.

Conforme foi dito anteriormente, neste jogo didático os estudantes irão conhecer, revisar ou serem avaliados sobre o conhecimento das funções orgânicas. É preciso ressaltar que o jogo foi criado de modo a propiciar a independência ou interdependência das funções orgânicas contempladas; nesta perspectiva, pode ser utilizado de acordo com as necessidades da turma na qual será aplicado. Assim, é facultado ao docente pelo menos três opções durante a aplicação: utilizar todas as funções, dividi-las por grupo ou simplesmente utilizar uma função orgânica por vez. Regras do Jogo “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas”

O jogo didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” apresenta em sua totalidade 90 (noventa) cartas: 72 (setenta e duas) com informações das funções orgânicas contempladas (nome, fórmula geral, grupo funcional e um exemplo) e 18 (dezoito) cartas bloqueio. As regras do jogo são:

1- São permitidos no máximo quatro grupos no jogo. O número de componentes por grupo depende da quantidade de estudantes da turma de aplicação;

2- As cartas serão embaralhadas e cada grupo deve pegar sete cartas; 3- As demais cartas ficarão disponíveis no “monte de cartas”;

4- Um dos participantes de cada grupo deve jogar o dado contendo perguntas, e cada pergunta possui uma pontuação específica. Em uma determinada ordem, os

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participantes jogam o dado e respondem à pergunta sorteada; se acertar, ganha o número de pontos referente à pergunta, se errar permanece com zero. Inicia o jogo o grupo que acertar a pergunta de maior pontuação;

5- O grupo que for iniciar deve colocar na mesa a carta correspondente ao nome de uma função orgânica;

6- Se o grupo não tiver nenhuma carta correspondente a uma função orgânica, pode pegar uma carta no “monte de cartas”. Se a carta não corresponder ao nome de uma função orgânica, o grupo passa a vez para o próximo grupo e assim por diante;

7- Depois da carta com o nome de uma função orgânica, o próximo grupo deverá colocar na mesa uma carta de mesmo símbolo e cor correspondente à fórmula geral da função. Se este grupo não tiver a carta, segue o mesmo procedimento adotado no item 6; neste caso procurando uma carta com a fórmula geral da função que está na mesa; 8- O próximo grupo deverá colocar na mesa a carta com mesmo símbolo e cor correspondente ao grupo funcional relativo à função orgânica da rodada. Se este grupo não tiver a carta, segue o mesmo procedimento adotado no item 6; neste caso procurando uma carta com o grupo funcional;

9- O próximo grupo deverá colocar a carta com mesmo símbolo e cor correspondente ao exemplo da função orgânica em destaque. Se este grupo não tiver a carta, segue o mesmo procedimento adotado no item 6; neste caso procurando uma carta com o exemplo da função;

10- Terminada estas quatro informações sobre uma função orgânica, os grupos observam com atenção as informações contidas nas cartas. São desenvolvidas as discussões pertinentes e seguem para uma próxima rodada com outra função orgânica; 11- A ordem das cartas segue da mesma forma até o término do jogo;

12- Em cada rodada, se o grupo tem cartas bloqueio com o símbolo pode colocar na mesa caso não tenha a carta com qualquer outra informação, desde que seja da mesma cor da carta que estiver por último na mesa. Desta forma, ocorre o bloqueio do próximo grupo a jogar;

13- Ganha o jogo o grupo que terminar todas as suas cartas primeiro. Após este grupo

que fica com o 1ºlugar, os demais grupos devem seguir no jogo, até que exista apenas

um único grupo com as cartas em mãos. Seguindo então a classificação subsequente: 2º, 3ºe 4ºlugares.

APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO JOGO DIDÁTICO

A aplicação de um determinado material didático em instituições de Ensino Básico e/ou Superior constitui etapa essencial para avaliar a contribuição do mesmo para o processo de ensino-aprendizagem e construção do conhecimento. Além disso, pode-se analisar se os objetivos propostos para este material foram alcançados; e como este recurso poderia ser aprimorado, de modo a se tornar uma ferramenta de efetiva contribuição para o Ensino de Química.

O jogo didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” foi aplicado em uma turma de 3º ano do Ensino Médio composta por vinte e cinco estudantes, no Colégio Estadual Professor José Barreto de Araújo Bastos; localizado na cidade de Salvador/ BA.

Inicialmente foram explicadas as regras do jogo. Em seguida, pediu-se que os estudantes formassem os grupos para iniciar a atividade proposta. Durante a aplicação, foi possível perceber que os mesmos estavam bastante entusiasmados e empolgados com o jogo didático, interagindo uns com os outros de forma bastante coletiva. Isto nos remete aos PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio):

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No processo coletivo da construção do conhecimento em sala de aula, valores como respeito pela opinião dos colegas, pelo trabalho em grupo, responsabilidade, lealdade e tolerância têm que ser enfatizados, de forma a tornar o ensino de Química mais eficaz, assim como para contribuir para o desenvolvimento dos valores humanos que são objetivos concomitantes do processo educativo (BRASIL, 2000, p. 32).

É importante ressaltar que na turma onde o jogo foi aplicado, algumas funções orgânicas já haviam sido discutidas, a exemplo de: hidrocarbonetos, álcool, cetona e aldeído. Neste contexto, dois objetivos propostos foram alcançados: os estudantes puderam revisar as funções que tinham estudado antes, e ao mesmo tempo conhecer outras ainda não discutidas. Além disso, estima-se que o jogo didático produzido poderá facilitar as próximas aulas do professor desta turma, uma vez que será bem mais fácil continuar o conteúdo em questão, pois os estudantes já tiveram contato com as outras funções que ainda serão discutidas.

Para facilitar a visualização e comparação das funções orgânicas, à medida que foram completadas as informações relativas a cada uma delas, ao término de cada rodada, as cartas eram coladas no quadro. Desta forma, ao final do jogo estas ficaram separadas por função e dispostas em ordem das informações: nome, fórmula geral, grupo funcional e exemplo. Assim, foi possível explicar para os estudantes as funções, discutindo as semelhanças e diferenças entre as mesmas. Durante esta retomada, percebeu-se que os estudantes, ao responderem os questionamentos realizados, conseguiram identificar os quatro aspectos das funções selecionadas, estabelecendo comparações adequadamente.

No final da aplicação, cada estudante respondeu um questionário, para auxiliar a avaliação do jogo (Figura 4). A análise das respostas mostrou que 84% dos estudantes consideraram o jogo ótimo, enquanto 16% destes relataram o jogo como sendo bom. Além disso, todos os estudantes declararam que jogariam o “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” mais de uma vez, classificando este material didático como sendo divertido.

Figura 4: Questionário disponibilizado para os estudantes da turma de 3º ano do Ensino Médio.

Além das quatro perguntas objetivas, existia no questionário uma pergunta subjetiva; em resposta a ela os estudantes poderiam apresentar sugestões para o aperfeiçoamento do jogo didático aplicado. Um estudante sugeriu aumentar o tamanho da letra das cartas, para facilitar a visualização no quadro. Quanto a esta sugestão, a

QUESTIONÁRIO Assinale um X nas alternativas abaixo:

1) O que você achou do jogo:

( ) Ruim ( ) Bom ( ) Ótimo 2) Você jogaria este jogo mais de uma vez? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

3) Você conseguiu aprender/entender melhor sobre funções orgânicas com este jogo? ( ) Sim ( ) Não

4) Para você o jogo foi:

( ) Cansativo ( ) Chato ( ) Divertido

5) Apresente (caso você julgue necessário) sugestões para a melhoria deste jogo didático.

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qual consideramos pertinente, é importante deixar claro que de início as cartas não foram criadas para serem coladas no quadro, mas sim para ficarem disponíveis nas mãos dos jogadores ou dispostas na mesa. Porém, considerando um melhor êxito para a estratégia utilizada nesta aplicação, concordamos que poderiam ser feitas cartas em tamanho maior para serem utilizadas com este fim.

Os estudantes ao avaliarem o jogo, relataram outro aspecto importante: pouco tempo para amadurecer o conteúdo. O material didático por conter uma quantidade relativamente grande de funções orgânicas, demanda muito tempo para a aplicação e execução do jogo. Uma possível solução seria dividir as funções em grupos de acordo com o objetivo delineado pelo professor para estabelecer as comparações devidas, em duas ou mais aulas. No entanto, o docente também pode dividir sua turma em grupos, e cada um destes ficaria com algumas funções para jogar. Isto na verdade é um fator relativo, e as necessidades e variações são dependentes de diversos fatores, tais como: o número de estudantes, os objetivos traçados e outras especificidades da turma.

O professor que decidir utilizar o jogo didático “QuimiConhecendo as Funções

Orgânicas” em suas aulas, pode voltar a atenção dos estudantes quanto as possíveis relações existentes entre as principais funções orgânicas demonstradas, identificando as semelhanças e/ou diferenças entre elas; facilitando a assimilação, a compreensão e a aprendizagem, e levando o estudante a perceber a importância vinculada à disciplina de Química.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A função educativa do jogo didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” foi observada durante sua aplicação, uma vez que os estudantes se mostraram mais motivados em aprender sobre a funções orgânicas de forma lúdica e didática, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem e construção do conhecimento.

Acreditamos, assim como Cunha (2012), que os jogos ajudam o estudante a construir novas formas de pensamento, de modo a desenvolver e enriquecer a sua personalidade; proporcionando novos caminhos voltados para a promoção e a valorização do conhecimento e do ensino. Deste modo, também defendemos que os jogos didáticos precisam ganhar espaço nas práticas pedagógicas de diversos professores, em função da sua importante essência lúdica e educativa.

O desenvolvimento do jogo “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas” nos mostrou a grande dificuldade e o enorme cuidado que é preciso ter ao se criar um material didático. Com base nisto, a todo o momento é necessário pensar nos objetivos traçados para determinado recurso. Perguntas essenciais devem ser feitas desde a ideia até a aplicação do jogo didático produzido, tais como: Qual o público-alvo? De que modo esta ferramenta pedagógica pode contribuir para a aprendizagem? Qual o objetivo do material a ser criado?

Quanto à aplicação do jogo didático, foi possível observar na prática, os efeitos deste material produzido sobre os estudantes. A motivação, o interesse, a vontade de aprender e o entusiasmo em jogar; foram uns dos principais elementos a serem observados durante a aplicação deste recurso. No entanto, também pôde ser avaliado, o que poderia ser melhorado ou modificado no jogo, para que este se tornasse uma ferramenta ainda melhor para o processo de ensino-aprendizagem.

As cartas componentes deste jogo podem ser facilmente reproduzidas, ou seja, qualquer professor que decidir utilizar este material em sua sala de aula poderá criar as

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cartas; e se preferir, colocar as cores e os símbolos de cada função orgânica a seu modo, de acordo com a metodologia pedagógica adotada. Quanto ao dado utilizado no jogo, também fica a critério do docente decidir quais perguntas pode ou deve utilizar no intuito de buscar os conhecimentos prévios dos seus estudantes.

Por fim, podemos concluir que o jogo didático “QuimiConhecendo as Funções Orgânicas”, ao propor principalmente o ensino, mas também a revisão, das funções orgânicas; pode propiciar bons resultados no processo de ensino-aprendizagem e construção do conhecimento. Com isto, pode-se dizer que aliado a uma boa metodologia didática e interesse pedagógico, este material contemplará de forma positiva as aulas de Química Orgânica, trazendo benefícios mútuos para professor e estudantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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