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Building Information Modeling (BIM) aplicado à Engenharia de Planejamento nos setores de Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação

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09 de dezembro de 2017

Building Information Modeling (BIM) aplicado à Engenharia de

Planejamento nos setores de Arquitetura, Engenharia,

Construção e Operação

João Marcelo Martins Tetzl Engenheiro Civil jmtetzl@gmail.com

RESUMO

Devido a competitividade do mercado da construção civil e a consequente demanda por empreendimentos mais consistentes, a priorização da fase de projeto e planejamento vem sendo apontada como solução para se obter maior qualidade e produtividade, reduzindo custos e cumprindo prazos estabelecidos. Entretanto, a simples aplicação de práticas de engenharia de planejamento, na maioria das vezes, não é suficiente para alcançar os resultados desejados, devido a falta da integração entre as diferentes equipes e disciplinas envolvidas no projeto, além do desafio inerente de prever e simular possíveis cenários dentro do ciclo de vida de um empreendimento. Neste contexto, o Building Information Modeling (BIM - Modelagem da Informação da Construção) aparece como uma metodologia baseada na Tecnologia da Informação que possibilita uma abordagem colaborativa e integrada, trazendo benefícios para todos os principais processos de planejamento comumente utilizados.

Palavras-chave: Building Information Modeling. Engenharia de Planejamento. Gestão de Projetos. Setor de AECO.

1 INTRODUÇÃO

O setor da Engenharia Civil enfrenta um mercado cada vez mais exigente, no qual a demanda por maior consistência e precisão nos empreendimentos projetados vem crescendo. A

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necessidade de se construir com mais qualidade, reduzindo desperdícios e cumprindo prazos estabelecidos surge como consequência direta da maior complexidade dos projetos e da maior competitividade no setor.

Neste contexto, torna-se evidente a necessidade das empresas de AECO (Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação) adotarem métodos mais eficientes de planejamento e gestão de seus projetos, habilidade essa tão necessária para a sobrevivência e progresso das empresas modernas. Segundo Prado e Archibald (2007 apud POLITO, 2010), gerenciar um projeto adequadamente significa estabelecer um processo estruturado e lógico para lidar com os desafios que envolvem complexidade, novidade e dinâmica ambiental. Apesar de já adotar métodos para o planejamento e gerenciamento de seus projetos, geralmente a implementação nas empresas do setor ocorre sem que a totalidade dos benefícios oferecidos sejam aproveitados. A subutilização das práticas de planejamento e gerenciamento de projetos, devido as dificuldades inerentes à indústria da construção e ao desafio de se criar uma maior integração entre as diferentes áreas de projeto, acaba por criar a impressão de trabalho desnecessário e, muitas vezes, por prejudicar a produtividade das empresas. Neste contexto, o Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção) aparece como uma tecnologia que possibilita a aplicação mais efetiva das diferentes técnicas de planejamento e gerenciamento existentes a partir da criação de um ambiente colaborativo, de interoperabilidade e integração entre as diferentes disciplinas e equipes envolvidas em um projeto durante todo o seu ciclo de vida. Este artigo procura entender a interação existente, focando nas principais práticas de planejamento e gestão, no processo de implementação da tecnologia BIM e nos benefícios trazidos pela junção das práticas.

1.1 Justificativa

O BIM (Modelagem da Informação da Construção) é uma tecnologia/metodologia já bastante difundida e utilizada nos EUA e nos principais países europeus, possibilitando uma abordagem mais integrada e colaborativa de projetos de engenharia e, portanto, o alcance de resultados mais efetivos. Entretanto, tal tecnologia ainda possui uma baixa difusão no mercado de AECO no Brasil, onde a maioria das empresas ou não conhece ou apenas ouviu falar da tecnologia. Assim, este trabalho se propõe a realizar uma análise da aplicação do BIM na indústria da construção, evidenciar como a tecnologia pode facilitar a aplicação de técnicas de planejamento e gestão de projetos e trazer proposições de aplicações práticas no setor de AECO.

Este trabalho, portanto, visa melhorar a percepção de engenheiros, arquitetos, gestores de projetos e demais profissionais envolvidos quanto ao uso da metodologia, gerando uma maior

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conscientização e aplicação no mercado e, por consequência, melhores resultados dos projetos realizados.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Definição de Projeto e a evolução do CAD/BIM

Segundo o PMBOK (2013), projeto é um esforço temporário realizado com o objetivo de criar um produto, serviço ou um resultado exclusivo. Os projetos podem ser realizados por uma pessoa ou por um grupo de pessoas e, dentro de um ambiente organizacional, pode envolver uma única área dentro de uma empresa ou transcender suas barreiras e ser executado com a participação de múltiplas áreas e até mesmo múltiplas empresas, através de consórcios ou parcerias. De acordo com o PMBOK (2013), um projeto é realizado, portanto, com o objetivo de:

- criar um novo produto, serviço ou resultado;

- desenvolver uma mudança gerencial, pessoal ou estrutural em uma empresa; - construir um prédio, planta industrial ou infraestrutura;

- desenvolver ou adquirir um sistema de informações novo ou modificado (hardware ou software);

- realizar um esforço de pesquisa cujo resultado será registrado; ou

- implementar ou aprimorar processos e procedimentos dos negócios existentes. A palavra projeto também pode se referir a criação de um plano ou uma representação que servirá de base para a construção de um objeto ou para o desenvolvimento de um sistema. No setor da construção civil, esse conceito se refere claramente aos diferentes tipos de desenhos ou diagramas utilizados como base para a execução das obras, como projetos arquitetônico, estrutural, hidráulico, de concreto, de instalação, etc.

Até pouco tempo, os projetistas utilizavam quase que exclusivamente uma instrumentação tradicional, como lápis, lapiseira, borracha, esquadros, escalímetros, compassos e gabaritos, para a representação gráfica do projeto arquitetônico sobre o papel. Entretanto, com o desenvolvimento da computação gráfica e a maior acessibilidade aos softwares CAD (Computer Aided Design), o computador passou a ser a principal ferramenta para a elaboração dos desenhos (XAVIER, 2011). Assim, os projetistas passaram a desenvolver seus desenhos com a utilização do computador e, posteriormente, imprimi-los para a apresentação aos profissionais interessados.

Apesar da significativa mudança na instrumentação utilizada, os elementos do desenho permaneceram e, portanto, continuaram a transmitir todas as informações necessárias para

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a execução da obra, mantendo a representatividade, existente no projeto desenvolvido sobre o papel, agora na tela do computador (SCHULER e MUKAI, 200-? apud XAVIER, 2011). Ainda na década de 1970, entretanto, o professor Charles M. Eastman do Instituto de Tecnologia da Georgia criou o conceito de BDS (Building Description System – Sistema de Descrição da Construção). Já em 1992, van Nederveen e F.P. Tolman publicaram um artigo defendendo que a modelagem de informações da construção era útil para fundamentar a estrutura de um modelo de construção, baseado nos diferentes pontos de vista dos diferentes participantes do projeto.

Surgia ali o chamado Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção – BIM), uma mudança de paradigma muito maior do que a experimentada com o surgimento dos softwares CAD. Segundo Menezes (2012), tem-se que, diferentemente de um simples modelador 3D, a plataforma BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e construtores na elaboração de um modelo virtual preciso. Tal modelo virtual é alimentado com informações, tornando-se um banco de dados a ser utilizado na orçamentação, cálculo energético, planejamento das fases de execução, dentre outras atividades (MENEZES, 2012).

Apesar de englobar funções variadas e trazer um novo paradigma para o planejamento e simulação de processos de uma construção, é natural que, inicialmente, arquitetos e engenheiros pensem no BIM apenas como uma ferramenta para a representação dos edifícios em formato tridimensional. Mesmo sendo utilizados em sua forma mais simples, a representação tridimensional, os softwares BIM já trazem uma diferenciação na forma de planejar e projetar, passando-se a não mais desenhar no computador e sim construir virtualmente, tornando os projetos em produtos do modelo criado.

2.2 Gerenciamento de Projetos e processos de planejamento

O Guia PMBOK (2013) separa o gerenciamento de projetos em 5 grupos de processos, sendo eles: processos de iniciação, processos de planejamento, processos de execução, processos de monitoramento e controle e processos de encerramento. Ainda segundo o Guia PMBOK (2013), o gerenciamento de projetos é agrupado em 10 áreas de conhecimento distintas, sendo estas utilizadas na maior parte dos projetos, na maioria das vezes. Uma área de conhecimento reúne conceitos, termos e atividades mais importantes em uma certa área de especialização.

O grupo de processos de planejamento é o único que se relaciona com todas as áreas do conhecimento definidas pelo PMBOK, sendo tal integração evidenciada nos itens a seguir.

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2.2.1 Gerenciamento da Integração do Projeto

No gerenciamento da integração do projeto, desenvolver o plano de gerenciamento do projeto é uma função do processo de planejamento. Tal processo visa definir, preparar e coordenar todos os planos em uma visão micro e integrá-los a um plano de gerenciamento macro ou que abranja todo o projeto (PMBOK, 2013). O processo recebe como entradas o Termo de Abertura do Projeto, fatores ambientais da empresa e saídas de outros processos para, a partir de opiniões especializadas e técnicas de facilitação, gerar o plano de gerenciamento do projeto (PMBOK, 2013).

2.2.2 Gerenciamento do Escopo do Projeto

O gerenciamento do escopo do projeto tem como principal objetivo assegurar que o projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas o necessário, para terminar o projeto com sucesso, realizando a definição e controle do que será e do que não será incluso (PMBOK, 2013). Dentro dessa área do conhecimento, o processo de planejamento é responsável por planejar e documentar o gerenciamento do escopo, coletar os requisitos e necessidades das partes interessadas, descrever detalhadamente o projeto e o produto e, finalmente, criar a Estrutura Analítica do Projeto, subdividindo o escopo em partes menores e mais facilmente gerenciáveis (PMBOK, 2013).

2.2.3 Gerenciamento do Tempo do Projeto

Segundo o PMBOK (2013), “o gerenciamento do tempo do projeto inclui os processos necessários para gerenciar o término pontual do projeto”. Assim sendo, o gerenciamento do tempo busca promover a integração entre as diversas áreas do conhecimento com o objetivo de definir, sequenciar e controlar as diversas atividades incluídas no escopo, de modo a garantir a execução do projeto e a obtenção do produto dentro do término determinado. O grupo de processos de planejamento é responsável por planejar o gerenciamento do cronograma, definir e documentar as atividades específicas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto, sequenciar tais atividades, estimar os recursos e durações de cada atividade e, finalmente, desenvolver o cronograma analisando as sequências das atividades, suas durações, recursos necessários e restrições (PMBOK, 2013).

2.2.4 Gerenciamento dos Custos do Projeto

O gerenciamento dos custos do projeto tem como objetivo garantir o término do projeto dentro do orçamento aprovado, realizando processos que se relacionam ao planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos do projeto (PMBOK, 2013). Quanto aos processos de planejamento, temos o planejamento do gerenciamento dos custos, a estimativa de custos monetários para terminar as atividades do

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projeto e a determinação do orçamento através da agregação dos variados pacotes de trabalho a fim de estabelecer uma linha de base de custos autorizada para o projeto (PMBOK, 2013).

2.2.5 Gerenciamento da Qualidade do Projeto

Segundo o Guia PMBOK (2013), o gerenciamento da qualidade do projeto tem como objetivo garantir a satisfação das necessidades para as quais o projeto foi empreendido. O gerenciamento da qualidade inclui processos e atividades que determinam políticas de qualidade, objetivos e responsabilidades, de modo a garantir que os requisitos do projeto e do produto sejam cumpridos e validados. O grupo de processos de planejamento é responsável por planejar o gerenciamento da qualidade do projeto, ou seja, identificar requisitos e/ou padrões de qualidade do projeto e suas entregas, além de documentar tais demonstrativos de conformidade. Tal processo recebe como entradas o plano de gerenciamento do projeto, registro das partes interessadas, registro dos riscos, dentre outros, para a partir de ferramentas e técnicas como, por exemplo, análises de custo-benefício, custo da qualidade, benchmarking, amostragem estatística e reuniões, gerar o plano de gerenciamento, plano de melhorias no processo, métricas de qualidade, listas de verificação de qualidade e atualizações nos documentos do projeto (PMBOK, 2013).

2.2.6 Gerenciamento dos Recursos Humanos do Projeto

O gerenciamento dos recursos humanos do projeto consiste em realizar processos que visam organizar, gerenciar e guiar a equipe do projeto. De acordo com o PMBOK (2013), “a equipe de projeto consiste das pessoas com papéis e responsabilidades designadas para completar o projeto”. O processo de desenvolver o plano dos recursos humanos faz parte do grupo de processos do planejamento e tem como objetivo identificar e documentar papéis, responsabilidades, habilidades necessárias, relações hierárquicas e criar um plano de gerenciamento pessoal. O plano de gerenciamento dos recursos humanos do projeto é gerado a partir da entrada dos requisitos de recursos das atividades, do próprio plano de gerenciamento do projeto, ativos de processos organizacionais, dentre outros, através da utilização de ferramentas e técnicas como organogramas e descrições de cargos, networking, teoria organizacional, opinião especializada e reuniões (PMBOK, 2013).

2.2.7 Gerenciamento das Comunicações do Projeto

De acordo com o Guia PMBOK (2013), a comunicação eficaz possibilita a integração necessária entre as diversas partes interessadas do projeto, facilitando a superação de barreiras que podem ser culturais e organizacionais, de níveis de conhecimento, e até mesmo de perspectivas e interesses que podem ser determinantes para o resultado do projeto. O

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planejamento é responsável por desenvolver uma abordagem apropriada e um plano de comunicações do projeto a partir de entradas como o plano de gerenciamento, registro das partes interessadas e ativos de processos organizacionais. O plano de gerenciamento das comunicações e as atualizações nos documentos dos projetos são, portanto, gerados a partir de ferramentas e técnicas como análise de requisitos das comunicações, tecnologias, modelos e métodos de comunicação e realização de reuniões (PMBOK, 2013).

2.2.8 Gerenciamento dos Riscos do Projeto

O gerenciamento de riscos tem como objetivo aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos durante todo o decorrer do ciclo de vida do projeto (PMBOK, 2013). O grupo de processos de planejamento tem como função planejar o gerenciamento dos riscos, identificar os riscos que podem afetar o projeto e documenta-los, realizar análise qualitativa e quantitativa dos riscos e, posteriormente, planejar as opções e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto (PMBOK, 2013).

2.3 BIM aplicado ao setor de Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação

Segundo Fontenelle (2002), o aumento crescente da complexidade tecnológica dos edifícios e, portanto, a maior necessidade de especialização no desenvolvimento dos projetos, faz com que surja a necessidade da coordenação dos trabalhos dos especialistas segundo um mesmo conjunto de diretrizes voltadas para o comprimento dos objetivos do empreendimento. Ainda de acordo com Fontenelle (2002), esse é um dos aspectos mais importantes dentro de um novo enfoque dado ao gerenciamento de projeto: a necessidade da formação, desde as etapas mais iniciais, de uma equipe multidisciplinar de forma a garantir a integração sinérgica das necessidades e dos conhecimentos de todos os especialistas e agentes envolvidos. O estabelecimento de uma equipe multidisciplinar que possibilite tal integração exige uma revisão completa do modelo de gestão sequencial tradicional com que o processo de projeto tem sido habitualmente desenvolvido.

Neste contexto, a Tecnologia da Informação (TI) tem contribuído com o setor da construção através do desenvolvimento de softwares cada vez mais inteligentes e hardwares cada vez mais poderosos e portáteis (Stehling, 2012). Algumas características da indústria da construção que justificam e tornam a utilização de TI indispensável são: o grande número de stakeholders em um empreendimento; baixa produtividade; deficiências de comunicação; deficiências nos mecanismos de gerenciamento da informação e gestão de projetos; altos custos operacionais; e alto índice de desperdícios e retrabalho. Estas características estão

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diretamente relacionadas com as áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos abordadas na seção anterior.

A Modelagem da Informação da Construção - Building Information Modeling (BIM) se apresenta como opção tecnológica para a geração e gerenciamento de informações relacionadas a todo o ciclo de vida da construção, permitindo uma maior integração entre as fases e entre as pessoas envolvidas no projeto, e possibilitando uma forma de gerenciamento onde toda a equipe de projeto está envolvida simultaneamente desde as etapas mais iniciais. De acordo com Eastman et al. (2011), os benefícios da implementação do BIM podem ser separados em benefícios para as fases de projetos (design), construção e ocupacional, resumidamente, como:

- Projetos: visualização antecipada e mais acurada dos projetos em qualquer estágio do projeto; alteração automática dos desenhos 2D ao se realizar alterações no modelo 3D; maior colaboração entre múltiplas disciplinas desde o início do projeto; maior facilidade para extração de quantitativos e consequente realização de estimativa de custos; maior facilidade para se projetar visando eficiência energética e sustentabilidade;

- Construção: reação rápida à mudança de projetos (design), que será automaticamente atualizada no modelo e aplicada aos outros objetos; maior facilidade para descobrir erros e omissões de projeto antes da construção; sincronização dos projetos e do planejamento da construção; melhor implementação das técnicas de Construção Enxuta (Lean Construction);

- Ocupacional: melhor gestão e operação dos sistemas implementados no edifício, utilizando o modelo BIM como fonte de informações para uma melhor utilização; o modelo BIM atualizado facilitará a manutenção preventiva e corretiva do edifício entregue.

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada consistiu em pesquisa bibliográfica, ou seja, na reunião de informações de estudos anteriores que possibilitem a investigação do tema proposto. A pesquisa bibliográfica se limita ao tema escolhido pelo pesquisador, ajudando-o a traçar um histórico sobre o objeto de estudo e ajuda a identificar contradições e respostas anteriormente encontradas.

Assim, foi realizada pesquisa de material bibliográfico relevante ao Building Information Modeling e à Engenharia de Planejamento com o objetivo de reunir dados e informações que suportem o entendimento do assunto e possibilitem identificar as interfaces entre estes. A

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partir das interfaces encontradas, foi possível propor e discutir diferentes aspectos da metodologia BIM que podem ser utilizados na Engenharia de Planejamento de forma a facilitar a visualização antecipada do projeto, simulação de cenários e maior colaboração entre as partes interessadas, tudo isso levando a uma maior eficiência e produtividade do setor de AECO.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da revisão da literatura adequada, pode-se identificar as variadas interfaces existentes entre os processos de planejamento dentro de um projeto com as funcionalidades trazidas pela abordagem da Modelagem da Informação da Construção - BIM. Conceitualmente, a integração do modelo 3D proveniente da metodologia BIM com o planejamento das tarefas é chamada de modelagem 4D, ou seja, a integração dos modelos tridimensionais com o tempo determinado para a conclusão do projeto e suas subdivisões. Assim como os modelos 3D facilitam o entendimento do que deve ser executado e de seus processos construtivos em relação aos desenhos 2D, o modelo 4D facilita a compreensão de como a construção de um edifício será realizada no tempo.

Portanto, a construção de um modelo 4D tem como principais entradas os modelos 3D/BIM gerados pelas equipes de projeto (design), o escopo definido e sua respectiva EAP e o sequenciamento macro das atividades. A partir de ferramentas e softwares 4D, realiza-se a conexão entre os componentes do modelo 3D às tarefas apropriadas da EAP, que poderão ser posteriormente conectadas a um ou mais componentes, gerando assim dependências entre atividades. Os softwares 4D também permitem a associação dos diferentes tipos de tarefa com os objetos do modelo como, por exemplo, a utilização de diferentes cores ou visualizações dependendo se o objeto será construído, demolido ou apenas utilizado temporariamente, e a utilização de informações geradas tanto na modelagem 3D quanto em processos externos de planejamento, como recursos (humanos, financeiros) e produtividade, permitindo aos planejadores uma melhor análise, simulação e sequenciamento das atividades (EASTMAN et al., 2011).

4.1 Benefícios da adoção BIM para os processos de planejamento

Como evidenciado no item 3.2 deste trabalho, os processos de planejamento dentro de um projeto perpassam por todas as áreas do conhecimento descritas pelo PMBOK (2013) e, como a abordagem 4D propõe uma integração do modelo virtualmente construído ao planejamento, a adoção da abordagem BIM gera benefícios para todas estas áreas durante o ciclo de vida do projeto. A partir da revisão, estudo e comparação da literatura adequada, o presente trabalho busca exemplificar algum destes macro benefícios nos próximos itens.

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4.1.1 Colaboração e Engenharia Simultânea

A metodologia de trabalho BIM tem como suas principais bases conceitos de colaboração, interoperabilidade e engenharia simultânea. Resumidamente, tais conceitos buscam trazer à engenharia uma abordagem mais integrada e colaborativa dentro de todo o ciclo de vida dos projetos e entre as mais variadas pessoas, equipes, áreas e até mesmo empresas, além de proporem a realização de etapas e processos em paralelo.

Os princípios de colaboração por trás da abordagem BIM trazem potenciais ganhos diretos para áreas do conhecimento do PMBOK como integração, escopo, tempo, recursos humanos, comunicações, aquisições e partes interessadas, e indiretos para as áreas de custos e riscos. Em um contexto onde as informações e conhecimento são tão abundantes e a demanda por projetos com maior qualidade é cada vez maior, a colaboração entre as pessoas e suas ideias promove um ambiente de excelência no planejamento de projetos através da tecnologia da informação.

O cenário ideal de uma colaboração efetiva requer comunicação aberta e efetiva, respeito, confiança e benefícios mútuos, o envolvimento de todos os agentes em todas as fases do projeto, além de, dentre outros, a tomada de decisões em conjunto. Portanto, a abordagem BIM poderia, por exemplo, facilitar a definição e sequenciamento das atividades ao trazer para esta etapa os agentes responsáveis por suas posteriores execuções e fornecer ferramentas para que isso ocorra de forma coordenada e eficaz. A implementação BIM em uma empresa depende, principalmente, de uma mudança de paradigma para que cada processo seja revisto e adequado, sendo executado de forma a beneficiar os processos subsequentes.

4.1.2 Informações atreladas ao modelo 3D

O fato de o modelo 3D não ser apenas uma representação esquemática do que deverá ser executado, mas sim uma fonte compartilhada de informações a respeito do projeto, faz com que processos das áreas do conhecimento como custos, tempo, recursos humanos, riscos, comunicações e aquisições sejam beneficiadas.

A partir de um modelo provido de informações, torna-se possível a realização e análise de diferentes cenários a partir de simulações virtuais. As simulações podem ser utilizadas, por exemplo, para definir qual a melhor sequência construtiva de um edifício (tempo), para visualizar em tempo real o efeito de modificações e definir a opção mais economicamente viável (custos) ou até mesmo para realizar análises qualitativas e quantitativas de riscos e planejar as respectivas respostas (riscos).

A presença de informações atreladas ao modelo também torna o compartilhamento de dados e documentos facilitada, pois o próprio modelo se torna uma fonte acessível a todos os

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agentes envolvidos. O acesso às informações ocorre a partir da existência de funcionalidades de programas GED (Gestão Eletrônica de Documentos) integradas aos softwares BIM e a comunicação entre diferentes colaboradores também pode ser realizada e documentada dentro dos próprios softwares, eliminando a necessidade de utilização de plataformas externas.

4.1.3 Componentes parametrizados e visualização facilitada

A construção virtual dentro dos softwares BIM é realizada a partir da utilização de componentes parametrizados e inteligentes, ou seja, cada componente possui a “consciência” do que é e interage com outros componentes a partir disso. Assim, uma janela dentro do software, por exemplo, só poderá ser inserida em uma parede construída e que tenha as proporções mínimas para receber tal tipo de janela.

Essa característica acaba por facilitar a realização de alterações dentro do modelo, pois as modificações realizadas são notadas em todo o modelo 3D e também nas plantas 2D geradas dentro do software, além de possibilitar uma visualização do que será construído desde a fase de concepção até a operação. Assim, os modelos BIM beneficiam a visualização e entendimento das partes interessadas, mesmo aquelas menos familiarizadas com engenharia, facilitam a análise de cenários e sequenciamento das atividades no tempo, tornando a compreensão mais eficiente em relação à um gráfico de Gantt, tornam a geração de variados relatórios muito mais simplificada e ainda permitem a realização de uma logística de canteiro e compatibilização de disciplinas muito mais eficientes.

A utilização do BIM 4D também permite uma maior colaboração entre as equipes de planejamento e de obra, facilitando o desenvolvimento de um sistema de produção mais racionalizado dentro do canteiro de obras a partir de sua visualização virtual. A aplicação de conceitos de Lean Construction, por exemplo, seria facilitada a partir da organização das atividades de acordo com o valor gerado por elas e não apenas por uma sequência cronológica (MANZIONE, 2013).

5 CONCLUSÃO

Ainda pouco difundido no mercado de AECO brasileiro, o Building Information Modeling aparece cada vez mais como um passo inevitável para os próximos anos. Apesar de atuar em todo o ciclo de vida do projeto, destacou-se o papel exercido pela abordagem quanto aos processos de planejamento e os benefícios dessa integração.

É possível observar benefícios para todas as áreas de conhecimento e percebe-se que a evolução da tecnologia e, consequentemente, das funcionalidades dos softwares BIM traz cada vez mais possibilidades de melhoria para os processos de planejamento. Tecnologias

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como machine learning, inteligência artificial, realidade virtual/aumentada e big data vêm abrindo novas possibilidades como, por exemplo, imersão virtual nos modelos, que facilitam a visualização para sequenciamento de atividades e permitem uma maior compreensão de todas as partes interessadas, análises de comportamento e operação dos edifícios a partir de dados coletados e fornecidos ao modelo, permitindo a adequação do processo às normas de desempenho e do escopo às necessidades do usuário, e ainda a realização do planejamento e controle com o auxílio de inteligência artificial, facilitando na identificação, análises e resposta à diferentes cenários no projeto.

O aproveitamento integral destes benefícios depende da aceitação dos profissionais e empresas do setor e, principalmente, da quebra de paradigmas estabelecidos visando a priorização da integração das diferentes partes interessadas para um processo de projeto mais eficiente. Outros obstáculos para a utilização da abordagem BIM é a falta de familiaridade dos profissionais com os softwares e com a metodologia em si, e barreiras culturais do ambiente brasileiro, como a não valorização do planejamento, modelos atuais de contratação e até mesmo a falta de disseminação da tecnologia pelas universidades e conselhos profissionais.

REFERÊNCIAS

DORNELAS, Ramon. A tecnologia BIM e o Gerenciamento da Integração: uma proposta colaborativa. Artigo (Curso de Especialização em Gestão de Projetos de Engenharia) – PUC Minas, Belo Horizonte, 2013.

EASTMAN, Chuck et al. Manual de Bim: um guia de Modelagem da Informação da Construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014. 483 p.

FONTENELLE, Eduardo. Estudos de caso sobre a gestão do projeto em empresas de

incorporação e construção. 2002. 396f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

MANZIONE, Leonardo. Proposição de uma estrutura conceitual para a gestão do processo colaborativo com o uso do BIM. 2013. 353 p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo.

(13)

MENEZES, Gilda. BIM: um novo paradigma na academia e no mundo do trabalho. In: VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2012, Palmas.

PRADO D., ARCHIBALD, R.D., Gerenciamento de Projetos para Executivos – Série Gerência de Projetos, Volume 6, Belo Horizonte, 142p. INDG, 2007 apud POLITO, Giulliano. Gerenciamento de projetos na construção civil predial – uma proposta de modelo de gestão integrada. In: PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – SP, 2010, São Paulo.

PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Project Management Body of Knowledge (Guia PMBOK). 5a Edição, 2013.

SCHULER, Denise; MUKAY, Hitomi. Apostila da Disciplina de Desenho Técnico I – Curso de Arquitetura da Faculade Assis Gurgacz – FAC. Cascavel (200-?). Disponível em: http://pt. scribd.com/doc/42762695/Apostila-Desenho-Arquitetura-FAG. Acesso em: 25 jun. 2010 apud XAVIER, Sinval. Desenho Arquitetônico. FURG, 2011. Disponível em:

http://www.pelotas.com.br/sinval/Apostila_DA_V2-2012.pdf. Acesso em: 19 set. 2017.

STEHLING, Miguel. A utilização da modelagem da informação da construção em empresas de arquitetura e engenharia de Belo Horizonte. 165f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.

XAVIER, Sinval. Desenho arquitetônico. Núcleo de Expressão Gráfica – FURG, 2011. Disponível em: < http://www.pelotas.com.br/sinval/Apostila_DA_V2-2012.pdf>. Acesso em: 19 set. 2017.

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BELO HORIZONTE, ____/____/____

CURSO: __________________________________________________

SEMESTRE/ANO: ___________________________________________

TURMA: _________________

TÍTULO DO ARTIGO:

___________________________________________________________________

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NOME DO AUTOR (LEGÍVEL) ASSINATURA

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9 12 17

Engenharia de Planejamento 2/2017

GPEN 14

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