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Inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na educação infantil

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INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Soraia Pedroso

Resumo:Esse artigo se refere a um estudo de caso que tem por objetivo conhecer

o processo de inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais, no Centro de Educação Infantil Walt Disney em São Martinho-SC. Abordando desde aspectos históricos da educação especial e educação inclusiva, até os resultados encontrados através de questionário e entrevistas realizadas com a direção e professores da instituição. Buscou-se compreender de que maneira a inclusão acontece dentro desse espaço educativo. A inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na educação infantil é um processo que tem enfrentado inúmeros obstáculos, os quais carecem de intervenção urgente em prol de uma verdadeira e efetiva educação inclusiva.

Palavras-chave: Educação Infantil. Educação Inclusiva. Instituição.

1 INTRODUÇÃO

Independente do gênero, classe social ou outras características individuais ou sociais, a inclusão é um direito fundamental de todas as crianças. Enquanto direito fundamental, o direito à inclusão não pode ser negado a nenhum grupo social nem a nenhuma faixa etária. A inclusão garante que todas as crianças, idependentes das suas características e diferenças, acedam a uma educação de qualidade e vivam experiências significativas.

A inclusão obriga a repensar a diferença, pois cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias. Segundo a perspectiva inclusiva aceitar a diferença implica respeitar as características, os interesses, as motivações e os projetos de vida de cada criança, o seu desenvolvimento global.

É muito importante que a inclusão no sistema educacional se inicie na educação infantil. Este é o local no qual as questões suscitadas a respeito da diversidade e o encontro com o diferente acontecem em situações corriqueiras, diferente do que ocorre em outros níveis educacionais. A primeira infância é um lócus excepcional, este é o começo da escolarização, a partir do qual devemos discorrer e praticar uma verdadeira educação emancipatória.

O presente artigo nos traz o relato de como acontece o processo de inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais, no Centro de

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Educação Infantil Walt Disney, instituição municipal, localizada na cidade de São Martinho-SC. Para tal conhecimento, foram realizadas visitas à instiuição, conversas com a direção, com os professores e aplicação de questionário e entrevistas com os mesmos.

A pesquisa desenvolvida foi caracterizada como pura, pois, ela tinha como objetivo principal compreender o processo de inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais no Centro Educacional Infantil Walt Disney.

Como a intenção dessa pesquisa era investigar um acontecimento, ela é caracterizada como uma pesquisa empírica.

Quanto ao nível de profundidade do estudo, o tipo de pesquisa que foi desenvolvida é a pesquisa exploratória, pois, “a pesquisa exploratória é utilizada quando o pesquisador não encontrou na literatura os conhecimentos necessários para formular adequadamente um problema”. (WILL, 2016, p. 43).

Em relação ao método utilizado para a coleta de dados, a pesquisa apresentou uma abordagem qualitativa de estudo de caso. Onde se tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados, e o pesquisador como o principal instrumento. “Trata-se de uma pesquisa que tem como objetivo o estudo de um caso, que pode ser uma pessoa, um grupo, uma comunidade”. (WILL, 2016, p. 62).

Os sujeitos que fizeram parte dessa pesquisa foram: a diretora da instituição e as professoras que realizavam práticas pedagógicas com as crianças com necessidades educacionais especiais matriculadas nesta instituição. Totalizando assim, um número de 4 participantes na pesquisa.

As técnicas para a coleta de dados foram o questionário com questões fechadas e abertas, e a entrevista semiestruturada. O questionário é importante porque é um instrumento que dispensa a intervenção do pesquisador. Assim, os respondentes se sentem livres e à vontade para darem suas respostas. Para isso, o pesquisador foi até o campo de pesquisa entregar o questionário aos respondentes com uma data estimada para o retorno. Na data estimada, o pesquisador retornou ao campo de pesquisa e coletou os devidos questionários respondidos.

A entrevista semiestruturada foi realizada mediante dia e horário determinado pelo entrevistado. O pesquisador foi ao campo de pesquisa combinar com o entrevistado o dia e o horário a se realizar a entrevista. No dia combinado, o pesquisador retornou ao campo de pesquisa e aplicou o roteiro da entrevista elaborado

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anteriormente. No decorrer da entrevista não ocorreram novas perguntas e argumentos que não estavam no roteiro.

Primeiramente, o artigo nos traz a fundamentação teórica com citações de diversos autores sobre o assunto. Em seguida ele trata da discussão dos resultados obtidos com a aplicação do questionário e das entrevistas realizadas na instituição. Após, ele traz a conclusão obtida através de todo o estudo e pesquisa realizada sobre o assunto. E por fim, o artigo traz as referências que foram utilizadas durante toda a sua elaboração.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Educação Especial é uma área de conhecimento que visa promover o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com deficiência da educação infantil até a educação superior. Iniciou-se no Brasil no século XIX, com a criação de instituições educacionais especializadas voltadas para o abrigo, a assistência e a terapia de seus educandos.

A Educação Especial se configurou como um sistema paralelo e segregado de ensino, voltado para o atendimento especializado de indivíduos com deficiências, distúrbios graves de aprendizagem, altas habilidades ou superdotação. Foi caracterizando-se como serviço especializado por agrupar profissionais, técnicas, recursos e metodologias específicas para cada uma dessas áreas. Estes especialistas eram responsáveis pelo ensino e aprendizagem dos alunos então chamados de “especiais”.

Durante vários anos as instituições de Educação Especial permaneceram isoladas. Essa perspectiva só começou a mudar a partir de 1961, quando começou a se propor o atendimento ao deficiente dentro do possível na educação regular.

“Surge, dessa forma, uma política nacional de educação, ancorada na Lei n° 4.024/61 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB), com a recomendação de integrar, no sistema geral de ensino, a educação de excepcionais, como eram chamadas na época as pessoas com deficiências.” (BRUNO, 2006, p.10).

Educação Inclusiva é um movimento mundial baseado nos princípios dos direitos humanos e da cidadania, onde o objetivo principal é eliminar a discriminação e a exclusão, garantindo o direito a igualdade de oportunidades e a

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diferença, modificando os sistemas educacionais, de maneira a propiciar a participação de todos os alunos, especialmente aqueles que são vulneráveis a marginalização e a exclusão.

A Educação Inclusiva passou a ser reconhecida como diretriz educacional prioritária na maioria dos países, somente a partir dos anos 90, através da aprovação da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Jontiem, Tailândia) e da Declaração da Salamanca.

Para a autora Glat (2009, p.16):

“A política de educação inclusiva diz respeito à responsabilidade dos governos e dos sistemas escolares de cada país com a qualificação de todas as crianças e jovens no que se refere aos conteúdos, conceitos, valores e experiências materializados no processo de ensino aprendizagem escolar, tendo como pressuposto o reconhecimento das diferenças individuais de qualquer origem”.

A Educação Inclusiva é atualmente a política educacional oficial do país, amparada pela legislação em vigor e convertida em diretrizes para a Educação Básica dos sistemas federal, estaduais, municipais de ensino, conforme a Resolução CNE/CEB N°2 de 2001:

Art. 2°: Os sistemas de ensino devem matricular a todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade. (BRASIL, 2001).

A Declaração da Salamanca contempla a necessidade de implementação de uma pedagogia voltada para a diversidade e necessidades específicas do aluno em diferentes contextos, com a adoção de estratégias pedagógicas diferenciadas que possam beneficiar a todos os alunos.

A autora Bruno (2006, p.14-15) defende que:

“A Educação Inclusiva deve ter como ponto de partida o cotidiano: o coletivo, a escola, e a classe comum, onde todos os alunos com necessidades educativas, especiais ou não, precisam aprender, ter acesso ao conhecimento, à cultura e a progredir no aspecto pessoal e social.” Sobre o assunto, as autoras Silva e Silva (2016, p.5) enfatizam que:

“O ponto de partida para a Educação Inclusiva deve ser o aluno, jamais sua deficiência. Pois não se inclui deficiência, o que se busca incluir é o sujeito que, em detrimento de sua deficiência, foi excluído do meio social. Há de se mudar estereótipos e paradigmas para rompe a barreira que anos a fio foi criada para separar o deficiente de todos os direitos que são inerentes a sua condição humana.”

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2.2 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS X PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAS.

Necessidades Educacionais Especiais são necessidades relacionadas aos alunos que apresentam elevada capacidade ou dificuldades de aprendizagem. Esses alunos não são, necessariamente, portadores de deficiência, mas são aqueles que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas especiais.

“O termo necessidades educacionais especiais refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. As escolas têm de encontrar maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves.” (BRASIL, 1994, p.17-18).

Portador de Necessidades Especiais são pessoas que apresentam necessidades próprias e diferentes que requerem atenção específica em virtude de sua condição de deficiência.

No ano de 2009 a Resolução 4 da CNE/CEB (BRASIL) definiu em termos claros o público-alvo da educação especial: pessoas com deficiência como impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial (surdez e cegueira), transtornos globais de desenvolvimento com alterações no aspecto neuropsicomotor, comprometimento mas relações sociais, na comunicação, nas estereotipias; autismo, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtornos desintegrativo da infância, transtornos invasivos e altas habilidades/superdotação. De acordo com a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU – Organização das Nações Unidas/2006,

“pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual (mental) ou sensorial (visão e audição) os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”

A pessoa com deficiência possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividades. Pode apresentar uma ou mais deficiências, percebida ao nascimento ou adquirida ao longo da vida. Ela geralmente precisa de atendimento especializado, seja para fins terapêuticos, como fisioterapia ou estimulação motora, seja para que possa aprender a lidar com a deficiência e a desenvolver as potencialidades.

As pessoas com deficiência são vistas, geralmente, como incapazes de ter vida social por si, mesmo dano demonstrações cotidianas de suas capacidades e

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habilidades. São indivíduos ativos que usam outros meios além das pernas para se movimentar, que decifram o ambiente com outras partes do corpo e não com os olhos e ouvidos, são aqueles que lêem com os dedos ou que falam com gestos e pensam por imagens. Assim, podem fazer tudo que todas as pessoas fazem, desde que garantidas às condições e acessibilidade que devem ser assegurada para todos.

2.3 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A inclusão é um processo dialético complexo, pois envolve a esfera das relações sociais inter e intrapessoais vividas na escola. Ela vai além do ato de inserir, de trazer a criança para dentro do centro de educação infantil. Significa envolver, compreender, participar e aprender.

Assim, no processo de inclusão, a criança com necessidades educacionais especiais não pode ser vista apenas por suas dificuldades, limitações ou deficiências. Ela deve ser olhada na sua dimensão humana, como pessoa com possibilidades e desafios a vencer, de forma que os laços de solidariedade e afetividade não sejam quebrados.

Os defensores da Inclusão acreditam que em se tratando de crianças com deficiência as instituições de educação infantil são espaços privilegiados, onde a convivência com adultos e outras crianças de várias origens, costumes, etnias, religiões, possibilitará o contato desde cedo com manifestações diferentes daquelas que a criança vivencia em sua família ou um ambiente segregativo, permitindo-lhe, assim as primeiras percepções da diversidade humana.

É importante que a inclusão no sistema educacional se inicie na educação infantil. Este é um local no qual as questões suscitadas a respeito da diversidade e o encontro com o diferente acontecem em situações corriqueiras, diferente do que ocorre em outros níveis educacionais. A primeira infância é um lócus excepcional, este é o começo da escolarização, a partir do qual devemos discorrer e praticar uma verdadeira educação emancipatória. (SOUSA, 2012, p.2).

Glat (2009) acredita que, a inserção de alunos com dificuldades no ensino regular pode ocorrer por dois modelos educacionais distintos: Integração e Inclusão Escolar ou Educação Inclusiva. A autora explica que o primeiro caso também previa a escolarização de alunos com deficiências em classes comuns, porém eles só eram integrados na medida em que demonstrassem condições para acompanhar a turma, recebendo apoio especializado paralelo. Na proposta atual, esses alunos,

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independente do tipo ou grau de comprometimento, devem ser absorvidos diretamente nas classes comuns do ensino regular cabendo à escola a responsabilidade de se transformar principalmente no que diz respeito à flexibilização curricular, para dar a resposta educativa adequada às suas necessidades. Esta autora afirma, ainda, que:

Para se tornar inclusiva, a escola precisa formar seus professores e equipe de gestão, e rever as formas de interação vigentes entre todos os segmentos que a compõem e que nela interferem. Precisa realimentar sua estrutura, organização, seu projeto político-pedagógico, seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas avaliativas. (GLAT, 2009, p. 16).

Sendo assim, podemos dizer que é considerada Escola Inclusiva aquela que abre espaço para todas as crianças, abrangendo aquelas com necessidades especiais.

Em relação à Escola Inclusiva, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) destaca que:

Seu principal desafio é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar a todos sem discriminação, respeitando suas diferenças. Uma escola que dê conta das diversidades das crianças e ofereça respostas adequadas às suas características e necessidades, solicitando apoio de instituições e especialistas quando isso se fizer necessário. (BRASIL, 1998, p. 36).

Nesse sentido, a inclusão escolar da criança com necessidades educacionais especiais se dará a partir da compreensão de que tudo o que elas trouxerem como experiência própria será ponto de partida para que o professor interfira para a promoção de seu desenvolvimento. As limitações consequentes da deficiência biológica ou adquirida que essa criança apresenta não será um aspecto central na ação educativa desse professor, como tampouco representará uma barreira que venha interromper o processo de interação social dessa criança na escola.

A sala de aula inclusiva propõe um novo arranjo pedagógico: diferentes dinâmicas e estratégias de ensino para todos, e complementação, adaptação e suplementação curricular quando necessários. A instituição, a sala de aula e as estratégias de ensino é que devem ser modificadas para que a criança possa se desenvolver e aprender.

A organização do espaço, a eliminação das barreiras arquitetônicas, mobiliários, a seleção dos materiais, as adaptações nos brinquedos e jogos são instrumentos fundamentais para a prática educativa inclusiva com

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qualquer criança pequena. Eles se tornam condições essenciais e prioritárias na educação e no processo de inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais. (SOUSA, 2012, p.18).

Em relação à criança com necessidades educacionais especiais, Amaral (2006) destaca que:

A educação infantil passou a ter um papel fundamental no desenvolvimento escolar desses alunos, principalmente por assumir a finalidade de desenvolver integralmente a criança até os seis anos de idade e proporcionar-lhe bem-estar físico, afetivo-social e intelectual. É através de atividades lúdicas sejam estimuladas as oportunidades de desenvolvimento, curiosidade e potencialidade. Todos esses aspectos deverão contribuir para a sua inclusão na tríade família-escola-comunidade. (AMARAL, 2006, p.43).

Com isso, conclui-se que para acolher todos os alunos, a escola precisa, sobretudo, transformar suas intenções e escolhas curriculares, oferecendo um ensino diferenciado que favoreça o desenvolvimento e a inclusão social. Pode-se dizer que isso é uma meta a ser perseguida por todos aqueles comprometidos com o fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária.

3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O questionário aplicado com a direção do Centro Educacional Walt Disney mostrou que a instituição recebe bem poucas matrículas de crianças com NEEs. Sendo que no momento, não há nenhuma criança com NEEs matriculada na instituição. Por este motivo, a mesma não possui nenhum programa de incentivo para os pais matricularem filhos com NEEs e também não está pronta para receber qualquer tipo de criança com necessidades especiais. Nem por isso, possui um projeto para a reforma da instiuição com a finalidade de adaptá-la. O que existe é o empenho dos gestores na busca de um novo CEI. Pelo mesmo motivo, o baixo indice de matriculas de crianças com NEEs, a prefeitura não oferece aos professores da instituição nenhum tipo de preparo e capacitação para receber e trabalhar com essas crianças e nem investe/envia para a instituição recursos/materiais pedagógicos adequados para serem utilizados com crianças com NEEs. No entanto, o Projeto Político Pedagógico da instituição contempla a inclusão de crianças com NEEs na educação infantil, e o gestor da instituição acredita que é importante sim a inclusão dessas crianças no ensino regular desde a educação infantil.

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Com o questionário realizado com a direção da instituição percebe-se que, a inclusão nessa instituição existe somente no papel através do Projeto Político Pedagógico. Pois, na realidade muita coisa precisa ser feita para que a instituição se torne realmente inclusiva. Mesmo que a instituição receba bem poucas matrículas com crianças com NEEs ela precisa estar preparada para receber essas crianças, tanto em estrutura física, materiais pedagógicos e mobiliários como também com profissionais capacitados. Para quando chegar uma criança com NEEs, os professores saibam como agir diante dela, saibam desenvolver um bom trabalho com essas crianças, e que elas também se sintam realmente incluídas no espaço da instituição.

Para se tornar inclusiva, a escola precisa formar seus professores e equipe de gestão, e rever as formas de interação vigentes entre todos os segmentos que a compõem e que nela interferem. Precisa realimentar sua estrutura, organização, seu projeto político-pedagógico, seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas avaliativas. (GLAT, 2009, p. 16).

Os questionários realizados com os professores revelaram que os mesmos raramente trabalham com crianças com NEEs na instituição. Esses professores se consideram capacitados para trabalhar com essas crianças devido as suas próprias buscas por cursos que lhe capacitam para tal situação, já que só a sua formação em pedagogia não é o suficiente para o trabalho com crianças com NEEs. Além disso, a instituição não lhes oferecem nenhum tipo de apoio para o seu trabalho com crianças com NEEs. O que a instituição oferece é uma bolsista para ajudar em sala, o que todos os professores possuem independente de na turma possuir crianças com NEEs ou não. No ponto de vista dos professores, a instituição está preparada para receber crianças com NEEs somente em relação a profissionais capacitados, devido a busca pessoal desses cursos de especialização na área da educação especial que alguns professores realizam. Todos os professores questionados acreditam que a instituição necessita sim de mudanças para poder atender as necessidades de crianças com NEEs. Em relação a importância da inclusão de crianças com NEEs no ensino regular desde a educação infantil,os professores destacaram que é muito importante devido ao melhor desenvolvimento da criança, ou seja, quanto mais cedo iniciar o processo de inclusão e estimulação mais desenvolvida ela será. E melhor será também a sua convivência com outras crianças.

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A educação infantil passou a ter um papel fundamental no desenvolvimento escolar desses alunos, principalmente por assumir a finalidade de desenvolver integralmente a criança até os seis anos de idade e proporcionar-lhe bem-estar físico, afetivo-social e intelectual. É através de atividades lúdicas sejam estimuladas as oportunidades de desenvolvimento, curiosidade e potencialidade. Todos esses aspectos deverão contribuir para a sua inclusão na tríade família-escola-comunidade. (AMARAL, 2006, p.43). Através dos questionários aplicados com os professores percebe-se que, os mesmos não recebem nenhum tipo de apoio/investimento da instituição para o trabalho com crianças com NEEs. O que acontece é a busca própria por capacitação na área da educação especial, e que com isso eles se viram como podem quando se deparam com crianças com NEEs em sua turma.

Art. 2°: Os sistemas de ensino devem matricular a todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade. (BRASIL, 2001).

As entrevistas realizadas com os professores da instituição mostraram que apesar do tempo em que os mesmos trabalham na instituição, 2 professores trabalharam apenas com 1 criança com NEEs e 1 professor trabalhou com 2. Em relação ao planejamento de suas atividades, os professores relatam que era pensado no potencial da criança com NEEs. Quando precisava era adaptado para a criança com NEEs poder estar realizando a atividade também junto as outras crianças. Sempre era priorizado a participação da criança com NEEs junto as demais. No que diz respeito ao “olhar” e o contato das crianças com as crianças com NEEs, um professor relatou que algumas apresentavam um pouco de receio, viam como “coitadinha” e de início procuravam ficar afastadas. Nos outros dois casos, os professores relataram que as crianças tratavam normal como qualquer criança. Ajudavam a cuidar, davam atenção especial em alguns momentos e demonstravam carinho ao colega. Os relatos dos profesores revelaram que o processo de interação e socialização das crianças com NEEs com as demais crianças acontecia de forma natural, interativa, com carinho e cuidado participando da brincadeiras juntas.

Perguntados sobre o que procuram fazer para promover a inclusão das crianças com NEEs na instiuição, os professores relataram que procuram realizar atividades em que todos possam estar participando igualmente, tratando todos com respeito, acreditando no potencial de cada criança, mostrando a importância a boa convivência sem distinção ou exclusão entre o grupo.

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Em relação ao seu maior desafio mediante ao trabalho com crianças com NEEs, um professor falou sobre o atendimento individualizado a essa criança com acompanhamento de especialistas que sabem como fazer, o que fazer e como fazer. O outro professor falou sobre fazer com que a a criança se sinta o máximo incluida possível no ambiente da instituição. Fazendo com que seu trabalho faça diferença na vida naquela criança. E o outro professor falou sobre manter a concentração da criança nas atividades e fazer com que ela entenda que não pode realizar todos os seus desejos.

Sobre a instituição, para que as crianças com NEEs sejam realmente incluídas e bem recebidas, os professores acreditam que necessita da capacitação de alguns profissionais, melhorar a estrutura física, compra de materiais pedagógicos, apoio da prefeitura municipal já que a instiuição é municipal, e paradas pedagógicas para o estudo do caso da criança com NEEs.

No que diz respeito ao que a instituição realiza para promover a inclusão de crianças com NEEs, os professores entrevistados contaram que apesar de a instiuição ser um ambiente acolhedor, que respeita cada criança e que valoriza o potencial de cada um, ainda se realiza poucas mudanças de acordo com a nossa realidade.Que ainda se tem um longo caminho a percorrer se tratando de inclusão.

Seu principal desafio é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar a todos sem discriminação, respeitando suas diferenças. Uma escola que dê conta das diversidades das crianças e ofereça respostas adequadas às suas características e necessidades, solicitando apoio de instituições e especialistas quando isso se fizer necessário. (BRASIL, 1998, p. 36).

Com as entrevistas realizadas com os professores entende-se que, os mesmos trabalham de forma a incluir a criança com NEEs em todas as atividades que realiza em seu planejamento, mesmo quando precisa adaptar a atividade para a criança. Os professores buscam a interação e a socialização das crianças com NEEs com as demais crianças, criando um carinho e um entrosamento especial entre elas através de conversas e mediação. Fazendo assim, com que todas brinquem juntas sem nenhum tipo de distinção entre elas.

Apesar de os professores realizarem a sua parte para fazer a inclusão, sente-se a ausência da parte da instiuição para que a inclusão realmente aconteça. A carência de materiais pedagógicos, apoio ao seu trabalho e estrutura física são barreiras encontradas pelos professores para que a inclusão se efetive. Muita coisa ainda

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precisa ser feita para que se possa dizer que é uma instituição realmente inclusiva. A inclusão não se resume em aceitação de matrículas de crianças com NEEs, ela é muito mais que isso. A instituição precisa transformar suas intenções e escolhas curriculares, oferecendo um ensino diferenciado que favoreça o desenvolvimento e a inclusão social.

Enfim, para se considerar a inclusão na educação infantil, precisa-se antes refletir sobre a inclusão não somente na creche, na escola ou nas escolas municipais de educação infantil, mas em todo o sistema educacional. Para que isso aconteça é preciso seguir a uma séria revisão dos objetivos e métodos de educação em nosso país, envolvendo a todos os atores educacionais na proposta de uma sociedade inclusiva.

“A política de educação inclusiva diz respeito à responsabilidade dos governos e dos sistemas escolares de cada país com a qualificação de todas as crianças e jovens no que se refere aos conteúdos, conceitos, valores e experiências materializados no processo de ensino aprendizagem escolar, tendo como pressuposto o reconhecimento das diferenças individuais de qualquer origem”. (GLAT, 2009, p. 16).

3 CONCLUSÕES

A Educação Infantil é um processo cultural, aonde através de métodos, didáticas e técnicas específicas conduzimos as crianças a desenvolver relações de respeito mútuo, justiça, solidariedade, igualdade, tornando a criança pensante e autônoma das suas ações e atitudes na sociedade.

Com a pesquisa realizada no Centro Educacional Walt Disney, conclui-se que a realidade educacional referente à inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais acontece só no papel. A instituição possui um Projeto

Político Pedagógico que contempla a inclusão de crianças com NEEs, a direção e os profissionais acreditam/defendem a importância de incluir essas crianças desde a educação infantil para que assim tenham um desenvolvimento melhor. No entanto, o questionário e as pesquisas realizadas na instituição revelaram que na prática

poucas ações são realizadas para que a instituição seja realmente inclusiva. Apesar de receber matrículas de crianças com NEEs, a instituição não está preparada para receber essas crianças tanto em relação à estrutura física, quanto à materias

pedagógicos, profissionais capacitados e mobiliários. Os professores não recebem cursos de capacitação para trabalhar com essas crianças, e acabam trabalhando

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como podem. Em seus planejamentos procuram realizar atividades em que todas as crianças consigam participar juntas, incentivando a socialização das mesmas, e promovendo o respeito e a igualdade entre elas.

Acredito que a inclusão no contexto da Educação Infantil é possível sim, contudo este é um caminho repleto de desafios a serem enfrentados por nós cidadãos, educadores e pais, com conhecimento, determinação e amor. REFERÊNCIAS

AMARAL, Míriam Matos. A Inclusão de crianças com necessidades

educacionais especiais na educação infantil: uma análise do currículo moldado pelas práticas pedagógicas de professoras da rede municipal de ensino de Belém. 2006. 140 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Centro de Educação, Belém, 2006.

BRANDÃO, Maria Teresa; FERREIRA, Marco. Inclusão de crianças com

necessidades educacionais especiais na educação infantil. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.19, n.4, p.487-502, out/dez.2013. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382013000400002>. Acesso em: 09 mar. 2016.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto de Educação Infantil. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v1. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Estratégias e orientações para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais. Brasília: MEC/SEESP, 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/eduinf_esp_ref.pdf>. Acesso em: 06 abr. 2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Educação Infantil: saberes e práticas da inclusão. Brasília: MEC/SEESP, 2006.

GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 letras, 2009.

SILVA, Sônia Venâncio de Araújo; SILVA, Maria Santana Silva. O Paradigma da Inclusão na Educação Infantil. Disponível em;<

http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/o-paradigma-da-inclusao-na-educacao-infantil>. Acesso em: 15 out. 2017.

SOUSA, Linete Oliveira. A Inclusão Escolar no Contexto da Educação Infantil. Revista Científica Aprender, Teresina, v.6, n.6, out. 2012. Disponível em: <http://revista.fundacaoaprender.org.br/?p=88>. Acesso em: 16 out. 2017.

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WILL, Daniela Erani Monteiro. Introdução a Processos Investigativos. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.

Referências

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