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Os grupos sanguíneos dos portugueses: os grupos do sistema A1 A2 B O no
Alentejo e no Algarve
Autor(es):
Cunha, A. Xavier da; Morais, M. H. Xavier de; Cunha, F. A. Font Xavier
da
Publicado por:
Universidade de Coimbra. Instituto de Antropologia
URL
persistente:
URI:http://hdl.handle.net/10316.2/35183
Accessed :
24-Jan-2021 22:07:44
digitalis.uc.pt impactum.uc.pt
Os grupos sanguineos dos Portugueses
OS GRUPOS DO SISTEi\IA A1A2 Bo
NO ALENTE,TOE NO ALGARVE pOl' A. XAVIER DA CUNHA, 1[, H. XAVIER DE MORAIS e F. A. FONTXAVIER VA Cmm A
(Institute de Anlropologia da Universidade de Coimhra: Centrode Estudo sdeCien eiasNaturais do LA. C.)
Intrnducao
Estudamo s num trabalho anterior (X. DA OUNHA e 1I. H. X. DE MOHAIS, 1959) a distribuicao regional dos grupos
AI A2B0 em Portugueses . A comparacao das tres regioes, Norte, Centro e Sui, efectuacla com 0 auxilio do teste X2 , niio mostrini Iieteroqeneidade. Mas ainda que sem siguificacao esta-tistica, os nossos dados apontavam uma frequencia do grupo B
mais elevada na regiao SuI (9,7
%
contra 8,8 0/ 0 e8,6
% 1 res-pectivamente no Norte e no Oentro).Ja
anteriormente TAMAGNINI (1940) e A. LESSA (1957) veri-ficaram heterogeneidade atribuivel a diferencas na dietribuicao do gene B. A. LESSA atribui mesmo a maior incidencia de B,pOl' ele verificada no SuI do Pais, como consequente do con -tacto que essas regioes sofreram com as invasces de Africa. Rum trabalho reccnte VALLS MEDINA (Oongresso Luso--Espanhol para 0 Progresso das Ciencias, Porto, 1962), estuda a distribuicao dos grupos sanguineos em Espanha e verifica
160 Contribuiqiieepara 0 Estu docia Antr opologia Portuquesa
tam be m discor dancias en t re as fre qu en cias no SuI de Portu-gal e de Espanha enquanto que no Centro e no Norte as dis-tribuicoes das frequeucia s eram coneordantes.
Dado que 0 mimero de ob servac ce s de que dispunhamos,
it data da pu bl icacao do nosso citado tr a ba lh o, para a regiiio SuI do Tejo (AlentPjo, Settib al e Algarve), er a relativamente pequeno, apenas 026, nao levamos mais longe a ncssa analise e a comparacao entre as duas provincias e os seu s distritos. Nov a seriededeterminacoes grupais perrnitiu-uos elevar aquele mi mero para um total de 1.774 , 1.089 relativas ao Alentejo e Se tu ba l e 685 ao Algarve.
Os indivlduos agora examinados foram, principalmente, provenientes de populacoes escolares de Lieeus e de Escolas Te cn ic as (1).
Material e tecnica
As amostras de sangue foram reeolhidas segundo a tecnica habitual , deserita .ia em trabalhos ant eriores. Os soros anti-A e anti-B utilizudos foram pOl' nos preparados; 0 titulo destes soros nu nea era inferior a 1/64.
Para a diferenciacao dos grupos A) e .112 , AIB e A2B ut.i-liaaram -se soros anti- A, absorvidos, adquiridos n aOa sa DADE. Oomo eontraprova para 0 reeonhe eimento dos gru po s .112,
empreg amos um extrato de semente s de Ule» eUI'Opeu8.
Usamos exelusivamente 0 metodo de SCHIFF (ce n t rifu g
a-9110 em pequenos tubos). Mais pormenores de teeniea eneon-tram-so no nosso trabalho atras referido.
Resultados
A serietotal de1.774 individuos doSuI do Pais , tomandoem eonsidera cao ape nas os quat ro grupos do sistema original ABO,
mostrou aeordo com a teoria de BERNSTEIN (X2= 1,55067 que,
(1) Mai s uma vez aq ui deixa rnos expr essos os nossosagr ad ecimentos aos Rei tores dOB Liceu s, Direct oresfiel':scolasTecnicas eMedi cos Escola res que torn a ra m possive larealizaefio deste trabalho,comava lio sa colaboraeflo
Osgl'UpOS sanqu ineos dos Port uqueses 161
para um .g r au de liberdade, corresponde a uma probabiHdade
prox ima de
0,20).
A distribuicao verificada para os seis grupos do sistema
AI .A2B0 foi:
o
708 39,90981Ofo
Al 659 37,147 69 % 188 10,597520J0
B 159 8,96279% AlB 51 2,87486Ofo
A2B 9 0,50733 %A relacao A2
e
igual a0
,220
e~
igual a0
,2827.
AI
+
A2 AlAs fraquen ci as gel1lcas corrigidas, ca lcula d as pel as formu-las de \VELLISCH e 'r HO)ISE N, foram :
p = 0,22475
P~=0,07866 q = 0,ll6710 ,. = O,fi2949
Total = 1,'JOOUO
Os numerus e frequencias observados e esperados, bem
como os val ores do X2 para cada um dos grupos, encon
-tram-sa na Tabela 1.
TABELA J
Numerus
Frequeu ci as Frequen cia s Nurne r os Gr n po obs
er-obser vad as esper a da s esperad os y.2 vados - -
-°
708 0,39910 0,39626 702,96 0,03 61 Al 659 0,3714 8 0,3fl883 65 ~,30 0,0~37 A~ 183 0,10597 0,10 521 186,66 0,0096 B 159 0,08963 0,08898 157,85 0,0084 AlB 51 0,02875 0,03016 53,50 0,1168 A2B 9 O,Oll507 0,01056 18,73 5,05W'I'otais 1.'i 74 1,UUUUO 1,OOOUD 1.'i74 5,~592
Os valores enco nt r a d os esta o de acor do com a teoria; 0 valor do X2 total=
5
,2592
,
para doi s gra ns de liberdade, cor-responde a uma probabilidade entre
0,0
5
- 0,10.
0 valorindivi-162 Contribuiroesparce0 Estudocia Antropoloqia Portuquesa
duos .A2
B
en contrad os (apenas 9 observados , contra 18 es pe-rados ).Na Tab eJa II van registadas as fre.quencias observa d as ,
va lo res ab s olutos e perce ntagens , na s provinci as do Alen tejo e Algarve, nos seus distritos e em Setubal.
TABELA II
Distribui'iao dos grup os sanguineos nos distritos das provincias do Alentejo e Algarve e distrito de Setubal
Frequ eu ci as observadas; val ores absolutose percentagens GRUPOS
0 Al .112 B AlB A2B To tais
Freq·1
%
Freq.jOfo
Freq· 1%
Fre q·1%
L"req·1 % Fr eq.\Ofo
ALE NT EJ O g SETl'u~AL Beja 128 36,89 146 ~2,07 31 8,93 31 8,93 11 3,17 0 0 3n Evora 137 41,77 114 34,76 22 6,71 42 12,80 11 3,35 2 0,61 328 Por taleg re 134 40,2 4 129 38,74 32 9,61 26 7,81 11 3,30 1 0,30 333 Set ubal 40 49,38 21 25,9:1 6 .7,41 12 14,81 2 2,47
°
0 81 - - - -- -- -- --W
I1O,
19135
/
3,21 -Totais 439 40,31 410 i)7,65 91 I 8,06 3 0,28 1.089ALGARVE
Totais
Faro
_ _ _ _
~~139,27 ~~1
3r,,35
~
~
14,16~
~I
7,00
l~~ 12,3~
1~-1~~I~
708 [39,91
6591~7,
15
188 10,60 159 1t<,96[51
12,871 9 1°,5 11 1.774Alentejo e Setltbal- Nos dis t ritos do Ale ntejo e Setiib alfoi observ ad a a distr i bu icao seguinte, num total de 1.089 obse r-v acoes: 0 .111 .112 B AlB A2B 439 410 91 111 35 3 40,3 1221
%
37,64922% 8,35629%
10,1928·1%
3,213\15% 0,27548%
A re lacao 0,816 e A2 = 0,2219. AlOs,ql'UpOSsan quineosdos Portuqueses
As fre.q ue ucias genica s corrigidas sao: Pl
=
0,23218 P2= 0,o6291 q = 0,06797 I'=
O,6il694 Total=
1,LOOOO 163Os valo res dos num erus e das freque ncias , observa dos e esp er a dos , e os valore s do
x.
2, constam da Tabela III.TABELA III
Numeros
Frequencias Frequeu ci as Niimeros
Grupo obser- obser v ad as espera das esperados 1.2
vados 0 439 0,40312 0,40569 441,80 0,00326 Al 410 0,37649 0,37888 412,60 0,01774 A2 91 0,08356 0,08409 91,57 0,01638 B 111 0,10193 0,09120 99,3 1 J,37609 AlB 35 0,0 :) 214 0,031fi6 34,36 0,01l9:! A2B 3 0,00 276 0,00865 9,41 4,%642 -'I'ota is 1.089 1,00000 1,00007 1.089,05 5,79181
o
valo r dox.
2 tot al , igual a 5,79181, para dois graus deliberdade, corresp on de a um a probabilidade entre0,05- 0,10, qu ase no limi te de aig nifica ucia. Este valor
e
tambem atri-buivel ao va lo r elevado dox.
2 refer en t e ao grupo A2B.
Algarve - No uui co distrit o, Faro, a distribuicao ver ificada, num total de 685 observaco es, foi a seguinte:
o
269 39,~70070J0
B 249 97 48 36,350360J0
14,16058Ofo
7,007300J0
AlB 16 2,33578% 6 0,875910/0 e A2 =0,3895. AI164 Contribuiciies para 0 Estiuloda Antropoloqia Portuquesa
As frequencias genicas tern as valore s seguin tes :
1'1= 0, '21632
]J'l= 0,10419
f.J =0,05:~56 r = 0,62593 Total
=
1,00000Na TabeJa IV inserern-se os valores da distrib ui cao pelos sers gru pos :
TABELA IV
Numerus F'req uenc ia s F requen cia s Nu meros Grupo observados observarlas esperadas
esperados 1.2 0 269 0,39270 0,39179 268,37 0,nOB8 Al 249 0,36350 0,'l6268 248,43 0,00 131 A2 97 0,14160 0,14074 96,40 0,00373 B 48 0,07007 0,06992 47,90 0,0020 8 AlB 16 0,02335 0,O~3 18 15,88 0,0009 1 A2B 6 0,00876 0,01116 7,u5 0,40032 Totai s 685 0,99998 0,99947 684,63 0,40 983
OvaloI' 0,40983 do X2 tota l, corresponde a uma probabili
-dade de cerca de 0,80 e ind ica portanto excelente conco rda
n-cia com a teoria.
N a T'abela V reunirnos os valores da distribu icao regiona l
dos grapos At A2BO; os elemen tos relat iv os ao Cen t ro e TABELA V
:z::
0 Al A2 B AlB A2B- To ta is
~ioes N.o
Ofo
N.oOfo
~.o 0/° N.oOfo
N.oOfo
1\'.1) 0/°- - - -- - -- - - - -
-
-
- -
- - -Norte 405 38,79 409 39,18 103 9,87 90 8,62 29 2,78 8 0,76 1.044 Centro 574 41,66 534 38,75 109 7,91 120 8,71 32 2,32 9 0,65 1.37S Sui 708 39,~ 659 ~~ 188 10,60 159 8,96 51 2,~ 9 0,5 1 1.774 - - - - ---
-
-
-
-
-Totais 1.687 40,20 1.60~ 38,18 400 9,53 369 S,7!! 112 2,67 26 0,62 4.196.
Os grupos sanguineosdos Portuqueses 165
Norte do Pais foram exbraidos do nosso trabalho atras citado
(
X .
DA CUNHA eM. H
.
X.
DE MORAIS,1959).
A
comparacao entre as tres regioes, agora com as novas dados, mais nu me-rosos , da regiao SuI,naomostra heteroqeneidade, (Fig. 1). ComN
8=&62%I
~ 6~5%
c
8=8,7
1%
1
B=6,00%
S
8=896
%
1
8=
6:7
1~~,
FA.ROFig. 1 - Fr eq uencia s fenotip icas do gruJlo B e freq ue nc ias do gene B,
em percent agens, no Norte, Centro e SuI do Pais.
efeito, a comparacao pelo X2 , que consta da 'I' ab ela
VI
,
da-nos o valor do X2= 8,94593 que, para oito graus de liberdade, corre spo nde a urn valor deP
entre 0,30 e 0.50.Vej amo s agor a a cornparacao entre as valores das
166 C'vn t1'ibui9(Jes para 0 Estudo da Antropoloqia Port uq uesa
'I' ABE LA VI
Tabelu de contingencia para comparalrao das tres regioes, Norte, Centro e SuI do Pais
R,g,,
;
f
'"
p
"
NORT E CEXTRO SUL <JJ <JJ o 0 .... '"0 OJ """
.... - OJ ." 0.. Z ~ Totai so
Al 1\2 B AlB+
"
2
B 405 419,74 409 398,59 103 99,52 90 91,81 37 34,34 574 534 109 120 41 554,03 526,11 131,36 121,18 45,32 708 659 188 159 60 713,24 677,30 169,11 156,01 58,34 1687 1.602 400 369 138 TotaisI
l.OU 1044 1,378 1.'378 1.774 1.774 4.196Settibal,eAlgarve. A 'I'abela VII mostra-nos 0 re s ul t ad o dessa
co roparacao; 0 valor do
x.
2=18,52565,
para quatro grausde liberdade, co rre sp on d en d o a uma probabilidade de cerca
TABE LA VII
RegiOes/ ALE NT E.JO E SETUDAI. ALGARVE
I
Totais~
upos
Numeros Nurne r os Numero s Nurnerosobser vado s esper a dos observa dos espe r a dos
0 439 434,62 269 273,38 708 Al 410 404,54 249 254,46 659
"2
!llI
115,41 97I
72,60 188 B 111 97,60 48 61,39 If)9 \IB+
A2B 38 36,83 22 23,17 GO II
- -Tot aisI
1.089 1.089 685 685 1,774de
0,001,
e
significativo, indicando heieroqeneidade. (Fig.2)
.
As frequeucias, em percentagens, do grupo B, no Alentejo
e Setubal e no Alg a r ve, tern os valores, respectivamente,
Os rVU]JOs sanquineosdos Portuquesee 167
Do exame da 'I' abela VIII ressalta tambern a diferenca entre
os valores das frequencias do grupo B nos varios distrito s do
Alentejo e no de Settibal : Beja - 8,93, Evora-12,80,
Por-talegre- 7,81 e Setubal - !J,81. B==10,19% 18= 6,79%
l
8=7, 00%
r
8=5,
35%
Fig. 2- Freq uenc ias fenoti pic as dogrup oBe frequencias do geneB,
em percent a gens,no Ale ntej oeSetub al e no Alga rve.
N a 'I' abela VIII efectuo u-se a comparacao entre os
distri-tos, pelo 'X.2.
0
valor deste estatistico (X2= 17,21763), paradoze graus de liberdade, correspondendo a uma probabilidade
entre 0,10 e 0,20, nao
e
significativo. Apesar da disparidadedos valores de B, nao se veri fica heterogeneidade assegurada
estatisticamente.
Estes resultados s110 de dificil interpretacao. Uma
possi-vel influencia de elementos mediterraueos do Norte de Africa
deveria fazer sentir-se mais fortemente na provincia me
ridio-nal, no Alg a rve. No en tanto, 0 Algarve tem a mais b aixa
signifi-\68 Cont ribuicdes para a Estudoda Antropoloq ia Pori uquesa
'fABELA VIII
Tabela de contingencia para comparal<ao dos distritos do Alentejo e Setubal
Hegi fi es DEJA PORTAJ.EGRE SETUB Ar..
Grupos - - - - -1- - ·- -- - - -- - - --
-o
A1 A2 B AlB + A2B 128 139,88 137 146 130,64 114 31 2!J,00 22 31 35,37 42 11 12,11 13 132,'.12 123,49 27,41 33,43 11,45 134 129 32 26 12 134,24 125,37 27,83 1>3,94 11,62 40 21 6 12 2 32,65 30,50 6,77 8,25 2,83 439 410 91 111 38 - - - - 1- - - -- -- - - _.- - - - -To tais 347 347 328 328 333 333 81 81 1.089cativame nte da freque ncia de B do Alentejo e Setii bal, onde
enc on tra mos, nos distritos de Setubal e de Evora, as frequen
-cias mai s elevad as do Pais.
Factos sernelh antes toram observados por VALl,S MEDINA
no SuI de Espanha: as frequ encias fenotipicas do gru po B
nas prov incias do Su I de Espan ha sao, de urn modo geral,
superiores as do Algarve e mesmo as do Alentejo ; tern os
seus max imos nas provincias de Malaga e de Granada, com
os valor es de, respectiv a rnent e, 11,26 e 10,35%, Estes
maximos silo contudo inferiores aos observado s em Set u bal,
com 14 ,8 % e Evor a com 12, 8 % .
Em Malaga e Granada
e
de admitir uma iufluencia daspopula coes norte-afri canas, dadas a longa dominacao dos Ar-a-bes nest a s Provinoias e a su a posicao geog ra fica.
Oegrupas sanoulneos dos Por tuq ueses
RESUME
]69
On a etu die l a distribution des groupes sanguins du
sis-terne AI A2B0 dans les districts du Sud du Portugal:
dis-trict de Setiibal, disdis-tricts de l'Alentejo et de l'Algarve. Les
resultats sont inscrits dans les tableaux I, II et III. La com
-paraison, par Ie X2 avec les regions du Nord et du Cent re du
pays n'a pas montre d'heterogeneite (Tableaux
V
etV
I)
.
On a cependant verifie d'heterogeneite entre les distribu
-tions des districts de l'Alentejo et de Settibal, dans l'ensernble,
et de l'Algarve (Tableau VII et Fig. 2).
Les districts de Setubal et d'Evora montrent unefrequence
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