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Luiz Donizete Teles Economista - CORECON

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Academic year: 2021

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A CAPITALIZAÇÃO DE JUROS NA TABELA PRICE

Há alguns meses escrevi um artigo que trata de um assunto bastante polêmico, tanto no meio jurídico quanto no meio técnico - financeiro: a prática do anatocismo pela adoção da Tabela Price como sistema de amortização. Além de comprovar a ocorrência da capitalização, tentou-se oferecer um modelo matemático que possibilitasse a liquidação de um empréstimo em prestações iguais e sucessivas, sem a incidência da capitalização composta dos juros.

Alguns colegas tem se manifestado com relação a incorporação dos juros ao saldo devedor, que, da forma cuja evolução das parcelas é normalmente demonstrada, não fica evidente a referida incorporação, condição primordial à confirmação da prática do Anatocismo.

Assim, coloco como objetivo deste artigo, tratar especificamente da capitalização dos juros e de que forma podemos identificar sua incorporação ao saldo devedor

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

Um sistema de amortização nada mais é do que um plano de pagamentos para quitação de uma dívida referente a uma operação de empréstimo. Existem diversas formas possíveis de liquidar um financiamento: pagamento antecipado dos juros e pagamento do principal no final; pagamento periódico dos juros e pagamento do principal no final; pagamento do principal e dos juros somente no final, etc. No Brasil, a maneira mais utilizada é a de prestações iguais e sucessivas, que permite a amortização periódica do capital emprestado e dos juros acumulados. O sistema atualmente adotado é o SFA - TP - Sistema Francês de Amortização - Tabela Price.

(2)

A amortização de uma dívida pela” Tabela Price' representa uma amortização pelo método francês, que envolve a definição de juros compostos. É importante destacar que o Sistema da Tabela Price não implica necessariamente prestações mensais como geralmente se entende. As prestações podem ser também trimestrais, semestrais ou anuais: basta que sejam iguais, periódicas, sucessivas e de termos vencidos. Também é importante que se esclareça que a Tabela Price não implica necessariamente taxas de juros de 1% ao mês (ou de 12% ao ano, como normalmente é indicado), podendo ser definida para qualquer taxa.

SÉRIE DE PAGAMENTOS IGUAIS E SUCESSIVOS

O valor das prestações na Tabela Price é determinado com base na mesma metodologia matemática utilizada para "Séries de Pagamentos Iguais". Em relação a este sistema é importante saber que:

• O montante final é o resultado da soma dos montantes de cada uma das prestações consideradas individualmente;

• O valor do financiamento/empréstimo é o resultado da soma dos valores presentes de cada uma das prestações consideradas individualmente

• Cada prestação amortiza parte do principal e parte dos juros, ao longo do período, extinguindo o capital e os juros devidos ao final do prazo contratado

A capitalização dos juros se caracteriza pela apropriação de juros compostos sobre os valores presentes de cada prestação e/ou pela incorporação da parcela de juros não liquidados pela prestação, no saldo devedor acumulado.

Vejamos a partir de um exemplo prático toda a evolução de um empréstimo e de que forma ocorre a capitalização composta dos juros, tanto nas prestações mensais, quanto no saldo devedor.

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1

)

1

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1

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×

=

nn

i

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P

R

1

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10

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1

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3

5 5

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+

×

+

×

=

R

Exemplo de demonstração

Um empréstimo deverá ser liquidado em 5 prestações mensais e iguais de R$ 1.000,00 cada, à taxa de juros de 10% ao mês, conforme fluxo de caixa abaixo. Calcular o valor emprestado, ou seja, o valor presente na data do contrato.

S = ?

1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00

O valor emprestado/financiado, como mencionado, corresponde à soma dos valores atuais de cada uma das prestações, como segue:

P1 = 1.000,00 / (1,10)1 = 909,09 P2 = 1.000,00 / (1,10)2 = 826,45 P3 = 1.000,00 / (1,10)3 = 751,31 P4 = 1.000,00 / (1,10)4 = 683,01 P5 = 1.000,00 / (1,10)5 = 620,92 Ptotal = P1 + P2 + P3 + P4 + P5 = 3.790,79

Pela aplicação da fórmula da Tabela Price sobre o valor emprestado teríamos o mesmo valor de prestação:

(4)

As equações acima já demonstram que o valor da prestação é obtido pela apropriação de juros compostos sobre seus respectivos valores presentes (parcela do capital): S1 = P1 x (1 + i ) n = 909,09 x 1,101 = 1.000,00 S2 = P2 x (1 + i ) n = 826,45 x 1,102 = 1.000,00 S3 = P3 x (1 + i ) n = 751,31 x 1,103 = 1.000,00 S4 = P4 x (1 + i ) n = 683,01 x 1,104 = 1.000,00 S5 = P5 x (1 + i ) n = 620,92 x 1,105 = 1.000,00 St = S1 + S2 + S3 + S4 + S5 = 5.000,00

As parcelas de juros que são amortizados em cada prestação correspondem a diferença do valor total da prestação (montante) do seu valor presente (capital).

J1 = 1.000,00 - 909,09 = 90,91 J2 = 1.000,00 - 826,45 = 173,55 J3 = 1.000,00 - 751,31 = 248,69 J4 = 1.000,00 - 683,01 = 316,99 J5 = 1.000,00 - 620,92 = 379,08 J total = J1 + J2 + J3 + J4 + J5 = 1.209,21

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QUADRO 1

n.º Principal

amortizado AmortizadosJuros Prestaçãototal

1

909,09

90,91

1.000,00

2

826,45

173,55

1.000,00

3

751,31

248,69

1.000,00

4

683,01

316,99

1.000,00

5

620,92

379,08

1.000,00

3.790,79

1.209,21

5.000,00

Vejamos no quadro seguinte como normalmente se veria a evolução deste financiamento

QUADRO 02

n.º Prestação Saldo Anterior

Juros Amortização Saldo Final

0

3.790,79

1

1.000,00 3.790,79

379,08 620,92 3.169,87

2

1.000,00 3.169,87

316,99 683,01 2.486,85

3

1.000,00 2.486,85

248,69 751,31 1.735,54

4

1.000,00 1.735,54

173,55

826,45 909,09

5

1.000,00 909,09

90,91 909,09 (0,00)

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Num sistema de amortização de prestações iguais e sucessivas, tanto o capital emprestado quanto os juros são amortizados ao longo do período contratado, se extinguindo com o pagamento da última prestação. A forma tradicional de demonstração da evolução do saldo devedor, onde se tem a parcela de amortização pela diferença entre a prestação e os juros apurados no mês, "camufla" a incidência da capitalização composta dos juros. Esta forma de demonstração não prejudica o resultado matemático, justamente pelo fato dos juros estarem incorporados ao capital: debita-se a prestação, que é composta de capital e juros, do saldo devedor existente, que também é composto de capital e juros. Vejamos no quadro a seguir como ocorre a incorporação dos juros no saldo devedor, período a período.

QUADRO 3

n.º Capital Saldo anterior

Capital

pago CapitalSaldo Juros domês acumu-Juros lados

Juros

pagos JurosSaldo Saldo final(Capital + Juros) 0 3.790,79 3.790,79 1 3.790,79 909,09 2.881,70 379,08 379,08 90,91 288,17 3.169,87 2 2.881,70 826,45 2.055,25 316,99 605,16 173,55 431,60 2.486,85 3 2.055,25 751,31 1.303,93 248,69 680,29 248,69 431,60 1.735,54 4 1.303,93 683,01 620,92 173,55 605,16 316,99 288,17 909,09 5 620,92 620,92 90,91 379,08 379,08 (0,00) (0,00)

Juros sobre capital acrescidos dos juros

acumulados

Juros reincorporados ao Saldo Devedor

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pagamento é que não há a (re)incorporação dos juros ao saldo devedor. Nas demais parcelas, observa-se, o saldo dos juros não amortizados, retornam ao saldo devedor para compor a base de cálculo dos juros do período posterior. À medida que o valor da parcela de amortização da prestação vai diminuindo, a parcela de juros da prestação vai aumentando, resultado que promove a perfeita liquidação do saldo devedor no prazo contratado.

A maioria dos sistemas de amortização incorpora o conceito de juros compostos, e a Tabela Price não é diferente. Contudo, dada as características da legislação brasileira, que, embora antiga, ainda coibi esta prática, torna-se absolutamente necessário reavaliar os modelos conhecidos e, na medida do possível, elaborar novos modelos que atendam as exigências legais.

Referências

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