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ANÁLISE DE CONTEÚDO

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Academic year: 2021

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS ENCONTRADOS NA COLETA DE DADOS

Profa. Ms. Teresa Cristina Bruno Andrade 1. Fundamentação Qualitativa - Análise de Conteúdo

A compreensão de um fenômeno só é possível com relação à totalidade à qual pertence (horizonte da compreensão). Não há compreensão de um fenômeno isolado; uma palavra só pode ser compreendida dentro de um texto e este, num contexto. Um elemento é compreendido pelo sistema ao qual se integra e, reciprocamente, uma totalidade só é compreendida em função dos elementos que a integram.

A Análise de Conteúdo (AC) é, então, uma das técnicas de pesquisa para tornar replicáveis e validar inferências1 de dados de um contexto que envolve procedimentos especializados para

processamentos de dados de forma científica. Seu propósito é prover conhecimento, novos insights obtidos a partir desses dados.

Uma parte importante do comportamento, opinião ou idéias de pessoas se exprime sob a forma verbal ou escrita. A Análise de Conteúdo desses dados deve normalmente permitir a obtenção dessas informações resumidas, organizadas.

Numa Análise de Conteúdo, dentre outros aspectos possíveis, são identificadas idéias por respondentes, independentemente, de estes terem citado uma mesma palavra uma, duas ou mais vezes. Permite também observar motivos de satisfação, insatisfação ou opiniões subentendidas, natureza de problemas etc., estudando-se as várias formas de comunicação. É um método de observação indireto, já que é a expressão verbal ou escrita do respondente que será analisada.

A AC torna possível analisar, assim, as entrelinhas das opiniões das pessoas, não se restringindo unicamente às palavras expressas diretamente, mas também àquelas que estão subentendidas no discurso, fala ou resposta de um respondente.

O objetivo da AC é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção com a ajuda de indicadores. A AC se assemelha ao trabalho de um arqueólogo: este trabalha sobre os traços dos documentos que ele pode encontrar ou suscitar, traços que são a manifestação de estados, dados, características ou fenômenos.

Conforme Bardin, 1997, p. 43:

Existe alguma coisa a descobrir sobre eles, e o analista pode manipular esses dados por inferência de conhecimentos sobre o emissor da mensagem ou pelo conhecimento do assunto estudado de forma a obter resultados significativos a partir dos dados. Ele trabalha explorando os dados, como um detetive.

Os fatos, deduzidos logicamente a partir de indicadores, permitem tirar conclusões, obter novas informações ou completar conhecimentos através do exame detalhado dos dados.

Para Bardin (1997, p. 47), AC é

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações que, através de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, visa a obter indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Toda a AC deve seguir uma série de etapas precisas, que se iniciam pela definição do universo estudado, delimitando e definindo claramente, dessa forma, o que estará e o que não estará envolvido. 1 Inferência: “operação lógica, pela qual se aprova uma proposição em verdade de sua ligação com outras proposições já tênues por verdades”. (BARDIN, 1977, p.43). Este ponto merece especial atenção, porque algumas das expressões têm mais de uma interpretação, até mesmo, interpretações positivas ou negativas, dependendo do contexto.

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Uma vez estando o universo corretamente definido, inicia-se sua categorização, que significa determinar as dimensões que serão analisadas, dimensões estas que definem a teia da grade de análise. Essas categorias serão determinadas em função da necessidade de informação a testar: elas constituirão o âmago da Análise de Conteúdo.

A escolha das categorias que afloram nas respostas é o procedimento essencial da AC, uma vez que elas servem de liames entre os objetivos da pesquisa e seus resultados.

A escolha das unidades de análise é a etapa seguinte: o conteúdo de um texto pode ser analisado de diferentes maneiras, conforme as unidades de análise que serão definidas. No presente estudo, optou-se por temas e subtemas e, para unidade de análise, escolheu-se trabalhar com cada parágrafo das respostas obtidas nos relatos verbais, que pode ser definido como a unidade mais manipulável, uma vez que compreende proposições ou afirmações de um sujeito.

A AC deve ser objetiva e os resultados precisam ser independentes do instrumento utilizado para medição; a confiabilidade não deve ser encarada da mesma forma, quando se trata de análises quantitativas de um conteúdo claro e óbvio, como quando se trata de uma análise mais qualitativa, em que se procura identificar intenções ocultas, quando é preciso identificar presença ou ausência de um elemento e não a sua freqüência. A verificação da confiabilidade visa a prover uma base para inferências, recomendações, suporte à decisão ou mesmo a aceitação de um fato.

Observa-se que, dentro das pesquisas na área da Educação, os recursos oferecidos, para que haja uma reflexão, são essencialmente compostos de comunicações orais ou escritas que incluem textos de entrevistas, falas, discursos e conversas.

Qualquer que seja o nível que se deseje atingir e o objeto das pesquisas, os dados a reunir para compreender, explicar opiniões, condutas, ações, enfim, são quase sempre de origem verbal. A ação, quando se a apreende, apresenta-se em um contexto de palavras: sempre se encontram falas ou discursos e escritos ou textos, ou seja, documentação em palavras.

A AC pode ser, enfim, uma boa técnica para ser usada em todos os tipos de pesquisa que possam ser documentadas em textos escritos (documentos oficiais, livros, jornais, documentos pessoais), em gravações de voz ou imagem (rádio, televisão etc.), ou em outras atividades que possam ser decompostas como uma entrevista, por exemplo, como se apresenta neste caso.

Considera-se muito importante que pesquisadores na área educacional, bem como nas Ciências Sociais em geral, estejam aptos a analisar esse tipo de dados de uma forma científica, não se contentando apenas com impressões casuais.

Exemplo de aplicação da técnica de Análise de Conteúdo

A Professora – E demonstra grande interesse por seus estudos, conforme se destaca, na entrevista, na questão nº. 5.

R.5: (Sobre as aulas) Procuro atender às necessidades de aprendizagem dos alunos, apesar de ter que seguir o Planejamento, né?... É justamente por causa desses planejamentos, na minha classe de 3ª. série, alguns alunos chegam com defasagem. Aí, eu procuro diversificar as atividades, mas quando eles não acompanham, eu envio para o reforço, em período contrário às aulas. Alguns não vão mesmo... São difíceis de recuperar o que não aprenderam... Eu resolvi fazer faculdade, justamente para melhorar minhas aulas e isso está sendo muito bom, prá mim...

Informa que os pais são semi-alfabetizados, na maioria. Têm poucas condições de participar da vida dos filhos, bem como da escola. Pouco comparecem às reuniões que a escola promove.

Os problemas de nutrição, higiene e de ordem sexual são os que mais se destacam, embora não sejam trabalhados, sistematicamente, sempre que surgem no contexto da sala de aula.

R.15: (Temas Transversais que não foram trabalhados) Existem temas que são introduzidos num determinado momento e somente em determinada disciplina, mas...pára-se por aí...ele não é aprofundado...É um problema, né?... Na sexualidade, como eu já falei, um assunto que interessa muito prá eles...eu trabalhei com transparências e falei sobre a concepção, a formação

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do feto, os aparelhos genitais masculino e feminino, enfocando Ciências, Religião e Português.

A professora tenta pôr em prática o que aprendeu na faculdade e, ao final, se desabafa, refletindo e colocando a influência dos problemas decorrentes do currículo oculto e provenientes da atual Política Educacional brasileira.

R.11: (Influência dos PCNs) A partir do momento em que eu pude estudar e refletir, por causa da Faculdade, né? Verifiquei que os PCNs podiam me ajudar nas aulas, mas também não ajuda muito, não traz atividade prática, né? Não ensina como dar a aula desses assuntos...principalmente quanto à sexualidade, por ser uma 3ª. série. Mas, aí, me deixou frustrada: o planejamento tem que ser seguido...é muito conteúdo das matérias e pouco tempo sobra prá tratar desses problemas, responder às perguntas das crianças... E eles são muuuuito interessados nesse assunto, né?...(risos). R.13: (Influência dos Temas Transversais na seleção de conteúdos) Deveriam influenciar...Mas é como já falei... ninguém falou mais nada...A gente vai seguindo o Planejamento e, nele, não tem o jeito que é prá trabalhar isso.

R.14: (Atividades em sala de aula) Mas isso, raramente acontece. Como eu já falei, o tempo é curto e, na verdade, o que se exige do professor é apenas que ele termine ou atinja até o final do planejamento, que é apenas a transmissão dos conteúdos dasdisciplinas que sempre a gente ensinou... (Tema Transversal / gerador) Não. Não se faz o planejamento assim. Eu penso que se a gente tentasse...até que deve ser interessante...

2. Fundamentação Quantitativa - Teoria Elementar de Amostragem e Estatística de Estimação O levantamento de dados estatísticos permite uma visão panorâmica do objeto do conhecimento. Pretendeu-se obter dados mensuráveis para se ter a dimensão do problema. Em síntese, procurou-se, dentre outros aspectos, identificar qual a percepção das professoras sobre o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos cognitivos, procedimentais e atitudinais. Esses três tipos de conteúdos são sistematicamente trabalhados, com objetivos específicos, estabelecidos para cada um dos problemas que a escola enfrenta? Qual a metodologia utilizada? Promove melhoria de qualidade de vida, pelo menos no âmbito escolar?

Para isso, nas ??????? escolas investigadas, dentro de um universo de ??????(???????

professoras), com quem se fez contato, ??? (???????????) sedispuseram a responder ao questionário, constituído de ?????? perguntas abertas, que lhes foi entregue. Esse total é significativamente procedente para os objetivos em questão, constituindo-se, então, em uma amostra de conveniência.

A amostragem é naturalmente usada em nossa vida diária. Por exemplo, para se verificar o tempero de um alimento em preparação, pode-se provar (observar) uma pequena porção desse alimento. Está-se fazendo uma amostragem, ou seja, extraindo-se do todo (população) uma parte (amostra) com o propósito de avaliar-se (inferir-se) sobre a qualidade de todo o alimento. Mesmo que se cozinhasse uma quantidade de alimento em grandes proporções, uma colher seria suficiente para se sentir se os condimentos foram colocados nas quantidades corretas, proporcionando um sabor agradável.

Segundo Barbetta (1998, p. 36),

Nas pesquisas científicas em que se quer conhecer algumas características de uma população, também é muito comum se observar apenas uma amostra de seus elementos e, a partir dos resultados dessa amostra, obter valores aproximados, ou estimativas, para as características populacionais de interesse. Este tipo de pesquisa é usualmente chamado de levantamento por amostragem. (grifos do autor).

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Neste estudo, seguindo-se os postulados de Barbetta (1998), buscou-se conhecer certas características específicas da população, entendida como um conjunto de elementos passíveis de serem mensurados, com respeito àscategorias que se levantou. Para se medir esse conjunto utilizaram-se gráficos, demonstrando as porcentagens alcançadas em cada item analisado. A partir das porcentagens, extraíram-se as inferências.

O termo inferência estatística refere-se ao uso apropriado dos dados da amostra para se ter algum conhecimento sobre os parâmetros da população, utilizando-se, aqui, como parâmetro, a porcentagem.

Por que amostragem?

Ainda Barbetta (1998, p. 39) explicita suas vantagens:

Economia: em geral, torna-se bem mais econômico o levantamento de somente uma parte da população; tempo: numa pesquisa eleitoral, por ex., a três dias de uma eleição presidencial, não haveria tempo suficiente para pesquisar toda a população de eleitores do país, mesmo que houvesse recursos financeiros em abundância; confiabilidade dos dados: quando se pesquisa um número reduzido de elementos, pode-se dar mais atenção aos casos individuais, evitando erros nas respostas; operacionalidade: é mais fácil realizar operações de pequena escala. Um dos problemas típicos nos grandes censos [pesquisa de toda a população] é o controle dos entrevistadores. (grifos do autor)

Levantados os dados, parte-se para o seu tratamento. No presente estudo, optou-se pela descrição. Esta técnica consiste em organizar, resumir e apresentar esses dados de tal forma que possam, depois, ser interpretados, à luz dos objetivos da pesquisa. Conforme já se enunciou, os dados foram colocados em gráficos (= figuras).

Uma vez postos em gráficos, pode-se, então, observar determinados aspectos relevantes nas categorias – selecionadas a partir dos pontos convergentes encontrados nas respostas – e começar a estruturar as inferências ou interpretações dos resultados colhidos. Optou-se pelas representações gráficas porque fornecem, em geral, uma visualização mais sugestiva do que as tabelas.

Para se enunciar as inferências, procede-se a um raciocínio tipicamente indutivo em que se generalizam resultados da parte (amostra) para o todo (população). Este procedimento é denominado estimação de parâmetros, ou seja, a estatística, quando utilizada com o objetivo de avaliar, ou estimar o valor de algum parâmetro, também é chamada de estimador.

Neste estudo, por ter-se optado por categorias, como o que interessa são os atributos comuns aos elementos da amostra, o estimador incide sobre as porcentagens mensuradas. Então, ao analisar-se uma determinada amostra, pode-analisar-se calcular o valor da estatística que analisar-se usa como estimador. O valor encontrado é chamado de estimativa.

A estimativa é tão mais precisa quanto menor for o erro amostral que corresponde à diferença entre a estatística (a ser calculada a partir de uma amostra) e o parâmetro (característica dos elementos da população). “Um erro amostral tolerável deve ficar na casa de 2%”. (BARBETTA, 1998, p. 49).

Assim, sempre que se vai enunciar uma inferência, o correto é não se colocar uma afirmativa categórica, como por ex.: os dados informam que...; é mais seguro redigir-se da seguinte forma: os dados parecem sugerir que... Isso se justifica, também, pelo fato de que sempre há outras variáveis contextuais, sócio-históricas, dentre outros aspectos, implicações múltiplas que influem nos resultados e que necessitam de outros tipos de pesquisa, diferentes da mensuração estatística, para se tentar colocar uma assertiva como resultado do objeto investigado.

Exemplo de aplicação da técnica de Análise Estatística

Nos questionários, obtiveram-se seis temas: 1) utilização dos Temas Transversais em sala de aula; 2) Temas Transversais abordados com mais freqüência; 3) estabelecimento de objetivos específicos para cada Tema Transversal; 4) metodologia empregada no tratamento dos Temas Transversais; 5) trabalho com o Tema Transversal Orientação Sexual; 6) crença na eficácia do uso dos Temas Transversais, como eixos longitudinais do currículo, viabilizando mudanças comportamentais.

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Quanto à utilização no trabalho, em sala de aula, dos Temas Transversais, propostos nos PCNs, pôde-se verificar que, dentre as 29 (vinte e nove) professoras que responderam à questão, 85,7% declararam que trabalham quando surge oportunidade, quando dá tempo e que os Temas Transversais deveriam ser subsídios para nortear todo o trabalho pedagógico, além de também servir de estrutura para a avaliação diagnóstica da escola e para a construção do planejamento de ensino; 10,7% mencionaram que os PCNs não ajudam, pois não orientam quanto à metodologia a ser empregada no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, não ensinam como trabalhar com esses temas na prática; outras 3,6% deixaram de responder a esta pergunta.

85.7% 10.7% 3.6% 0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0% 70.0% 80.0% 90.0% 100.0%

SIM NÃO BRANCO

Gráfico nº. 1: Utilização dos Temas Transversais em sala de aula

Constata-se, então, que parece não haver segurança por parte das docentes, na utilização dos Temas Transversais durante o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que alegam sentir falta de uma orientação metodológica nos PCNs, que lhes propicie um norteamento para desenvolver sua práxis educativa.

Parece, também, não haver um planejamento sistematizado que inclua a abordagem dos Temas Transversais, efetivamente, no cotidiano das atividades em sala de aula.

Talvez se possa, também, inferir que os problemas político-sociais fiquem fora do contexto intra-escolar, já que a maioria das professoras informa que esses temas deveriam servir (não estão servindo?) de subsídios para nortear todo o trabalho pedagógico e de estrutura para a avaliação diagnóstica do entorno da escola, problemas esses que a prática mostra afetarem a rotina dos trabalhos escolares.

Uma porcentagem menor de professoras (3,6%) deixou de responder à questão. Acredita-se que podem pertencer ao rol das que nem sequer conhecem o volume PCN – Temas Transversais.

Referências

BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às Ciências Sociais. 2. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998. 284 p.

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