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As relações familiares e o processo de separação conjugal no escritório modelo de advocacia: sob o olhar do serviço social

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

LIANA PAMPLONA VIVIANE BORGA

AS RELAÇÕES FAMILIARES E O PROCESSO DE SEPARAÇÃO CONJUGAL NO ESCRITÓRIO MODELO DE ADVOCACIA: SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL

Palhoça 2008

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LIANA PAMPLONA VIVIANE BORGA

AS RELAÇÕES FAMILIARES E O PROCESSO DE SEPARAÇÃO CONJUGAL NO ESCRITÓRIO MODELO DE ADVOCACIA: SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Serviço Social, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Prof.a M.Sc. Janice Merigo.

Palhoça 2008

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LIANA PAMPLONA VIVIANE BORGA

AS RELAÇÕES FAMILIARES E O PROCESSO DE SEPARAÇÃO CONJUGAL NO ESCRITÓRIO MODELO DE ADVOCACIA: SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social e aprovado em sua forma final pelo curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 24 de novembro de 2008.

Prof.a M.Sc. e orientadora Janice Merigo

Prof.a Dr.a Regina Panceri

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos a Deus, pelos momentos em que O buscávamos e nos sentíamos confortadas em nossas dúvidas e medos.

Aos familiares de Liana, João, Rosane, Maiana, Ivonete e Lory, por sempre me incentivarem e torcerem por mim. Amo vocês!

Aos familiares de Viviane, Estela, Valdemar e Alessandro, que mesmo distantes se encontram sempre presentes, oferecendo incentivo, apoio e conforto afetivo. Amo vocês!

Ao marido de Liana, Leonardo, por sua paciência, dedicação, força, amor e principalmente pela compreensão nesse período em que estive ausente e muitas vezes por me acompanhar nesta importante caminhada. Te amo demais!

Ao marido de Viviane, Nilton, pelo apoio, compreensão e esforço, por estar sempre ao meu lado nesta caminhada. Te amo muito!

Agradecemos uma a outra (Liana e Viviane) por percorrer essa caminhada juntas, contribuindo para que pudéssemos realizar este sonho.

À nossa orientadora, Janice Merigo, pela competência, atenção e apoio dispensados nesta fase difícil, porém almejada de nossas vidas profissional e pessoal.

Agradecemos à equipe do Escritório Modelo de Advocacia, pela oportunidade das experiências vivenciadas e pela parceria na resolução das situações apresentadas.

À Karine e Rúbia, nossas gestoras dos setores onde trabalhamos, que também entenderam nossa ausência no trabalho e compreenderam como um período de amadurecimento.

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Às nossas companheiras e amigas de estágio Alessandra, Cristiane, Diana, Lygia e Mônica.

A todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para o nosso engrandecimento pessoal e profissional.

Com muito carinho,

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Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.

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RESUMO

O espaço jurídico, nos últimos anos, vem contando com a presença do Serviço Social, que tem como objetivo a garantia de direitos de seus usuários. No entanto, a profissão vem se consolidando e buscando novas alternativas de intervenção. O Serviço Social, no Escritório Modelo de Advocacia – EMA, tem como finalidade prestar atendimento na área do Serviço Social aos usuários, bem como integrar as áreas profissionais de Direito e Serviço Social. O projeto “Trabalhando com grupo de cônjuges em processo de separação conjugal” se caracteriza como a possibilidade de proporcionar espaços de discussão e informação para os cônjuges que estão em processo de separação conjugal, além de ações educativas visando desmistificar o (pré)conceito. Este trabalho tem como objetivo geral apresentar as novas formas de organização familiar e o Serviço Social no acompanhamento das famílias em processo de separação no Escritório Modelo de Advocacia.

Palavras-chaves: Serviço Social. Escritório Modelo de Advocacia. Campo sociojurídico. Separação conjugal.

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ABSTRACT

The socio-legal space in recent years, has been provided with the presence of a profession that aims to guarantee the rights of its users. However, the Service has consolidated and looking for new alternatives for action. The Service, in the office of Model Law is to provide care in the area of social services to users, and integrating the professions of law and social services. The project "Working with group of spouses in the process of marital separation" is characterized as an attempt to provide forums for discussion and information for spouses who are in the process of marital separation, as well as educational activities aimed at demystifying the pre-concept. This paper aims to rule, submit the new forms of family organization and Service in the monitoring of families in the process of separating the Office of Advocacy Model − EMA.

Key words: Service. Model Office of Advocacy. Socio-Legal Field. Separation Process of Marriage.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 − Momento de integração do grupo em Palhoça, 2008 ... 45

Figura 2 − Momento de resposta do questionário em Palhoça, 2008 ... 45

Gráfico 1 – Sexo dos participantes ... 48

Gráfico 2 – Idade dos participantes ... 49

Gráfico 3 – Tempo de casamento ... 49

Gráfico 4 – Tempo de separação ... 50

Gráfico 5 – Organização familiar ... 50

Gráfico 6 – Guarda dos filhos ... 51

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 RECONHECIMENTO INSTITUCIONAL ... 12

2.1 O SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO JUDICIÁRIO E SOCIOJURÍDICO ... 12

2.2 CONTEXTUALIZANDO A UNISUL, O EMA E A INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ... 19

3 FAMÍLIA, DIREITO DE FAMÍLIA E SEPARAÇÃO: SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL ... 27

3.1 FAMÍLIA: CONCEITOS E SUA FORMA DE ORGANIZAÇÃO ... 27

3.2 DIREITO DE FAMÍLIA E SEPARAÇÃO CONJUGAL ... 32

4 RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DOS USUÁRIOS EM PROCESSO DE SEPARAÇÃO CONJUGAL ... 40

4.1 INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL JUNTO AOS USUÁRIOS EM PROCESSO DE SEPARAÇÃO CONJUGAL ... 40

4.2 APRESENTANDO A PESQUISA ... 46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 55

REFERÊNCIAS ... 57

ANEXO A − TERMO DE CONSENTIMENTO ... 62

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi construído pela experiência da execução do projeto de intervenção e do projeto de pesquisa, os quais buscavam verificar as relações familiares e o Serviço Social no âmbito sociojurídico, desenvolvidos no campo de estágio que está situado no Escritório Modelo de Advocacia – EMA/Unisul, localizado no município de Palhoça/SC.

O Serviço Social no Escritório Modelo de Advocacia vem para possibilitar aos acadêmicos de Serviço Social a realização do estágio curricular obrigatório. Tal atividade não visa apenas proporcionar conhecimentos individuais, mas contribuir para o rompimento das barreiras ao acesso à justiça, viabilizando a integração entre Universidade e comunidade na busca de uma forma ágil e justa para o atendimento à população.

Durante os atendimentos realizados pelo Serviço Social, foi possível perceber um maior índice de pretensões de separações conjugais, das quais conseqüentemente surgem também os pedidos de pensão alimentícia e da guarda dos filhos.

Quando trabalhamos com famílias, freqüentemente caímos na armadilha das comparações, partindo do ponto de vista que nossa compreensão sobre família está baseada na experiência pessoal e na absorção de teorias pautadas nos modelos ideais, por isto entender a pluralidade passa a ser um exercício de ruptura com essa postura.

Diante disto, o Serviço Social trabalha com ações de caráter preventivo, educativo e assistencial, sendo amparado pelas bases teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas, possibilitando sua atuação para modificar a realidade existente na família.

O Serviço Social lida com a questão social que perpassa a família, sendo o Assistente Social um profissional criador e inovador para desenvolver o seu trabalho, contribuindo, conscientizando, sensibilizando, orientando e informando à família os seus direitos e agindo de forma a facilitar o acesso a esses direitos. É um profissional propositivo e mediador que busca estratégias e que proporciona à família o acesso às políticas.

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Quando uma família passa pelo processo de separação conjugal, instaura-se uma nova configuração familiar. Segundo Cerveny (2006), a estrutura do sistema muda, podendo até mulher e homem recasarem-se, mas a família como organização mantém-se. As atribuições dos pais, ainda que separados, permanecem. O compromisso dos filhos permanece. A responsabilidade de todos pela qualidade da relação afetiva, mesmo que proporcional às idades, às funções e à hierarquia dos membros, permanece. O que se desfaz é o casal, em outras palavras, a conjugalidade rompe-se, porém a parentalidade e a tutelaridade persistem ou deveriam persistir.

O Trabalho de Conclusão de Curso está dividido em cinco capítulos, contando com este de introdução. O segundo capítulo contextualiza o Serviço Social nos espaços judiciário e sociojurídico, que prestam a assistência jurídica e gratuita, por meio dos escritórios modelo de advocacia ou núcleos de prática jurídica nos quais o Serviço Social atua de forma multidisciplinar com o Direito.

Ainda apresentamos a Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul como unidade de ensino, pesquisa e extensão, de natureza filantrópica e que presta serviços à comunidade, um dos quais o da assistência jurídica e gratuita oferecida à população no Escritório Modelo de Advocacia.

No terceiro capítulo, apresentam-se o conceito de família e as formas de organização familiar. Também foram abordados o direito de família e a separação conjugal, que se configuram como temas que envolvem muitas discussões.

Por fim, no capítulo quatro, descreve-se a prática acadêmica na qual foram construídos o projeto de intervenção e o projeto de pesquisa, apresentados por meio do relato de experiência das oficinas e dos resultados da pesquisa realizada durante a implementação do projeto. E no quinto são descritas as considerações finais acerca da função do Serviço Social dentro do Escritório Modelo de Advocacia da Unisul.

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2 RECONHECIMENTO INSTITUCIONAL

2.1 O Serviço Social no âmbito judiciário e sociojurídico

O Assistente Social é um profissional que atua em diversas organizações públicas e privadas e se posiciona a partir da eqüidade e da justiça social na perspectiva da universalização do acesso aos bens e aos serviços relativos a programas e políticas sociais, garantindo direitos sociais.

O Serviço Social aparece no Judiciário para ampliar e construir novas alternativas de ação profissional. De acordo com Ferraz (2006), o Serviço Social se consolidou no Poder Judiciário, tendo o apoio das autoridades judiciárias, em decorrência do aumento da demanda social, que apresentavam um saber específico sobre as relações sociais e familiares, passando a subsidiar as decisões judiciais.

Dall Pizzol e Silva (2001) dizem que a origem do cargo de Assistente Social no Judiciário deu-se pela necessidade de assessoramento aos juízes nas questões relacionadas às crianças e aos adolescentes; esse papel de “assessor” tinha a função de aplicação de estudos e pareceres em dada situação de forma a apresentar subsídios que contribuíssem para a melhor decisão. O trabalho dos Assistentes Sociais foi mais bem reconhecido no trato com questões complexas como direito de família, da infância e da juventude e nas questões de execução penal.

No trabalho do Assistente Social no âmbito judiciário e sociojurídico, após a realização do Estudo Social, são elaborados relatórios e/ou laudos que viabilizam os encaminhamentos das ações, em que diversas expressões da questão social estão presentes, entre elas a violência, o desemprego, o analfabetismo e a dependência química. Questão social é aqui compreendida como: “o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista [...]” (IAMAMOTO, 1998, p. 27).

Segundo Borges (2006), o Serviço Social aplicado ao contexto jurídico configura-se como uma área de trabalho especializado que atua com as manifestações da questão social em sua interseção com o Direito e a Justiça na sociedade. O trabalho social pode contribuir com diferentes áreas do Direito, como,

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por exemplo, direito da família, direito do trabalho, direitos da criança e do adolescente, direito penal, direito previdenciário, ambiental, entre outros, subsidiando as decisões e os procedimentos jurídicos em situações nas quais o conhecimento da área seja necessário.

O Serviço Social no Estado de Santa Catarina teve sua inserção no Judiciário no ano de 1972, com a criação de dois cargos de Assistente Social na Comarca da Capital. Percebeu-se no profissional a capacidade de intervir nos conflitos por meio de mediações, conciliações, orientações e encaminhamentos, e sua capacidade de aproximar a generalidade do direito legal e a especificidade de cada situação em particular (DAL PIZZOL; SILVA, 2001).

As ações do Assistente Social baseiam-se no projeto ético-político do Serviço Social, sempre voltado ao compromisso de atender aos interesses dos usuários. Destacamos aqui as atribuições desse profissional no Judiciário, conforme cita Dal Pizzol e Silva (2001), que são: desenvolver trabalho técnico de perícia social em processos mediante determinação judicial, atender à demanda social nas questões sociojurídicas por meio de trabalhos de orientação, mediação, prevenção e encaminhamento. Esse profissional deve contribuir para o entrosamento do Judiciário com instituições que desenvolvam programas na área social, ou seja, deve ter um bom relacionamento com a rede socioassistencial. Ainda deve cumprir e acompanhar medidas socioeducativas, quando na Comarca inexistirem programas específicos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. O Assistente Social deve gerenciar e operacionalizar os programas de colocação familiar de crianças e adolescentes (habilitação de pretendentes para adoção, guarda e tutela).

Ainda Dal Pizzol e Silva (2001) destacam nas atribuições do Assistente Social a habilidade de orientar e acompanhar a família a quem tenha sido entregue judicialmente a criança e/ou adolescente, gerenciar e executar programas de prestação de serviços à comunidade e participar do Conselho de Comunidade (previsto na Lei de Execução Penal), em que houver Assistente Social específico para área criminal. Os autores destacam também a atribuição nessa área de gerenciar o setor de Serviço Social, elaborando e executando programas com a utilização do instrumental adequado ao contexto sociojurídico. E finalmente esses profissionais devem atender a determinações judiciais relativas à prática do Serviço Social, sempre em conformidade com a Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, que

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regulamenta a profissão, e a Resolução n. 273/93, de 13 de março de 1993, do Conselho Federal de Serviço Social – CFESS (Código de Ética).

Sendo assim, para Souza e Azeredo (2004), o profissional de Serviço Social precisa acima de tudo ter competência, ou seja, a capacidade de elaborar criativamente as situações de trabalho, suas atitudes profissionais e seu nível de conhecimento. É importante que o Assistente Social saiba discernir situações diferenciadas, organizar dados, comunicar-se com outros colegas da equipe de trabalho e agir pautado na ética. Aos Assistentes Sociais cabe conhecer todo o processo em que se descortinam as competências e, assim, construir criticamente ações antenadas com esse novo discurso, mas que preservem a direção ético-politica definida pela categoria para a prática do Serviço Social.

No Serviço Social fala-se em Serviço Social judiciário e Serviço Social no campo/área/espaço/sistema sociojurídico. Denomina-se Serviço Social judiciário aos Assistentes Sociais que atuam no Poder Judiciário e no Serviço Social sociojurídico, nos presídios, nas penitenciárias, nos abrigos, nas medidas socioeducativas, na defensoria pública, entre outros. O Serviço Social atua no Judiciário (Poder Judiciário) e nos espaços sociojurídicos (presídio, medidas socioeducativas etc.). O próprio Serviço Social judiciário é também um espaço sociojurídico, articula a intervenção do Serviço Social, do Direito e da Psicologia.

Quanto à área sociojurídica, a atuação dos profissionais de Serviço Social no Brasil se dá há mais de cinqüenta anos, porém esse campo começa a se constituir objeto de discussão a partir do X Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, ocorrido em 2001, no Rio de Janeiro. Nesse evento os profissionais apresentaram trabalhos produzidos com base em suas práticas profissionais nas instituições, as quais passaram a ser compreendidas como integrantes da área sociojurídica (PEREIRA, 2001).

Na trajetória de constituição desse campo, podemos citar ainda outras iniciativas referentes à área de atuação sociojurídica, dentre elas estão alguns acontecimentos importantes, tais como a constituição, no ano de 2002, da comissão temática denominada sociojurídica, pelo CRESS – 7ª Região/RJ, depois a deliberação, no Encontro Nacional CFESS/CRESS, realizado em Salvador no ano de 2003, a partir de proposta encaminhada inicialmente pelo CRESS/RJ, a promoção do Encontro Nacional do Serviço Social no campo sociojurídico, que se realizou em setembro de 2004, em Curitiba, a apresentação da oficina temática

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também denominada “Serviço Social sociojurídico”, em novembro de 2003, no 2° Congresso Paranaense de Assistentes Sociais e, neste mesmo ano, a incorporação na grade curricular do curso de graduação da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro de uma disciplina sobre o campo sociojurídico (CRESS− 7ª Região, Rio de Janeiro, 2004).

É importante complementar que o I Encontro Nacional Sociojurídico, ocorrido em Curitiba/PR, cujo tema foi “O Serviço Social e a garantia de direitos nos sistemas de justiça e penitenciário”, contou com a presença de mais de 200 profissionais de todo o País, sendo esses divididos por campos de atuação, como Poder Judiciário, Sistema Penitenciário, Ministério Público, Programas de Medidas Socioeducativas e Defensorias Públicas (COLMÁN, 2004). Esses são espaços sociojurídicos de atuação do Assistente Social. Quando se fala de Serviço Social judiciário está se referindo somente ao Poder Judiciário. Os espaços jurídicos das universidades são também sociojurídicos.

Segundo Tose e Parise (2008), o campo sociojurídico constitui-se em espaços vinculados ao sistema de aplicação e execução da justiça, nos quais atuam os profissionais da área do Serviço Social, além de outras áreas como Psicologia e Direito.

Segundo Fávero (2007), o projeto profissional do Serviço Social não prevê um Serviço Social sociojurídico, da mesma maneira que não comporta um Serviço Social hospitalar, um Serviço Social familiar, um Serviço Social educacional, entre outros. Isto porque o projeto hegemônico do Serviço Social na contemporaneidade pressupõe uma formação generalista com base nos seus núcleos de fundamentação.

Ainda para Fávero (2007), o termo “campo (ou sistema) sociojurídico” é utilizado como o conjunto de área de atuação em que as ações do Serviço Social se articulam com as ações de natureza jurídica, como o sistema judiciário, os sistemas penitenciário e prisional, o sistema de segurança, o ministério público, os sistemas de proteção e acolhimento e as organizações que executam medidas socioeducativas, conforme previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, dentre outros.

É importante que o Assistente Social faça com qualidade a construção do seu trabalho no espaço sociojurídico, acrescentando uma visão crítica pautada

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numa conduta ética na defesa intransigente dos direitos humanos. Suas ações expressas em forma de relatório, estudos sociais e laudos definem vidas.

Chuairi afirma que:

O trabalho do Assistente Social nestes serviços se caracteriza por uma prática de operacionalização de direitos, de compreensão dos problemas sociais enfrentados pelos sujeitos no seu cotidiano e suas inter-relações com o sistema de justiça. Além disso, esse espaço profissional permite a reflexão e a análise da realidade social dessa população, da efetividade das leis e de direitos na sociedade, possibilitando o desenvolvimento de ações que ampliem o alcance dos direitos humanos e a eficácia da ordem jurídica em nossa sociedade (2001, p. 139).

O Serviço Social no âmbito sociojurídico vem contribuir com o aprimoramento profissional, buscando a defesa dos direitos humanos e a ampliação da cidadania. Podemos definir que o principal objetivo do Serviço Social nesses espaços está intimamente ligado ao seu projeto profissional, ou seja, à promoção do desenvolvimento humano e social. Conforme preconiza o Código de Ética: o “posicionamento em favor da eqüidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática” (Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais).

Segundo Iamamoto (1998), um dos maiores desafios que o Assistente Social tem no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo.

A atuação do profissional de Serviço Social deve pautar-se sempre tendo como objetivo o atendimento integral e de qualidade social, trabalhando no enfoque da garantia do direito de cidadania e priorizando ações que visem atingir os objetivos, as metas e as diretrizes preconizadas pelo planejamento institucional.

Conforme Fávero (2007), as respostas que a profissão organiza em relação às necessidades de uma determinada organização cuja função social determina uma ou mais formas de ações específicas vão caracterizar uma maneira particular de intervenção que exige sempre conhecimentos específicos relacionados à natureza do trabalho da organização e das características do seu foco ou objeto

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central de trabalho. Todavia, o núcleo de fundamentação é o mesmo em qualquer uma delas.

Na área sociojurídica o Serviço Social busca conhecimento também na área do Direito, trabalhando de forma interdisciplinar, garantindo a intervenção realizada, e as respostas dadas vão além de uma mera decisão judicial.

É nosso entendimento que o Estado tem o dever constitucional de prover o livre e gratuito acesso à justiça, seja por meio da assistência judiciária, seja mediante a concessão dos benefícios da justiça gratuita. Como aponta Rodrigues (2004), o acesso à justiça visa oportunizar ao cidadão a reivindicação de seus direitos e a busca de soluções justas para suas questões sociais ou individuais, e ainda a garantia desse direito a todos, sem distinção de origem, raça, sexo, cor, idade: fim último do estado democrático de direito, que tem como fundamento a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais e do trabalho e o pluralismo político (arts. 1° e 3° da Constituição Federal de 1988).

Conforme cita Chuairi (2001), o direito de acesso à justiça é parte integrante da cidadania. Somente diante da possibilidade de o indivíduo ter seus direitos assegurados pelos princípios da justiça e de suas instituições é que se torna efetivo o exercício de cidadania.

Chuairi (2001) aborda duas finalidade básicas do acesso à justiça: a primeira que os sujeitos podem reivindicar seus direitos e buscar a solução de seus problemas sob o patrocínio e a proteção do Estado e, portanto, o sistema jurídico deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos; e a segunda corresponde ao fim último do sistema jurídico no estado democrático de direito, que é o de garantir o acesso à justiça igualmente a todos. O direito de acesso à justiça é parte integrante da cidadania, em que o individuo assegura seus direitos e deveres. A partir dessa concepção de acesso à justiça, o EMA busca garantir tal direito, e a entrada para esse acesso é o estudo socioeconômico realizado pelo Serviço Social.

Crove (1999) destaca que o cidadão é um sujeito que possui consciência crítica a respeito da vida em sociedade. Para que esses direitos (civis, políticos e sociais) sejam concretizados, é preciso que estejam interligados. A combinação dos três possibilita que o exercício de um leve à conquista do outro, constituindo em elemento precioso para que se solidifique o pensamento democrático e uma maior efetivação da cidadania no mundo.

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A afirmação acima pode ser reforçada nos escritos de Paiva e Sales:

Comprometermo-nos com a cidadania implica apreendê-la na sua real significação, o que seguramente exige a ultrapassagem da orientação civil e política imposta pelo pensamento liberal, e, como tal, a superação dos limites engendrados pela reprodução das relações sociais no capitalismo. A cidadania, de acordo com a nova acepção ético-política proposta, consiste na universalização dos direitos sociais, políticos e civis, pré-requisitos estes fundamentais à sua realização (SERVIÇO SOCIAL E ÉTICA, 1996, p. 199).

Um dos espaços ocupacionais no campo sociojurídico em que o Serviço Social está inserido é o Escritório Modelo de Advocacia, que vem para permitir e possibilitar conhecimentos individuais e contribuir com o rompimento das barreiras ao acesso à justiça, viabilizando a integração entre Universidade e comunidade na busca de uma forma ágil e justa para o atendimento às pessoas de baixos rendimentos econômicos ou, que por razões pessoais ou familiares, não possuam condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo ao sustento próprio.

Um exemplo de campo sociojurídico é o Escritório Modelo de Advocacia das universidades. Esse espaço vem para possibilitar aos acadêmicos de Direito a realização do estágio curricular obrigatório e um primeiro contato com o exercício da profissão. Nesse espaço o Serviço Social vem se inserindo e ganhando visibilidade em seu campo de atuação. A exemplo disto, podemos citar o Escritório Modelo de Advocacia da Unisul, que fica localizado no município de Palhoça, onde foi possível construir juntamente com os professores e os acadêmicos de Direito um trabalho multidisciplinar, buscando um aprimoramento dos conhecimentos acadêmicos e que os cursos de Serviço Social e Direito venham a contribuir com o rompimento das barreiras ao acesso à justiça, viabilizando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. O trabalho ainda é multidisciplinar, busca-se transformá-lo em interdisciplinar.

A respeito da interdisciplinaridade, Sá afirma que:

A ação que passa nesta perspectiva interdisciplinar é proporcionar a cada profissional, enquanto pessoa, questionar, opinar, discutir, atuar com relação a determinada ação. Assim o profissional não buscará limitar seu espaço de ação fragmentando a questão, numa atitude de exclusividade, mas o ampliará numa perspectiva conjunta, visualizando a totalidade da questão e, principalmente, chegando à economia de ação (1995, p. 68).

Em contrapartida, ainda afirma Chuairi (2001) que a realização de um trabalho interdisciplinar com ações compatíveis com a realidade social e com os

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níveis de desenvolvimento científico-tecnológico do mundo moderno possibilita maior eficácia à ordem jurídica, superando, assim, a identificação do Direito com ações voltadas à mera aplicação da lei.

Complementando a atuação do Serviço Social, Tose e Parise (2008) descrevem que o Serviço Social tem no EMA um espaço para atuar nas diversas expressões da questão social, assim como o Direito tem a oportunidade de reunir um saber mais estruturado e tornar a instituição mais fortalecida, ou seja, a reunião de várias disciplinas é uma forma de desvelar as possibilidades de ação contidas na realidade do usuário, desta forma atuando diretamente nas expressões da questão social.

No EMA o Serviço Social ainda é recente, porém, significativo para o curso e para a profissão, que conquista cada vez mais espaço de atuação profissional na área sociojurídica.

2.2 Contextualizando a Unisul, o EMA e a inserção do Serviço Social

Primeiramente é necessário apresentarmos a Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul como entidade concedente de ensino, pesquisa e extensão na qual se insere o EMA. A Unisul foi criada em 1964; surgiu em Tubarão como Fundação Educacional do Sul de Santa Catarina – FESSC, transformando-se em Universidade em 1989.

A Unisul possui instalações nos municípios de Tubarão, Araranguá, Palhoça e Florianópolis. A instalação da Unisul no município de Palhoça/SC foi realizada de forma provisória em 1996, no colégio Maria Vargas. Resultou do cumprimento de uma diretriz estratégica de seu planejamento, que definiu a expansão rumo à Grande Florianópolis. Na oportunidade, assumiu como diretor da Grande Florianópolis o professor Cezar Torrez Albernaz.

Em agosto de 1998, a Universidade inaugurou a primeira etapa do Campus, situado na Cidade Universitária Pedra Branca. Em 2002 o cargo de diretor foi passado para o professor Valter Alves Schmitz Neto.

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De acordo com Zanotelli, a Unisul tem como missão:

A educação e gestão inovadoras e criativas no processo do ensino, da pesquisa e da extensão, para formar integralmente, ao longo da vida, cidadãos capazes de contribuir na construção de uma sociedade humanizada, em permanente sintonia com os avanços da ciência e da tecnologia (2006, p. 3).

Ainda Zanotelli destaca que a Unisul assume como seus valores:

Que o Aluno constitui seu valor essencial e, nesta condição, tem o direito de participar de seu próprio processo educativo, constituindo-se, em conseqüência, no foco da dedicação de professores, funcionários e dirigentes. Que o Professor é o promotor, guia, orientador e facilitador por excelência desse processo, capacitando-se para assumir e praticar esta atitude no dia-a-dia de sua atividade. Que o processo educativo prepare o aluno para o mercado e para a vida, envolvendo o conjunto de funções que irá desempenhar na sociedade complexa, global e mutante. Que os relacionamentos acadêmicos e de gestão primam pela humanização e pela transparência. Que a prática da humanização e da transparência envolve o exercício permanente da participação, da solidariedade, da cooperação, da integração, do compartilhamento e da responsabilidade. Que o respeito à dignidade humana se expressa pelo direito ao crescimento contínuo e integral das pessoas e da coletividade em suas múltiplas potencialidades, respeitando o pensamento holístico, a pluralidade de idéias e a diversidade cultural (2006, p. 4).

Desta forma, é relevante apresentarmos sua visão, que até 2013 a Unisul seja reconhecida pela qualidade e pela excelência de suas ações e serviços, conforme segue.

Em relação ao Ensino que consolide a posição de liderança em graduação entre as universidades catarinenses e também a posição de liderança em educação à distância e educação continuada, em nível nacional, alcançando a sua inserção plena no mundo virtual e globalizado, como provedora de ciência e tecnologia. Alcance posição de liderança entre as melhores universidades catarinenses no segmento de pós-graduação. Em relação à Pesquisa que consolide a pesquisa científica como essencial à Universidade e parte integrante e indissociável do processo de ensino e aprendizagem e promova áreas de pesquisa avançada reconhecida pela comunidade científica nacional. Em relação à Extensão que consolide a extensão como mecanismo integrado e indissociável do processo de ensino e aprendizagem e transforme a extensão em instrumento gerador de iniciativas comunitárias auto-sustentáveis e da educação continuada. Em relação à Gestão a intensão é internalizar práticas e processos modernos de gestão, adequados à dimensão da Universidade, e coerentes com sua Missão, seus Valores e sua Visão (UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA, 2008).

A Unisul constitui-se em uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, sendo uma Universidade comunitária onde são desenvolvidos projetos

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extensionistas e laboratórios de ensino. Nos projetos de extensão se instituiu o Escritório Modelo de Advocacia – EMA, atendendo inicialmente a uma necessidade do curso de Direito.

Segundo Zanotelli (2006), o Escritório Modelo de Advocacia – EMA em Tubarão foi concretizado em 1990, com funcionamento no prédio-sede da Unisul. Funcionava com orientação de advogados devidamente habilitados do próprio município. Na data de 20 de dezembro de 1993 foi criada, por convênio, entre o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC) e a Unisul a Unidade Jurisdicional de Exceção, concebida com o escopo exclusivo de dar vazão aos processos deflagrados pelo EMA.

Posteriormente, houve a criação da Casa da Cidadania de Tubarão por meio de processo diferenciado. Com a desocupação do prédio onde funcionava o fórum local, pessoas engajadas em um forte trabalho social, como os professores doutores Lédio Rosa de Andrade e Fabian Martins de Castro, dentre outros, conceberam a destinação para o prédio como um local para o exercício da cidadania.

Foi firmado o convênio entre o município (proprietário do prédio), a Unisul, o TJ e a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Santa Catarina (OAB/SC), que regulava a destinação e a forma de ocupação do prédio. Com a vigência do convênio, diversos órgãos deslocaram-se para o prédio, dentre eles o Juizado Especial Cível e Criminal, o Procon, a Associação das Donas-de-Casa e Consumidores de Tubarão − Adocon, a Junta Militar, o Conselho Tutelar, a OAB/SC e o EMA da Unisul. É nascida em 29 de março de 1999 a Casa da Cidadania de Tubarão.

É importante apresentar os conceitos e os objetivos do EMA, descritos por Zanotelli como:

[...] é o lugar em que as fragilidades de um curso jurídico são mais patentes. As fissuras se tornam flagrantes e são identificadas as lacunas de formação, que ainda podem ser tratadas e conduzidas, corrigidas e encaminhadas, antes de o profissional do Direito ser lançado no mercado jurídico, no qual enfrentará as problemáticas que são inerentes à condução dos valores sociais de seu trabalho. O aluno vocacionado ao Direito encontra na estrutura do EMA possibilidade de desenvolver suas habilidades teórico-práticas, bem como de exercer efetivamente a cidadania, na solução de conflitos sociais que acabam se avolumando na soleira das portas do Poder Judiciário e cuja providência a sociedade, sequiosa de mudanças e de justiça social aspira (2006, p. 11).

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Segundo Wensing, a missão do EMA:

[...] objetiva aliar a reflexão jurídica à prática, transplantando o conhecimento teórico e acadêmico, ou, ainda, hipotético-normativo adquirido no decorrer do Curso de Direito à realidade operacional, através de participação social e técnica de resolução de conflitos, envolvendo integrantes do estrato social carente (2004 apud ZANOTELLI, 2006, p. 11).

O EMA busca atender no seu espaço sociojurídico às demandas apresentadas pela comunidade local de forma a não priorizar, em demasia, os atendimentos à comunidade e provocar um prejuízo da qualidade dos serviços prestados.

Existem alguns requisitos para a realização do atendimento jurídico prestado pelo EMA. Não se trata de regras absolutas e inflexíveis, mas de norte para evitar uma invasão do mercado e o benefício de pessoas que apenas querem conservar seu patrimônio poupando despesas com advogado. Em diversas ocasiões a triagem detectou pessoas com vasto patrimônio, com renda incompatível e residentes fora da comarca atendida. Elas procuraram os serviços de advocacia por sua gratuidade. Aqui, neste particular, além de ilegal, o atendimento retiraria do profissional formado a possibilidade de auferir um ganho – o que definitivamente não é objetivo do EMA.

No município de Palhoça, o Escritório Modelo de Advocacia − EMA funciona na unidade da Ponte do Imaruim e conta com grupos de estagiários do curso de Direito e de Serviço Social da Grande Florianópolis. Cada grupo de estudantes de Direito é formado por três estagiários, os quais atendem à população, sob a orientação de um professor.

Segundo Merigo (2007), precisamente em 23 de agosto, a partir de contatos previamente realizados com a coordenadora do curso de Serviço Social, professora Dr.a Regina Panceri, realizou-se a parceria entre o curso de Direito e de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul para a efetivação do campo de estágio para os acadêmicos de Serviço Social no Escritório Modelo de Advocacia, tanto na Ponte do Imaruim, quanto na Trajano, no Centro de Florianópolis/SC.

Para Merigo (2007), o objetivo geral do trabalho é prestar atendimento na área do Serviço Social aos usuários do EMA da Unisul no município de Palhoça e em Florianópolis/SC, e integrar as áreas profissionais de Direito e de Serviço Social,

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considerando que o profissional de Serviço Social intervém na realidade social por meio de uma abordagem educativa que vai além dos limites da visão assistencialista e paliativa das situações apresentadas, buscando garantir sempre direitos, dignidade e eqüidade social do cidadão.

A população atendida pelo EMA são famílias em situação de vulnerabilidade social, cuja renda familiar não deve ser superior a três salários mínimos. O Assistente Social e sua intervenção trazem conseqüências e interferem consistentemente na vida do usuário do Serviço Social, pois a ação profissional desenvolvida vai além da garantia dos direitos sociais no seu sentido material/concreto, abrangendo uma atividade essencialmente educativa.

Atualmente o trabalho do Serviço Social é coordenado pela Assistente Social e docente Janice Merigo. A carga horária disponível para coordenação e trabalho junto ao EMA é de 8 horas, sendo 4 horas na unidade da Trajano e 4 horas na unidade da Ponte do Imaruim.

O atendimento no EMA também ocorre na rua Trajano, na cidade de Florianópolis, desde janeiro de 2007 e hoje conta com estagiários do curso de Direito e de Serviço Social que realizam estágio curricular obrigatório orientado por professores. A coordenação geral do EMA é de Virgínia Lopes da Rosa, docente do curso de Direito.

O Assistente Social deve desenvolver ações socioeducativas para fazer com que a população conheça os seus direitos e como exercê-los; o primeiro contato do Serviço Social com o usuário no EMA é por meio da triagem, que é uma seletividade responsável por realizar estudo socioeconômico do usuário, buscando a existência das questões sociais trazidas como jurídicas. Muitas vezes os problemas apresentados podem ser resolvidos sem a intervenção jurídica, passando somente pelo atendimento social, em que são realizados encaminhamentos para a rede socioassistencial do município de Palhoça e de Florianópolis.

As ações do Assistente Social baseiam-se no projeto ético-político do Serviço Social; ética aqui corresponde a escolhas de valor dirigidas à liberdade e à política à criação de condições objetivas para a defesa dos direitos humanos (BARROCO, 2004).

Especialmente a perspectiva emancipatória expressa-se nos princípios de defesa intransigente dos direitos humanos, na preocupação com a construção de

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sujeitos sociais ativos e na defesa da cidadania, da democracia, da justiça social e da eqüidade, tendo como valor ético central a liberdade.

Percebeu-se, durante os estudos socioeconômicos, por meio da triagem um elevado número de pretensões/demanda de divórcio, separação conjugal, pensão alimentícia, guarda, inventário, execução de alimentos.

As dimensões técnicas e política devem estar intrinsecamente relacionadas e são complementares entre si. Não basta somente uma competência técnico-operativa, pois o profissional permanece apenas como um cumpridor de tarefas, burocrático na sua ação. Porém, são necessários competência teórico-metodológica – que determina que a direção é dada para a ação, como serão utilizados os instrumentos técnicos do profissional – e competência ético-política – que delimitam intencionalidade, o objetivo que se quer alcançar com a ação profissional.

No trabalho do Serviço Social no EMA, o instrumento de grande destaque utilizado durante os estudos socioeconômicos foi a entrevista, que mostrou a importância da escuta qualificada como um instrumento metodológico do Serviço Social. A escuta qualificada se torna um meio de reconhecer o ponto de vista dos usuários, suas percepções e seus modos de vida, suas demandas e necessidades para, assim, empreender uma ação socioeducativa que permita decidir quais os rumos do projeto de vida. Na ação socioeducativa, o Assistente Social reflete com o usuário, buscando elencar, em conjunto, diferentes possibilidades de projetos de vida para que então possa se efetuar uma escolha.

Segundo Borges (2006), a entrevista é o recurso utilizado como meio de obter informações da própria fala dos sujeitos. Essa técnica é um importante instrumento e deve ser realizada em condições ambientais adequadas que garantam a natureza confidencial e com prazo suficiente para repeti-las quantas vezes for necessário; é fundamental para o entendimento das situações na sua complexidade. É por meio dessa técnica que se estabelece o vínculo entre duas ou mais pessoas.

Para Benjamin (1994), a entrevista é um diálogo sério que tem propósito entre duas ou mais pessoas. Ainda nesse sentido, para Sarmento (1994) e Benjamin (1994), as condições externas e internas devem proporcionar uma atmosfera que se mostre propícia à comunicação entre Assistente Social e usuário. O ambiente deve ser adequado, interferências e interrupções devem ser evitadas, deve-se ter

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disponibilidade para tomar notas, a duração da entrevista depende de seu objetivo e de outras observações e informações necessárias para o bom andamento.

Na triagem, o objetivo primordial é realizar o estudo socioeconômico, verificando os critérios para o atendimento, se é morador da Palhoça e tem renda familiar de até três salários mínimos. Esse momento é de seletividade, considerando ser o EMA um espaço de ensino, não podendo atender a toda a população que o procura.

A partir do estudo socioeconômico, o Serviço Social identifica demandas na área social e remarca o atendimento, passando a acompanhar o caso. A partir desse acompanhamento, verifica-se a necessidade da visita domiciliar e/ou de outros instrumentos técnico-operativos.

Para Borges (2006), a visita domiciliar tem o objetivo de se aproximar da realidade, tem um espaço próprio peculiar na intervenção do Assistente Social e, conforme Magalhães (apud FÁVERO; JORGE; MELÃO, 2005), cabe ao profissional definir se convém utilizá-la bem como seus objetivos e finalidades. O autor ressalta que nunca deve ser feita uma visita evasiva, mas ter como objetivo conhecer as condições em que vivem tais sujeitos e apreender aspectos cotidianos das suas relações.

Amaro (2003) relata que a visita técnica se organiza mediante o diálogo entre visitador e visitado, é organizada em forma de relatos do usuário ou grupo visitado. A observação é muito importante, devendo os profissionais estarem atentos aos detalhes dos fatos relatados durante a visita, ou seja, devem interpretar e observar a totalidade significativa da vida do usuário narrada durante a conversa, além da ligação com as inúmeras situações e expressividades observadas.

Sobre o estudo social, Fávero, Melão e Jorge afirmam que:

O Estudo Social, tão presente no cotidiano da intervenção ao longo do processo histórico do Serviço Social, em especial no campo sócio-jurídico, parece ter sido redescoberto, nos últimos tempos, como um objeto de investigação sistemática, questionamentos, polêmicas e debates. Tal redescoberta não se faz de forma casual, mas é parte de um movimento de sistematização e aprimoramento de meios para a intervenção, com vistas ao exercício do projeto ético-político da profissão. Projeto que se coloca na direção do enfrentamento das expressões da questão social com as quais o Assistente Social se depara no dia a dia de suas atividades, em especial aquelas que envolvem particularidades do exercício profissional no campo ora em foco (2005, p. 10).

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A partir da realização do estudo, elabora-se um documento. Quando for estudo social, consta o parecer da situação. Quando for relatório, somente o relato, sem parecer.

Para Iamamoto (1998), a noção estrita de instrumento como mero conjunto de técnicas se amplia para abranger o conhecimento como meio de trabalho, sem o qual esse trabalhador especializado não consegue efetuar sua atividade ou trabalho. As bases teórico-metodológicas são recursos essenciais que o Assistente Social aciona para exercer o seu trabalho: contribuem para iluminar a leitura da realidade e imprimir o rumo à ação ao mesmo tempo que a moldam.

Assim, ao utilizar outro recurso, o Assistente Social deve ter claro qual o seu objetivo e como chegar a ele de maneira adequada. Os instrumentos devem ser utilizados como viabilizadores do acesso dos usuários às políticas sociais públicas. Portanto, devem ser conhecidos pelos usuários. Estes devem receber informações de que procedimento o Assistente Social utilizará para encaminhamento de sua demanda, já que é um profissional mediador que trabalha com as várias expressões da questão social que perpassam a vida do usuário, refletindo no âmbito familiar.

Para Cachapuz (2005), o mediador Assistente Social visualiza o indivíduo no âmbito de suas relações sociais, considerando que ele deve ser analisado em relação ao seu meio social e ao desempenho de seu papel na sociedade.

O Assistente Social como mediador tem como função possibilitar ao usuário a tomada de conhecimento de suas dificuldades, decidir e executar as providências necessárias para resolvê-las, bem como informar e esclarecer pessoas e grupos sobre seus direitos e deveres.

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3 FAMÍLIA, DIREITO DE FAMÍLIA E SEPARAÇÃO: SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL

3.1 Família: conceitos e sua forma de organização

Segundo Paula (2003), o Direito, desde os tempos romanos, albergou a família como um ramo seu, ofertando o conceito jurídico, os deveres e as obrigações, as relações de parentesco e conjugais, os regimes de bens, entre outros, circundados pela forte influência do pátrio poder, hoje poder familiar. Em que pese as transformações no decorrer dos tempos, o direito civilista, impregnado pelo direito romano, ainda regula as relações familiares por meio do Código Civil, em sua parte especial. Todavia, mudanças ocorreram muito mais no campo fático que jurídico. O pai, em especial no Brasil e em países do hemisfério Sul, deixou de ser o "chefe" absoluto, o regente do núcleo familiar. O número de mães solteiras, separadas e até de “criações independentes” agiganta-se quotidianamente.

No direito romano clássico, a "família natural" cresce de importância − essa família é baseada no casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos; tem por base o casamento e as relações jurídicas dele resultantes entre os cônjuges e pais e filhos. Se nessa época predominava uma organização familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais, as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novos modelos de família (STANHOPE, 1999).

Segundo Ribeiro (1999), o termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Esse termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas ao serem introduzidas a agricultura e também a escravidão legalizada. A família vem se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, econômicas e socioculturais no contexto em que se encontram inseridas.

Conforme aponta Mioto, família pode ser entendida:

Como um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidos (ou não)

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por laços consangüíneos. Ele tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulado com a estrutura social na qual está inserido (2001, p. 12).

As famílias vêm se transformando através da história, essas transformações alteram sua dinâmica e organização interna. Novas configurações vêm surgindo com o passar dos tempos, as quais se referem principalmente às dimensões de sexualidade, procriação e convivência, presença das mulheres no mercado de trabalho, exercício da sexualidade dissociada da responsabilidade de reprodução, diversidade de arranjos sexuais, aumento das separações e dos divórcios e relaxamento dos controles sociais em relação ao comportamento dos cônjuges (CARVALHO; ALMEIDA, 2003; GOLDANI, 2002).

Ribeiro afirma que inúmeros são os estudos sobre as famílias brasileiras e as conseqüentes transformações por que têm passado ao longo da história. Desta forma, quando estudamos, pesquisamos ou trabalhamos no âmbito familiar, não podemos basear-nos em um modelo “ideal” de família ou no modelo de família em que vivemos, pois “facilmente caímos na armadilha de estarmos envolvidos em nossa própria realidade, nossa própria família” (1999, p. 7). Com isso, é necessário romper com os conceitos predeterminados sobre família para poder abranger um melhor entendimento dessas configurações familiares. E completa Vitale: “tratar de temática da família contemporânea é incursionar por complexas questões e por realidades reconhecidamente em transformação” (2002, p. 46).

A família na contemporaneidade vem sofrendo mudanças em sua organização e composição, caracterizando-se pela rapidez das mudanças nas suas relações internas. Essas transformações afetam de maneira decisiva a esfera da vida social.

Wagner (2002) afirma que o modelo tradicional de família, composto de pai, mãe e filhos, está sofrendo grandes modificações. Esse modelo tem alterado tanto a sua configuração como seu funcionamento. As mudanças, assim, expressam-se não somente na composição da família mas também nos papéis desempenhados por seus membros no seio familiar.

Desnaturalizar o conceito de família que domina nosso imaginário social, pressupõe entendê-la intrinsecamente associada ao contexto social no qual está inserida. Em outras palavras é preciso definir de que família se está falando, em que época, em que sociedade e em que segmento social (RIBEIRO, 1999, p. 7).

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Não temos como definir um parâmetro familiar, pois a variedade de organizações e reorganizações familiares encontradas na sociedade de hoje está focada nas relações de afeto, em que criam e recriam afinidades; os laços não se limitam apenas a uma forma consangüínea, mas a uma rede de indivíduos que coopera entre si. Desta forma, entendemos a família como uma “unidade de convivência”, em que o que importa é como as inter-relações acontecem nesse contexto.

Para tanto, é fundamental reconhecer o contexto em que a família está inserida para poder entender as relações que elas estabelecem, ou seja, compreender as diversidades nos mais variados conceitos, entender a família como relação humana em constante rearranjo. Nesse sentido, explica Ribeiro:

A instituição familiar se torna compreensível a partir do enfoque da pluralidade, da heterogeneidade. Essa concepção contrapõe-se à idéia de homogeneidade a que nos induzem os conceitos delineados pelos modelos ideais. A perspectiva de pluralidade leva-nos a entender a família como uma instituição em permanente renovação [...]. Entender a pluralidade passa a ser um exercício de ruptura [...] (1999, p. 17).

O imaginário coletivo está impregnado de idealizações em relação à família. Nesse sentido, Carvalho e Almeida afirmam que a maior expectativa é de que a família

produza cuidados, proteção, aprendizado dos afetos, construção de identidades e vínculos relacionais de pertencimento, capaz de promover melhor qualidade de vida a seus membros e efetiva inclusão social na comunidade e sociedade em que vivem (2003, p. 15).

Nesse contexto, concordamos que a família visa dar conta da reprodução social e da transmissão dos valores culturais básicos. Todavia, é necessário não naturalizarmos a família como um lugar em que a solidariedade está dada; é preciso compreender que as famílias são também “instituições frágeis” pelo fato de não serem nulas de violência, confinamentos, desencontros e rupturas.

Segundo Carvalho (1994), a família reflete as mudanças que ocorrem na sociedade, mas também atua sobre elas. É isso que torna a família um centro da vida social. As análises de diversos autores demonstram o falseamento de se pensar um único modelo de arranjo familiar, haja vista que historicamente e num

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mesmo espaço histórico aparece e coexiste uma família com características e composições que a distinguem. As configurações familiares são diversas e atendem a funções “determinadas” socialmente. Sintetizando, pode-se dizer que o termo “família” tem sido utilizado para se referir a instituições e agrupamentos sociais que diferem por sua organização e suas funções, o que torna questionável qualquer conceituação genérica de família.

Szymanski ressalta que:

Ao se pensar na família hoje, devem-se considerar as mudanças que ocorrem em nossa sociedade, como estão se construindo as novas relações humanas e de que forma as pessoas estão cuidando de suas vidas familiares. As trocas intersubjetivas na família não podem ser vistas isoladamente. As mudanças que ocorrem no mundo afetam a dinâmica familiar como um todo, de forma particular, cada família conforme sua composição, história e pertencimento social (2002, p. 17).

Várias famílias vêm se organizando de forma diferente do modelo idealizado pelos burgueses, muito embora elas não possam ser consideradas fruto da história contemporânea, pois na época do Brasil Colonial existiam famílias chefiadas por mulheres. Porém, é evidente que todo o contexto cultural e político vem dando abertura à possibilidade de diferentes configurações familiares surgirem, provocando assim indagações sobre os valores familiares.

Hoje não existe somente um modelo de família, sendo possível vislumbrar múltiplos modelos que vêm se configurando ao longo dos tempos. Nessas configurações temos a família nuclear, monoparental, homoparental (homoafetiva), recomposta e ampliada. Sob esse aspecto, Ribeiro lembra que:

romper com os “modelos ideais” não significa negá-los, significa apenas não se deixar aprisionar pelos mesmos. Romper com a nossa experiência pessoal significa apenas entender que outras possibilidades de organização familiar também são possíveis. Temos sim, é que apreender as configurações familiares, tendo em vista que a família é relação, é movimento, é dinamicidade, é complexidade e ainda sim, continua indispensável como espaço de equilíbrio e formação do ser humano (RIBEIRO, 1999, p. 40).

Explicando as novas configurações familiares, podemos citar a família nuclear; esse modelo familiar é composto de pai, mãe e filhos vivendo num mesmo lar.

A família monoparental é uma variação da organização nuclear tradicional devido a fenômenos sociais, como divórcio, óbito, abandono de lar, ilegitimidade ou

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adoção de crianças por uma só pessoa. Essas famílias são chefiadas por um dos genitores e seus filhos.

Nas famílias homoparentais existe uma ligação conjugal ou marital entre duas pessoas do mesmo sexo, em que podem incluir crianças adotadas ou filhos biológicos de um ou de ambos os parceiros.

A forma de organização da família reconstituída ou recomposta se dá pela constituição de casais divorciados e separados que constituem nova família e unem os filhos de casamentos anteriores.

A família ampliada ou extensa é outra organização em que existe uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos, incluindo três ou quatro gerações.

Nos diferentes espaços sociocupacionais em que o Assistente Social se insere, os modelos de família, acima apresentados, são visualizados nos atendimentos. Para pensar qualquer intervenção profissional é necessário primeiramente identificar a organização e a dinâmica da família.

Conceituar família e entender seus novos arranjos não é uma tarefa fácil, mas podemos dizer que é na família que ocorrem os fatos que marcam a vida social das pessoas. Como foi dito, encontramos na sociedade uma variedade de organizações familiares que dificulta a tarefa de tentar definir um único modelo de família, pois, ao definir algum tipo de parâmetro, outras configurações podem estar sendo excluídas.

Abolir o conceito de família que domina nosso imaginário requer entendê-la intrinsecamente associada ao contexto social em que vive, em que época, sociedade e segmento social. Deve-se ter claro que família é uma organização social que é influenciada diretamente e se transforma de acordo com o meio em que vive.

No trabalho com famílias existem cuidados importantes que devem ser tomados como a preocupação constante em respeitar aquelas pessoas com as quais trabalhamos na sua individualidade, crenças e valores.

No próximo capítulo, faremos uma reflexão acerca do direito de família focado no processo de separação conjugal, pois, diante de toda essa diversidade nos modelos de família, a separação conjugal vem ganhando visibilidade.

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3.2 Direito de família e separação conjugal

Direito de família, segundo Monteiro (2003 apud QUADRADO, 2008), é o complexo dos princípios que regulam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução dessa sociedade, as relações entre pais e filhos, o vínculo conjugal e o vínculo de parentesco.

Na sociedade atual, cada vez são mais freqüentes as separações dos casais, sejam elas consensuais ou litigiosas. Quando o casal percebe que não tem mais afinidade e está descontente com o casamento, toma a decisão de se separar. O casal reflete muito até tomar essa decisão de procurar um advogado para tratar das questões referentes aos bens materiais, à guarda dos filhos, aos alimentos e às visitas, e dá início ao processo de separação judicial ou dissolução da sociedade conjugal.

Percebe-se no trabalho do Serviço Social que as famílias empobrecidas, na maioria das vezes, decidem não permanecer junto, mas não procuram legalizar tal situação, que envolve os direitos dos filhos, e ficam vivendo da solidariedade de vizinhos e da própria rede familiar (avós, tios, primos).

Podemos falar que a organização familiar tem se modificado, segundo Abreo (1998), na pós-modernidade, a família se caracteriza pela diminuição do número de casamentos e há uma tendência no aumento do número de divórcios. Hoje as pessoas estão se casando menos e se separando mais, ao mesmo tempo que aumenta o número de pessoas que mantêm um relacionamento conjugal sem vínculos formais.

Haonat e Leite (2006) dissertam sobre a união estável, em que citam a Lei n. 8.971/94, cuja união estável era a união comprovada de homem e mulher, solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, por cinco anos ou com prole. A Lei n. 9278/96 modificou esse conceito e, desde 1996, entende-se que união estável é a convivência duradoura entre um homem e uma mulher com a finalidade de constituir família. O conceito de união estável foi trazido pelo art. 226, § 3º da Constituição Federal e pelas Leis n. 8.971/94 e n. 9.278/96. Agora os seus princípios estão inseridos no Código Civil nos artigos 1.723 a 1.727. O artigo 1.723

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do Código Civil é claro: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.

Nesse contexto, Haonat e Leite (2006) lembram que o regime de bens é disciplinado no artigo 1.725 do Código Civil. Portanto, vigora entre as partes o regime de comunhão parcial de bens, salvo disposição contrária entre elas. A obrigação alimentar é toda ela regulada pelas mesmas disposições dos alimentos entre cônjuges (artigo 1.694 e seguintes do Código Civil). Cabem direitos sucessórios entre os conviventes, segundo o disposto no artigo 1.790 do Código Civil. A Constituição Federal no artigo 226, § 3º dispõe que, para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento.

A Constituição Federal de 1988 é um marco no que permeia o conceito de família. De uma concepção estreita sobre família em que só cabia um modelo de família legitimado pelo casamento, com predominância do poder paterno, torna-se hoje algo mais próximo das práticas sociais vigentes. A Constituição Federal considera que, para efeitos de proteção do Estado, a família é a união estável entre homem e mulher ou qualquer dos pais e seus descendentes (BRASIL, 2007, cap. VII, art. 226, § 3º, 4º e 5º).

Quando trabalhamos com o processo de separação conjugal, devemos entender que não é possível a existência de um relacionamento sem conflitos entre o casal, são raras as vezes em que os ex-cônjuges conseguem resolver as questões que permeiam a separação de forma tranqüila.

Para Fávero (1999 apud BORGES, 2006, p. 25), as questões jurídicas e sociais influenciam nas relações familiares, seja em nível de uma separação conjugal, relacionamento entre pais e filhos num processo de separação, num processo de adoção, investigação de paternidade, entre outras inúmeras situações conflituosas decorrentes do próprio curso e do ciclo da vida familiar.

Cerveny (2006) afirma que as separações e os divórcios podem se dar de diferentes maneiras e constituem um dos momentos de maior desorganização num sistema familiar. Se as pessoas que se separam possuem filhos, esse processo é ainda muito mais conflituoso. Geralmente é num clima tenso e desfavorável que as famílias em processo de separação chegam aos consultórios e/ou Judiciário. Esse clima tenso também é percebido nos atendimentos no EMA.

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De acordo com Cezar-Ferreira (2004), a separação, especialmente numa família com filhos, não é uma crise tão simples de ser superada. O sofrimento é muito grande para todos, e a possibilidade de se chegar a uma solução razoável fica mais distante.

Ainda segundo o mesmo autor, esse é o momento em que os membros da família necessitarão de todo o auxílio possível da rede social, desde a família extensa até os profissionais, que, em função de ofício, entram em contato nessa situação. É importante que o Serviço Social possa intervir em famílias nas quais existam problemas conjugais; o Assistente Social como mediador tem como função orientar o usuário a tomar conhecimento de suas dificuldades, decidir e executar as providências necessárias para resolvê-las, bem como informar e esclarecer pessoas e grupos sobre seus direitos e deveres.

Para Cezar-Ferreira (2004), o fato de a família desorganiza-se momentaneamente, todavia, não significa que vai ficar destruída ou seriamente prejudicada. A separação também pode representar desafio e oportunidades para crescimento pessoal de seus elementos. Nem sempre, porém, isso é possível sem ajuda externa.

Separar-se, na verdade, é um processo muito complexo, que começa a partir da decisão de ruptura do relacionamento, e que traz à tona um misto de sentimentos, emoções, como desgastes, estresse, saudade, perda, raiva, culpa, dor, desespero, ressentimento, depressão, angústia e, em outros casos, alívio, paz, tranqüilidade, harmonia, esperança, reconstrução, entre outros. Muitas vezes, demoram-se anos e anos até concretizar esta decisão, ou seja, decidir é uma questão muito difícil (NUNES, 2002, p. 20).

Ainda segundo Cerveny (2006), temos vários tipos de separações: amigáveis, litigiosas, abandonos temporários ou definitivos; e, mesmo dentro desses tipos, existem diferentes nuances. As famílias são diferentes entre si, e uma separação amigável para algumas é bem diferente de relações amigáveis na separação de outras. Alguns autores não acreditam em separações amigáveis, pois acham que toda separação traz alguma conseqüência desagradável. Muitos pais negociam um relacionamento amigável na separação para proteger a vida emocional e afetiva dos filhos.

Jamais alguém deixará de ser pai e mãe em virtude do acontecimento da separação. Quando o casal tem maturidade e sabe separar o papel de marido e de mulher do papel de pai e mãe sai favorecido por não conviver mais em um ambiente

Referências

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