ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO
MARCO AURÉLIO NUNES DE FARIA
DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS EM EXCEL-VBA
PARA GERENCIAMENTO SIMPLIFICADO DE RESERVATÓRIOS DE GÁS
NITERÓI, RJ
2018
DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS EM EXCEL-VBA
PARA GERENCIAMENTO SIMPLIFICADO DE RESERVATÓRIOS DE GÁS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Corpo Docente do Departamento de
Engenharia Química e de Petróleo da Escola de
Engenharia
da
Universidade
Federal
Fluminense, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Engenheiro
de Petróleo.
Orientador:
Prof. Dr. João Felipe Mitre de Araujo
Niterói, RJ
2018
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA GERADA EM:
http://www.bibliotecas.uff.br/bee/ficha-catalografica
Dedico este trabalho à minha facelida avó,
Magaly Buonocore Nunes, que não pode estar
aqui para realizar mais uma etapa de seu sonho
de ver todos os netos formados.
Ao meu ilustríssimo orientador, Prof. Dr. João Felipe Mitre de Araujo, por todo seu empenho
e prontidão no auxílio da elaboração deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Victor Rolando Ruiz Ahón, pela disponibilização de material suplementar.
Aos demais professores do curso, por todo conhecimento transmitido.
À instituição, Universidade Federal Fluminense, por tudo aquilo que representa.
À minha família, por todo apoio incondicional durante estes longos 5 anos.
Aos meus amigos de faculdade, por tornar, dia pós dia, tudo um pouco mais suportável.
Aos meus irmãos, primos, e amigos mais próximos, por servirem como válvula de escape nos
momentos mais difíceis.
“Gás Natural é o combustível que temos que é acessível, escalonável, pode substituir o
carvão com o tempo, pode substituir o óleo importado, pode criar empregos americanos.”
(Aubrey McClendon, tradução nossa)
O gás natural é uma fonte energética mais limpa que o petróleo e que vem ganhando espaço no
mundo. A exploração e produção desse recurso requer grandes investimentos tecnológicos e de
gerenciamento de reservatórios, que se encontram no interior da Terra. Este trabalho tem o
objetivo de construir um programa em Excel e Visual Basic for Application (VBA) para auxiliar
no gerenciamento de reservatórios de gás, que produzem pelo método volumétrico ou sob
influxo de água, focando no constante ajuste da previsão de reservas através de novos dados de
produção e equação de balanço de materiais (EBM). Dada esta finalidade, a metodologia do
trabalho é realizar uma extensa revisão bibliográfica de engenharia de reservatórios,
explicitando os conceitos e variáveis pertinentes ao funcionamento do programa construído,
seguido da apresentação de todo o desenvolvimento e acompanhamento da estruturação no
Excel e VBA, com posterior aplicação em exemplos conhecidos para comparação de resultados,
que mostraram-se satisfatórios, com erro desprezível para correlações do fator de
compressibilidade e modelos de influxo de água, e erro médio de 4,5% nas previsões de reserva
pelos métodos volumétricos com 12 observações, em que a tendência é diminuir quanto mais
dados forem inclusos, haja vista que a diferença aconteceu por distinções no estilo de regressão.
Não foi possível comparar resultados de reservas de formações com influxo de água, pela
ausência de fontes de dados para tal. Na conclusão, discute-se a eficácia e aplicabilidade do
programa, assim como sugestões futuras de aprimoramento.
Palavras-Chave: Reservatório de Gás. Influxo de Água. Previsão de Reserva. Gerenciamento
Natural gas is an energy source that is cleaner than oil and is gaining space worldwide. The
exploration and production of this resource requires great technology investments and
management of reservoir, found deep inside the interior of the Earth. This work has the
objective of building a program in Excel and Visual Basic for Application (VBA) to aid in the
management of gas reservoirs, which produce through the volumetric or water influx methods,
focusing on the continuous reserves forecast adjustment through new production data and the
material balance equation. Given this purpose, the methodology of this work is to elaborate an
extensive literature review on reservoir engineering, gathering the definitions and variables
related to the built program, followed by the whole development and accompanying of the
structuring inside Excel and VBA, with later application in known examples for results
comparisons, that showed themselves satisfactory, with negligible error for the compressibility
factor and water influx models, and mean error of 4,5% for the reserves forecast in the
volumetric methods with 12 observations, which tends to get lower when more data is included,
since the difference occurred mostly because of the regression style distinction. It was not
possible to compare reserves results for formations with water influx, given the absence of data
sources for such. In the conclusion, it is discussed the effectiveness and applicability of the
program, as are made future suggestion of enhancement.
Figura 1 – Diagrama de Fases do Petróleo ... 3
Figura 2 – Gás Seco ... 4
Figura 3 – Gás Úmido ... 5
Figura 4 – Gás Retrógrado... 5
Figura 5 – Fluxo Radial ... 7
Figura 6 – Relação Pressão-Volume ... 9
Figura 7 – Massa Específica vs. Pressão para diferentes tipos de fluido ... 9
Figura 8 – Fator de Compressibilidade Z para Gases Naturais ... 13
Figura 9 – Geometria de Fluxo ... 24
Figura 10 – Influxo de Água em Reservatórios Cilíndricos ... 25
Figura 11 – Influxo Acumulado Adimensional ... 27
Figura 12 – Reservatório Volumétrico de Gás Seco ... 33
Figura 13 – Reservatório Volumétrico de Gás Seco Anormalmente Pressurizado ... 34
Figura 14 – Reservatório de Gás Seco... 35
Figura 15 – Reservatório de Gás Seco sob Influxo de Agua ... 37
Figura 16 – Fluxograma da Utilização do Programa ... 39
Figura 17 – Visão Inicial do Programa ... 42
Figura 18 – Conversores de Unidade ... 44
Figura 19 – Conversão Rápida de Pressão ... 44
Figura 20 – Conversor para Inúmeros Dados ... 45
Figura 21 – Simulação de Conversão ... 45
Figura 22 – Influxo de Água... 46
Figura 23 – Mensagem de Erro: dados necessários [Pot Aquifer] ... 48
Figura 24 – Resposta do Programa para Fetkovich ... 49
Figura 25 – Resposta do Programa para Van Everdingen & Hurst ... 51
Figura 26 – Dados... 52
Figura 27 – Métodos de Calcular Z ... 52
Figura 28 – Exemplo de Análise de Formações Consolidadas ... 55
Figura 29 – Diferença entre as Reservas ... 57
Figura 30 – Cálculo dos Termos da EBM no Programa... 58
Tabela 1 – Constantes de Dranchuk e Abou-Kassem... 14
Tabela 2 – Índice de Produtividade do Aquífero para os Fluxos Radial e Linear ... 30
Tabela 3 – Dados do Exemplo Comparativo para Modelos de Aquífero ... 47
Tabela 4 – Histórico de Pressões Médias no Contato Óleo/Água do Exemplo ... 47
Tabela 5 – Resumo de Cálculo Fetkovich ... 49
Tabela 6 – Resumo de Cálculo Van Everdingen & Hurst ... 50
Tabela 7 – Resultados de Z da Apostila ... 53
Tabela 8 – Resultados de Z do Programa ... 53
API
BBL
CBM
EBM
FR
PVT
RGL
RGO
SCF
STB
VBA
American Petroleum Institute
Barril
Coal Bed Methane
Equação de Balanço de Materiais
Fator de Recuperação
Pressão-Volume-Temperatura
Razão Gás-Líquido
Razão Gás-Óleo
Standard Cubic Feet (Pé Cúbico Padrão)
Standard Barrel (Barril Padrão)
𝐴
Área
𝐴
𝐵Parâmetro de Brill e Beggs
𝐴
𝑊Parâmetro de Wichert-Aziz
𝐴
1−11Constantes de Dranchuk e Abou-Kassem
𝐵
Parâmetro de Brill e Beggs
𝐵
𝑊Parâmetro de Wichert-Aziz
𝐵
𝑔Fator volume-formação do gás
𝐵
𝑔𝑖Fator volume-formação do gás
𝐵
𝑤Fator volume-formação da água
𝑐
Compressibilidade isotérmica
𝐶
Parâmetro de Brill e Beggs
𝑐
𝑒𝑤𝑓Compressibilidade efetiva do sistema água-formação
𝑐
𝑓Compressibilidade da formação
𝑐
𝑔Compressibilidade isotérmica do gás
𝑐
𝑡𝑖Compressibilidade total na pressão inicial
𝑐
𝑤Compressibilidade da água
𝐷
Parâmetro de Brill e Beggs
𝐸
𝑔Fator de expansão do gás
𝑓
Relação 𝜃 2𝜋
⁄
do raio de ação do aquífero radial no reservatório
𝐺
Volume original total de gás no reservatório
𝐺
𝑝Produção acumulada de gás
ℎ
Altura
𝐽
Índice de produtividade do Aquífero
𝑘
Permeabilidade
𝐿
Comprimento
𝑚(𝑝)
Pseudopressão do gás real
𝑝
Pressão
𝑝̅
𝑎Pressão média do aquífero
𝑃
𝐶Pressão crítica
𝑝
𝐷Pressão adimensional
𝑝
𝑒Pressão externa
𝑝
𝑖Pressão inicial
𝑃
𝑃𝐶Pressão pseudocrítica
𝑃
𝑃𝑅𝑃
𝑅Pressão pseudorreduzida
Pressão reduzida
𝑝̅
𝑟Pressão média do reservatório
𝑝
𝑟𝑒𝑓Pressão de referência
𝑝
𝑠𝑐Pressão em condições padrões
𝑝
𝑤𝑓Pressão no fundo do poço
𝑞
Vazão
𝑞
𝑔𝑟Vazão do gás no raio r do reservatório
𝑄
𝑔Vazão do gás em condições padrão
𝑟
Raio
𝑅
1−5Parâmetros de Dranchuk e Abou-Kassem
𝑟
𝐷Raio adimensional
𝑟
𝑒Raio externo
𝑟
𝑒𝐷Raio adimensional
𝑟
𝑜Raio do reservatório
𝑟
𝑤Raio do poço
𝑆
Fator de película
𝑆
𝑤𝑖𝑡
Saturação de água conata
Tempo
𝑇
Temperatura
𝑇
𝐶Temperatura crítica
𝑇
𝑐′Temperatura crítica corrigida
𝑡
𝐷Tempo adimensional
𝑇
𝑃𝐶𝑇
𝑃𝑅𝑡
𝑟Temperatura pseudocrítica
Temperatura pseudorreduzida
Inverso da temperatura reduzida
𝑇
𝑅Temperatura reduzida
𝑈
Constante de influxo de água do aquífero
𝑉
Volume
𝑉
𝑖Volume inicial
𝑉
𝑟Volume do reservatório
𝑣
𝑟Velocidade na direção radial
𝑉
𝑟𝑒𝑓Volume de referência
𝑣
𝑥Velocidade na direção x
𝑣
𝑦Velocidade na direção y
𝑣
𝑧Velocidade na direção z
𝑊
𝐷Influxo adimensional acumulado
𝑊
𝑒Influxo acumulado de água
𝑊
𝑒𝑖Influxo máximo do aquífero
𝑊
𝑖Volume inicial de água no aquífero
𝑊
𝑝Produção acumulada de água
𝑋
1−4Parâmetros de Hall e Yarborough
𝑌
Densidade reduzida de Hall e Yarborough
𝑦
𝑖Fração percentual do composto químico i
𝑍
Fator de compressibilidade do gás
𝑍̅
Fator de compressibilidade médio do gás
𝑍
𝑖Fator de compressibilidade inicial do gás
LISTA DE SÍMBOLOS GREGOS
𝛾
Constante de Euler
𝛾
𝑔Densidade do gás
∆𝑝
Variação da pressão
∆𝑝
𝑜Queda de pressão no contato reservatório-aquífero
𝜀
Parâmetro de Wichert-Aziz
𝜇
Viscosidade
𝜌
Massa específica
𝜌
𝑟Densidade reduzida de Dranchuk e Abou-Kassem
𝛷
Porosidade
𝜓
Pseudopressão do gás real
𝜓
𝑒Pseudopressão do gás real avaliada de 0 a pressão externa
𝜓
𝑤Pseudopressão do gás real avaliada de 0 a pressão do poço
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ... 1
1.1
Objetivos ... 2
1.2
Estrutura do trabalho ... 2
2
ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS ... 3
2.1
Tipos de reservatórios ... 4
2.2
Propriedades ... 7
2.2.1
Propriedades críticas ... 9
2.2.2
Fator de compressibilidade do gás (Z) ... 11
3
FLUXOS DE GASES EM MEIOS POROSOS ... 16
3.1
Equação da difusividade hidráulica para gases ... 17
3.2
Lei de Darcy ... 18
4
INFLUXO DE ÁGUA ... 23
4.1
Van Everdingen & Hurst ... 25
4.1.1
Superposição de efeitos ... 26
4.2
Carter-Tracy ... 28
4.3
Modelo aproximado de Fetkovich ... 28
5
GERENCIAMENTO DE RESERVATÓRIOS DE GÁS ... 31
5.1
Balanço de materiais em reservatórios de gás ... 31
5.2
Reservatórios volumétricos de gás... 32
5.2.1
Reservatórios volumétricos anormalmente pressurizados ... 33
5.3
Reservatórios de gás sob influxo de água ... 34
6
METODOLOGIA - DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA ... 38
6.1
“Home” ... 40
6.2
“Conversores de Unidade” ... 40
6.3
“Influxo de Água” ... 40
6.4
“Dados” ... 41
7
RESULTADOS ... 42
7.1
“Conversores de Unidade” ... 42
7.2
“Influxo de Água” ... 46
7.2.1
Pot Aquifer ... 47
7.2.2
Fetkovich ... 48
7.3
“Dados” ... 51
7.3.1
Aplicação das correlações de compressibilidade do gás (Z) ... 53
7.3.2
Formações normalmente pressurizadas ... 53
7.3.3
Formações anormalmente pressurizadas ... 56
7.3.4
Formações sob influxo d’água ... 60
8
CONCLUSÃO ... 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 63
APÊNDICE A – CÓDIGOS VBA ... 65
ANEXO A – SISTEMAS E CONVERSÕES DE UNIDADES... 241
1
INTRODUÇÃO
Atualmente, o gás natural é uma fonte de energia em crescimento no mundo, sendo a
principal matriz energética da Eurásia (BP, 2017), e em constante avanço no resto do globo.
Por ser uma energia considerada mais limpa que o petróleo, o gás natural também vem
ganhando espaço junto às questões ambientais, que cresce nos países mais desenvolvidos.
Desta forma, para se consumir gás natural, é necessário antes prospectá-lo e
produzi-lo de reservatórios no interior da Terra, ato que envolve muita tecnoproduzi-logia, dificuldades e
investimentos. Para realizar esta produção, as empresas utilizam diversos softwares de
engenharia, que incluem softwares de gerenciamento de reservatórios que, por sua vez, visam
realizar o cálculo e ajustar constantemente pelo histórico de produção a expectativa total de
reserva, no caso gás natural, contido na zona produtora em questão.
Este trabalho focará no desenvolvimento de ferramentas computacionais que auxiliem
nesse gerenciamento para reservatórios exclusivamente de gás, sem a presença de óleo no
estado líquido em quantidade significativa. Com esta finalidade, as ferramentas serão
desenvolvidas no programa Microsoft Excel, juntamente com sua linguagem de programação
Visual Basic for Application (VBA).
A elaboração deste material tem como principal objetivo tornar possível gerenciar, de
modo simplificado, reservatórios de gás de forma pouco dispendiosa. Secundariamente, tem-se
também o objetivo de criar quantas ferramentas forem possíveis para realizar o cálculo das mais
diversas variáveis pertinentes à engenharia de reservatórios a partir dos dados de pressão,
volume e temperatura (PVT) de subsuperfície.
Espera-se que, com o trabalho concluído, seja possível gerenciar reservatórios de gás de
modo simples e sem a aquisição de licenças de softwares e simuladores de reservatórios
contidos no mercado, que são extremamente caros, sendo inviáveis para pequenas empresas ou
instituições que operam em terra com recursos limitados. Ou seja, uma maneira barata, porém
confiável de gerenciar. Não obstante, também poderá ser utilizado no meio acadêmico, sendo
aplicado aos muitos exemplos conhecidos e usado como referência ou para fins comparativos.
Deste modo, para atingir os objetivos especificados, a metodologia utilizada será a
realização uma extensa pesquisa bibliográfica sobre o assunto, reunindo todos os dados teóricos
conhecidos e pertinentes a elaboração das ferramentas computacionais. Em um segundo
momento, o conhecimento pesquisado será transferido para a plataforma do Microsoft Excel e
para os códigos de programação do VBA, de modo a criar um método interativo simples e de
fácil operação.
1.1 Objetivos
Elaborar um programa em Excel-VBA capaz de auxiliar no gerenciamento de
reservatórios radiais de gás seco com ou sem influxo de água, através da previsão de reservas e
curvas características de modelos de pressão e influxo pela equação de balanço de materiais.
Ademais, incluir nas opções da ferramenta correlações consagradas na literatura para
determinação de variáveis importantes, como fator de compressibilidade do gás e influxo
acumulado de água, entre outras que mostrarem-se viáveis pertinentes.
1.2 Estrutura do trabalho
O trabalho está estruturado em 4 partes. Na primeira, são apresentados todos os
conceitos, definições, variáveis e fórmulas pertinentes à construção do tema proposto,
distribuídos nos capítulos 2, 3, 4 e 5. Na segunda etapa, capítulo 6, é disposto o passo-a-passo
da elaboração das ferramentas, para que seja possível entender seu desenvolvimento, enquanto
os códigos associados em VBA propriamente ditos estão disponibilizados no Apêndice deste
documento. Posteriormente, no capitulo 7, o software é aplicado a exemplos conhecidos e os
resultados discutidos. Por fim, no capitulo 8, são tomadas as devidas conclusões e feitas
recomendações e sugestões que possam vir a complementar este trabalho no futuro.
2
ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS
Hidrocarbonetos são definidos por uma grande variedade de compostos de carbono e
hidrogênio quimicamente agrupados em série (ROSA, CARVALHO e XAVIER, 2006). Gás
natural, por sua vez, são hidrocarbonetos que, em dada pressão e temperatura, estão no estado
físico gasoso, como indicado na Figura 1. Assim, segundo a geologia do petróleo, reservatórios
de gás são corpos rochosos de subsuperfície que contém porosidade e permeabilidade suficiente
para guardar e transmitir hidrocarbonetos gasosos em quantidade e qualidade significativas em
termos econômicos. Por outro lado, Rosa, Carvalho e Xavier (2006), definem reservatórios de
gás apenas como jazidas de petróleo que contém uma mistura de hidrocarbonetos que se
encontram no estado gasoso nas condições de reservatórios.
Figura 1 – Diagrama de Fases do Petróleo
2.1 Tipos de reservatórios
Em termos de reservatórios de gás, Ahmed (2006) cita quatro classificações distintas
quanto a posição em que estes reservatórios e o separador de produção se encontram no
diagrama de fases, sendo elas:
Gás seco: acontece quando ambas as temperaturas do reservatório e do separador estão
à direita da curva de pontos de orvalho, como visto na Figura 2. Possui uma razão
gás-óleo (RGO) de produção maior que 100.000 scf/STB;
Figura 2 – Gás Seco
Fonte: ROSA, CARVALHO e XAVIER (2006).
Gás úmido: acontece quando o par temperatura e pressão do reservatório estão à direita
da curva dos pontos de orvalho, mas no separador estão dentro da região bifásica,
representado na Figura 3. Apresenta uma RGO entre 60.000 e 100.000 scf/STB e o óleo
do tanque de estocagem um grau API acima de 60º.
Figura 3 – Gás Úmido
Fonte: ROSA, CARVALHO e XAVIER (2006).
Gás-condensado retrógrado: acontece quando a temperatura do reservatório se encontra
entre a temperatura crítica e a cricondenterma, como na Figura 4. Possui uma RGO entre
8.000 e 70.000 scf/STB e densidade do condensado acima de 50º API.
Figura 4 – Gás Retrógrado
Gás-condensado quase crítico: acontece quando a temperatura do reservatório está
muito próxima da temperatura crítica.
Uma outra classificação simplificada é apresentada por Craft e Hawkins (1959), e
divide os reservatórios como sendo de óleo, gás condensado ou gás seco, dependendo da razão
gás/líquido de produção (RGL):
Reservatório de óleo: RGL ≤ 900 m³ std/m³ std;
Reservatório de gás condensado: 900 m³ std/m³ std < RGL < 18.000 m³ std/m³ std;
Reservatório de gás seco: RGL ≥ 18.000 m³ std/m³ std.
Todavia, existem diversos outros métodos de classificação de um reservatório de gás.
Podemos classificar como, por exemplo, reservatórios convencionais e não convencionais, onde
entre os não convencionais, segundo Ahmed e Meehan (2012), destacam-se os reservatórios
de:
Tight gas: caracterizados por uma permeabilidade menor que 0,1 md (milidarcy);
Shallow gas: reservatórios de tight gas localizados em profundidade rasa, de origem
biogênica;
Hidratos de gás: caracterizados por sua peculiaridade estrutural, que se assemelha ao
gelo ou a neve molhada, mas sem a estrutura sólida usual do gelo. É causado pelas
baixas temperaturas e altas pressões na presença de água e gás;
Coalbed methane (CBM): caracterizados, como o nome sugere, pela rocha-reservatório
ser composta principalmente por carvão, e sua produção é majoritariamente de metano
(𝐶
1), 𝐶
2, traços de 𝐶
3, 𝑁
2e 𝐶𝑂
2.
Também existem subclassificações importantes, como quanto ao fluxo nas
proximidades do poço, podendo ser radial, representado na Figura 5, linear, esférico ou
hemisférico. Na verdade, esses são os modelos aproximados utilizados na engenharia, uma vez
que cada reservatório tem uma geometria própria e seria necessária a utilização de simuladores
numéricos com descrições matemáticas rigorosas (AHMED e MEEHAN, 2012). Também
poderíamos classificar quanto a angulação do poço, normalmente vertical ou horizontal.
Entretanto, este trabalho abrangerá apenas reservatórios de gás seco convencionais verticais e
com fluxo radial, uma vez que um escopo maior fugiria da magnitude proposta e esperada desta
obra.
Figura 5 – Fluxo Radial
Fonte: TESTWELLS (adaptado).
2.2 Propriedades
Para gerenciar um reservatório de gás, é necessário ter conhecimento sobre inúmeros
fatores que afetam a produção. Entre estes parâmetros, muitos são relativos às propriedades dos
gases e das rochas, como porosidade (Ф), permeabilidade (k), viscosidade (µ),
compressibilidade do gás (𝑐
𝑔), compressibilidade da formação (𝑐
𝑓), fator de compressibilidade
do gás (Z), que será fortemente explicado no tópico 2.3, visto sua relevância ao programa
desenvolvido, fator volume formação do gás (𝐵
𝑔), fator de película ou skin (S), entre muitos
outros. Dito isto, espera-se do leitor algum conhecimento sobre propriedade dos fluidos e
formação, visto que definir um a um não faz parte do objetivo deste trabalho. Adicionalmente,
também é importante reforçar que as equações neste documento estão apresentadas, em sua
grande maioria, em unidades de campo ou similar. Tabelas de conversão serão dispostas em
Anexo e embutidas no Excel.
Apesar disso, das propriedades anteriores, é importante comentar a compressibilidade
dos fluidos. Em termos de reservatórios, os fluidos podem se comportar como incompressíveis,
poucos compressíveis e compressíveis, sendo este último o caso do gás, dada sua alta expansão
ou retração com a variação da pressão. Esta compressibilidade isotérmica (c), é descrita por
duas formas matemáticas equivalentes, as equações (1) e (2) (AHMED e MEEHAN, 2012):
Em termos de volume:
𝑐 = −
1
𝑉
(
𝜕𝑉
Em termos da massa específica:
𝑐 =
1
𝜌
(
𝜕𝜌
𝜕𝑝
)
𝑇(2)
Onde V é o volume do fluido; 𝜌 a massa específica do fluido; p a pressão; e c o coeficiente de
compressibilidade isotérmica.
Assim, os fluidos incompressíveis são aqueles que não variam volume ou densidade
com a mudança da pressão. Logo:
(
𝜕𝑉
𝜕𝑝
)
𝑇= 0
(3)
Fluidos pouco compressíveis exibem pouca mudança no volume ou densidade com a
mudança da pressão. Tomando como referência um volume 𝑉
𝑟𝑒𝑓de um fluido líquido pouco
compressível em uma pressão de referência 𝑝
𝑟𝑒𝑓, as mudanças no comportamento volumétrico
são descritas como uma função da pressão p, como sugere a equação (4).
𝑉 = 𝑉
𝑟𝑒𝑓[1 + 𝑐(𝑝
𝑟𝑒𝑓− 𝑝)]
(4)
Onde T = constante, p é a pressão em psi absoluto (psia); V o volume na pressão p, em ft³; 𝑝
𝑟𝑒𝑓a pressão inicial de referência, em psia; e
𝑉
𝑟𝑒𝑓o volume do fluido na pressão inicial de
referência, em ft³.
E por último, e mais importante, dada sua pertinência ao trabalho em questão, os fluidos
compressíveis são aqueles que sofrem grandes variações no volume como uma função da
pressão. Todos os sistemas envolvendo gás são considerados fluidos compressíveis. Sua
fórmula matemática passa a ser descrita pela equação (5):
𝑐
𝑔=
1
𝑝
−
1
𝑍
(
𝜕𝑍
𝜕𝑝
)
𝑇(5)
Onde 𝑐
𝑔é a compressibilidade do gás, que é uma função da pressão e da compressibilidade do
gás, que por sua e função da temperatura reduzida e pressão reduzida. Ou seja, 𝑐
𝑔(𝑝, 𝑇
𝑅, 𝑃
𝑅).
As Figuras 6 e 7 mostram as variações de volume e massa específica em função da
pressão para os três tipos de fluidos citados, onde a temperatura (T) é constante em todos os
casos, não expressos diretamente nas fórmulas presentes.
Figura 6 – Relação Pressão-Volume
Fonte: AHMED e MEEHAN (2012, adaptado).
Figura 7 – Massa Específica vs. Pressão para diferentes tipos de fluido
Fonte: AHMED e MEEHAN (2012, adaptado).
2.2.1 Propriedades críticas
Segundo McCain (1999), diferentemente dos componentes puros, que possuem
propriedades críticas bem definidas, as propriedades pseudocríticas das misturas gasosas não
representam suas verdadeiras propriedades críticas, mas sim uma invenção a ser usada como
parâmetros de correlação para gerar propriedades físicas do gás, devido a grande dificuldade
envolvida na obtenção das propriedades críticas reais. Desta maneira, seguindo a regra de
misturar linear, que nada mais é que uma média ponderada das frações molares de cada
componente puro e suas propriedades críticas, as propriedades pseudocríticas de uma mistura
bem definida pode ser expressa pelas equações (6), para temperatura, e (7), para pressão.
𝑇
𝑝𝐶= ∑ 𝑦
𝑖𝑇
𝐶𝑖 𝑖(6)
𝑃
𝑝𝐶= ∑ 𝑦
𝑖𝑃
𝐶𝑖 𝑖(7)
Onde
𝑦
𝑖é a fração molar de cada componente na mistura, 𝑃
𝐶𝑖e 𝑇
𝐶𝑖a pressão e temperatura
críticas de cada componente e, 𝑇
𝑝𝐶e 𝑃
𝑝𝐶as propriedades críticas, ou pseudocríticas, globais da
mistura.
2.2.1.1 Correlação de Brown et al.
Uma maneira de determinar as propriedades críticas do gás natural apenas com o valor
de sua densidade é através das equações de Standing (1977), que são ajustes do gráfico
construído por Brown et al (1948). Para gás seco, as equações (8) e (9) resumem o cálculo e,
para gás úmido, a forma das equações (10) e (11) é adotada.
𝑇
𝑝𝐶= 168 + 325𝛾
𝑔− 12,5𝛾
𝑔2(8)
𝑃
𝑝𝐶= 667 + 15𝛾
𝑔− 37,5𝛾
𝑔2(9)
𝑇
𝑝𝐶= 187 + 330𝛾
𝑔− 71,5𝛾
𝑔2(10)
𝑃
𝑝𝐶= 706 − 51,7𝛾
𝑔− 11,1𝛾
𝑔2(11)
Onde 𝛾
𝑔é a densidade do gás, 𝑃
𝑝𝐶a pressão pseudocrítica e 𝑇
𝑝𝐶a temperatura pseudocrítica.
Por simplificação, as pressões e temperaturas pseudocríticas serão referenciadas apenas como
críticas no decorrer do trabalho.
A densidade de referência adotada e modelada no desenvolvimento deste trabalho foi
de úmido para igual ou maior que 0,75, e seco para menor, uma vez que não há um consenso
explícito na literatura.
2.2.1.2 Efeito de “contaminantes” (Wichert-Aziz)
Quando há contaminantes na mistura de gás natural, como o gás carbônico (𝐶𝑂
2) e/ou
o sulfeto de hidrogênio (𝐻
2𝑆), isto tem uma influência na temperatura e pressão pseudocrítica
da mistura, e é necessário que seja implementada uma correção. Neste trabalho, esta correção
é modelada pela correlação de Wichert e Aziz (1972), que age em cima dos resultados obtidos
com Brown et al., e utiliza as frações molares de 𝐶𝑂
2e 𝐻
2𝑆 na mistura, como indicam as
equações (12), (13) e (14).
𝐴
𝑊= 𝑦
𝐻2𝑆+ 𝑦
𝐶𝑂2𝐵
𝑊= 𝑦
𝐻2𝑆𝜀 = 120(𝐴
𝑊0,9− 𝐴
𝑊1,6) + 15(𝐵
𝑊0,5− 𝐵
𝑊4,0)
(12)
𝑇
𝐶′= 𝑇
𝐶− 𝜀
(13)
𝑃
𝐶′=
𝑃
𝑐𝑇
𝑐 ′𝑇
𝑐+ 𝐵
𝑊(1 − 𝐵
𝑊)𝜀
(14)
Em que
𝑦 é a fração molar de seus respectivos componentes e 𝑇
𝐶′e 𝑃
𝐶′
correspondem às
propriedades corrigidas.
2.2.2 Fator de compressibilidade do gás (Z)
O fator de compressibilidade do gás é uma variável de extrema importância em
reservatórios de gás. É através dele que será possível definir a quantidade de reserva e entender
a economicidade do prospecto.
Muitas correlações foram elaboradas ao longo dos anos para tentar descobrir este fator.
Por vezes modelo como gás ideal, em que Z é igual a 1, como em casos de pressões próximas
à atmosférica, isto não é possível na engenharia de reservatórios, uma vez que o gás está sob
ação de pressões altas, e discorremos sobre o quão compressível é o gás anteriormente. A seguir,
serão apresentados quatro correlações famosas na literatura para tentar encontrar o fator de
compressibilidade do gás real, que utilizam as pressões e temperaturas reduzidas em sua
modelagem e estarão disponíveis para uso no Excel.
2.2.2.1 Método de Papay
A mais simples das correlações a serem mostradas, assim como a que apresenta um
percentual de erro mais elevado, de 4,8%, o método de Papay (1985) é recomendado para as
faixas 1,2 ≤ 𝑇
𝑅≤ 3,0 𝑒 0,2 ≤ 𝑃
𝑅≤ 15,0, e está expresso na equação (16).
𝑍 = 1 −
3,53𝑃
𝑝𝑟10
0,9813𝑇𝑝𝑟+
0,274𝑃
𝑝𝑟210
0,8157𝑇𝑝𝑟(15)
Onde 𝑃
𝑝𝑟é a pressão pseudorreduzida e 𝑇
𝑝𝑟a temperatura pseudorreduzida.
2.2.2.2 Método de Hall e Yarborough
Hall e Yarborough (1973) propuseram uma solução ajustando dados retirados do gráfico
da Figura 8, produzido por Standing e Katz (1942). A equação (16) oferece a resposta para Z,
enquanto a equação (17) oferece uma expressão não linear para a densidade reduzida (Y), que
precisa de uma estimativa inicial e um método iterativo para ser resolvida.
𝑍 = [
0,06125𝑡𝑃
𝑅𝑌
] 𝑒𝑥𝑝[−1,2(1 − 𝑡)
2
]
(16)
Onde t é inverso da temperatura reduzida (𝑡
𝑟= 1 𝑇
𝑅⁄ ).
𝐹(𝑌) = 𝑋
1+
𝑌 + 𝑌
2+ 𝑌
3− 𝑌
4(1 − 𝑌)
3− 𝑋
2𝑌
2+ 𝑋
3𝑌
𝑋4= 0
(17)
𝑋
1= −0,06125𝑡𝑃
𝑅𝑒𝑥𝑝[−1,2(1 − 𝑡)
2]
𝑋
2= 14,76𝑡 − 9,76𝑡
2+ 4,58𝑡
³𝑋
3= 90,7𝑡 − 242,2𝑡
2+ 42,4𝑡
3𝑋
4= 2,18 + 2,82𝑡
A utilização do método, afim de conter o erro percentual médio em 0,518%, é
recomendada nas faixas de 1,2 ≤ 𝑇
𝑅≤ 3,0 𝑒 0,1 ≤ 𝑃
𝑅≤ 24,0.
Figura 8 – Fator de Compressibilidade Z para Gases Naturais
2.2.2.3 Método de Dranchuk e Abou-Kassem
A correlação de Dranchuk e Abou-Kassem (1975) também faz uso da densidade
reduzida (𝜌
𝑟), expressa pela equação (18):
𝑍 =
0,27𝑃
𝑅𝜌
𝑟𝑇
𝑅(18)
A densidade reduzida pode ser encontrada como solução da função (19), utilizando uma
estimativa inicial e um método iterativo. As 11 constantes que a função faz uso estão dispostas
na Tabela 1.
𝑓(𝜌
𝑟) = 𝑅
1𝜌
𝑟−
𝑅
2𝜌
𝑟+ 𝑅
3𝜌
𝑟 2− 𝑅
4𝜌
𝑟5+ 𝑅
5(1 + 𝐴
11𝜌
𝑟2)𝜌
𝑟2𝑒𝑥𝑝[−𝐴
11𝜌
𝑟2] + 1 = 0
(19)
𝑅
1= 𝐴
1+
𝐴
2𝑇
𝑅+
𝐴
3𝑇
𝑅3+
𝐴
4𝑇
𝑅4+
𝐴
5𝑇
𝑅5𝑅
2=
0,27𝑃
𝑅𝑇
𝑅𝑅
3= 𝐴
6+
𝐴
7𝑇
𝑅+
𝐴
8𝑇
𝑅2𝑅
4= 𝐴
9[
𝐴
7𝑇
𝑅+
𝐴
8𝑇
𝑅2]
𝑅
5=
𝐴
10𝑇
𝑅3Tabela 1 – Constantes de Dranchuk e Abou-Kassem
Constante
Valor
Constante
Valor
𝐴
10,3265
𝐴
7-0,7361
𝐴
2-1,0700
𝐴
80,1844
𝐴
3-0,5339
𝐴
90,1056
𝐴
40,01569
𝐴
100,6134
𝐴
5-0,05165
𝐴
110,7210
𝐴
60,5475
Fonte: AHMED (2007, adaptado).
A utilização do método também é indicada para a faixa de 1,2 ≤ 𝑇
𝑅≤ 3,0 𝑒 0,1 ≤
𝑃
𝑅≤ 24,0, com erro médio de 0,518%.
2.2.2.4 Método de Brill e Beggs
Brill e Beggs (1974) chegaram na equação (20) para encontrar o fator de
compressibilidade do gás, que só é válida no intervalo 1,2 ≤ 𝑇
𝑅≤ 2,4. Na faixa de aplicação,
o erro médio máximo é de 0,20%.
𝑍 = 𝐴
𝐵+
1 − 𝐴
𝐵exp (𝐵)
+ 𝐶𝑃
𝑅 𝐷(20)
𝐴
𝐵= 1,39(𝑇
𝑅− 0,92)
2− 0,36𝑇
𝑅− 0,101
𝐵 = (0,62 − 0,23𝑇
𝑅)𝑃
𝑅+ (
0,066
𝑇
𝑅− 0,86
− 0,037) 𝑃
𝑅2+
0,32
10
9(𝑇𝑅−1)𝑃
𝑅6𝐶 = 0,132 − 0,32𝑙𝑜𝑔
10𝑇
𝑅𝐷 = 10
(0,3106−0,49𝑇𝑅+0,1824𝑇𝑅2)3
FLUXOS DE GASES EM MEIOS POROSOS
Existem basicamente três tipos de regimes de fluxo que precisam ser reconhecidos
para descrever o comportamento dos fluxos de fluidos de um reservatório (AHMED e
MEEHAN, 2012). São eles:
a) Regime estacionário ou permanente:
O regime de fluxo é permanente quando a pressão em todos os pontos do
reservatório permanece constante, sem qualquer mudança. Matematicamente, essa condição
é descrita por:
(
𝜕𝑝
𝜕𝑡
)
𝑖= 0
(21)
Ou seja, a pressão (p) não muda conforme o tempo (t) passa, em nenhum lugar (i) do
reservatório. Isso só ocorre quando o reservatório é completamente recarregado por um
aquífero muito forte ou por alguma outra operação de manutenção de pressão.
b) Regime pseudoestacionário ou pseudopermanente:
Este regime é caracterizado por um declínio linear da pressão em função do
tempo em diferentes locais do reservatório. Matematicamente, é descrito por:
(
𝜕𝑝
𝜕𝑡
)
𝑖= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
(22)
c) Regime transiente
Uma característica atribuída a este regime é que as bordas do reservatório ainda
não sentiram os efeitos do escoamento, e ainda estão na pressão original. É definido pela
variação de pressão causada pelo fluxo de fluidos em relação ao tempo em qualquer posição
do reservatório não ser constante nem zero. Sendo assim, o diferencial da pressão em
relação ao tempo é essencialmente uma função do tempo e da posição:
𝜕𝑝
3.1 Equação da difusividade hidráulica para gases
Rosa, Carvalho e Xavier (2006) admitem as seguintes hipóteses na formulação da
equação da difusividade hidráulica de gases:
Meio poroso homogêneo e isotrópico;
Fluxo estritamente horizontal e isotérmico;
Poço penetrando totalmente a formação;
Permeabilidade constante;
Pequenos gradientes de pressão;
Rocha com compressibilidade pequena e constante;
Forças gravitacionais desprezíveis;
Fluidos e rochas não reagentes entre si.
Uma importante equação que faz parte do desenvolvimento da equação da difusividade
hidráulica para meios porosos é a equação da continuidade, que nada mais é que um balanço de
massa que pode ser resumido com as seguintes palavras: “A diferença entre a massa que entra
e a massa que sai nas três direções de fluxo é igual à variação da massa dentro do meio poroso”.
A equação (24) expressa sua forma matemática em coordenadas cartesianas, e a equação (25)
em coordenadas cilíndricas (MATTHEWS e RUSSEL, 1967).
𝜕
𝜕𝑥
(𝑣
𝑥𝜌) +
𝜕
𝜕𝑦
(𝑣
𝑦𝜌) +
𝜕
𝜕𝑧
(𝑣
𝑧𝜌) = −
𝜕
𝜕𝑡
(Ф𝜌)
(24)
1
𝑟
𝜕
𝜕𝑟
(𝜌𝑟𝑣
𝑟) = −
𝜕
𝜕𝑡
(Ф𝜌)
(25)
Onde 𝑣
𝑟é a velocidade aparente de fluxo na direção radial.
E a equação da difusividade hidráulica para gases reais:
𝜕²𝑚(𝑝)
𝜕𝑥²
+
𝜕²𝑚(𝑝)
𝜕𝑦²
+
𝜕²𝑚(𝑝)
𝜕𝑧²
=
Ф𝜇𝑐
𝑔𝑘
𝜕𝑚(𝑝)
𝜕𝑡
(26)
E, em coordenada radiais:
1
𝑟
𝜕
𝜕𝑟
[𝑟
𝜕𝑚(𝑝)
𝜕𝑟
] =
Ф𝜇𝑐
𝑔𝑘
𝜕𝑚(𝑝)
𝜕𝑡
(27)
Onde 𝑚(𝑝) é a pseudopressão do gás real, definida por:
𝑚(𝑝) = 𝜓 = ∫ (
2𝑝
µ
𝑔𝑍
) 𝑑𝑝
𝑝 0(28)
3.2 Lei de Darcy
A lei de Darcy, equação fundamental do escoamento de fluidos em meios porosos
(AHMED e MEEHAN, 2012), possui diversas formas, a depender das características do fluxo
ou sistema de unidades utilizado. Em sua forma original, ela é dada pela equação (29):
𝑣 =
𝑞
𝐴
= −
𝑘
µ
𝑑𝑝
𝑑𝑥
(29)
Onde v é a velocidade aparente do fluido, em centímetros por segundo (cm/s); q é a vazão
volumétrica, cm³/s; k é a permeabilidade, em Darcy; µ é a viscosidade, em centipoise (cp); e 𝐴
é a área transversal da rocha, cm².
Todavia, o foco deste trabalho são reservatórios radiais de gás. Desse modo, quando
aplicado para fluxo radial de fluidos compressíveis, a equação se torna:
Regime Permanente
𝑞
𝑔𝑟=
0,001127(2𝜋𝑟ℎ)𝑘
µ
𝑔𝑑𝑝
𝑑𝑟
(30)
Onde 𝑞
𝑔𝑟é a vazão de gás no raio r nas condições de reservatório, em bbl/d; r é a distância
radial, em ft; h é a espessura da formação, em ft; µ
𝑔é a viscosidade do gás, em cp; p é a
pressão, em psi; e 0,001127 é o fator de conversão para as unidades de campo.
Tradicionalmente, a vazão do gás é expressa em pé cúbico padrão por dia (scf/d).
Definindo 𝑄
𝑔como a vazão em superfície e aplicando a definição do fator volume formação
de gás 𝐵
𝑔para 𝑞
𝑔𝑟:
𝑄
𝑔=
𝑞
𝑔𝑟𝐵
𝑔(31)
Onde
𝐵
𝑔=
𝑝
𝑠𝑐5,615𝑇
𝑠𝑐𝑍𝑇
𝑝
𝑏𝑏𝑙
𝑠𝑐𝑓
(32)
E 𝑝
𝑠𝑐é a pressão padrão, em psia; 𝑇
𝑠𝑐é a temperatura padrão, R; 𝑄
𝑔é a vazão de gás, scf/d;
𝑞
𝑔𝑟é a vazão de gás no raio r, bbl/d; p é a pressão no raio r, psia; T é a temperatura do
reservatório, R; e Z é o fator de compressibilidade do gás a p e T.
Realizando todas as transformações necessárias, podemos definir a vazão de produção
em condições de superfície como:
𝑄
𝑔=
𝑘ℎ(𝜓
𝑒− 𝜓
𝑤)
1422𝑇𝑙𝑛(
𝑟
𝑟
𝑒𝑤
)
(33)
Onde
𝜓
𝑒é a pseudopressão do gás real avaliada de 0 a pressão externa (𝑝
𝑒); 𝜓
𝑤é a
pseudopressão do gás real avaliada de 0 a pressão do poço (𝑝
𝑤𝑓); k é a permeabilidade, em md;
h a espessura da formação, em ft; 𝑟
𝑒é o raio de drenagem, ft; 𝑟
𝑤é o raio do poço, ft; e 𝑄
𝑔é a
vazão de gás, em Mscf/d.
Regime Pseudopermanente
Para o regime pseudopermanente de fluidos compressíveis, a equação da difusividade
hidráulica assume a forma:
𝜕𝑚(𝑝)
𝜕𝑡
= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒.
(34)
E aplicando as transformações e utilizando as mesmas unidades do regime permanente,
torna-se:
𝑄
𝑔=
𝑘ℎ(𝑚(𝑝̅
𝑟) − 𝑚(𝑝
𝑤𝑓))
1422𝑇 [𝑙𝑛 (
𝑟
𝑟
𝑒𝑤
) − 0,75]
(35)
Para resolver essa equação, normalmente duas aproximações são usadas com
regularidade:
o Método aproximado da pressão quadrada, que oferece uma solução exata
compatível para quando a pressão for menor que 2000 psi, e segue a fórmula
(36).
𝑄
𝑔=
𝑘ℎ (𝑝̅
2 𝑟− 𝑝
2𝑤𝑓)
1422𝑇µ̅𝑍̅ [𝑙𝑛 (
𝑟
𝑟
𝑒 𝑤) − 0,75]
(36)
Onde µ̅ 𝑒 𝑍̅ são avaliados em:
𝑝̅ = √
𝑝̅
𝑟 2+ 𝑝
𝑤𝑓2
2
(37)
o Método aproximado da pressão, que é aplicável para pressão maiores de 3000
psi, e assume a forma matemática da equação (38).
𝑄
𝑔=
𝑘ℎ(𝑝̅
𝑟− 𝑝
𝑤𝑓)
1422𝑇µ̅𝐵̅
𝑔[𝑙𝑛 (
𝑟
𝑒𝑟
𝑤) − 0,75]
(38)
Onde as propriedades do gás são avaliadas em:
𝑝̅ =
𝑝̿
𝑟+ 𝑝
𝑤𝑓2
(39)
E 𝐵̅
𝑔, dado em bbl/scf, definido por:
Regime Transiente
Neste caso, a equação da difusividade hidráulica assume a forma:
𝜕
2𝑚(𝑝)
𝜕𝑟²
+
1
𝑟
𝜕𝑚(𝑝)
𝜕𝑟
=
Фµ𝑐
𝑡0,000264𝑘
𝜕𝑚(𝑝)
𝜕𝑡
(41)
Onde
𝑐
𝑡é a soma da compressibilidade do gás (𝑐
𝑔) com a compressibilidade da
formação (𝑐
𝑓).
Para resolver a equação (41), três métodos podem ser aplicados:
1. Método m(p), que oferece uma solução exata
2. Método aproximado da pressão quadrada, como utilizado no regime
pseudopermanente
3. Método aproximado da pressão, também utilizado no regime pseudopermanente
o Método m(p)
Apresenta a seguinte formulação final:
𝑚(𝑝
𝑤𝑓) = 𝑚(𝑝
𝑖) − (
1637𝑄𝑔𝑇
𝑘ℎ
) [𝑙𝑜𝑔 (
4𝑡𝐷𝛾
)]
(42)
Onde 𝑡
𝐷é o tempo adimensional, dado por:
𝑡
𝐷=
0,0002637𝑘𝑡
Фµ
𝑖𝑐
𝑡𝑖𝑟
𝑤2(43)
𝛾 é a constante de Euler, dada por:
𝛾 = 𝑒
0,5772= 1,781
(44)
𝑝
𝑤𝑓= pressão de fundo do poço, psi
𝑝
𝑖= pressão inicial do reservatório, psi
𝑄
𝑔= vazão do gás, Mscf/d
k = permeabilidade, md
T = temperatura do reservatório, R
𝑟
𝑤= raio do poço, ft
h = espessura do reservatório, ft
µ
𝑖= viscosidade do gás na pressão inicial, cp
𝑐
𝑡𝑖= compressibilidade total na pressão inicial, 𝑝𝑠𝑖
−1Ф = porosidade
o Método aproximado da pressão quadrada
Após as devidas transformações, pode ser expressa como na equação (45).
𝑝
2 𝑤𝑓= 𝑝
2𝑖− (
1637𝑄
𝑔𝑇µ̅𝑍̅
𝑘ℎ
) [𝑙𝑜𝑔 (
4𝑡
𝐷𝛾
)]
(45)
É válido acrescentar que a expressão a cima assume que o produto (µZ) é constante na
pressão média 𝑝̅, o que limita a aplicabilidade do método 𝑝
2para reservatórios com pressão
inferior a 2000 psi.
o Método aproximado da pressão
𝑝
𝑤𝑓= 𝑝
𝑖− (
(162,5𝑥10
3)𝑄
𝑔µ̅𝐵̅
𝑔𝑘ℎ
) [𝑙𝑜𝑔 (
4𝑡
𝐷𝛾
)]
(46)
4
INFLUXO DE ÁGUA
Quase todos os reservatórios de hidrocarbonetos no mundo estão cercados por rochas
contendo água, os chamados aquíferos (AHMED, 2006). Os aquíferos causam grande diferença
na produção de petróleo, e existem inúmeros modelos matemáticos que procuram fazer o
cálculo do seu impacto na pressão do reservatório, e alguns serão descritos em breve. As
equações descritas neste capítulo estão no sistema internacional, para mais simples
compreensão. Tabelas com conversão de sistemas e unidades estão no Anexo A deste trabalho.
Ahmed (2006) oferece várias classificações distintas para os aquíferos:
Pelo grau de manutenção da pressão
a. Fluxo ativo de água
b. Fluxo parcial de água
c. Fluxo limitado de água
Pelo regime de fluxo
a. Regime Permanente
b. Regime Pseudopermanente
c. Regime Transiente
Pela geometria de fluxo, como demonstrado na Figura 9
a. Influxo de água pelos cantos
b. Influxo de água por baixo
c. Influxo linear de água
Pela Condição de borda
a. Aquífero infinito
b. Aquífero finito
Figura 9 – Geometria de Fluxo
Fonte: AHMED, 2006 (adaptado).
Segundo Rosa, Carvalho e Xavier (2006), define-se influxo de água, 𝑊
𝑒, como sendo
o volume acumulado de água fornecido pelo aquífero ao reservatório, através do contato
reservatório-aquífero, até determinado tempo. Além disso, apresenta um modelo simplificado,
tratado por Ahmed (2006) e Ahmed; Meehan (2012) como Pot Aquifer, em que o aquífero é
pequeno, na mesma escala de grandeza do reservatório, sendo descrito pela equação (47):
𝑊
𝑒= 𝑐
𝑡𝑊
𝑖(𝑝
𝑖− 𝑝)
(47)
Onde 𝑐
𝑡é a compressibilidade total do aquífero, 𝑊
𝑖o volume inicial de água no aquífero, 𝑝
𝑖a
pressão inicial e p a pressão no contato.
Entretanto, como normalmente os aquíferos são imensos em relação ao reservatório,
outros modelos dependentes do tempo são necessários para um cálculo mais preciso. Os
modelos abordados serão:
1) Van Everdingen & Hurst
2) Carter-Tracy
4.1 Van Everdingen & Hurst
As formulações matemáticas que descrevem o fluxo do aquífero para os reservatórios
cilíndricos são as mesmas que descrevem o fluxo do reservatório para os poços (AHMED e
MEEHAN, 2012), como esquematizado na Figura 10.
Figura 10 – Influxo de Água em Reservatórios Cilíndricos
Fonte: AHMED; MEEHAN, 2012 (adaptado).
No caso dos aquíferos, entretanto, como não se tem controle sobre a vazão no contato
reservatório-aquífero, a equação diferencial que rege o fluxo no aquífero é resolvida
considerando-se que a pressão no contato se mantém constante (ROSA, CARVALHO e
XAVIER, 2006).
Van Everdingen & Hurst (1949) apresentam soluções para aquíferos radiais e lineares,
dos quais trataremos apenas dos radiais. Para isso, são definidas algumas variáveis
adimensionais, utilizadas no modelo:
Raio adimensional:
𝑟
𝐷=
𝑟
𝑟
𝑜(48)
Tempo adimensional:
𝑡
𝐷=
𝑘𝑡
Ф𝜇𝑐
𝑡𝑟
2(49)
Pressão adimensional:
𝑝
𝐷=
𝑝
𝑖− 𝑝
𝑝
𝑖− 𝑝
𝑜=
𝑝
𝑖− 𝑝
∆𝑝
𝑜(50)
Onde ∆𝑝
𝑜= 𝑝
𝑖− 𝑝
𝑜é a queda de pressão constante no contato.
Assim, o influxo acumulado de água é definido por:
𝑊
𝑒= 𝑈∆𝑝
𝑜𝑊
𝐷(𝑡
𝐷)
(51)
Onde 𝑊
𝐷(𝑡
𝐷) é o influxo adimensional, dependente do tempo, e
𝑈 = 2𝜋𝑓Ф𝑐
𝑡ℎ𝑟
𝑜2(52)
Sendo 𝑓 = 𝜃/2𝜋, 𝜃 em radianos.
O influxo adimensional (𝑊
𝐷) pode ser encontrado com as tabelas no Anexo B desta
obra, ou com a Figura 11, para os três diferentes tipos de aquíferos: infinito, selado e
realimentado (finito com pressão constante no limite externo).
4.1.1 Superposição de efeitos
A equação (51) pressupõe que a pressão no contato é constante, e só é aplicável quando
∆𝑝
𝑜é constante (ROSA, CARVALHO e XAVIER, 2006). Levando em consideração a queda
da pressão no contato, uma vez que há depleção, há a superposição de efeitos, e a discretização
da queda da pressão média com o tempo, a equação torna-se:
𝑊
𝑒(𝑡
𝐷𝑛) = 𝑈 ∑ (
𝑝
𝑗−1− 𝑝
𝑗+12
)
𝑛−1
𝑗=0
Figura 11 – Influxo Acumulado Adimensional
Figura 11.a Figura 11.b
Figura 11.c Figura 11.d
4.2 Carter-Tracy
O modelo de Carter-Tracy (1960) é aplicável a qualquer geometria de fluxo, desde que
se conheça a solução para a pressão adimensional em função do tempo para a geometria do
aquífero em questão, abrangendo uma gama maior de casos em que pode ser usado (ROSA,
CARVALHO e XAVIER, 2006). Diferentemente do modelo de Van Everdingen e Hurst, que
oferece uma resposta exata para equação da difusividade, Carter-Tracy não requer a aplicação
do princípio da superposição de efeitos no desenvolvimento, fator que torna o cálculo complexo
e robusto, enquanto mantém uma ótima aproximação e, quando o intervalo entre as medidas é
pequeno, até 1 mês, a aproximação é muito boa e não possui uma diferença significativa
(AHMED e MEEHAN, 2012).
Sua formulação matemática final é descrita por:
𝑊
𝑒(𝑡
𝐷𝑗) = 𝑊
𝑒(𝑡
𝐷𝑗−1) +
𝑈∆𝑝(𝑡
𝐷𝑗) − 𝑊
𝑒(𝑡
𝐷𝑗−1)𝑝
′𝐷(𝑡
𝐷𝑗)
𝑝
𝐷(𝑡
𝐷𝑗) − 𝑡
𝐷𝑗−1𝑝
′𝐷
(𝑡
𝐷𝑗)
(𝑡
𝐷𝑛− 𝑡
𝐷𝑗)
(54)
Onde 𝑝
′𝐷(𝑡
𝐷𝑗) é a derivada da pressão adimensional discretizada no tempo adimensional j.
Como a equação para pressão adimensional irá variar com a geometria, poucos casos
possuem uma formulação definida. A equação (55) exemplifica uma boa aproximação para a
pressão adimensional de um aquífero radial infinito.
𝑝
𝐷(𝑡
𝐷) =
1
2
[𝑙𝑛(𝑡
𝐷) + 0,80907]
(55)
4.3 Modelo aproximado de Fetkovich
Usado para aquíferos finitos em regime pseudopermanente ou permanente, o modelo
de Fetkovich (1971) é bem simples de ser aplicado quando comparado ao de Van Everdingen
e Hurst. Assim como o modelo de Carter-Tracey, não requer a superposição de efeitos, e foi
desenvolvido para fluxos lineares e radiais.
Fetkovich define
𝐽 como o índice de produtividade do aquífero, 𝑝̅
𝑎como a pressão
média do aquífero e 𝑝 como a pressão no contato reservatório-aquífero (ROSA, CARVALHO
e XAVIER, 2006).
A equação final do modelo, que considera pressão constante no contato
reservatório-aquífero, se resume a:
𝑊
𝑒=
𝑊
𝑒𝑖𝑝
𝑖(𝑝
𝑖− 𝑝) [1 − 𝑒𝑥𝑝 (−
𝐽𝑝
𝑖𝑊
𝑒𝑖𝑡)]
(56)
Onde
𝑊
𝑒𝑖é o influxo máximo que o aquífero pode fornecer, explícito na equação (57),
correspondendo a expansão total da água ao ser despressurizada da pressão inicial (𝑝
𝑖) para
pressão zero.
𝑊
𝑒𝑖= 𝑐
𝑡𝑊
𝑖𝑝
𝑖(57)
Onde 𝑊
𝑖é o volume inicial de água.
Quando se considera variação da pressão no contato, o modelo sofre mudanças, e a
equação fica em função da variação do influxo nos dados intervalos:
∆𝑊
𝑒𝑛=
𝑊
𝑒𝑖𝑝
𝑖(𝑝̅
𝑎𝑛−1− 𝑝̅
𝑛) [1 − 𝑒𝑥𝑝 (−
𝐽𝑝
𝑖𝑊
𝑒𝑖∆𝑡
𝑛)]
(58)
Onde n é o intervalo de referência,
𝑝̅
𝑎𝑛−1= 𝑝
𝑖(1 −
𝑊
𝑒𝑛−1𝑊
𝑒𝑖)
(59)
E
𝑝̅
𝑛=
𝑝
𝑛−1− 𝑝
𝑛2
(60)
Apesar de voltado para aquíferos radiais e lineares, Fetkovich também possui uma
equação dependente do Fator de forma Ditzer para outras geometrias, mas que foge do escopo
desta obra.
Os índices de produtividade (𝐽) para aquíferos radiais e lineares estão explícitos na
tabela 2.
Tabela 2 – Índice de Produtividade do Aquífero para os Fluxos Radial e Linear
Condição de fluxo
Aquífero radial
Aquífero linear
Pseudopermanente
𝐽 =
2𝜋𝑓𝑘ℎ
𝜇 [
𝑟
𝑒𝐷 2𝑟
𝑒𝐷2− 1
𝑙𝑛 (
𝑟
𝑒𝑟
𝑜) −
3𝑟
𝑒𝐷4− 4𝑟
𝑒𝐷4𝑙𝑛𝑟
𝑒𝐷− 2𝑟
𝑜2− 1
4(𝑟
𝑒𝐷2− 1)
2]
𝐽 =
3𝑘ℎ𝑤
𝜇𝐿
Permanente
𝐽 =
2𝜋𝑓𝑘ℎ
𝜇 𝑙𝑛 (
𝑟
𝑟
𝑒 𝑜)
𝐽 =
3𝑘ℎ𝑤
𝜇𝐿
Fonte: ROSA, CARVALHO e XAVIER (2006).
Quando o raio do aquífero for muito maior que o raio do reservatório, o índice de
produtividade para fluxo radial pseudopermanente, mostrado na tabela 2, pode ser simplificado
para:
𝐽 =
2𝜋𝑓𝑘ℎ
𝜇 [𝑙𝑛 (
𝑟
𝑟
𝑒 𝑜) −
3
4
]
(61)
5
GERENCIAMENTO DE RESERVATÓRIOS DE GÁS
Existem inúmeros métodos de gerenciamento de reservatórios de gás para as diversas
classificações existentes. Costuma-se separar, ao menos, em poços verticais e horizontais, e em
campos convencionais e não convencionais de gás (AHMED e MEEHAN, 2012). Entretanto,
como citado no capítulo 2, este trabalho abordará apenas poços verticais de reservatórios
convencionais, com e sem influxo de água. É interessante comentar que, no caso de
reservatórios volumétricos de gás, ou seja, aqueles que produzem apenas por depleção e
expansão do gás, o fator de recuperação (FR), que é o valor percentual do quanto se consegue
produzir do gás total original na formação, chega a atingir 90%, enquanto reservatórios sob
influxo de água tem a tendência de ter um FR entre 50% e 70%. Todavia, de acordo com
Ezekwe (2011), reservatórios verdadeiramente volumétricos são raros, pois uma das condições
é que a saturação de água inicial não se altere durante a vida produtiva das jazidas, e é comum
que fluidos, especialmente água, de camadas de folhelhos ou aquíferos vizinhos migre para o
reservatórios. Contudo, se o influxo de fluidos for relativamente pequeno, assumir um
comportamente volumétrico é considerado viável e aplicável.
5.1 Balanço de materiais em reservatórios de gás
Rosa, Carvalho e Xavier (2006) postulam como principais utilizações práticas da
equação de balaço de materiais (EBM) em reservatórios de gás a determinação do volume
original de gás (G), a determinação do influxo de água proveniente de aquíferos (𝑊
𝑒) e a
previsão do comportamento do reservatório.
Uma variável importante para o balanço de materiais em reservatórios de gás é o fator
volume formação de gás (𝐵
𝑔), ou seu inverso, 𝐸
𝑔=
1
𝐵𝑔