5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito deste trabalho foi o de apresentar os programas de catalogação cooperativa, centralizada e catalogação-na-publicação, os quais, são sistemas de alimentação de catálogos e bases de dados. Apresentamos também o CBU, uma vez que o desenvolvimento dos sistemas de alimentação de catálogos e bases de dados contribuem eficientemente para a construção do CBU com suas bases que contêm grandes quantidades de registros bibliográficos, os quais representam publicações de várias áreas do conhecimento, em várias línguas, de diversas partes do mundo.
A grande quantidade de informações que atualmente é produzida tanto em suportes convencionais quanto em suportes eletrônicos, requer um tratamento físico para que não ocorra perda significativa de informações, pois:
A evolução é rápida, não existe muito tempo para pensar, pesquisar e selecionar. É preciso agir, tomar decisões adequadas, [...] as organizações necessitam de informações precisas e eficazes, pois sem a informação, a tomada de decisão pode ser incorreta e/ou tardia. (SANTOS; FACHIN; VARVAKIS, 2003, v. 32, n. 2, p. 86).
A partir dos estudos realizados sobre os processos que a Biblioteconomia utiliza para o tratamento temático e descritivo das informações e dos documentos, podemos concluir que a catalogação é um processo decisivo para proporcionar acesso a informações, uma vez que descreve tanto física como tematicamente os documentos, indicando a localização física do documento. Para que a catalogação cumpra estas funções, tenha qualidade e possibilite a busca rápida e eficiente pelo
usuário/cliente, a padronização do serviço catalográfico utilizando-se de códigos de catalogação e formatos de intercâmbio reconhecidos internacionalmente é uma necessidade. Ressaltando ainda que “[...] à medida em que a informação assume importância cada vez maior nos dias atuais, os usuários de serviços de informação passam a ser cada vez mais exigentes.” (SANTOS; FACHIN; VARVAKIS, 2003, v. 32, n. 2, p. 86).
A catalogação de qualidade exige o uso de um código de catalogação e de um formato de intercâmbio aceitos internacionalmente para a realização da Catalogação Automatizada. No momento o código AACR2 e o Formato de Intercâmbio MARC21 têm, permitido uma recuperação com bons resultados e o bom desenvolvimento de sistemas de alimentação de catálogos e bases de dados.
No capítulo 2 apresentamos como, ao longo de vários anos, muitas pessoas, isoladamente e em instituições, estiveram envolvidas com exaustivos trabalhos para a elaboração de regras, visando a padronização e normatização mundial no processo da catalogação como sendo este, o meio para o alcance da cooperação bibliográfica e o intercâmbio internacional de informações. Portanto, a normatização no tratamento descritivo das informações é essencial.
Com uso das tecnologias de informática em informação, desenvolveu-se o formato MARC que contempla as áreas de descrição do AACR2, e juntos são as ferramentas imprescindíveis para o intercâmbio de dados bibliográficos e catalográficos em nível internacional.
A apresentação no capítulo 3 dos sistemas de alimentação de catálogos e bases de dados teve por objetivo oferecer informações atuais de
como os sistemas estão sendo desenvolvidos e quais as formas para se filiar ou adotar um deles. Analisando os três programas nos seus pontos vantagens e desvantagens, concluímos que os três tipos de programas de catalogação para alimentação de catálogos e bases de dados poderiam atuar de modo integrado para que não houvesse a duplicação de serviços.
Para uma melhor visualização das características, semelhanças e divergências dos programas elaboramos um quadro como resultado de nossa análise.
Quadro 1. Características, divergências e semelhanças dos programas de catalogação. Hist óric o grandes bibliotecas) 1901 – o número de bibliotecas aumentam LC – 1902
Funciona até hoje na LC denominado Programa de Catalogação Cooperativa (PCC), o qual tem quatro membros (SACO, NACO, BIBCO e CONSER)
1853
1876: Justin Winson apresenta uma proposta 1877: implantando o programa na LC 1948: Ranganathan resgata a idéia 1959: a LC inicia novamente o programa 1971: dá-se início na LC à CIP. Brasil
Não há uma data específica de
implantação Precursora: Lydia de QueirozSambaquy
SIC: Década de 40 Bibliodata: 1995 Precursores: Regina Carneiro, editores e livreiros jul. 1971: CBL (SP) nov. 1971: SNEL (RJ) Vant age ns
padronização na descrição dos
registros. recursos humanos;9 Menos custos, tempo e
9 Participação em grandes
sistemas cooperativos internacionais;
9 Maior contribuição ao CBU;
9 Padronização dos registros
catalográficos.
Elaboração da ficha
catalográfica antes da edição final do documento.
Desva
n
ta
gens
9 isolamento em relação aos
programas cooperativos;
9 maior sobrecarga de
serviços;
9 maior perda de tempo;
9 necessidade de mais
recursos humanos
barreira na aceitação do trabalho do outro, fazendo com que às vezes por questões de detalhes é elaborado um novo registro.
9 Isolamento em relação aos
programas cooperativos;
9 Falta de informações como:
data de publicação e número de folhas pelo fato da catalogação ser realizada antes da edição final da obra.
Semelha
n
ça
s Como a catalogação napublicação, o processo de
catalogação é centralizado em um único lugar
Como a catalogação centralizada realiza seu processo de catalogação em um único lugar.
Divergênci
as 9 9 Não coopera;Uso de diferentes formatos
em estruturas locais
Trabalha na filosofia da cooperação
Atua de modo cooperativo e depende das editoras
A catalogação cooperativa é o único programa que não apresenta desvantagens somente algumas barreiras, podendo, mesmo assim, ser considerado o único capaz de substituir a catalogação centralizada. Se não substituir, ao menos trabalharem em conjunto, como ocorre na LC que faz a catalogação cooperativa e a catalogação na publicação.
Observe os fluxogramas7 dos programas de catalogação nas
figuras8 4, 5, 6 e 7, que se seguem nas próximas folhas:
7 Fluxograma baseado no programa cooperativo da Unesp, citando a Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC)
como exemplo
Legenda: sim sim não não Registro IT sim não No caso UNESP Bibliodata, LC e OCLC sim não
Figura 4. Fluxograma do Programa de Catalogação Cooperativa da Unesp Início Material para catalogação Pesquisa na Base Local da FFC Encontrou o registro? Verificar a situação do registro É RA Convertere modificar Converter e possivelmente modificar Inserir itens: número de tombo, classificação Salvar o registro nas bases Base Local Base UEP Fim Pesquisar na Base UEP Encontrou o registro? Pesquisar em bases externas Encontrou o registro? Encaminhamento para a CO
FFC: Faculdade de Filosofia e Ciências RA: Registro Aproveitável
IT: Identidade Total CO: Catalogação Original
: Entrada ou saída de um documento : Processamento eletrônico
: Decisão, para a escolha entre alternativas : Comentário descritivo ou explicativo : Entrada ou saída onde o portador é um disco magnético
Catalogação centralizada
Legenda:
sim sim
não não
Registro IT
Figura 5. Fluxograma do Programa de Catalogação Centralizada
RA: Registro Aproveitável IT: Identidade Total
: Entrada ou saída de um documento : Decisão, para a escolha entre alternativas
: Processamento eletrônico
: Comentário descritivo ou explicativo : Início, fim ou interrupção
Início Chegada do material no Centro Inclusão dos itens Fim Catalogação original Já possui o material registrado RA Modificações eitens Salvar o registro na Base Central
Catalogação na Publicação
Legenda:
Capa, sumário e um capítulo do material
Figura 6. Fluxograma do Programa de Catalogação na Publicação
Analisando os fluxogramas podemos concluir que o cenário da catalogação está totalmente dividido. Por um lado existem os programas cooperativos que reduzem custos e tempo, sendo que por outro lado os programas centralizados e na publicação trabalham praticamente isolados. O ideal seria a união de esforços para a formação de uma única base:
Início Chegada do material no Centro Catalogação baseada no material enviado Fim Impressão da ficha catalográfica no material : Início, fim ou interrupção : Processamento eletrônico : Entrada ou saída de um documento : Comentário descritivo ou explicativo
Centro de catalogação
Legenda:
Em sua base geral e nacional
não sim
Figura 7. A união dos sistemas de alimentação de catálogos e bases de dados
Todos se unindo, cooperam entre si de forma internacional. Os centros de catalogação centralizadas e na publicação converteriam suas
Início
Material
Pesquisa pelo Centro de Catalogação ou pelas filiadas localizado na rede nacional /internacional Conversão Retrospectiva Catalogação original Ajuda ao Controle Bibliográfico Nacional Ajuda ao Controle Bibliográfico Universal Fim Registro disponibilizado para todos : Início, fim ou interrupção : Processamento eletrônico : Entrada ou saída de um documento : Comentário descritivo ou explicativo
bases para a base cooperativa nacional catalográfica de seus países excluindo os registros já existentes, se unindo ao centro cooperativo formariam uma única base visando a cooperação ao CBU. Levaria um certo tempo, até que algumas instituições que não fazem parte de redes cooperativas convertessem seus registros para o formato MARC21 mas esse trabalho valeria a pena quando se pensa na união dos catálogos.
Verificamos ainda no capítulo 3 que o formato MARC foi essencial para a formação de redes cooperativas eliminando barreiras espaciais e lingüísticas.
Um incentivo governamental também contribuiria para a construção de bases cooperativas, pois muitas unidades de informação não participam de programas cooperativos por falta de recursos. Estabelecer então uma política nacional de transferência de informação permitindo a criação de uma base nacional cooperativa.
A sistematização das informações aqui apresentadas favorecem uma reflexão sobre os sistemas de alimentação de catálogos e bases de dados no sentido de analisar os modelos disponíveis para a construção de formas de representação descritivas documentárias e os métodos utilizados para o intercâmbio de dados bibliográficos e catalográficos.
Entretanto, não pode ser encarado como um trabalho conclusivo, mas como uma organização de informações sobre programas de catalogação preparada com o propósito de servir de subsídios para novas reflexões.