• Nenhum resultado encontrado

Geometria Complexa. u y n = v. y n

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Geometria Complexa. u y n = v. y n"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

Geometria Complexa

1

Variedades complexas

Defini¸c˜ao 1.1 Uma fun¸c˜ao f : Cd→ C diz-se holomorfa se ´e holomorfa em cada uma das suas vari´aveis.

Portanto se f = f (z1, . . . , zd) = u + iv (com u e v reais), f ´e holomorfa sse satisfaz as equa¸c˜oes de Cauchy-Riemann

∂u ∂xn = ∂v ∂yn e ∂u ∂yn = − ∂v ∂xn

para n = 1, . . . , d, onde zn= xn+ iyn. Uma fun¸c˜ao f : Cd→ Ce diz-se holomorfa se cada uma

das suas componentes ´e holomorfa.

Defini¸c˜ao 1.2 Uma variedade complexa de dimens˜ao complexa d ´e um espa¸co topol´ogico Hau-dorff M , satisfazendo o segundo axioma da numerabilidade, munido de um atlas complexo A = {(Uα, φα)}α∈A, ou seja, uma fam´ılia de abertos Uα com Sα∈AUα = M e homeomorfismos

φα : Uα→ Vα para abertos Vα⊂ Cdtais que as mudan¸cas de carta φβ ◦ φ−1α s˜ao holomorfas.

Cada atlas complexo pode ser estendido num ´unico atlas complexo maximal, dito uma estru-tura complexa para M . Uma variedade complexa de dimens˜ao complexa 1 diz-se uma superf´ıcie de Riemann. Note-se que qualquer variedade complexa de dimens˜ao complexa d ´e uma variedade diferenci´avel de dimens˜ao 2d. Como veremos, qualquer variedade complexa ´e necessariamente ori-ent´avel. Isto ´e imediato para superf´ıcies de Riemann: se z = x + iy e w = u + iv s˜ao coordenadas holomorfas no mesmo aberto, ent˜ao o jacobiano da fun¸c˜ao de transi¸c˜ao ´e

∂u ∂x ∂u ∂y ∂v ∂x ∂v ∂y = ∂u ∂x ∂u ∂y −∂u ∂y ∂u ∂x = ∂u ∂x 2 + ∂u ∂y 2 > 0.

Existem variedades diferenci´aveis de dimens˜ao par, orient´aveis que n˜ao admitem qualquer estrutura complexa (por exemplo S4). Por outro lado, existem variedades diferenci´aveis que admitem infinitas estruturas complexas n˜ao equivalentes (por exemplo T2).

Defini¸c˜ao 1.3 Seja M uma variedade complexa. Uma fun¸c˜ao f : M → C diz-se holomorfa se f ◦ φ−1 ´e holomorfa para qualquer carta local (U, φ) na estrutura complexa.

Uma vez que a composi¸c˜ao de fun¸c˜oes holomorfas ´e holomorfa, para verificar se uma fun¸c˜ao f : M → C ´e holomorfa basta usar as cartas de um atlas (n˜ao necessariamente maximal). Se M ´e compacta, as ´unicas fun¸c˜oes holomorfas s˜ao as fun¸c˜oes constantes:

Proposi¸c˜ao 1.4 Seja M uma variedade complexa compacta e conexa, e f : M → C uma fun¸c˜ao holomorfa. Ent˜ao f ´e constante.

(2)

Demonstra¸c˜ao: Uma vez que M ´e compacta e |f | ´e cont´ınua, |f | possui um ponto de m´aximo p0 ∈ M . Seja (U, φ) uma carta holomorfa com U conexo e p0 ∈ U , e seja z0 = φ(p0). Ent˜ao o

m´odulo da fun¸c˜ao holomorfa f ◦ φ−1 : φ(U ) ⊂ Cd → C tem um ponto de m´aximo em z0, pelo

que f ◦ φ−1 ´e constante. Logo f ≡ f (p0) em U . O mesmo argumento mostra que o conjunto

V = {p ∈ M : f (p) = f (p0)}

´e aberto. Por outro lado, V ´e claramente fechado. Uma vez que ´e n˜ao vazio e M ´e conexa,

conclu´ımos que V = M . 

Defini¸c˜ao 1.5 Sejam M e N variedades complexas. Uma fun¸c˜ao f : M → N diz-se holomorfa se ψ ◦ f ◦ φ−1 ´e holomorfa para quaisquer cartas locais (U, φ) de M e (V, ψ) de N contidas nas respectivas estruturas complexas.

Um biholomorfismo ´e uma bijec¸c˜ao holomorfa com inversa biholomorfa. Exerc´ıcios 1.6

1. (a) Mostre que CPd´e uma variedade complexa de dimens˜ao complexa d. (b) Mostre que CP1 ´e difeomorfo a S2.

2. Seja P : Cd+1→ C um polin´omio homog´eneo de grau k. Mostre que M =n[z0, . . . , zd] ∈ CPd: P (z0, . . . , zd) = 0o ´

e uma variedade complexa compacta de dimens˜ao complexa d (dita uma variedade alg´ebrica projectiva).

3. Prove que se f : C → C ´e um biholomorfismo ent˜ao f (z) = az + b, com a, b ∈ C, a 6= 0. 4. Seja {ω1, ω2} uma base para C como espa¸co vectorial sobre R, e G o grupo abeliano gerado

por {ω1, ω2}. Portanto o quociente C/G ´e difeomorfo a T2.

(a) Prove que C/G admite uma estrutura complexa tal que a aplica¸c˜ao quociente π : C → C/G ´e holomorfa.

(b) Mostre que C/G ´e biholomorfo a C/G0 sse existe λ ∈ C \ {0} e A ∈ SL(2, Z) tais que   ω10 ω20  = λA   ω1 ω2  .

(c) Mostre que C/G ´e biholomorfo a C/λG para qualquer λ ∈ C \ {0}. Conclua que cada uma das estruturas complexas no toro possui um representante da forma C/Gτ, onde

Gτ ´e o grupo abeliano gerado por {1, τ } e Im τ > 0.

(d) Mostre que C/Gτ ´e biholomorfo a C/Gτ0 sse

τ0 = aτ + b cτ + d,

com a, b, c, d ∈ Z, ad − bc = 1. Conclua que existem infinitas estruturas complexas n˜ao biholomorfas no toro T2.

(3)

5. (a) Mostre que a aplica¸c˜ao f : CP1→ CP1 dada por

f ([z0, z1]) = [az0+ bz1, cz0+ dz1] (a, b, c, d ∈ C, ad − bc 6= 0) ´e um biholomorfismo.

(b) Mostre que todos os biholomorfismos de CP1 s˜ao da forma acima.

2

Estrutura quase complexa

Seja M uma variedade complexa de dimens˜ao complexa d (portanto uma variedade diferenci´avel de dimens˜ao real 2d). Para cada p ∈ M podemos definir uma transforma¸c˜ao linear Jp : TpM → TpM

tal que Jp2 = − Idp escolhendo coordenadas holomorfas (z1, . . . , zd) numa vizinhan¸ca de p e

tomando Jp ∂ ∂xn = ∂ ∂yn e Jp ∂ ∂yn = − ∂ ∂xn,

onde zn = xn+ iyn (n = 1, . . . , d). A aplica¸c˜ao Jp est´a bem definida: se (w1, . . . , wn) s˜ao

outras coordenadas holomorfas numa vizinhan¸ca de p, com wn = un+ ivn, as equa¸c˜oes de Cauchy-Riemann implicam Jp ∂ ∂un = Jp d X m=1  ∂xm ∂un ∂ ∂xm + ∂ym ∂un ∂ ∂ym  = d X m=1  ∂xm ∂un ∂ ∂ym − ∂ym ∂un ∂ ∂xm  = d X m=1  ∂ym ∂vn ∂ ∂ym + ∂xm ∂vn ∂ ∂xm  = ∂ ∂vn e, analogamente Jp ∂ ∂vn = − ∂ ∂un

(n = 1, . . . , d). Portanto qualquer variedade complexa vem equipada com um campo tensorial J satisfazendo J2 = − Id.

Defini¸c˜ao 2.1 Uma variedade quase complexa ´e um par (M, J ), onde M ´e uma variedade diferenci´avel e J ´e uma estrutura quase complexa, ou seja, um campo tensorial tal que J2 = − Id.

´

E f´acil ver que qualquer variedade quase complexa tem necessariamente dimens˜ao par. ´E claro que qualquer vizinhan¸ca de coordenadas de uma variedade diferenci´avel de dimens˜ao par possui uma estrutura quase complexa (construida em coordenadas locais como acima), mas em geral n˜ao ´e poss´ıvel colar estas estruturas quase complexas locais numa estrutura quase complexa global. Por exemplo, S4 n˜ao admite qualquer estrutura quase complexa (e portanto n˜ao admite qualquer estrutura complexa).

Dada uma estrutura quase complexa, ´e natural perguntar se ela prov´em de uma estrutura complexa. Para responder a esta pergunta, introduzimos a seguinte defini¸c˜ao:

(4)

Defini¸c˜ao 2.2 Seja (M, J ) uma variedade quase complexa. O tensor de Nijenhuis ´e o campo tensorial N : X(M ) × X(M ) → X(M ) definido por

N (X, Y ) = [X, Y ] + J [J X, Y ] + J [X, J Y ] − [J X, J Y ].

Teorema 2.3 Seja (M, J ) uma variedade quase complexa. Existe uma estrutura complexa em M cuja estrutura quase complexa ´e J sse o tensor de Nijenhuis de J ´e identicamente nulo. Exerc´ıcios 2.4

1. Mostre que uma variedade quase complexa tem necessariamente dimens˜ao par. 2. (a) Mostre que o tensor de Nijenhuis ´e de facto um campo tensorial.

(b) Mostre que o tensor de Nijenhuis da estrutura quase complexa de uma variedade complexa ´e identicamente nulo.

3. (a) Mostre que qualquer superf´ıcie orient´avel admite uma estrutura quase complexa. (b) Mostre que qualquer superf´ıcie orient´avel admite uma estrutura complexa.

3

Espa¸

co tangente

Se M ´e uma variedade diferenci´avel e p ∈ M , podemos complexificar cada espa¸co tangente, TpMC= C ⊗ TpM . Cada vector w ∈ TpMC ser´a ent˜ao da forma

w = u + iv

com u, v ∈ TpM . O vector conjugado a w ´e simplesmente o vector

w = u − iv. Um vector w diz-se real se w = w.

Um covector ω ∈ Tp∗M define um covector em TpMC

∗

mediante ω(u + iv) = ω(u) + iω(v),

sendo ent˜ao claro que TpMC

∗

= Tp∗MC. ´E imediata a defini¸c˜ao de um covector conjugado,

bem como a verifica¸c˜ao da identidade

ω(w) = ω(w).

Um covector diz-se real se concide com om seu conjugado. Tudo isto se estende trivialmente a tensores quaisquer.

Podemos portanto considerar campos vectoriais complexos Z = X + iY ∈ X(M )C,

onde X, Y ∈ X(M ). Estes campos agem em fun¸c˜oes complexas f ∈ C∞(M, C) = C∞(M )C

atrav´es de

(5)

e possuem um parˆentesis de Lie dado por

[Z, W ] = [X + iY, U + iV ] = [X, U ] − [Y, V ] + i[Y, U ] + i[X, V ] (onde W = U + iV ).

Se M ´e uma variedade complexa de dimens˜ao d, cada espa¸co tangente TpM possui dimens˜ao

real 2d, e portanto TpMCpossui dimens˜ao complexa 2d (dimens˜ao real 4d). Se φ = (z1, . . . , zd)

s˜ao coordenadas holomorfas, com zn = xn+ iyn (n = 1, . . . , d), uma base para TpMC como

espa¸co vectorial sobre C ´e  ∂ ∂x1, . . . , ∂ ∂xd, ∂ ∂y1, . . . , ∂ ∂yd  , e a base dual de Tp∗MC´e n dx1, . . . , dxd, dy1, . . . , dydo.

Uma outra base para Tp∗MC ´e formada pelos covectores (conjugados dois a dois)

n

dz1, . . . , dzd, dz1, . . . , dzdo, onde

dzn= dxn+ idyn e dzn= dxn− idyn

(n = 1, . . . , d). Esta base possui a propriedade de que se (w1, . . . , wd) s˜ao outras coordenadas holomorfas no mesmo aberto ent˜ao

dwn= d X m=1 ∂wn ∂zmdz m e dwn= d X m=1 ∂wn ∂zmdz m.

A base dual correspondente ´e formada pelos vectores (conjugados dois a dois)  ∂ ∂z1, . . . , ∂ ∂zd, ∂ ∂z1, . . . , ∂ ∂zd  , onde ∂ ∂zn = 1 2 ∂ ∂xn− i 2 ∂ ∂yn e ∂ ∂zn = 1 2 ∂ ∂xn + i 2 ∂ ∂yn

(n = 1, . . . , d). Esta base possui a propriedade de que f ∈ C∞(M, C) ´e holomorfa sse ∂

∂zn · f = 0,

e que se f ´e holomorfa ent˜ao

∂ ∂zn · f =

∂(f ◦ φ−1) ∂zn .

´

E imediato verificar que Jp ∂ ∂zn = i ∂ ∂zn e Jp ∂ ∂zn = −i ∂ ∂zn

(n = 1, . . . , d). Portanto Jp (que ´e um tensor real) decomp˜oe TpMC na soma directa de dois

espa¸cos pr´oprios (conjugados) TpM+ e TpM−, correspondentes aos valores pr´oprios i e −i, com

bases  ∂ ∂z1, . . . , ∂ ∂zd  e  ∂ ∂z1, . . . , ∂ ∂zd  .

(6)

Exerc´ıcios 3.1

1. Mostre que se T, S s˜ao tensores em TpMC ent˜ao T ⊗ S = T ⊗ S.

2. Seja M uma variedade complexa e p ∈ M . Indique uma base para TpMC como espa¸co

vectorial sobre R.

3. Seja M uma variedade complexa de dimens˜ao complexa d. Mostre que se (w1, . . . , wd) s˜ao coordenadas holomorfas no mesmo aberto U ⊂ M ent˜ao

dwn= d X m=1 ∂wn ∂zmdz m e dwn= d X m=1 ∂wn ∂zmdz m.

Conclua que se zn= xn+ iyn e wn= un+ ivn (n = 1, . . . , d) ent˜ao

det ∂(u 1, . . . , ud, v1, . . . , vd) ∂(x1, . . . , xd, y1, . . . , yd)  = det ∂(w 1, . . . , wd) ∂(z1, . . . , zd)  2 > 0, e que portanto qualquer variedade complexa ´e necessariamente orient´avel.

4. Seja M uma variedade complexa de dimens˜ao complexa d e f ∈ C∞(M, C). Mostre que: (a) f ´e holomorfa sse

∂zn · f = 0 (n = 1, . . . , d) para quaisquer coordenadas holomorfas φ = (z1, . . . , zd) em M . (b) Se f ´e holomorfa ent˜ao

∂ ∂zn· f =

∂(f ◦ φ−1) ∂zn .

5. Seja M uma variedade complexa de dimens˜ao complexa d e p ∈ M . Escreva o tensor Jp

nas bases associadas `as bases  ∂ ∂x1, . . . , ∂ ∂xd, ∂ ∂y1, . . . , ∂ ∂yd  e  ∂ ∂z1, . . . , ∂ ∂zd, ∂ ∂z1, . . . , ∂ ∂zd  de TpMC.

4

Formas diferenciais

Dadas coordenadas holomorfas (U, z1, . . . , zd) numa variedade complexa M de dimens˜ao complexa d, qualquer forma diferencial ω ∈ Ωk(U )C pode ser decomposta numa soma

ω = X r+s=k ω(r,s), onde ω(r,s)= X m1<...<mr n1<...<ns ωm1...mrn1...nsdz m1 ∧ . . . ∧ dzmr ∧ dzn1∧ . . . ∧ dzns.

Pelo Exerc´ıcio 3.1.3, esta decomposi¸c˜ao n˜ao depende da escolha de coordenadas holomorfas, e pode portanto ser estendida a Ωk(M )C. Diz-se que a forma diferencial ωr,s possui bigrau (r, s),

(7)

Proposi¸c˜ao 4.1 Seja M uma variedade complexa e ω ∈ Ωr,s(M ). 1. Se ω0 ∈ Ωr0,s0

(M ) ent˜ao ω ∧ ω0 ∈ Ωr+r0,s+s0

(M ); 2. ω ∈ Ωs,r(M ).

A derivada exterior extende-se sem dificuldade `as formas diferenciais complexificadas. ´E f´acil ver que se f ∈ C∞(M )C ent˜ao em coordenadas locais holomorfas

df = d X n=1  ∂ ∂zn · f  dzn+ d X n=1  ∂ ∂zn · f  dzn.

Isto mostra que d(Ωr,s(M )) ⊂ Ωr+1,s(M )⊕Ωr,s+1(M ), e portanto podemos decompor o operador d : Ωr,s(M )) → Ω(M )C de forma ´unica numa soma d = ∂ + ∂, onde ∂(Ωr,s(M )) ⊂ Ωr+1,s(M )

e ∂(Ωr,s(M )) ⊂ Ωr,s+1(M ).

Defini¸c˜ao 4.2 Os operadores ∂ : Ω(M )C→ Ω(M )C e ∂ : Ω(M )C→ Ω(M )C, definidos por

∂ω = X

r+s=k

∂ω(r,s) e ∂ω = X

r+s=k

∂ω(r,s)

dizem-se os operadores de Dolbeault.

Proposi¸c˜ao 4.3 Seja M uma variedade complexa e ω ∈ Ωk(M )C. Ent˜ao

∂∂ω = (∂∂ + ∂∂)ω = ∂∂ω = 0. Demonstra¸c˜ao: Basta decompor a identidade

0 = d2ω = (∂ + ∂)2ω = ∂∂ω + (∂∂ + ∂∂)ω + ∂∂ω

por bigraus. 

Defini¸c˜ao 4.4 Uma forma-r holomorfa ´e uma forma ω ∈ Ωr,0(M ) tal que ∂ω = 0.

Portanto formas-0 holomorfas s˜ao simplesmente fun¸c˜oes holomorfas. Na realidade, as formas-r holomorfas s˜ao o espa¸co de cohomologia de grau zero do complexo de Dolbeault

Ωr,0(M )−→ Ω∂ r,1(M )−→ . . .∂ −→ Ω∂ r−1,d(M )−→ Ω∂ r,d(M ). Exerc´ıcios 4.5

1. Mostre que se M ´e uma variedade complexa de dimens˜ao complexa d e f ∈ C∞(M )Cent˜ao

df = d X n=1  ∂ ∂zn · f  dzn+ d X n=1  ∂ ∂zn· f  dzn.

2. (a) Mostre que uma forma-1 holomorfa numa superf´ıcie de Riemann ´e necessariamente fechada.

(8)

(b) Seja f : U ⊂ C → C uma fun¸c˜ao holomorfa. Mostre que Z

γ

f (z)dz

s´o depende da classe de homotopia de γ (Teorema de Cauchy).

(c) Generalize o Teorema de Cauchy para superf´ıcies de Riemann quaisquer. 3. (a) Mostre que n˜ao existem formas-1 holomorfas na esfera CP1.

(b) Mostre que as formas-1 holomorfas no toro T2formam um espa¸co vectorial de dimens˜ao complexa 1.

5

Geometria Hermiteana

Defini¸c˜ao 5.1 Seja M uma variedade complexa com estrutura quase complexa J . Uma m´etrica Riemanniana g em M diz-se uma m´etrica Hermiteana se

g(J X, J Y ) = g(X, Y ) para quaisquer X, Y ∈ X(M ).

Proposi¸c˜ao 5.2 Qualquer variedade complexa admite uma m´etrica Hermiteana.

Demonstra¸c˜ao: Seja M uma variedade complexa e g uma m´etrica Riemanniana qualquer em M . Defina-se

h(X, Y ) = 1

2(g(X, Y ) + g(J X, J Y ))

para quaisquer X, Y ∈ X(M ). Ent˜ao h ´e uma m´etrica hermiteana em M .  Proposi¸c˜ao 5.3 Seja M uma variedade complexa e g uma m´etrica Hermiteana em M . Ent˜ao J X ´e ortogonal a X para qualquer X ∈ X(M ). Em particular, g(X, X) = 0 para qualquer X ∈ X(M )+ ou X ∈ X(M )−.

Demonstra¸c˜ao: Basta notar que

g(J X, X) = g(J2X, J X) = −g(X, J X) = −g(J X, X). Se X ∈ X(M )+, temos J X = iX e portanto

g(X, X) = −ig(iX, X) = −ig(J X, X) = 0.

O caso X ∈ X(M )− ´e inteiramente an´alogo.  Note-se que em particular se (z1, . . . , zd) s˜ao coordenadas holomorfas em M ent˜ao

g  ∂ ∂zm, ∂ ∂zn  = g  ∂ ∂zm, ∂ ∂zn  = 0. Segue-se que nestas coordenadas a m´etrica Hermiteana g se escreve

g =

d

X

m,n=1

(9)

onde gmn= g  ∂ ∂zm, ∂ ∂zn  e gmn= g  ∂ ∂zm, ∂ ∂zn  satisfazem gmn= gmn.

Defini¸c˜ao 5.4 A forma de K¨ahler associada a uma variedade Hermiteana (M, g) ´e dada por Ω(X, Y ) = g(J X, Y )

para todo o X, Y ∈ X(M ).

Proposi¸c˜ao 5.5 A forma de K¨ahler associada a uma variedade Hermiteana (M, g) ´e uma forma diferencial de bigrau (1, 1), n˜ao degenerada, invariante para a estrutura quase complexa J . Demonstra¸c˜ao: A forma Ω ´e claramente bilinear. Para ver que ´e anti-sim´etrica, notamos que

Ω(X, Y ) = g(J X, Y ) = g(J2X, J Y ) = −g(J Y, X) = −Ω(Y, X). ´

E agora imediato ver que Ω ´e invariante por J :

Ω(J X, J Y ) = g(J2X, J Y ) = −g(J Y, X) = −Ω(Y, X) = Ω(X, Y ). Para ver que Ω possui bigrau (1, 1), notamos que em coordenadas holomorfas

Ωmn= igmn= 0, Ωmn= igmn, Ωmn= −igmn, Ωmn= −igmn = 0, pelo que Ω = d X m,n=1 igmndzm⊗ dzn− igmndzm⊗ dzn= d X m,n=1 igmndzm∧ dzn.

Isto mostra tamb´em que nestas coordenadas

det Ω = det g > 0,

e portanto Ω ´e n˜ao degenerada. 

Corol´ario 5.6 Seja M uma variedade complexa. Ent˜ao M ´e orient´avel.

Demonstra¸c˜ao: Seja g uma m´etrica Hermiteana em M e Ω a correspondente forma de K¨aler. Uma vez que Ω ´e n˜ao degenerada, Ωd´e um elemento de volume em M .  Defini¸c˜ao 5.7 Uma variedade de K¨ahler ´e uma variedade Hermiteana cuja forma de K¨ahler ´e fechada (e portanto ´e uma forma simpl´ectica).

Em particular, qualquer superf´ıcie de Riemann ´e uma variedade de K¨ahler. Existe um an´alogo do Teorema de Levi-Civita para variedades Hermiteanas:

Teorema 5.8 Seja (M, g) uma variedade Hermiteana. Existe uma ´unica conex˜ao ∇ (dita a conex˜ao Hermiteana) compat´ıvel com g para a qual a estrutura quase complexa J ´e paralela.

(10)

Note-se que em geral esta conex˜ao possui tors˜ao. Na verdade, a tors˜ao ser nula ´e equivalente `a variedade ser K¨ahler:

Proposi¸c˜ao 5.9 Uma variedade Hermiteana ´e uma variedade de K¨ahler sse a sua conex˜ao Her-miteana tem tors˜ao nula (e portanto ´e a conex˜ao de Levi-Civita).

Exerc´ıcios 5.10

1. Mostre que se (M, g) ´e uma variedade Hermiteana ent˜ao podemos definir um produto interno Hermiteano em cada espa¸co tangente TpMC atrav´es da f´ormula

hv, wi = g(v, w) para todo o v, w ∈ TpMC e todo o p ∈ M .

2. Seja (M, J ) uma variedade quase complexa e p ∈ M

(a) Mostre que existe uma m´etrica Riemanniana g em M compat´ıvel com J .

(b) Mostre que existe uma vizinhan¸ca U de p e campos X1, . . . , Xd, Y1, . . . , Yd ∈ X(U )

tais que

J Xn= Yn e J Yn= −Xn

para n = 1, . . . , d.

(c) Mostre que existem campos X1, . . . , Xd, Y1, . . . , Ydque comutam entre si sse J prov´em

de uma estrutura complexa.

(d) Mostre que existe um isomorfismo linear real φ : TpM → Cn tal que

φ(J v) = iφ(v) para todo o v ∈ TpM .

3. Mostre que a forma de K¨ahler associada a uma m´etrica Hermiteana numa superf´ıcie de Riemann ´e simplesmente a forma de volume.

4. Seja z a coordenada complexa em S2 obtida por projec¸c˜ao estereogr´afica, e J a correspon-dente estrutura quase complexa.

(a) Mostre que a m´etrica Riemanniana usual em S2 pode ser escrita na forma

g = 2

(1 + |z|2)2 (dz ⊗ dz + dz ⊗ dz) .

(b) Conclua que a m´etrica usual em S2 ´e uma m´etrica Hermiteana para J . (c) Descreva geometricamente a ac¸c˜ao de J em T S2.

5. Seja (M, g) uma variedade Hermiteana com conex˜ao Hermiteana ∇. Mostre que se ∇ possui tors˜ao nula ent˜ao (M, g) ´e uma variedade de K¨ahler.

6. Seja M uma variedade complexa, J a correspondente estrutura quase complexa e K ∈ C∞(M ) uma fun¸c˜ao real.

(11)

(a) Mostre que

Ω = i∂∂K ´

e uma forma-2 real fechada, invariante para J . (b) Mostre que se o tensor (real) g, definido por

g(X, Y ) = Ω(X, J Y )

para todo o X, Y ∈ X(M ), ´e definido positivo, ent˜ao g ´e uma m´etrica Hermiteana em M com forma de K¨ahler Ω. Neste caso, (M, g) ´e uma variedade de K¨ahler, e K diz-se um potencial de K¨ahler. (c) Mostre que K = 1 2 d X n=1 |zn|2 ´

e um potencial de K¨ahler em Cd, cuja m´etrica Hermiteana e forma de K¨ahler s˜ao a m´etrica Euclidena e a forma simpl´ectica can´onica em R2d.

(d) Considere os abertos

Un= {[z0, . . . , zd] ∈ CPd: zn6= 0},

as fun¸c˜oes Kn: Un→ R definidas por

Kn([z0, . . . , zd]) = d X m=0 zm zn 2 .

e as formas-2 Ωn∈ Ω1,1(Un) dadas por

Ωn= i∂∂Kn.

Mostre que Ωn = Ωm em Un∩ Um. Portanto Ωn ´e a restri¸c˜ao a Un de uma forma

Ω ∈ Ω1,1(Un).

(e) Mostre que a forma Ω determina uma estrutura de K¨ahler em CPd.

Referências

Documentos relacionados

Os bens deverão ser retirados pelos arrematantes nos endereços mencionados no item 1.2 deste edital no horário das 09:00 as 15:00 horas, mediante a apresentação

Assim, se avaliannos o objetivo desse estudo, que consiste na quantificação do fenômeno nível de qualidade de um serviço, poderíamos identificá-lo como

A HP não representa nem presta qualquer tipo de garantia para qualquer suporte de impressão no Programa, incluindo, entre outros, a disponibilidade, qualidade e desempenho dos

incluindo a supervisão dessas operações e o tratamento posterior dos locais de eliminação, sujeitas a licença ou registo, nos termos do Decreto–Lei n.º 178/2006, de 5 de

57 A versão final da nota técnica constituiu objeto de Anexo dos Anais II Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira.. É considerada a primeira experiência de cartão de

De acordo com o cronograma das Resoluções SE 45 e 46 /2018 que estabelece critérios e procedimentos para a implementação do Programa de Matrícula Antecipada/ Chamada Escolar -

Esses elementos indicam que além da resposta estratégica de rejeição dos critérios, pode-se identificar nos casos do agrupamento 1 uma interpretação dos critérios

TABELA 1A Quadrados médios da ANAVA e respectivas significâncias para teor de água, capacidade de absorção de água, solubilidade em água, espessura e gramatura dos filmes finos