Conferência
0
potencial
económico
e
sustentável
da
dieta
mediterrânica
em Portugal
é
muito
grande, mas
só
uma parte
está a ser
aproveitada
As
oportunidades
da
dieta
Textos
VIRGÍLIO
AZEVEDO Foto JOSÉ CARLOS CARVALHOlassificada
pela
[
A
UNESCO
comoPa-|
trimónio
Cultural
eImaterial
daHuma-nidade
a4
dede-zembro
de2013,
a 1 dieta mediterrânica kJ
em Portugal tem um-^
grande potencial queainda não está devidamente
explo-rado. Esta foi aideia dominante das
intervenções na conferência sobre o
tema "O Valor Económico e Susten-tável da Dieta Mediterrânica", orga-nizada na terça-feira no BES
Arte&-Finança, em Lisboa, pelo Expresso e
pelo Banco Espírito Santo, no âmbito
do Programa Futuro Sustentável. Francisco Mendes Palma, diretor da ES Research, apresentou na conferên-cia um estudo da empresa sobre este
tema onde seconclui que a dieta
me-diterrânica em Portugal representa um potencial económico equivalente a 1,9% do PIB, 7,8% das exportações
e 12,3% do emprego, considerando
apenas os sectores agroindustrial e
das pescas. "É uma presença
abran-gente, por todo o país, de uma dieta
que não ésó alimentação mas mais um estilo devida eumaherança cultural", destacou ogestor.
Por isso mesmo, se for envolvido
neste conceito o sector do turismo,
"onde agastronomia é aárea que os
nossos turistas valorizam mais em todos os inquéritos", oconceito de dieta mediterrânica passa a abranger
11,1% do PIB, 21,4% das exportações
e 19,8% do emprego. E há ainda "o impacto global na economia do mar,
na nutrição e saúde, na preservação do ambiente, no uso racional da água
ou no aproveitamento dos desperdí-cios agrícolas", acrescenta Mendes
Palma, que constata queadieta medi-terrânica "tem vindo a ganhar adeptos em Portugal nos últimos anos,
de-pois de ter conhecido uma tendência descendente" (ver gráfico na página
seguinte).
Consumo exagerado de carne Abalança alimentar portuguesa
"mos-tra
que os consumidores seafastaram do padrãoalimentar
recomendadopela dieta mediterrânica, à semelhan-çadoque severificou na Europa, mas ainda assim em menor escala", refere
o estudo da ES Research. As
estatísti-cas revelam "um declínio na adesão a esta dieta em praticamente todos os
países mediterrânicos, motivado pelo
abandono dos hábitos tradicionais ea emergência de um novo estilo de vida associado a alterações
socioeconómi-cas profundas".
A
principal questão "é o consumo exagerado de carne,em detrimento defrutos ehortícolas", mas a crise atual "motivou um novo
aproximar àdieta mediterrânica", que incorpora oazeite como principal fon-te degordura eaposta na abundância de alimentos como o peixe, fruta, le-gumes, cereais evinho tinto. Portugal
tem condições "de alavancar a
distin-ção conseguida junto daUNESCO".
A
Câmara de Tavira participou no processo de candidatura de Portugal, Chipre eCroácia à UNESCO, depois de o estatuto de Património CulturalImaterial
ter
sido conquistado pela Grécia, Espanha,Itália
e Marrocos,em 2010. Jorge Botelho, presidente da
autarquia, sublinhou na conferência que "a UNESCO quer preservar um estilo de vida, um modelo cultural e
um património civilizacional milenar". O
autarca
disse que fazemparte
do conceito de dieta mediterrânica
"sistemas e técnicas de extração e
produção de alimentos, processos de preparação econfeção, manifestações rituais e expressões artísticas, o con-vívio àvolta da mesa eacelebração coletiva". Jorge Botelho recordou que existe um plano de salvaguarda
des-ta diedes-ta, um conjunto de obrigações do Estado português para manter o
estatuto concedido pela UNESCO e
que incluem "inventariar, classificar, investigar e divulgar a dieta;
dinami-zar e valorizar os sistemas
agroali-mentares; desenvolver programas de educação; e preservar as manifesta-ções de sociabilidade eas expressões festivas".
Aexpectativa éque este plano
"pos-saser transformado em políticas con-cretas na agroindústria, educação,
turismo e cultura", que passam por dar maior visibilidade aos produtos
nacionais daterra edo mar; valorizar
os produtos locais e a sua confeção;
promover estilos de vida saudáveis;
desenvolver o turismo de saúde, la-zer, cultural ambiental edesportivo;
ereforçar o turismo gastronómico e
associado às festividades etradições.
Catarina Duarte, investigadora do
iBET
(Instituto
de BiologiaExperi-mental
e Tecnológica, em Oeiras),DEZ PRINCÍPIOS DE
UMA
DIETAFrugalidade ecozinha simples que
tem nasua base preparados que
protegem os nutrientes —sopas,
cozidos, ensopados ecaldeiradas
Elevado consumo de produtos
vegetais em detrimento do
consu mo dealimentos deorigem
animal, em especial hortícolas, fruta, pão dequalidade, cereais pouco refinados, leguminosas, frutos secos eoleaginosas Consumo devegetais produzidos
localmente, frescos eda época Consumo deazeite como principal fonte de gordura
Consumo moderado de laticínios
Uso deervas aromáticas para
temperar, em detrimento do sal
Consumo frequente de pescado e
baixo decarnes vermelhas Consumo baixo ou moderado
devinho eapenas nas refeições principais
Água como principal bebida ao
longo do dia
destacou os benefícios para asaúde da
dieta mediterrânica, nomeadamente "a diminuição do risco de desenvol-vimento de doenças crónicas como a diabetes, cancro, obesidade, doenças cardiovasculares e
neurodegenerati-vas". E apresentou projetos — desen-volvidos pelo iBET —de identificação
eextração de compostos em
alimen-tos como as maçãs tradicionais, cere-jas, citrinos ou azeitonas, que podem
ser usados na indústria farmacêutica, devido ao seu efeito antioxidante e
anticancerígeno.
O debate sobre adieta
mediterrâ-nica como fator de competitividade
ediferenciação empresarial ocupou a segunda parte da conferência;
par-ticiparam representantes da Sumol Compal, Sovena, Associação de Pro-dutores de Tomate do Ribatejo
(Tor-riba) e Herdade daMalhadinha Nova
(Alentejo). João Soares, dono desta herdade, espera que "Portugal venha a viver cada vez mais da exportação do
estilo devida saudável que representa a dieta mediterrânica". E Luís Folgue, da Sovena, o maior produtor e
emba-lador de azeite do mundo, afirmou
que "o azeite tem sido umadas
alavan-cas mundiais do desenvolvimento da dieta". O gestor acrescentou que, "no consumo mundial de gorduras, só 2%
correspondem ao azeite, oque
signifi-caque há um grande potencial de
cres-cimento". Paulo Monteiro Marques, da Sumol Compal, revelou que a empresa está a usar otermo "mediterrânico"
nas embalagens da sua nova gama de
sumos para omercado internacional.
vazevedo@expresso.impresa.pt
Desenvolvimento
sustentável
no
espaço
DEBATE EM LISBOA "Aabordagem
holística
doDesenvolvimento
Sustentável na Agência Espacial Europeia" (ESA) éotema da
con-ferência que Nathalie Meusy vai dar a 27 de maio (às 18horas) na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova
de Lisboa (Avenida de Berna).
A
responsável doGabinete de Coor-denação do Desenvolvimento
Sus-tentável da ESA, organização a que Portugal pertence, explicará como os princípios da sustenta-bilidade estão aser integrados no sector espacial.
A
ESA cooperacom aNASA nesta área.
25%
das emissões dos transportes
rodoviários naUEvêm dos veículos pesados ecresceram
36% em 20anos. Se nada mudar, os níveis de CO2vão
manter-se,
"oqueé
incompatível com oobjetivo de
reduzir as emissões em 60%
até 2050", diz um comunicado daComissão Europeia, que
adotou esta semana uma estratégia demonitorização
das emissões edefixação de
limites obrigatórios nos novos veículos matriculados
Cientistas
desvendam
mistério
dos
aerossóis
EXPERIÊNCIA
Uma
equipainter-nacional de cientistas europeus
e americanos, que inclui os
por-tugueses António
Amorim
eFi-lipe
Duarte
Santos (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) eAntónio Tomé(Univer-sidade da Beira
Interior),
desco-briu como funciona omecanismo que aglomera as moléculas de ácido sulfúrico responsáveis pela formação de núcleos de conden-sação nas nuvens, em resultadodo processo que leva os aerossóis
atmosféricos a
refletirem
aluzsolar, influenciando o clima.
A
descoberta foi feita no âmbito da experiência CLOUD.