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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA BIOMÉDICA CRISCIELE KULIGOVSKI

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Academic year: 2021

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      UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ  PROGRAMA DE PÓS­ GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA BIOMÉDICA            CRISCIELE KULIGOVSKI              ESTABELECIMENTO DE BANCO DE LINHAGENS CELULARES APLICADAS  A PESQUISA CIENTÍFICA E ENSAIOS TOXICOLÓGICOS IN VITRO                  DISSERTAÇÃO                        CURITIBA  2021

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  4.0 Internacional 

 

Esta  licença  permite  o  download  e  o  compartilhamento  da  obra  desde  que  sejam  atribuídos  créditos  ao(s)  autor(es),  sem  a  possibilidade  de  alterá­la ou utilizá­la para fins comerciais.                ESTABELECIMENTO DE BANCO DE LINHAGENS CELULARES APLICADAS  A PESQUISA CIENTÍFICA E ENSAIOS TOXICOLÓGICOS IN VITRO      Establishment of a bank of cell lines applied to scientific research and in  vitro toxicological test           Dissertação  apresentada  ao  Programa  de  Pós  Graduação  em  Engenharia  Biomédica  da  Universidade  Tecnológica  Federal  do  Paraná  (UTFPR).  Como  requisito  para  obtenção  do  título  “Mestre  em  Ciências”  –  Area  de  Concentração  Engenharia Biomédica.   Orientador: Dr João Antônio Palma Setti.  Coorientador: Dra Alessandra Melo de Aguiar                CURITIBA  2021 

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              Ministério da Educação  Universidade Tecnológica Federal do Paraná  Câmpus Curitiba    CRISCIELE KULIGOVSKI

ESTABELECIMENTO DE BANCO DE LINHAGENS CELULARES APLICADAS A PESQUISA CIENTÍFICA E ENSAIOS TOXICOLÓGICOS IN VITRO

Trabalho de pesquisa de mestrado apresentado como requisito para obtenção do título de Mestra Em Engenharia Biomédica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Área de concentração: Engenharia Biomédica.

Data de aprovação: 18 de Dezembro de 2020

Prof.a Alessandra Melo De Aguiar, Doutorado - Instituto Carlos Chagas

Prof Andre Luiz Franco Sampaio, Doutorado - Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz

Prof Gustavo Henrique Couto, Doutorado - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Documento gerado pelo Sistema Acadêmico da UTFPR a partir dos dados da Ata de Defesa em 18/12/2020.

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Dedico  esse  trabalho  a  minha  família,  por toda a compreensão e apoio. 

   

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Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado condições de estar aqui  me  iluminado  em  todos  os  momentos,  principalmente  com  saúde,  sabedoria  e  força para alcançar esse sonho.  

Agradeço a minha filha Giovanna Kuligovski da Silva minha pequena que  muitas  vezes  estive  ausente.  Obrigada  por  toda  paciência.  Agradeço  por  você  estar  sempre  ao  meu  lado  em  todos  os  momentos.  Muitas  vezes  nos  momentos  mais difíceis o seu abraço que me acalmava e seu sorriso que me fazia seguir em  frente. Giovanna você sempre será essencial na construção dos meus sonhos.  

Agradeço ao meu companheiro Helton Pacheco por ter caminhado grande  parte desta jornada ao meu lado, me apoiando em todas as decisões e por ser o  ombro  que  precisava  nos  momentos  de  angústia  e  o  abraço  nos  momentos  de  vitória.  

Agradeço  minha  mãe,  Devanir  Maria  da  Luz  Kuligovski,  que  sempre  me  incentivou  em  todas  as  minhas  decisões,  que  sempre  esteve  presente  em  todos  os momentos de dificuldade me mostrando que sou capaz.  

Agradeço meu pai, Paulino Kuligovski (in memoriam), a qual pelo destino  teve que me acompanhar de longe.  

Agradeço  aos  meus  irmãos,  Cleiton  Kuligovski,  Cleverson  Kuligovski  e  Cristiane  Kuligovski  a  minha  cunhada  Rosana  Pereira  e  meu  cunhado  Luiz  Fernandes por toda dedicação ao longo desses anos, incentivo e companheirismo.  

Agradeço aos meus sobrinhos Matheus Kuligovski e Kauan Kuligovski, por  me alegrarem nos momentos de tristeza, permitindo que meus sonhos sempre se  renovem.  

Agradeço  aos  meus  orientadores  em  especial  a  Alessandra  Melo  de  Aguiar por acreditar no meu potencial e por sempre me incentivar me mostrando  que  sou  capaz.  Alessandra  além  de  ser  uma  ótima  cientista  e  uma  pessoa  maravilhosa  que  se  preocupa  com  o  desenvolvimento  pessoal  e  profissional  e  além de tudo uma amiga para a vida.  Agradeço ao meu orientador João de Palma 

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  obrigada pelo incentivo e apoio nesta conquista.  

Agradeço a Gestão da Qualidade do ICC, em especial a Camila Azeredo,  por toda a contribuição da ferramenta 5W2H e 5S  e ao  Claudio Micheli Ciotti por  contribuir na operação do Bizzagi.  

Agradeço  ao  Laboratório  de  Virologia  Molecular  por  nos  emprestar  o  equipamento para medir a luminescência das amostras.  

Agradeço a todos que fazem e fizeram parte desta etapa na minha vida. A  Anny Robert agradeço imensamente por toda assessória cientifica  por todo apoio  e companheirismo. A Ariane Campos de Paschoal, agradeço por sempre estar ao  meu  lado  me  ajudando  de  todas  as  formas  muito  obrigada  pelo  seu  apoio,  companheirismo  e  aprendizado.  A  Leticia  Bassai  agradeço  por  toda  a  ajuda  principalmente por me ensinar os cálculos da disciplina de matemática aplicada. A  Cintia  Horinouchi  e  a  Ana  Paula  Abud  agradeço  pela  assessoria  cientifica  e  companheirismo. 

Agradeço  a  pesquisadora  e  Vice  –  direção  de  Pesquisa  e  Desenvolvimento  Tecnológico  Andrea  Ávila  por  essa  oportunidade  de  realizar  o  mestrado e implementar o projeto no Instituto Carlos Chagas. 

Agradeço  aos  pesquisadores,  Bruno  Dallagiovanna,  Alejandro  Correa  Dominguez,  Marco  Augusto  Stimamiglio  e  Patrícia  Shigunov  por  proporcionarem  um ótimo ambiente de trabalho. 

A  grande  família  LABCET  vai  meu  maior  agradecimento,  que  nesse  momento compartilharam as minhas angústias e obrigada por vários momentos de  alegria. 

Agradeço  a  rede  de  plataformas  tecnológicas  da  FIOCRUZ  pelo  uso  de  suas  subunidades.  Agradeço  a  plataforma  de  microscopia,  em  especial  as  colaboradoras Anny Robert e Tabata Klimeck. 

Agradeço  os  demais  colaboradores  do  ICC,  como  a  equipe  de  logística,  TI,  manutenção,  limpeza  e  preparo  de  soluções,  por  manter  a  ordem,  proporcionando um ambiente agradável de trabalho.  

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(PPGEB) da  Universidade  Tecnológica  Federal  do  Paraná  (UTFPR)  agradeço  ao  antigo coordenador João de Palma Setti ao atual Gilson Sato, por proporcionarem  um programa de qualidade e valorizar seus alunos.  

Agradeço  as  agências  de  fomento  e  fontes  financiadoras  desse  projeto:  FIOCRUZ (Validação interna de ensaio de citotoxicidade utilizando células tronco  mesenquimais  adultas  humanas  como  alternativa  ao  uso  de  animais)  financiado  pelo edital produtos inovadores.                                                

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O  Instituto  Carlos  Chagas  (ICC)  é  a  unidade  técnico­científica  da  FIOCRUZ  que  desenvolve  pesquisa  biomédica  no  Paraná.  Dentre  os  diversos  projetos  de  pesquisa  e  ensaios  experimentais  destacam­se  aqueles  que  avaliam  interação  parasita­hospedeiro,  produção  de  biomoléculas,  ensaios  de  citotoxicidade  incluindo  o  uso  de  métodos  alternativos  ao  uso  de  animais,  diferenciação  de  células­tronco, entre outros. Todas essas grandes áreas de conhecimento têm em  comum  o  uso  de  cultivos  celulares  entre  seus  modelos  de  estudo.  A  fim  de  garantir  a  disponibilidade  de  cultivos  celulares,  treinamento  de  usuários  e  rastreabilidade  do  material  biológico  para  os  projetos  de  pesquisa,  prestação  de  serviços  e  desenvolvimento  tecnológico,  o  objetivo  deste  trabalho  foi  a  implementação  de  um  Banco  de  Linhagens  Celulares  do  ICC  ­  FIOCRUZ­PR  seguindo  um  sistema  de  gestão  e  controle  de  qualidade.  Para  isso,  foram  aplicadas  a  ferramentas  de  gestão  5W2H  e  sistema  5S  para  fazer  o  diagnóstico  inicial  da  estrutura  e  organização  laboratorial  e  definir  escopo  de  documentos  e  metodologias a serem implantadas. Seguiu­se a definição das linhagens celulares  para estabelecimento dos Bancos de células Mestre e de trabalho de acordo com  a demanda dos usuários. Foram estabelecidos bancos mestres e de trabalho para  as  linhagens  celulares  NHDF,  V79­4,  CHO  K1,  Balb/c  3T3,  as  quais  foram  submetidas  aos  ensaios  de  controle  de  qualidade,  de  viabilidade  celular,  teste  para  detecção  de  contaminação  por  micoplasma  através  da  técnica  Reação  da  Cadeia  da  Polimerase,  coloração de  DNA  e  por  luminescência  através  de  um  kit  comercial.  Somente  células  com  mais  de  80%  de  viabilidade  e  que  não  apresentaram  contaminação  foram  armazenadas  no  banco  mestre  e  disponibilizadas  aos  pesquisadores  através  do  banco  de  trabalho.  Com  esse  trabalho  foi  possível  rastrear  as  necessidades  relativas  à  consolidação  da  estrutura laboratorial e documentação, elaborando e implementando o controle de  procedimentos  de  segurança,  treinamentos,  registro  e  relatórios,  entre  outros  documentos  que  garantam  a  rastreabilidade  e  confiabilidade  dos  dados.  Desta  forma,  fortalecem­se  os  projetos  de  pesquisa  e  conferem  maior  reprodutibilidade  aos resultados científicos. 

 

Palavras  chaves:  banco  de  células;  controle  de  qualidade;  linhagens  celulares;  reprodutibilidade; micoplasma; boas práticas de cultivo celular.             

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He  Carlos  Chagas  Institute  (ICC)  is  the  technical­scientific  unit  of  FIOCRUZ  that  develops biomedical research in Paraná. The research projects developed at ICC  include  the  evaluation  of  parasite­host  interaction,  production  of  biomolecules,  cytotoxicity tests, development of alternative methods to the use of animals, stem  cell differentiation, among others. All of these areas have in common the use of cell  cultures  among  their  study  models.  To  guarantee  the  availability  of  cell  cultures,  user training, and traceability of biological material for research projects, services,  and technological development, the objective of  this work was the implementation  of an ICC Cell Line Bank following a management and quality control system. For  this,  5W2H  management  tools  and  5S  System  were  applied  to  make  the  initial  diagnosis  of  the  structure  and  laboratory  organization  and  define  the  scope  of  documents and methodologies to be implemented. The definition of cell lines used  to establish the cell banks were based on the demand of users. Master and work  banks  were  established  for  the  cell  lines:  NHDF,  V79­4,  CHO K1,  Balb/c 3T3. All  these  cells  were  subjected  to  quality  control  tests,  including  cell  viability  assays  and detection of mycoplasma contamination using the Polymerase Chain Reaction  (PCR),  DNA  staining  and  a  commercial  kit.  Only  cell  cultures  with  cell  viability  higher  than  80%  and  negative  for  mycoplasma  tests  were  stored  in  the  master  bank and made available to researchers through the work bank. This work enabled  the  identification  of  needs  related  to  the  consolidation  of  the  laboratory  structure  and  documentation,  allowing  the  elaboration  and  implementation  of  the  control  of  safety procedures, training, registration, and reports, among other documents that  guarantee the traceability and reliability of the cell culture data. This quality controls  strengthens  the  research  projects  and  improve  their  reproducibility  of  scientific  results.

   

Keywords:  cell  bank;  quality  control;  cell  lines;  reproducibility;  mycoplasma;  good  cell culture practices.                                        

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    FIGURAS 

Figura 1 ­ Tipos de cultivo celular. ... 28 Figura 2 ­ Representação das condições ideias para o cultivo de células. ... 29 Figura  3  ­  Representação  gráfica  da  análise  bibliométrica  do  número  de  artigos  publicados de forma cumulativa na plataforma do NCBI referente a Boas Práticas  em Cultura de Células. ... 31 Figura 4 ­ Representação Esquemática da Ferramenta 5W2H. ... 33 Figura 5 ­ Representação esquemática da Ferramenta 5S aplicada. ... 36 Figura  6  ­  Câmara  de  Neubauer  com  a  representação  dos  quadrantes  utilizados  para quantificação celular. ... 52 Figura 7 ­ Matriz 5W2H aplicada na implantação do Banco de Células do ICC. ... 60 Figura  8  ­  Aplicação  da  ferramenta  5S  na  gestão  do  laboratório  de  cultura  de  células. ... 62 Figura 9 ­ Imagens representativas das áreas laboratoriais e disposição das áreas  de trabalho de acordo com sua finalidade. ... 64 Figura  10  ­  Fluxograma  do  processo  de  treinamento  de  novos  alunos  e  colaboradores da Instituição... 68 Figura 11 ­ Representação gráfica dos usuários treinados. ... 70 Figura 12 ­ Fluxo do processo para estabelecimento do banco de células. ... 71 Figura  13  ­  Verificação  de  contaminação  por  micoplasma  no  banco  mestre  e  no  banco de trabalho das células Balb/c 3T3 clone A31. ... 73 Figura  14  ­  Verificação  de  contaminação  por  micoplasma  no  banco  mestre  e  do  banco de trabalho das células V79­4. ... 74 Figura  15  ­  Verificação  de  contaminação  por  micoplasma  no  banco  mestre  e  do  banco de trabalho das células CHO K1. ... 76 Figura  16:  Verificação  de  contaminação  por  micoplasma  no  banco  mestre  e  no  banco de trabalho das células NHDF. ... 77 Figura 17 ­ Fluxograma do processo de solicitação de células. ... 79 Figura 18 ­ Fornecimento/ demanda de células institucional. ... 81         

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Quadro  1  ­  Procedimentos  operacionais  padrões  (POPs)  e  seus  respectivos  formulários de registro da qualidade. ... 67 Quadro 2 ­ Consolidado do Plano de ação para implantação do Banco de Células  do Instituto Carlos Chagas. ... 82                                                          

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Tabela  1  ­  Determinação  da  concentração  de  células  por  cm²  e  descrição  dos  meios de cultivo necessários para expandir as células. ... 51 Tabela  2  ­  Sequência  de  nucleotídeos  dos  iniciadores  utilizados  na  amplificação  do gene para a detecção do micoplasma sp. ... 56 Tabela  3  ­  Reagentes  necessários  para  1  reação  de  PCR  para  detecção  de  micoplasma. ... 56 Tabela 4 ­ Programação de 35 ciclos no termociclador. ... 56 Tabela  5  ­  Avaliação  de  contaminação  por  micoplasma  nas  linhagens  celulares  Balb/c  3T3  clone  A31,  V79­4,  CHO­K1  e  NHDF  utilizando  a  técnica  de  luminescência com o KIT Myco Alert PLUS Mycoplasma Detection Kit, LONZA. . 73  

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    2D  ­  Bidimensional  3D  ­  Tridimensional  ADP  ­  adenosina difosfato  ANVISA  ­    Agência Nacional de Vigilância Sanitária 

ATCC  ­  American  Type  Culture  Collection  (Coleção  de  cultura 

americana)  ATP  ­  adenosina trifosfato  Balb/ c 3T3  ­  Linhagem celular de fibroblasto embrionário murino  BCRJ  ­  Banco de Células do Rio de Janeiro  BCM  ­  Banco de Células Mestre  BPCC  ­  Boas Práticas de Cultivo de Células  BPL  ­  Boas Práticas de Laboratório  BSS.CMF  ­  Solução Salina Balanceada livre de Cálcio e de Magnésio  BCT  ­  Banco de Células de Trabalho  CAAT  ­   Alternative Center for Animal Testing 

CHO­K1  ­  Linhagem  de  células  epiteliais  obtidas  do  ovário  de  hamster  chinês 

CO2   ­  Gás carbônico ou dióxido de carbono  

DAPI   ­  4’,6­diamino­2­fenilindol  

DICLA  ­  Divisão de Acreditação de Laboratórios 

DMEM  ­  Dulbecco’s modified eagle medium 

DMSO   ­  Dimetilsulfóxido  DNA  ­  Ácido desoxirribonucleico  ECACC  ­  European Colletion of Autenticated Cell Culture  ECVAM   ­  Eu Reference Laboratory for alternatives to animal testing  EDTA   ­  Ácido etilenodiaminotetracético  ESTIV  ­  European Society of Toxicology In Vitro   FIOCRUZ  ­  Fundação Oswaldo Cruz  H2O  ­  água  HeLa  ­  Linhagem de células epiteliais de adenocarcinoma humano   IBMP  ­  Instituto de Biologia Molecular do Paraná  ICC  ­  Instituto Carlos Chagas 

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IVTIP  ­   Plataforma Industrial de teste in vitro 

LABCET  ­  Laboratório de Biologia Básica de Células Tronco  LABREG   ­  Laboratório Regulação da Expressão Gênica 

LABTryp  ­  Laboratório  de  Biologia  Molecular  e  Sistêmica  de 

Tripanossomatídeo  LACTAS  ­  Laboratório de Ciências e Tecnologia Aplicadas em Saúde  LAPAPI  ­  Laboratório de Pesquisa em Apicomplexa  LBC  ­  Laboratório de Biologia Celular  LBEP  ­  Laboratório de Biologia Estrutural e Engenharia de Tecidos  LCC  ­  Laboratório de Cultivo de Células  LPEC  ­  Laboratório de Proteômica Computacional e Estrutural   NCBI  ­  National Center for Biotechnology Information   NHDF  ­  Fibroblastos dérmicos neonatais humanos  NIT  ­  Norma INMETRO Técnica 

OECD  ­  Organization  for  Economic  Co­operation  and  Development  (Organização para cooperação e desenvolvimento econômico)  OMS  ­  Organização Mundial da Saúde  PBS  ­  Tampão salino fosfatado   PCR  ­  Reação da Cadeia de Polimerase  POP   ­  Procedimento Operacional Padrão   PS  ­  Penicilina / Estreptomicina  RH  ­  Recursos Humanos  RNA  ­  Ácido ribonucléico  RPMI  ­  Roswell Park Memorial Institute  RQ  ­  Registro da Qualidade  SFB  ­  Soro fetal bovino   TBE  ­  Tris­borato­EDTA  UTFPR  ­  Universidade Tecnológica Federal do Paraná  V79­4  ­  Linhagem de fibroblastos obtidos de pulmão de hamster chinês  VIROMOL  ­  Laboratório de Virologia Molecular  VN  ­  Vermelho Neutro     

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    cm2  ­  centímetro quadrado  g  ­  grama  ºC  ­  graus celsius  ®  ­  marca registrada  m2  ­  metro quadrado  µg  ­  micrograma  µg/mL  ­  micrograma por mililitro  μL  ­  microlitro  μm  ­  micrometro  mL  ­  mililitro  mM  ­  milimolar  x g    ­  multiplicação pela aceleração gravitacional   pb  ­  pares de base  %  ­  percentual  pmol  ­  picomol  pH  ­  potencial hidrogeniônico  ™   ­  trademark  V  ­  Volts                           

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    1  INTRODUÇÃO ... 18  2  OBJETIVOS ... 21  2.1  OBJETIVO GERAL ... 21  2.2  OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 21  3  REVISÃO DE LITERATURA ... 22  3.1  FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ... 22  3.2  INSTITUTO CARLOS CHAGAS ... 23 

3.3  HISTÓRICO  E  DESENVOLVIMENTO  DA  CULTURA  DE  CÉLULAS  DE  MAMÍFEROS ... 24 

3.4  TIPOS DE CULTIVO CELULAR ... 26 

3.5  CONDIÇÕES  APROPRIADAS  PARA  CULTURA  DE  CÉLULAS  ANIMAIS   ...28 

3.6  BOAS PRÁTICAS DE CULTURA DE CÉLULAS ... 30 

3.6.1  Ferramentas  de  garantia  da  qualidade  aplicadas  ao  estabelecimento  de banco de células. ... 32 

3.6.1.1 Estabelecimento de plano de ação com a ferramenta 5W2H ... 32 

3.6.1.2  Organização Laboratorial com a ferramenta 5S ... 34 

3.6.2  Procedimentos  operacionais  padrões  aplicados  às  boas  práticas  de  cultura de células ... 36 

3.6.3  Treinamento  padronizado  dos  usuários  a  fim  de  garantir  o  estabelecimento de boas práticas em cultura de células ... 37 

3.7  CRITÉRIOS  MÍNIMOS  PARA  MANIPULAÇÃO  E  MANUTENÇÃO  DE  CÉLULAS EM CULTURA ... 38  3.7.1  Manutenção e integridade do Sistema Teste ... 38  3.7.2  Criopreservação ... 40  3.7.3  Caracterização celular ... 41  3.7.4  Pureza celular ... 42  3.7.5  Contaminação microbiana ... 42  3.7.6  Contaminação por micoplasma ... 43  3.7.7  Viabilidade Celular ... 44  3.8  BANCO DE CÉLULAS ANIMAIS ... 44  4  METODOLOGIA ... 47 

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ICC  ...47 

4.1.1  Ferramenta 5W2H ... 47 

4.1.2  Ferramenta 5S ... 47 

4.1.3  Modelagem de processos ... 48 

4.1.4  Redação  e  revisão  de  Procedimentos  Operacionais  Padronizados  (POPs) e Registros da Qualidade (RQs) ... 48 

4.1.5  Levantamento da demanda de usuários ... 48 

4.2  ESTABELECIMENTO  DE  BANCO  DE  LINHAGENS  CELULARES  E  ACERVO ... 49  4.3  CULTIVO CELULAR ... 50  4.3.1  Repique e expansão celular ... 50  4.3.2  Ensaio de Viabilidade Celular ... 52  4.3.3  Criopreservação (congelamento e descongelamento celular) ... 53  4.4  BANCO DE CÉLULAS MESTRE E BANCO DE CÉLULAS DE TRABALHO   ...54  4.4.1  Ensaios de Detecção de micoplasma ... 55  4.4.2  Teste de micoplasma por reação em cadeia da polimerase ... 55 

4.4.3  Método  de  identificação  de  contaminação  por  micoplasma  por  coloração de DNA ... 57  4.4.4  Teste de micoplasma por luminescência ... 58  5  RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 59  5.1  IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE EM  LABORATÓRIO DE CULTURA DE CÉLULAS ... 59  5.1.1 Ferramenta 5W2H ... 59  5.1.2 Ferramenta 5S ... 61  5.2 IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE BOAS PRÁTICAS EM CULTURA  DE  CÉLULAS  NO  DESENVOLVIMENTO  E  MANUTENÇÃO  DO  BANCO  DE  CÉLULAS INSTITUCIONAL ... 66  5.2.1 Elaboração dos Procedimentos Operacionais Padrões (POPs) ... 67  5.2.2 Treinamento dos usuários do laboratório de cultura de células ... 68  5.2.3 Implementação do banco mestre e banco de trabalho institucional... 70  6  CONCLUSÃO ... 87  7  PERSPECTIVAS ... 88  REFERÊNCIAS ... 89 

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LINHAGENS CELULARES (ICC­RQ.155) ... 93 

ANEXO 2 – REGISTRO DE TREINAMENTO INTERNO (ICC­RQ.010) ... 94 

ANEXO 3 – RECEBIMENTO DE LINHAGEM (ICC­ POP.178) ... 95 

ANEXO 4 – REPIQUE DE CÉLULAS EUCARIOTAS (ICC­ POP.174) ... 96 

ANEXO  5  –  CONGELAMENTO  E  DESCONGELAMENTO  DE  CÉLULAS  EUCARIOTAS (ICC­POP.182) ... 97 

ANEXO 6 – RECEBIMENTO DE LINHAGEM (ICC­ RQ.149) ... 98 

ANEXO 7 – REGISTRO DE CRIOPRESERVAÇÃO (ICC­ RQ.153) ... 99 

ANEXO  8  –  CONTROLE  DE  QUALIDADE  ­  TESTE  MICOPLASMA  (ICC­  RQ.151) ... 100 

ANEXO  9  –  MAPA  DE  LOCALIZAÇÃO  DE  AMOSTRAS  CRIOPRESERVADAS  EM NITROGÊNIO LÍQUIDO (ICC­RQ.154) ... 101 

ANEXO  10  –  TESTE  DE  MICOPLASMA  PARA  CÉLULAS  EUCARIOTAS  (ICC­  POP.180)... 102 

ANEXO 11 – REGISTRO DE SOLICITAÇÃO DE TESTE DE MICOPLASMA (ICC­ RQ.198) ... 103 

ANEXO  12  –  SEGREGAÇÃO,  TRATAMENTO  E  DESCARTE  DE  RESÍDUO  QUÍMICO (ICC­ POP. 112) ... 104 

ANEXO 13  – MANUTENÇÃO DA SALA BANCO DE CÉLULAS DO INSTITUTO  CARLOS CHAGAS (ICC­ POP.171) ... 105 

ANEXO 14 – REGISTRO DE MANUTENÇÃODA SALA DE CULTIVO CELULAR  (ICC­ RQ.137) ... 106 

ANEXO  15  –  PREPARO  DE  SOLUÇÕES  E  INSUMOS  PARA  CULTURA  DE  CÉLULAS ANIMAIS (ICC­ POP.166) ... 107 

ANEXO  16  –  REGISTRO  DE  SOLICITAÇÃO  DE  MEIO  DE  CULTURA  E  INSUMOS (ICC­RQ.141)... 108 

ANEXO  17  –  PREPARO  DE  MEIO  DE  CULTURA  E  SOLUÇÃO  (ICC­  RQ.145)  ... 109 

ANEXO 18 – ETIQUETAS PEQUENAS (ICC­ RQ.146) ... 110 

ANEXO 19 – ETIQUETAS GRANDES (ICC­ RQ.147) ... 111 

ANEXO 20 – FORMULÁRIO DE REPIQUE CELULAR (ICC­RQ.148) ... 112 

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  1 INTRODUÇÃO 

 

O  uso  de  cultivos  celulares  de  mamíferos  é  amplamente  difundido  nas  mais  diversas  áreas  de  pesquisa  biomédica  e  não­clínica.  Além  disso,  o  rápido  crescimento  em  áreas  como  terapias  celulares  e  gênicas,  desenvolvimento  de  produtos  biotecnológicos,  avanços  nas  ferramentas  de  análise  de  genômica  e  proteômica, vem resultando em um aumento notável nas atividades envolvendo a  cultura  de  células  (FREEDMAN  et  al.,  2015). Outro  fator  que  tem  contribuído  consideravelmente para expansão de metodologias in vitro é o desenvolvimento e  utilização  dos  métodos  alternativos  ao  uso  de  animais  (LORGE  et  al.,  2016),  inclusive  com  aceitação  Nacional  pela  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  (ANVISA). 

Diante da grande difusão do uso de células, a implementação de sistemas  de gestão da qualidade em laboratórios de cultivo está se tornando essencial para  maximizar  a  reprodutibilidade,  confiabilidade,  credibilidade,  aceitação  e  aplicação  adequada  de  quaisquer  resultados  produzidos  (COECKE  et  al.,  2005).  A  prática  inadequada  de  cultura  de  células  tende  a  gerar  problemas  de  contaminação  cruzada,  contaminação  microbiana,  alterações  metabólicas  e  consequentemente  resultados inconclusivos e não reproduzíveis (KNIGHT e CREE, 2011). 

Questões  relativas  à  autenticidade  celular  e  ausência  de  contaminação  são  críticas  para  a  garantia  dos  resultados  experimentais.  Contudo,  existem  relatos em  literatura  quanto a  identificação equivocada  de  linhagens  celulares ou  presença de contaminação, onde estima­se que 18 a 36% de linhagens celulares  estão  erroneamente  classificadas  e  contaminadas  (FOLGUERAS­FLATSCHART  et al., 2018). Dados também indicam indícios de contaminação por micoplasma em  bancos  de  dados  públicos  de  sequências  de  ácidos  nucleicos  (CORRAL­ VÁZQUEZ et al., 2017; OLARERIN­GEORGE e HOGENESCH, 2015). Apesar de  questões  relativas  à  contaminação  e  autenticidade  celular  serem  recorrentes,  as  boas  práticas  de  cultura  de  células  começaram  a  ser  difundidas  recentemente  (ESKES et al., 2017; LORGE et al., 2016; PAMIES et al., 2018). 

A  partir  desse  panorama,  normas  e  documentos  guias  foram  estabelecidos  a  fim  de  padronizar  e  garantir  que  os  laboratórios  sigam  e  se  adequem  aos  critérios  de  qualidade  necessários  para  manutenção  celular.  No 

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cenário  internacional,  a  Sociedade  Europeia  de  Toxicologia  in  Vitro  (ESTIV,  European  Society  of  Toxicology  In  Vitro),  o  Centro  de  Alternativas  para  Ensaios  em  Animais  (CAAT,  Alternative  Center  for  Animal  Testing)  e  a  Plataforma  Industrial de teste  in vitro (IVTIP,  In Vitro Testing Industrial  Platform) se uniram e  criaram um documento de orientação de boas práticas de métodos in vitro (OECD)  e  um  guia  de  orientação  de  boas  práticas  de  cultura  de  células  (COECKE  et  al.,  2005; OECD, 2018). No Brasil, algumas normativas também foram estabelecidas,  tais como a NIT DICLA 071 (ANVISA ­ NIT ­ DICLA ­ 071, 2019) e a NIT DICLA 35  (ANVISA ­ NIT ­ DICLA 035, 2019) que visa sobre as boas práticas de ensaios in  vitro, para o contexto de boas práticas de laboratório. 

Embora  as  normativas  existam,  elas  nem  sempre  são  consideradas  em   laboratórios  de  pesquisa  e  muitas  das  linhagens  celulares  utilizadas  nos  experimentos  são  obtidas  de  fontes  não  confiáveis,  por  meio  de  doação,  não  tendo  controle  da  rastreabilidade  das  informações  relativas  a  essas  linhagens  celulares.  Esses  fatores  podem,  consequentemente,  gerar  pesquisas  não  reprodutíveis,  levando  a  desperdício  de  tempo  e  recursos,  e  gerando  dados  que  podem não ser confiáveis (GERAGHTY et al., 2014; WEINHART et al., 2019). 

Tendo em vista o avanço das pesquisas no mundo e no Brasil, observa­se  a necessidade de estabelecer sistemas de boas práticas de cultura de células em  instituições de pesquisa, como a unidade da Fundação Oswaldo Cruz no Paraná 

(FIOCRUZ/PR),  na  qual  o  uso  de  cultura  de células  torna­se  constantemente 

necessário.  Assim,  com  a  demanda  crescente  pelo  uso  de  cultivos  celulares  e  estabelecimento de área comum para cultivo de células, os objetivos do presente   trabalho  foram  estruturar  o  laboratório  multi­usuário  de  cultivos  celulares  de  acordo  com  diretrizes  nacionais  e  internacionais  de  boas  práticas  em  cultura  celular,  treinar  os  colaboradores  quanto  a  execução  dos  métodos,  mantendo  um  ambiente  laboratorial  organizado  e  criando  os  procedimentos  operacionais  padrões  (POPs)  relativos  a  cultura  de  células.  Além  disso,  o  grande  foco  do  projeto foi a implementação de um banco de células mestre (BCM) e um banco de  células  de trabalho (BCT) das células com demanda institucional, iniciando com a  NHDF, que consiste em fibroblastos dérmicos humanos, a CHO K1, uma linhagem  de células epiteliais obtidas do ovário de hamster chinês, a Balb/c 3T3 clone A31,  uma  linhagem  de  fibroblastos  murinos  amplamente  utilizada  em  ensaios 

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toxicológicos  in  vitro,  e  a  V79­4,  que  são  fibroblastos  obtidos  do  pulmão  de  hamster  chinês.  Assim,  será  possível  estabelecer  um  banco  de  células  centralizado,  que  garanta  a  distribuição  de  linhagens  celulares  devidamente  caracterizadas e de qualidade.                                                       

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  2 OBJETIVOS 

 

2.1  OBJETIVO GERAL 

Implementar  um  Banco  de  Linhagens  Celulares  e  um  laboratório  multiusuário  de  cultivo  de  células  no  Instituto  Carlos  Chagas  (ICC­FIOCRUZ/PR)  seguindo Boas Práticas de Cultura de Célula e ferramenta 5W2H e 5S.  

2.2   OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

•  Implementação  de  um  sistema  de  gestão  qualidade  em  laboratório  de  multiusuários de cultura de células;

•  Implementação de um sistema de boas práticas em cultura de células.

•  Criação  e  manutenção  de  banco  de  células  institucional  com  variadas  linhagens celulares (Balb/c 3T3 clone A31, V79­4, NHDF, CHO K1).                

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  3 REVISÃO DE LITERATURA  

 

3.1  FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ   

A  Fundação  Oswaldo  Cruz  (FIOCRUZ)  foi  fundada  em  1900,  iniciando  suas atividades com a criação do Instituto Soroterápico Federal no estado do Rio  de Janeiro, com o propósito de fabricar soros e vacinas para as enfermidades da  época.  Sendo  guiada  pelo  Dr.  Oswaldo  Gonçalves  Cruz,  a  instituição  foi  responsável pela reforma sanitária que erradicou as epidemias da peste bubônica  e  da  febre  amarela  no  estado  do  Rio  de  Janeiro  à  época.  Além  disso,  iniciou  expedições científicas para desbravar o país, iniciando uma intensa trajetória, que  foi fundamental para o desenvolvimento da saúde pública do Brasil (FIOCRUZ). 

Atualmente  vinculada  ao  Ministério  da  Saúde,  a  FIOCRUZ  exerce  atividades  como:  desenvolvimento  de  pesquisa,  prestação  de  serviços  hospitalares  e  ambulatoriais  de  referência  em  saúde,  fabricação  de  vacinas,  medicamentos, reagentes e kits de diagnósticos, formação de recursos humanos,  etc.  Hoje  atuam  na  FIOCRUZ  mais  de  7500  colaboradores,  tornando­se  assim  uma  instituição  que  visa  promover  a  saúde,  o  desenvolvimento  social,  gerar  e  difundir  conhecimento  científico  e  tecnológico,  com  o  propósito  de  combater  os  grandes  problemas  de  saúde  pública  no  Brasil,  valorizando  assim  a  medicina  experimental (FIOCRUZ).  

A  sede  da  FIOCRUZ  fica  no  Rio  de  Janeiro  conta  com  mais  de  800.000  m2.    Além  da  sede,  a  fundação  conta,  ao  todo,  com  16  unidades  técnico­ científicas, distribuídas em todas as regiões do Brasil e um escritório em Maputo,  capital de Moçambique, na África. No  estado do Paraná, na cidade de Curitiba, a  FIOCRUZ é representada pelo Instituto Carlos Chagas (ICC­FIOCRUZ/PR), o qual  foi  formalmente  fundado  em  2009, mas  que  já  havia  iniciado  suas  atividades  em  1999  com  a  criação  do  Instituto  de  Biologia  Molecular  do  Paraná  (IBMP).  O  objetivo do ICC­FIOCRUZ/PR é suprir a demanda de problemas de saúde pública  do  estado  e  o  desenvolvimento  de  pesquisa  científica  biomédica,  atuando  nas  áreas de bioquímica, biologia molecular e biologia celular.  

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  3.2  INSTITUTO CARLOS CHAGAS 

O  Instituto  Carlos  Chagas  (ICC)  contém  em  suas  instalações  nove  laboratórios de pesquisa, englobando desde o estudo da biologia básica à geração  de  produtos  e  serviços  nas  áreas  de  bioquímica,  biologia  molecular,  celular  e  biotecnologia.  Atualmente,  esses  laboratórios  são  conhecidos  como:  Laboratório  de  Biologia  Celular  (LBC),  Laboratório  de  Biologia  Estrutural  e  Engenharia  de  Proteínas  (LBEP),  Laboratório  de  Biologia  Básica  de  Células­Tronco  (LABCET),  Laboratório  de  Regulação  da  Expressão  Gênica  (LABREG),  Laboratório  de  Virologia Molecular (VIROMOL), Laboratório de Biologia Molecular e Sistêmica de  Tripanossomatídeos  (LabTryp),  Laboratório  de  Ciências  e  Tecnologias  Aplicadas  em  Saúde  (LACTAS),  Laboratório  de  Proteômica  Computacional  e  Estrutural  (LPEC)  e  Laboratório  de  Pesquisa  em  Apicomplexa  (LAPAPI)  (FIOCRUZ).  Além  disso,  o  instituto  conta  com  programa  de  pós­graduação  em  biociências  e  biotecnologia, formando recursos humanos desde a iniciação científica, mestrado,  doutorado e pós­doutorado.  

De  acordo  com  as  competências  instaladas  no  ICC­FIOCRUZ/PR,  o  instituto  oferece,  além  dos  laboratórios  de  pesquisa  e  desenvolvimento  tecnológico,  alguns  serviços  de  plataformas  tecnológicas  multiusuários,  as  quais  são disponibilizadas à comunidade interna da FIOCRUZ e também aos grupos de  pesquisa de universidades e outros Institutos de Ciência e Tecnologia. Atualmente  o  escopo  de  plataformas  do  ICC­FIOCRUZ/PR  abrange  serviços  na  área  de  citometria  de  fluxo,  microscopia,  espectrometria  de  massa,  engenharia  de  proteínas e citotoxicidade (FIOCRUZ). 

Para a maioria dos laboratórios e plataformas mencionados a utilização de  cultura  de  células  torna­se  constantemente  necessária,  tornando­se  de  fundamental importância a implementação de um banco de células centralizado, o  qual  garanta  um  controle  de  qualidade  das  células,  visando  a  manutenção  das  suas  características.  Isso  possibilitará  que os  laboratórios  e  plataformas  realizem  suas  pesquisas  e  serviços  com  uma  maior  qualidade  e  reprodutibilidade  dos  resultados.  

Além do escopo geral da implementação de um banco de células, a recém  estabelecida  Plataforma  de  Bioensaios  em  Métodos  Alternativos  em 

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Citotoxicidade,  que  faz  parte  da  rede  de  plataformas  tecnológicas  da  FIOCRUZ  (https://plataformas.fiocruz.br/)  inserida  no  ICC  em  2018,  tem  a  necessidade  de  garantir  todos  os  critérios  de  qualidade  das  células  utilizadas  em  seus  ensaios,  tornando­se a principal demanda do banco de células atualmente. Esta plataforma  surgiu a partir de uma demanda institucional pela oferta de métodos  in vitro para  testes  de  moléculas  e  substâncias  com  potencial  aplicação  farmacológica,  substituindo  e  reduzindo  o  uso  de  animais.  Sistemas  de  garantia  da  qualidade  como a ISO 17025 Requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio  e  calibração  (ABNT,  2017)  também  são  recomentados  para  fases  iniciais  do  desenvolvimento  farmacêutico,  onde  a  reprodutibilidade  e  rastreabilidade  são  necessárias, sem contudo o requerimento regulatório de realização de estudos em  sistema  de  Boas  Práticas  de  Laboratório  (BPL)  (NIT­DICLA  035,  revisão  04,  2010). Assim, torna­se necessário que os ensaios in vitro, que consistem na base  inicial da triagem dos novos fármacos potenciais, sejam conduzidos com sistemas  celulares  certificados  e  de  qualidade  (NIT­DICLA  071,  revisão  1,  2019).  A  necessidade  da  implementação  de  um  sistema  de  qualidade  pela  plataforma  de  citotoxicidade  justifica  a  implantação  de  um  banco  de  células  que  garanta  o  uso  das  linhagens  celulares  em  conformidade  com  os  parâmetros  de  qualidade  e  rastreabilidade que são exigidos pela norma. 

3.3  HISTÓRICO  E  DESENVOLVIMENTO  DA  CULTURA  DE  CÉLULAS  DE  MAMÍFEROS  

 

A técnica de cultura de células animais permite a manutenção de células  vivas  em  ambiente  in  vitro,  independente  do  organismo  que  a  originou.  Esse  processo de manutenção da viabilidade celular fora do organismo de origem teve  início  de  1907,  com  Ross  Harrison  (AMBROSE,  2019).  Através  do  método  de  “gota suspensa”, a pesquisadora adicionou um pequeno pedaço de tecido nervoso  de  embrião  de  sapo  em  uma  gota  de  meio  de  cultivo  e  observou  que  as  células  começaram  a  migrar  do  tecido  para  o  ambiente  circulante  (FRESHNEY,  2010).  Alexis  Carel  e  Charles  Lindbergh  também  começaram  a  estudar  a  cultura  de  células e tecidos, gerando grandes avanços, como a cultura de células em placas  de  vidro  e  o  desenvolvimento  de  técnicas  para  manter  a  cultura  em  crescimento 

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contínuo.  Essa  forma  de  cultura  celular  perdurou  por  cerca  de  50  anos,  sendo  denominada de cultivo de tecidos (BROCKBANK; COVAULT; TAYLOR, 2007).

O grande avanço da cultura celular ocorreu em 1951 com George Gey, o  qual  cultivou  células  de  tecido  tumoral  humano  estabelecendo  a  linhagem  derivada  de  um  adenocarcinoma  cervical  agressivo  da  paciente  Henrietta  Lacks,  denominada de células HeLa (LUCEY e NELSON­REES e HUTCHINS, 2009). As  células  HeLa  vêm  sendo utilizadas há  mais de 60  anos  para  estudos da  biologia  humana,  sendo  considerada  uma  ferramenta  indispensável  até  os  dias  de  hoje.  Sua  aplicação  possibilitou  avanços  nas  pesquisas  de  diversos  tipos  de  câncer,  desenvolvimento  de  vacinas,  tratamento  de  doenças  e  a  descoberta  dos  mecanismos  envolvidos  por  trás  delas  (FRESHNEY,  2010;  HILLEMAN,  1990).   Apesar  dos  avanços  inegáveis  com  o  estabelecimento  desta  linhagem  celular,  história de Henrietta Lacks causou discussões sobre uma série de questões éticas  na  pesquisa  biomédica,  principalmente  sobre  o  consentimento  do  doador  das  células. Devido a esse acontecimento, informações quanto a origem das células e  o  termo  de  consentimento  dos  doadores  do  material  biológico,  foram  aperfeiçoados,  garantindo  a  rastreabilidade,  mas  preservando  a  identidade  do  doador (BESKOW, 2014).  

Ao  decorrer  dos  anos  os  estudos  da  cultura  de  células  foram  evoluindo,  tornando­se  amplamente  utilizada  a  partir  da  introdução  dos  antibióticos.  Eles  facilitaram  a  propagação  da  linhagem  celular  por  um  longo  período,  embora  muitos  alertas  contra  seu  uso  contínuo  e  o  risco  associado  de  selecionar  micro­ organismos  resistentes  tenham  sido  indicados.  A  cultura  de  células  deve  sua  importância  a  dois  ramos  importantes  da  medicina:  a  produção  de  vacinas  antivirais  e  a  compreensão  da  neoplasia.  A  padronização  das  condições  e  das  linhagens  celulares  para  produção  e  ensaios  de  vírus,  é  sem  dúvida,  o  grande  responsável  pelo  desenvolvimento  da  tecnologia  de  cultura  de  células  (MOLINARO e CAPUTO e AMENDOEIRA, 2013). 

Atualmente, o cultivo de células é amplamente empregado para estudo de  doenças,  medicamentos,  diagnóstico,  produção  de  vacinas  e  estudos  toxicológicos  in  vitro,  gerando  inúmeros  benefícios  científicos  e  tecnológicos  (PAMIES,  2018).  Além  disso,  com  a  cultura  de  células  as  áreas  da  medicina  regenerativa e engenharia de tecidos tiveram um avanço  (ALBERTS et al., 2012). 

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3.4  TIPOS DE CULTIVO CELULAR     

A  cultura  de  células  animais é  dividida em distintas  categorias de  acordo  com  suas  características  in  vitro.  As  células  isoladas  diretamente  do  tecido,  obtidas através da desagregação enzimática ou mecânica, são conhecidas como  células primárias. Com o processo de desagregação as células podem proliferar e  serem subcultivadas por um período de cultura limitado, podendo mudar as suas  características  devido  ao  processo  de  senescência,  ou  seja,  sua  duração  em  cultura é finita (COECKE, et al., 2005; FRESHNEY, 2005). 

Algumas  células  podem  sofrer  mutações  espontâneas  ou  induzidas  que  possibilitam um processo de duplicação ilimitado, sendo conhecidas como células  de  linhagens  contínuas.  Esse  tipo  de  célula  pode  se  multiplicar  por  longos  períodos  de  tempo,  com  alta  taxa  de  proliferação.  Um  clássico  exemplo  são  as  culturas tumorais, as quais apresentem alta proliferação e podem ser mantidas em  cultura por um número ilimitado de passagens. Além disso, a maioria das células  de roedores não desativa a produção da telomerase e, assim, seus telômeros não  encurtam a cada divisão celular, podendo gerar algumas linhagens de células de  roedores que também conseguem se dividir infinitamente (ALBERTS et al., 2012).  Ambos os tipos de culturas de células são cultivados in vitro em condições  adequadas  para  o  seu  crescimento  e  amplamente  utilizados  em  estudos  funcionais,  bioquímicos  e  moleculares,  análises  de  alvos  farmacológicos  e  produção  de  produtos  biológicos,  incluindo  vacinas  e  anticorpos,  por  exemplo  (ALVES  e  GUIMARÃES,  2010).  Entretanto,  as  células  de  linhagem  contínua  possuem um uso mais generalizado, pois fornecem um sistema mais padronizado  em  comparação  com culturas de  células  primárias,  bem  como maior  rendimento.  Culturas  primárias  frequentemente  divergem  entre  diferentes  laboratórios  e  são  muito mais suscetíveis a mudanças ambientais.  

Dentre  os  sistemas  de  cultura  celular  existem  tipos  de  cultivo  como:  técnicas  baseadas  em  cultivo  bidimensional  (2D),  cultivo  tridimensional  (3D)  e  o  “organ on a chip”, conforme ilustrado na figura 1. As células em cultivo 2D (células  cultivadas  em  monocamadas)  são  as  mais  utilizadas  desde  o  século  XX  e  ainda  são o método dominante para maioria dos estudos biológicos. Este tipo de cultivo 

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é realizado em frascos ou garrafas de cultivo celular onde as células são capazes  de aderir em uma superfície definida e mantidas em meio líquido, mantendo assim  uma  interface  com  a  superfície  de  crescimento  celular  artificial,  contato  célula­a­ célula  e  interface  com  o  meio  de  cultivo.  Geralmente,  esses  frascos  têm  áreas  definidas para crescimento celular, usualmente 25 cm2, 75 cm2 ou 150 cm2, dentre  outros, além de fornecerem uma superfície ou  substrato tratado para favorecer a  adesão celular. Atualmente,  o material mais comumente utilizado é o poliestireno  (ATCC,  2014),  (MARIN;  PAGANI,  2018).  As  vantagens  das  culturas  2D  estão  associadas  à  manutenção  simples  e  o  baixo  custo  da  cultura.  Entretanto,  as  culturas  aderentes  também  apresentam  inúmeras  limitações,  principalmente  por  não mimetizarem as estruturas tridimensionais e interações naturais de tecidos  e  tumores  (KAPAŁCZYŃSKA et al., 2018).  Além  disso,  normalmente  são  representativas  de  apenas  um  tipo  celular  presente  no  tecido,  desta  forma  interações  entre  tipos  celulares  diversos  também  não  são  comumente  representadas, salvo em sistemas específicos de co­culturas.   

As  desvantagens  apresentadas  pela  cultura  bidimensional  levaram  a  criação  de  modelos  que  tentam  mimetizar  as  condições  in  vivo,  conhecido  como  métodos  tridimensionais.  Estes  modelos  de  cultivo  tridimensional  apresentam  características  no  qual  a  cultura  de  células  é  inserida  dentro  de  dispositivos  que  imitam a microarquitetura específica de tecidos e órgão e permitem que as células  explorem  a  dimensão  de  espaço  aumentando  as  interações  com  o  ambiente  tridimensional.    O  sistema  tridimensional  foi  desenvolvido  para  melhorar  a  estrutura  das  células  e  a  equivalência  fisiológica  dos  experimentos  in  vitro  realizados,  pois  a  estrutura  3D  melhora  o  contato  célula  –  célula  e  as  redes  de  sinalização  intercelular,  o  que  reproduz  melhor  as  condições  in  vivo  (ALÉPÉE  et  al., 2014). 

Na  perspectiva  de  gerar  sistemas  in  vitro  que  cada  vez  mais  se  assemelham  ao  organismo  humano  e  junto  com  avanço  tecnológico,  estão  surgindo os sistemas de microfluídica, também denominados de “organ  on  chip” ou “human on chip”. Esse sistema é baseado em dispositivos microfluídicos (fluxo  de  líquido  em  canais)  que  permite  mimetizar  o  ambiente  celular  de  um  ou  mais  órgãos  para  uma    melhor  compreensão  dos  efeitos  biológicos,  principalmente  relacionados a efeito de medicamentos, buscando gerar dados mais preditivos em 

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  testes não clínicos de segurança e eficácia (MARIN e PAGANI, 2018; WEINHART  et al., 2019).    Figura 1 ­ Tipos de cultivo celular.    Essa figura representa os tipos de cultivo de células.  Fonte: Elaborado pela autora e por Wagner Najib.    3.5  CONDIÇÕES APROPRIADAS PARA CULTURA DE CÉLULAS ANIMAIS    

Para  estabelecer  uma  cultura  de  células  é  necessário  proporcionar  condições  ambientais  e  nutricionais  que  mimetizem  o  organismo  humano  ou  animal  de  origem,  conforme  ilustrado  na  figura  2  (MOLINARO  e  CAPUTO  e  AMENDOEIRA,  2013).  As  células  em  cultura  permanecem  com  características  similares ao do tecido de origem. Células hematopoiéticas, por exemplo, circulam  em  nosso  sistema  sanguíneo,  não  sendo  necessário  uma  matriz  sólida  para  sua  proliferação, assim, in vitro, elas crescem de forma não aderida figura 1. Já células  epiteliais ou células que estão ancoradas em uma matriz necessitam de superfície  para  se  aderir  e  proliferar,  que  em  sistemas  in  vitro  normalmente  utiliza­se  suportes plásticos específicos (ALBERTS et al., 2012). Além disso, essas células 

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precisam ser mantidas em condições de temperatura, pressão e umidade coerente  com  as  funções  fisiológicas  do  organismo  de  origem.  Células  humanas  normalmente  tem  ótimas  condições  de  cultura  incubadas  a  37ºC  ±  1ºC,  90%  ±  10% de umidade e 5.0% ± 1.0% de CO2 (BARKER, 2005).    Figura 2 ­ Representação das condições ideias para o cultivo de células.    Para estabelecer uma cultura de célula é necessário condições para a manutenção e proliferação  celular como meio de cultivo de acordo com a linhagem, suplementos, temperatura, umidade e gás  carbônico. Fonte: a autora.    Cada tipo celular precisa de nutrientes específicos para sua proliferação e  manutenção  em  cultura,  que  normalmente  são  supridos  através  dos  meios  de  cultivo  celular.  Os  meios  de  cultivo  foram  estabelecidos  a  partir  de  1950  com  diferentes  formulações  para  proporcionar  o  crescimento  das  células  in  vitro,  suprindo  assim  as  necessidades  metabólicas,  energéticas  e  estruturais  das  células.  Os  meios  de  cultura  com  adição  de    suplementos  como  soro,  tampões,  antibióticos  apresentam  em  sua  formulação,  sais  minerais,  aminoácidos,  vitaminas,  proteínas,  peptídeos,  lipídeos,  ácidos  graxos.  (COECKE  et  al.,  2005;  ECACC, 2008). 

Dentre  esses  suplementos,  o  soro  animal  consiste  no  principal  elemento  da  formulação,  sendo  crucial  para  a  proliferação  e  manutenção  das  culturas  de  células. Esse soro consiste em uma fonte de muitos constituintes como fatores de 

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crescimento,  hormônios,  proteínas, peptídeos  e  lipídeos.  O  soro animal  pode  ser  obtido  de  fontes  adultas,  neonatais  ou  fetais.  O  soro  bovino  é  o  mais  utilizado,  sendo que o tipo de soro depende dos requisitos específicos de cada tipo celular  (COECKE et al., 2005). Outros elementos como bicarbonato de sódio e vermelho  de  fenol  são  importantes  para  ver  a  qualidade  das  células,  sendo  possível  identificar  alterações  metabólicas  e  eventuais  contaminações  com  a  simples  mudança  de  coloração  do  meio  de  cultura.  O  meio  amarelo  e ácido  pode  indicar  que a  cultura  cresceu  demais,  contaminação  bacteriana  ou muito  CO2  na estufa.  Já  um  meio  violeta  é  alcalino,  pode  indicar  uma  cultura  sem  crescimento,  contaminação  por  fungos  ou  pouco  CO2 na  estufa  (BARKER,  2005;  COECKE  et  al., 2005). 

O  equilíbrio  de  todos  esses  fatores  (figura  2)  é  fundamental  para  a  manutenção  celular.  A  cultura  in  vitro  é  altamente  sensível,  assim,  qualquer  alteração nos pontos mencionados pode levar as células a condições de estresse  e eventual morte e perda da cultura. Com isso, torna­se fundamental estabelecer  uma rotina de boas práticas de cultura de células, possibilitando que a pesquisa e  desenvolvimento científico ocorram de forma reprodutível e com qualidade.     3.6  BOAS PRÁTICAS DE CULTURA DE CÉLULAS     O uso de sistemas in vitro está se expandindo consideravelmente ao longo  dos  anos,  não  apenas  na  pesquisa  básica,  mas  também  para  atender  aos  requisitos  regulatórios  para  registros  de  novos  produtos,  incluindo  os  farmacêuticos  (DOS  SANTOS  et  al.,  2015).  A  manutenção  de  altos  padrões  de  qualidade de cultura de células é fundamental para práticas científicas e essencial  para  maximizar  a  reprodutibilidade,  confiabilidade,  credibilidade,  aceitação  e  aplicação  adequada  de  qualquer  resultado  produzido  (FREEDMAN  et  al.,  2015).  Entretanto, ao longo dos anos, milhares de trabalhos foram retratados por falta de  reprodutibilidade  e  pela  produção  de  resultados  inconclusivos,  ocasionando  retrocessos  e  grandes  impactos  sociais  e  econômicos  dentro  da  pesquisa  científica.    Diante  desse  cenário,  o  estabelecimento  de  pesquisas  científicas  em  condições  de  cultura  atendendo  a  critérios  mínimos  de  qualidade  vem  se 

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difundindo  e  se  tornando  essencial  para  publicações  de  alto  impacto  (FOLGUERAS­FLATSCHART et al., 2018).  

Segundo  pesquisa  bibliométrica  realizada  na  plataforma  de  dados  do  National  Center  for  Biotechnology  Information  (NCBI),  a  partir  de  2000  até  2019,  os  trabalhos  incluindo  o  tema  de  boas  práticas  de  cultura  de  células  teve  um  grande  crescimento,  sendo  observado  constantemente  em  publicações  até  hoje  conforme representação gráfica na figura 3. 

 

Figura 3 ­ Representação gráfica da análise bibliométrica do número de artigos publicados de  forma cumulativa na plataforma do NCBI referente a Boas Práticas em Cultura de Células. 

  Fonte:https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=good+cell+culture+practices. Acesso em 22 de abril 

de 2020.   

Essa expansão da aplicabilidade de boas práticas de cultura de células foi  fundamentada,  principalmente,  por  meio  de  diretrizes  nacionais  e  internacionais,  desenvolvidas  a  fim  de  definir  os  padrões  mínimos  para  cultura  de  células  e  tecidos  de  qualidade.  Dentre  os  documentos  tem­se  os  guias  da  Organização  Mundial da Saúde,  do  EU  Reference  Laboratory  for  alternatives  to  animal  testing  (EURL  ECVAM)  e  documentos  de  agências  regulatórias  (ESKES  et  al.,  2017;  (OECD, 2018). 

De  forma  geral,  essas  referências  descrevem  questões  relacionadas  à  caracterização  e  manutenção  das  características  essenciais,  bem  como  critérios  de qualidade, segurança, treinamento, registros e ética envolvendo a manipulação 

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de  células  e  tecidos.  Entre  os  documentos  que  estabelecem  os  critérios  de  qualidade para boas práticas de cultura de células o guia “Guidance on good cell  culture  practice  a  report  of  the  second  ECVAM  task  force  on  good  cell  culture  practice” lista um conjunto de princípios destinados a apoiar as melhores práticas  em  todos  os  aspectos  do  uso  de  células  e  tecidos  in  vitro,  e  complementa,  mas  não substitui, qualquer orientação, diretrizes ou regulamentos existentes  (ESKES  et al., 2017). 

Para  inserção  de  um  sistema  de  Boas  Práticas  em  Cultivo  de  Células  (BPCC) tornam­se necessários um planejamento e diagnóstico inicial do ambiente  de  trabalho,  a  fim  de  estabelecer  as  ações  prioritárias  a  serem  empregadas  e  certificar que o local atende aos requisitos mínimos para um bom funcionamento e  manipulação  de  sistemas  in  vitro.  Desta  forma,  a  escolha  de  ferramentas  de  planejamento  e  diagnóstico  são  fundamentais  na  implantação  do  sistema  de  BPCC no âmbito de um sistema de garantia da qualidade. 

 

3.6.1  Ferramentas  de  garantia  da  qualidade  aplicadas  ao  estabelecimento  de  banco de células. 

As  boas  práticas  de  cultivo  celular  apresentam  como  objetivo  principal  garantir todo o processo do desenvolvimento do método in vitro para que este seja  o mais eficiente e eficaz possível, permitindo assim, a reprodutibilidade e robustez  dos resultados obtidos com sistemas in vitro. As BPCC podem ser abordadas em  dois  aspectos  fundamentais:  1)  gerencial,  relativo  à  rastreabilidade,  registros,  padronização e sistema de garantia da qualidade e 2) laboratorial, com aplicação  de metodologias padronizadas de manipulação e ensaios aplicados ao controle de  qualidade dos cultivos celulares, visando a caracterização celular e verificação da   ausência de contaminantes (ESKES et al., 2017). Desta forma, essas duas linhas  de  ação  podem  ser  abordadas  na  implementação  de  boas  práticas  de  cultivo  celular  em  ferramentas  gerenciais,  visando  tomada  de  decisões  quanto  a  priorização de atividades e organização do ambiente laboratorial e atividades.   

3.6.1.1 Estabelecimento de plano de ação com a ferramenta 5W2H   

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Para  a  etapa  de  planejamento  de  ações  e  tomada  de  decisões,  normalmente, uma das ferramentas da qualidade mais utilizadas nas organizações  é  5W2H.  Esta  metodologia  é,  inclusive,  aplicada  a  pequenos  negócios  e  amplamente divulgada  pelo  Sebrae,  como ferramenta para  elaborar  um  plano  de  ação.  É uma ferramenta tão óbvia e tão utilizada que não há concordância quanto  a quem a desenvolveu (SEBRAE, 2019). 

A  ferramenta  é  baseada  na  resposta  a  7  perguntas,  fornecendo  informações  de  cunho  gerencial  através  das  definições  de  responsabilidades,  métodos,  prazos,  objetivos  e  recursos  associados  (MARSHALL  JUNIOR  et  al.,  2008).  O  5W2H,  como  ilustrado  na  figura  4,  representa  a  junção das  iniciais  das  seguintes palavras em Inglês: What (o que?) – Why (por que?) – Where (onde?) –  When  (quando?)  –  Who  (por  quem  será  feito?)  ­  How  (como?)  –  How  much  (quanto?).     Figura 4 ­ Representação Esquemática da Ferramenta 5W2H.    A ferramenta foi aplicada para estabelecimento de plano de ação de implantação do Banco de  Células do ICC com boas práticas de laboratório. O esquema representa as 7 perguntas de cunho  gerencial elaboradas com a finalidade de estabelecer responsabilidades, prazos, custos,  atividades, modo de ação, dentre outras questões fundamentais para definição de plano de ação e  priorização das atividades.  Fonte: a autora.    

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Esta  ferramenta  da  qualidade  auxilia  para  uma  análise  do  detalhamento  do  processo  e  plano  de  ação  visando  sua  execução.  No  caso  específico  deste  trabalho, que é a implantação de um banco de células de acordo com as  BPCC,  por ser processo com várias atividades, com complexidades variáveis e recursos  limitados,  a  aplicação  de  uma  ferramenta  de  priorização,  como  o  5W2H,  se  faz  necessária para auxiliar no planejamento, execução e conclusão das atividades de  forma lógica, econômica e com qualidade (Avila Neto et al., 2016).  

 

3.6.1.2  Organização Laboratorial com a ferramenta 5S   

Dentre  os  sistemas  de  gestão  da  qualidade  difundidos, o programa ‘5S’ vem  sendo  amplamente  empregado  por  laboratórios  de  pesquisa  (GAPP  e  FISHER e KOBAYASHI, 2008).  

O programa 5S teve início em 1950, idealizado por Kaoru Ishikawa, com o  objetivo de reestruturar e organizar melhor a indústria japonesa para combater as  perdas e desperdícios na indústria. O programa 5S, é conhecido pela simplicidade  de seus princípios, e promove a quebra da resistência das pessoas à mudança e  gera  novos  padrões  de  comportamento  resultando  em  um  ambiente  mais  organizado,  limpo  e  por  consequência  mais  agradável.  O  modelo  de  qualidade 5S visa  à  melhoria  do  ambiente  de  trabalho  no  sentido  físico,  lógico  e  mental (RODRIGUES, 2010). 

A  ferramenta  5S  é  um  conjunto  de  conceitos  simples  que,  ao  serem  praticados,  são  capazes  de  modificar  o  seu  humor,  o  ambiente  de  trabalho,  a  maneira de conduzir suas atividades e as suas atitudes. O termo 5S é derivado de  cinco  palavras  japonesas  iniciadas  com  a  letra  S,  assim,  a  melhor  forma  encontrada  para  expressar  a  abrangência  e  profundidade  dessas  palavras  foi  acrescentar  o  termo  "Senso  de"  antes  de  cada  palavra  em  português,  possibilitando  a  manutenção  do  termo  original  5S,  mesmo  na  língua  portuguesa  (GAPP;  FISHER; KOBAYASHI,  2008).  A  seguir  são  apresentados os  termos  que  integram o 5S:  

Senso  de  descarte  (Seiri):  é  a  primeira  fase  do  programa.  Refere­se  a  manter somente o necessário no ambiente de trabalho, o tornando organizado.   

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Senso  de  arrumação/organização  (Seiton):  A  organização,  refere­se  diretamente  na  ordenação  do  layout  físico  facilitando  o  fluxo  no  processo.  À  disposição das ferramentas e equipamentos em uma ordem que permita o fluxo do  trabalho.  Ferramentas  e  equipamentos  deverão  ser  deixados  nos  lugares  onde  serão  posteriormente  usados.  O  processo  deve  ser  feito  de  forma  a  eliminar  os  movimentos desnecessários desenvolvendo assim um ambiente mais seguro para  se trabalhar.   

Senso de Limpeza (Seiso): Designa a necessidade de manter o ambiente  mais  limpo  possível  antes,  durante  e  após  as  atividades,  tornando­o  mais  agradável e saudável. Contribui diretamente para a próxima fase do programa.    

 Senso  de  saúde  (Seiketsu):  O  senso  de  saúde  proporciona  uma  maior  qualidade  de  vida  dos  funcionários  através  das  condições  de  trabalho  mais  favoráveis.   

Senso  de  disciplina  (Shitsuke):  O  último  senso  é  responsável  pela  manutenção de todas as fases do programa, desenvolvendo  o hábito de observar  e  seguir  normas,  regras,  procedimentos  (GAPP  e  FISHER  e  KOBAYASHI,  2008;  RODRIGUES, 2010). 

A  ferramenta  5S  através  dos  seus  sensos  de  descarte,  organização,  limpeza, disciplina e saúde figura 5 permitem a implementação de um laboratório  devidamente padronizado e, consequentemente, a aplicação do sistema de boas  práticas em cultura de células.  

A  gestão  da  qualidade  por  meio  das  ferramentas  como  o  5S,  5H2W  e  a  aplicação  das  BPCC  visa  estabelecer  um  processo  padrão  e  consensual  entre  todos  os  envolvidos  gerando  sistemas  eficazes  de  controle  de  qualidade,  que  garantam  suporte  e  treinamento  a  todos  os  usuários  e  que  contribuam  para  a  geração  de  resultados  confiáveis  e  reprodutíveis.  Para  atingir  os  principais  aspectos  que  garantam  as  BPCC,  um  sistema  de  gestão  da  qualidade  deve  ser  inicialmente  incorporado  no  laboratório  de  cultivo  celular,  a  fim  de  garantir  a  confecção  de  procedimentos  padronizados,  um  ambiente  organizado  e  usuários  devidamente treinados.  

     

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  Figura 5 ­ Representação esquemática da Ferramenta 5S aplicada.    Os sensos de descarte, organização, limpeza, disciplina e saúde podem ser aplicados para a  organização de plano de ação de implantação do Banco de Células do ICC com boas práticas de  laboratório. Fonte: a autora.    3.6.2   Procedimentos operacionais padrões aplicados às boas práticas de cultura  de células   

Para  que  os  procedimentos  sejam  executados  de  maneira  padrão  é  necessário  redigir  procedimentos  operacionais  padronizados  (POPs)  das  rotinas  do  laboratório  em  concordância  com  as  boas  práticas  de  cultivo  de  células.  Os  POPs  são  documentos  do  sistema  de  garantia  da  qualidade  da  instituição  que  visam  fornecer  todas  as  informações  necessárias  para  que  um  processo  seja  realizado da mesma forma por todos os usuários. Isso permite, além de padronizar  e  otimizar  atividades,  garantir  maior  qualidade  e  eficiência  nas  atividades  realizadas,  nivelando,  desta  forma,  um  padrão  de  execução  dos  procedimentos  (INMETRO, 2018). 

O POP deve ser  escrito de forma clara e detalhada, com instruções para  que  o  indivíduo  treinado  possa  entender  e  executar  o  procedimento  descrito.  A  responsabilidade  pela elaboração do  documento é  do  responsável  pela  rotina  do  laboratório  e  o  mesmo  deve  ser  verificado  por  um  especialista  e  aprovado  pelo 

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chefe responsável. Os POPs são aplicados a todos os usuários do laboratório de  cultivo  celular.    Eles  devem  conter  detalhamentos  relacionados  a  área  de  aplicação  e  podem  incluir  comentários  e  instruções  relativas  à  biossegurança,  detalhes relativos aos reagentes (como grau para cultivo celular, se aplicável), lista  de equipamentos necessários e técnicas a serem usadas. Dessa forma, os POPs  possibilitam  a  uniformidade  na  rotina  de  trabalho  por  meio  da  padronização  e  rastreabilidade  do processo e treinamento dos usuários. Além disso, permite que  os  procedimentos  realizados  sejam  auditados,  fazendo  parte  de  um  sistema  de  garantia da qualidade.  

Além dos POPs, todo um sistema de registro deve ser incluído, seja através  do uso do caderno de laboratório, caderno de dados brutos, ou mesmo formulários  padronizados  para  registro  das  atividades,  os  Registros  da  Qualidade  (RQs),  os  quais auxiliam, mais uma vez, na auditoria dos processos e rastreabilidade.  

Cada  laboratório  ou  instituição  deve  ter  seus  sistemas  que  garantam  que  esses  POPs  sejam  aprovados,  revisados  (quando  necessário)  e  que  a  cópia  do  laboratório  esteja  sempre  atualizada,  para  garantir  a  uniformidade  dos  experimentos.  É  importante  que  os  procedimentos  sejam  revisados  pelo  menos   uma  vez  a  cada  dois  anos  (GERAGHTY  et  al.,  2014),  bem  como  existam  mecanismos  para  recolhimento  de  cópias  obsoletas  e  verificação  periódica  de  ciência/treinamento  nas  novas  versões,  que  muitas  vezes  pode  ser  feita  com  leitura da versão atualizada contendo detalhamento das modificações.    3.6.3  Treinamento padronizado dos usuários a fim de garantir o estabelecimento  de boas práticas em cultura de células     Para garantir o estabelecimento de boas práticas em cultivo é fundamental  realizar  o  treinamento  dos  usuários  até  que  estejam  aptos  a  efetuar  os  procedimentos.  É  de  grande  importância  o  treinamento  adequado  na  técnica  asséptica  visando  a  conscientização  de  que  os  principais  problemas  do  cultivo  celular  como  a  contaminação  por  microorganismos  ou  a  mistura  de  linhagens,  podem  ser  reduzidos  com  bons  procedimentos  de  manipulação.  O  treinamento  deve  ser  realizado  por  alguém  experiente  da  equipe.  Indivíduos  com  experiência 

Referências

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